Análise Sobre o Estado de Conservação Das Nascentes No Município de Olho D'Água Do Casado, Alagoas
Análise Sobre o Estado de Conservação Das Nascentes No Município de Olho D'Água Do Casado, Alagoas
Análise Sobre o Estado de Conservação Das Nascentes No Município de Olho D'Água Do Casado, Alagoas
Maceió, Alagoas
2022
AÉRTON DE ANDRADE BEZERRA
Maceió, Alagoas
2022
Catalogação na Fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecário: Marcelino de Carvalho Freitas Neto – CRB-4 – 1767
Bibliografia: f. 111-127.
Apêndices: f. 129-136.
Anexos: f. 138-143.
APROVADO EM:
BANCA EXAMINADORA
Dedico.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, razão do meu viver, pelo dom da vida, pelas grandes
vitorias que me proporcionou e por todos os livramentos na minha caminhada.
A minha mãe Maria das Mercês de Andrade Bezerra (In memoriam), por me guiar no
caminho da humildade e do respeito. A meu pai Airton Soares Bezerra, que no seu modo de
ensinar geografia me conquistou e tornou o que sou hoje. Aos meus irmãos Cinthia de Andrade
Bezerra e Gabriel Bruno de Andrade Bezerra por sempre acreditarem em mim.
Aos meus familiares e amigos por sempre me apoiarem na minha caminhada acadêmica.
Ao prof. Dr. Jorge Luiz Lopes da Silva por ter aceito fazer parte da banca examinadora
como avaliador externo e por suas contribuições durante toda a pesquisa e o trabalho de campo.
A profa. Dra. Rochana Campos de Andrade Lima Santos por ter aceito o convite para
fazer parte da banca examinadora como avaliadora interna e por suas contribuições durante
todo o trabalho.
A profa. Dra. Ana Paula Lopes da Silva, pela orientação, pelos grandes ensinamentos,
apoio, conselhos e puxões de orelha, sempre me ensinando a fazer o melhor. Obrigado por ser
minha orientadora.
A Sandra Batirolla Profirio e Anderson Marques Araújo do Nascimento, pelo grande
apoio, pelas contribuições e conhecimento.
Ao Rodrigo Matheus da Silva Brito e Johnson Sarmento de Oliveira Nascimento, pela
ajuda no decorrer do trabalho e pela elaboração dos mapas.
A coordenação do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente
(IGDEMA) e ao Programa Institucional de Pós-Graduação em Geografia (PPGG), pela
oportunidade de cursar o mestrado.
Ao Laboratório de Geologia do Museu de história Natural (MHN/UFAL), por
disponibilizar o espaço para as análises sedimentologicas e para o estágio em laboratório.
A Laboratório de Sedimentologia Aplicada (LSA/IGDEMA/UFAL) e os seus
colaboradores, pela ajuda e pela disponibilização dos equipamentos e materiais para a pesquisa.
Em fim a todos que contribuíram de alguma forma para concretização do trabalho.
Obrigado!
RESUMO
The springs in the semiarid region, in addition to their environmental characteristics and
qualities, have socio-environmental actions that may have their conservation status altered. The
study area is located in the municipality of Olho D'Água do Casado, in the Mesoregion of
Alagoas and in the Alagoas microregion of the Sertão do São Francisco, the springs are inserted
in these circumstances, where the low level of water related to the environmental situation of
the place and the anthropic actions have been causing problems of environmental degradation.
Faced with these questions, the general objective of the research was to carry out a study aiming
at an analysis of the state of conservation of the springs. The method that conducted the study
was the experimental one, with a quantitative and qualitative approach. Bibliographic and
documentary studies were carried out, water collections were carried out for analysis of the
physical parameters: Total Dissolved Solids (mg/L), Electrical Conductivity (µS/cm), Turbidity
(NTU) and Temperature (°C), chemicals: Hydrogen Potential (pH ), Total Nitrogen (mg/L),
Total Phosphorus (mg/L), Biochemical Oxygen Demand (mg/L) and Dissolved Oxygen
(mg/L), and biological: Thermotolerant Coliforms (NMT) in the laboratory, having the
collection in December 2020 for the dry season and in May 2021 for the rainy season.
Sediments were also collected for sedimentological analysis in October 2020, in the
identification of watercourses and the mapping of springs, geological maps and land use and
occupation maps were prepared, characterization regarding the perenniality and the
development of an educational booklet , aimed at improving the relationship between society
and nature and the presentation of the activities carried out by the project in the period
2018/2021. The results showed that the analyzed springs presented perenniality during the
researched years, in accordance with the physical, chemical and biological parameters through
the seasonality of the dry and rainy seasons. Some samples showed values above the reference
limit established by government agencies. The analyzes found a strong presence of
Thermotolerant Coliforms, Biochemical Oxygen Demand, Total Phosphorus, Total Nitrogen,
Electrical Conductivity, Total Dissolved Solids and Turbidity, due to a greater contamination
by domestic sewage and accumulation of sediments in the urban area and a greater amount of
organic material in the rural area in the rainy season. The pH in the two collections was shown
to be low with a very accentuated water acidity. Dissolved Oxygen was the only one that was
within the established values, since the Temperature fluctuated in both seasonal regimes. An
intense human presence is evidenced in the place, increasing the use and occupation in
Permanent Protection Areas (APP), presenting a very worrying degradation. The
sedimentological data from the Fonte da Matinha (NU1) and Pau-ferro (NR6) springs indicated
a predominance of the sand fraction, with a strong presence of quartz. It appears that the
methodology used in this research is effective in the study of conservation of the six springs
studied, three in urban environments and three in rural areas, the urban ones are unsuitable for
human and animal consumption, while those in the rural area unsuitable for human use, showing
that the most degraded springs were NU1 and NR6.
