Unid 1
Unid 1
Unid 1
Mestre em Engenharia de Produção, atuou na indústria durante oito anos, sempre em funções ligadas a projeto,
programação, treinamento, suporte e implantação de sistemas CAD CAM.
Professor universitário desde 1995, ministra várias disciplinas no curso de Engenharia e Ciências da Computação:
Tópicos de Informática, Desenho Técnico, Técnicas de Programação, Estrutura de Dados, Lógica Matemática, Paradigmas
de Programação, Inteligência Artificial, Computação Gráfica, Sistemas de Informação Inteligentes, Computação
Aplicada à Engenharia, Engenharia Auxiliada por Computador, Tecnologia da Informação, Processamento de Imagem,
Administração Geral, Metodologia de Pesquisa, Simulações na Engenharia de Produção, Projeto de Elementos de
Máquinas, entre outras.
Participa também da adequação de diversos softwares, como AutoCAD, Solid Edge, Revit e Arena, na grade
curricular da UNIP.
CDU 744
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Aline Ricciardi
Giovanna Oliveira
Sumário
Desenho Técnico
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 CONCEITOS INICIAIS E INSTRUMENTOS.................................................................................................. 11
1.1 Introdução................................................................................................................................................ 11
1.2 Unidades................................................................................................................................................... 12
1.3 Normas técnicas.................................................................................................................................... 13
1.4 Instrumentos........................................................................................................................................... 14
1.4.1 Lápis ou lapiseira...................................................................................................................................... 14
1.4.2 Borracha...................................................................................................................................................... 14
1.4.3 Escala............................................................................................................................................................ 15
1.4.4 Compasso.................................................................................................................................................... 15
1.4.5 Esquadros.................................................................................................................................................... 16
1.4.6 Prancheta A4............................................................................................................................................. 17
1.4.7 Prancheta e régua T................................................................................................................................ 17
1.4.8 Gabarito de furos e elipses.................................................................................................................. 18
1.4.9 Curva francesa.......................................................................................................................................... 19
1.4.10 Transferidor.............................................................................................................................................. 19
1.5 Papel........................................................................................................................................................... 19
1.5.1 Formatos de papel................................................................................................................................... 20
1.5.2 Dobra de folhas........................................................................................................................................ 20
1.5.3 Margens....................................................................................................................................................... 21
1.5.4 Legenda........................................................................................................................................................ 22
1.5.5 Lista de materiais..................................................................................................................................... 22
1.6 Caligrafia................................................................................................................................................... 22
1.7 Traço........................................................................................................................................................... 24
2 CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS E DESENHO COM INSTRUMENTOS............................................. 26
2.1 Conceitos de Geometria..................................................................................................................... 26
2.1.1 Plano............................................................................................................................................................. 26
2.1.2 Ponto............................................................................................................................................................. 26
2.1.3 Reta............................................................................................................................................................... 27
2.1.4 Semirreta..................................................................................................................................................... 27
2.1.5 Segmento de reta.................................................................................................................................... 27
2.1.6 Algumas classificações de reta e segmentos de reta................................................................ 27
2.1.7 Ângulo.......................................................................................................................................................... 28
2.2 Construções geométricas básicas................................................................................................... 29
2.2.1 Perpendicular............................................................................................................................................. 29
2.2.2 Perpendicular passando por um ponto.......................................................................................... 29
2.2.3 Mediatriz..................................................................................................................................................... 30
2.2.4 Bissetriz........................................................................................................................................................ 30
2.2.5 Retas paralelas.......................................................................................................................................... 31
2.2.6 Reta tangente........................................................................................................................................... 31
2.2.7 Identificar o centro de uma circunferência.................................................................................. 32
2.2.8 Dividir uma circunferência em seis partes.................................................................................... 32
2.2.9 Criar um triângulo a partir das medidas fornecidas de seus lados..................................... 33
2.3 Desenho de linhas com instrumentos.......................................................................................... 33
2.3.1 Fixação da folha de desenho na prancheta.................................................................................. 34
2.3.2 Traçado de linhas..................................................................................................................................... 34
2.3.3 Possíveis combinações com esquadros........................................................................................... 35
2.3.4 Uso do compasso..................................................................................................................................... 36
2.3.5 Uso do transferidor................................................................................................................................. 37
2.4 Concordâncias........................................................................................................................................ 37
2.4.1 Arredondamento de canto vivo a 90°............................................................................................. 37
2.4.2 Arredondamento em canto vivo de ângulo qualquer.............................................................. 38
2.4.3 Criação de reta tangente à circunferência passando por um ponto................................. 39
2.4.4 Criação de arco tangente a duas circunferências (tangência interna).............................. 39
2.4.5 Criação de arco tangente a duas circunferências (tangente externa)............................... 40
2.4.6 Criação de arco tangente a um segmento de reta e a uma circunferência.................... 40
2.4.7 Criação de arco tangente externo a um segmento de reta e a uma circunferência... 41
2.4.8 Criação de reta tangente a duas circunferências....................................................................... 42
2.4.9 Divisão de ângulo reto em três partes............................................................................................ 42
2.4.10 Traçado de polígono regular............................................................................................................. 43
3 TIPOS DE LINHA, REPRESENTAÇÃO EM UMA VISTA, CONTORNOS, COTAGEM E ESCALA... 45
3.1 Tipos de linha.......................................................................................................................................... 45
3.2 Vistas necessárias suficientes........................................................................................................... 46
3.3 Cotagem.................................................................................................................................................... 46
3.3.1 Elementos da cotagem.......................................................................................................................... 47
3.3.2 Cotagem de circunferências................................................................................................................ 47
3.3.3 Cotagem de arcos.................................................................................................................................... 48
3.3.4 Cotagem de ângulos.............................................................................................................................. 48
3.3.5 Cotagem de chanfros............................................................................................................................. 49
3.3.6 Cotagem de itens de tamanho reduzido........................................................................................ 49
3.3.7 Cotagem de peças simétricas............................................................................................................. 50
3.3.8 Cotagem por referência........................................................................................................................ 50
3.3.9 Cotagem por referência através de coordenadas....................................................................... 50
3.3.10 Erros comuns na inserção de cotas .............................................................................................. 51
3.4 Exemplos de desenho que representam chapas....................................................................... 53
3.5 Escala.......................................................................................................................................................... 57
3.6 Exemplos de desenhos que representam chapa com aplicação de escala.................... 59
4 PROJEÇÕES ORTOGONAIS, CORTES E SEÇÕES...................................................................................... 62
4.1 Projeções ortogonais........................................................................................................................... 62
4.2 Vistas necessárias suficientes – eliminação de vistas............................................................ 70
4.3 Presença da perspectiva e uso alternativo de vistas.............................................................. 71
4.4 Cortes......................................................................................................................................................... 71
4.4.1 Corte total.................................................................................................................................................. 72
4.4.2 Corte parcial............................................................................................................................................... 73
4.4.3 Corte com desvio ou composto......................................................................................................... 74
