Escravidão, Escravizadas e A Família Escrava Mulher Negra Na Formação Da Família Escrava.
Escravidão, Escravizadas e A Família Escrava Mulher Negra Na Formação Da Família Escrava.
Escravidão, Escravizadas e A Família Escrava Mulher Negra Na Formação Da Família Escrava.
RESUMO: Este ensaio visa analisar a presença das negras e negros escravizados no período
Colonial no Brasil, não apenas como “força de trabalho”, mas como sujeitos ativos nas diversas
esferas sociais. Nesse recorte inicial, a pesquisa volta-se para o papel da escravizada como um
sujeito histórico resistente e importante, e o seu papel na formação da família escrava. Os
referenciais teóricos, em conjunto com as três aquarelas, tentam expor as possibilidades de
trabalhos, formas de resistência e as dificuldades vividas no cotidiano escravo, especialmente
da mulher. A última análise volta-se ao estudo do livro “Na senzala, uma flor”, de Robert W.
Slenes a fim de complementar as observações e acrescer aos questionamentos que se fazem
uteis para a confecção de uma historiografia mais ampla que valoriza as vivências das mulheres
negras e sua história.
INTRODUÇÃO
Neste ensaio será explanado acerca do contexto histórico do Brasil Colonial, destacando
as africanas escravizadas, entendendo-as não como um objeto de troca dos traficantes negreiros,
ou uma mão-de-obra desclassificada, mas como sujeitos que construíram sua própria história,
desenvolveram laços afetivos no novo mundo, formaram famílias – em muitos casos em
oposição aos senhores, ou obrigados por eles –, constituíram formas de resistência e meios de
manter pequenos detalhes da sua cultura ancestral, mesmo em um contexto tão brutal como
foram os anos que perduraram do século XVI ao XVIII, estendendo-se aos fins do século XIX,
quando se dá a abolição oficial da escravidão.
Incialmente será colocado em destaque os sujeitos que, por muito tempo, foram
excluídos da historiografia ou, simplesmente, vistos como seres submissos e dóceis que, por
séculos, aceitaram a escravidão de bom grado. Neste sentido, pretende-se fazer um recorte neste
universo de excluídos, destacando um grupo de indivíduos que são omitidos em uma camada
já considerada minoritária: as mulheres escravas. Dentro dessa macro-história, a qual seja, o
1
Trabalho realizado como exigência da disciplina: “História da América Portuguesa II”, ministrada pela Professora
Dr. Marica Celma Borges do curso de licenciatura em História, UFMS-CPTL.
2
Graduanda do curso licenciatura em História, UFMS-CPTL, bolsista no Programa de Educação Tutorial (PET)
– Conexões de Saberes. E-mail: [email protected]
2
A exploração Colonial no Brasil não se resumiu a uma forma econômica de gerar lucro,
pois se enraizou nas demais esferas sociais, tornando-se, conforme Prado Jr. (1942) e Novais
(1997), um “sistema colonial”. Essa estrutura era sustentada por três pilares: escravidão,
monocultura e o latifúndio. Com o início da adoção do trabalho escravo africano, o colono
europeu tomou a posse de dirigente e grande proprietário rural (PRADO JR., 1942, p. 24),
modificando as formas de sociabilidade que existia até então no Novo Mundo.
Os primeiros escravos foram trazidos a força para a colônia com o fim de realizar
atividades específicas, como a mão-de-obra especializada. É apenas quando o tráfico negreiro
se estabelece como uma atividade lucrativa, que o contingente migratório se ampliou. Os
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escravos eram responsáveis pelas mais diversas atividades, tanto no meio urbano, quanto no
meio rural. Dentro dos engenhos, a vivência dos africanos era permeada por insegurança e
inicialmente solidão. Além disso, essas pessoas tinham que lidar com formas de perda de
identidade cultural e individual, já que eram forçadas a abandonar sua terra, e assim sua cultura,
costumes e hábitos para serem inseridas em um modo de produção exploratório, perdendo não
só a liberdade, mas seu nome natural (africano), os laços com sua família (deixada no continente
africano) para ter que lidar com a atrocidades da escravidão.
