Colheita de Especimes
Colheita de Especimes
Colheita de Especimes
Aula teórica
A reter…
• Uma falha na manipulação pode alterar os resultados e originar nova colheita;
• Deverá evitar-se a sua repetição atendendo ao seu custo, bem como aos
incómodos causados às pessoas
• Deverá ter-se sempre em atenção os protocolos estabelecidos pelos
respetivos Laboratórios.
• O intervalo de valores considerados normais pode variar conforme o método
de análise laboratorial utilizado.
• É importante saber as condições físicas/químicas (ex:temperatura) a que cada
espécime deve ser mantido após a colheita;
Colheitas de espécimes para análise
Sangue venoso
Sangue arterial
Urina
Fezes
Expetoração
Exsudatos
Conteúdo gástrico
Liquido Céfalo-raquídeo
Liquido amniótico
Liquido pleural
• Colheita de dados inicial e avaliação contínua da pessoa;
• Assegurar que fez a preparação prévia para a colheita (ex: jejum prévio, hora do dia…)
• Informação à pessoa;
• Obter o consentimento informado para a colheita;
• Proceder à preparação da pessoa
• Preparação do material e/ou equipamento;
• Técnica assética/medidas de proteção universais;
• A identidade deve ser sempre conferida com pessoa (ex: questionar o nome completo)
e/ou confirmada através das fichas/notas de entrada e processo clínico (ou pulseira
de identificação);
• Apoio à pessoa durante a colheita:
Comunicação com a pessoa, dedicando-lhe atenção e explicamos os procedimentos de
Qualidade da amostra enviada ao laboratório
Fatores que podem afetar o resultado dos exames durante a colheita e o transporte :
A flebotomia implica o uso das agulhas longas e ocas que estiveram dentro de um vaso
sanguíneo. As agulhas podem dar passagem a um grande volume de sangue que, em caso de
perfuração acidental, pode ter probabilidade de transmitir uma doença, mais do que outros
objetos corto perfurantes (hepatite B; HIV).
(OMS, 2010)
Exemplos de dispositivos
de Sistemas fechados e
com proteção da agulha
Colheita de sangue
O QUE É?
Bioquímica – tubos sem anticoagulante, com soro ou plasma; gel seco ( separar
sangue do soro na centrifugação); tubo sem preparação – permite obtenção
de soro para bioquímica e sorologia( Frasco Vermelho/ Amarelo)
Hemograma – Anticoagulante EDTA - ácido etilenodiaminotetracético. Obtém-se
sangue total para hematologia ( ex: hemograma e tipagem sanguínea) (frasco
Roxo)
Coagulação – tubos com citrato de sódio para obtenção de plasma para provas
coagulação ( tubo Azul)
Glicose – Tubo adicionado com fluoreto de sódio para obtenção de plasma e
glicose (agente antiglicolítico que preserva a glicose até 5 dias) (tubo Cinza)
• Velocidade de sedimentação
Velocidade com a qual os GV se separam
do plasma – útil para diagnóstico de • Bioquímica/ Sorologia
estados inflamatórios, … Análise dos componentes do plasma sanguíneo/
e testes sorológicos ex: IG.