4.4.4 Meio corte................................................................................................................................................... 75
4.4.5 Hachuras em elementos normalizados e nervuras.................................................................... 76
4.5 Seções........................................................................................................................................................ 76
4.5.1 Seção rebatida........................................................................................................................................... 77
4.5.2 Seção com indicação de plano de corte........................................................................................ 77
4.5.3 Seção fora da peça.................................................................................................................................. 78
Unidade II
5 SÓLIDOS E REPRESENTAÇÃO EM PERSPECTIVA................................................................................... 86
5.1 Sólidos básicos........................................................................................................................................ 86
5.1.1 Prisma reto................................................................................................................................................. 86
5.1.2 Sólidos de revolução............................................................................................................................... 88
5.1.3 Pirâmide....................................................................................................................................................... 88
5.1.4 Planificação de sólidos.......................................................................................................................... 89
5.2 Perspectiva isométrica......................................................................................................................... 94
5.2.1 Primeiras perspectivas isométricas................................................................................................... 96
5.2.2 Chanfros em perspectiva...................................................................................................................... 99
5.2.3 Círculos em perspectiva isométrica................................................................................................100
5.2.4 Cotagem em perspectiva isométrica.............................................................................................102
5.2.5 Perspectiva a partir de vistas ortogonais.....................................................................................102
5.3 Exemplos de outros tipos de perspectiva..................................................................................103
5.3.1 Perspectiva cavaleira ou gabinete...................................................................................................103
5.3.2 Perspectiva cônica.................................................................................................................................104
5.3.3 Perspectiva dimétrica...........................................................................................................................105
6 TOLERÂNCIAS E SIMBOLOGIAS.................................................................................................................106
6.1 Tolerâncias associadas a cotas.......................................................................................................106
6.2 Tolerâncias normalizadas.................................................................................................................108
6.3 Tipos de ajuste furo eixo..................................................................................................................109
6.3.1 Ajuste com folga....................................................................................................................................109
6.3.2 Ajuste com interferência.................................................................................................................... 110
6.3.3 Ajuste incerto..........................................................................................................................................112
6.4 Recomendações sobre ajustes furo eixo....................................................................................113
6.5 Rugosidade superficial......................................................................................................................114
6.6 Tolerâncias de forma e posição.....................................................................................................119
6.6.1 Tolerância de forma e posição em elementos isolados..........................................................119
6.6.2 Tolerância de forma e posição em elementos conjugados.................................................. 120
6.7 Simbologia de solda...........................................................................................................................123
7 ITENS DE REPRESENTAÇÃO COMPLEMENTARES NO DESENHO TÉCNICO...............................125
7.1 Outros tipos de linhas........................................................................................................................125
7.2 Casos especiais de representação com cotas...........................................................................126
7.3 Vista auxiliar – representação em verdadeira grandeza......................................................126
7.4 Vista auxiliar – vista detalhe...........................................................................................................127
7.5 Interrupção............................................................................................................................................128
7.6 Vistas especiais.....................................................................................................................................129
7.7 Conicidade..............................................................................................................................................130
7.8 Notas gerais no desenho..................................................................................................................130
7.9 Hachuras de outros materiais........................................................................................................131
7.10 Hachuras de peças de espessura fina.......................................................................................131
7.11 Hachuras de peças montadas e simplificação de representação..................................132
7.12 Recartilhados......................................................................................................................................132
7.13 Representação de roscas...............................................................................................................133
7.14 Projeções no terceiro diedro........................................................................................................133
7.15 Simplificação de representação para peças simétricas.....................................................134
7.16 Corte óbvio sem indicação............................................................................................................135
7.17 Representação de arredondamentos e nervuras.................................................................135
7.18 Rotação de partes inclinadas.......................................................................................................135
7.19 Tolerâncias e medidas de ângulo...............................................................................................136
7.20 Rebatimento de plano inclinado em sólidos básicos.........................................................136
8 INICIAÇÃO AO PROJETO E TECNOLOGIA CAD.....................................................................................141
8.1 Processos de fabricação....................................................................................................................141
8.2 Elementos normalizados..................................................................................................................143
8.3 Materiais.................................................................................................................................................144
8.4 Projeto mecânico.................................................................................................................................146
8.5 Desenho de conjunto........................................................................................................................147
8.6 Tecnologia CAD....................................................................................................................................151
8.6.1 Tecnologia CAD 2D ..............................................................................................................................151
8.6.2 Tecnologia CAD 2D para perspectivas.......................................................................................... 154
8.6.3 Resumo da comparação DT tradicional x CAD 2D.................................................................. 155
8.6.4 Tecnologia CAD 3D............................................................................................................................... 155
APRESENTAÇÃO
O estudo de Desenho Técnico desenvolve visão espacial e engloba técnicas que servem de suporte
para a elaboração de projetos. Trata da linguagem universal que engenheiros utilizam para comunicar‑se
há décadas.
É importante ler e compreender a teoria, mas a prática de adquirir a desenvoltura com os instrumentos e o
treinamento do raciocínio para ler e rapidamente imaginar a execução do desenho são igualmente importantes.
O livro-texto enfatiza o Desenho Técnico mecânico. Outros ramos como Estruturas Metálicas,
Mineração, Engenharia Elétrica, Engenharia Civil e Arquitetura têm suas especificidades, que serão
expostas e detalhadas em outras disciplinas.
Porém, as habilidades desenvolvidas nesta disciplina servem de base para a elaboração de projetos
em qualquer modalidade de Engenharia.
INTRODUÇÃO
Não existe uma ordem ideal de aprendizado. Cada indivíduo terá facilidade de compreender
determinados assuntos, e terá dificuldades em outros.
Inicialmente, serão expostas a importância do estudo do Desenho Técnico, as normas que o orientam,
as unidades e folhas utilizadas, além de caligrafia e descrição de instrumentos.
Com o domínio desses tópicos iniciais, o aluno ficará apto a entender a aplicação das linhas e
escalas, desenhando contornos complexos, com várias construções geométricas.
No final do livro-texto, será fornecida uma noção inicial de projeto abordando, de forma genérica,
materiais, elementos normalizados e processos de fabricação.
Os últimos itens, ligados à tecnologia CAD, procuram comparar CAD do tipo “prancheta eletrônica”
com o Desenho Técnico tradicional exposto no livro-texto, para que o aluno compreenda a importância
de ambos. O processo CAD em 3D é um salto bastante grande na forma de projetar, mas tem também
suas peculiaridades ligadas ao Desenho Técnico tradicional.
Acompanhe com entusiasmo, releia o assunto e não subestime nenhum tópico, já que todos estão
interligados.
10
DESENHO TÉCNICO
Unidade I
1 CONCEITOS INICIAIS E INSTRUMENTOS
Serão expostos alguns conceitos gerais e uma breve descrição dos instrumentos necessários para
desenhar, além de caligrafia, papel e traço.
1.1 Introdução
Uma definição objetiva é fornecida por Silva et al. (2009, p. 21): “O desenho técnico é o elemento de
expressão e comunicação ou de ligação entre o projeto e a execução.”
Aprendemos a ler, escrever, a nos expressamos e dominarmos nosso idioma com habilidade.
Posteriormente, aprendemos outras línguas, mas nenhum desses recursos é suficiente para formar uma
imagem detalhadamente precisa dos objetos. A língua falada ou escrita não descreve precisamente a
forma, aspecto e dimensões dos objetos. Aí é que entra a representação gráfica. Um simples esboço
traçado no papel melhora totalmente a compreensão do que está sendo tratado. O engenheiro precisa
saber interpretar e executar desenhos técnicos, já que eles são a base dos projetos e orientam a fabricação
(FRENCH; VIERCK, 2005).
Conforme Silva et al. (2009), desde a Antiguidade, o homem utiliza símbolos para se comunicar. O
desenho artístico transmite uma imagem sem a obrigação de quantificar, enquanto o Desenho Técnico
precisa indicar, com rigor, tanto as dimensões como outras informações úteis e complementares para a
fabricação. O desenho é uma ferramenta utilizada em muitas áreas: Engenharia, Arquitetura, Medicina,
Esporte. Na Engenharia, atua desde a concepção inicial do produto até a fabricação, podendo ir até a
fase de marketing e publicidade.
Todos os engenheiros e projetistas têm a capacidade e o preparo para executar e interpretar desenhos
técnicos, já que foram instruídos e treinados para isso. O desenho representa o produto ou processo final
de um projeto e deve ser guardado para comunicação entre outros projetistas, além de ser documento
de orientação para o grupo de fabricação (ROHLEDER, SPECK, GÓMEZ, 2000).
Na visão de Manfé; Pizza; Scaratto (2008), o Desenho Técnico é uma forma de expressão. Torna‑se
um documento que auxilia a execução prática do projeto. Tanto o engenheiro como o operador de
máquinas precisam conhecê-lo.
