TEMA 2 - Geradores e Motores de Corrente Contínua
TEMA 2 - Geradores e Motores de Corrente Contínua
TEMA 2 - Geradores e Motores de Corrente Contínua
PROPÓSITO
Identificar as características construtivas das máquinas de corrente contínua e sua influência
nas condições de operação para compreensão do funcionamento das máquinas de corrente
contínua sob diferentes condições, considerando seu regime de funcionamento em regime
permanente.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos uma calculadora científica, a
calculadora de seu smartphone/computador ou um software matemático que você conheça
melhor.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 1
Descrever as características construtivas dos geradores e motores de corrente
contínua
INTRODUÇÃO
As máquinas de corrente contínua (máquinas CC) são divididas em:
No gerador CC, as tensões são induzidas por um condutor em movimento em uma região do
espaço que possui uma densidade de campo magnético. Já os motores produzem trabalho útil
a ser usado por uma carga acoplada ao seu eixo pelo princípio de força induzida em um
condutor percorrido por corrente, imerso em uma região do espaço que possui uma densidade
de campo magnético.
Para iniciarmos o entendimento dessas máquinas, vamos analisar a tensão induzida em uma
espira que se localiza em uma região do espaço submetida a um campo magnético.
→ →
EIND = ( V × B ) . L
(1)
→
B
. Essa densidade de campo é produzida pelas faces (ou sapatas) polares norte e sul,
identificadas por N e S, respectivamente.
O campo
→
B
sempre flui da face polar N para a face polar S, conforme mostra a figura. Uma espira
encontra-se entre as faces polares e possui os segmentos: ab, bc, cd e da.
O início e o fim da espira são ligados a um dispositivo denominado anel coletor. Escovas de
grafite fazem o contato elétrico com esses anéis coletores, levando para o meio externo a
tensão induzida na espira.
Fonte: imgconteudista
Figura 1 – Gerador com uma única espira
Pela aplicação da Equação 1, verifica-se que as tensões nos segmentos bc e da serão iguais a
zero. As tensões nos segmentos ab e cd, para a posição da espira indicada na figura, serão:
Segmento
→ →
eab = ( v × B ) . l = vBL = ωrBL
Segmento cd:
→ →
ecd = ( v × B ) . l = vBL = ωrBL
Fonte: imgconteudista
Figura 2 – Direção e sentido do campo magnético
Percebe-se que, em cada um desses pontos, o ângulo entre vetor velocidade e o vetor
densidade de campo magnético irá variar. Veja a forma de onda da tensão terminal ao longo de
uma rotação:
Fonte: imgconteudista
Figura 3 – Tensão terminal da espira ao longo de uma rotação (faces polares planas)
Vimos que a tensão é senoidal, uma vez que o ângulo entre os vetores velocidade e campo
magnético varia ao longo de uma rotação. Para produzir uma tensão contínua ao longo de toda
uma rotação, a solução empregada é tornar as faces polares côncavas. Dessa forma, as linhas
de campo serão sempre perpendiculares ao vetor velocidade da espira, conforme apresentado
abaixo:
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 4 – Faces polares côncavas. Vetores velocidade e densidade de campo sempre
perpendiculares
Essa nova configuração das faces polares resolve o problema da variação da tensão induzida
ao longo da rotação da espira. Entretanto, a tensão induzida continua invertendo a sua
polaridade quando os segmentos trocam de faces polares:
Vejamos agora o sentido da tensão induzida nos segmentos das espiras dc e ab. Observe que
cada comutador está conectado a um extremo da espira e que ele gira solidário ao eixo do
rotor. Portanto, à medida que o rotor gira, a escova ( + ) sempre estará conectada ao terminal
da espira, que se move sob a face polar sul, enquanto a escova ( - ) sempre estará conectada
ao terminal da espira sob a face polar norte.
A tensão terminal do gerador nesse novo arranjo da máquina é mostrada na forma de onda na
Figura 8:
Fonte:Sandro Santos de Lima
Figura 8 – Tensão terminal da espira ao longo de uma rotação (faces polares côncavas) e
com comutador
Seria um desperdício, porém, empregar um rotor apenas com uma espira. De modo a
aproveitar todo o rotor, são adicionadas espiras ao rotor e estas são conectadas entre si por
meio dos comutadores, conforme mostrado na Figura 9:
Agora, qual é a tensão terminal obtida no gerador para o instante representado na figura? Para
determinar esse valor, vamos sair da escova x até chegar à escova y.
Antes, vamos convencionar que o início da bobina 1 será chamado simplesmente de 1 e o seu
final, por 1’. Essa convenção valerá também para as bobinas 2, 3 e 4.