• Hemocultura
• Provas de coagulação
• Determinação do grupo sanguíneo, …)
Nota Importante
As cores dos frascos variam em função dos aparelhos e
dos laboratórios que os fornecem. E das
recomendações de entidades como é ex: Comité
Nacional de Normas para laboratórios clínicos dos Estados
Unidos (OMS,2010)
Ex: Celulite do
membro superior
(Matos, 2004)
Colheita de sangue para análise
Tubos adequados à amostra, que devem ser armazenados secos e em posição vertical num
suporte, etiquetados/identificados;
Dispositivos para colheita de amostras de sangue; (Agulha, butterfly ou agulha com sistema
“de vácuo” (a escolha depende do calibre da veia, tipo de análise e da acessibilidade);
Garrote;
Prescrição médica/requisição
Resguardo;
Ações de Enfermagem
1. Consultar processo clínico/colheita de informação (alergias, fobias, história de
síncope, ansiedade, entre outros);
2. Identificar a preparar a pessoa - pedir que diga nome completo; confirmar a
correspondência à identificação da pessoa; assegurar privacidade, conforto e
obter consentimento informado;
3. Identificar tubos (etiquetas ou identificação manual);
4. Preparar/reunir equipamento/material;
5. Encaminhar o material para junto da pessoa;
6. Dispor material na bancada;
7. Higienizar as mãos;
8. Posicionar a pessoa de acordo com os princípios de segurança para
executante e pessoa (posição supina, decúbito dorsal, semi-fowler, sentado)
Colheita de amostra de sangue- procedimento
(Adaptado de Potter, Perry & Elkin, 2005; OMS, 2010)
9. Escolher o membro e local para a punção (veia de grande calibre – ex: veia cefálica
ou basílica – técnicas: observação, inspeção, palpação com recurso à aplicação do
garrote);
10. Colocar o resguardo no membro a puncionar;
11. Calçar luvas não estéreis bem ajustadas;
12. Aplicar pressão com o garrote firme mas suave para executar a colheita - 15
cm acima do local a puncionar;
13. Desinfetar a região a puncionar, respeitando o tempo de atuação do
antissético;
14. Fixar a veia, segurando o braço da pessoa e colocando dedo abaixo do local
punção;
15. Pedir à pessoa para fechar a mão para evidenciar a veia;
16. Colocar a agulha com bisel virado para cima, formando um angulo de 30º ou
menos e avisar que se vai proceder à punção;
Colheita de amostra de sangue- procedimento
(Adaptado de Potter, Perry & Elkin, 2005; OMS, 2010)
17. Diminuir o ângulo da agulha com a pele, logo que visível a presença de sangue
na conexão agulha/seringa, progredindo ligeiramente com a agulha na veia;
18. Confirmar a presença da agulha na veia aspirando suavemente;
19. Aliviar a pressão do garrote e aspirar a quantidade de sangue necessária
(algumas recomendações indicam aliviar o garrote assim que começar fluxo de sangue);
20. Retirar a agulha delicadamente;
21. Fazer compressão direta com compressa/bolas de tecido não tecido/algodão
embebida em antissético;
22. Pedir à pessoa para não fletir o braço para não causar hematoma;
23. Distribuir a amostra de sangue pelos frascos atendendo à prioridade e
quantidade (caso não seja sistema de vácuo);
24. Descartar o material perfurante no contentor de cortantes/perfurantes;
Colheita de amostra de sangue- procedimento
(Adaptado de Potter, Perry & Elkin, 2005; OMS, 2010)
(DGS, 2004)
Hemocultura
• Não é necessário mudar de agulha antes de introduzir o sangue no frasco.
• Quando se realiza a colheita com a finalidade em simultâneo se proceder a outros
exames analíticos, da mesma amostra, o frasco de hemocultura tem de ser o
PRIMEIRO a ser inoculado. Se assim não se proceder há o forte risco de contaminar a
agulha e de inquinar a hemocultura.
• Desinfetar o local da punção com antissético ajustando de acordo com a política de
antissépticos da instituição
• Deixar o antisséptico secar.
IMPORTANTE - Não palpar a veia após a antissepsia da pele e antes de inserir a agulha. Se
isto acontecer repetir todo o processo.
• Desinfetar a rolha de borracha do frasco com álcool. Aspirar o sangue e inocular o(s)
frasco(s), sem mudar de agulha, não ultrapassando a proporção recomendada pelo
fabricante.
• Nunca refrigerar as hemoculturas após a colheita. Enviar ao laboratório logo após a
colheita. Se não for possível deve guardar-se em estufa a 37º ou enviar ao laboratório
de urgência. Nunca refrigerar.
(DGS, 2004)
Colheita de urina para análise
Colheita de urina para análise
• Exame sumário de urina ou Urina Sumária (Tipo II) - O frasco usado na colheita
podem ser de vários tipos (consoante a disponibilidade da instituição): frascos
estéreis (Fig.1) com tampa fácil de colocar e remover (Fig.3), segura para prevenir
extravasamentos durante o transporte, ou utilizar-se um tubo para recolha de urina,
sem conservante (“Monovette” de tampa amarela- Fig 2. ).
• Para evitar contaminação, a urina deve ser colhida para um recipiente limpo ou
estéril e transportada ao laboratório o mais rapidamente possível. Se não for possível,
deverá ser refrigerada a 4º C e processada até às 24 horas após a colheita (DGS,
2004). É aconselhável a colheita do jato urinário médio e matinal.