Por outro lado, Silva et al. (2009) lembram que o uso do computador é cada vez mais frequente. Ele
altera tanto nossos hábitos diários quanto as rotinas e os processos dentro da indústria, em todas as
11
Unidade I
fases do desenvolvimento de um novo produto. Faz com que a capacitação dos técnicos e engenheiros
também mude.
O engenheiro, bem antes do uso do computador, precisa ter o conhecimento da teoria do Desenho
Técnico. É essa teoria que vai conduzir seus trabalhos tanto na prancheta como no computador.
A ideia de ordem, de rigor, de normalização apresentada no Desenho Técnico será estendida para
outras áreas.
Por exemplo, a caligrafia técnica deve ser aplicada no dia a dia. Seria interessante, a partir deste
curso, utilizar caligrafia técnica em todas as outras disciplinas e no ofício.
Outro exemplo: ao se ter contato com novos assuntos, a necessidade de buscar as normas que os
regulam será automática. Haverá a associação de regras a todos os assuntos que envolvem Engenharia.
1.2 Unidades
Existem ao menos dois sistemas de unidades: métrico e imperial. No Brasil, se utilizam as unidades
métricas na maioria dos trabalhos. No aprendizado do Desenho Técnico para Engenharia, será utilizada
a unidade mm.
Vale lembrar que o engenheiro civil frequentemente trabalha com m e km e, mesmo trabalhando em
mm, existem projetos que apresentam exceções no emprego das unidades. Tubos têm seus diâmetros
apresentados em polegadas (sistema imperial).
Observe a figura a seguir. Trata-se de escala em mm. Para facilitar a utilização, a cada 10 mm ou 1
cm, aparece uma marcação destacada.
cm
0 1 2 3 4
Figura 1
12
DESENHO TÉCNICO
O Desenho Técnico precisa ter uma linguagem universal para que possa ser completamente
entendido. Daí a ideia de criar um conjunto de normas e conceitos para que haja padronização. A norma
é um conjunto de regras, de indicações, para balizar tanto a execução quanto a leitura do desenho
técnico (SILVA et al., 2009).
Para Giesecke et al. (1998), as normas técnicas procuram garantir a correta interpretação do desenho
em qualquer país. À medida que se exercita o desenho técnico, incorpora-se também a lógica e o
conhecimento das normas.
A maioria dos itens expostos neste livro-texto tem o direcionamento às normas técnicas. Elas regulam
e padronizam a execução do Desenho Técnico. Cada empresa desenvolve uma cultura de projeto, mas
sempre balizada pelas normas técnicas.
Por exemplo, uma empresa que precisa obter certificações de qualidade terá uma inspeção rigorosa
em suas fases de desenvolvimento de projeto e execução de produto. Um dos critérios de avalição é a
obediência às normas de Desenho Técnico.
Saiba mais
São várias as normas existentes: International Organization for Standardization (ISO), American
National Standards Institute (ANSI), Deutsche Industrie Norm (DIN), Japanese Industrial Standards (JIS),
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) etc.
Cada norma é utilizada em determinadas regiões ou países. O detalhamento de normas, bem como
suas relações, não fazem parte do escopo deste livro-texto. Mas vale lembrar que as normas técnicas
têm consonância entre si.
Por hora, lembre-se de que o aprendizado será orientado pelas normas da ABNT, a associação dos
assuntos expostos com as normas será convenientemente feita, citando-as em cada item abordado.
Observação
Você pode trabalhar em uma empresa multinacional que utiliza outra
norma, diferente da ABNT. Assim, será necessário promover adequações.
As normas, sejam elas de qualquer instituto, são frequentemente
atualizadas e é preciso estar atento a essas alterações.
13
Unidade I
1.4 Instrumentos
A seguir, uma breve definição da finalidade e características dos principais instrumentos utilizados
no Desenho Técnico. Vale lembrar de que se trata de instrumentos diferentes daqueles utilizados no dia
a dia. Precisam ser duráveis, de boa qualidade.
O lápis, ou lapiseira, é utilizado para traçar. Existe uma preocupação com o tipo de grafite, bem como com
a espessura do traço. Os grafites têm diferentes graus de dureza associados aos caracteres B, F, H e HB.
Para simplificar o assunto, recomenda-se utilizar lápis ou lapiseira 0,7 mm com grafite 2B ou B e
lápis ou lapiseira 0,5 mm e grafite HB ou F. Logo adiante, será associado o uso do lápis ou lapiseira com
os tipos de linhas no desenho técnico.
Figura 2
1.4.2 Borracha
A borracha serve para apagar traços equivocados e linhas de construção. Deve ser macia, um pouco flexível
e conter chanfros, que ajudam na tarefa. Normalmente você segura o papel com uma das mãos e apaga com
a outra. Lembre-se de que o Desenho Técnico prima pela limpeza. Jamais umedeça a borracha para apagar.
Figura 3
14
DESENHO TÉCNICO
1.4.3 Escala
A escala é uma régua que tem graduação em mm. Serve para medir o desenho. Não confunda as
unidades. As divisões a seguir são em mm. A cada dez milímetros, um centímetro é marcado.
A escala deve ser de plástico e não de ferro ou alumínio, e a graduação deve estar legível.
Figura 4
Figura 5
Observação
1.4.4 Compasso
Possui duas hastes que precisam estar com as extremidades alinhadas. Em uma das extremidades,
existe uma agulha e, na outra, um adaptador com grafite. A agulha é chamada de ponta seca.
15
Unidade I
Pino recartilhado
Hastes
Grafite
Ponta seca
Figura 6
Determinados tipos de compasso têm suas hastes articuladas e removíveis. Nesse caso, pode-se
utilizar prolongadores que, por sua vez, também podem ser emendados, o que permite um aumento
considerável do raio a ser traçado.
Para raios ainda maiores, existe o cintel, que é uma haste de madeira ou alumínio com uma ponta
seca e grafite convenientemente adaptados.
Por outro lado, existem compassos do tipo “bailarina”, especiais para traçado de pequenos círculos.
Observação
1.4.5 Esquadros
Os esquadros permitem traçar segmentos de reta em ângulo. Apresentam ângulos de 30°, 60°, 45°
90°. São utilizados em conjunto com uma prancheta ou ainda com régua T. Preferencialmente, não
devem ter graduação nem chanfros.
Adiante, serão exemplificadas disposições dos esquadros para obter outros ângulos.
16
DESENHO TÉCNICO
45º
90º 45º
90º 60º 30º
Figura 7
1.4.6 Prancheta A4
A prancheta A4 serve para fixar a folha de desenho formato A4 e permitir o trabalho com esquadros.
A fixação se dá pela regulagem da régua à esquerda. Parafusos recartilhados fixam a régua, prendendo
a folha.
Figura 8
A prancheta e a régua T permitem trabalhar com folhas maiores que A4. A régua T se movimenta em
conjunto com os esquadros. A folha é fixada com fita adesiva.
A prancheta é fabricada em madeira, não apresenta juntas em sua superfície nem nas laterais, é
revestida de plástico e tem suas dimensões reguladas por norma (SILVA et al., 2009).
17
Unidade I
Figura 9
Existem ainda as chamadas “réguas paralelas”, cujo funcionamento é bastante similar à régua T,
diferindo apenas no sistema de fixação lateral.
Figura 10
Segue um exemplo em que a elipse não é criada com gabarito e sim por rebatimento de pontos e
curva francesa. Visualmente se percebe a diferença entre a elipse (a seguir) e o gabarito.
Figura 11
18
DESENHO TÉCNICO
A curva francesa é um gabarito em que cada trecho contém diversos raios. É útil na criação de curvas
em que não se aplicam arcos nem elipses. Apresenta diferentes tamanhos e, quanto maior o tamanho,
maiores as possibilidades de curvas.
Uma das aplicações comuns da curva francesa é o rebatimento de furos em planos inclinados.