Primeiro, vamos fazer esse caminho pela espira 1. Saindo da escova x, chegamos ao
comutador a, que está ligado a 1. O terminal 1’ está ligado ao comutador b, que está ligado a 2.
O terminal 2’ está ligado ao comutador c, que finalmente chega à escova y.
Em azul, na Figura 10, podemos ver o caminho feito pela corrente pelo terminal 1 e 2.
Agora, vamos fazer esse caminho pela espira 4. Saindo da escova x, chegamos ao comutador
a, que está ligado a 4’. O terminal 4 está ligado ao comutador d, que está ligado a 3’. O
terminal 3 está ligado ao comutador c, que finalmente chega à escova y.
Considere agora que o rotor tenha girado no sentido anti-horário e agora esteja na posição
indicada na Figura 12. Prove que a tensão terminal Vt será 2e.
Como resultado da adição de mais espiras no gerador, a forma de onda da tensão terminal é
indicada a seguir:
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 13 – Tensão terminal com comutador e duas espiras
Na análise das Figuras 10 e 11, percebemos que existem dois caminhos paralelos entre as
escovas x e y. O número de caminhos paralelos é dado pelo número de polos. Ou seja, uma
máquina de dois polos terá dois caminhos paralelos, máquina de quatro polos terá quatro
caminhos paralelos e, assim, sucessivamente.
E_A=\FRAC{Z}{A}\VARPI RBL
(2)
Considerando que a densidade de fluxo, por ser calculada pelo fluxo total dividida pela área do
polo, temos:
B=\FRAC{\PHI}{A_P}
(3)
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Em que:
Ap é a área do polo
Portanto:
A_P=\FRAC{2\PI RL}{P}
(4)
(5)
E_A=\LEFT(\FRAC{ZP}{2\PI
A}\RIGHT)\VARPI\PHI=K_1\VARPI\PHI
(6)
K=K_1\FRAC{2\PI}{60}=\FRAC{ZP}{60A}
(7)
E finalmente chegamos a:
E_A=KN\PHI
(8)
PROBLEMAS DA COMUTAÇÃO
Suponha que, inicialmente, não haja carga conectada aos terminais do gerador (máquina
operando em vazio). Teremos somente a tensão induzida nos terminais da máquina. Como não
há corrente, a própria tensão induzida será a tensão terminal da máquina.
Nessa situação, as espiras que se encontram entre as faces polares não possuem tensões
induzidas, pois estão na região denominada plano magnético neutro, conforme a Figura 14.
Observe que o plano magnético neutro é 90° adiantado do campo resultante no interior do
estator, que no momento é o campo B.
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 14 – Campo no estator com a máquina em vazio e o plano magnético neutro
Agora, quando uma carga é conectada aos terminais do gerador, uma corrente passa a circular
nas espiras do rotor. Essa corrente é denominada “corrente de armadura” e sua circulação nas
espiras do rotor faz surgir um campo de reação de armadura BRA, veja:
O campo resultante no interior do estator e o novo plano magnético neutro são apresentados
na figura seguinte. Por que o deslocamento do plano magnético neutro é um problema?
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 16 – Novo campo resultante e novo plano magnético neutro
A comutação das máquinas ocorre quando a tensão nos condutores curto-circuitados é zero.
Porém, o deslocamento do plano magnético neutro faz com que nessa região do espaço passe
a ter um fluxo diferente de zero, ou seja, no momento da comutação, a tensão dos condutores
na zona interpolar não será zero. Isso provocará:
Centelhamento
Desgaste no comutador
O segundo método é usar o enrolamento de interpolos, que são pequenos polos localizados
nas regiões interpolares, cuja função é produzir um campo magnético proporcional à corrente
de armadura. Para que isso ocorra eles deverão ser percorridos pela corrente de armadura da
máquina. Veja o enrolamento de interpolos representado a seguir:
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 17 – Enrolamento de interpolos
Para solucionar esse problema são empregados os enrolamentos compensadores. Eles são
construídos de tal forma que produzem um fluxo contrário ao fluxo de reação de armadura.
Para obter tal resultado, o enrolamento de compensação é construído nas faces polares,
conforme apresentado a seguir:
A curva de magnetização relaciona a tensão terminal em vazio com a corrente de campo. Para
obter-se essa curva, o gerador é posto a rotacionar em velocidade constante em vazio (sem
nenhuma carga conectada em seus terminais).
Inicialmente, a corrente de campo é ajustada para zero e a tensão induzida residual do gerador
é medida. Em seguida, a corrente de campo é aumentada gradativamente e, para cada valor
de corrente, a tensão induzida é medida. A corrente de campo é aumentada até chegarmos ao
ponto de saturação da máquina, ou seja, mesmo com o aumento da corrente de campo a
tensão induzida não é mais aumentada.