Fig.1 Fig. 2
Fig. 3
Colheita de urina para análise
Urina das 24 h
Para a execução de alguns testes laboratoriais é necessário a colheita de urina por um
período de 24 h, sendo fornecido ao doente um ou mais recipientes com ou sem
conservantes. A urina de 24 horas é necessária para as dosagens bioquímicas.
Como fazer:
Rejeitar a 1ª urina da manhã. Registar a data e hora.
Recolher a partir da 2ª micção para um recipiente (ex: garrafa grande 1,5 l ou para o frasco
fornecido pelo laboratório).
Não urinar diretamente para o frasco.
Pôr imediatamente no frigorífico (2-8ºC).
Juntar, no mesmo recipiente, toda a urina emitida durante o dia, mantendo-o sempre
refrigerado.
Terminar a colheita com a recolha da 1ª urina da manhã seguinte, à mesma hora do dia
anterior.
Transportar o mais rapidamente possível ao laboratório.
Informar o uso de medicamentos, peso e altura.
Colheita de urina para análise
UROCULTURA
Objetivo: Análise microbiológica da urina
NOTA 1 -
NOTA 2 -
NOTA 3 -
Colheita de Urina - Jato médio no Homem
• Antes de iniciar o procedimento, a pessoa deve lavar as mãos com água e sabão;
• Instruir a pessoa (não-circuncisado) a fazer a retração do prepúcio de modo a expor o
meato urinário;
• Lavar a glande com água e sabão;
• Secar, usando uma gaze esterilizada ( no caso de colheita estéril - urocultura) ou toalha
limpa e seca (sumária), a partir da uretra e afastando-se dela;
• Com uma das mãos expor e manter retraído o prepúcio;
• Com a outra mão, segurar o frasco da colheita destapado;
• Desprezar na sanita o primeiro jacto urinário;
• Sem interromper a micção, urinar diretamente no frasco de colheita;
• Desprezar o restante da urina existente na bexiga;
• Fechar o frasco de colheita e identificar adequadamente;
• Ofereça ajuda se a pessoa não for capaz de seguir o procedimento recomendado.
NOTA 1 -
NOTA 2 -
Colheita assética de urina para análise microbiológica
Urocultura
Na pessoa algaliada
Clamp
A colheita de urina para exame
microbiológico deve ser feita por
aspiração no local referenciado do
sistema para o efeito, ou por punção da
algália.
(INSRJ, 2004)
Clamp
• Não usar papel higiénico para colher as fezes, pois pode conter sais de bário,
que são inibitórios (DGS, 2004).
• Quantidade de amostra (volume de uma noz);
• Escolher, de fezes recentes, porções que contenham sangue, muco ou pus
visíveis.
• Enviar o mais rápido possível ao laboratório ou em alternativa refrigerar.
Colheita de fezes para análise
Exame Parasitológico (Pesquisa de helmintas e protozoários nas fezes)
(DGS, 2004)
Colheita de fezes para análise
Pesquisa de Sangue Oculto
• 7 dias antes de fazer a colheita, a pessoa não deverá beber qualquer tipo de
bebida alcoólica, ou tomar medicamentos com ferro, aspirina e vitaminas,
principalmente vitamina C;
• Durante 4 dias, não comer carne de qualquer tipo (nomeadamente salsichas,
morcelas), alimentos com qualquer tipo de corante, frutas cítricas como limão,
laranja, kiwi, uva, ameixa, passas, maça, melão, melancia, tomate, nabo,
rabanete, couve-flor, pipocas, amendoins, castanhas e nozes;
• Colher as fezes ao 4º dia após o início da dieta;
• Após colher as fezes podem voltar a ter uma alimentação normal.
• Caso não consigam colher as fezes no 4º dia, manter a dieta até conseguir.
__________________
Nota 1 - Frasco colector de polipropileno com tampa de rosca de
aproximadamente 80 ml;
Nota 2 - Anotar medicamentos utilizados nos últimos 2 dias.
Nota 3 -Não colher amostras até 3 dias após a menstruação.
Colheita de expetoração para análise
Colheita de expetoração para análise
Considerações:
A amostra deve provir da árvore brônquica, obtida através da tosse, e não a que
se obtém da faringe ou por aspiração de secreções nasais, muito menos a que
contém somente saliva. A quantidade ideal está compreendido entre 5 a 10 ml.
Colheita de expetoração para análise
• Não é necessário estar em jejum. A amostra deve ser colhida de manhã após
o doente lavar a boca, gargarejando só com água para reduzir a contaminação
da flora orofaríngea (DGS, 2004).
