Prof. Anne Paula P. M. Amaral Prof. Ma. Mariana Hammerer
Prof. Anne Paula P. M. Amaral Prof. Ma. Mariana Hammerer
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Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do
Nascimento
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Diretoria EAD:
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Primeiramente, deixo uma frase de Novakowski
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios
não vale a pena ser vivida.” PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Cada um de nós tem uma grande Diagramação:
responsabilidade sobre as escolhas que Alan Michel Bariani
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida Thiago Bruno Peraro
acadêmica e profissional, refletindo diretamente
em nossa vida pessoal e em nossas relações Revisão Textual:
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade
é exigente e busca por tecnologia, informação
Fernando Sachetti Bomfim
e conhecimento advindos de profissionais que Marta Yumi Ando
possuam novas habilidades para liderança e
sobrevivência no mercado de trabalho. Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
De fato, a tecnologia e a comunicação Márcio Alexandre Júnior Lara
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, Osmar da Conceição Calisto
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Gestão de Produção:
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, Aliana de Araújo Camolez
capaz de formar cidadãos integrantes de uma
sociedade justa, preparados para o mercado de
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
01
DISCIPLINA:
VOZ
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................5
1. HISTOLOGIA, ANATOMOFISIOLOGIA, NEUROLOGIA DA PRODUÇÃO VOCAL.....................................................6
1.1. ANATOMIA DE LARINGE.........................................................................................................................................6
1.2 HISTOLOGIA............................................................................................................................................................ 10
1.3 INERVAÇÃO LARÍNGEA.......................................................................................................................................... 12
1.4 FISIOLOGIA VOCAL................................................................................................................................................. 13
2. TEORIAS DA FONAÇÃO............................................................................................................................................ 15
3. RESPIRAÇÃO E RESSONÂNCIA DA VOZ FALADA................................................................................................. 16
3.1 RESPIRAÇÃO........................................................................................................................................................... 16
3.2 RESSONÂNCIA DA VOZ FALADA E FORMANTES............................................................................................... 17
4. FÍSICA ACÚSTICA DA FALA..................................................................................................................................... 18
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5. DISFONIAS ORGÂNICAS, FUNCIONAIS, ORGANOFUNCIONAIS, ETIOLOGIA E CLASSIFICAÇÕES...................19
5.1 DISFONIAS ORGÂNICAS.........................................................................................................................................19
5.2 DISFONIAS FUNCIONAIS...................................................................................................................................... 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................................................... 24
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Esta unidade tem como objetivo compreender características anátomo-morfológicas
e anatomofuncionais laríngeas, possibilitando discriminar o processo de fonação normal do
patológico e compreender os componentes físicos e acústicos que constituem a voz. Conhecer o
funcionamento da fonação é imprescindível para o raciocínio clínico, permite que o profissional
tenha uma visão das estruturas e as relacione com seu funcionamento e seu papel dentro da
produção vocal.
Veremos quais os mecanismos responsáveis pela modificação do som emitido pelas
pregas vocais, conjunto de fatores físicos e orgânicos que influenciam na produção e que resulta
na voz percebida pelo ouvido humano. Após esta discussão, o aluno será capaz de identificar os
processos envolvidos na fonação, incluindo a respiração. Também veremos que a voz vai além dos
seus componentes físicos e orgânicos; assim, conheceremos as características de comportamento
e os aspectos psicossociais da voz.
No final desta unidade, o aluno deverá compreender todos esses processos para que
consiga descrever quais as alterações que podemos encontrar na produção vocal. Deverá também
conhecer os princípios das alterações e classificá-las de acordo com sua etiologia, que é de suma
importância para o raciocínio clínico, para que possa elaborar, com maior precisão, o diagnóstico
e conseguir identificar qual o caminho a ser seguido no tratamento e na orientação ao sujeito.
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• Músculos intrínsecos e extrínsecos;
• Pregas vestibulares;
• Pregas vocais;
• Osso hioide;
• Nervos.
CARTILAGENS
A cartilagem tireóidea é constituída por duas lâminas, é a maior em tamanho e mais
fácil de visualizar e palpar. Na junção dessas placas é que se forma uma proeminência laríngea, o
“pomo de adão”, que é um dimorfismo sexual, sobressalente nos homens e menor em mulheres.
A cartilagem cricóidea forma um anel único que conecta a laringe e a traqueia; esta
apresenta uma espessura posterior maior do que a anterior. A cartilagem cricóidea se articula com
a cartilagem tireóidea e, na margem superior da lâmina, ocorre a articulação com a cartilagem
aritenóidea.
As pregas vocais estão conectadas diretamente às cartilagens aritenóideas, que são duplas
e se articulam com a cartilagem cricóidea, juntas participam dos movimentos de abdução das
pregas vocais. Hiatt e Gratner (2011) descrevem que ocorre nessa estrutura a fixação do ligamento
vestibular e músculo vocal. Os músculos cricoaritenóideos posteriores e laterais, aritenóideo
transverso se conectam a essas cartilagens.
Já a cartilagem epiglótica é única e apresenta formato que se assemelha a uma folha.
Localizada na região posterior à cartilagem tireóidea, está fixada pelo ligamento tireoepiglótico,
lateralmente às pregas ariepiglóticas, e fixam a epiglote às cartilagens aritenóideas.
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Figura 1 - Laringe, visão lateral. Fonte: Rizzo (2012).
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MÚSCULOS EXTRÍNSECOS
Os músculos extrínsecos da laringe são responsáveis por abaixar e levantar a laringe,
participam indiretamente no processo de fonação e mastigação. Os músculos que se localizam
acima do osso hioide e levantadores da laringe são denominados supra-hióideos, abaixo e
abaixadores da laringe, os infra-hióideos.
Sobre os músculos supra-hióideos, Fuller, Pimentel e Peregoy (2014) descrevem que os
músculos milo-hióideo, gênio-hióideo e genioglosso originam-se na mandíbula. O músculo
milo-hióideo tem sua origem na superfície interna do corpo da mandíbula, sua inserção na rafe
mediana contém fibras posteriores para o corpo do hioide, que eleva o osso hioide ou abaixa a
mandíbula. Genio-hióideo se origina na parte inferior da sínfise mentual da mandíbula, a inserção
no corpo anterior do hioide e a contração desse músculo acarretarão a elevação do osso hioide
direcionada para a frente. O músculo genioglosso origina-se na parte inferior da sínfise mentual
da mandíbula e sua inserção ocorre nas fibras inferiores para o hioide, também apresenta fibras
superiores para a região inferior da língua, participa do movimento de posicionar a laringe.
Já o músculo digástrico se origina em dois ventres: um no ventre da mandíbula e outro no
processo mastoide do osso temporal, e se insere nos cornos menores do osso hioide, participa da
elevação do osso hioide ou abaixamento da mandíbula.
Os músculos estilo-hióideos elevam para trás o osso hioide e têm sua origem no processo
estiloide do osso temporal e a inserção na junção do corpo do hioide e dos cornos maiores. O
músculo milo-hióideo forma o assoalho da cavidade oral e abaixa a mandíbula, originando-se
no corpo interno da mandíbula e se insere na rafe mediana, fibras posteriores para o corpo do
hioide.
Por fim, o músculo hioglosso está associado diretamente à língua e indiretamente ao osso
hioide. Tem origem no corpo e cornos maiores do hioide e a inserção na superfície póstero-lateral
da língua.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
MÚSCULOS INTRÍNSECOS
Este grupamento muscular é responsável pelas modificações vocais precisas. Durante a
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intervenção fonoaudiológica, o profissional precisa compreender a ação de cada músculo para
causar modificações significativas, melhorando a performance vocal, corrigindo comportamentos
e trabalhando nas compensações.
Os músculos intrínsecos da laringe estão diretamente relacionados à produção vocal,
controlam a frequência e intensidade vocal através da abertura e do fechamento de pregas vocais.
A nomenclatura de cada um deles é determinada por sua origem e inserção; assim, conhecendo
as cartilagens, é fácil reconhecer a posição desses músculos. Este grupamento muscular está
subdividido em: músculos abdutores, adutores e tensores.
O primeiro músculo intrínseco da laringe a ser estudado será o músculo tireoaritenóideo
(TA), é um músculo par e apresenta duas divisões anatômicas importantes: a primeira é a porção
medial, que corresponde à porção tireovocal, e a segunda é a porção tireomuscular, que se trata
da parte lateral do músculo.
Este músculo apresenta dupla função, realiza adução e abdução. A adução ocorre quando
a porção tireomuscular é contraída e a abdução ocorre quando a porção tireovocal realiza
a própria fonação. O objetivo principal desse músculo é aumentar a tensão e aduzir as pregas
vocais. A porção tireoaritenóidea superior se origina no limite superior da incisura tireóidea e se
insere na porção muscular da cartilagem tireóidea. A porção tireoaritenóidea muscular se origina
no ângulo superior da cartilagem tireóidea e se insere na base das cartilagens aritenóideas; já a
porção vocal se origina também no ângulo posterior da cartilagem tireóidea e se insere na lateral
inferior do processo vocal da cartilagem aritenóidea.
O músculo cricoaritenóideo posterior (CAP) é o músculo responsável pela abdução
das pregas vocais, também encontrado em número par. Origina-se na cartilagem cricóidea e a
inserção acontece nas cartilagens aritenóideas, causando o movimento de rotação póstero-lateral
das cartilagens aritenóideas. Pinho (2002) descreve as atividades desse músculo, que também gera
a elevação, alongamento, engrossa as bordas da prega vocal, o arredondamento da sua margem
livre e a tensão do corpo das pregas vocais e da mucosa. A autora descreve a participação desse
músculo na respiração e deglutição.
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https://www.youtube.com/watch?v=mmckasxrkEw.
Acesso em: 4 fev. 2020.
1.2 Histologia
A histologia de laringe permite compreender a produção vocal, partindo do conhecimento
da morfologia e da função do agrupamento celular que forma os tecidos desse sistema. Os tipos
de tecidos encontrados na laringe são os tecidos conjuntivos, tecido nervoso, tecido muscular,
tecido ósseo e tecido conjuntivo.
Estudaremos a histologia da porção condutora do sistema respiratório, configurada
na parte laríngea. Abrahansohn (2016) descreve que grande parte do aparato de condução do
ar é revestida por um epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes,
responsáveis pela produção de muco que umidifica, retém micropartículas e aquece o ar
transportado, preparando para os alvéolos, que são extremamente sensíveis.
A produção do muco ocorre nas glândulas e por células calciformes em toda a parede
do tubo; sem exceção, esse epitélio também reveste o tubo laríngeo, constituído por células
basais, células colunares com cílios, células caliciformes, células colunares com microvilos e
células granulosas, todas participam da umidificação do ar transportado. Sendo assim, devemos
considerar o aparato respiratório desde o nariz, fossas nasais e faringe como parte importante
para a saúde vocal.
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Existem duas outras proporções anatômicas relevantes da laringe, são elas: as pregas
vestibulares e pregas vocais. Ambas apresentam estruturas diferenciadas importantes. As pregas
vestibulares são revestidas por epitélio respiratório, sua porção profunda apresenta glândulas
que secretam muco e cartilagem; já as pregas vocais são revestidas por epitélio estratificado
pavimentoso e, em sua porção profunda, encontramos tecido conjuntivo frouxo e rico em matriz
extracelular fundamental e fibras do músculo tireoaritenóideo. É importante saber que este
espaço do tecido conjuntivo que forma as pregas vocais é denominado espaço de Reinke.
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Figura 4 - Corte histológico da laringe, epitélio estratificado pavimentoso na prega vocal e epitélio respiratório na
mucosa. Fonte: Abrahansohn (2016).
Observe, na Figura 4, a diferenciação dos tecidos das pregas vestibulares para o tecido das
pregas vocais propriamente ditas.
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Figura 5 - Trajetória do nervo vago e nervo laríngeo. Fonte: Ensino Biologia USP (2011-2012).
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abrem; logo após a abertura, a pressão do ar cai nas bordas mediais das pregas vocais, causada
pela intensa saída de ar, então um vácuo se forma reaproximando as pregas vocais. Essa ação
ocorre centenas de vezes por segundo, sendo este movimento chamado de ciclo glótico. (FULLER;
PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
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Figura 7 - Efeito Bernoulli demonstrado na lona do caminhão. Fonte: Física comentada (2013).
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Figura 8 - Ciclo de fechamento da prega vocal. Fonte: Do Vale (2012).
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Leia mais e veja todas as teorias da fonação conhecidas até hoje no livro Tratado
de fisiologia aplicada a ciências médicas, de Carlos Roberto Douglas (p. 421- 428).
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2. TEORIAS DA FONAÇÃO
A movimentação realizada nas pregas vocais causa uma perturbação na onda sonora,
sendo que a quantidade de ciclos realizados por segundo determina a frequência fundamental
(f0) da voz. Temos uma média equivalente para homens e mulheres: para os homens, a frequência
fundamental está em torno de 125 Hz e, para as mulheres, 200 Hz; na criança, em torno de 300
Hz.
Ao analisarmos a f0, estamos analisando a velocidade em que ocorrem as vibrações das
pregas vocais. Nos homens, essa velocidade de vibração é menor do que nas laringes das mulheres
e crianças; isso porque comprimento, tensão, rigidez e as massas das pregas vocais são diferentes
entre essas populações.
A frequência fundamental é constituída por harmônicos; isso porque as pregas vocais
apresentam variadas formas de vibração em toda sua extensão. Cada metade das pregas vocais
vibra com o dobro de velocidade que todo o comprimento, assim como cada terço vibra, sendo
um múltiplo da frequência fundamental de todo o comprimento. Exemplo: a f0 é 100 Hz e cada
terço apresenta componentes múltiplos de 100.
Já as frequências que surgem devido à ressonância das cavidades orais são denominadas
formantes, elas determinam as características das vogais produzidas durante a fala, essas
características em específico são responsáveis pela qualidade e brilho da voz. (GUSMÃO;
CAMPOS; MAIA, 2010).
Jitter e Shimmer são as variações que ocorrem na frequência fundamental, sendo o Jitter
a variação na frequência fundamental e Shimmer, a variação da amplitude da onda sonora.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
De acordo com Douglas (2006), pitch e loudness são parâmetros que designam a percepção
que temos da voz: loudness equivale à intensidade em que percebemos o som, a fisiologia do
loudness depende da amplitude da vibração, que é modificada pela quantidade de energia contida
na corrente aérea, que é impulsionada pelo pulmão e acusticamente é medida em decibéis (db).
Pitch corresponde à percepção da mudança da quantidade de ondas sonoras produzidas pela
vibração das pregas vocais. Essa mudança altera a nossa percepção sobre o som grave ou agudo.
Na elevação do pitch, as pregas vocais são cada vez mais esticadas e sua espessura é diminuída,
sendo sua medida acústica feita em Hertz (Hz).
3.1 Respiração
A resposta mais urgente do sistema respiratório são as trocas gasosas que ocorrem na
respiração, a entrada e saída de ar garante o suprimento de oxigênio para a respiração celular.
O sistema respiratório é constituído por um par de pulmões que estão alojados na região
torácica, cada pulmão está revestido por pleuras que revestem também o músculo diafragma,
pericárdio e mediastino. Já o trato respiratório superior consiste em nariz, faringe e laringe, e o
trato respiratório inferior compreende traqueia, dois brônquios, direito e esquerdo.
VOZ | UNIDADE 1
A caixa torácica que armazena esse sistema é composta por osso esterno, 12 pares de
costelas e espaço intercostal e diafragma, os espaços intercostais estão revestidos pelos músculos
intercostais internos e externos. Abaixo de toda essa estrutura, está localizado o músculo mais
importante para a respiração, que é o diafragma. Sua localização ajuda a separar o tórax do
abdômen.
O músculo diafragma é formado por duas porções, uma muscular e um tendão central,
que está fundido ao pericárdio. Participam da inspiração os músculos diafragmas intercostais
interno e externo, os músculos abdominais realizam a expiração do músculo reto do abdômen,
transverso do abdômen, oblíquo externo e oblíquo interno (WARD; LEACH, 2012).
O diafragma é inervado pelo nervo frênico; já os músculos da inspiração são inervados
por nervos espinais e cervicais. Os músculos da expiração são inervados por nervos espinais.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
É importante saber que encontramos pouquíssimos músculos lisos nos pulmões; por
isso, a movimentação dos pulmões é passiva, depende da ação de músculos adjacentes para
fazê-lo contrair e expandir. A regulação da respiração é inconsciente, mas pode ser controlada
conscientemente (BOER, 2017).
O primeiro princípio a ser compreendido acerca da respiração é o lei de Boyle. Para a
inspiração, quando os pulmões se expandem, ocorre a diminuição de pressão dentro dos alvéolos;
isso porque o volume e a pressão são inversamente proporcionais. Neste caso, ocorre o aumento
do volume nos espaços dos alvéolos, ocasionando a diminuição da pressão. O inverso ocorre na
expiração: a contração dos pulmões gera o aumento da pressão.