Como não há corrente de armadura, a tensão terminal da máquina será a própria tensão
induzida. A curva de magnetização típica de um gerador é mostrada a seguir:
Agora, suponha que você tenha a curva de magnetização para dada velocidade n1. Como
determinar a tensão induzida para o gerador quando este é posto a rotacionar em uma
velocidade n2 > n1?
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 20 – Curva de magnetização
E_A=KN\PHI
(8)
E_{A1}=KN_1\PHI
(9)
Mantendo-se o fluxo constante para as duas velocidades, teremos que a tensão induzida para
a velocidade n2 será:
E_{A2}=KN_2\PHI
(10)
\FRAC{E_{A1}}{N_1}=\FRAC{E_{A2}}{N_2}
(11)
MÃO NA MASSA
A) 0,8 $$\pi\;V$$
B) 1,6 $$\pi\;V$$
C) 3,2 $$\pi\;V$$
D) 4,8 $$\pi\;V$$
E) 6,0 $$\pi\;V$$
A) e
B) 2e
C) 4e
D) 8e
E) 16e
A) 0,42
B) 1,69
C) 3,39
D) 5,07
E) 6,80
A) 210
B) 200
C) 190
D) 180
E) 170
A) 761
B) 742
C) 719
D) 700
E) 680
A) 148
B) 132
C) 116
D) 100
E) 84
GABARITO
1. Considere o gerador indicado na Figura 4 com uma espira que possui as seguintes
características construtivas:
$$e_{ind}=2BLv=2BL\omega r$$
Porém:
$$\omega=n\frac{2\pi}{60}$$
Logo:
$$e_{ind}=2BLv=2BLn\frac{2\pi}{60}r=2\times4\times0,2\times1800\times\frac{2\pi}
{60}\times0,05=4,8\pi\;V$$
$$E_a=\frac{ZPn\phi}{60a}=\frac{160\times4\times1600\times0,1}{60\times4}=0,426\;kV$$
Ea1n1=Ea2n2
$$P_{gerador}=\frac{P_{saída}}{0,8}=\frac{15\times746}{0,8}=14$$
$$I_t=\frac{P_{gerador}}{V_t}=\frac{14000}{120}=116\;A$$
GABARITO
TEORIA NA PRÁTICA
Uma pequena indústria utiliza um gerador hipotético cuja tensão induzida no rotor é igual a 100
V. Escovas fazem o contato elétrico entre o comutador desse gerador e seus terminais onde
encontra-se conectado um resistor de 10 \Omega. Considerando que a queda de tensão nas
escovas seja 2 V, determine a potência total dissipada nelas.
RESOLUÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) $$10,20\angle{11,31}^o$$
B) $$5,10\angle{11,31}^o$$
C) $$15,30\angle{11,31}^o$$
D) $$20,40\angle{11,31}^o$$
E) $$10,20\angle{101,31}^o$$
A) $$2BLr\omega\cos{\left(\omega t\right)}$$
B) $$4BLr\omega\cos{\left(\omega t\right)}$$
C) $$2BLr\omega\cos{\left(2\omega t\right)}$$
D) $$2BLr\omega\cos{\left(2\omega t\right)}$$
E) $$6BLr\omega\cos{\left(\omega t\right)}$$
GABARITO
$$e_{ind}=\frac{d\phi}{dt}=\frac{dBA}{dt}$$
$$A=2Lrsen(\omega t)$$
MÓDULO 2
Examinar o funcionamento dos geradores de corrente contínua
INTRODUÇÃO
Geradores são máquinas que convertem energia mecânica em energia elétrica. Os geradores
CC são classificados de acordo com sua forma de excitação, ou seja, a forma como é gerada a
densidade de campo necessária para gerar a tensão induzida. Os tipos de geradores de
corrente contínua são:
Shunt
Série
Composto aditivo:
Curto
Longo
Composto subtrativo:
Curto
Longo
Vf é a tensão de campo
If é a corrente de campo
Ea é a tensão induzida
Ra é a resistência de armadura
Vt é a tensão terminal
If é a corrente de campo
Ia é a corrente de armadura
IL é a corrente de carga
I_a=I_L
V_f={(R_{aj}+R_f)I}_f
{R_F=R}_{aj}+R_f
V_t={E_a-(R_a+R_i+R_c)I}_a-\Delta V_{esc}
E_a=kn\phi
\MATHCAL{F}_{MM}=N_FI_F-\ \MATHCAL{F}_{MMRA}
(12)
Em que:
V_T={E_A-(R_A+R_I+R_C)I}_A
(13)
Seu gráfico é:
Agora, supondo que a máquina não possua enrolamento de compensação, à medida que a
corrente de carga aumenta, o fluxo de reação de armadura fará com que a tensão induzida
diminua. Quanto menor a tensão induzida, maior será a queda da tensão terminal.