LISTAS DE QUADROS
Quadro 1 - Área experimental nas nascentes em Olho D’Água do Casado, Alagoas, nascentes
urbanas (NU1, NU2, NU3) e rural (NR4, NR5, NR6). ............................................................ 28
Quadro 2 - Coletas de água das nascentes nas áreas urbana e rural no período seco dezembro
de 2020 e chuvoso maio de 2021.............................................................................................. 31
Quadro 3 - Coletas e amostras de sedimentos das principais nascentes NU1 e NR6............... 34
Quadro 4 - intervalos de concentração para comprimentos de ondas. ..................................... 41
Quadro 5 - Procedimento Granulométrico. .............................................................................. 46
Quadro 6 - Simplificação geológica da sub-bacia do Riacho das Águas Mortas em Olho
D’Água do Casado- AL. ........................................................................................................... 56
Quadro 7 - Impactos ambientais encontrados nas nascentes. ................................................... 63
Quadro 8 - Classificação do grau de arredondamento, esfericidade e textura superficial dos
grãos. ........................................................................................................................................ 97
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
A - Angulosa
AR - Arredondado
CE - Condutividade Elétrica
CT - Coliformes Termotolerantes
EA - Educação Ambiental
MA - Muito Anguloso
MS - Ministério da Saúde
NR - Nascente Rural
NT - Nitrogênio Total
NU - Nascente Urbana
OD - Oxigênio Dissolvido
pH - Potencial Hidrogeniônico
PT - Fósforo Total
SA - Sub-Anguloso
SAR - Sub-Arredondado
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 4
2.1 Nascentes .......................................................................................................................... 4
2.2 Qualidade de Água de Nascentes ................................................................................... 6
2.3 Políticas e Planos para Recuperação de Nascentes no Brasil ..................................... 8
2.4 Parâmetros Físicos, Químicos e Biológicos da Água ................................................. 12
2.4.1 Turbidez ................................................................................................................... 12
2.4.2 Temperatura ............................................................................................................. 12
2.4.3 Sólidos Totais Dissolvidos ....................................................................................... 13
2.4.4 Condutividade Elétrica ............................................................................................. 14
2.4.5 Potencial Hidrogeniônico ......................................................................................... 14
2.4.6 Fósforo Total ............................................................................................................ 15
2.4.7 Nitrogênio Total ....................................................................................................... 15
2.4.8 Demanda Bioquímica do Oxigênio .......................................................................... 16
2.4.9 Oxigênio Dissolvido................................................................................................. 17
2.4.10 Coliformes Termotolerantes ................................................................................... 17
2.5 Análise Sedimentológica ............................................................................................... 18
2.5.1 Processos Sedimentológicos .................................................................................... 19
2.5.1.1 Processo Erosivo ............................................................................................... 19
2.5.1.2 Transporte de Sedimentos ................................................................................. 20
2.5.1.3 Deposito de Sedimentos .................................................................................... 20
2.6 Impactos sobre Nascentes no Semiárido Nordestino ................................................. 20
2.7 Educação Ambiental como Ferramenta para Recuperação de Nascentes .............. 22
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 24
3.1 Pesquisa Bibliográfica e Documental .......................................................................... 24
3.2 Pesquisa de Campo ....................................................................................................... 24
3.3 Caracterização Geral da Área de Estudo ................................................................... 25
3.4 Descrição da Área Experimental ................................................................................. 28
3.4.1 Pontos de coletas de Água e de Sedimentos nas Nascentes ..................................... 30
3.5 Identificação dos Cursos D’Água e o Mapeamento: das Nascentes, Uso e Ocupação
do Solo e Geológico. ............................................................................................................ 35
3.5.1 Identificação de Cursos D’água e Nascentes ........................................................... 35
3.5.2 Mapeamento Geológico ........................................................................................... 36
3.5.3 Mapeamento de Uso e Ocupação do Solo ................................................................ 36
3.6 Levantamento dos Parâmetros Físicos, Químicos e Biológicos das Águas
Analisadas Através de Coletas Sazonais ........................................................................... 37
3.6.1 Temperatura, Sólidos Totais Dissolvidos (STD) e Condutividade Elétrica (CE) .... 37
3.6.2 Turbidez ................................................................................................................... 38
3.6.3 Potencial Hidrogeniônico ......................................................................................... 40
3.6.4 Nitrogênio Total ....................................................................................................... 40
3.6.5 Fósforo Total ............................................................................................................ 41
3.6.6 Demanda Bioquímica do Oxigênio .......................................................................... 42
3.6.7 Oxigênio Dissolvido................................................................................................. 43
3.6.8 Coliformes Termotolerantes ..................................................................................... 44
3.6.9 Procedimento Estatísticos ........................................................................................ 44
3.7 Análise Sedimentológica das Nascentes ...................................................................... 45
3.7.1 Análise Granulométrica............................................................................................ 45
3.7.2 Procedimento Estatísticos ........................................................................................ 47
3.7.3 Distribuição de Fácies .............................................................................................. 48
3.7.4 Morfoscópica das Nascentes .................................................................................... 48
3.8 Caracterização das Nascentes Quanto a Sua Perenidade ......................................... 50
3.9 Desenvolvimento de uma Cartilha em Educação Ambiental Visando à Melhoria da
Relação Sociedade-natureza e a Apresentação das Atividades Desenvolvidas Pelo
Projeto no Período de 2018/2021. ...................................................................................... 51
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 53
4.1 Identificação dos Cursos d’Água e Nascentes ............................................................ 53
4.2 Geologia das áres das Nascentes na Sub-bacia do Riacho das Águas Mortas ........ 55
4.3 Uso e ocupação do Solo da Sub-bacia do Riacho das Águas Mortas ....................... 60
4.4 Análise dos Parâmetros Físicos, Químicos e Biológicos ............................................ 68
4.5 Sedimentologia .............................................................................................................. 86
4.5.1 Distribuição Textural das Nascentes ........................................................................ 86
4.5.2 Análise Granulométrica das Nascentes .................................................................... 87
4.5.2.1 Fração Cascalho ................................................................................................. 87
4.5.2.2 Fração Areia ...................................................................................................... 88
4.5.2.3 Fração Finos ...................................................................................................... 90
4.5.2.4 Diâmetro Médio ................................................................................................. 90
4.5.2.5 Desvio Padrão .................................................................................................... 92
4.5.2.6 Assimetria .......................................................................................................... 93
4.5.2.7 Curtose ............................................................................................................... 95
4.5.2.8 Distribuição Faciológica .................................................................................... 96
4.5.2.9 Análise Morfoscópica das Nascentes ................................................................ 97
4.6 Caracterização das Nascentes Quanto a Sua Perenidade ......................................... 99
4.7 Desenvolvimento de atividades nos anos de 2018/2021 e a construção de uma
cartilha em educação ambiental visando à melhoria da relação sociedade-natureza.103
5. CONCLUSÃO................................................................................................................... 109
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 111
APÊNDICE ........................................................................................................................... 128
ANEXO .................................................................................................................................. 137
1
1. INTRODUÇÃO
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 Nascentes
Além de serem parcialmente responsáveis pela origem dos recursos hídricos, assim, as
nascentes se tornaram um ponto crucial na preservação ambiental de qualquer região,
5
considerando que água remete à sobrevivência e que sua escassez pode afetar de forma
determinante a manutenção da vida (VIEL et al., 2013).