A viagem da África as Américas era incerta, já que as condições precárias vividas no
interior dos navios possibilitavam que poucos africanos chegassem vivos, quando chegavam,
eram em situações difíceis, de doença e desnutrição, sendo assim, muitos viviam apenas alguns
dias após a chegada. Depois de um tempo se recuperando da viagem, essas pessoas tinham que
lidar com uma nova realidade, em que, não eram mais tratados como seres humanos portadores
de liberdade, mas como mercadoria. Muitos perdiam o direito de manter seus nomes, pois estes
possibilitavam a sobrevivência de resquícios da cultura e “honra” a esses indivíduos.
A população escrava era maior que a população livre e branca em diversos momentos
do desenvolvimento da colônia. Negras e negros escravizados passaram a compor todas as
esferas sociais, sendo o apoio dos senhores, as companheiras e cozinheiras das “sinhás”, as
amas de leite das crianças fruto da elite, entregadores, vendedores, dentre outras atividades,
como retrata Jancsó:
Esta obra do artista francês Jean Baptiste Debret (1768 a 1848), compõe o livro “Viagem
pitoresca e história do Brasil”, que esse renomado pintor realizou durante sua viagem ao Brasil,
como colaborador da Missão Artística Francesa. Essa iniciativa se deu posteriormente a
chegada da família real ao Brasil, em 1808, resultando na fundação da Academia Imperial de
Belas-Artes do Rio de Janeiro em 1826. (TREVISAN, 2007, p. 9). A missão tinha por objetivo
representar o cotidiano da Colônia.
Com essa obra, Debret tinha o objetivo de organizar um documentário social, histórico
e paisagístico da sua vivência no Brasil, e apesar de suas fontes terem sido produzidas no início
do século XIX, é possível fazer uso destas pinturas para compreender parte do cotidiano das
pessoas que viviam no século XVIII, já que muitos hábitos perduram durante grande parte do
período colonial e início da república.
Na obra “O jantar”, de 1820, pode-se observar como os escravizados compunham a vida
privada dos senhores. Nesta, é possível analisar três esferas distintas dos escravos: a escravizada
que por compor o ambiente doméstico está com uma aparência ajustada as “vistas” dos senhores
(nota-se o uso de acessórios e o vestido em bom estado); o escravizado ao canto direito da tela,
esperando os senhores indicarem alguma tarefa. Diante desse cenário é possível supor que o
comportamento dos escravizados são fruto da circularidade de culturas das terras brasileiras,
bem como por um processo de aproximação cultural. A terceira esfera é formada pelas crianças
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Disponível: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/familia-no-brasil-colonial/ - Blog: Ensinar História - Joelza
Ester Domingues. Último acesso: 11/11/2017
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que compõem a cena e podem ser vistas como forma de “entretenimento” da sinhá, além de
possibilitarem diversas hipóteses de relacionamentos entre os dois polos representados na
imagem: senhores e os escravizados, como sendo filhos bastardos, ou filhos de escravizados
bem vistos pelos senhores (com certos privilégios).
Um questionamento que pode ser levantado por meio da citação e da pintura é: como
pessoas que integram as esferas sociais – se considerarmos as formas indiretas – foram
excluídas por tanto tempo da historiografia nacional? Uma das explicações pode ser o fato de
que a história tradicional reproduzia os valores estabelecidos na sociedade em que era gerada.
Assim, ao longo da história brasileira permaneceu, por certo tempo, a reprodução de uma ideia
de que os negros não tinham formas de resistência durante o período colonial e posteriormente
a ideia da existência da democracia racial, surgida entre os anos 60, e que é uma questão
polêmica até a atualidade.