Outra característica importante a se definir sobre um gerador é a sua regulação de tensão, que
nos diz em quanto a tensão terminal de um gerador aumentará caso seja retirada a carga
conectada aos seus terminais. Usualmente, exprime-se a regulação em um valor percentual,
que é dado por:
{REG}_\%=\FRAC{V_{T\;EM\;VAZIO}-
V_{T\;COM\;CARGA}}{V_{T\;COM\;CARGA}}100\%
(14)
O controle da tensão terminal do gerador com excitação independente pode ser feito por meio
do controle da velocidade ou da corrente de campo, variando-se R_{aj}.
GERADOR SHUNT
A principal característica do gerador shunt é que o enrolamento de campo está conectado em
paralelo com o circuito de armadura. Dessa forma, a tensão de campo será a própria tensão
terminal do gerador.
Essa configuração traz a vantagem de não necessitar de uma fonte externa de tensão para
operar o gerador.
I_a=I_L+I_f
V_t={E_a-(R_a+R_i+R_c)I}_a
{R_F=R}_{aj}+R_f
I_f={\frac{V_t}{R_F}}
\mathcal{F}_{mm}=N_fI_f-\ \mathcal{F}_{mmra}
E_a=kn\phi
Como é possível obter uma tensão terminal shunt sem possuir uma fonte externa de tensão?
E_{A\_RESIDUAL}=KN\PHI_{RESIDUAL}%
(15)
Essa tensão residual fará circular uma corrente que gerará um fluxo, que se somará ao fluxo
residual. Esse novo fluxo aumentará a tensão induzida que, por sua vez, aumentará a corrente
no circuito.
Tal processo ocorrerá em ciclos até que a máquina atinja o ponto de operação em vazio:
Na reta Vt x If, da Figura 25, verifica-se que a declividade angular da reta é o valor de
R_{aj}+R_f. Acontece que, à medida que aumentamos o valor de R_{aj} a declividade da reta
também vai aumentando até que, para determinado valor de resistência, não ocorrerá a
autoexcitação da máquina. A essa resistência é dado o nome de resistência crítica. Veja:
A característica terminal do gerador shunt possui uma queda de tensão mais acentuado do que
a do gerador com excitação independente. À medida que a corrente de carga aumenta, ocorre
aumento da queda de tensão na resistência de armadura, que produz diminuição da tensão
terminal, que reduz a corrente de campo, diminuindo a tensão induzida, reduzindo ainda mais a
tensão terminal.
O controle da tensão terminal do gerador shunt pode ser feito por meio do controle da
velocidade ou da corrente de campo, variando-se R_{aj}.
Somente é possível determinar a tensão terminal do gerador shunt por meio da análise gráfica,
que será apresentada a seguir:
\MATHCAL{F}_{MM}=N_FI_F-\ \MATHCAL{F}_{MMRA}
(16)
N_F{I_F}^\AST=N_FI_F-\ \MATHCAL{F}_{MMRA}
(17)
{I_F}^\AST=I_F-\ \FRAC{\MATHCAL{F}_{MMRA}}{N_F}
(18)
{I_f}^\ast é a corrente resultante, que simula o campo a menor devido ao efeito de reação
de armadura
Ou seja, a Equação 19 busca determinar um valor de {I_f}^\ast, que seria uma corrente fictícia
responsável por produzir o campo magnético reduzido no gerador shunt, em virtude do efeito
da reação de armadura.
Para aplicar esse conceito na análise gráfica do gerador shunt, agora temos um segmento de
reta bc, cuja dimensão é \frac{\mathcal{F}_{mmra}}{N_f} [A]. Esse segmento será conectado ao
segmento ab, e a tensão terminal será obtida conforme a Figura 29:
I_a=I_L=I_s
V_t={E_a-(R_a+R_{cs})I}_a
\mathcal{F}_{mm}=N_sI_s-\ \mathcal{F}_{mmra}
E_a=kn\phi
Quando esse gerador é acionado com velocidade nominal e sem carga conectada a seus
terminais, não existe a corrente de armadura. Portanto, a tensão terminal da máquina será
devida somente ao magnetismo residual. A partir do momento em que uma carga é aplicada ao
gerador, o aumento do fluxo fará com que haja aumento da tensão induzida.