Figura 12
1.4.10 Transferidor
O transferidor é o instrumento utilizado para medir e traçar segmentos de reta em ângulo. Apresenta
uma escala em graus. Seu uso será abordado logo adiante.
Figura 13
1.5 Papel
Os tamanhos dos formatos de papel são normalizados. No Brasil, são utilizados os formatos da série
A, regulados originalmente pela NBR 10067 (ABNT, 1995). A série A utiliza a codificação: A0, A1, A2 A3,
A4, entre outros.
19
Unidade I
Observe, na figura a seguir, as relações entre os tamanhos de folhas associados à chamada “série A”.
O formato A0, que mede 1188 x 841, é o dobro do formato A1, que, por sua vez, é o dobro do formato
A2, e assim por diante. Medidas sempre em mm.
Figura 14
Formatos maiores são dobrados até que se reduzam ao formato A4. A dobra começa da direita para
a esquerda. A legenda deve ficar na parte frontal. A norma que fornece estas instruções é a NBR 13142
(1999b).
Figura 15
20
DESENHO TÉCNICO
Conforme Schneider (2008), pode ser considerado que, nas áreas de dobra, existe uma tendência de
o desenho rasgar ou tornar-se ilegível. Daí o cuidado no armazenamento e no encadernamento.
Indicação de
dobra
Figura 16
1.5.3 Margens
25
Figura 17
21
Unidade I
1.5.4 Legenda
A largura da legenda está associada com o formato da folha e as medidas das margens. A altura da
legenda depende das informações inseridas.
As informações importantes sobre o desenho precisam constar na legenda. Se for feita uma
abstração rápida, será possível concluir, por exemplo, quais campos devem constar na legenda de um
projeto escolar.
Figura 18
Além da legenda, pode existir a chamada “lista de materiais”, que conterá propriedades dos itens
desenhados. No exemplo a seguir, a lista de materiais inclui um único item. Se forem desenhadas diversas
peças, serão enumeradas e a lista de materiais deverá ser incrementada.
Figura 19
1.6 Caligrafia
A palavra “caligrafia” está associada com escrita à mão e com padronização. A caligrafia técnica trata
então das letras e números utilizados para escrever no Desenho Técnico. Pode ser vertical ou inclinada a
75°. O formato das letras, a altura e outras proporções são também regulados por norma.
22
DESENHO TÉCNICO
Uma boa caligrafia colabora com a beleza do desenho, enquanto que uma caligrafia ruim pode
comprometer toda a interpretação das informações (SCHNEIDER, 2008).
A representação gráfica de uma peça é completada com cotas, descrição de materiais, acabamento,
além de uma legenda. Esses itens precisam estar legíveis e uniformes, e o descuido deles levará a erros
de execução de projeto, podendo até inutilizar o desenho (FRENCH; VIERCK, 2005).
A altura dos caracteres varia conforme sua função no desenho e tem flexibilidade: cotas e
dizeres na legenda poderão ter de 2 a 4 mm. Já as notas gerais ou os itens que devem chamar
atenção podem ter 10 mm.
A seguir, estão os caracteres da caligrafia técnica. Os tipos de caracteres, bem como as distâncias
entre linhas e caracteres, são orientados pela norma NBR 8402 (ABNT, 1994).
Figura 20
Na figura 21, há alguns itens regulados por norma: altura da fonte, proporção entre letras maiúsculas e
minúsculas e espaço entre as linhas.
Figura 21
23
Unidade I
1.7 Traço
Além do treino de caligrafia técnica, é recomendável traçar à mão livre segmentos de reta e arcos.
Poderá ser utilizada uma folha em branco e a execução poderá ser repetida muitas vezes. Isso torna
o traço mais firme e facilita o manejo dos instrumentos. É interessante treinar linhas horizontais,
verticais, arcos etc.
Figura 22
Figura 23
Em uma próxima etapa, poderão ser estabelecidos itens que guiem o traçado, como pequenos
segmentos de reta e limites das figuras.
Figura 24
24
DESENHO TÉCNICO
Observação
Saiba mais
Observação
Foram citados e descritos os principais materiais utilizados no Desenho
Técnico, na forma convencional.
Existiram curiosas exceções na maneira de conduzir a execução do
Desenho Técnico.
Há trinta anos, o desenho dos automóveis era executado em escala real.
Um automóvel tem, por exemplo, 1.700 mm de largura.
O desenhista utilizava então uma prancheta de 2.500 mm de largura. Subia
em uma escada para alcançar toda a área a desenhar. Quando tinha de traçar
curvas complexas, não havia curva francesa com tamanho compatível. Era
utilizada uma régua fixada com percevejos para atingir a forma desejada.
25
Unidade I
Apresentaremos uma revisão dos primeiros conceitos de geometria plana e das principais construções
geométricas envolvendo tangências. Para isso, é necessário utilizar instrumentos.
2.1.1 Plano
O plano, no contexto do Desenho Técnico, é a superfície em que se desenha. Para ter uma ideia
melhor, pode ser feita uma associação de plano com o lado de um cubo, com o piso de uma casa, com
o tampo de uma mesa, com a superfície da prancheta etc.
O espaço contém infinitos planos. A seguir, estão ilustrados planos horizontais, verticais, paralelos,
inclinados etc.
Planos inclinados
Planos paralelos
Plano horizontal
Figura 25
2.1.2 Ponto
O ponto é a primeira figura geométrica. Teoricamente, não tem dimensão e existem infinitos pontos
em um segmento de reta ou no plano em que se está desenhando.
No Desenho Técnico, o ponto está associado a uma marcação suave com a ponta do lápis no papel.
Pode também ser um cruzamento de dois segmentos de reta ou o início ou fim de um segmento de reta.
Figura 26
26
DESENHO TÉCNICO
2.1.3 Reta
A reta tem comprimento infinito e tem infinitos pontos. É representada por letras minúsculas.
Figura 27
2.1.4 Semirreta
A semirreta se diferencia da reta por ter uma origem que caracteriza seu início. Porém, continua não
tendo fim. Na figura a seguir, os pontos X e P são os pontos de início, enquanto que C e F são pontos
quaisquer.
Figura 28
O segmento de reta é uma reta com comprimento finito, determinado por dois pontos que se
denominam “extremidades”.
Figura 29
Figura 30
Observação
2.1.7 Ângulo
O ângulo é a abertura formada por dois segmentos de reta que têm a mesma origem ou são
concorrentes. O ângulo se classifica em:
• Reto: tem exatamente 90°. É representado na Geometria Plana por um pequeno quadrado. No
Desenho Técnico, não apresenta essa representação. Itens específicos precisarão dessa indicação.
Agudo Obtuso
Reto
Figura 31
28
DESENHO TÉCNICO
2.2.1 Perpendicular
Perpendicular é um segmento de reta que forma 90° em relação a outro. Passos para obtenção de
uma perpendicular:
b) Abra o compasso com uma medida qualquer, ponta seca em A, e marque dois pontos B e C.
c) Trace arcos com a ponta seca do compasso em B e C, obtendo o ponto D. A abertura do compasso
tem de ser maior que AB.
Figura 32
Perpendicular passando por um ponto é um segmento de reta perpendicular a outro que passa por
um ponto qualquer.
29
Unidade I
Figura 33
2.2.3 Mediatriz
Mediatriz é um segmento de reta que divide outro segmento de reta em partes iguais.
a) Abra o compasso com uma medida maior que metade do segmento de reta AB.
Figura 34
2.2.4 Bissetriz
a) Abra o compasso com uma medida qualquer e, com a ponta seca no ponto P, crie os pontos A e B.
b) Com a mesma abertura e ponta seca em A e B, crie dois arcos que determinem o ponto C.
Figura 35
30
DESENHO TÉCNICO
As retas paralelas mantêm uma distância uniforme e nunca se cruzam. O valor da distância precisa
ser fornecido.
b) Abra o compasso com uma medida qualquer e, com a ponta seca em A, marque dois pontos C e
D. Já com a ponta seca em B, marque dois pontos E e F.
d) Trace dois segmentos de reta perpendiculares à reta n. Um deles pelos pontos A e G, e o outro
segmento, por B e H.