As formas de resistência negra eram das mais variadas, aquilombamento, fugas,
reprodução da cultura ancestral, resistência por meio da conformação (em que o escravo era
capaz de se adaptar as realidades do cotidiano). Já no século XIX, era comum os escravizados
recorrerem a leis para lutarem por direitos (REIS, 1989, p.13-21). Os escravizados não
“aceitaram” a escravização, como sujeitos submissos. Em um trecho do seu texto Reis analisa
algumas ideias de Stuart B. Schwartz e relata:
Esse trecho afirma que existia uma luta diária dos escravos para permanecerem vivos,
melhorarem as condições de trabalho – mesmo que em algumas situações isso significasse
“cooperar” com os senhores. Diferente das ideias difundidas que colocam os escravos como
submissos, essas pessoas tinham, no modo possível de cada dia, meios para barganhar com os
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A história das mulheres foi excluída da historiografia tradicional por muito tempo.
Recentemente que estudiosas começaram a lutar pelo direito de escrever e se verem
representadas na história como sujeitos ativos. Essa luta por direitos, por postos de trabalho e
pela atuação na vida acadêmica, se iniciou em meados da década de 1960. Enfrentando um
sistema patriarcal, as mulheres lutavam pelo alargamento das temáticas e novas produções
intelectuais que demonstrassem que, as contribuições femininas para a história são importantes
para compreensão dos acontecimentos que envolvem a história em todas as esferas. Em seu
texto M. Rago critica:
Esta reflexão se faz tanto mais necessária, quanto mais nos damos conta de que a
História não narra o passado, mas constrói um discurso sobre este, trazendo tanto o
olhar quanto a própria subjetividade daquele que recorta e narra, à sua maneira, a
matéria da história. Além do mais, vale dizer que se esta produção não se caracteriza
como feminista, nem significou um questionamento prático das relações de poder
entre os sexos na academia, ela carrega traços evidentes de uma vontade feminina de
emancipação. (RAGO, 1995, p.81)
Neste trecho, Rago analisa que a história é uma construção, um discurso do passado
realizado pelos historiadores. Se voltarmos a atenção para a representação do Brasil Colonial,
sob o olhar da historiografia tradicional, a perspectiva da participação da mulher negra
escravizada é ínfima se comparada as grandes obras referentes a temas mais explorados dentro
deste recorte. Em decorrência disso é importante destacar algumas esferas do cotidiano das
mulheres escravizadas.
Conforme esta autora na organização patriarcal do Brasil colonial, as mulheres – tanto
brancas, como negras – eram vistas, nas diversas esferas da vida, como seres subordinados a
figura masculina. De início a paterna (do parente masculino mais próximo no caso da falta do
pai), e posteriormente do marido. As mulheres da elite ainda tinham privilégios dentro do
sistema colonial, por conta de sua condição econômica privilegiada e por sua “raça”. Em alguns
casos, já no final do século XVIII, algumas mulheres que moravam em regiões mais isoladas
chegaram a administrar propriedades com independência. Essa situação era comum em casos
de viuvez. Neste contexto, algumas restrições legais impostas pelo Estado não eram mais
válidas para as mulheres. As viúvas eram “chefes de família” (HABNER, 2012, p.47).
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As mulheres negras não tinham tanta sorte. Ainda no continente africano – onde as
mulheres escravizadas tinham mais valor, pois eram vistas como “procriadoras” e mão de obra
para a produção agrícola –, eram capturadas de suas aldeais e levadas para cativeiros. Muitas
vezes esses locais eram invadidos por saqueadores que tinham o objetivo de capturar essas
mulheres para transportá-las até a costa do Atlântico, onde eram vendidas para traficantes
intercontinentais e embarcadas em navios negreiros.
Os sofrimentos da viagem eram constantes. As negras que conseguiam chegar no Brasil
tinham baixas perspectiva de vida. Muitas morreriam em pouco tempo, decorrente da
exploração colonial ou por complicações na gravidez, ou no parto. No resumo de seu texto,
Dias (2012, p.360) salienta que as escravas afastadas de suas redes familiares naturais tiveram
que se adaptar as condições de vida precária, maus-tratos, submissão, entre outras violências,
durante o sistema escravista. Para estas mulheres era fundamental: força, inteligência e rebeldia.
