O Pensamento de Durkheim e Marx
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Geraldo Amaral
As ideias e os sentimentos coletivos não podem ser modificados ao nosso bel prazer.
Durkheim defende que o melhor método para se explicar a função do “fato social” na
sociedade, seria através da observação, de maneira semelhante ao adotado pelos
cientistas naturais, levando-se em conta, entretanto, que o objeto do estudo dentro da
Sociologia tem peculiaridades próprias, distintas dos fenômenos naturais. No entanto,
acreditava ele que investigando-se as relações de causa e efeito e regularidade,
poderia se chegar a descoberta de leis, que determinassem a existência de um “fato
social” qualquer e que por conseguinte, determinaria, este, a ação dos indivíduos.
Para ele, os fenômenos coletivos variam de acordo com o substrato social em que
vivem os indivíduos, sendo esse substrato definido pelo território em que os mesmos
vivem e se movimentam, decorrendo daí a comunicação e a interação entre os
mesmos, fatos estes de relevante importância na vida social.
Ao observar um “fato social”, que ele passa a designar como “coisa”, o cientista deve
afastar-se de todo e qualquer conhecimento anterior que ele possua do mesmo,
tomando-o como uma realidade exterior, sem considerar as suas manifestações
individuais, evitando, assim, interferências no resultado da pesquisa a que se propôs.
“Seu papel é exprimir a realidade, não julgá-la”. p. 27 (TÃNIA QUINTANEIRO).
Quanto ao pensamento de Marx, podemos entendê-lo como uma tentativa dele próprio
de compreender a sociedade capitalista através da “luta de classes”, onde a minoria
(capitalista) dita as regras para o viver e pensar da minoria (trabalhadores). A distância
e as contradições cada vez maiores entre os que detêm os instrumentos para a
produção e os que têm apenas sua força de trabalho, constituem, assim, duas classes
básicas, cada vez mais polarizadas, que se transformam no seu objeto de estudo
sociológico.
A criação dessas novas máquinas e/ou tecnologias acabariam por substituir a mão-de-
obra empregada, maximizando o lucro dos capitalistas, através da liberação de
pagamento dos encargos inerentes a ela e criando, ainda, um contingente de
desempregados que seria usado como força inibidora de ação, por parte dos que se
mantêm no emprego, de qualquer demonstração de insatisfação com relação às forças
de produção, dificultando, assim, as transformações nas relações sociais entre os
contrários.
Aos detentores dos meios de produção, interessa, sempre, aumentar os lucros para
garantir a manutenção do poder e seu padrão de vida. Os lucros advindos das novas
tecnologias não são traduzidos em renda para os que continuam em seus postos de
trabalho, aumentado, assim, cada vez mais as diferenças entre as classes sociais. O
trabalhador comum, alienado do pensamento político, através da negação, a ele, da
educação escolar, por exemplo, não é mais dono do produto de seu trabalho,
transformando-se em assalariado da propriedade privada, determinando, assim, o
crescimento dos dependentes proletários e sua miséria. Enfim, o crescimento dos
meios de produção não se traduz em melhoria de vida dos trabalhadores. A alienação,
econômica e cultural, produz no trabalhador a alienação política, que só interessa à
classe dominante, para manutenção do status quo.
Apesar de engajar-se numa teoria que ele afirma ser “crítica e revolucionária”, o
próprio Marx alerta que o método por ele usado não significa o estabelecimento da
verdade, até porque não existe verdade objetiva, apenas verdades, e alerta, ainda,
para o fato de sua crítica ao modo de produção capitalista representa “o ponto de vista
do proletariado” assim como a economia clássica representa o “ponto de vista da
burguesia”, mostrando, assim, que ao contrário da metafísica, a dialética é
contestadora, questionadora, exigindo, dessa forma, um constante reexame da teoria
e a crítica prática.