• Ensinar a ter cuidado de modo a que o material não escorra do lado externo
do frasco.
Após cada colheita a pessoa deverá higienizar as mãos.
• Tapar o frasco fixando-o firmemente.
• O enfermeiro deverá verificar a quantidade e qualidade da amostra, sem
abrir o frasco. Caso a quantidade seja insuficiente, deve-se pedir para que a
pessoa repita o procedimento até obter uma amostra adequada.
• Transporte imediato ao Laboratório. Se não for possível, refrigerar.
• Orientar resíduos para local adequado
• Higienização mãos
Colheita de expetoração para análise
Através de uma cânula/tubo endotraqueal
• A colheita deve ser realizada com técnica asséptica rigorosa utilizando luvas
esterilizadas e uma sonda de aspiração com reservatório acoplado;
• As amostras de expetoração podem ser também obtidas por outros
métodos invasivos tais como a broncofibroscopia.
Colheita de outros espécimes para análise
Outros exemplos…
• Pele
• Pelos
• Unhas
• Crostas
• Líquido cefalorraquídio – Punção lombar
• Medula óssea - Medulograma
• Secreções vaginais e Microflora
• Saliva ( ex: IgA)
Colheita de exsudato para análise
Zaragatoa
• Zaragatoa é um exame laboratorial,
realizado com o objetivo de identificar
microrganismos presentes em determinado
local do nosso corpo e determinar o os
antibióticos específicos.
• O material utilizado para a colheita é um
cotonete comprido com ou sem meio de
cultura, fornecido dentro de um invólucro
esterilizado ou não.
• Os locais mais frequentes onde são
executadas zaragatoas são ao nariz,
garganta e feridas infetadas.
Colheita de exsudato para análise
Zaragatoa ao exsudato de um ferida
• Informar a pessoa sobre o procedimento e obter consentimento;
• Preparar o material;
• Higienizar as mãos;
• Posicionar de acordo com o local da colheita;
• Calçar luvas limpas;
• Lavar a ferida abundantemente com soro fisiológico;
• Recolher amostra do meio da ferida, em tecido viável, rodando a zaragatoa. Não
forçar demasiado os tecidos para não provocar lesões.
• Não utilizar zaragatoas secas;
• Devem ser realizadas duas para aumentar a fiabilidade dos resultados;
• Acondicionar a zaragatoa em meio de transporte apropriado (substancia existente
frasco);
• Identificar a amostra referindo o nome da pessoa e local anatómico da colheita;
• Enviar para o laboratório de imediato;
• Efetuar o registo do procedimento.
Bibliografia
ADMINISTRAÇÃO CENTRAL DO SISTEMA DE SAÚDE – Manual de Normas de Enfermagem - Procedimentos Técnicos. Lisboa: Ministério da
Saúde, 2011.
DIREÇÃO GERAL DE SAÚDE (2004). Orientações para a elaboração de um manual de boas práticas em bacteriologia Disponivel em:
http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i008546.pdf
HENRIQUES, Fernando; SANTOS, Célia; AMARAL, António - Técnicas de Enfermagem I . 3ª edição. Coimbra: Edições Sinais Vitais, 2004.
INSTITUTO NACIONAL SAÚDE RICARDO JORGE (2004). Recomendações para a Prevenção da Infeção do Trato Urinário – Algaliação de Curta
Duração. Disponível em http://www.umcci.min-saude.pt/SiteCollectionDocuments/RecPrevInfTratoUrinario.pdf
PAUCHET-TRAVERSAT, Anne-Françoise - Cuidados de Enfermagem: fichas técnicas. 3ª ed. Loures: Lusociência, 2003. ISBN 972-8383-51-7.
[137 a 170]
PAULINO, C.; TARECO, I.; ROJÃO, M. - Técnica e Procedimentos em Enfermagem. Coimbra: Formasau, Formação e Saúde Lda., 2007.
POTTER, Patrícia A. e PERRY, Anne Griffin - Fundamentos de Enfermagem : Conceitos e Procedimentos. 5ª Edição. Loures: Lusociência,
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SORENSEN e LUCKMANN – Enfermagem Fundamental: Abordagem Psicofisiológica – 3.ª edição. Lisboa: Lusodidacta,1998.
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (2010) Diretrizes da OMS para tiragem de sangue: boas práticas em flebotomia. Disponível em
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Bibliografia