Além disso, existem ainda duas ações que permitem que a expiração aconteça: a força
exercida pela abertura das costelas e a contração do diafragma ocasionando uma pressão intra-
abdominal. E para que a expiração aconteça, o músculo diafragma necessita relaxar (FULLER;
PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
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3.2 Ressonância da Voz Falada e Formantes
Compreendemos a fonte da produção vocal em nível glótico e a conversão de energia
aerodinâmica em energia acústica. Agora passaremos a compreender quais os outros elementos
que constroem a voz do indivíduo. Partimos então para os elementos da ressonância, onde o som
passa a ser filtrado.
O filtro do som produzido nas pregas vocais são as cavidades superiores a elas, divididas
em cavidades oral, faríngea e nasal. Já as regiões de ressonância são as estruturas da cavidade oral,
como dentes, lábios, véu palatino e mandíbula, as câmaras na cavidade nasal e parte laríngea da
faringe. Todos estes elementos apresentam a capacidade de ressoar dependendo do tom emitido,
ou seja, cada estrutura é mais favorável à ressonância dependendo do tipo de sinal emitido pelas
pregas vocais.
É na cavidade oral que ocorrem as modificações articulatórias dos fonemas que compõem
a nossa língua, todos os elementos da cavidade oral modificam o pitch. Participam indiretamente
da ressonância os lábios, língua, dentes, bochechas, palato duro, véu palatino e mandíbula
(FULLER; PIMENTEL; PEREGOY, 2014).
O véu palatino participa ativamente do equilíbrio de ressonância, a movimentação
adequada permite o equilíbrio entre ressonância oral e nasal, a falta de movimentação dessa
estrutura pode tornar a percepção da voz anasalada. A faringe, no entanto, trata-se de um tubo,
por isso também influencia diretamente na ressonância, exerce influência direta nas cavidades
oral e nasal. A língua também é um elemento ativo na produção de fala e contribui para a mudança
na ressonância.
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intensidade. A frequência é medida pelo número de vibrações por minuto (Hz). Ao analisarmos
a onda sonora, isso corresponde ao comprimento da onda medida entre a crista entre duas
ondas, então a análise acústica da voz compreende na junção várias ondas que formam uma onda
complexa (BOECHAT, 2015).
Figura 10 – Onda sonora de baixa e alta frequência. Fonte: Fonética e Fonologia (2008).
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funcionais. Atualmente, existe uma discussão acerca das disfonias funcionais, por ocorrerem,
nas disfonias orgânicas, fatores funcionais; por isso, pretende-se alterar a nomenclatura para
disfonias comportamentais, conforme iremos compreender a seguir.
LESÕES BENIGNAS
O fonotrauma é a definição para a lesão ocasionada pelo trauma repetitivo nas pregas
vocais, o ponto de maior atrito entre as pregas vocais fica no local onde ocorre mais amplitude de
onda máxima, a patologia vocal é secundária ao fonotrauma.
Nódulo vocal é uma lesão bilateral pequena e esbranquiçada, ocorre no terço anterior e
nos dois terços posteriores das pregas vocais. A incidência é maior em crianças e mulheres em
consequência da anatomia da laringe desses grupos, no entanto é característica de uma lesão por
esforço e é mais facilmente encontrada em cantores por mau uso vocal.
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Pólipos de prega vocal são lesões unilaterais com característica peduncular e sua cor não
difere da mucosa. É facilmente vascularizado, a incidência é maior em homens que fumam e que
façam abuso vocal, ocorre no terço anterior médio da prega vocal (LALWANI, 2013).
VOZ | UNIDADE 1
Figura 12 – Pólipo. Fonte: Sarmento (2015b).
Os cistos laríngeos podem aparecer por toda a laringe, exceto na borda medial das pregas
vocais. Podemos encontrar dois tipos de cistos: cistos intracordais e cistos saculares. Os cistos
intracordais ocorrem quando há retenção de muco ou ceratina, é uma lesão unilateral que ocorre
no terço médio da prega vocal. Na observação do exame, não é possível ver a movimentação da
mucosa onde ele está inserido. Já os cistos saculares são obstruções de glândulas (LALWANI,
2013).
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A papilomatose são lesões verrucosas causadas pelo vírus HPV e ocorre em crianças de
2 ou 4 anos e sua transmissão se dá de forma vertical, de mãe para filho. Essas verrugas ocorrem
entre as pregas vocais e as pregas vestibulares (LALWANI, 2013).
VOZ | UNIDADE 1
Figura 15 - Papilomatose laríngea. Fonte: Tsuji, Imamura e Frizzarini (2008).
Laringite é o quadro mais recorrente no contexto clínico, ocorre uma afecção com
produção de catarro, tosse seca, consequência da irritação na laringe. Pode durar de 3 a 4 dias e
pode ocorrer um quadro de disfonia momentânea com rouquidão, podendo evoluir para afonia
(LE HUCHE; ALLALI, 2005).
LESÕES MALIGNAS
O câncer de laringe envolve, em 90% dos casos, carcinomas de células escamosas; na
maioria dos casos, está associado ao uso de cigarro e álcool. As lesões supraglóticas são tardiamente
detectadas, enquanto as lesões glóticas são facilmente detectadas. As pessoas com esse tipo de
lesão podem apresentar rouquidão, disfagia, hemoptise, massa no pescoço, dor de garganta, dor
de ouvido, comprometimento das vias aéreas e aspiração. Ainda características como uma voz
soporosa podem indicar uma paralisia de prega vocal e uma voz abafada, uma lesão supraglótica.
Uma das medidas de tratamento das lesões malignas de laringe é a laringectomia parcial ou total
(MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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comportamento pode levar a uma alteração na estrutura e também ser classificada como orgânica.
O comportamento/hábito é, em geral, uma compensação que o indivíduo realiza com
a suposta ideia de que está melhorando sua condição vocal naquele momento; isso mostra que
o mecanismo vocal é facilmente adaptável. O comportamento modificado é o causador das
disfonias, provocando uma mudança na execução da voz, e pode ter como consequência uma
lesão orgânica (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
É necessário compreender que fatores psicoemocionais podem influenciar na disfonia
funcional. Sujeitos com estado emocional tenso apresentam hipertonia vocal, realizam hipertonia
dos músculos laríngeos para a execução da fala, assim como hipertonia dos músculos que
participam indiretamente da fonação, músculos da região do pescoço, ombros e costas. Le Huche
e Allali (2005) apontam que o fator emocional leva o sujeito a modificar sua voz; conforme a sua
vivência, as experiências emocionais influenciam na construção vocal.
Estudaremos agora as causas mais comuns de disfonias funcionais e como elas acontecem.
Classificaremos conforme o tipo de comportamento que desencadeará uma disfonia funcional.
Quadros clínicos otorrinolaringológicos podem desencadear comportamentos de
compensação. Por exemplo, uma laringite ou algum edema faz com que o indivíduo realize
estratégias de compensação, o que Le Huche e Allali (2005) descrevem como ciclo vicioso, para
ter uma fonação mais clara. No entanto, está ocasionando um esforço prejudicial que pode
acarretar uma disfonia.
Assim, quadros decorrentes de dificuldades emocionais ou estresses traumáticos geram
uma tensão psicomotora. Essa tensão pode ser percebida na voz pela disfonia, podendo acarretar
uma alteração de curto ou longo prazo. O cansaço e o estresse se tornam, cada vez mais, parte do
cotidiano da população, assim como o excesso de demanda familiar ou profissional. O cansaço
físico pode modificar a condição emocional do indivíduo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VOZ | UNIDADE 1
visualizar uma saliência no espaço glótico na região do terço médio e terço inferior das pregas
vocais (LE HUCHE; ALLALI, 2005, p. 83).
Já na percepção da fonação, ocorre uma falha no atrito entre as pregas vocais, podendo
atingir cada terço de sua extensão. Encontramos essa alteração no terço anterior, onde não ocorre
a aproximação total, e no terço posterior, onde ocorre a aproximação. Outra alteração pode atingir
a borda livre da prega vocal; ocorre então a aproximação das extremidades e a borda livre, apesar
de vibrar, não se aproxima totalmente, causa um aspecto velado na visualização do fechamento.
Ocorre também a falha no fechamento em toda extensão longitudinal das pregas vocais; nesta
alteração, percebemos as pregas vocais retas no momento do fechamento glótico.
Nas disfonias hipercinéticas, percebemos, no exame laringológico, um aumento no
acúmulo de secreção, aspecto hipertônico das pregas vestibulares, mucosa espessa devido aos
edemas e, de modo geral, nota-se um esforço no fechamento glótico. Encontramos também,
nestas disfonias, um esforço em todas as etapas da fonação, como, por exemplo, tensão na região
do pescoço, veias jugulares, fadiga. Nota-se um esforço na voz e, em cantores, ocorre a redução
da extensão vocal.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Construímos até aqui um raciocínio importante para o conhecimento clínico. As
questões presentes no consultório fonoaudiológico são sempre singulares; por isso, é preciso ter
conhecimento amplo da anatomia e fisiologia laríngea e correlacionar os achados clínicos com as
condições normais de produção vocal, bem como é importante conhecer todo o funcionamento
do corpo humano para que você possa conhecer o paciente que pode ter sido acometido por um
problema vocal.
O paciente sempre precisa ser analisado como um ser único e como um todo, avaliar
seus aspectos anatômicos, fisiológicos, emocionais, comportamentais e sua ocupação, ou seja, é
importante entender que o indivíduo é também um ser social e que a voz é fundamental em suas
relações sociais.
A produção vocal é complexa, até hoje é difícil descrever como um órgão tão pequeno
consegue realizar tantos ajustes minuciosos que acarretam a produção de ilimitados tipos de
sons, projeções e características tão singulares.
Atualmente, a fonoaudiologia participa, por exemplo, de estudos criminais para traçar
um perfil vocal e detectar as características vocais específicas de um criminoso. Analisando
uma ligação telefônica, por exemplo, o fonoaudiólogo é capaz de dizer se é ou não o indivíduo
procurado, comparando com as características que pertencem apenas àquele sujeito, interpretar
VOZ | UNIDADE 1
as emoções transparecidas na voz para os casos de perícia criminal. Tudo isso graças ao
conhecimento específico da produção vocal.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
02
DISCIPLINA:
VOZ
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................27
1. DISFONIAS DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO ADULTO E DO IDOSO........................................................28
1.1 DISFONIA NA CRIANÇA.........................................................................................................................................28
1.2 DISFONIA NO ADOLESCENTE...............................................................................................................................30
1.3 DISFONIA NO ADULTO E NO IDOSO..................................................................................................................... 31
2. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO VOCAL, ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA, VISUAL E ACÚSTICA......33
2.1 AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO VOCAL.......................................................................................................34
2.2 ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA......................................................................................................................35
2.3 ANÁLISE ACÚSTICA E VISUAL DA FALA..............................................................................................................36
3. AVALIAÇÃO FUNCIONAL E AUTOAVALIAÇÃO VOCAL: PROCEDIMENTOS E AVALIAÇÃO..................................38
4. COMPORTAMENTOS RELACIONADOS AO ABUSO E MAU USO VOCAL.............................................................40
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5. PSICODINÂMICA VOCAL: AVALIAÇÃO E APLICAÇÃO TERAPÊUTICA................................................................. 41
6. REABILITAÇÃO VOCAL E TÉCNICAS VOCAIS........................................................................................................44
6.1 TÉCNICAS VOCAIS.................................................................................................................................................. 46
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................50
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Esta unidade contempla princípios fundamentais para o tratamento das disfonias. Você
terá a oportunidade de conhecer as especificidades de cada grupo populacional que depende
de fatores como a idade para sua classificação. Para cada idade, veremos que as necessidades
fisiológicas, emocionais, cognitivas são diferentes; sendo assim, as propostas terapêuticas são
diferentes.
Você conhecerá quais as ferramentas de avaliação que estão à disposição para que os dados
sejam precisos. Mesmo tendo posse das ferramentas, é dever do fonoaudiólogo selecionar qual
a melhor estratégia ou ferramenta que se faz necessária neste momento, levar em consideração
a condição de saúde geral do paciente, a capacidade de resposta e, principalmente, respeitar a
queixa do paciente. A avaliação de voz exclui a ideia de que conhecer apenas a anatomia da voz
é suficiente para detectar um problema, compreender as causas do problema e, principalmente,
compreender que o sujeito constrói a sua voz através de suas vivências e suas experiências
emocionais.
Quanto maior a quantidade de informações que o fonoaudiólogo obtiver sobre a saúde
vocal do seu paciente, mais esclarecedora será a reabilitação. Durante a avaliação e reabilitação,
devemos oferecer autoconhecimento ao paciente para que ele não repita mais comportamentos
nocivos e que aprenda a cuidar da própria voz. Ao final desta unidade, após ter respaldo teórico
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para compreender o paciente e processo terapêutico, só então você terá como compreender a
aplicabilidade dos exercícios vocais e estratégias de reabilitação.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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As causas mais recorrentes em crianças para disfonia são as disfonias funcionais,
sendo estas causadas por esforço, são as alterações mais encontradas nessa população; ainda se
elenca o nódulo vocal como a patologia mais incidente. O TDAH é um fator de risco para o
desenvolvimento de disfonias, bem como fatores comportamentais como o modelo negativo do
adulto que reforça a fala em altos níveis de intensidade, gritando, e até mesmo uma personalidade
mais controladora exige um abuso vocal.
As causas orgânicas mais encontradas são alterações cromossômicas como Síndrome de
Down (SD) e síndrome Cri-Du-Chat, doenças congênitas como cisto, estenose, laringomalácia,
laringocele, diafragma laríngeo e fissura laríngea posterior, lesões de massa, insuficiência velo-
faríngea, distúrbios metabólicos, perda auditiva e alterações respiratórias (MARCHESAN;
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Esses autores concordam que a avaliação das disfonias infantis parte das queixas
apresentadas por pais e escola geralmente, a própria criança não se dá conta das modificações
e perda da qualidade vocal. É importante iniciar por uma anamnese para conhecer a queixa
apresentada pelos pais, história pregressa da queixa, fatores causais das disfonias, abusos vocais e
antecedentes familiares.
Devemos avaliar padrões acústicos, como tipo de voz, se apresenta características de uma
voz rouca e áspera associadas à lesão de massa, voz tensa ou soprosa, geralmente associada à
ineficiência glótica. É importante avaliar o tipo de ressonância que a criança apresenta, bem como
pitch e loudness a fim de verificar se aquela voz está adequada à idade e tipo físico da criança
(MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
A avaliação laringológica é de extrema relevância para as disfonias infantis, pois serão as
informações mais precisas que podemos obter sobre a criança. É possível encontrar, nos exames,
uma espécie de dilatação regular das pregas vocais, que é raro, porém possível. Nessa população,
os nódulos acontecem na quarta parte da laringe (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A análise dos tempos máximos fonatórios deve levar em consideração que, para as
crianças, torna-se difícil compreender regras e contabilizar tempo; para isso, podemos utilizar
medidas visuais para auxiliar na compreensão da ordem, neste caso, é possível somar a análise
através de softwares que oferecem feedback visual das ações. Marchesan, Justino e Tomé (2014)
determinam que o tempo máximo de vogais e a relação entre os fonemas s/z, os valores somados
e divididos devem ficar entre 0,8 e 1,3; havendo discrepância entre esses valores, fica sugestiva a
alteração.
REABILITAÇÃO
A literatura não aponta um método específico que seja o mais eficaz no tratamento das
disfonias infantis, devido à falta de incentivo e motivação ao ser a criança encaminhada para
o tratamento fonoaudiológico. Por isso, o primeiro passo é conhecer a motivação, aceitação,
incentivar a sensibilização da família, a compreensão acerca da necessidade, apontando os
benefícios e quais os malefícios a longo prazo. O contrário é esperado em famílias em que as
crianças utilizam a voz de maneira profissional, em que as expectativas são excessivas.
Marchesan, Justino e Tomé (2014) apontam a preocupação do terapeuta; para crianças,
os recursos terapêuticos precisam ser concretos, as mudanças precisam ser ilustradas de maneira
concreta, representando os aspectos que causaram a disfonia e os que a mantêm. A criança e
os pais necessitam compreender as estruturas que compreendem a fala e como ela acontece,
neste momento podemos usar recursos concretos como figuras, desenhos ou miniaturas para
apresentar para a criança. Após compreender a fonação, pais e criança devem ser orientados
também sobre os novos comportamentos saudáveis que devem ser ensinados.