As escravas sofriam em diversos âmbitos, pois eram os seres omitidos dentro de uma
classe já considerada minoritária, a dos escravizados. As formas de trabalho variavam de acordo
com a zona em que viviam. Na zona urbana, além dos cuidados com a casa, eram induzidas a
vender alimentos e outros gêneros comerciais para gerar lucros para a família a que servia. Já
no meio rural, trabalhavam nas roças de autoconsumo no cuidado com os alimentos, cuidavam
dos animais, dos afazeres da casa-grande, e em alguns casos, se tornavam amas de leite, dentre
outras atividades.
No meio da exploração do cotidiano ainda tinham que lidar com os assédios dos homens
da elite (senhores), que defendiam a honra de suas aparentadas, mas abordavam as escravas que
não tinham quem as protegesse. Essas relações entre senhores e escravas geravam desconfortos
sociais e até acomodação de ideias em relação a sexualidade das africanas. É comum, por
exemplo, relacionar as mulheres negras a sensualidade, cobiça e até mesmo a certo “toque
místico” das culturas africanas, como a feitura de poções, que ajudavam essas mulheres a
“seduzir” os senhores, fato que os levavam a cometerem atos inadequados perante a igreja e a
sociedade. Em relação a este assunto, Schwartz salienta:
Benci, em sua Economia Cristã (1705), argumentou com intencional ironia que se o
fato de os escravos deixarem suas esposas para manterem relações ilícitas era uma
razão para desincentiva-los a casar logo de início, então o fato de muitos senhores
abandonarem suas virtuosas e honradas esposas pelos braços de suas próprias escravas
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Este trecho possibilita diversos caminhos de argumentação e nos faz entender algumas
das situações derivadas das atitudes dos senhores, como, por exemplo, ciúmes das senhoras
(sinhás), união entre escravizados, geração de filhos ilegítimos, relacionamento entre esses
filhos ilegítimos e os senhores, dentre outras.
Seguindo a primeira linha de argumento de Benci em relação aos “casos” de senhores
com escravas, é possível pressupor que as mulheres da elite não tinham controle sobre os casos
extraconjugais de seus maridos, fosse com escravas ou com outras mulheres da elite. Porém,
em sua maioria, tinham o conhecimento desses casos e dos filhos “bastardos” frutos desses
relacionamentos. Em casos de os maridos exagerarem nos gastos com essas escravas as
senhoras poderiam pedir o divórcio legalmente, contudo a atitude mais comum era a vingança
– maltrato das escravas ou morte (HABNER, 2012, p.52). Essas atitudes se deviam, dentro
outros fatos, a proximidade das senhoras com as escravas, como podemos notar na tela:
Imagem 2: “Uma senhora de algumas posses em sua casa”, aquarela sobre papel, 16,2 x 23 cm, Jean-
Baptiste Debret, Rio de Janeiro, 1823.4
A partir desta figura é possível notar como a vida das senhoras era dependente da
presença de escravizadas (os) como: acompanhantes, serviçais, distrações, outras. Esta pintura
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Disponível em: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/contrastes-sociais-brasil-colonia-debret/ - Blog: Ensinar
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A cultura ancestral também era utilizada para infringir medo nos capatazes que tentavam
investir contra as mulheres escravizadas. Estas ameaçavam com feitiços e formulas de veneno.
Apesar de tentar manter a cultura africana em suas origens, com o tempo ocorriam
aproximações culturais entre a cultura ancestral e a cultura “nacional” em ascensão.