Trabalhos publicados pela EMBRAPA (2014), afirmam que as nascentes podem surgir
em determinado ponto e através do escoamento subsuperficial, movem-se pelo solo e surgem
em locais distantes, sem ligação (visual) com o ponto de origem de seu afloramento. Como a
nascente é o afloramento de um aquífero subterrâneo, pode ser classificada como perene (de
fluxo contínuo), temporária (de fluxo apenas na estação chuvosa) e efêmera (que surge durante
a chuva, permanecendo por apenas alguns dias ou horas) (SEMA, 2010).
Dessa forma, as nascentes são pontos de uma bacia hidrográfica que em determinado
momento do ciclo hidrológico, conduzirá a água acumulada de um lençol freático para a
superfície, dando origem a riachos, rios, fontes, lagos, etc. (MOTTA e GONÇALVES, 2016).
No semiárido nordestino, Braga (2011), diz que devido à baixa condição do solo em
reter água em regiões semiáridas, é mais comum as nascentes efêmeras. Mas as nascentes
perenes também podem ser encontradas, isso dependerá do local, sendo comum o afloramento
em áreas serranas com características diferenciadas do restante do semiárido.
Sob todo solo, seja ele mais raso ou mais profundo, sempre existe uma rocha ou uma
camada de rocha por onde a água não consegue penetrar. A água da chuva por onde infiltra no
solo vai penetrando até encontrar a rocha. Depois disso, não podendo mais infiltrar-se, a água
vai se movimentando pelo interior do solo até encontrar um ponto de escape: uma nascente
(MMA, 2016).
Quando isso ocorre pode formar-se uma fonte, onde a água é represada e se acumula
formando, por exemplo, um lago. Ou então, pode nascer um curso d’água (o líquido não fica
represado e passa a correr num regato, num ribeirão ou num rio, (BARRETO, 2010).
Segundo Alvarenga (2004), a maioria das nascentes é classificada na categoria de
acúmulo ou afloramento do lençol freático e se encontram nos brejos, voçorocas, matas planas
de altitudes baixas e relevo plano. A nascente pode ser originada do encontro de camadas
impermeáveis com a superfície do solo.
Este tipo de nascente geralmente, ocorre em encostas de morros, serras ou partes
elevadas do terreno têm-se, nesse caso, as chamadas nascentes de encosta. Quando o lençol
freático aflora à superfície, normalmente nas baixadas, surgem as nascentes difusas em áreas
saturadas ou brejos que podem ser denominadas nascentes de fundo de vale, (SEMA, 2010).
Além da qualidade da água produzida pela nascente é desejável que tenha boa
distribuição no tempo, ou seja, a variação da vazão (CALHEIROS, 2010).
6
As nascentes e cursos d’água podem ter grandes descargas de água ou não, dependendo
do seu tipo e ambiente que estão inseridas. A água aflorada pode ser mensurada, resultando em
dados de vazão, o que permite a avaliação de sua capacidade hídrica e estabelecer relações com
outras variáveis, como a precipitação e ações antrópicas (ARAÚJO FILHO, et al., 2011).
De acordo com Morgan (2010), é importante ressaltar que o fato de uma fonte
apresentar vazão de menos de um litro por minuto não quer dizer que ela seja insignificante,
pois, ainda assim, é responsável pelo surgimento do primeiro pequeno córrego de um grande
rio. E os rios denominados perenes, por apresentarem um fluxo ao longo de todo o ano, são
sustentados por mananciais também perenes. Fonte de abastecimento, é eminente a necessidade
de preservar as nascentes e o ecossistema ao qual estão inseridas.
As águas das nascentes, são consideradas um recurso natural e de uso comum para as
sociedades, assim como todas as águas são elementos essenciais para a vida no planeta
(NASCIMENTO 2010). É na maioria das vezes, a única fonte natural que atende às demandas
nos espaços rurais, e, que por sua vez possuem grande importância no desenvolvimento das
atividades socioeconômicas (BRAGA, 2011).
As nascentes são recursos essenciais para os assentamentos humanos e espécies
terrestres, além de habitats para a biota aquática que contribuem para os processos ecológicos
e biodiversidade (DAVIS et al., 2016).
A água é um dos recursos naturais de maior importância para o planeta, sendo o principal
constituinte dos seres vivos, é imprescindível para o desenvolvimento econômico de uma
população e a qualidade de vida, além de ser componente da paisagem e do meio ambiente
(SILVIA, 2018).
De acordo com Rossiter et al. (2015), a preocupação com água não se refere apenas a
sua quantidade, mas também à qualidade adequada ao seu uso. O monitoramento regular da
qualidade da água é necessário para garantir as condições de uso, para fins industriais,
domésticos ou da agricultura (POONAM et al., 2013).
O planeta terra é composto por consideráveis massas de água, estima-se que cerca de
71% de sua superfície seja coberta por água em forma líquida. De toda água existente no planeta
apenas 2,6% é água doce, dos quais cerca de 76,4% deste total formam calotas polares e 22,8%
integram aquíferos. De acordo com os dados, apenas uma pequena fração, cerca de 0,8% das
7
águas doces, encontra-se disponível como água superficial, na forma de rios, lagos e represas
(BICUDO et al., 2010).
Cerca de 12 % da água doce de todo o planeta encontram-se no Brasil e muitas pessoas
consideram-na como um recurso natural renovável. Porém, o uso inadequado e o processo de
antropização das bacias hidrográficas acabam por comprometer esse recurso, principalmente
nas áreas mais densamente povoadas do país (SERPA, 2011).
O Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, em sua resolução nº 357, de 17
de março de 2005, art. 2º, dispõe sobre a classificação dos corpos de água, da seguinte forma:
I - Águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 %;
II - Águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 %;
III - Águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 % (2012, p. 2).