Estas estratégias fazem parte de um modelo cognitivo de reabilitação, tornando família
VOZ | UNIDADE 2
e criança mais conscientes do problema com apoio de materiais concretos, ilustrativos e lúdicos
como, por exemplo, jogos, vivenciando uma situação-problema. Todas as pessoas que convivem
diretamente com a criança devem receber as orientações como, por exemplo, professores,
professores de canto, colegas de classe e familiares próximos, isso porque a fala do adulto deve
servir como apoio e exemplo para a criança (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Para aumentar o nível de percepção da criança sobre o próprio corpo e adequar as tensões
que ela acaba realizando, podemos utilizar estratégias concretas e lúdicas como, por exemplo,
“quietinho feito um sapo”, “ficar parada como uma boneca de pano” (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
Dentre as disfonias orgânicas em crianças, a laringomalácia é a mais incidente, ela causa
um estridor na respiração dos bebês, necessita de tratamento médico para a diminuição das
dificuldades respiratórias, sendo o tratamento cirúrgico em casos graves. Já os cistos congênitos
apresentam nas crianças estridor na respiração e o tratamento é cirúrgico. (LALWANI, 2013).
A paralisia de prega vocal em crianças pode ser congênita ou adquirida. As paralisias
congênitas ocorrem como na malformação de Arnold-Chiari, anomalias congênitas de coração
e grandes vasos. As causas adquiridas podem acontecer como sequelas de cirurgias reparadoras
para essas malformações, trauma no nascimento, trauma por intubação, lesão na cabeça,
encefalopatias e doença de Guillain-Barré. As paralisias ocorrem de forma uni ou bilateral;
quando unilaterais, geralmente não ocorre obstrução de vias aéreas, mas nota-se uma voz rouca,
soprosa e tosse fraca, enquanto que, nas paralisias bilaterais, ocorre estridor respiratório, cianose
e apneia (LALWANI, 2013).
A terceira anormalidade mais comum congênita de laringe é a estenose, crescimento de
tecido fibroso que ocorre na região glótica, que também pode ocorrer de forma adquirida, como
consequência da intubação endotraqueal prolongada. Não são lesões malignas. Já a papilomatose
congênita é uma neoplasia causada pelo vírus HPV, o tratamento é cirúrgico e requer cautela,
pois o crescimento ocorre, mesmo depois de cirurgia.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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entre 2 a 4 semitons (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Os autores concordam que, nesse período de modificação das estruturas, é onde ocorrem
as disfonias temporárias, as instabilidades na voz dos meninos são marcantes, podemos encontrar
soprosidade, rugosidade, quebra de frequência e sonoridade. Fato que pode vir a gerar incômodo,
dependendo do traço de personalidade de cada indivíduo; nos meninos, quando a voz passa a
ficar muito grave, pode causar estranheza, este fator irá também depender da autopercepção de
cada um.
Na tentativa de encontrar um padrão em sua autopercepção – até o momento da muda o
menino apresentava uma voz aguda –, podem surgir desvios no padrão, o sujeito busca modificar
a própria voz para manter o padrão agudo, mesmo depois do fim do crescimento das estruturas.
Esse distúrbio é considerado de origem psicogênica, recebe o nome de puberfonia ou falsete
mutacional, em que a estrutura física e o sexo são incompatíveis com a voz do sujeito. Podemos
perceber ainda o tom grave durante a tosse, por exemplo. Para que seja feito esse diagnóstico,
qualquer outra causa deve ser descartada e ainda deve existir o fator psicogênico (MARCHESAN;
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Fisiologicamente, essas pessoas tendem a deixar a laringe mais alta, impedindo que a
voz se torne mais grave, fato que acontece, pois registram que aquela voz aguda te trouxe algum
benefício, medo de amadurecer, dificuldade em se perceber adolescente, tentativa de compensar
os desarranjos tonais do início da muda vocal. Podemos encontrar alterações vocais como
soprosidade, fadiga vocal, constrição laríngea, edema de prega vocal. Essas alterações podem
gerar uma lesão orgânica secundária como nódulo ou fenda glótica (MARCHESAN; JUSTINO;
TOMÉ, 2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A avaliação desses casos deve ser conjunta com a avaliação otorrinolaringológica, exame
de vídeo, avaliação perceptivo-auditiva, avaliação acústica do sinal vocal que, para o adolescente,
deve apresentar decréscimo da frequência fundamental a partir dos 15 anos de idade. Devemos
considerar, durante a avaliação, a percepção do indivíduo sobre seu problema, sobre os causadores
do seu problema e fatores que colaboram para a disfonia, como o uso de bebida alcoólica, drogas,
gritar muito, ou seja, todos os maus hábitos de saúde que influenciam nas disfonias.
O tratamento deve conter recursos que incentivem a adesão do adolescente ao tratamento,
sendo que os recursos tecnológicos tendem a despertar o interesse dessa população, com a
utilização de softwares de monitoramento vocal, jogos de ensinamento didático, biofeedback
eletromiográfico para percepção do nível de tensão desse sujeito.
O atleta de MMA famoso Anderson Silva tem uma voz desproporcional ao seu
tipo físico, é um sujeito com tipo físico grande e uma voz muito fina. Veja nesta
entrevista, em dois vídeos, o lutador falando sobre sua voz e ainda conversando
com a fonoaudióloga Mara Behlau sobre o assunto. Notem que Anderson se
identifica com sua voz mais fina e talvez por isso ele tenha construído sua voz
dessa maneira, ele relata que na adolescência foi difícil passar pela transição, é
um fator que colabora para o falsete mutacional. Veja os vídeos, disponíveis em:
https://globoplay.globo.com/v/2791536/ e
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https://globoplay.globo.com/v/2791552/.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As demais populações estão sujeitas aos distúrbios vocais, contudo essa população é
mais exposta ao risco devido à sua ocupação. As estruturas físicas, o ambiente, a condição do
trabalho, o desgaste, a alta demanda, tudo isso pode ser agravado por maus hábitos vocais e
comportamentos inapropriados para o alto desempenho.
Atualmente, no quadro geral e na literatura sobre disfonias ocupacionais, estão os
professores, que utilizam a voz como via principal de comunicação com seus alunos. Diante
disso, até mesmo a atuação fonoaudiológica mudou para atender essa população. Antes os
atendimentos eram apenas curativos e reabilitadores e hoje a atuação é preventiva dentro das
escolas. Estudaremos com maior detalhes as disfonias ocupacionais nas Unidades III e IV.
Estudaremos agora a voz da população idosa. Encontramos, nessa população, queixas
vocais recorrentes. O processo de envelhecimento influencia na voz, nos comportamentos
vocais, na estrutura e na fisiologia. Tais mudanças impactam diretamente a qualidade de vida da
população, que já sofre com várias mudanças em seu dia a dia. As alterações vocais causadas pelo
envelhecimento natural são chamadas presbifonia.
Estruturas laríngeas são modificadas com o avançar da idade, a laringe tende a se
posicionar mais baixa, cartilagens ossificam, ocorre o desgaste das cartilagens, perda de massa
muscular, o muco que reveste todo o trato vocal passa a produzir menos muco. Tais mudanças
estruturais implicam a modificação da configuração de prega vocal, ocorre o arqueamento de
prega vocal, saliência dos processos vocais na respiração e fenda fusiforme membranácea durante
a fonação. Outro prejuízo na função acometido pelo envelhecimento pode ser a diminuição na
capacidade respiratória (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
A avaliação da presbifonia necessita de um protocolo que quantifique a percepção do
sujeito sobre seu problema. No idoso, esse fator é ainda mais específico, pois o idoso sente-se
VOZ | UNIDADE 2
fragilizado por não conseguir desempenhar seu papel na comunicação. É comum encontrarmos
quadro de hipofunção e, em mulheres, são comuns casos de edema que geram uma voz mais grave
e rouca. Devemos também avaliar o quadro de saúde geral no idoso, pois casos de perda auditiva
são causadores de uma disfonia devido à perda do feedback auditivo reduzido (MARCHESAN;
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
O tratamento das disfonias no idoso é, na maioria das vezes, pautada na geração de maior
fechamento glótico, aumento da força e compensação das alterações estruturais causadas pelo
envelhecimento. Podemos elencar exercícios que aumentem o fechamento glótico, aumento
subglótico, melhora da instabilidade fonatória, aumento de força muscular. Além da fonoterapia,
é possível também realizar cirurgia para melhorar o arqueamento de prega vocal.
Os autores afirmam que o planejamento terapêutico para a presbifonia deve abranger
as dificuldades que o paciente possa apresentar, como disfagia, função respiratória, controle
do bolo alimentar e função mastigatória. Os exercícios vocais podem favorecer todas essas
alterações concomitantemente. A doença de Parkinson tem maior incidência na população idosa,
causa degeneração progressiva, e a degeneração acontece pela perda da massa negra no tronco
encefálico, gerando um esgotamento do neurotransmissor dopamina. Inicialmente, a doença se
manifesta com rigidez muscular, lentidão nos movimentos, tremor e alterações posturais. Os
sintomas evoluem até que o paciente apresenta disfunção respiratória e disfagia, levando-o à
morte.
É fundamental, na avaliação da doença de Parkinson, a comunicação entre as especialidades
que acompanham o paciente, fisioterapeutas, médicos e, claro, com a família e quem o assiste,
para conhecer quais medicamentos, tipos de abordagens feitas e como está o dia a dia desse
paciente (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Também faz parte da avaliação conhecer quais as alterações dos músculos da face.
Esses pacientes costumam apresentar perda de expressões faciais; por isso, é importante avaliar
as alterações sensoriais motor-orais. Quanto aos aspectos vocais, é necessário avaliar a função
respiratória na fonação através do tempo máximo fonatório.
São achados vocais, na doença de Parkinson, voz hipofônica, monótona, soprosa, trêmula,
hipofunção do mecanismo respiratório, articulação imprecisa, projeção vocal insuficiente, perda
de intensidade vocal, velocidade de fala reduzida, redução de média tonal, redução de loudness,
pitch agudo, incoordenação pneumofonoarticulatória e fonodeglutitória (MARCHESAN;
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Estudos apontam que o tratamento dos distúrbios vocais na doença de Parkinson tem
maior chance de melhora quando associado ao tratamento medicamentoso e cirúrgico. Todas
essas propostas têm como objetivo melhorar a qualidade de vida desse paciente. O método Lee
Silverman Voice Treatment é de grande valia para esses pacientes. Esse método foi desenvolvido
para pacientes com doença de Parkinson e recebeu o nome da primeira paciente a se beneficiar
dele. Esse programa sugere um tratamento intensivo de exercícios que melhoram a intensidade
vocal, exercícios que, como consequência, favorecem a melhora da articulação, entonação e,
precocemente, também auxiliam nos problemas de deglutição (BEHLAU, 2010).
VOZ | UNIDADE 2
que projeta como a população brasileira envelhecerá em 2039.
Teremos mais idosos do que crianças, e a preocupação com a
saúde dessa população irá crescer com a mesma intensidade;
nessa perspectiva, a fonoaudiologia também deve acompanhar
essa preocupação em busca de medidas preventivas em relação
à saúde vocal do idoso. Disponível em: https://g1.globo.com/
economia/noticia/2018/07/25/1-em-cada-4-brasileiros-tera-mais-de-65-anos-em-
2060-aponta-ibge.ghtml.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VOZ | UNIDADE 2
neste momento, devemos conhecer a queixa apresentada pelo paciente e correlacionar com os
achados patológicos, avaliar qual o nível de sensações subjetivas com relação à fonação, aos órgãos
que participam da fonação. Após essa entrevista, é imprescindível avaliar o comportamento vocal
na voz conversacional espontânea. Para essa avaliação, recomenda-se a utilização de filmagem
para registro e comparação após a intervenção fonoaudiológica. Os aspectos a serem avaliados
devem ser avaliados em todas as modalidades de fala, canto.
A intensidade é um dos parâmetros avaliados e ela pode ser forte, fraca, irregular ou
abafada, podendo ser classificada até como voz de sussurro quando está em baixíssima intensidade.
Quanto à altura da voz, pode ser avaliada com a ajuda de um diapasão, medidor de nível de som
ou um sonograma, recursos que garantem a classificação. A avaliação subjetiva, conforme este
critério, pode estar equivocada; portanto, é de extrema importância a avaliação objetiva.
O timbre vocal necessita de uma avaliação subjetiva; neste caso, o ouvido humano é mais
suscetível a perceber as alterações de timbre, que podem determinar um timbre rouco, timbre
nasal, timbre crepitante, timbre gutural, timbre estridente, timbre abafado, timbre surdo e timbre
soproso. A denominação de cada uma das características do timbre é exatamente a correção
subjetiva que fazemos ao perceber a voz (LE HUCHE; ALLALI, 2005).
A variabilidade do distúrbio vocal pode acontecer até mesmo durante a avaliação; nota-
se que o distúrbio vocal se agrava ou desaparece até mesmo dentro de uma única frase. Isso
ocorre devido à mudança do estado emocional, quantidade de percepção sobre a própria voz.
Já o comportamento de esforço também pode alterar a percepção do distúrbio. Devemos avaliar
quando ocorre a tensão, que pode ser manifestada por respiração torácica mais do que abdominal,
flexão do tronco e protraimento do mento. É possível visualizar tensão com ombros contraídos,
ombros em desalinho etc.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Os autores fazem apontamentos importantes sobre a articulação e o fluxo de fala, que são
características do comportamento que devem ser avaliadas de início pela inteligibilidade de fala, o
modo como os fonemas são claramente articulados. Podemos encontrar articulação reduzida, em
que o grau de abertura de boca é reduzido, ou alterações fonéticas, como ceceio lateral ou medial,
articulação exagerada, em que a abertura de boca é desproporcional à mensagem transmitida, ou
a fala em ritmo acelerado ou a própria gagueira.
Um teste interessante é a leitura com mascaramento, esse teste consiste em solicitar a
leitura de um texto, ao mesmo tempo em que é realizado um mascaramento auditivo que impede
de ouvir a própria voz. Nesse teste, podemos avaliar a melhora na qualidade vocal quando o
paciente tem algum distúrbio psicogênico que gera uma modificação intencional na voz, sendo
que, quando normal, a pessoa irá elevar a entonação vocal pela falta de feedback. Outro teste
interessante é o tempo máximo fonatório: pede-se ao paciente que permaneça executando um
tom confortável o máximo de tempo possível com apenas um fôlego só (LE HUCHE; ALLALI,
2005).
VOZ | UNIDADE 2
avaliação laringológica por vídeo e os aspectos funcionais da voz. Veja a seguir alguns parâmetros
de avaliação dos aspectos perceptivo-auditivos.
Lopes Filho et al. (2013) descrevem o ataque vocal, que corresponde ao início da fonação.
O primeiro empuxo de ar direcionado à voz, que pode ser suave, isocrônico ou equilibrado,
quando o início da vibração da prega vocal ocorre junto com a saída de ar dos pulmões, ou seja,
permite uma percepção suave da fonação. Quando a saída de ar dos pulmões através da expiração
não ocorre de modo sincronizado ao fechamento glótico das pregas vocais, percebemos um ruído
de explosão causado pelo impacto das pregas vocais antes do início da fonação. Neste caso, nota-
se esforço no fechamento glótico e/ou em todo o trato vocal. Quando o ataque vocal aparenta
estar soproso ou aspirado, demonstra irregularidade no fechamento glótico. A saída de ar, neste
caso, está insuficiente ou atrasada.
Outro parâmetro que deve ser avaliado é pitch e loudness. O pitch vocal é a característica mais
facilmente percebida, pois deve corresponder ao sexo, idade, característica física, personalidade
etc. Ou seja, para que o pitch seja adequado, ele deve corresponder à personalidade, sexo e tipo
físico do sujeito e, em casos patológicos como no Edema de Reinke, o pitch torna-se grave, mesmo
quando as características não correspondem (LOPES FILHO et al., 2013).
O loudness é analisado através da percepção do volume da voz, quando adequado,
reduzido, aumentado ou como média, fraca ou forte intensidade, e o parâmetro de comparação
é o ambiente físico em que o sujeito está; assim, quando em ambiente pequeno fala com forte
intensidade, está desproporcional.
A avaliação perceptivo-auditiva deve ser capaz de estabelecer a estabilidade e a modulação
de frequência. Quando uma voz flutua em relação à intensidade e frequência, sugere uma alteração
na força aerodinâmica da corrente de ar. A modulação de frequência avalia a capacidade de
emissão de sons agudos e graves. Esse parâmetro permite ao avaliador saber quanto as estrutura
físicas são capazes de produzir os sons, pede-se ao avaliado que realize a emissão de /a/ grave ao
agudo, para avaliar a quebra de passagem de um registro para outro, capacidade de sustentar a
emissão e a própria habilidade de produzir o som grave ou agudo (LOPES FILHO et al., 2013).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Um dos critérios que mais exige experiência do profissional é a ressonância. Na voz falada,
a utilização da ressonância deve ser equilibrada e não exige muitas variações, diferentemente
da avaliação da voz cantada, em que o sujeito deve ter a habilidade de usar variados tipos de
ressonância. As condições de ressonância podem ser classificadas em oral, hipernasal, hiponasal,
faríngea, laringofaríngea ou laríngea.