Figura 36
A reta tangente passa por um único ponto pertencente também a um arco ou a uma circunferência.
Figura 37
Figura 38
c) Abra o compasso com o valor do raio, ponta seca em B, obtenha C e assim por diante.
32
DESENHO TÉCNICO
Figura 39
Criar um triângulo a partir das medidas fornecidas de seus lados é uma situação do que contém
restrições geométricas. Qualquer uma das medidas do triângulo tem de ser menor que a soma das
outras duas.
b) Abra o compasso com a maior medida do triângulo e com a ponta seca em A, defina o ponto B.
c) Abra o compasso com a segunda maior medida do triângulo e com a ponta seca em B, trace um arco.
d) Abra o compasso com medida faltante do triângulo e com a ponta seca em A, trace um arco
definindo o ponto C.
Figura 40
O Desenho Técnico vem sofrendo adequações em razão da tecnologia, principalmente dos sistemas
Computer Aided Design (CAD). Essas alterações, no entanto, não podem suprimir sua fase inicial de
aprendizado com os instrumentos tradicionais, em que se desenvolvem abstrações que contribuem para
o desenvolvimento da visão espacial (MARQUES, 2015).
Conforme Dezen-Kempter et al. (2012), a mera substituição do desenho com instrumentos pelos
programas CAD causa a ausência de traçado manual e pode resultar em deficiência tanto na visão
espacial como no raciocínio. Evidentemente que o desenho a lápis é mais lento, mas trata de outras
habilidades e percepções como diferenças no traçado e escalas.
O desenho executado com instrumentos é regido por normas internacionais. É muito importante
que o aluno de Engenharia pratique o desenho à mão livre e com instrumentos para melhorar suas
habilidades manuais, bem como sua capacidade de interpretação e julgamento (RIBEIRO, 2001).
33
Unidade I
As construções geométricas que serão expostas adiante requerem uma precisão maior no traçado.
Daí a necessidade de se abordar antes o uso de instrumentos.
Antes de começar a desenhar, é necessário fixar corretamente a folha de desenho na prancheta. A folha
apresenta uma borda que serve de referência para a fixação. Já a prancheta tem uma régua à esquerda
que é removível e prende a folha. É necessário utilizar os esquadros para orientar o posicionamento
da folha. Na figura a seguir, à esquerda, o esquadro coincide com o segmento horizontal da margem.
Já à direita, o par de esquadros, trabalhando em conjunto, coincide com o segmento vertical. A ideia é
deslizar os esquadros entre si devidamente apoiados na régua da prancheta.
Figura 41
Observação
Para criar linhas horizontais, verticais e inclinadas, tendo a folha devidamente fixada na prancheta,
basta apoiar o esquadro na régua da prancheta e executar deslocamentos na vertical ou na horizontal
com os esquadros combinados.
34
DESENHO TÉCNICO
Figura 42
Figura 43
Figura 44
35
Unidade I
Figura 45
Conforme French e Vierck (2005), as seguintes etapas devem ser seguidas para traçar uma circunferência:
Girar
Inclinação
Figura 46
36
DESENHO TÉCNICO
Para utilizar o transferidor, é necessário coincidir o ponto de encontro dos segmentos de reta com o
ponto de referência do transferidor e verificar na graduação o valor do ângulo.
A figura a seguir representa exemplos de medição de ângulos com o uso do transferidor. Repare que
o transferidor muda de posição ajustando-se ao ângulo. No último exemplo, é preferível utilizar a parte
esquerda da graduação.
113º
40º
15º
Figura 47
Lembrete
2.4 Concordâncias
A seguir, alguns tipos de concordâncias. São as mais comuns no Desenho Técnico. Utilizam os
conceitos de reta paralela e mediatriz já descritos. Geralmente, após a execução da concordância,
alguma parte das figuras precisa ser apagada.
Para Giongo (1984), a solução é dita geométrica quando nela forem utilizados somente escala e compasso.
No caso do arredondamento de canto vivo a 90°, o valor do raio precisa ser fornecido. Observe os
dois segmentos de reta à esquerda. Formam 90°. Para executar a concordância:
e) Apague os segmentos.
Figura 48
Siga as etapas posteriores para obter o arredondamento em duas retas que formam um ângulo
qualquer. O valor do raio de arredondamento precisa ser fornecido.
a) Seguindo o procedimento que vimos, crie retas paralelas com a distância de arredondamento. O
cruzamento das paralelas determina o ponto B.
b) Abra o compasso com a medida do valor do raio de arredondamento e com a ponta seca em B, trace o arco.
c) Apague os segmentos.
B r
A A A
B
A
Figura 49
38
DESENHO TÉCNICO
Figura 50
No arco tangente a duas circunferências (tangência interna), é necessário que o arco tenha uma
medida mínima que permita o tangenciamento. Observe à esquerda duas circunferências de centros C1
e C2 e respectivamente raios r1 e r2. O arredondamento tem raio r3.
a) Abra o compasso com a medida r1 + r3, ponta seca do compasso em C1, e trace um arco.
c) Abra o compasso com a medida r2 + r3, ponta seca do compasso em C2, trace outro arco e
obtenha o ponto A.
d) Abra o compasso com a medida r3, ponta seca em A, e trace o arco tangente.
Figura 51
39
Unidade I
a) Abra o compasso com a medida r3 - r1, ponta seca do compasso em C1, e trace um arco.
b) Abra o compasso com a medida r3 - r2, ponta seca do compasso em C2, trace um arco obtendo
o ponto A.
c) Abra o compasso com a medida r3, ponta seca em A e trace o arco tangente.
r3-r2
Figura 52
b) Abra o compasso com a medida r1 + r2, ponta seca em C1, trace um arco e obtenha o ponto A.
c) Abra o compasso com a medida r2, ponta seca em A e trace o arco tangente.
40
DESENHO TÉCNICO
Figura 53
Observe à esquerda a situação inicial: circunferência de centro C1 e raio r1 e segmento de reta. Nesse
caso, o raio r2, que executa a tangência, obrigatoriamente tem de ser maior que o raio r1. Além disso, o
segmento de reta precisa também estar a uma distância que permita a construção.
b) Abra o compasso com a medida r2 - r1, ponta seca do compasso em C1, trace um arco e obtenha
o ponto A.
c) Abra o compasso com a medida r2, ponta seca em A e trace o arco tangente.
Figura 54
41
Unidade I
Figura 55
Não é possível dividir um ângulo reto em três partes utilizando compasso. Nesse caso, será utilizado
o esquadro de 30º. Basta posicioná-lo duas vezes e traçar as retas.
Figura 56
42
DESENHO TÉCNICO
• Divida uma circunferência em 2 partes e trace uma perpendicular que passa pelo centro e divide‑se
em 4 partes.
• A partir daí, podem ser criados polígonos com 12 e 24 lados, utilizando mediatrizes.
Nesse caso, vamos fazer o uso do transferidor. Por exemplo, para 7 lados: 360º/7=51,5º
(aproximadamente).
d) Abra o compasso com a medida AB e com a ponta seca em C, obtenha o ponto D e assim sucessivamente.
Nesse caso específico, lembre-se de que existe uma imprecisão, já que a divisão de 360 por 7 não é exata.
43
Unidade I
Figura 57
Observação
Abordamos construções geométricas com instrumentos para obter
a divisão de ângulo e circunferência. Trata‑se de casos em que o uso
exclusivo do compasso não consegue fornecer a solução. São exceções,
pois apresentam problemas de precisão.
Quando houver solução geométrica, ela deve ser aplicada.
Nunca utilize instrumentos para “facilitar” a construção e omitir a precisão.
Exemplos:
• Para traçar uma mediatriz, medir o segmento com escala e marcar
um ponto na metade.