Código Florestal
Para que o trabalho seja multiplicado dentro dos trâmites ambientais é necessária a
aplicação ordenada de decretos ambientais em parceria com a sociedade civil, afim de
que haja o cumprimento dessas leis dentro de um sistema voltado tanto para o qualitativo
quanto para o quantitativo, com foco na sustentabilidade, assegurando há futuras
gerações melhorias significativas de vida, amenizando a perda de cobertura vegetal.
O projeto é desenvolvido em estreita colaboração com as comunidades rurais, e, através
da dinâmica da ação participativa, espera-se avançar na autonomia hídrica e na
sustentabilidade ambiental. Em síntese, as principais ações do projeto são: diagnóstico
e georreferenciamento, recuperação de nascentes, reflorestamento do perímetro das
nascentes e ações de mobilização social e educação ambiental nas comunidades e nas
escolas das comunidades rurais.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2016), afirma que proteger uma nascente
significa isolá-la para que sofra menos impactos do meio que a rodeia. O isolamento deve ser
feito com vegetação nativa e/ou cercas, a fim de se obter uma proteção da superfície do solo e
a criação de condições favoráveis à infiltração da água no solo, garantindo água de boa
qualidade, abundante e contínua de nascentes, pois cada ecossistema hidrológico tem sua
especificidade que precisa ser respeitada nos procedimentos de conservação.
Segundo Cerqueira (2013), torna-se necessário a elaboração de projetos que
contemplem a conservação e recuperação de ambientes degradados a fim de conservar os
recursos hídricos e manter sua qualidade dentro dos limites permitidos pela lei.
A recuperação de áreas degradadas é tema de grande importância para a sustentabilidade
ambiental, representando a principal inovação no texto do novo código florestal brasileiro no
que diz respeito às matas ciliares. O atual instrumento determina que além da conservação das
Áreas de Proteção Permanente (APP) será obrigatória também a recomposição da vegetação
existente às margens dos cursos d’água, também conhecidas como matas ciliares ou florestas
(ABREU et al., 2014).
Para garantir a proteção dessas áreas, é imprescindível a presença da vegetação ciliar,
que, além de evitar os processos de degradação, também possui função hidrológica associada à
nascente (VENZEL et al., 2016). Atuam, assim, como importantes serviços ambientais,
principalmente os de proteção do solo e dos corpos hídricos (MAGALHÃES et al., 2012).
12
2.4.1 Turbidez
2.4.2 Temperatura
A temperatura pode ser definida como uma medida da intensidade de calor, apresenta
origem natural, ou seja, transferência de calor por radiação, condução e convecção. A origem
antrópica deve-se, especialmente, aos despejos industriais, as altas temperaturas aumentam a
taxa das reações físicas, químicas e biológicas e diminuem a solubilidade dos gases
(SPERLING, 2011).
A Temperatura da água (°C) possui variações no regime climático normal, onde os
corpos de água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem como estratificação
13
vertical. Fatores tais como latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e
profundidade influenciam facilmente a temperatura superficial dos mananciais (CETESB,
2018).
Tal reação promove o processo de aceleração de reações químicas na água, além de
corroborar para outras mudanças no ambiente aquático. A região semiárida é um grande
exemplo de área afetada pelas elevadas temperaturas por fatores ambientais. Contudo, quando
há interferências antrópicas as causas são em grande parte por resíduos industriais (LIBÂNIO,
2010).
Os ambientes aquáticos brasileiros apresentam, em geral, temperaturas na faixa de 20ºC
a 30ºC, alterações nesses ambientes podem ocasionar mudanças na fotossíntese do ambiente
lêntico. Quando para consumo humano, temperaturas elevadas aumentam as perspectivas de
rejeição ao uso e se provenientes de grandes profundidades necessitam de unidades de
resfriamento, a fim de adequá-las ao abastecimento (FUNASA, 2014).
Para Libânio (2010) esse é o parâmetro mais importante para expressar a qualidade de
um ambiente aquático. A redução do OD pode ocorrer por razões naturais principalmente pela
respiração dos organismos presentes no ambiente aquático, mas também por perdas da
atmosfera, mineralização da matéria orgânica e oxidação de íons.
Para que os processos de autodepuração ocorram no meio natural, é imprescindível que
haja OD disponível no corpo hídrico, possibilitando assim a oxidação biológica dos poluentes
presentes por microrganismos aeróbios. Sendo assim, o parâmetro de OD é o que melhor pode
caracterizar a qualidade de um corpo d’água em relação a poluentes orgânicos (JORDÃO e
PESSÔA, 2014).
Os microrganismos aeróbios utilizam o OD na respiração, enquanto estabilizam a
matéria orgânica, podendo assim causar a diminuição do parâmetro no meio. Seguindo a lógica,
quanto mais poluentes orgânicos no meio, mais as bactérias trabalham e mais OD necessitam.
Esse processo pode levar o ambiente aquático a condições anaeróbia. A ausência de oxigênio
acarreta a mortandade de diversos seres vivos aquáticos (BARBOSA, 2016).
O oxigênio dissolvido (OD) é o elemento principal no metabolismo dos microrganismos
aeróbios que habitam as águas naturais ou os reatores para tratamento biológico de esgotos. Nas
águas naturais, o oxigênio é indispensável também para outros seres vivos, especialmente os
peixes, onde a maioria das espécies não resiste a concentrações de oxigênio dissolvido na água
inferiores a 4,0 mg/L. É, portanto, um parâmetro de extrema relevância na legislação de
classificação das águas naturais, bem como na composição de índices de qualidade de águas
(PIVELI, 2010).
capazes de provocar doenças. A E. coli habita o intestino sem causar problemas de saúde. No
entanto, ao se direcionar para a circulação sanguínea ou outras regiões do corpo, é capaz de
provocar infecções (WISBECK et al., 2011).
Podem ser encontrados igualmente em águas de regiões tropicais ou subtropicais, sem
qualquer poluição evidente por material de origem fecal. Entretanto, sua presença em águas de
regiões de clima quente não pode ser ignorada, pois não pode ser excluída, nesse caso, a
possibilidade da presença de micro-organismos patogênicos (CETESB, 2016).
Conclui-se que as bactérias coliformes podem ser usadas como indicadoras desta
contaminação. Quanto maior a população de coliformes em uma amostra de água, maior é a
chance de que haja contaminação por organismos patogênicos (FUNASA, 2014).
