Marilia Lopes Trevisan Dissertacao de Mestrado Teoria Ju
Marilia Lopes Trevisan Dissertacao de Mestrado Teoria Ju
Marilia Lopes Trevisan Dissertacao de Mestrado Teoria Ju
São Paulo
2011
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RESUMO
PALAVRAS- CHAVE:
MERCOSUL, integração regional, ordenamento jurídico do MERCOSUL, direito derivado
do MERCOSUL, órgãos do MERCOSUL
3
ABSTRACT
KEYWORDS:
MERCOSUR, regional integration
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INTRODUÇÃO
Ao propor uma dissertação a respeito da teoria jurídica da integração no
MERCOSUL, buscamos investigar aquelas características jurídicas próprias do bloco que
parecem não permitir que ele seja caracterizado como mais um instrumento de cooperação
econômica clássica entre os Estados, nem como um organismo comunitário.
Apesar de utilizarmos a teoria jurídica da integração econômica para esclarecer os
critérios de investigação, será na análise da estrutura orgânica e da estrutura normativa do
MERCOSUL que buscaremos investigar a natureza peculiar do direito mercosulino.
Acreditamos que a caracterização de um bloco sob uma das nomenclaturas
propostas pela teoria da integração regional seja produto, em realidade, da natureza de seu
direito derivado, o qual, por sua vez, é determinado pela natureza dos órgãos do bloco e
dos sistemas de tomada de decisões de que foram dotados. De fato, serão os diversos
elementos que concorrem para a caracterização deste direito que são tantas vezes
apresentados como evidência de que um bloco regional seja cooperativo ou comunitário,
numa metonímia que toma a parte pelo todo. Ao contrário, a dissertação de mestrado que
apresentamos expõe os resultados iniciais de nossa investigação sobre a totalidade dos
elementos que concorrem para indicar a natureza de direito da integração do processo
mercosulino.
Não pretendemos investigar a natureza do bloco por mero argumento
classificatório. Acreditamos que a identificação do caráter do processo de integração
regional facilite a análise criteriosa a respeito do cumprimento das funções que lhe foram
confiadas, permita projetar eventuais correções de rumo para retornar ao caminho
pretendido e indique para onde caminha o processo de integração do MERCOSUL.
Para tanto, em nosso estudo, propusemos uma contextualização inicial do tema sob
a rubrica “Pressupostos de Trabalho”, que apresenta o histórico do regionalismo e das
instituições que emprestam fundamentação legal ao MERCOSUL e apresentamos a
discussão que se trava sobre sua natureza jurídica. Recorremos ao debate sobre o conceito
de integração regional para apresentar a natureza jurídica dúplice do bloco, a qual será
perquirida em suas instituições e em seu ordenamento jurídico nas seções seguintes. Ao
iniciarmos o tratamento da estrutura orgânica do MERCOSUL, começamos apresentando
de que forma ela é comumente encontrada em outras organizações, e que embasa a
nomenclatura que usualmente se aplica ao tema. Seguimos enfrentando a realidade
mercosulina em cada um de seus órgãos. Procedemos da mesma forma na seção que
5
CONCLUSÃO
Quer-nos parecer que o êxito nesta afirmação, segundo seja crescente, tenderá a
reforçar nosso parecer de que o MERCOSUL seja uma organização de integração regional.
Assim, se o direito se adequa às necessidades dos processos que dele se utilizam para
evoluir, ele também impulsa, autonomamente, os rumos da integração.
Conforme indicamos no início do trabalho, o esforço de caracterização do
MERCOSUL poderia servir para verificar os rumos do processo de integração,
eventualmente corrigí-los ou indicar para onde apontam.
O MERCOSUL parece buscar aprofundar a integração entre os Estados Partes nas
matérias de que se incumbe. Os comportamentos desviantes vem sendo percebidos e, a
cada tratado entre os Estados Partes, de direito internacional clássico- forçoso por pacta
sunt servanda e boa-fé que informam a atuação das partes comunidade internacional-,
parece haver tentativas de sanar ou pelo menos abarcar as práticas desviantes para que
possam ser corrigidas ou discutidas intrabloco.
Entretanto, ainda caberia corrigir os instrumentos de direito interno que persistem
em negar o caráter diverso que as normas do MERCOSUL sustentam face à normativa de
direito internacional clássica. Esta correção acontece no seio dos Estados Partes.
Conforme pudemos observar, a altercação entre as características de direito
internacional clássico e do nascente direito da integração constituem o próprio cerne do
processo de integração sob o prisma jurídico. Se o Direito da Integração é aquele ramo do
direito que estuda os fenômenos produzidos o campo jurídico, que são fruto de um
processo de integração- no caso econômica- entre países soberanos1, podemos inscrever
nossa teoria jurídica da integração no MERCOSUL sob esta rubrica, pelo menos por agora.
Seguimos estudando.
1
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