A Vila de Lousada No Bilhete-Postal Ilustrado Nos Finais Da I República (Parte 2)
A Vila de Lousada No Bilhete-Postal Ilustrado Nos Finais Da I República (Parte 2)
A Vila de Lousada No Bilhete-Postal Ilustrado Nos Finais Da I República (Parte 2)
Nota: No Suplemento de Arqueologia da Revista Municipal do ms de Novembro de 2010 (Ano 11, n 80), induzidos em erro por indicao popular e cartogrfica, enquadramos o Outeiro de Cimo de Vila, local para onde apontada a possvel existncia de uma estrutura defensiva tipo mota, na freguesia de Cade de Rei, localizando-se aquele espao efectivamente na vizinha freguesia de Vilar do Torno e Alentm.
1 2
Fig. 9 - Grande Hotel de Lousada - Grande empreendimento hoteleiro, construdo de raiz para o efeito, cuja abertura oficial se verificou a 17 de Agosto de 1924, embora, segundo o Jornal de Lousada, j se encontrasse em funcionamento desde Agosto do ano de 1923. O edifcio ainda hoje existe, margem da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, junto aos muros da Quinta de Vila Me. O projecto contemplava mais uma fase de construo, que nunca foi iniciada. Ainda assim, o Grande Hotel de Lousada possua 22 quartos, salo de baile e sala de jantar, tudo amplo e arejado como se mencionava no mesmo jornal, fazendo jus fama de estncia turstica que Lousada granjeava na poca. O seu proprietrio e gerente era Joo Rosrio, tambm dono do Antigo Hotel Aleixo (que pouco depois mudaria de gerncia passando a designar-se Hotel Avenida). Lousada no final da I Repblica aliava a pureza e benignidade dos ares de altitude oferta hoteleira: Hotel do Comrcio de Joaquim Jos Alves, Hotel Avenida de Manuel Fernandes e o Grande Hotel de Lousada.
Fig. 10 - Capela do Senhor dos Aflitos - Em 1857, um grupo de cidados lousadenses encetou esforos no sentido de munir a recm-criada Vila de Lousada de um templo religioso condizente com o novo estatuto da povoao e capaz de responder ao crescimento urbano e demogrfico que se verificava na poca. Nesse mesmo ano de 1857 iniciaram-se as obras, num pequeno outeiro, singularmente chamado de Monte das Pedrinhas, onde j existia uma capela em madeira com a invocao do Senhor dos Aflitos. A construo ficou a cargo do mestre-de-obras Joaquim Oliveira Portela, das Caldas de Vizela, que aceitou a obra pela quantia de 3 contos de reis. As obras prolongaram-se por muitos anos, principalmente devido falta de verbas. S em 1892, passados 35 anos aps o seu arranque, se deram por terminadas por um termo de recordao registado pelo padre Antnio Ventura Pereira. A Capela do Senhor dos Aflitos constitui um dos smbolos principais de Lousada. A implantao em promontrio, no canho visual da Rua do Visconde de Alentm, porta principal da vila, garante-lhe essa primazia.
Fig. 11 - Jardim do Senhor dos Aflitos - Antes da existncia da capela, a pequena elevao era usada para pasto do gado, encontrando-se dividida por diversas quintas das redondezas. A construo do templo do Senhor dos Aflitos acabar por estar na origem do ajardinamento do monte envolvente. No final do ano de 1888 foi realizado um levantamento topogrfico da rea, projectando-se acessos e caminhos, designadamente as duas rampas convergentes e os caminhos laterais, que tero sido executados ainda durante o sculo XIX. No entanto, foi na dcada de 10 do sculo seguinte que se desencadearam as obras principais de embelezamento. Em Janeiro de 1912 chegam a Lousada dois tcnicos encarregados pela Cmara de elaborar a planta e oramento do ajardinamento. Ao longo do ano de 1914 ainda prosseguem os trabalhos, especificamente no lado norte, acompanhados pelo vereador Jos Heitor Lopes. Mas em 1920 sabe-se que esteve em Lousada o horticultor Loureiro para elaborar uma proposta de arranjo. A concepo e desenho do jardim apontam uma cronologia de princpios do sculo XX. O cimento foi a matria-prima mais utilizada nesta composio, que contemplou uma ponte sobre o lago, muros, recantos e canteiros artificiais. Na poca o cimento constitua a grande novidade. A sua plasticidade era muito valorizada e aplicada no desenvolvimento de composies eruditas que pretendiam imitar a natureza.