Quando a máquina possui reação de armadura, o efeito da queda de tensão terminal com o
aumento da corrente de carga é ainda mais acentuado:
GERADOR COMPOSTO
Os geradores compostos possuem os campos série e shunt, ou seja, a tensão induzida gerada
é o resultado das forças magnetomotrizes dos campos shunt (N_fI_f) e do campo série
(N_sI_s).
Normalmente, o efeito da força magnetomotriz do campo shunt é maior do que o campo série.
Longos
Curtos
Compostos subtrativos: são aqueles em que a força magnetomotriz do campo shunt subtrai-se
à força magnetomotriz do campo série. Os geradores subtrativos são divididos em:
Longos
Curtos
Para se determinar se o efeito dos campos será aditivo ou subtrativo, usamos a mesma
convenção dos transformadores. Correntes entrando no ponto das bobinas produzem um efeito
aditivo das forças magnetomotrizes dos campos shunt e série:
(19)
Da mesma forma como feito para o gerador shunt, podemos determinar uma corrente de
campo equivalente, que é dada por:
Esses dois efeitos são concorrentes. O primeiro provoca redução da tensão terminal e o
segundo provoca o aumento da tensão terminal.
A contribuição da força magnetomotriz do campo série é pequena. A tensão terminal cairá, mas
de maneira menos acentuada do que no gerador shunt. Neste caso, dizemos que o gerador é
hipocomposto.
Nesse caso, no início, a contribuição do campo série supera o efeito da queda de tensão da
resistência de armadura. Dessa forma, a tensão terminal aumenta. A partir de determinado
ponto, a saturação começará a ter maior influência e, desse modo, a tensão terminal começará
a cair. Nesse tipo de gerador, quanto a tensão terminal a plena carga é igual à tensão terminal
em vazio, ele é dito ser do tipo plano.
Na prática, o gerador composto possui um número fixo de espiras no campo série. Com a
adição de um reostato em paralelo com o campo série, ele é capaz de trabalhar com as
diferentes características terminais. Então, com devido ajuste do reostato, o gerador pode
trabalhar com as características terminais de shunt, hipocomposto, plano ou hipercomposto.
Veja a exemplificação do circuito dessa configuração:
(21)
{I_F}^\AST=I_F+I_{EQ}
(22)
Em que:
(23)
Observe que, se o I_{eq} < 0, a análise gráfica do gerador composto ficará igual à análise feita
para o gerador shunt.
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 37 – Análise gráfica do gerador composto para Ieq < 0
Agora, se I_{eq} > 0, a análise gráfica será realizada da seguinte forma: o ponto a do segmento
ab deverá estar posicionado na curva Ea x If, enquanto o ponto c do segmento bc deverá estar
MÃO NA MASSA
CONSIDERE A CURVA DE MAGNETIZAÇÃO
APRESENTADA A SEGUIR, LEVANTADA A 1800 RPM,
PARA A RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS DESTE
MÓDULO.
RAJ = 0 A 40 $$\OMEGA$$
RF = 10 $$\OMEGA$$
VF = 120 V
RA = 0,20 $$\OMEGA$$
NF = 1000 ESP
A) 90
B) 100
C) 112
D) 121
E) 130
A) 90
B) 100
C) 110
D) 120
E) 130
A) 0
B) 10
C) 20
D) 30
E) 40
A) 115 e 4,3
B) 107 e 4,3
C) 115 e 4,6
D) 107 e 4,6
E) 100 e 4,3
RAJ = 0 A 40 $$\OMEGA$$
RF = 10 $$\OMEGA$$
VF = 120 V
RA = 0,15 $$\OMEGA$$
RS = 0,05 $$\OMEGA$$
NF = 1000 ESP
NS = 50 ESP
N = 1800 RPM
A) 108
B) 113
C) 118
D) 123
E) 128
A) 98
B) 92
C) 86
D) 80
E) 74
GABARITO
Raj = 0 a 40 $$\Omega$$
Rf = 10 $$\Omega$$
Vf = 120 V
Ra = 0,20 $$\Omega$$
Nf = 1000 esp
$$\Omega$$, é aproximadamente:
$$\mathcal{F}_{mmra_30A}=\frac{30}{40}500=375$$
Porém,
Essa corrente produzirá uma tensão induzida de 133 V a 1800 rpm, que resultará, para 1700
rpm, na seguinte tensão induzida:
$$E_{a_1700}=\frac{1700}{18000}133=125,6V\;a\;1700\;rpm$$
$$V_t=125,6-0,2\times30=119,6V\;a\;1700\;rpm$$
Raj para que não ocorra a autoexcitação do gerador, em ohms é aproximadamente igual
a:
Para não ocorrer a autoexcitação, a resistência total do campo shunt deverá tangenciar a curva
de magnetização, conforme a figura:
Do gráfico, vê-se que a resistência total do campo shunt é 40 $$\Omega$$ e, portanto, o Raj
será igual a 30 $$\Omega$$.