A Sedimentologia pode ser definida como o ramo da Geologia que, a partir da descrição
de rochas sedimentares, procura compreender a sua gênese (sedimentogênese), as suas
transformações (diagênese) e delimitar o tempo em que se formaram (ligação à Estratigrafia e
Geocronologia), os objetivos da Sedimentologia podem ser sintetizados em: descrição, gênese,
cronologia, evolução e aplicação das rochas sedimentares (CARVALHO, 2008).
O sedimento dos ecossistemas aquáticos continentais é formado por uma grande
variedade de materiais orgânicos e inorgânicos de origem autóctone e alóctone (CALLISTO e
ESTEVES, 1996).
A composição e distribuição do sedimento de uma nascente são determinadas em grande
parte pela escala espacial e contexto geológico (WARD, 1992), que podem ser modificadas
através da entrada de grande variedade de materiais orgânicos particulados (CARNEIRO et al.,
2009).
No entanto, a conversão e/ou redução das florestas naturais pode levar a uma mudança
na composição granulométrica devido ao aumento na carga de sedimentos superficiais do solo
e redução na entrada de matéria orgânica (SILVA et al, 2011).
O sedimento integra os diversos processos biológicos, químicos e físicos que ocorrem
nos corpos d’água, como a ciclagem de nutrientes, a suspensão e ressuspensão e a adsorção de
metais. O sedimento pode apresentar características orgânicas e inorgânicas. As águas
intersticiais presentes no sedimento são o principal meio de propagação de contaminantes num
corpo d’água (MOZETO, 2006).
19
Alerta-se para o semiárido do Brasil, pois seus recursos naturais e bacias hidrográficas
foram degradados, particularmente em virtude da remoção da vegetação natural.
Consequentemente, o ciclo hidrológico também é influenciado, resultando numa nova dinâmica
ambiental caracterizada pela desertificação (ALVES et al., 2019).
Esse risco decorre também da atividade humana. A má gestão no uso do solo aliada à
intensiva expansão da agricultura assumiu tanto destaque que vários estudos analisam a
susceptibilidade de determinadas localidades a tal processo. Entre elas está a porção semiárida,
que possui áreas delimitadas com alta susceptibilidade (VIEIRA et al., 2015).
21
Esse contexto hídrico é ainda mais crítico quando caracterizada pela ocorrência de
períodos de seca, alta evapotranspiração, e solos rasos de baixa capacidade de retenção de água.
(PETTA et al., 2013).
A escassez natural de água dessa região somada à degradação dos recursos hídricos é o
problema que mais tem inviabilizado o uso de nascentes de forma consciente, e essa é a
realidade de boa parte dos mananciais do território brasileiro (ANDRADE e NUNES, 2014). O
processo de degradação de nascentes tem se tornado cada dia mais comum devido a ocupações
e manejos inadequados desses ambientes (SILVA et al., 2016).
Essa situação tem se agravado devido à dinâmica do crescimento populacional e ao
desenvolvimento das fronteiras agropecuárias que se instalaram nos arredores dos cursos
d’água (ZANELLA, 2014).
Os padrões de desenvolvimento adotados nos últimos anos têm ocasionado fortes
impactos ambientais, principalmente nos recursos hídricos (MEDEIROS et al., 2016).
Entretanto, as atividades de desmatamento e diversos usos do solo nas APPs das nascentes
causam fortes impactos e são consideradas grandes problemas ambientais, resultando na sua
degradação (VENZEL et al., 2016) e comprometendo a qualidade e o volume de suas águas
(MAGALHÃES et al., 2012).
Esses impactos são causados por diversos fatores relacionados à produção e, por
consequência, a produção do espaço, como o crescimento desordenado das cidades e a expansão
do agronegócio, prejudicam e reduzem as áreas de cobertura florestal, incluindo. Estas podem
ser consideradas um dos principais componentes de proteção aos recursos hídricos, onde sua
ausência pode ocasionar erosão, esgotamento do solo, poluição dos rios e mananciais e perda
da biodiversidade local (RIBEIRO, 2013).
Contudo, a sociedade tem explorado este recurso natural de forma não sustentável. A
supressão de matas ciliares, o avanço da urbanização sobre as planícies de inundação, a poluição
dos corpos hídricos e o aumento das demandas para suprir novos usos têm gerado uma grande
pressão sobre os recursos hídricos, ocasionando graves problemas relacionados à
disponibilidade da água (MACHADO e TORRES, 2013).
As nascentes podem perder a capacidade quantitativa e qualitativa da água aflorante
quando alteradas, por ações antrópicas, os usos e ocupações em seu entorno e na área de recarga
do lençol freático, comprometendo seu reabastecimento e a qualidade da água (RODRIGUES,
2010).
A CODEVASF destaca que:
22
chuvas, estão contribuindo para escassez de água no Brasil, principalmente na Região Nordeste,
devido aos grandes períodos de estiagem (FIGUEREDO e CUNHA, 2017).
A educação tem papel fundamental no processo de preservação e proteção do meio
ambiente. A Educação Ambiental se constituiu com base em propostas educativas com inegável
relevância para a construção de uma perspectiva ambientalista da sociedade, buscando
caminhos sustentáveis (LOUREIRO, 2010).
A Educação Ambiental pode modificar os processos de mudanças sociais e culturais que
visam promover a sensibilização da sociedade quanto à crise ambiental e a urgência na mudança
de padrões de uso dos bens ambientais (DEMICHEI e NISHIJIMA, 2012).
Portanto, a Educação Ambiental se torna imprescindível, principalmente no espaço
escolar, não somente para levar informação, mas para, juntamente com o conhecimento de
dados e conceitos, buscar estimular a reflexão da realidade, fomentando assim ações de
transformação no dia a dia das pessoas. Dado que, a partir do momento que são exercidas
questões referentes a essa temática, possibilita a formação de futuros cidadãos aptos, com
habilidades, atitudes e conhecimentos para instigar maior integração e harmonia dos sujeitos
com o meio ambiente (FIGUEIREDO e CUNHA, 2017).
24
3 MATERIAL E MÉTODOS
O método que conduziu o estudo foi o experimental, com uma análise quantitativa e
qualitativa.