Fig. 12 - Cruzeiro e Igreja de Cristelos - A igreja de Cristelos foi alvo de uma profunda reforma no ano de 1790, cuja memria ficou assinalada por uma inscrio existente no seu arco cruzeiro. Esta transformao ter alterado completamente a feio arquitectnica da igreja, conferindo-lhe uma linguagem caracterstica dos ditames do barroco final ou rococ. Essa explorao da gramtica tardo-barroca impe-se especialmente ao nvel da fachada, no trabalho curvilneo do fronto e do emolduramento do portal, e ao nvel da cpula que remata a torre sineira. Contudo, podemos remontar a existncia de uma igreja primitiva, provavelmente implantada no mesmo local, desde o ano de 980, conforme identificou documentalmente Eduardo Teixeira Lopes. Ao longo dos primeiros sculos do segundo milnio so vrios os documentos que nos reiteram a existncia desta igreja. Em 1059 mencionada no inventrio de bens do Mosteiro de Guimares e em 1104 voltamos a identificar a ecclesia de Sancti Andreae de Castrellos numa carta de agnio. O cruzeiro em frente est datado de 1660, o que o torna um dos mais antigos do concelho.
Fig. 13 - Fonte Taurina - Constituda por tanque e fontenrio, a Fonte Taurina servia duas funes primordiais ao quotidiano domstico dos incios do sculo XX: o abastecimento de gua potvel e a lavagem da roupa. A criao e manuteno de uma rede regular de pontos de fornecimento livre de gua potvel era uma das principais atribuies dos municpios e dos seus executivos. Em Lousada havia muitas fontes e tanques pblicos, que foram progressivamente destrudos ou abandonados, por determinao do progresso. Raramente entendidos como elementos patrimoniais, terminada a sua validade funcional, acabam votados incria. Provida de uma bica, a Fonte Taurina rematada por uma pedra trabalhada com a forma de um nicho, no qual ter estado uma imagem, talvez de um santo. Tambm possui uma inscrio onde se l nihil ibi onibus idem, que, na opinio do latinista Adolfo Teles, quer dizer nada para si, ou seja, a fonte oferece generosamente a gua, sem reservar nada para si. Fig. 14 - Largo da Feira - A feira de Lousada realizou-se, at dcada de 40 do sculo XX, num amplo terreiro formado por duas praas. No perodo da Monarquia Constitucional designavam-se Praa D. Fernando e Praa D. Lus. Com a Repblica, esta ltima passou a denominar-se Praa Rodrigues de Freitas, actualmente Praa D. Antnio Meireles. A primeira adoptou a designao de Praa da Repblica que ainda hoje mantm. O postal aqui apresentado mostra apenas uma parte da actual Praa D. Antnio Meireles e a quase totalidade da praa contgua. Do lado esquerdo, na direco do homem de chapu, era o antigo Hotel Comercial, mais tarde chamado Hotel Central, propriedade de Joaquim Jos Alves. Ao fundo v-se a bonita moradia dos Aires Pereira, onde nos anos 70 se instalou a primeira agncia bancria de Lousada, o Banco Pinto & Sotto Mayor. Fig. 15 - Vista Geral - Esta fotografia, de perspectiva, geral foi tirada de uma zona prxima da Adega Cooperativa. Pode-se apreciar uma extenso considervel da Rua de Santo Antnio, desde a antiga Casa Adrio, a nascente, at intercepo com a Rua Visconde de Alentm. Num primeiro plano os Paos do Concelho, condignamente implantados, sem a obstruo de outros edifcios. Ligeiramente esquerda, a casa de Jos da Costa Sampaio, e logo acima, o edifcio do Tribunal. Dominando a paisagem pela monumentalidade, a capela do Senhor dos Aflitos. Ao lado, rebocada e caiada de branco, a capela de Nossa Senhora do Loreto, dominando pela implantao topogrfica, bem no cume do Monte de Laboreiros. A enorme extenso de campo aberto que se observa vir a dar lugar ao novo Campo da Feira, nos finais da dcada de 30, e a um conjunto de novos arruamentos rasgados sensivelmente na mesma poca: Rua Dr. Afonso Quintela, Rua So Joo de Deus e Avenida Gen. Humberto Delgado. Tambm possvel observar um poste de electricidade e respectivos cabos, facto que indica que j tinha sido estabelecida a luz elctrica em Lousada, cuja instalao comeou em 1929.