Por conta das religiões africanas, algumas mulheres eram adaptadas a conformação da
poliandria5, fato considerado “normal” em algumas regiões da África. As formas de união
estabelecidas não eram organizadas como as famílias atuais, por vezes a união não era
“afirmada”, em nenhuma religião – tanto a ancestral quanto a Católica -, e poderiam ocorrer
mesmo contra a vontade dos senhores, como destacada:
(...) devemos ter em mente desde já que a formação de unidades conjugais e, em última
análise, de famílias, não dependia do casamento consagrado pela Igreja, quer para os
escravos, quer para os livres. Dizer que o casal não era casado e que seus filhos eram
ilegítimos não significa que eles não formavam uma unidade familiar, ainda que
ilegalmente pudessem ser incapacitados sob certos aspectos. (SCHWARTZ, 1988,
p.310)
Essas relações por não serem realizadas em cartório, com registros, muitas vezes
deixaram de serem contabilizados, dificultando, atualmente, muitas pesquisas. Esse caráter de
“informalidade” entre as uniões levava muitas escravas a terem muitos parceiros ao longo da
vida e um grande números de filhos de pais distintos. Em relação aos estudos da formação da
família escrava, Slenes (2011) discute as possibilidades de constituição da família escrava, além
de destacar o foco de sua análise para a região Sudeste do país, com ênfase na região de
Campinas. O autor não enfatiza o papel da mulher negra como cerne de estudo, mas a própria
constituição da família escrava as suas possibilidades e dificuldades. No prefácio da primeira
edição discorre:
Nesse estudo, de cunho demográfico, havia concluído que a família conjugal escrava,
apesar de sua vulnerabilidade diante das condições da escravidão, “havia emergido
como uma instituição social viável” nas regiões da plantation do Sudeste. Como
consequência, “[a família] provavelmente ajudou muitos escravos a reterem sua
identidade e lidarem efetivamente com as pressões psicológicas da escravidão”. Ao
mesmo tempo, no entanto, “ao dar aos escravos um maior interesse na sociedade de
plantation [isto é, algo significativo a perder] (...), a família também forneceu ao
senhor um instrumento efetivo de controle social. (SLENES, 2011, p. 28).
Slenes (2011) defende a ideia de que a família escrava é algo viável, mesmo contra as
vontades dos senhores, pois para tanto usavam as negociações e mesmo tramas bem
desenvolvidas. Slenes explica no decorrer do livro que a família escrava no período colonial é
distinta da ideia de família que a sociedade contemporânea instituiu (constituída por pai, mãe e
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Situação em que uma mulher, possuía mais de um parceiro.
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filhos). Na época existia uma maior aproximação entre mãe e filhos, como pode-se observar na
tela:
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Disponível: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/familia-no-brasil-colonial/ Último acesso: 11/11/2017
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Pintor alemão que veio ao Brasil como espião de uma missão cientifica do barão de Georg Heinrich von
Langsdorff),
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camponesa8. Em posse de terras e de uma família, já que dificultava a fuga, pois os escravos
tinham muito o que perder e deixar. Reis (1989) destaca que as brechas não podem ser
analisadas como forma de “paternalismo” dos senhores, pois ambos os lados (senhores e
escravizados) tinham interesses nessa conformação. Outro contexto a se destacar é que muitas
vezes a união que era vista como um ponto de esperança poderia se tornar também um pesadelo,
quando os companheiros das mulheres escravizadas começavam a sentir ciúmes. Esses casos
poderiam culminar, muitas vezes, em brigas e até mortes, principalmente das mulheres.
Existe um debate historiográfico que indaga sobre a existência da formação da família
escrava estável. Autores como Queiroz, Kátia Mattoso e Kenneth Stampp, frisam as
dificuldades para manter a estrutura da família. Para esses três autores, o poder dos senhores
sobre seus escravizados era superior a qualquer artimanha ou negociação dos cativos. Assim,
as famílias escravas eram vulneráveis em várias situações, como: nos momentos de divisão de
bens entre aos filhos dos senhores; a estrupo das mulheres; a tentativa de aculturação e
distanciamento de suas raízes, e para Queiroz ao repudio ao cativeiro – ampliados pelas práticas
dos senhores:
8
Esta se identifica como uma pequena área de terra que pode ser cultivável pelos escravizados para seu
autoconsumo e para, se possível, a comercialização do excedente da produção. Parte da produção era voltada para
abastecer a propriedade (Casa-grande)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAL
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DIAS, Maria Odila. Resistir e sobreviver. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO; Joana Maria
(org). Nova História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012.
HABNER, June E. Mulheres da elite. In: PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO; Joana Maria
(org). Nova História das Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2012.
REIS, João José; SILVA, Eduardo. Entre Zumbi e pai João, o escravo que negocia. In:
Negociação e Conflito – resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das
Letras, 1989.
SCHWARCZ, Lilia Mortiz. “Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na
intimidade”. In: História da vida Privada no Brasil. Vol 4. São Paulo: Companhia das Letras,
1998.