Não acertou a resposta, não desista. Estude novamente o item Gerador Shunt deste módulo e
tente resolver o problema mais uma vez.
Raj = 0 a 40 $$\Omega$$
Rf = 10 $$\Omega$$
Vf = 120 V
Ra = 0,15 $$\Omega$$
Rs = 0,05 $$\Omega$$
Nf = 1000 esp
Ns = 50 esp
n = 1800 rpm
Considerando que $$R_{aj}$$ esteja ajustado para que a tensão terminal da máquina
seja 130 V em vazio, a tensão terminal do gerador, em V, para uma corrente de carga de
50 A, é aproximadamente:
$$P_{ind}=E_aI_a=133\times50=6650\;W$$
$$P_{mec}=P_{ind}+Perdas=6650+500=7150\;W$$
O rendimento será:
$$\eta=\frac{V_tI_t}{P_{mec}}100$$ % = $$\frac{123\times50}{7150}100$$ % = $$86$$ %
GABARITO
TEORIA NA PRÁTICA
Você vai dimensionar um gerador CC com excitação independente para alimentar as cargas de
uma instalação fabril hipotética. As potências das cargas P1 e P2 valem, respectivamente, 2000
W e 1500 W. Sabendo que a tensão terminal das cargas deve ser mantida em 120 V e que o
gerador é acionado em 1800 rpm, determine se ele conseguirá atender às cargas da
instalação.
Dados:
Raj = 0 a 40 \Omega
Rf = 15 \Omega
Vf = 120 V
Ra = 0,40 \Omega
RESOLUÇÃO
E_A=120+0,4\TIMES29,16=131,66\;V\;A\;1800\;RPM
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
R_{AJ}=\FRAC{120}{5,25}-15=7,85\ \OMEGA
Para atender às condições impostas, a resistência de ajuste deverá ser de 7,85 \Omega
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) 1650
B) 1700
C) 1750
D) 1800
E) 1850
A) 39 e 41
B) 40 e 40
C) 30 e 50
D) 41 e 39
E) 50 e 30
GABARITO
$$E_a=120+(0,15+0,10)\times75=138,75\;V$$
$$\mathcal{F}_{mm_se}=N_sI_s=75\times80=6000\;A.esp$$
$$n_2=\frac{138,75}{135}1800=1850\;rpm$$
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
2. Dois geradores CC são empregados para alimentar uma carga CC. As características
terminais dos geradores são, respectivamente:
Vt=130-0,5×IL1 Vt=125-0,4×IL2IL1+IL2=80
$$V_t=109\;V$$
$$I_{L1}=41,11\;A$$
$$I_{L2}=38.89\;A$$
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Motores e geradores são fundamentalmente a mesma máquina. O que diferencia uma da outra
é o fluxo de energia. Motores são máquinas que convertem energia elétrica em energia
mecânica.
Em todo o estudo dos motores dc, será considerado que os motores serão alimentados por
uma tensão contínua constante.
Os motores CC são classificados de acordo com sua forma de excitação, ou seja, a forma
como é gerada a densidade de campo necessária para gerar a tensão induzida. Os tipos de
motores de corrente contínua são:
Série
Composto aditivo:
Curto
Longo
Composto subtrativo:
Curto
Longo
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
Considere a máquina parada. Nesse momento, alimenta-se o circuito de campo, criando-se o
fluxo. Em seguida, alimenta-se o motor com tensão terminal constante. A partir daí, circulará
uma corrente de armadura, cujo valor será:
I_{A_{PARTIDA}}=\FRAC{V_T}{R_A}
(24)
Como no momento da partida a velocidade do rotor é zero, a tensão induzida no rotor será
zero, ou um valor bem pequeno, caso a máquina possua magnetismo residual.
I_{CAMINHO}=\FRAC{I_{A_{PARTIDA}}}{A}
(25)
F_{IND}=IBL
(26)
\TAU_{IND}=\LEFT(IBL\RIGHT)R
(27)
\TAU_{ELE}=K\PHI I_A
(28)
Esse conjugado fará o rotor entrar em movimento. A partir do momento em que a máquina
entra em movimento, uma tensão será induzida na armadura, já que:
E_A=KN\PHI
(29)
I_{A_{PARTIDA}}=\FRAC{V_T-E_A\ }{R_A}
(30)
(31)
Considere que, após entrar em regime, haja um aumento do torque mecânico do motor. Então:
\TAU_{ELE}<\TAU_{MEC}+\TAU_{PERDAS}
(32)
\TAU_{ELE}=\TAU_{MEC}+\TAU_{PERDAS}
(33)
Porém, nessa nova situação, o motor entrará em equilíbrio em velocidade menor do que a
original e com uma corrente de armadura maior do que a original.