Gil (2019), afirma que o método experimental consiste essencialmente em submeter os
objetos de estudo à influência de certais variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo
investigador, para observar os resultados que a variável produz no objeto.
A abordagem quantitativa tem como objetivos elucidar dados, indicadores e tendências
observáveis, tornando-os inteligíveis através de variáveis (RIBEIRO, 2014). Os dados
qualitativos são oriundos da observação do pesquisador sobre o ambiente e sobre as relações
dos atores envolvidos com este, envolvendo valores, crenças, representações, hábitos, atitudes
e opiniões, sendo fundamental para esta pesquisa que busca elucidar questões envolvendo a
relação do homem com a natureza. (MINAYO; SANCHES, 1993 e AMOROZO; VIERTLER,
2010).
Essa etapa foi realizada através de ida a campo, constituiu na busca de informações e
levantamentos de dados na área estudada. As informações inerentes aos dados da pesquisa
foram desenvolvidas por meios de materiais específicos voltados para a obtenção de
25
informações acerca das nascentes. A pesquisa de campo foi realizada em três períodos entre
2020 e 2021, um no mês de outubro de 2020 para o levantamento de informações e coleta de
sedimentos, em dezembro de 2020 para a primeira coleta de água nas nascentes e no mês de
maio de 2021 foi realizada a segunda coleta, para as análises de qualidade da água, ambos com
base na sazonalidade.
Figura 4 – Pontos de coletas de água nas nascentes da área (A) urbana e (B) rural em Olho
D’Água do Casado.
A
As águas das seis nascentes foram coletadas no dia 02 de dezembro de 2020 e no dia 10
de maio de 2021 referente aos períodos sazonais. Foram usados três frascos de vidro âmbar
para a coleta de Fosforo Total e Nitrogênio Total, três frascos de polipropileno esterilizado com
Tiossulfato para a coleta de Coliformes Termotolerantes e três frascos plásticos para os
parâmetros de Oxigênio Dissolvido e Demanda Bioquímica do Oxigênio, totalizando 9 frascos
para análise da área urbana e 9 fracos para área rural (Quadro 2). As amostras coletadas foram
armazenadas em duas caixas térmicas de isopor com gelo após cada coleta. Terminado todo o
procedimento, no mesmo dia foram encaminhadas ao Laboratório de Análises Químicas da
Qualitex para as análises laboratoriais. Os parâmetros físicos, químicos e biológicos analisados
são:
Parâmetros físicos: Turbidez, Temperatura, Sólidos Totais Dissolvidos e Condutividade
Elétrica.
Parâmetros químicos: Potencial Hidrogeniônico, Nitrogênio Total, Fósforo Total,
Demanda Bioquímica do Oxigênio e Oxigênio Dissolvido.
Parâmetros biológicos: Coliformes Termotolerantes.
Quadro 2 - Coletas de água das nascentes nas áreas urbana e rural no período seco
dezembro de 2020 e chuvoso maio de 2021.
Coleta NU1 (Período seco) Coleta NU1 (Período chuvoso)
32
Figura 5 - Pontos de coletas de sedimento nas duas principais nascentes (A) da área
urbana e (B) rural em Olho D’Água do Casado.
A
3.5 Identificação dos Cursos D’Água e o Mapeamento: das Nascentes, Uso e Ocupação do
Solo e Geológico.
Todo procedimento para a construção do mapa foi feito com suporte do ambiente
Quantum Gis na sua versão 3.10.8 (Qgis), software com versão livre. Antes da delimitação da
bacia o MDE foi transferido para o Qgis, onde foi feito alguns pré-processamento, são eles:
reprojeção do MDE para o Datum Sirgas 2000 UTM zona 24s; preenchimento de células sem
valores e correção de valores negativos identificados na imagem.
Através do TauDem em ambiente Qgis e o uso do D-8, foram realizados alguns
processos como:
Pit remove – retira todo os desníveis alterados;
D8 flow directions – realiza 8 prováveis comandos de direções de fluxo da água;
D8 contribunting área - realiza um cálculo das áreas de contribuição e fluxo acumulado
da água;
36
Stream definiton by threshold - realiza uma resolução de fluxo por meio de um limiar,
onde foi usado um limiar de valor 500.
Com esse procedimento foi gerado um shape do ponto que determinasse a fonte da
bacia; logo a pós, repetiu-se a aplicação do D8 contributing área agrupado com o shape do lugar
de criação; repetiu-se igualmente a função stream definition by treshold; e pôr fim a função
stream reach and watershed, essa função faz com que a rede de drenagem a partir do lugar da
fonte seja mapeada e como resposta a bacia é definida automaticamente.
Depois de todo esse processo, foi aplicado o ottocodificado nível 5 da bacia do rio São
Francisco para servir como confirmação de campo, que pode ser acessada no site da Agência
Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA, e uso do software Google Earth para algumas
correções. A partir da rede de drenagem na escala de 1:50.000, que é a escala possibilitada pelo
uso do MDE ALOS AW3D30, se iniciou o mapeamento de possíveis nascentes, sendo
confirmada em campo as seis analisadas nesse estudo.
pixel de imagens dos satélites Landsat, com resolução de 30m, com o uso de algoritmos de
machine learning com a plataforma Google Earth Engine (SOUZA JUNIOR et al. 2020).
3.6 Levantamento dos Parâmetros Físicos, Químicos e Biológicos das Águas Analisadas
Através de Coletas Sazonais
3.6.2 Turbidez
A análise de turbidez foi feita em campo utilizando o aparelho turbidímetro (Figura 7),
o método usado foi o nefelométrico.
Entende-se por nefelometria a medida da quantidade de luz refletida devido à presença
de material sólido suspenso, a partir da luz dispersa num ângulo de 90º em relação a um feixe
de luz incidente. Quanto maior a intensidade da luz espalhada, maior será a turbidez da amostra
(ARAÚJO, 2018).
39
A nefelometria segundo Dabney (2006), é uma das técnicas utilizada para determinação
da turbidez. Turbidimetro nefelométrico que tem como princípio de funcionamento o
retroespalhamento óptico possibilitam a obtenção de um registro contínuo de perda de solo,
quando a concentração de sólidos suspensos (CSS) é bem relacionada com turbidez.