Os autores consideram que a respiração e a coordenação pneumofonoarticulatórias
também podem ser avaliadas dentro do aspecto perceptivo-auditivo. A respiração pode ser
classificada como superior, torácica, mista, abdominal ou inferior, costodiafragmático abdominal
e completa. A respiração superior é considerada o tipo de respiração que causa tensão, a respiração
mista é adequada para fala habitual e a respiração completa é ideal para voz profissional. No
que tange à coordenação pneumofonoarticulatória, podem ocorrer alterações dos mais variados
graus de comprometimento. Nota-se, na avaliação, o uso do ar reserva tentando prolongar a frase
ou palavra e frases muito curtas entre as respirações, causando desequilíbrio muscular e tensão
na prega vocal.
Um importante instrumento de avaliação é a escala GRBAS, criada, em 1981, pela
sociedade japonesa de logopedia e foniatria, na figura de Hirano, que avalia cinco parâmetros na
identificação perceptiva dos distúrbios vocais relacionados à irregularidade da vibração de pregas
vocais. Pinho (2002) realizou a tradução dessa escala para o português, nela a sigla passa a ser
RASATI. Nessa escala, podemos avaliar em graus de 0 a 3, onde 0 corresponde a “não apresenta” e
3, “grau severo”. Avaliam grau de rouquidão, aspereza, soprosidade, astenia, tensão e instabilidade.
Este protocolo encontra-se disponível para download em: https://www.pucsp.br/laborvox/
dicas_pesquisa/instrumentos_avaliacao.html.
Outro protocolo amplamente utilizado para avaliação perceptivo-auditiva da voz é o
VOZ | UNIDADE 2
CAPE – V. Originalmente disponibilizado pela ASHA, ressalta a gravidade do distúrbio vocal
através de uma escala visual por meio das análises de vogais sustentadas e fala encadeada. Ambas
as análises podem ser feitas e servirem como comparação entre si, com o objetivo de fornecer mais
informações sobre o grau de comprometimento vocal. Esse protocolo também está disponível
em: https://www.pucsp.br/laborvox/dicas_pesquisa/downloads/CAPEV.pdf.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 1 - Tela do software Praat. Fonte: Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (2020).
VOZ | UNIDADE 2
valor de Jitter e Shimmer, através dos valores de perturbação por ciclos de onda e os formantes,
que correspondem ao local de ressonância do trato vocal.
A maioria dos softwares aponta os valores dos picos espectrais, que correspondem aos
formantes F1, F2, F3, F4; as bandas; sintonia fonte-filtro, que corresponde à diferença entre o
primeiro formante e a frequência fundamental; intensidade do sinal sonoro.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VOZ | UNIDADE 2
onde encontramos os maiores impactos na qualidade de vida.
A versão do IDV mais utilizada no Brasil é a versão reduzida, nomeada IVD-10, que avalia
mais rapidamente e com a mesma eficiência, com número reduzido de perguntas, a somatória
das 10 questões que apresentam escore máximo de 40 pontos. O objetivo terapêutico dessa
avaliação é avaliar a eficiência terapêutica; também pode ser aplicado antes do tratamento e após
o tratamento. No Brasil, de maneira geral, a população não apontou tanto impacto financeiro e
exclusão social em decorrência das disfonias (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
O protocolo está disponível em https://www.pucsp.br/laborvox/download/anexo6_IDV.
pdf. Observe a forma de análise e interpretação dos valores obtidos, e como cada protocolo
objetiva uma análise diferente, cabe ao avaliador identificar as necessidades do paciente para
direcionar sua avaliação.
Outro questionário mundialmente reconhecido é o Voice Related Quality of Life (V-RQOL)
que, no Brasil, é conhecido como Qualidade de vida em voz (QVV). Esse protocolo também é
simplificado com apenas 10 questões e, assim como os demais questionários, é autoaplicável, ou
seja, o próprio paciente pode responder sozinho. O paciente tem 5 opções de respostas, entre
as quais: “não é um problema” e “é um problema muito grande”. Avaliando domínios físicos e
socioemocionais, o cálculo da pontuação vai de 0 a 100, onde zero corresponde à qualidade de
vida ruim e 100, excelente.
Esse protocolo apresenta também sua versão pediátrica: o Qualidade de Vida em Voz
QVV-P. É comum que o questionário pediátrico seja respondido pelos pais quando a criança não
é capaz, os dados coletados permitem conhecer o impacto na qualidade de vida da criança no
ambiente escolar, na relação com outras crianças e no ambiente familiar, principalmente no caso
de doenças crônicas e na análise da saúde geral (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O VoiSS é a sigla para Voice Symptom Scale, avaliação internacional desenvolvida através
de um grande estudo. Em português, esse estudo é conhecido como Escala de Sintomas Vocais
(ESV), questionário com 30 perguntas, que avalia os domínios limitação, emocional e físico. O
avaliado tem cinco opções de resposta entre “nunca” e “sempre”. A somatória total pode atingir
120 pontos; quanto maior a pontuação, maior é a percepção do problema pelo indivíduo.
Existem outros protocolos de avaliação, além dos apresentados aqui, cada um apresenta
uma finalidade específica. Cabe ao avaliador conhecer qual o objetivo de sua avaliação e ter
afinidade com os dados encontrados, além de relacionar com os achados encontrados em toda
sua avaliação. Por isso, também deve fazer parte da avaliação o exame funcional da voz. Veremos
VOZ | UNIDADE 2
a seguir outros procedimentos de avaliação.
Le Huche e Allali (2005) apontam que, entre as avaliações funcionais de tempo máximo
fonatório, temos a relação S/Z, teste que avalia a diferença entre a produção de um fonema surdo
“S” e um fonema sonoro “Z”. Captamos, em uma única expiração e única fonação, o fonema S
e o fonema Z, três vezes cada para que seja feita uma média. Essa avaliação permite detectar a
hipercontração e coaptação de prega vocal.
Parte fundamental da avaliação fonoaudiológica é a análise do exame de videolaringoscopia,
também conhecida como fonoscopia. O exame consiste na visualização das estruturas de prega
vocal através da visualização com ajuda da luz estroboscópica, exame já comentado na Unidade I.
Esse exame tem como objetivo mostrar qual é a real localização da lesão e correlacionar
com os achados das demais avaliações. É possível visualizar também a frequência fundamental,
simetria no movimento ondulatório de prega vocal, fechamento glótico, amplitude horizontal
da prega vocal, movimento da mucosa. Quanto maior informação coletada nesse exame, mais
preciso será o diagnóstico otorrinolaringológico e maior é a quantidade de informações que o
fonoaudiólogo terá para traçar um plano terapêutico; por isso, a melhor informação é registrada
pelos registros digitais de alta velocidade (HSD) (LALWANI, 2013).
É possível identificar sintomas vocais através do protocolo Escala de Sintomas Vocais (ESV),
disponível em https://www.pucsp.br/laborvox/download/anexo3_ESV.pdf. Com a resposta do
paciente, podemos identificar as dificuldades que ele enfrenta no dia a dia desde dificuldades que
a disfonia implica quanto os sintomas orgânicos que colaboram para o surgimento da alteração.
Os protocolos de avaliação facilitam a interpretação dos dados, a validação dos dados é
garantida através de estudos comparativos e que garantam a eficiência dos resultados. Protocolos
surgiram para a avaliação de grupos específicos como cantores, atores, professores etc. O protocolo
Condição de produção vocal - Professor (CPV) é uma ferramenta específica que descreve as
especificidades gerais da função do professor, como a situação funcional da voz, condições do
ambiente de trabalho e relação da organização do trabalho com a atividade vocal.
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VOZ | UNIDADE 2
mesmo das alterações. Isso demonstra como o mau comportamento pode ser nocivo à voz.
O impacto causado pelo abuso e mau uso vocal é perceptível não só pelo próprio sujeito,
mas as pessoas podem perceber os efeitos nocivos. Um exemplo é quando conversamos com
alguém que tem uma voz extremamente rouca e áspera; logo, associamos a má qualidade vocal
ao uso do cigarro, ou quando encontramos um amigo no dia seguinte após um show, notamos
sua rouquidão.
No entanto, a população que mais sofre com esse tipo de comportamento são os indivíduos
que utilizam a voz de forma profissional. Pessoas que passam a usar a voz por um longo período
do dia se expondo a comportamentos ruins irão sentir mais depressa e com mais constância
alterações. Esses comportamentos ocorrem quando o indivíduo não apresenta conhecimentos
sobre quais os hábitos saudáveis, não compreendem mecanismo vocal ou apresentam alguma
alteração que os impeça de identificar dificuldades.
O mais comum dos comportamentos nocivos é gritar; neste comportamento, o indivíduo
muda toda a configuração corporal, estica o pescoço, leva os ombros para frente, tenciona a
musculatura laríngea, acionando o mecanismo de voz de alerta constantemente. Em crianças,
ocorre mais esse comportamento, mas no adulto também encontramos (LE HUCHE; ALLALI,
2005).
Os autores descrevem que a demanda profissional também pode ser um hábito ruim,
a sobrecarga profissional acaba exigindo além do que a pessoa está apta a oferecer naquele
momento. É comum que o trabalhador passe por um quadro alérgico, gripal ou alguma afecção
e isso dificulte a emissão vocal e é nesse momento que a pessoa não diminui a intensidade de
utilização da voz, o sujeito é incapaz de reduzir a intensidade até a remissão do quadro.
Podemos dizer que o hábito mais nocivo para a saúde da laringe é o tabagismo, alcoolismo
e uso de drogas. Esses fatores estão sempre relacionados a estudos que tentam buscar as causas
do câncer laríngeo. Os efeitos podem ser percebidos na avaliação acústica da fala, e os efeitos a
longo prazo são lesões orgânicas malignas. Esse hábito, quando associado ao uso profissional da
voz, torna-se mais nocivo ainda.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VOZ | UNIDADE 2
Além dos comportamentos vocais apresentados, a avaliação fonoaudiológica da voz deve
compreender todos os fatores que estão implicados nesse comportamento, com a investigação
complementar dos distúrbios alérgicos, como a rinite, caracterizada por coriza, obstrução nasal,
espirros. Até o momento da avaliação, o paciente pode não relacionar esse fato ao distúrbio vocal.
Distúrbios laríngeos e bucais como a faringite, laringite e que o paciente pode apenas relatar
como dor de garganta, aftas e estomatites frequentes podem dificultar a ressonância, articulação,
além de que os processos inflamatórios geram irritação em toda a mucosa (BEHLAU, 2008).
Distúrbios de vias respiratórias, como a sinusite, desvio de septo, ou qualquer obstrução
nasal, bronquite e asma, dificultam a eficácia da respiração, diminuem o equilíbrio das forças
aerodinâmicas, que também resulta na modificação da vibração de prega vocal. Os distúrbios do
trato digestivo são patologias que dificultam a evolução na reabilitação: acidez, refluxo, gastrite,
prisão de ventre, refluxo gastroesofágico causam irritação na mucosa da laringe, podendo chegar
até a uma lesão de massa, como o carcinoma laríngeo. Essa patologia tem tomado maior atenção
nas pesquisas, visto que sua incidência está relacionada ao estresse (BEHLAU, 2008).
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O que justifica a capacidade que temos de ouvir alguém da nossa convivência falando
e já sabermos se essa pessoa está brava, alegre, ou ainda se ela tem uma mensagem triste a ser
passada, isso tudo é possível graças à percepção que temos da voz e não somente da fala. Através
da psicodinâmica vocal, conseguimos idealizar quem é a pessoa que nos fala, é possível dizer se
essa pessoa tem uma voz imponente, insegura ou até mesmo um tom de arrogância ou ironia.
A psicodinâmica vocal é muito utilizada em análise forense. Através dessa análise, o
profissional consegue traçar um perfil para o investigado, analisar qual a situação emocional no
momento analisado, não só nessa área, mas a avaliação da psicodinâmica vocal é, via de regra,
para a avaliação fonoaudiológica. Encontramos, na clínica fonoaudiológica, pessoas com a queixa
de que sua própria voz não as representa, ou a necessidade de aprimorar a voz para determinada
utilização como no meio empresarial e jurídico.
Portanto, a avaliação da psicodinâmica vocal depende em partes da autoavaliação do
indivíduo, mas diferentemente de outras análises, a avaliação de quem escuta é fundamental. A
voz deve corresponder ao gênero sexual, idade, personalidade e características biofísicas. Quando
não há uma correspondência entre esses fatores, o sujeito não se identifica com sua própria voz.
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Figura 2 - Paciente transgênero sendo atendida por alunos de fonoaudiologia. Fonte: Boeckel (2016).
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Para avaliar então a psicodinâmica da voz, Behlau (2010), em uma adaptação, nos traz
uma lista de características que descrevem as impressões mais encontradas.
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Figura 3 - Termos descritivos da voz. Fonte: Behlau (2010).
Estes termos ajudam a visualização da imagem e impressão da voz, não devem ser obtidos
como uma resposta simples e imparcial. Para chegar até esse denominador, o histórico de vida
deve ser levado em consideração, contexto social, profissão, estado emocional, além de descartar
a possibilidade de disfonias. Mais de uma alternativa pode ser selecionada dentre esses termos.
Articulação, prosódia, ritmo, velocidade de fala devem ser considerados nessa avaliação
conjuntamente. Para coletar esses dados, o avaliador deve se tornar imparcial e não colocar o seu
julgamento sobre suas próprias convicções, separar a mensagem verbal da própria percepção da
voz, já que a mensagem transmitida envolve emoção e pode alterar a voz. É necessário também
que as manifestações que ocorrem no ambiente, como a reação do interlocutor, presença de
outras pessoas na sala, não interfiram na avaliação (BEHLAU, 2008).
Além das impressões causadas e percebidas pela voz, devemos distinguir informações
sobre a impressão da ressonância; frequência vocal, que revela qual a intenção do discurso;
extensão vocal, que está relacionada ao caráter do indivíduo; e maneira de transmitir as emoções.
Já a intensidade vocal é fundamental para avaliar a capacidade de lidar com os próprios limites
e do outro, e a impressão revelada pela articulação demonstra o quanto o sujeito quer ser
compreendido (BEHLAU, 2008).
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As necessidades vocais dos pacientes são múltiplas e diversificadas. Podemos nos deparar
com pessoas que buscam um aperfeiçoamento vocal ou pessoas que buscam tratamento para
disfonias completamente incapacitantes. Nas duas situações, busca-se melhorar a comunicação
através da voz.
A reabilitação só deve ser iniciada após a avaliação fonoaudiológica e otorrinolaringológica,
não é recomendado que a terapia inicie antes de um exame otorrinolaringológico, e não
menos importante é a realização da videolaringoestroboscopia para complementar a avaliação
fonoaudiológica, bem como uma reavaliação médica após o tratamento fonoaudiológico
(BEHLAU, 2010).
Após compreender o sujeito como um todo, ter dimensão da autopercepção de seu
problema, as características acústicas, fisiológicas, emocionais e perceptivas, será possível montar
o planejamento terapêutico, que deve ter como objetivo final promover mudanças para que o
VOZ | UNIDADE 2
paciente estabeleça/restabeleça a voz com a qual se identifica. Promover a autopercepção e o
monitoramento para que, mesmo depois do processo terapêutico, ele consiga monitorar suas
condições vocais.
A terapia em voz deve favorecer o monitoramento auditivo, ajudar o paciente a construir
uma percepção auditiva da própria voz, e o mesmo se aplica para autopercepção corporal,
conhecer quais são suas tensões corporais, a participação de cada região do corpo na produção
vocal e quais os ajustes musculares mais indicados para sua prática vocal. A tensão corporal
exige uma percepção maior durante o tratamento, quando a tensão corporal não permite que a
comunicação corporal acompanhe a performance vocal, ou quando a tensão corporal pode ser a
causa da disfonia (LOPES FILHO et al., 2013).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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Na Figura 4, vemos um cantor usando um recurso para favorecer o retorno da própria
voz. Esse recurso colabora para o próprio monitoramento auditivo, quando existe a dificuldade
de controlar e ter uma atenção psicoacústica sobre a própria produção vocal.