• Para traçar tangentes, posicionar a escala de forma que fique
“próxima” da solução.
• Tentar achar o centro de concordância “chutando” um ponto e
testando a distância com os outros arcos.
44
DESENHO TÉCNICO
Segundo Schneider (2008), a linha pode variar em espessura e também no tipo de traço, contínuo
ou de alguma maneira interrompido, e essas variações mudam seu significado no desenho. As linhas
interrompidas precisam ter também uma proporcionalidade em sua representação.
Os principais tipos de linhas são regulados pela NBR 8403 (ABNT, 1984).
• Contorno visível: são linhas largas, contínuas, que representam o contorno da peça bem como
suas arestas visíveis. Devem ser traçadas com lápis ou lapiseira 0,7 mm e grafite 2B ou B. Precisa
ser realçada para caracterizar bem os contornos.
• Contorno invisível: são linhas finas, tracejadas, que representam as partes internas da peça, não
visíveis, da direção que estão sendo observadas. Devem ser traçadas com lápis ou lapiseira 0,5 mm
e grafite HB ou F.
• Centro e simetria: são linhas finas, traço ponto, que representam centros conhecidos de círculos
e arcos, além de serem utilizadas em peças simétricas. Devem ser traçadas com lápis ou lapiseira
0,5 mm e grafite HB ou F.
• Linhas de cota e de chamada: são linhas finas, contínuas, associadas com a inserção de cotas no
desenho. Devem ser traçadas com lápis ou lapiseira 0,5 mm e grafite HB ou F.
Figura 58
45
Unidade I
Na representação dos modelos, é preciso analisar a quantidade de vistas necessárias para fazer
essa representação. O número de vistas está associado às características geométricas do modelo.
Figura 59
Atentar para as indicações de diâmetro, de valor 15, para a seção quadrada de valor 10 e para o texto
“espessura da chapa = 1 mm”. Esses itens evitam a criação de outras vistas.
3.3 Cotagem
Segundo French e Vierck (2005), após ter criado a representação do modelo através de vistas
ortográficas, é necessário especificar as medidas que descrevem seu tamanho. Essas medidas deverão
atender também às exigências funcionais dos modelos no contexto em que atuam.
As anotações não podem deixar dúvidas quanto a sua compreensão e devem garantir a facilidade de
execução. O desenho não deverá deixar cálculos pendentes. A execução e a indicação dos cálculos são
trabalho do desenhista e não do operário (SCHNEIDER, 2008).
• Deve ser feita de modo a identificar todas as medidas e não ser necessário executar cálculos.
• Deve ser colocada na vista mais adequada para caracterizar o elemento que está sendo cotado.
Entende-se como elemento ou componente de desenho: arestas do modelo, furações, furos roscados,
depressões, quebra de cantos vivos com chanfros e saliências (SILVA et al., 2009).
46
DESENHO TÉCNICO
Recomenda-se inicialmente fazer uma análise dos elementos do desenho para definir quais as
distâncias a serem indicadas, considerando também as regras ou técnicas de cotagem que serão
expostas a seguir.
Os elementos de cotagem são três: linhas de chamada, linha de cota e valor da cota.
• O valor da cota deve estar um pouco distante da linha de cota. Além do valor da cota, é possível
inserir um texto ou uma “anotação”.
• As setas precisam ser desenhas com capricho. Lembre-se de que são setas e não flechas.
Figura 60
As circunferências podem ser cotadas sem utilizar linhas de chamada. Se o diâmetro for pequeno, as
setas deverão ser invertidas, pois não cabem dentro da circunferência.
Nos casos citados anteriormente, o símbolo de diâmetro não deve ser colocado, pois está implícito.
47
Unidade I
Os últimos três casos à direita ilustram a indicação com diâmetro: quando se repete várias vezes,
quando é muito pequeno e quando a forma não é explícita.
Figura 61
No entanto, arcos cujo centro seja obtido por construções geométricas devem ter a indicação “R” de raio.
Figura 62
Apresentaremos a “cota angular”, que indica a abertura de um ângulo. É necessário colocar o símbolo
de grau.
O ângulo de 25° teve a cota inserida ao lado, pois não havia espaço.
Figura 63
48
DESENHO TÉCNICO
Observação
Os chanfros, assim como os arredondamentos, são bastante comuns no Desenho Técnico. Servem
para eliminar cantos vivos.
Existem dois tipos de chanfro ilustrados nas três primeiras figuras a seguir:
A última figura à direita traz outra modalidade de chanfro. É uma peça cilíndrica que permite a
indicação do chanfro com distância e ângulo inseridos conjuntamente.
Figura 64
O espaço reduzido apresenta dificuldades para inserir cotas. Normalmente as setas são invertidas.
Em outros casos, é possível inserir pontos para demarcar as distâncias e, se o texto não couber, pode
ser inserido com uma linha indicativa.
Figura 65
49
Unidade I
A peça simétrica é caracterizada pelo “eixo de simetria” (linha traço ponto) Nesse caso, inserem-se
necessariamente cotas totais na vertical ou na horizontal de acordo com a simetria. Outros itens devem
ser cotados em apenas um dos lados.
Observar na figura a seguir as cotas de 20, 50 e 90, que são totais. O chanfro, por exemplo, foi cotado
em apenas um dos lados, já que o outro chanfro é igual.
Figura 66
Na cotagem por referência, é adotada uma linha de referência e, a partir dela, são inseridas todas as
cotas na vertical ou na horizontal. A linha representa uma face da peça. Uma variação da cotagem por
referência está ilustrada nas cotas horizontais da figura a seguir. Trata-se da indicação de uma origem
– valor 0.
Figura 67
Na cotagem por referência através de coordenadas, em vez de inserir cotas, adota-se uma
origem na peça, a indicação de sentido relacionado a essa origem e é criada uma tabela com
associação de distâncias.
50
DESENHO TÉCNICO
Figura 68
Redundância de cotas
Figura 69
Ausência de medidas
Observe na figura a seguir que determinados itens não estão dimensionados, por exemplo: arco,
distância dos furos à base das peças etc.
51
Unidade I
Figura 70
• Cota de 20 – teve posicionamento inserido de forma equivocada. Além disso, as linhas de chamada
se cruzam. Não constitui erro, mas é conveniente evitar.
52
DESENHO TÉCNICO
Figura 71
Uma única vista é necessária para a representação de chapas. Implicitamente, estão inseridos os
conceitos de desenho com instrumentos, tipos de linhas, cotagem e construções geométricas diversas
expostas anteriormente.
Conforme Silva et al. (2009), a representação no Desenho Técnico utiliza projeções ortogonais em
diversas vistas. Cada projeção usa todos os pontos da figura. Quando a projeção não for plana, utilizará
mais de uma vista.
Não é o caso dos itens a seguir. São chapas planas cuja representação se dá em uma única vista.
a) Nesse primeiro exemplo, são observados os diferentes tipos de linha e identificadas as construções
geométricas de arredondamento de cantos com cores diferentes (imagens reduzidas somente para
ilustrar a construção). Antes de cotar, crie sempre as linhas de centro. No final, devem ser inseridas cotas
conforme a primeira ilustração.
53
Unidade I
Figura 72
b) O contorno seguinte é simétrico. Observe o “eixo de simetria” representado por linha traço ponto.
São várias construções que envolvem tangências. Fique atento à sequência de criação e à numeração
dos itens.
54
DESENHO TÉCNICO
Figura 73
55
Unidade I
c) Construções que envolvem tangências ainda não expostas nos desenhos anteriores. Observe a
sequência de criação e fique atento à indicação de itens.
Figura 74
56
DESENHO TÉCNICO
3.5 Escala
A definição de escala é fornecida por O Dicionário de Língua Portuguesa (FERREIRA, 2013): “Linha
graduada, dividida em partes iguais, que indica a relação das dimensões ou distâncias marcadas sobre
um plano com as dimensões ou distâncias reais”.