Para o parâmetro de turbidez, o aparelho de medição foi devidamente calibrado
conforme as orientações de fábrica. O aparelho pertence ao Laboratório de Sedimentologia
Aplicada do Instituto de geografia, desenvolvimento e Meio Ambiente da universidade Federal
de Alagoas - LSA/IGDEMA/UFAL.
O parâmetro pH das nascentes foi realizado in loco, após cada procedimento de coleta,
foi usado uma sonda multiparamétrica modelo Hanna mostrado anteriormente na figura 10.
O método usado para o parâmetro de nitrogênio total foi o Macro – Kjeldahl 4500 N
org. B do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2017). Para
a digestão foi utilizado um frasco Kjeldahl com 134 g de K2SO4 e 7,3 g de CuSO4, dissolvido
em 800 mL de água. Foi adicionado cuidadosamente 134 mL de H2SO4 concentrado,
posteriormente resfriado, diluído em 1L de água, e mantido a uma temperatura de
aproximadamente a 20 ° C para evitar a cristalização.
Foi selecionado o tamanho da amostra e diluído para 300 mL, o pH 7 foi neutralizado
e descolorado. Para a remoção da amônia adicionou-se 25 ml de tampão de borato e 6N NaO4
até o pH chegar a 9.5. Então, colocou-se um chip no Hengar Granules #12 fervido em 300 ml.
Cuidadosamente foi adicionado e resfriado 50 mL de reagente de digestão em balão de
destilação, misturado e aquecido sob um capuz de ejeção compatível para retirar os vapores de
ácidos. Após o fervimento, o volume foi reduzido para 50 ml até os vapores brancos serem
absorvidos, em seguida digeriu-se por mais 30 minutos.
Após o esfriamento, diluiu-se para 300 ml com água e adicionado 50 ml de reagente
Hidróxido de Sódio – Tiossulfato para a formação de uma camada alcalina. O frasco foi
conectado a um aparelho de destilação com vapor até que o pH ultrapasse 11,0. Após a
destilação foi coletado 200 ml de destilado e foi adicionado 50 ml de ácido bórico como solução
absorvente até a amônia ser determinada através da titulação. Para a medição final usou-se o
eletrodo seletivo de amônia.
O nitrogênio Total foi obtido através da formula:
Onde,
41
Para a análise do parâmetro DBO, foi utilizado o método 5210 B do Standard Methods
for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2017). O aparelho usado foi o LDO
(Luminescent Dissolvid Oxygen). Através de um frasco hermético de 300 mL a amostra foi
diluída e encubada em uma temperatura de 3° a 20° C por cinco dias. Para não acontecer a
produção fotossintética de OD a luz foi excluída e o pH foi ajustado para 7,0 usando uma
solução de ácido sulfúrico H2SO4 em uma intensidade que a amostra não fosse diluída no
reagente em mais de 5%. Em cada frasco de DBO foi necessária uma população de
microorganismos para oxídar a matéria orgânica biodegradável da amostragem.
A concentração inicial do OD foi feita da seguinte forma: em um recipiente de diluição
depositou-se dois terços cheios com a amostra diluída usando o método iodométrico para a
modificação de azida. Após a amostra ser colocada em um recipiente, o mesmo foi selado com
uma rolha para a não formação de bolhas na garrafa. Com uma sonda OD e com um agitador
foi obtida a medição inicial do oxigênio dissolvido em 30 minutos. Para a determinação final
em todas as amostras determinou-se após cinco dias.
Para o controle de sementes, determinou-se o DBO das sementes em suspenção. O
procedimento seguiu-se da seguinte forma: em três diluições de sementes onde a menor
quantidade com 2,0 depleção de m/L de OD e a maior em 1,0 mg/L o OD absorvido foi
43
A metodologia utilizada na análise foi a 9221 B, C, E com a técnica dos tubos múltiplos
do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2012).
Inicialmente, para determinar os coliformes termotolerantes preparou-se algumas séries de
tubos. A primeira série com cinco tubos com dupla concentração de caldo lauril sulfato de
sódio. As outras três continham cinco tubos de concentração com 10 mL de cultura cada.
A inoculação da primeira foi feita com 10 mL amostral, as outras três séries foram
inoculadas da seguinte forma: 1 mL, 0,1 mL, 0,01 mL respectivamente. Nas duas últimas as
amostras foram diluídas previamente em água peptonada a 0,1%.
Os tubos foram incubados a uma temperatura de 45°C por 24 horas. Observou-se através
de leitura os gases sendo formados nos tubos de Durham ou em efervescência através da
agitação podendo mostrar os coliformes termotolerantes. O teste presuntivo é a etapa onde
identifica-se há presença ou ausência dos supostos coliformes.
Na segunda etapa, os tubos que demostrou uma suspeita positiva de coliformes foram
reduzidos com ajuda da alça bacteriológica. As alíquotas de cada amostra foram mudadas para
outros tubos de 10 mL com caldo EC a 45°C e realizou-se a incubação por 24 horas. A presença
de coliformes termotolerantes em caldo EC foram caracterizados através da formação de gases
nos tubos de Durham ou em efervescência quando levemente agitado. Os resultados dos dados
foram expressos e analisados em NMP/100 mL.
A contagem padronizada dos microrganismos, foram feitos pelo método de Pour Plate
do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA 2012). As amostras
de 1 mL, 0,1 mL e 0,01 ml foram calculados em placas de petri esterilizadas. Após a
transferência aplicou-se o meio de cultura Plate Cont Agar, misturando a 44° C/46° C, em
movimentos circulares o conteúdo da placa foi homogeneizado. Quando a cultura ficou solida,
ela foi incubada invertidamente a 22°C por 4 horas. Terminado o período de incubação, a
contagem das colônias foi realizada.
com o foco no mês de dezembro 2020 e maio de 2021, meses escolhidos no período de
sazonalidade, através dos índices de chuva na Região Ambiental do Sertão São Francisco, esses
valores são da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH.
A cartilha foi ilustrada com imagens de fácil entendimento. O material didático foi
criado com uma estrutura e uma esquematização textual com uma linguagem fácil de entender
para que seja de rápido acesso para a população e os alunos que iram ter acesso a esse material.
Para Alves (2019), tais cartilhas, em particular, podem ser elaboradas a partir de uma
realidade estudada, associando elementos verbais e não verbais, como imagens e esquemas, a
fim de facilitar a socialização e o entendimento de informações que precisam ser
compartilhadas entre as pessoas.