Em algum momento da vida, todas as pessoas já se sentiram tensas, por isso o relaxamento
deve fazer parte do processo terapêutico, com estratégias que aliviam a tensão naquele momento
e que seja possível pôr em prática após esse período.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Outra mudança importante que deve ser gerada durante a terapia é a respiração;
geralmente, a diminuição de tensão e aprimoramento da respiração são o ponto de partida para
o tratamento das disfonias, e a respiração ideal para cantores deve ser do tipo costodiafragmático
ou, pelo menos, abdominal. Para gerar esta mudança, devemos compreender que a respiração
é uma ação inconsciente, mas que pode ser controlada conscientemente. Para isso, devemos
favorecer a musculatura responsável por essa função e também tornar o movimento espontâneo
e automático. A realização da respiração, associada a movimentos corporais, é efetiva na
mudança do padrão respiratório. A consequência desse trabalho é o aumento da coordenação
pneumofonoarticulatória (LOPES FILHO et al., 2013).
Faz parte do tratamento fonoaudiológico, mas não o representa sozinho, o treino vocal.
Exercícios vocais são ferramentas que auxiliam na adequação do funcionamento laríngeo com
a finalidade de eliminar adaptações inadequadas e, como consequência, ocorre a eliminação de
alterações orgânicas. Mas não representam exclusivamente o tratamento fonoaudiológico, que
abrange globalmente a produção vocal e seus influenciadores.
Dividiremos os exercícios vocais em dois grupos. O primeiro são exercícios que
aperfeiçoam a qualidade vocal geral, são exercícios que favorecem quase todos os pacientes ao
favorecerem a produção vocal de maneira global, denominada técnica universal. A segunda
classe de exercícios são os exercícios específicos, como o próprio nome pressupõe, são exercícios
de dimensão da autopercepção de seu problema, das características acústicas, fisiológicas,
emocionais e perceptivas. Assim, será possível montar o planejamento terapêutico, que deve ter
como objetivo final promover mudanças para que o paciente estabeleça/restabeleça a voz com a
qual se identifica. Favorecem um determinado grupo muscular, agindo especificamente em uma
ação na produção vocal.
VOZ | UNIDADE 2
Outro elemento importante no treinamento vocal são as provas terapêuticas, nas quais
podemos observar a resposta vocal do paciente através de exercícios, técnicas, abordagens,
manobras. Dessa forma, criamos possibilidades de comparação e comprovação das respostas
vocais. A resposta positiva da prova terapêutica é quando se observa a melhora na disfonia, ou seja,
houve a eliminação do mecanismo compensatório, ou quando a resposta é neutra, que significa
que não houve melhora na técnica empregada, comprovando que não é a melhor técnica a ser
indicada ao paciente. As provas terapêuticas são fundamentais na decisão da conduta terapêutica
e diagnóstico (BEHLAU, 2010).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As sete categorias são: método corporal, método dos órgãos fonoarticulatórios, método
auditivo, método de fala, método de sons facilitadores, método de competência fonatória, método
de ativação vocal. Veremos a seguir exemplos de exercícios correspondentes a esses métodos.
MÉTODO CORPORAL
Método que proporciona ao paciente harmonia entre voz e corpo. É dividido em ação
direta ou indireta sobre o aparelho fonador: as ações indiretas estão relacionadas ao corpo todo;
VOZ | UNIDADE 2
já a ação direta está relacionada aos músculos laríngeos propriamente ditos. Ações diretas na
laringe são mais rapidamente percebidas. De forma geral, o tônus muscular deve estar equilibrado,
reduzir ações exageradas musculares como movimentos anormais, contrações, tensões excessivas
e desnecessárias.
Tais ações podem ser associadas à emissão de sons facilitadores, com o objetivo de
aumentar a consciência corporal, o relaxamento dinâmico e proporcionar uma expressão corporal
com voz equilibrada. Consistem em realizar a movimentação corporal ampla, associando a sons
facilitadores como vogais bocejadas ou projetadas ou até textos. Outra aplicação é associada ao
posicionamento da cabeça com sonorização. A modificação de cabeça proporciona a compensação
em tamanho de estrutura, massa, forma, vibração, mais comum em casos cirúrgicos, neurológicos
e de malformação congênita. Esse movimento ajuda a compensar e o objetivo da terapia é o de que
o paciente passe a realizar com a mesma qualidade, sem a compensação horizontal ou vertical.
A compensação horizontal é realizada com a cabeça inclinada para o lado desfavorecido
com emissão vocal, e a compensação vertical pode ser feita com a cabeça para trás com a emissão
de /K/ e /G/, para baixo com sons nasais, ou cabeça e tronco para baixo, respectivamente.
Favorecem a constrição anteroposterior, elevam a ressonância e suavizam a emissão e vibram a
mucosa com a ajuda da força da gravidade. São técnicas aplicadas em casos de fendas fusiformes,
laringectomias, disfonias vestibulares.
Outras duas técnicas são bastante utilizadas no método corporal: a massagem de cintura
escapular e a manipulação digital. A massagem na cintura escapular é realizada quando ocorre
excesso de contração nessa região. Realizamos toque, pressionamento, estiramento, massagens
e pequenas batidas, associadas ou não ao estímulo quente e à sonorização. No momento da
aplicação da técnica, é importante considerar a sensibilidade à dor e ao toque do paciente. A
manipulação digital da laringe é realizada na musculatura perilaríngea com apoio dos dedos,
realizando o abaixamento da laringe ou lateralização, e pode ser associada ao calor e à emissão de
sons nasais ou bocejo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Essa técnica tem o objetivo de reduzir a hipertonia, abaixar a frequência fundamental e é utilizada
em casos de disfonia por tensão, muda vocal incompleta, falsete mutacional. A restrição é a
mesma em pacientes sensíveis à dor e toque nessa região.
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necessitam diminuir ataques vocais bruscos, abaixamento de laringe e ajustes nas projeções de
ressonância.
Já a técnica de mastigatória é amplamente usada, chegando a ser denominada como
técnica universal, recomendada para que o paciente alcance uma fonação equilibrada, reduzindo
construções inadequadas. Essa técnica deve ser feita com movimentos amplos de lábio, língua,
mandíbula e bochechas com sonorização (BEHLAU, 2010).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VOZ | UNIDADE 2
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao fim desta unidade com a compreensão do diagnóstico vocal.
Compreendemos os elementos causadores de distúrbios e como eles se comportam. Peço que não
se atenha apenas ao que foi disponibilizado neste material. Ao longo da sua apostila, você verá
sugestões complementares de leitura para engrandecer seu conhecimento a respeito das mais
variadas formas de tratamento e comentários que te ajudarão a formar o raciocínio clínico.
Não é menos importante a leitura complementar, você tem disponível em sua biblioteca
online referências apontadas significativas para a atuação fonoaudiológica, além, é claro, das
videoaulas disponíveis. Ainda durante sua atuação, será fundamental saber quais as literaturas às
quais recorrer, pois a pluralidade dos casos obriga o fonoaudiólogo a buscar novos conhecimentos.
Entendemos também que os exercícios disponíveis não são formas truncadas para que sejam
usados uniformemente para todos os pacientes. As causas, anatomia e funcionamento do
indivíduo fazem com que tenhamos que aprimorar cada exercício de acordo com a necessidade
do paciente.
As ações que serão tomadas por você ao decidir o melhor tratamento para seu paciente
devem abranger em sua maioria a mudança no comportamento vocal. Vimos o quanto a voz pode
ser influenciada por comportamentos nocivos e quais propostas terapêuticas podemos oferecer
para a redução de danos, mudança de hábitos e aperfeiçoamento no caso de pessoas que usam a
VOZ | UNIDADE 2
voz profissionalmente.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
03
DISCIPLINA:
VOZ
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................52
1. PROGRAMA DE HIGIENE VOCAL.............................................................................................................................53
2. PROCESSO DE EVOLUÇÃO NA TERAPIA VOCAL...................................................................................................54
2.1 EVOLUÇÃO TERAPÊUTICA EM LESÕES MALIGNAS............................................................................................56
3. ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS DA VOZ PROFISSIONAL FALADA....................................................................60
4. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ PROFISSIONAL FALADA.......................................................................62
5. DEFINIÇÃO DE USO PROFISSIONAL DA VOZ E SUAS ALTERAÇÕES..................................................................63
6. FATORES CAUSAIS DOS DISTÚRBIOS DA VOZ NO USO PROFISSIONAL...........................................................64
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................68
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, você irá compreender a aplicação fonoaudiológica prática nos distúrbios
da voz. O primeiro tópico irá disponibilizar um conceito amplo de saúde vocal que é a higiene
vocal, cuidados básicos que o falante deve ter. Hábitos vocais saudáveis não estão relacionados
apenas a disfonias, mas a doenças graves como o câncer.
As lesões malignas da laringe são preocupantes, pois podem gerar grande nível de
incapacidade após os procedimentos cirúrgicos; esses comprometimentos devem ser compensados
na reabilitação, devolver a possibilidade de comunicação para o paciente, sempre respeitando
seus limites físicos e estruturais devido às remoções da laringectomia. Tão importante quanto
determinar uma técnica a ser empregada na reabilitação é compreender a evolução terapêutica
e determinar condutas estruturadas e coerentes, dando a possibilidade de prever como seria a
prática clínica, garantindo eficiência no tratamento.
Das complicações vocais que encontramos, as complicações do trabalhador da voz
recaem sobre o fonoaudiólogo, que deve acompanhar esse trabalhador, como garantir saúde
vocal para essa população. No profissional da voz falada, veremos quais as esferas de atuação que
competem ao fonoaudiólogo. Área que mais tem exigido a preocupação em saúde vocal é a saúde
do trabalhador. Você verá nesta unidade quais os fatores prejudiciais à saúde ocupacional e qual o
impacto dessas alterações. Durante o estudo desta unidade, é importante que você faça as leituras
VOZ | UNIDADE 3
complementares sugeridas e pesquise sobre o assunto no material que você tem disponível na
biblioteca.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VOZ | UNIDADE 3
mesmo evitando que a rouquidão apareça. Considerar uma alteração vocal normal pode ser
extremamente prejudicial à saúde. Em casos de câncer laríngeo, é fundamental que o diagnóstico
seja feito o quanto antes para garantir melhor possibilidade de remissão (LE HUCHE; ALLALI,
2005).
Aspectos vocais como timbre alterado, intensidade desregulada, sensação de esforço ao
produzir a voz, associada a uma queda na atividade vocal, chamam atenção e não devem ser
considerados normais, ou casos em que o excesso de preocupação pode levar o sujeito a aumentar
níveis de ansiedade e a tomar medidas desnecessárias. Para que essas más interpretações não
aconteçam, um bom programa de higiene vocal deve começar pela compreensão de como a voz
é produzida.
Desmitificar os conhecimentos empíricos de como a voz é produzida, por exemplo,
elucidar que não é uma “corda” que produz o som, qual a região do corpo em que é produzida a
voz, de conhecimentos básicos a conhecimentos mais específicos e aprofundados, por exemplo,
para pessoas que usam a voz profissionalmente, quanto mais informações, menos chances de
criar hábitos nocivos.
O mesmo princípio é válido para justificar que profissionais da voz compreendam a
técnica para utilização da voz em sua ocupação, garantindo bom funcionamento vocal, e menos
chances essa pessoa terá de desenvolver um problema vocal. O cantor e o ator devem realizar
uma boa projeção vocal através do apoio abdominal. O esforço diminui; sendo assim, conseguirá
usar a voz por mais tempo. Técnicas de relaxamento e de produção vocal são fundamentais para
o ator, bem como treino vocal constante para aperfeiçoar e conhecer a voz; este treino leva o ator
a identificar e selecionar a melhor voz para cada estilo e, principalmente, conhecer seus limites
(LE HUCHE; ALLALI, 2005).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VOZ | UNIDADE 3
é um sinal que pode estar associado não somente a quadros gripais, mas em crianças, por
exemplo, está associado à irritação na laringe causada por abuso vocal ou alergia, potencialmente
mais comuns em crianças. A tosse causa uma pequena irritação nas pregas vocais, o que gera
aumento na produção de muco, que, por sua vez, aumentará a necessidade de pigarrear, o alívio
momentâneo ao pigarrear pode ser sentido ao ingerir líquido (PINHO; JARRUS; TSUJI, 2004).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Durante a aplicação das técnicas, vários cuidados devem ser tomados: o nível cognitivo do
paciente em relação à compreensão dos exercícios, a quantidade de repetições feita exaustivamente
pode tornar a evolução tediosa, o nível de constrangimento ao executar algumas técnicas, a
dificuldade em executar um exercício complexo sob a exigência do terapeuta. Todos estes fatores
podem comprometer o trabalho, dificultando a execução da técnica, causando a sensação de
descrédito e falta de adesão ao tratamento. A terapêutica consiste então no aprendizado sequencial
e hierárquico dos exercícios, o processo de modificação vocal requer o aprendizado de diversos
parâmetros (BEHLAU, 2010).
Durante a evolução e a escolha dos exercícios, requer-se conhecimento da fisiopatologia
e do trato vocal, norteado pelo conceito de produção vocal. Duas técnicas podem ser aplicadas
ao mesmo tempo, desde que se completem durante a execução conjunta ou que uma seja a
preparação de alguma estrutura ou movimento para outra (LOPES FILHO et al., 2013).
A frequência na terapia é pouco comentada em pesquisas, no entanto existe um consenso
de que duas vezes por semana é a quantidade indicada para reabilitação vocal. Alguns métodos
específicos determinam tempos variados, como, por exemplo, o método Lee Silverman sugere
uma aplicação intensiva de quatro sessões por semana. Além de determinar a periodicidade, o
método determina qual o período de tempo em que as sessões devem ser realizadas, passando de
quatro atendimentos por semana no primeiro mês, reduzindo para duas e uma vez por semana
nos próximos meses, dependendo da evolução.
Outra aplicação dos intensivos terapêuticos são os casos pós-operatórios, em que é
necessária rápida mudança de comportamento de abuso vocal ou eliminação do granuloma.
Em casos de processos microcirúrgicos, a garantia de uma boa recuperação é a reabilitação. Nas
disfonias infantis, é necessário maior quantidade de sessões semanais para a formação de vínculo
VOZ | UNIDADE 3
paciente/família com o terapeuta.
Sobre quais os exercícios e qual a quantidade de repetições não há uma regra, ou seja, não
existe um padrão a ser seguido para todos os pacientes. No início, é preciso verificar a eficácia
do exercício e a capacidade de execução, para então determinar se esse exercício é válido e,
durante a execução, fica visível a necessidade de repetições. A recomendação é que a quantidade
de exercício seja equilibrada, o princípio é o de que, com menos exercícios aplicados ao mesmo
tempo, fica mais fácil visualizar quais têm mais resultados para o paciente em específico. Estas
medidas também garantem que os exercícios possam ser feitos em casa com qualidade, mesmo
sem supervisão; neste momento, devemos considerar que os exercícios feitos em casa garantem a
generalização do novo padrão vocal (BEHLAU, 2010).
A autora comenta sobre a garantia da boa execução e a compreensão do exercício pelo
paciente. Podem ser estabelecidos exercícios de cinco a dez minutos, três vezes ao dia, diante de
uma fenda, ou no caso de comprometimento de outras estruturas, como as pregas vestibulares, é
recomendada a aplicação de exercícios de alguns minutos de hora em hora. Para aplicação clínica,
podemos controlar a intensidade dos exercícios e ainda verificar qual a quantidade necessária
para gerar uma modificação e garantir que o exercício está ocasionando melhora ou não.
Sob essa perspectiva, a duração do tratamento deve ser ponderada pelo terapeuta,
analisando as condições e qual a perspectiva de evolução, no entanto temos uma média de
evolução de acordo com o tipo de alteração. Em casos de disfonias comportamentais sem lesão
de massa, a evolução ocorre em menos de dois meses de atendimento e, em lesões benignas,
um pouco mais que dois meses. Em disfonias funcionais do tipo muda vocal, a evolução pode
ser percebida com cinco sessões, paralisia de prega vocal unilateral apresenta compensação em
três meses de atendimento e, nos casos de voz esofágica, em um mês o paciente passa a produzir
frases.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
No entanto, em alguns casos, podemos gerar certo grau de ansiedade nos pacientes ao estabelecer
prazo para melhora; para que isso não ocorra, devem ser oportunizados ao paciente orientação,
explicação, avaliação do grau de expectativa, planejamento terapêutico eficiente e noção da
colaboração paciente/terapeuta.
Medidas devem ser bem direcionadas até o processo de alta, para que seja indicada alta de
um paciente e não necessariamente deve-se obter uma voz sem desvios, com redução de edema
ou lesão. O processo de reabilitação é eficaz quando garante ao paciente uma adaptação vocal
correspondente às suas necessidades, que já foram delimitadas no momento da avaliação.