I_a=I_L
V_f={(R_{aj}+R_f)I}_f
{R_F=R}_{aj}+R_f
V_t={E_a+(R_a+R_i+R_c)I}_a
E_a=kn\phi
\tau_{ele}=k\phi I_A
V_T={E_A+R_AI}_A
(34)
No entanto, como:
I_A=\FRAC{\TAU_{ELE}}{K\PHI} E E_A=KN\PHI
(35)
V_T=KN\PHI+R_A\FRAC{\TAU_{ELE}}{K\PHI}
(36)
N=\ \FRAC{V_T}{K\PHI}-R_A\FRAC{\TAU_{ELE}}
{\LEFT(K\PHI\RIGHT)^2}
(37)
Suponha agora que o motor não possua enrolamento de compensação. Assim, a medida que
há um aumento da corrente de armadura, a tensão induzida diminuirá, aumentando a corrente
de armadura, aumentando o torque induzido, aumentando a velocidade do motor, conforme
mostra a Figura 43.
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 43 – Característica terminal do motor \omega_m\times \tau_{ele}
{REG}_\%=\FRAC{N_{\;EM\;VAZIO}-N_{\;COM\;CARGA}}
{N_{\;COM\;CARGA}}100\%
(38)
Analisando a Equação 37, verifica-se que existem três formas de se controlar a velocidade do
motor:
Nesse tipo de controle, a tensão terminal permanece constante e a tensão aplicada ao circuito
de armadura é ajustada por meio de um circuito de controle:
Nesse tipo de controle insere-se uma resistência em série com o circuito de armadura,
conforme mostra a Figura 44 – Controle de tensão por meio da inserção de resistência no
circuito de armadura. O aumento da resistência diminui a corrente de armadura, que por sua
vez reduz o torque elétrico, provocando diminuição da velocidade.
MOTOR SÉRIE
O motor CC série possui o circuito de campo composto por poucas espiras em série com o
circuito de armadura:
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 46 – Motor CC série
Supondo que haja um aumento da carga do motor, o fluxo aumentará, provocando o aumento
da tensão induzida, que por sua vez produzirá diminuição da corrente de armadura, reduzindo
o torque elétrico e, consequentemente, a velocidade do motor.
MOTOR CC COMPOSTO
São motores que possuem os campos shunt e série. Da mesma forma do que os geradores,
são classificados em:
Compostos aditivos
são aqueles em que a força magnetomotriz do campo shunt soma-se à força magnetomotriz do
campo série. Os motores aditivos são divididos em:
• Longos
• Curtos
Compostos subtrativos
são aqueles em que a força magnetomotriz do campo shunt subtrai-se à força magnetomotriz
do campo série. Os motores subtrativos são divididos em:
• Longos
• Curtos
Para se determinar se o efeito dos campos será aditivo ou subtrativo, usamos a mesma
convenção dos transformadores. Correntes entrando no ponto das bobinas produzem um efeito
aditivo das forças magnetomotrizes dos campos shunt e série:
Enquanto que, se temos em uma bobina a corrente entrando no ponto, e na outra a corrente
saindo do ponto, essas correntes produzem um efeito subtrativo das forças magnetomotrizes
dos campos shunt e série:
Fonte: Sandro Santos de Lima
Figura 48 – Motores compostos curtos
V_t={E_a+(R_a+R_s)I}_a
I_a=I_L-I_f
V_f={(R_{aj}+R_f)I}_f
Por unir os campos série e shunt, o torque do motor composto é maior do que o torque do
motor shunt e menor do que o motor série. Quando opera com cargas baixas, a influência do
campo série é menor do que a do campo shunt.
