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DELIBERA:
Art. 1º O Município, nos termos da legislação vigente, é competente para autorizar o funcionamento
e supervisionar os estabelecimentos de Educação Infantil, mantidos pelo Poder Público Municipal e pela
iniciativa privada, no âmbito do seu território.
Art. 2º O Município que optar por se integrar ao Sistema Estadual de Ensino, nos termos das
normas vigentes, terá o processo regulatório para o Ensino Fundamental e Médio estabelecido pelas
normas deste Sistema de Ensino.
§ 1º A opção que trata o caput deste artigo ocorrerá nos termos da Deliberação CEE Nº 138/2016 e
da Indicação CEE Nº 141/2016.
Art. 3º As instituições privadas que mantêm Educação Infantil, juntamente com outro nível da
Educação Básica, pertencem ao Sistema Estadual de Ensino e o processo de autorização se dará nos
termos da Deliberação CEE Nº 138/2016 e Indicação CEE Nº 141/2016.
Art. 4º Esta Deliberação entra em vigor na data da publicação de sua homologação, revogando-se
a Deliberação CEE Nº 22/97 e Indicação CEE Nº 20/97.
DELIBERAÇÃO PLENÁRIA
O CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO aprova, por maioria, a
presente Deliberação.
A Consª. Maria Cristina Barbosa Storópoli, votou contrariamente
nos termos de sua Declaração de Voto.
A Consª. Guiomar Namo de Mello declarou-se impedida de votar.
Sala “Carlos Pasquale”, em 04 de maio de 2016.
DECLARAÇÃO DE VOTO
CONSELHO PLENO
1. RELATÓRIO:
Mais recentemente, a Lei Federal nº 12.796/2013 (altera a LDB 9394/1996, em seu art. 4º, inciso I),
antecipa novamente a obrigatoriedade e gratuidade do ensino para as crianças, agora com abrangência da
pré-escola ao ensino médio (4 a 17 anos, até 2016). A alteração do art. 31 da LDB, também introduz novas
práticas na organização e acompanhamento da educação infantil, nas dimensões administrativa e
pedagógica, ao estabelecer as seguintes regras comuns:
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o
acesso ao ensino fundamental;
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída
por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional;
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias
para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral;
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar,
exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas;
V - expedição de documentação que permita atestar os processos de
desenvolvimento e aprendizagem da criança.
Com as mudanças legais ao longo das últimas décadas, a organização, estrutura e práticas das
instituições de educação infantil devem ser pensadas sob as dimensões do Educar e Cuidar. Isso implica
numa nova Proposta Pedagógica, articulada e orgânica, com relação aos espaços físicos, mobiliários,
equipamentos e materiais, ao currículo e práticas decorrentes, formação dos profissionais que atuam nessa
etapa de escolarização, todos com o objetivo de promover o desenvolvimento integral das crianças e o
processo de ensino e aprendizagem.
Outro aspecto a ser considerado é a responsabilidade da família tanto com relação ao dever de
matricular quanto do acompanhamento da frequência, a fim de que se concretize o direito à escolarização a
partir dos 4 anos, com a presença efetiva do educando de acordo com o art. 31, supramencionado.
Há que se destacar, ainda, as propostas contidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Básica, e em específico para a Educação Infantil, e o cuidado em não transformar o ensino-
aprendizagem e toda a organização que envolve esse processo pedagógico, peculiar no trabalho com as
crianças de zero a cinco anos, em mero processo de “alfabetização”, como uma simples antecipação de
práticas desenvolvidas no ensino fundamental, desviando-se do desenvolvimento integral da criança, previsto
no art. 22 da Res. CNE/CEB nº 04/2010:
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o desenvolvimento
integral da criança, em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual,
social, complementando a ação da família e da comunidade.
§ 1º As crianças provêm de diferentes e singulares contextos
socioculturais, socioeconômicos e étnicos, por isso devem ter a oportunidade
de ser acolhidas e respeitadas pela escola e pelos profissionais da educação,
com base nos princípios da individualidade, igualdade, liberdade, diversidade
e pluralidade.