VOZ | UNIDADE 3
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
LARINGECTOMIAS PARCIAIS
O tratamento cirúrgico muitas vezes remove estruturas importantes para funções de
deglutição, mastigação, articulação e fonação. Estes são os quadros que necessitam de reabilitação
para adequar à nova condição. Na cirurgia de laringectomia parcial, o objetivo é preservar as
funções da laringe, apesar da urgente necessidade de ressecar o tumor. Nas laringectomias
verticais, as consequências estão mais relacionadas a disfonias e, nas horizontais, as sequelas são
disfagia e disfonia.
Em cirurgias de laringectomia vertical, ocorre a diminuição do trato vocal removendo
estruturas importantes como a cartilagem epiglótica; nestes casos, o paciente pode estar ainda
usando sonda e traqueostomia durante a reabilitação. Verificamos mudança na ressonância, no
padrão vocal e no aspecto vocal, que pode vir a ser modificado após as fibroses causadas pela
radioterapia e escape de saliva devido à disfagia. A primeira etapa da terapia envolve o controle da
disfagia, aumentando o controle vertical, garantindo proteção de vias aéreas. São sugeridos, nesta
abordagem, aumento da mobilidade da língua, elevação da laringe e interiorização posterior da
laringe, garantindo o aumento do fechamento laríngeo adaptado (LOPES FILHO, 2013).
Já na laringectomia horizontal, o principal objetivo do procedimento é preservar a função
vocal, por isso abrange técnicas variadas como a cordectomia, laringectomia frontal, frontolateral
e hemilaringectomia. As queixas vocais estão relacionadas à perda da mobilidade da prega vocal,
quando não a ausência dela, a rugosidade e aspereza são características desse procedimento.
Encontramos também tensão e soprosidade em decorrência da perda da função esfincteriana
da prega vocal e fechamento glótico. O paciente passa a gerar tensão para compensar o déficit
(MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Na técnica de cordectomia, pode haver a preservação da comissura anterior e processo vocal,
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no entanto a perda de estrutura implica dificuldade na coordenação pneumofonoarticulatória.
Verificamos tempo máximo fonatório reduzido e loudness reduzido. A indicação terapêutica
é de exercícios que recrutem maior mobilização de mucosa, fechamento glótico e equilíbrio
de ressonância. A hemilaringectomia é a técnica que secciona uma ou mais estruturas como
subglote, ariepiglote e prega vocal contralateral; dessa forma, a reabilitação vai ser direcionada de
acordo com a possibilidade funcional da ressecção, se será possível estimular a fonte de fonação
glótica ou supraglótica (LOPES FILHO et al., 2013).
LARINGECTOMIAS SUBTOTAIS
São procedimentos que exigem uma maior ressecção do que as laringectomias parciais
e menos do que as laringectomias totais. Nestes casos, o acompanhamento fonoaudiológico é
fundamental, pois pode ocorrer comprometimento em nível de deglutição, com aspiração leve ou
moderada, pode ainda ocorrer a remoção de uma ou duas cartilagens aritenóideas. Estes pacientes
podem necessitar de alimentação por sonda no pós-cirúrgico e ainda cânula de traqueostomia.
No procedimento de laringectomia supracricoide, ocorre a ressecção das pregas
ariepiglóticas e aritenóideas, a característica dessa voz é soprosidade e disfagia, a intervenção
fonoaudiológica é fundamental para garantir a proteção das vias aéreas, proporcionando
estratégias de compensação vocal, possibilitando a retirada de sonda e adequando o padrão
vocal. Outros procedimentos podem ser realizados com o Near total, onde são removidos ¾ da
laringe. Neste procedimento, a traqueostomia é definitiva; portanto, o trabalho do fonoaudiólogo
é garantir a passagem de ar pela fístula, coordenando a pneumofonoarticulação (MARCHESAN;
JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
LARINGECTOMIA TOTAL
Esta é a conduta e o tratamento que mais comprometem a fonação. O paciente perde
totalmente a voz produzida na laringe decorrente da total remoção dessa estrutura: retiram-
se cartilagem, músculos e outras estruturas nela contidas. O segmento de reabilitação neste
procedimento é mais intenso e relevante para o paciente, pois neste momento de silêncio total, a
necessidade de voltar a falar é emergencial.
Antes mesmo do procedimento cirúrgico, o paciente deve começar os processos pré-
operatórios passando pela avaliação e orientação de psicólogos, fonoaudiólogos e enfermeiros. O
papel do fonoaudiólogo no momento pré-operatório é orientar o paciente sobre quais as sequelas
da cirurgia e quais possibilidades de reabilitação estão disponíveis. São métodos de reabilitação:
a voz esofágica, o uso de laringe eletrônica ou voz traqueoesofágica. A decisão de qual tipo de
reabilitação deve ser seguida é exclusivamente do paciente, o fonoaudiólogo não pode tomar essa
decisão pelo paciente.
A voz esofágica compreende a constrição de ar no segmento faringoesofágico e na
adequação articulatória e de ressonância. O primeiro passo para reabilitação é proporcionar a
percepção do funcionamento esofágico, tornando possível notar a localização de vibração do
segmento faringoesofágico. Iniciamos ensinando ao paciente a sequência da deglutição que
consiste em abrir bem a boca para que o ar entre, fechar a boca e sentir como se fosse uma
“batata”, engolir o ar, perceber a contração do segmento faringoesofágico, contrair o diafragma e
emitir a vogal “a”. Na sequência, é preciso ensinar a produção de consoantes através da sequência
de injeção por pressão consonantal (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
Ensinada a produção consonantal dos fonemas surdos /p/, /t/, /k/, utilizando esses
fonemas para introdução de ar no esôfago onde ocorre um aumento de pressão na cavidade oral
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que libera o segmento faringoesofágico, produz-se pressão para o próximo fonema a ser emitido.
A partir de então, o paciente seguirá um treino na terapia com práticas em casa. Segue a ordem
de aprendizagem do fonema /a/ ou /pa/, aumento do tempo máximo fonatório, emissão de todas
as vogais associadas ao fonema /p/, emissão de ditongos, dissílabos, trissílabos, frases curtas do
cotidiano, frases longas e, por fim, o refinamento.
O treino para voz traqueoesofágica começa pela higienização, que garante a durabilidade
da prótese. Somente após a liberação médica ao fim do processo de cicatrização, é que deve ser
iniciada a reabilitação vocal. Ao iniciar o treino, a primeira oclusão deve ser feita pelo terapeuta,
pede-se para o paciente para que inspire, o terapeuta veda a traqueostoma e pede para o paciente
emitir a vogal /a/. O próximo treino é que o paciente consiga ocluir a traqueostoma sozinho,
de preferência com a mão não dominante, para que ele consiga utilizar a mão enquanto fala,
seguindo a coordenação pneumofonoarticulatória, começando com a fonação pequena como
a contagem de números para então partir para palavras maiores com automatização. O treino
de respiração começa pela inspiração pelo estoma e inspiração pela boca. Pitch e modulação
podem ser trabalhados através de sons vibrantes, fricativos sonoros, para então realizar o treino
articulatório (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
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Figura 2 - Explicação do fluxo de ar na voz traqueoesofágica. Fonte: Junqueira (2016).
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Figura 3 - Paciente cantando em um coral usando laringe eletrônica. Foto de Leo Munhoz. Fonte: NSC Total (2018).
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Assista ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=C7o8eE_lQq0. Em entrevista,
fonoaudióloga responsável pelo serviço de fonoaudiologia do
Hospital do Câncer de Barretos fala sobre o trabalho fonoaudiológico
com pacientes oncológicos, a pluralidade do trabalho que não
se restringe apenas a restabelecer a voz, mas como uma equipe
integrada favorece o estabelecimento da qualidade de vida desses pacientes.
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A primeira profissão a ser discutida será o de professor, profissional que usa a fala para
transmitir seu conhecimento e realizar trocas com seus alunos, entende-se que o professor passa
quase todo seu tempo de sala de aula falando; portanto, o esforço e demanda vocal são intensos.
Alguns professores acreditam que uma aula, para ser empolgante, precisa de uma fala alta e
intensa, assim como para chamar a atenção do aluno, necessita aumentar o tom de voz, mas não
são necessários e ainda são hábitos nocivos à saúde vocal. O estresse é o problema de saúde mais
intenso na vida do professor devido a condições de trabalho ruins, baixo salário, salas cheias. A
voz do professor também deve ser aprimorada, o professor deve transparecer domínio sobre o
que ensina e segurança para quem aprende (BEHLAU, 2010).
A categoria de atores dentro de suas formações recebe algum nível de instrução, além de
que a própria exigência da função faz com que o ator busque compreender melhor sua voz para a
construção de um personagem. Por outro lado, essa mesma exigência faz com que a complexidade
dos ajustes vocais deixe essa população mais suscetível a alterações. As dificuldades estão nas
demandas do ofício, nas mudanças vocais, articulatórias, muitas apresentações, apresentações
longas, adequação entre corpo, voz e expressão, que exige uma demanda corporal intensa.
Locutores, radialistas e narradores fazem parte de um grupo que usa especialmente a voz
por terem uma característica singular em suas vozes. Essa característica é específica para cada
campo de atuação. Narradores de rodeio, por exemplo, apresentam uma voz mais imponente
e velocidade de fala aumentada, diferente de um locutor de rádio, por exemplo. A locução
exige múltiplas características, como, por exemplo, locutor esportivo, locutor de noticiário etc.
Geralmente locutores estão em ambientes favoráveis à produção vocal em estúdios, amplificação,
retorno e jornadas de trabalho compactas. As alterações vocais nesse grupo estão relacionadas à
falta de higiene vocal e ao tabagismo (BEHLAU, 2010).
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Repórteres de telejornal associam a voz à comunicação não verbal, à imagem, por isso
o padrão vocal é diferente do usado no rádio. O apresentador está sujeito a maiores problemas
vocais, ambientes desfavoráveis à saúde vocal são encontrados, excesso de luz, acúmulo de funções,
excesso de maquiagem, maior predisposição para alteração na qualidade vocal. A jornada de
trabalho é intensa, gravações ao longo do dia e plantões ao vivo com notícias urgentes, em cada
momento de gravação ocorre um ajuste vocal diferente e o despreparo para essa função causa
maior probabilidade de desenvolver uma alteração vocal.
No decorrer das nossas aulas, vimos características individuais das profissões que utilizam
a voz profissional falada, por isso é importante compreender as necessidades do grupo e que
o fonoaudiólogo deve ser um investigador não só dos aspectos vocais, mas das características
biopsicossociais de cada indivíduo para que sua intervenção seja válida e contribua positivamente
ao aspecto dinâmico da sua profissão.
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trabalhando aspectos comunicativos assertivos, melhorando o perfil comunicativo dentro do
mundo corporativo. Aspectos como o discurso, a narrativa e a adequação da comunicação são
os objetivos dessa área, englobando conhecimentos técnicos da fonoaudiologia com a exigência
comunicativa do meio empresarial.
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No âmbito da voz profissional, não nos limitamos apenas aos aspectos preventivos e
curativos das alterações vocais, o fonoaudiólogo também participa do preparo, otimização e
habilitação desses indivíduos que, de alguma maneira, utilizam a voz profissionalmente. Veremos,
neste tópico, quem são essas pessoas e profissões, e como é o desempenho vocal dessas ocupações.
Atualmente, a definição de voz profissional abrange muitas profissões devido à crescente
diversificação das funções ocupacionais e às novas tecnologias. Não só trabalhadores da arte,
como cantores e atores, mas jornalistas, teleoperadores, trabalhadores de gestão de pessoas,
cargos de gerência e chefia, jornalistas, apresentadores, professores, locutores, dubladores,
líderes religiosos etc., enfim, uma lista grande de profissões utiliza a voz de maneira profissional,
portanto corresponde à expectativa de uma voz clara, bem impostada e que corresponda ao papel
desempenhado em sua ocupação.
A voz profissional é considerada quando o indivíduo necessita da sua voz para a
realização da sua atividade ocupacional, essa é a justificativa para várias atividades laborais que
estão expostas aos cuidados vocais. A preocupação se eleva ao considerar que, sem sua voz, é
impossível desempenhar sua atividade, ou ainda que o bom desempenho da sua função está
atrelado à qualidade vocal e que a alteração vocal causada pela ocupação pode comprometer sua
função (BRASIL, 2018).
Compete ao fonoaudiólogo compreender as necessidades específicas da voz ocupacional,
atualmente a saúde vocal compreende muito mais as medidas de prevenção desses distúrbios. Por
isso, há necessidade de se conhecer os fatores de risco para o trabalhador, como fatores ambientais,
demanda vocal excessiva, competição sonora, acústica deficiente, alteração de postura, agentes
químicos e também psicológicos no desempenho da função.
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6. FATORES CAUSAIS DOS DISTÚRBIOS DA VOZ NO USO
PROFISSIONAL
Seguimos o mesmo princípio básico da avaliação das alterações vocais clínicas, cada
sujeito é único e por isso deve ser analisado de maneira única, pois pode apresentar necessidades
diferentes, plurais e específicas neste caso, podendo ser específica a função que desempenha
também. Fatores que comprometem a voz de um cantor são diferentes dos fatores que acometem
o professor, por exemplo, e ainda são diferentes os fatores que acometem um professor do ensino
médio comparado a um professor de modalidades esportivas em uma academia. Discutiremos,
neste tópico, alterações que encontramos no cotidiano do profissional da voz e elencamos algumas
profissões.
A prática e a literatura concordam que a maior incidência de problemas vocais se
relaciona à docência, às condições de trabalho, condições emocionais, ao trabalho excessivo, à
falta de preparação vocal ou até mesmo falta de conhecimentos básicos sobre a voz. São fatores
comprometedores da função vocal. Ainda existem características mais peculiares à profissão
como qual a faixa etária dos alunos, qual o comportamento do professor e dos alunos durante
a aula, uso do giz, uso de componentes agressivos em aulas práticas. No caso de professores de
modalidades, o exercício físico geralmente é associado à fala, o que gera uma sobrecarga vocal
(BEHLAU, 2010).
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Outra demanda profissional em que o ambiente físico compromete a função vocal é a dos
atores. É comum atores de teatro se apresentarem em ambientes com acústica comprometida,
poeira, mofo, ruído, o material utilizado para compor um personagem, maquiagem, efeitos da
cena; além das condições físicas, os atores sofrem a pressão de continuar, mesmo não se oferecendo
boas condições de saúde. Alguns atores recebem orientações vocais, mas geralmente estão
relacionadas à composição para um personagem. Em muitas situações, não utilizam nenhuma
forma de amplificação e desenvolvem hábitos ruins como ingestão de álcool e falta de cuidados
com a saúde geral.
Operadores de telemarketing apresentam jornada de trabalho de seis horas consecutivas,
este é em si um fator desencadeador de uma disfonia pela alta demanda vocal, pois esse
trabalhador passa as seis horas utilizando a voz ininterruptamente. Essa profissão também sofre
com os fatores ambientais, como ar condicionado muito gelado, headset mal posicionado, baia
de trabalho e cadeira não ergonômicas. A exigência também parte dos princípios articulatórios,
clareza nas palavras e alta capacidade de resolver problemas (BEHLAU, 2010).
Líderes religiosos apresentam uma modificação vocal muito atrelada à mensagem
espiritual que desejam comunicar, para que essa mensagem seja transmitida de maneira eficaz,
além de criar emoção. Devem, em outros momentos, levar uma palavra de calma e conselho
para os fiéis, para isso também é necessário aprimoramento vocal para que o profissional consiga
desempenhar suas funções sem causar prejuízo à própria voz. O aprimoramento vocal também
se faz necessário no desempenho da função do político pela exigência da mensagem a ser
transmitida, uma vez que esse profissional circunda entre tantos ambiente sociais como reuniões,
discursos a céu aberto, conversas com a comunidade, debates e comícios. Em época eleitoral, os
distúrbios vocais surgem com mais frequência devido à demanda vocal, as modificações vocais
VOZ | UNIDADE 3
favorecem a transparência na comunicação (BEHLAU, 2010).
A classificação dos estilos musicais também gera características diferentes nos fatores
causadores de distúrbios vocais, como, por exemplo, no estilo de canto popular que mais
se aproxima dos ajustes da voz falada, um cantor que busca canto popular geralmente busca
ajustes vocais múltiplos, pois apresenta estilos variados. Nessa busca, o cantor que não está bem
preparado irá criar comportamentos nocivos à voz. A falta de higiene vocal e a falta de educação
musical formal e falta de resistência vocal são achados comuns no canto popular.
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Figura 4 - Cantor popular Emicida ao lado de sua fonoaudióloga. Fonte: Stachewski (2019).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os problemas vocais são impactantes na qualidade de vida das pessoas, muitas vezes, só
nos damos conta de sua relevância ao nos depararmos, por exemplo, com uma crise de afonia.
Para pacientes que sofrem um tratamento agressivo do câncer, poder recuperar a função fonatória
através de alguma técnica é garantia de qualidade de vida após um período conturbado.