Outra definição fornecida por Silva et al. (2009, p. 47): “É a relação existente entre a distância gráfica
e a distância natural”.
Trata-se de uma relação entre as medidas traçadas no desenho e suas medidas reais indicadas pelas
cotas. A NBR 8196 (ABNT, 1999a) trata de escalas no desenho.
Lembre-se de que geralmente os desenhos não são traçados na escala real da peça.
• Desenho de um molde de pneu de trator. O molde é tão grande que não cabe em uma folha A0.
Precisa ser desenhado em escala reduzida.
• Chapa quadrada de 800 x 800 mm com alguns furos internos. Até poderia ser desenhada em
escala real em uma folha A0. Mas, pela simplicidade na Geometria, é mais indicado desenhá-la,
por exemplo, em um formato A3 em escala reduzida.
• Chapa quadrada de 50 x 50 mm com alguns furos internos. Até poderia ser desenhada em escala
real em uma folha A4. Mas, para melhorar a representação, é mais indicado desenhá-la na mesma
folha A4, só que com escala de ampliação.
O desenhista é quem define o formato a utilizar. Folhas menores favorecem o manuseio, mas
geralmente implicam escalas de redução. As folhas maiores, em contrapartida, dificultam o manuseio,
aumentando custos (SILVA et al., 2009).
Figura 75
58
DESENHO TÉCNICO
Lembrete
Observação
No exemplo a seguir, uma peça em escala real foi desenhada em escala reduzida. São várias
construções que envolvem tangências. Observe a sequência de criação e fique atento à numeração dos
itens e à escala.
59
Unidade I
60
DESENHO TÉCNICO
Figura 76
Observe, nas figuras anteriores, o desenho em escala real de uma escala reduzida.
61
Unidade I
Observação
Saiba mais
Consulte as normas: NBR 8403, NBR 8196, NBR 10126 para tipos de
linhas, escalas e cotas:
No Desenho Técnico, a teoria das projeções fornece as informações para representar a forma utilizando
basicamente dois tipos de representação: vistas ortográficas e perspectivas. A vista ortográfica, também
chamada de ortogonal, está associada a projeções perpendiculares sobre um plano. O objeto pode ser
englobado por seis planos. Cada um perpendicular aos demais (FRENCH; VIERCK, 2005).
Para que se efetive a projeção ortogonal, são necessários: modelo, identificação dos planos para a
projeção e posições de observação.
62
DESENHO TÉCNICO
No exemplo a seguir, a peça está sendo representada em seis planos. O sólido foi propositadamente
modelado em azul, linhas tracejadas são apresentadas em vermelho. Na outra figura, o cubo está
sendo aberto.
Para Giesecke et al. (1998), metade das vistas estão alinhadas com a outra metade e acabam exibindo
e mesma informação, porém com sentido oposto. As seis vistas podem ser comparadas com a visão de
um observador movendo-se no espaço ao redor do objeto.
Figura 77
Figura 78
Nas faces completamente abertas, observa-se o alinhamento entre as projeções. Dessas seis
projeções, escolheremos três: planta, elevação e perfil. Esse conjunto de vistas compõe a chamada
“projeção no primeiro diedro”
63
Unidade I
Figura 79
Retornando à situação anterior e simplificando a representação dos planos, a planta recebe também
o nome de vista superior. Já a elevação é conhecida também como vista frontal, e o perfil pode ser
descrito como lateral esquerda.
Figura 80
64
DESENHO TÉCNICO
É preciso entender que a disposição inicial do objeto é que determinará a criação das vistas. Observe
a diferença de representação se alterarmos o posicionamento do objeto em relação ao exemplo anterior.
Figura 81
Outro aspecto a considerar é que as projeções estão alinhadas. Observe as relações entre as projeções
adjacentes. No rebatimento entre a planta e o perfil, a linha inclinada que foi criada está sempre a 45°,
já que a altura da planta é sempre igual à largura do perfil à direita.
Figura 82
65
Unidade I
Serão apresentados vários exemplos de criação de vistas ortogonais a partir de uma perspectiva
fornecida. Os primeiros terão apenas linhas cheias contínuas e outros terão também detalhes internos,
representados por linhas tracejadas.
Esboçar os contornos do modelo e prever sua distribuição no desenho são recomendações gerais
complementares propostas por Schneider (2008) antes de iniciar o desenho.
O esboço é uma representação gráfica inicial, primária, elaborada rapidamente. Ele é utilizado
normalmente nas fases iniciais do projeto, mas pode também, se bem elaborado, ser utilizado como
representação de determinados elementos para orientar a fabricação (SILVA et al., 2009).
Os esboços servem para traduzir conceitos e geralmente reproduzem uma ideia para o papel (ROHLEDER,
SPECK, GÓMEZ, 2000), além de planejar o posicionamento de itens de detalhamento. O desenho precisa ter
uniformidade. Não pode ter vistas sobrecarregadas e outras praticamente sem detalhamento. De maneira geral,
não se deve acalcar o traçado, já que isso cria sulcos no papel e dificulta a ação da borracha. O grafite solta pó.
Deve-se usar um pano para limpar esse pó que se desprendendo, tanto nos instrumentos quanto no desenho.
Seguem alguns exemplos de criação de vistas ortogonais. Os diferentes tons de cinza e as cores
servem apenas para auxiliar a compreensão do desenho. As linhas vermelhas são as projeções entre
vistas adjacentes, enquanto que a linha laranja exibe a forma de rebater entre a vista de planta e a vista
de perfil. Os desenhos podem estar fora de escala para que caibam na folha.
O espaço deixado entre as vistas está associado com aparência. As vistas precisam ter um espaçamento
que mantenha a noção de relacionamento de umas com as outras (GIESECKE et al.,1998).
Figura 83
66
DESENHO TÉCNICO
No exemplo a seguir, existe a representação dos chanfros. O chanfro, como qualquer plano inclinado,
tem faces representadas em duas vistas. Estão destacados em cores diferentes.
Figura 84
Figura 85
67
Unidade I
Figura 86
Figura 87
68
DESENHO TÉCNICO
Agora um exemplo com cotas e sem utilizar cores. Observe que não foram colocadas
cotas entre vistas (deve-se evitar). As cotas também foram distribuídas nas três vistas sem
sobrecarregar nenhuma.
Figura 88
Observe que, em nenhum exemplo, foi cotada alguma linha tracejada. Essa é mais uma regra de
cotagem: não se cota linha tracejada!
Figura 89
69
Unidade I
Conforme Giesecke et al. (1998), o desenho deve conter uma quantidade mínima de vistas para
descrever o modelo de forma completa e evidente.
Nos exemplos anteriores, sempre foram criadas três vistas ortogonais. A questão é que a quantidade
de vistas ortogonais dependerá das características da peça. Nem sempre serão três vistas.
Já foi demonstrado que uma única vista era necessária para representar uma chapa, desde que se
forneça sua espessura.
Agora observe a figura a seguir. No processo de rebatimento, foram geradas três vistas.
Se resposta para as três perguntas for “não”, a vista deverá ser retirada. Essa é a lógica que deve ser
utilizada para eliminar vistas.
Agora outra questão: a profundidade das depressões, por ser detalhe interno, é apresentada em
linhas tracejadas. Acontece que linhas tracejadas não podem ser cotadas.
Figura 90
70
DESENHO TÉCNICO
Nos exemplos anteriores, a perspectiva esteve sempre presente para auxiliar a compreensão das
vistas. Seu uso, apesar de muito útil, não é obrigatório. O constante exercício do rebatimento das
projeções vai diminuindo a dependência com a exibição e criação da perspectiva.
A ausência da perspectiva permite uma mudança de representação utilizando outras vistas. Repare, no
exemplo a seguir, uma alteração na disposição das vistas. Trata-se então de “novas” vistas: frontal e esquerda.