§ 2º Para as crianças, independentemente das diferentes condições
físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas, étnico-raciais, socioeconômicas,
de origem, de religião, entre outras, as relações sociais e intersubjetivas no
espaço escolar requerem a atenção intensiva dos profissionais da educação,
durante o tempo de desenvolvimento das atividades que lhes são peculiares,
pois este é o momento em que a curiosidade deve ser estimulada, a partir da
brincadeira orientada pelos profissionais da educação.
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Nos processos de autorização deverão ser consideradas também às recomendações em relação aos
espaços para o atendimento das crianças, previstos nos Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições
de educação infantil: Encarte 1, quais sejam: sala de repouso; sala para atividades; fraldário; lactário e solário.
Também são contempladas para o atendimento: sala multiuso; área administrativa; banheiros; pátio coberto;
áreas necessárias aos serviços de alimentação; lavanderia; área de serviços gerais; depósito de lixo; área
externa; dentre outras recomendações com relação aos pisos e revestimento, luminosidade, ventilação,
acessibilidade, metragem, sempre com correspondência proporcional ao número de alunos (Brasília, MEC/SEB,
2006).
Assim, as novas possibilidades de estrutura e funcionamento das instituições escolares, sob a premissa
da autonomia conferida pela CF/1988 e reiterada pela LDB 9394/1996, tornam essas organizações mais
complexas tendo em vista as inúmeras alternativas para o oferecimento do ensino formal, com processos
pedagógicos que conceituam tempo, espaço, relação ensino-aprendizagem a partir de concepções educacionais
diferenciadas.
O caminhar dialogal entre teoria e prática, administrativo e pedagógico impõe-se na centralidade das
normatizações dos órgãos responsáveis pelo Sistema de Ensino frente às novas demandas sociais. A dicotomia
reducionista tende a ser superada nas edições legais, colocando-se o administrativo a favor do pedagógico e,
não o inverso, como observado em outros momentos históricos, em que os ditames legais procuravam mais
“engessar, disciplinar” do que propriamente favorecer as iniciativas de ensino e aprendizagem.
Nessa lógica os prédios não são observados de forma inerte e desconectada da realidade escolar e
social. Ao contrário, traduzem um ideário de educação e vida pulsante, dinâmica, que acolhe crianças, jovens e
adultos em relações cotidianas voltadas para a convivência e formação integral.
A Proposta Pedagógica assume função essencial, norteando o olhar das equipes de supervisão de
ensino das Diretorias, tanto no processo inicial - nas vistorias e parecer a respeito dos espaços físicos e seus
respectivos mobiliários, equipamentos e recursos, acessibilidade, entre outros tantos, - quanto no
acompanhamento em processo – mudanças físicas e estruturais dos prédios, documentais dos mantenedores e
curriculares, objeto de novas apreciações e aprovações - para a consecução da missão e objetivos anunciados
na proposta, única em cada instituição.
Para além de um conjunto de normas e requisitos a serem cumpridos, a presente Indicação busca a
articulação entre o cuidar e educar, nas dimensões envolvidas em processo, para que o ambiente escolar, sua
estrutura, organização e funcionamento, cumpram com o seu princípio maior, qual seja, a promoção de uma
educação de qualidade em todas as instituições que integram o sistema estadual paulista.
A partir dessas breves considerações é que a presente Deliberação coloca-se como necessária.
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2. CONCLUSÃO
Posto isso, submetemos a este Colegiado o anexo Projeto de Deliberação.
São Paulo, 09 de março de 2016.
3. DECISÃO DA CÂMARA
A Câmara de Educação Básica adota como sua Indicação, o Voto da Relatora.
Presentes os Conselheiros: Ana Amélia Inoue, Débora Gonzalez Costa Blanco, Francisco Antônio Poli,
Ghisleine Trigo Silveira, Laura Laganá, Luís Carlos de Menezes, Nilton José Hirota da Silva, Rosângela
Aparecida Ferini Vargas Chede e Sylvia Gouvêa.
Sala da Câmara de Educação Básica, em 16 de março de 2016.
DELIBERAÇÃO PLENÁRIA
O CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO aprova, por unanimidade, a presente Indicação.
Sala “Carlos Pasquale”, em 04 de maio de 2016.