Medidas preventivas devem ser tomadas, é papel do fonoaudiólogo atuar também em
ações preventivas quanto à saúde geral e à saúde do trabalhador, dentro dos aspectos de saúde
vocal. Os cuidados contínuos são fundamentais; portanto, é papel do fonoaudiólogo garantir
aprendizagem de conceitos básicos de cuidado e higiene vocal, tanto nos profissionais da voz
falada quanto nos profissionais da voz cantada.
Vimos, nesta unidade, as possibilidades de atuação do fonoaudiólogo, fundamental para
o preparo e a garantia da promoção da saúde vocal. A promoção da saúde é um elemento em
evidência nas discussões sobre saúde. Atores, jornalistas, professores, dubladores, narradores,
teleoperadores etc. apresentam características particulares para o desempenho de cada função.
Cabe ao fonoaudiólogo compreender e tornar a ocupação favorável à sua voz.
A parcela da população que utiliza a voz de maneira profissional está sujeita a complicações
durante suas funções que podem impedir o trabalho. Além do impacto gerado pela autoimagem
distorcida, isso pode comprometer a carreira do trabalhador impedido de trabalhar, ou com
VOZ | UNIDADE 3
baixo rendimento, problema de inter-relação. O processo de orientação e reabilitação vocal é
singular para os profissionais da voz, grupo que apresenta uma exigência em sua performance.
Cabe ao fonoaudiólogo compreender as necessidades de cada um e adequar a voz dentro das suas
possibilidades e características.
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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA
04
DISCIPLINA:
VOZ
VOZ CANTADA
PROFA. ANNE PAULA P. M. AMARAL
PROFA. MA. MARIANA HAMMERER
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................70
1. PROPRIEDADES DA VOZ CANTADA: REGISTROS, TIMBRES, AFINAÇÃO E GOLPES DE GLOTE....................... 71
2. CARACTERÍSTICAS DA VOZ CANTADA ..................................................................................................................72
3. ESTILOS DE CANTO.................................................................................................................................................75
4. INFLUÊNCIA DIRETA E INDIRETA NA VOZ CANTADA..........................................................................................78
5. AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA VOZ CANTADA................................................................................................80
6. DIFERENÇA ENTRE VOZ CANTADA E VOZ FALADA.............................................................................................83
6.1 DINÂMICA VOCAL NA VOZ CANTADA.................................................................................................................84
7. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA VOZ CANTADA...............................................................................................85
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................87
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Esta última unidade da disciplina “Voz” procura trazer aspectos sobre a voz cantada.
Compreender que a parte prática é muitas vezes diferente da teórica estudada ajuda a compreender
o quanto a voz cantada tem particularidades, características e peculiaridades tanto na área
musical quanto na área fonoaudiológica. Se pensarmos na voz falada e na voz cantada de pessoas
que conhecemos, nem sempre se parecem!
Sendo assim, ao longo da unidade, abordaremos assuntos sobre características da voz
cantada, extensão e tessitura vocal, registros, vibrato, timbre, ataque glótico e finalização vocal.
Traremos informações sobre variados estilos de canto e algumas de suas particularidades.
Falaremos de Canto lírico, Coro Lírico, Canto de musical e a preparação do cantor, Belting, Canto
popular e Canto Coral, sempre nos voltando para a realidade do nosso país.
Você encontrará algumas recomendações sobre influência direta e indireta na voz
cantada, desde questões como uso de incentivadores vocais ou até mesmo discussões sobre alguns
alimentos que podem ou não influenciar diretamente a voz no canto.
Apresentamos uma proposta de avaliação e classificação da voz cantada, por meio de uma
ficha de avaliação vocal de cantores/coralistas, que possibilita analisar vários aspectos da voz, por
meio da sonoridade.
Por fim, garantir que esses fatores colaborem para o bom desempenho do cantor exige
VOZ | UNIDADE 4
raciocínio clínico. Você verá as possibilidades de apoio ao cantor e como potencializar seu
desempenho vocal.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Outros nomes como Mix de cabeça ou Speaking (mix de cabeça), Registro médio e Borda
tênue, cada vez mais, vêm sendo usados. Ainda, nomes como voz de flauta e registro médio são
VOZ | UNIDADE 4
comuns quando falamos de registros.
O timbre é a qualidade que a voz apresenta. Entendemos que reconhecemos um timbre
do instrumento violão, ou piano, ou ainda violino, quando escutamos e não vemos o instrumento,
conseguimos pela escuta reconhecer seu timbre. “Timbre, a ‘côr’ dos sons ou da voz; a qualidade
que faz ser diferente uma voz da outra, a flauta do violino, a trompa do oboé, etc., o registro
médio da voz do registro grave ou alto” (SINZIG, 1976, p. 577).
O timbre em relação à voz se dá por características como soprosidade, voz rouca,
metálica, anasalada, e podemos modificar a qualidade do timbre, que pode vir da fonte ou do
filtro. A fonoaudióloga Silvia Pinho, no “1º Episódio” (A VOZ, 2011a), dá alguns exemplos de
como modificar o timbre, deixando a qualidade mais soprosa, tenso e mais rouco, mostrando essa
qualidade que vem do nível glótico, com as pregas vocais. Depois, ela demonstra alguns timbres
que apresentam uma relação com o trato vocal, como uma voz nasal ou uma voz metálica.
O vibrato é um efeito musical que consiste na variação regular da frequência de
determinado som, somada a vibrações sincrônicas de intensidade. Na voz humana, varia a
frequência em altura: “[...] de modo geral, em um semitom ou menos, dependendo do gênero de
música e do cantor” (SOUZA, 2016, p. 59). Foi usado pelos cantores de rádio, influenciado pelo
bel-canto da ópera italiana: “[...] a rítmica e a fonética do português do Brasil, o vibrato na música
popular acabou se revestindo de características próprias” (SOUZA, 2016, p. 59).
Pode ser produzido de várias maneiras por meio da articulação, há três maneiras de se
obtê-lo: pela movimentação da laringe, pela movimentação do diafragma e pela combinação de
ambos (SOUZA, 2016, p. 59).
Outras características, como melismas e drives em alguns estilos, também são termos
frequentemente usados em alguns estilos de canto.
Na finalização vocal, em momentos de performance, notamos o envolvimento de todos
os aspectos e características da técnica vocal e outras questões importantes, como a afinação do
cantor.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
VOZ | UNIDADE 4
Escolher bons professores, para técnicas específicas para seu estilo musical, é fundamental.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Quando há queixas de cansaço vocal no início dos estudos vocais, orientamos que o
cantor faça uma avaliação e um exame de laringoscopia ou videoestroboscopia com um médico
otorrinolaringologista. Após diagnóstico do exame, se apresentar fendas, nódulos vocais ou
calos, ou ainda pólipos vocais, recomendamos que inicie um tratamento com fonoaudiólogos
especialistas em voz, na área de voz/canto, que podem realizar a reabilitação desse cantor, e
ainda orientar para prevenção, mudança dos comportamentos e depois, sim, trabalhar a estética
no canto. Em muitos casos de atores, fonoaudiólogos ajudam na construção de personagem,
trabalhando características de timbre.
A tessitura vocal envolve todas as notas que o cantor consegue cantar, entretanto a extensão
vocal é o limite das notas que ele canta com qualidade, por exemplo, uma cantora consegue, em
seus exercícios de canto, cantar de dó3 a dó5, mas no repertório que realiza, fica mais confortável
cantar de ré3 a lá4.
As características individuais vocais já mostram que não é necessário, quando cantamos,
cantar no mesmo tom do cantor que executa aquela música, às vezes, abaixar ou subir ½ tom faz
muita diferença na qualidade vocal final.
As pregas vocais, conhecidas popularmente como cordas vocais, são duas pregas,
produzem o som e podem participar da construção de um personagem, por exemplo, um som
“growling”, usado em estilos como jazz e rock, é produzido pelas falsas pregas vocais.
Outras características dependem da execução da projeção vocal e da intensidade. A
projeção se refere ao brilho que uma voz no palco precisa ter, por exemplo. O trabalho com a
intensidade (forte ou fraco) tem a ver com a quantidade de ar que vem do pulmão, da pressão
subglótica e da projeção.
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A VOZ - Episódio Final - TV Guia do Ator (Programa 23). 2011.
Publicado no canal Guia do Ator. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=pEMH3faVy0g. Acesso em:
12 mar. 2020. Veja neste vídeo alguns exemplos sobre a projeção
vocal com a fonoaudióloga Dra. Silvia Pinho (nos primeiros 8 min).
Os ciclos de inspiração e expiração na voz cantada são diferentes da voz falada. (BEHLAU;
REHDER, 2009, p. 6). Na voz cantada, a respiração é treinada, diferente da falada, que é uma
respiração natural. As respirações no canto se dão de acordo com as frases musicais, de forma
rápida e pela boca, há também casos em que respiramos pelo nariz e pela boca juntos. Respirar
somente pelo nariz altera o som; na respiração pela boca, o palato automaticamente levanta,
facilitando o canto. O volume de ar é outra característica diferente entre a voz falada e cantada. No
canto, o volume de ar é grande, esvaziando totalmente os pulmões. A movimentação pulmonar
também é grande, durante a tomada de ar, há expansão de todas as paredes do tórax; em alguns
casos, apoio abdominal inferior. Para controlar a expiração, necessitamos manter a caixa torácica
expandida, sendo ativa no canto.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Cada estilo musical apresenta uma respiração indicada, para uma performance
adequada, que apresente as características vocais, é necessária a também a respiração, ela pode ser
clavicular, abdominal, intercostal, posterior, costodiafragmática, com ou sem apoio abdominal.
Cada professor, que trabalha com seu estilo, saberá orientar. No caso do canto coral, coletivo,
geralmente se propõe uma respiração costodiafragmática ou respiração costal diafragmática
com apoio abdominal inferior, para que mantenha sempre a laringe baixa, para que os coralistas
realizem menos esforço vocal ao cantar, e sim mais apoio na região aguda e gastem menos o ar, e
menos apoio no grave, gastando mais o ar.
Nenhuma das respirações é mais correta ou errada, depende do resultado estético e
técnico devido ao estilo musical.
VOZ | UNIDADE 4
A fonação no canto também traz características variadas da voz falada (BEHLAU;
REHDER, 2009, p. 7). Como falamos, no caso do coral, mantém-se a laringe baixa – o que
também ocorre na maior parte das escolas de canto –, estabilizada, até nas regiões mais agudas.
A ressonância, na “máscara”, comumente é alta. Para o canto, buscamos esse conjunto
entre respiração, ressonância e projeção para chegarmos a uma qualidade vocal. Os espaços da
ressonância, onde o cantor vai “colocar” o som, é muito importante para que a performance
aconteça com excelência (BEHLAU; REHDER, 2009, p. 8).
A qualidade vocal depende do estilo e do repertório musical. No canto coral, procura-se
uma sonoridade mais uniforme, mesmo quando há solista; esta voz se destaca, diferente do coro,
que mantém essa característica em todo o tempo. A performance individual traz características
próprias, necessitando estar totalmente no seu estilo, por exemplo, um cantor de bossa nova não
pode cantar como o lírico, e vice-versa. Para isso, há a necessidade de o professor ser específico
quanto ao estilo que lhe interessa aprender (BEHLAU; REHDER, 2009, p. 9)
Há relatos de pessoas que fazem aula de canto há um bom tempo e que tiveram que tratar
alguma alteração vocal nas pregas vocais. Será que esse cantor está com o profissional correto?
Muitas vezes, está fazendo aula com professor de outro estilo, ou então, falta uma orientação
continuada, como na voz falada.
Como podemos observar, há muitas variações entre a voz falada e a cantada. Dependendo
da profissão, no dia a dia do cantor (nem sempre ele é só cantor), se usa muito a voz falada
incorretamente, com pouca projeção, e outras características que o prejudicam. Isso irá refletir na
voz cantada e, consequentemente, o mesmo acontecerá em caso contrário.
Por isso, é importante o cantor conhecer sua voz, sua musculatura, a técnica dentro do
estilo musical que quer aprender, e cuidar da voz, prevenindo alterações.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3. ESTILOS DE CANTO
Iniciaremos pelo Canto lírico, que explora o máximo do performer, da sua respiração,
apoio, espaço faríngeo, e o que conseguir de voz sem auxílio do microfone. Andreia Vitfer, em
entrevista para o “1º Episódio” (A VOZ, 2011a), diz que, neste estilo de canto, não é comum o
uso de microfone nas performances, ele só é posto em palco quando há gravação, captação, ou
quando há rádios que vendem programas orquestrais de concertos, ou ainda, para amplificação,
quando estão em ambientes sem acústica necessária, como um estádio ou campo de futebol.
No Coro Lírico, todos os cantores devem ser treinados no repertório operístico. Há
algumas características no coro desse estilo diferentes do solista; por exemplo, nos madrigais,
preferem-se cantores com vozes leves, sem muito vibrato, com grande importância para a dicção
do texto, para uma qualidade de afinação do coro.
Canto de musical é um estilo que propõe um foco no texto, na história cantada e a
valorização da consoante. A vogal acaba sendo trabalhada, entretanto, para contar a história, há
este diferencial. O uso de microfone é mais comum nesse estilo.
Na preparação do cantor para musicais, o cantor precisa, neste caso, se desenvolver em
várias habilidades artísticas, não só no canto. O maestro Marconi Araújo, em entrevista no “3º
Episódio” (A VOZ, 2011c), diz que, no Brasil, temos uma diferença brusca quando comparado
com os EUA e, em outros países, neste tipo de canto, os cantores já apresentam vivências diferentes
em artes, aprendem que a arte é mais ampla.
Belting contemporâneo é uma técnica vocal de canto muito usada em teatro musical,
VOZ | UNIDADE 4
muito nova no Brasil. Exige-se mais tecnicamente do emissor, é forma de fazer mix voice – registro
médio. Como a técnica foi desenvolvida pelo maestro Marconi Araújo, temos a vantagem de a
literatura ser em português.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
É importante saber que nem todo repertório de coral é possível para qualquer coro!
Depende muito do nível do coro, de seus coralistas (se tem equilíbrio entre as vozes masculinas e
femininas), quantidade de coralistas por naipes, entre outros aspectos.
Há muitos coros que trabalham com acompanhamento de pianista e que realizam
correpetição do repertório. Outros coros costumam cantar a capella – sem acompanhamento
instrumental.
Temos diversos tipos de corais e suas formações, as mais encontradas são: Coros de
estudantes (Infantis – Coros de escolas, ou Coros de Universidades – adultos), Coros institucionais,
Coros religiosos, Coros independentes, Coro de câmara, Ensembles, Coro sinfônico, Coro lírico,
Coro Cênico e Coros de aprendizado.
Temos a classificação CORO MISTO (obrigatoriamente tem que ter vozes masculinas e
femininas) e CORO DE VOZES IGUAIS (feminino ou masculino).
Quando um coral ensaia um repertório popular, encontramos alguns instrumentos
acrescentados à performance, além do piano de que já falamos anteriormente, percussão
(instrumental ou corporal), violões, bateria, entre outros. É comum também, nos arranjos, alguns
usarem sons vocais como acompanhamento do coro (harmonia).
VOZ | UNIDADE 4
America’s Got Talent 2018. Notamos efeitos de sonoridades (com
sons de “x”, sons de pássaros) e algumas coreografias simples
que o coro realiza e que, em nenhum momento, prejudicam a
performance musical. Há um solista junto ao coro, que destaca sua
voz nos momentos de solo, não perdendo o estilo musical. Este faz
uso de microfone auricular. Muitas vezes, as vozes masculinas estão cantando
junto na mesma voz que o solo; mesmo assim, há um destaque do solo. O grupo
coral usa instrumentos de percussão na sua apresentação, por conta do estilo.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=B1cjW3rGSvg. Acesso em: 2
fev. 2020.
Há uma busca pelo repertório a ser apresentado por cada grupo, tanto em obras quanto
em arranjos, pois as dificuldades técnicas que aparecem para o conjunto precisam ser levadas
em consideração. Temos hoje um grande número de coros classificados como “Coros amadores”,
em que as pessoas não têm uma intenção de trabalhar repertório para performance, mas, sim,
aprender a técnica vocal, cantar corretamente, interagir com outras pessoas. Não quer dizer que
esse coro não possa ter qualidade musical, mas o foco não é rígido como um Coro de Câmara,
pois o perfil é outro.
Há muitos coros no Brasil e no mundo. No nosso país, encontramos de todos os tipos, de
várias formações diferentes. Basicamente, no Canto Coral, as vozes se dividem em naipes; depois
de uma classificação vocal, o regente ou preparador do coral divide as vozes pela sua tessitura
vocal, basicamente, em:
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Quadro 1 – Dados do livro Higiene vocal para canto coral. Fonte: Adaptado de Behlau e Rehder (2009).