Lembre-se de que a disposição inicial do objeto é que determina a ordem das vistas.
Não se está discutindo, na figura a seguir, se a alteração de vistas foi producente. Apenas se
coloca que é possível alterar sua disposição das vistas. Observe que o problema da cota em linha
tracejada continua:
Figura 91
4.4 Cortes
Para French e Vierck (2005), o corte trata do desenho da peça como se uma parte dela tivesse sido
subtraída, permitindo a visualização de sua parte interna. É recomendado quando um grande número
de linhas tracejadas dificulta a leitura do desenho.
Para obter a representação em corte, é necessário fazer uma abstração do plano que será utilizado
para cortar e depois eliminar a parte cortada. A partir daí, aplicam-se as regras já abordadas de projeções
ortogonais. Geralmente os cortes têm como referência os próprios planos de projeção e são paralelos a
eles. Dá-se preferência por centros de eixos e furos (SILVA et al., 2013).
Na visão de Silva et al. (2009), os cortes permitem representar de forma adequada partes internas
dos modelos ou um conjunto de modelos agrupados e facilitam a inserção de cotas e de outros itens,
como acabamento.
Os cortes são representados com setas de tamanho especial que indicam sua direção. São utilizadas
letras maiúsculas junto às setas. A linha de corte é do tipo “traço ponto”, só que com espessura grossa
próxima à indicação de corte. Já a superfície que foi cortada precisa ser hachurada (SILVA et al., 2009).
71
Unidade I
Figura 92
Na vista de corte, as linhas tracejadas devem ser desconsideradas, salvo exceções que ajudariam
a compreender a forma da peça. A parte retirada em uma vista de corte não pode ser também
desconsiderada em outras vistas (SILVA et al., 2013).
Para Maguire; Simmons (1982), a hachura destaca a superfície cortada e tem espaçamento uniforme.
A linha de hachura é do tipo cheia contínua, só que tem espessura fina. Geralmente é desenhada a
45°. A NBR 12298 (ABNT, 1995c) trata de hachuras.
No corte total, um plano imaginário atravessa o modelo. Quem define a posição desse plano é o
desenhista, com base nos detalhes que pretende mostrar.
O corte total se faz quando é absolutamente necessário, já que acaba por aumentar o trabalho e o
tempo de execução (SCHNEIDER, 2008).
Figura 93
72
DESENHO TÉCNICO
Figura 94
O corte parcial serve para exibir algumas partes ocas da peça em que não existe a necessidade do
corte total e ao mesmo tempo existe uma dificuldade de cotagem. Uma linha sinuosa limita a extensão
do corte. A linha sinuosa é cheia contínua, porém mais fina (SILVA et al., 2009).
Sinuoso é definido como: “Aquilo que apresenta curvas irregulares em sentidos diferentes”
(FERREIRA, 2013).
Conforme French e Vierck (2005), aplica-se também o corte parcial em que o corte total não seria
conveniente, pois retiraria partes importantes da representação do modelo naquela vista.
O corte parcial aplica-se em pequenos espaços da peça em que não existe material
(SCHNEIDER, 2008).
Seguem dois exemplos de corte parcial. Observe que as linhas que eram, a princípio, tracejadas, com
o corte parcial, são representadas na forma cheia contínua.
73
Unidade I
Figura 95
São vários planos de corte que têm uma forma peculiar, exclusiva (SILVA et al., 2009).
O corte com desvio é uma derivação do corte total. Em vez de o corte utilizar um único plano, passa
a utilizar um conjunto de planos paralelos para executar o corte. Os desvios devem ser destacados
engrossando suas linhas (MAGUIRE; SIMMONS, 1982).
Figura 96
74
DESENHO TÉCNICO
O meio corte se aplica em peças simétricas, em que metade da peça é desenhada de forma
convencional, e a outra metade, em corte. Tem a vantagem de representar em uma só vista a parte
interna e externa do modelo (FRENCH; VIERCK, 2005).
Nos objetos simétricos, em que a linha de corte se dá na vertical, o corte é representado à direita.
Já com a linha de corte na horizontal, a ilustração do corte fica na parte inferior. Não são necessárias
indicações como se faz no corte total (SILVA et al., 2009).
• O perfil contém círculos que podem ser cotados em outra vista indicando o diâmetro.
Figura 97
Esse é o caso típico de meio corte, em que é possível indicar todas as medidas.
Observe a peculiaridade das cotas que indicam diâmetro na parte cortada: elas vão apenas até a
metade da peça.
75
Unidade I
Figura 98
Não devem ser hachuradas: superfícies finas, nervuras, peças cilíndricas quando apresentadas em
conjuntos, rebites, arruelas, parafusos e outros elementos normalizados.
Figura 99
4.5 Seções
A definição de seção é fornecida por (FERREIRA, 2013): “Superfície que se forma quando um plano
atravessa um sólido”.
Segundo French e Vierck (2005), a seção exibe formas do modelo que, de outras maneiras, apresentaria
dificuldade de representação. Diferentemente do corte, em vários casos, não é necessária a indicação
de planos.
76
DESENHO TÉCNICO
A representação da seção trata apenas da área que foi secionada, omitindo o restante da peça. Está
aí a grande diferença do corte, que apresenta o restante da visualização além da parte hachurada.
Observa-se que, nesse tipo de seção, a representação se dá com traços finos. (SILVA et al., 2013).
Figura 100
Bastante parecida com o corte total. Mantém o rigor de indicação. A representação exibe somente
a superfície que foi cortada.
Figura 101
77
Unidade I
Nesse tipo de representação, uma linha estabelece o plano de corte, e a seção é desenhada
externamente à peça. Sua identificação é desnecessária, já que está implícita.
Figura 102
Saiba mais
78
DESENHO TÉCNICO
Observação
Resumo
O Desenho Técnico, para ser entendido, deve ter uma linguagem universal
que levará a um conjunto de normas e conceitos, visando à padronização.
A norma é o conjunto de regras e indicações a fim de conduzir a leitura e
a execução do Desenho Técnico. A norma indica as diretrizes para a cultura
de projeto que vai se desenvolvendo dentro das empresas. A Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é que regula as normas no Brasil.
79
Unidade I
80
DESENHO TÉCNICO
A escala pode ser natural ou 1:1; de redução: 1:2, 1:5, 1:10, 1:20; ou
ainda de ampliação: 2:1, 5:1, 10:1, 20:1. O desenhista é quem define o
tamanho de folha e a escala a ser utilizada.
81
Unidade I
O corte pode ser de vários tipos: total, parcial, com desvio ou composto
de meio corte. Cada tipo de corte tem suas aplicações associadas ao tipo de
modelo que está sendo representado.
82
DESENHO TÉCNICO
Exercícios
Questão 1. Na figura a seguir, está representado um recipiente conhecido como bacia emesis, usada
nas atividades médicas e odontológicas (a) e sua vista superior (b).
(a) (b)
A)
B)
C)
D)
E)
83
Unidade I
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: embora a área hachurada seja a correta, as hachuras da parte esquerda do desenho têm
inclinação diferente das constantes na parte direita. Hachuras com inclinações diferentes são usadas
para indicar peças diferentes.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: embora as hachuras da parte esquerda do desenho tenham a mesma inclinação que
as da parte direita, existe uma área que não foi atingida pelo plano de corte e está hachurada, quando
não deveria.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a hachura está feita na parte do desenho em que ela não deveria estar, e não existe
hachura na parte em que deveria existir.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: toda a peça está hachurada, existe uma parte do desenho que não é atingida pelo
corte, em que não deve existir a presença de hachuras.
E) Alternativa correta.
Justificativa: a área hachurada está correta. A parte central da peça não deve ser hachurada, pois ela
não é atingida pelo corte.
84
DESENHO TÉCNICO
No projeto de um novo virabrequim, foi enviada para o setor fabril, além da vista frontal, mostrada
na figura a seguir, a vista do corte A-A.
A) B) C)
D) E)
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