MÃO NA MASSA
RAJ = 0 A 30 $$\OMEGA$$
RF = 20 $$\OMEGA$$
VT = 120 V
RA = 0,20 $$\OMEGA$$
NF = 1000 ESP
A) 2273
B) 2153
C) 1800
D) 1700
E) 1600
A) 1800
B) 1780
C) 1750
D) 1665
E) 1610
A) 400
B) 453
C) 505
D) 528
E) 601
RAJ = 0 A 30 $$\OMEGA$$
RF = 20 $$\OMEGA$$
VT = 120 V
RA = 0,20 $$\OMEGA$$
RS = 0,05 $$\OMEGA$$
NF = 1000 ESP
NS = 10 ESP
O VALOR DE RAJ , EM OHMS, PARA QUE A VELOCIDADE EM VAZIO DO
MOTOR SEJA 1800 RPM, É:
A) 0
B) 5
C) 10
D) 15
E) 20
A) 1350
B) 1382
C) 1398
D) 1401
E) 1420
GABARITO
Raj = 0 a 30 $$\Omega$$
Rf = 20 $$\Omega$$
Vt = 120 V
Ra = 0,20 $$\Omega$$
Nf = 1000 esp
2. A velocidade do motor do problema anterior, em rpm, quando ele drena da rede uma
corrente de 45 A e Raj = 10 $$\Omega$$, é aproximadamente:
3. O que aconteceria com um motor shunt caso o circuito de campo fosse aberto?
Caso o circuito de campo se abrisse, o fluxo da máquina cairia para o fluxo residual, o que
provocaria a queda da tensão induzida para o valor residual. Como a tensão terminal é
constante, a corrente de armadura aumentaria, aumentando o torque do motor, fazendo com
que a velocidade do motor disparasse.
Rf = 20 $$\Omega$$
Vt = 120 V
Ra = 0,20 $$\Omega$$
Rs = 0,05 $$\Omega$$
Nf = 1000 esp
Ns = 10 esp
O valor de Raj , em ohms, para que a velocidade em vazio do motor seja 1800 rpm, é:
Para determinar o valor da resistência de ajuste, acha-se a corrente de campo para a tensão
terminal de 120 V a 1800 rpm, que é 4 A.
$$R_{aj}=\frac{120}{4}-20=10\Omega$$
6. Supondo que o motor do problema anterior drene da rede uma corrente de 90 A, a sua
velocidade, em rpm, é aproximadamente:
$$ {E_a}_2=120-(0,20+0,05)\times90=97,5\;V$$
$$ {I_f}^\ast=I_f+\frac{N_s}{N_f}I_s=4+\frac{10}{1000}\times90=4,9\;-
>\;127,5\;V\;a\;1800\;rpm$$
$$n_2=\frac{97,5}{127}1800=1382$$
GABARITO
TEORIA NA PRÁTICA
Um motor shunt possui tensão terminal igual a 200 V. A velocidade nominal do motor é 1600
rpm e seu rendimento é 90%. Sabendo que a potência mecânica de saída é 15 HP, determine
a corrente de linha desse motor.
RESOLUÇÃO
A potência de entrada será:
P_{ENT}=\FRAC{P_{SAIDA}}
{\ETA}=\FRAC{15\TIMES746}{0,9}=12,43 KW\
I_A=\FRAC{P_{ENT}}{V_T}=\FRAC{12430}{200}=62\ A
VERIFICANDO O APRENDIZADO
$$N\LEFT(\TAU_{IND}\RIGHT)=2\FRAC{V_T}
{\SQRT{KK_1\TAU_{IND}}}-\FRAC{\LEFT(R_A+R_S\RIGHT)}
{KK_1}$$
$$N\LEFT(\TAU_{IND}\RIGHT)=\FRAC{V_T}
{\SQRT{KK_1\TAU_{IND}}}+\FRAC{\LEFT(R_A+R_S\RIGHT)}
{KK_1}$$
$$N\LEFT(\TAU_{IND}\RIGHT)=\FRAC{V_T}
{\SQRT{KK_1\TAU_{IND}}}-\FRAC{2\LEFT(R_A+R_S\RIGHT)}
{KK_1}$$
$$N\LEFT(\TAU_{IND}\RIGHT)=\FRAC{V_T}
{\SQRT{KK_1\TAU_{IND}}}-\FRAC{4\LEFT(R_A+R_S\RIGHT)}
{KK_1}$$
$$N\LEFT(\TAU_{IND}\RIGHT)=\FRAC{V_T}
{\SQRT{KK_1\TAU_{IND}}}-\FRAC{\LEFT(R_A+R_S\RIGHT)}
{KK_1}$$
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo destes três módulos conhecemos os conceitos fundamentais do estudo de máquinas
elétricas de corrente contínua.
Acreditamos que, ao final desse estudo, você tenha a capacidade de conhecer a estrutura, o
princípio de funcionamento e as características terminais das máquinas CC.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
Minha Biblioteca.
Umans, Stephen D. Máquinas Elétricas. 7 ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. Minha Biblioteca.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, resolva os exercícios nos livros das
referências.
CONTEUDISTA
Sandro Santos de Lima
CURRÍCULO LATTES