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mais graves (mais “grossas”); as vozes classificadas como meio-soprano, que podem também ser
chamadas de mezzo-soprano, e barítono são vozes medianas, ou “médias”, nem tão graves ou tão
agudas.
Há outras nomenclaturas de vozes, que existem além das mais comuns apresentadas,
como contratenores e sopranistas. Embora alguns repertórios sejam comuns das duas vozes, elas
são diferentes por questões fisiológicas, de timbre e de passagem.
Veja o vídeo Vida de Cantor Lírico 2 | Diferença entre contratenor e sopranista. Neste
vídeo, você terá uma explicação detalhada sobre a diferença dessas vozes pelo
sopranista brasileiro Bruno de Sá Nunes. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=HWQH3z-moTQ. Acesso em: 2 fev. 2020.
Veja também uma performance do sopranista para compreender sonoramente
como é essa voz. Neste vídeo, ele se apresenta junto com o contratenor Martin
Oro. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AL1PDDBj7LY. Acesso
em: 2 fev. 2020.
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hoje, podemos nos amparar em recursos que possam nos ajudar na prevenção, ou na melhora,
quando há um desgaste vocal.
Inalação com soro e nebulização, hidratação com água, dormir bem são fundamentais
para o cantor no seu dia a dia e nos momentos de performance. Usar LaxVox e realizar exercícios
vocalizes apropriados será o ideal para o cantor.
O inalador portátil, que funciona com duas pilhas, é super prático, podendo,
assim, fazer inalações com soro em intervalos de trabalho, ou até mesmo, durante
o aquecimento vocal, auxiliando na hidratação das pregas vocais. Ideal para
cantores e outros profissionais que usam a voz como instrumento de trabalho. E
tem uma vantagem: é muito silencioso!
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averiguar as sensações. Evitar alguns hábitos como líquido junto com as refeições, alimentos
ácidos como café, frutas cítricas, chocolate, pimentão e álcool auxilia na melhora dos sintomas.
Dormir de estômago cheio também não é recomendado, pode causar refluxo gastroesofágico.
Além de alterações, lidamos com uma questão muito difícil para muitos cantores: a
ansiedade! Ela causa um problema que afeta diretamente a voz do cantor! Muitas vezes, o cantor
precisa enfrentar outras características físicas e psíquicas que não são necessariamente vocais,
mas que afetam diretamente o resultado final. Ele sabe a técnica, a respiração, onde “colocar a
voz” no seu estilo e, muitas vezes, a parte psicológica faz com que se perca todo o trabalho que
ele tem.
Em geral, deve-se primeiro evitar um abuso vocal, ou ainda o mau uso da voz; por
exemplo, quando o cantor realiza ataques bruscos, a falta de coordenação da respiração, a falta de
ar para impulsionar, falta de apoio, tensões na garganta ou cervical são prejudiciais.
A falta de hidratação causa um ressecamento da mucosa, acarretando, assim, um maior
esforço vocal, um aumento da tensão na garganta e tem-se perda de volume. E quando há
rouquidão, deve-se evitar cantar e fazer repouso vocal.
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A primeira mudança tem que ser do comportamento vocal do cantor. Ele deve observar
o que influencia direta ou indiretamente a sua voz especificamente. Para algumas pessoas, água
gelada faz mal, isso não é uma regra para todos, entretanto tomar algo gelado diminui a circulação
de sangue na garganta. Para alguns, não há sensação diferente. O mel, por exemplo, é benéfico
para a saúde, mas não pode ser usado para a performance. É o mesmo caso do gengibre, que tem
efeito anestésico, faz bem para o corpo, mas, antes da performance, tomar chá de gengibre deve
ser evitado, seu efeito é anestésico. Algumas fórmulas em spray, geralmente, “[...] incluem um
componente analgésico e anestésico que atua como o álcool sobre as paredes da boca e faringe”
(BEHLAU; REHDER, 2009, p. 37).
Por isso, a Fonoaudiologia é voltada para a reabilitação do cantor ou uma habilitação,
propondo esta mudança no comportamento vocal, e o professor de canto vai realizar
posteriormente um treinamento vocal desse cantor.
Após a performance, deve haver o que chamamos de desaquecimento vocal. O cantor
deve continuar hidratando com água e soro fisiológico, realizar bocejos e depois deve ter um
repouso vocal.
É fundamental ter boa alimentação, pois o que comemos influencia diretamente, causando
ou não pigarros, deixando a saliva mais grossa, e conhecer o seu corpo e observar o que lhe
faz mal é importante. Antes de cantar, o cantor deve evitar alimentos com gorduras, chocolates,
alimentos “pesados”. Deve preferir alimentos mais leves, comer maçã; além disso, deve usar
roupas confortáveis, principalmente quando for cantar por um longo período de tempo.
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Cada exercício de técnica vocal é pensado para uma finalidade específica, exercícios
de vibração, por exemplo, massageiam as pregas vocais e ajudam a circular o sangue no tecido.
Outros exercícios são pensados para o trabalho da extensão vocal, um “alongamento” da prega
vocal; outros, ainda, para trabalhar o apoio, com sons staccato. Existem diversos exercícios, e
cada professor de canto dentro do seu estilo realizará o mais adequado para aplicar com o cantor
dentro do repertório.
Apresentaremos a seguir um modelo de avaliação vocal usado para uma classificação
vocal com cantor coralista, útil também para cantores.
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Esta ficha de avaliação vocal foi criada a partir de modelos disponibilizados na dissertação
de mestrado Diagnose em canto coral: parâmetros de análise e ferramentas para avaliação, de
Paulo Rubens Moraes Costa (2005).
Nos primeiros campos preenchidos, temos informações importantes, como a idade do
cantor, se é criança, adolescente, adulto ou idoso. Essas características são fundamentais para a
escolha do repertório, e ainda, dependendo da idade do cantor, é necessário verificar se a criança
está passando por muda vocal, ou se o idoso já apresenta algumas dificuldades vocais por conta
da idade, estruturas que devem ser pensadas de acordo com a característica individual.
A experiência com canto nos traz não só se a pessoa fez aula de canto e com qual professor,
mas também outras informações relevantes, como, por exemplo, se cantou em algum grupo de
igreja e, se fez aulas, foi individual ou coletiva?
Saber a preferência musical é importante para detectar outros aspectos vocais, pois em
alguns estilos musicais, muitos tentam “imitar” e “copiar” a forma como o cantor realiza sua
performance vocal. E verificar se há uma preferência por um estilo de música no contexto descrito
pelo aluno leva à procura por uma técnica específica de um estilo musical.
Conseguimos realizar uma classificação da tessitura geral e também da extensão vocal.
Na tessitura geral, registramos todas as notas musicais que a pessoa consegue atingir ao cantar,
por meio de exercícios vocalizes. A extensão vocal é classificada pela qualidade de emissão dos
sons. Por exemplo, o cantor pode atingir até a nota si5, entretanto na sua extensão vocal, é ideal
que cante até sol5. Usamos a clave de sol para escrever as notas para as vozes femininas e a clave
de fá para vozes masculinas, no caso de notação musical.
As regiões de passagens vocais são caracterizadas pelo tipo de classificação vocal e
ajudam a classificar e identificar problemas como “quebras”, reclamações comuns de cantores,
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dependendo da música, quando exige uma grande extensão vocal, pois, muitas vezes, escutamos
“falhas” vocais, ou até mesmo passagens entre registros.
O tom cantado por um cantor não é, e não deve ser, o mesmo tom cantado por todos! O
tom deve ser confortável, em regiões que explorem sua extensão vocal com qualidade. Se o tom
estiver muito agudo ou muito grave, notaremos perdas claras de qualidade vocal ao escutar e,
muitas vezes, subindo ou abaixando um tom ou meio tom, fica ideal para aquela voz.
Após observarmos os aspectos vocais da emissão nessa ficha, observaremos a postura.
Pediremos para o aluno cantar uma música inteira ou um trecho, de preferência com variações de
alturas – podemos pensar em estrofe e refrão; assim, poderemos ter uma ideia em regiões graves,
médias e agudas.
Um item muito importante a ser observado é a respiração. Observar se ela está “alta”, com
ou sem expansão das costelas, ou sem nenhum tipo de movimentação, é necessário para seguir
um trabalho com o cantor.
No item “características vocais”, observamos toda e qualquer qualidade ou modificação
apresentada, desde sonora até o aspecto visual. Externamente, na região do rosto, podemos
observar a articulação: se é precisa em relação às consoantes, como são pronunciadas junto às
vogais, o movimento da língua, se o som é frontal ou não, metálico ou não, nasal, entre outros.
Marcamos os itens que o aluno apresenta com um “x” e, nos outros, escrevemos as demais
características.
Muitas vezes, a falta de percepção musical, a falta da vivência com canto traz problemas
com a afinação, ou outras situações que já tratamos no início da unidade.
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A memória rítmica vem antes da afinação. Quando um bebê pequeno começa a cantar,
é provável que ele cante desafinado “borboletinha tá na cozinha”, e ainda, algumas das sílabas
das palavras, mas não perde a memória rítmica. A prega vocal da criança demora um tempo
para iniciar no canto de fato. É aconselhável que iniciem em corais crianças maiores de 5 anos. E
muitas vezes, não temos coros infantis, temos coros mistos, como “infanto-juvenis”, justamente
pela dificuldade e falta de conhecimento de regentes corais para trabalhar com vozes de crianças
tão pequenas.
Há alguns casos em que o cantor faz uma avaliação vocal para participar em um coral;
muitas vezes, sua classificação não será o naipe que ela irá cantar. Desse modo, podemos
determinar uma “atual classificação vocal” durante um tempo. Isso se deve ao tanto de técnica
que a pessoa já apresenta. A voz pode ser de soprano; entretanto, se a técnica está muito iniciante,
e a coralista realiza esforços vocais, ela pode iniciar cantando algumas músicas do repertório na
voz de contralto, cuja extensão vocal não seja inadequada para ela no momento.
Outras observações podem vir a ser relevantes, inclusive algumas orientações ou
solicitações, qualquer tipo de observação que necessite de tratamento. Explicamos a necessidade
de procurar um otorrinolaringologista para realizar um exame de videolaringoscopia ou
videoestroboscopia para visualizar as condições das pregas vocais, e com o laudo médico, caso
haja fenda, nódulo ou outra alteração, solicitamos imediatamente que procure um tratamento
fonoaudiológico.
Essa avaliação pode ser realizada por profissionais na área do canto e/ou fonoaudiólogos
que trabalham com voz cantada. Música e fonoaudiologia são duas áreas que se complementam,
principalmente no canto, entretanto o fonoaudiólogo faz fonoterapia, de reabilitação ou adequação
vocal do cantor; já o professor de canto ou regente (no caso do canto coral) trabalhará a técnica
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vocal, aspectos musicais e performance dentro do estilo.
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Outro parâmetro que pode ser diferenciado é a fonação: na voz falada, ocorrem maiores
ciclos de abertura de prega vocal do que fechamento, provocando mais clareza na produção de
vogais; na voz cantada, a vibração de prega vocal permite a criação de mais harmônicos na voz.
A altura tonal em decibéis da voz falada está em torno de 64 db; este é um dado que
representa a diferença de ressonância e projeção vocal entre voz falada e cantada. No canto,
algumas pessoas são capazes de alcançar 110 db. A projeção da voz falada é amparada pelo
aumento da respiração, abertura de boca e está em nível médio, enquanto na voz cantada a
tendência de uso da ressonância é alta. Com o aprimoramento vocal, o cantor desenvolve técnica
para executar todos os níveis de ressonância, médio, alto e peito, lembrando que, para cada estilo
musical, o cantor desenvolve uma técnica específica e os ajustes vocais são específicos daquele
estilo (BEHLAU, 2010).
Outras características com qualidade vocal, pausa e postura são diferentes na voz falada
e cantada pela exigência que ocorre no canto, enquanto que, na voz falada, não. Os sons de fala
são empregados na voz falada de maneira mais articulada, precisa e ampla, pois o objetivo central
nessa modalidade é ser compreendido quanto às palavras; no canto, a influência da mensagem
passada está nos aspectos melódicos.
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exigência muscular e a dinâmica executadas no canto.
Dois músculos desempenham função determinante na voz: o músculo TA (tiroaritenóideo)
e CT (cricotireóideo). O primeiro corresponde ao corpo da prega vocal e à produção dos sons
graves, é um músculo extremamente fatigável, pois realiza contração lenta. O músculo CT realiza
o alongamento das pregas vocais produzindo os sons agudos, facilitando a produção de uma voz
com a sensação de ressonância mais alta (MARCHESAN; JUSTINO; TOMÉ, 2014).
No canto erudito, por exemplo, a grande maioria das mulheres canta em região aguda,
recrutando mais ainda a participação do músculo CT; neste estilo de canto, normalmente não é
utilizado o microfone, portanto o cantor busca maior projeção vocal para transmitir o canto.
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postura e preparar o corpo para receber as modificações corretas (MARCHESAN; JUSTINO;
TOMÉ, 2014).
O aquecimento vocal consiste em uma ordem sequenciada de exercícios. O primeiro
exercício é a ativação máxima do músculo tireoaritenóideo com a produção de “a” basal grave
repetida cinco vezes. O segundo exercício é a ação do músculo cricotireóideo, realizando sopro em
som agudo cinco vezes repetidas. O terceiro é a mobilização de mucosa da prega vocal realizada
através da vibração de língua em tom médio e, na sequência, em escala musical, passando para o
quarto exercício de projeção de voz no espaço: a produção de sons fricativos como F/Z/J e, por
último, o quinto exercício, ativando as ressonâncias através da produção de sons nasais M/N/NH
modulados, dissipando a energia. Esse aquecimento vocal é muito importante para a prática da
voz cantada, todos os estilos musicais devem compreender sua importância e nunca devem ser
subestimados (BEHLAU, 2010).
A recuperação de uma disfonia deve seguir o conceito clínico que já aprendemos;
no entanto, na prática da voz cantada, o fonoaudiólogo deve proporcionar ao paciente o
aprimoramento vocal. É nesse sentido que cada estilo musical demanda uma aplicação diferente
para cada um.
Começamos pelo canto popular, nele temos estilos mais conhecidos como o sertanejo. As
características marcantes desse estilo são ressonância nasal e excesso de vibrato. A característica
de qualidade vocal observada é tensa e comprimida. No estilo musical samba e pagode, a
característica principal são as rápidas variações rítmicas e de qualidade. Já o estilo musical rock
requer maior constrição laríngea, qualidade vocal áspera e rouca e o canto de alta intensidade.
Essas infinitas variações fazem com que a atuação fonoaudiológica nestes casos seja de
seleção de quais comportamentos podem ser mantidos e quais devem ser trabalhados. Uma vez
que alguns comportamentos nocivos constituem a característica do cantor, deve ser trabalhada a
resistência vocal correspondente à exigência da sua agenda, principalmente em cantores da noite.
Fatores com articulação podem fazer parte do processo (BEHLAU, 2010).
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preciso estudos e preparo.
Agora veja o vídeo Freddie Mercury - How can I go on, disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=akdAvg8SO1A, em que a mesma cantora
realiza uma performance com o cantor Freddie Mercury. A cantora utiliza
ajustes do canto lírico enquanto o cantor do canto popular, em determinado
momento da performance, utiliza a voz falada, característica do canto popular.
Independentemente das classificações do canto, o preparo vocal se faz necessário
para o bom desempenho e manter a saúde vocal.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entender o papel de cada profissional no meio da voz cantada é muito importante. As áreas
se completam, por isso é necessário que o cantor tenha um bom otorrino, um bom fonoaudiólogo
e um bom professor de canto.
O médico otorrinolaringologista deve ser consultado em média uma vez por ano, ou
quando o cantor notar perda de agudos ou muita rouquidão frequente. O fonoaudiólogo fará a
fonoterapia, de reabilitação ou adequação vocal, do cantor. Já o professor de canto trabalhará as
questões técnicas na música, de estilo musical e fará manutenção.
Conhecer sua voz, saber o que faz bem para seu corpo e utilizar meios que possam influenciar
diretamente no seu resultado sonoro é fundamental para um cantor, independentemente do nível
musical ou da experiência vocal que ele tenha.
Por isso, as áreas que atuam diretamente com o cantor (música e fonoaudiologia) devem
ter muitas parcerias e integrações. É importante que o professor de canto conheça e saiba trabalhar
a voz do seu cantor, assim como o fonoaudiólogo saiba compreender as ações da voz cantada
para, assim, as áreas trabalharem juntas!
O mais importante para quem quer desenvolver o canto é criar uma disciplina de estudos.
Cada um já traz consigo um nível musical, as vivências anteriores aos seus futuros estudos;
entretanto, há muitas questões fonoaudiológicas e musicais envolvidas para ser um excelente
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cantor.
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