Política de Cotas Nas Universidades Publicas
Política de Cotas Nas Universidades Publicas
Política de Cotas Nas Universidades Publicas
TEXTO CIENTIFÍCO
VALENÇA-BA
06/11/2018
POLÍTICA DE COTAS NAS UNIVERSIDADES PUBLICAS
TEXTO CIENTÍFICO
VALENÇA-BA
06/11/2018
Introdução
Criada para ser uma das principais ferramentas de ampliação das oportunidades
sociais e educacionais no Brasil, a Lei nº 12.711 foi sancionada em agosto de
2012 e, desde então, vem lutando para ser precursora de mudanças
significativas na democratização do acesso ao ensino superior e na redução da
desigualdade social no país.
Embasamento Científico
A Lei 12.711 de 2012, “lei das cotas”, tenta resolver problemas de desigualdade
de acesso que historicamente se construíram no Brasil e que impedem o
desenvolvimento do nosso país. Economistas modernos, como Paul Krugman
(Nobel de economia em 2008), já perceberam que não há desenvolvimento sem
igualdade. Os negros no Brasil têm renda que beira a metade da renda dos
brancos, eles ocupam as piores posições sociais, têm taxas de mortalidade
infantil mais elevadas, menor expectativa de vida e são a maioria da nossa
população prisional. É impossível construir um país desenvolvido sem a inclusão
de um grupo que compõe, em termos demográficos, 50% da nossa população
(pretos e pardos no Censo de 2010). A Lei 12.711 tem um foco maior nas cotas
sociais, ela procura incluir nas universidades os alunos de escolas públicas e
dentre estes os que possuem renda per capita de até 1,5 salários mínimos. Este
foco social por si só não resolve o problema do racismo no Brasil. As pessoas
negras têm mais dificuldade de acesso à escola, há estudos que mostram que
são discriminados no ambiente escolar e mesmo na atribuição de notas pelos
professores. De tal forma que, ainda sendo um avanço, a “lei das cotas” precisa
ser aperfeiçoada, pois a inclusão da chamada nova classe média nas
Universidades públicas do país ainda não implica na inclusão de negros e
brancos de forma equânime.
Vivemos no Brasil quase 500 anos de naturalização do racismo, de achar que
tudo estava bem organizado como aparece na expressão clássica de Gilberto
Freyre em Casa grande & Senzala: “os índios nas matas, os negros na cozinha
e os brancos na sala”. A psicologia social, por exemplo, minha área de interesse,
apenas no início da década de 1990 descobriu que há racismo no Brasil.
Estamos aos poucos acordando deste sonho feliz de democracia racial e
percebendo o que o racismo é capaz de fazer com as pessoas e com um país.
Neste sentido, as posições mais antagônicas contra as políticas de ação
afirmativa tendem a ser questionadas pelo debate mais ampliado sobre a
situação dos negros no Brasil, fazendo com que as pessoas se tornem mais
abertas e conscientes da desigualdade e dos meios de combatê-la. No entanto,
o que o nosso estudo revela é outro cenário. Queiroz e Santos perguntaram a
pessoas de modo geral, sem situações de ameaça aberta à posição dos grupos,
ao status quo. Nosso estudo pergunta sobre cotas aos estudantes universitários
não cotistas logo depois da entrada dos cotistas na universidade. Neste contexto,
a competição é alta, o sentimento de que “estão retirando nossos direitos” faz
com que se abandone a histórica retórica paternalista, presente nas teses de
Freyre sobre a democracia racial, e se assume posições ideológicas mais
flagrantemente violentas de defesa de território e privilégios sociais. Penso que
o racismo no Brasil está nesta fase. E, neste contexto, os movimentos sociais de
defesa dos interesses dos grupos minoritários nas relações de poder têm enorme
contribuição a dar.
O sistema de cotas é uma ação do governo brasileiro que consiste na reserva de vagas
das universidades públicas para negros, índios, alunos em escolas públicas, entre
outros grupos. Para os negros, as universidades reservam 20% das vagas para o aluno
concorrer pelos sistemas de cotas.
Se a banca decidir que a inscrição não foi aprovada, o candidato deixa de concorrer
pelas vagas reservadas e passa a concorrer pelas vagas universais. Caso o candidato
discorde da homologação, ele pode entrar com recurso ou tirar qualquer dúvida quanto
ao pedido de reserva pelo sistema de cotas com a comissão.
A inclusão de negros nas universidades pelo sistema de cotas foi adotada pela primeira
vez na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em 2001. A UnB foi a primeira
instituição federal de ensino superior a adotar o sistema de cotas, em 2004.