É neste sentido que se destaca também a chamada Popularização da Ciência, que é uma
estratégia utilizada em dias atuais para transpor o conhecimento acadêmico de pesquisadores e
cientistas (especialistas) para o público leigo (não especialista), a partir de uma linguagem e
métodos de fácil compreensão (BUENO, 2010).
Diante disso, a confecção de materiais de divulgação, como as cartilhas, visa tornar
determinadas temáticas atrativas à população e vem contribuindo para o desenvolvimento
científico e social (RABELO et al., 2015).
Neste processo, a produção e divulgação de cartilhas educativas é uma forma viável de
informar e sensibilizar as pessoas acerca de questões socioambientais que as acometem, tendo
como base os resultados de pesquisas realizadas in loco (ALVES, 2019).
53
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 13 - Escoamento superficial durante uma forte chuva no mês de dezembro de 2018.
4.2 Geologia das áreas das Nascentes na Sub-bacia do Riacho das Águas Mortas
A Bacia Sedimentar do Jatobá onde as nascentes estão inseridas apresentam solos com
uma presença de resíduos de rochas quartzoarenosas com sua formação textural principal
arenosa, com uma alta permeabilidade e com uma boa composição aquífera presente.
Segundo a CPRM (2016), as bacias sedimentares apresentam elevado potencial hídrico.
Apresentam também boa capacidade de recarga e elevadas vazões.
De acordo com Leite et al. (2001), a Bacia Sedimentar do Jatobá situa-se em quase sua
totalidade no Estado de Pernambuco com uma pequena porção no extremo noroeste do Estado
de Alagoas, possuindo uma área total de aproximadamente 3.500 Km². A estrutura geológica
determina a extremidade setentrional do Sistema Rifte Recôncavo-Tucano-Jatobá no nordeste
brasileiro (GUZMAN, 2015).
No território alagoano, a Bacia do Jatobá tem seu afloramento em duas formações
sedimentares, a Formação Tacaratu e a Formação Inajá do Grupo Jatobá, porém na área
analisada, só existe a ocorrência da formação Tacaratu. A Sub-bacia do riacho das Águas
Mortas tem seu fundamento em três fases em estrutura Pré-Cambriana e estão agrupadas
litologicamente no Paleozóico, Neoproterozóico, Mesoproterozóico tendo sua estrutura
geocronológica (Quadro 6), permitindo assim saber, a identidade das rochas como também sua
idade e seus componentes minerais. O riacho está inserido no Complexo Belém de São
Francisco, Granitoide Curralinho e na Formação Tacaratu.
PROTEROZÓICO
EÓN 2,5 bilhões a 540 milhões de anos atrás
Nascente Minador
09° 30’ 17,2” S, 37° 49’ 42,2” W
58
Figura 15 - Mapa geológico da sub-bacia do riacho das Águas Mortas, Olho D'Água do Casado - AL.
Com o grande avanço das atividades pecuárias no semiárido, as práticas antrópicas vêm
aumentando devido as ações do uso e ocupação de forma incorreta do solo, sendo a área exposta
a um grande processo de degradação ambiental. Na análise feita através da coleção MapBiomas
e do relatório feito in loco nas áreas trabalhadas, foram constatadas cinco classes de uso e
ocupação, sendo a pastagem e agricultura as maiores atividades na região.
A acelerada expansão agrícola e o consequentemente o desmatamento têm refletido
sobre os recursos hídricos e na qualidade de vida das populações, carecendo de uma
reorganização do ambiente e gerenciamento dos recursos naturais (CARVALHO NETO, 2020).
As alterações na área ocupada por intervenções de diferentes praticas estão expostas na
(Tabela 1).
Os resultados evidenciaram que a maior influência ocorreu através das áreas desmatadas
para e pastagem e agricultura. A zona urbana corresponde uma pequena parte de 1,3%. Os
corpos hídricos equivalem a 3,7% da região, esse valor é explicado pela presença do encontro
do rio São Francisco com o riacho do Talhado. Espaços limitados apresentam uma vegetação
predominante, sendo a sua maioria em áreas complexas de difícil acesso, correspondendo
26,9% da área (Figura 17).
Seabra et al. (2014), pontuam que a remoção da vegetação natural se deve
principalmente à retirada para a criação de animal e agricultura.
As análises das transformações das áreas onde se encontram as nascentes, evidencia-se
a expansão sobre os locais de vegetação nativa, com ênfase para o aumento das áreas para
plantação na zona rural e atividades antrópicas (construções de habitações) perto das nascentes,
61
como acontece na área urbana (Figura 16). Segundo Muritiba (2011), a degradação do solo por
meio da ocupação agrícola desordenada é uma das principais causas de degradação dos
recursos.
Zona rural
Zona urbana
Figura 17 - Mapa de uso e ocupação do solo da Sub-bacia do Riacho das Águas Mortas, Olho D’Água do Casado - AL.
Desmatamentos
64
Construções Irregulares
Vegetação Exótica
Eutrofização
65
Presença de Animais
Resíduos Sólidos
Fonte: Ana Paula Lopes da Silva (2021). Elaboração: Autor (2021).
Os resultados das análises dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água das
nascentes urbanas e rurais no mês de dezembro de 2020 referentes ao período seco e maio de
2021 relacionado ao período chuvoso, foram comparados com os Valor Máximo Permitido
(VMP) da Resolução CONAMA de N° 357 de 2005 e o de potabilidade do Ministério da Saúde
de N° 2.914 de 2011. Os valores seguiram o modelo de classificação apresentados na (Tabela
2).
MS 2.914/11
CONAMA
Parâmetros
N° 357/05
Períodos
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
jan/2 fev/2 mar/2 abr/2 mai/2 jun/2 ago/2 out/2 nov/2 dez/2 jan/2 fev/2 mar/2 abr/2 mai/2
jul/20 set/20
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1
Série1 11,2 122,9 786,9 386,4 326,4 312,1 264,8 141,5 53,4 146,1 116 69,2 82,3 74,6 76,6 394,2 172,8
Silva et al. (2018) também encontraram maiores valores de turbidez no período chuvoso
nas nascentes, o que eles associaram ao uso e ocupação do solo que favorecem o carregamento
de sedimentos e sais por meio das chuvas para os corpos hídricos.
O índice de turbidez na área rural no período seco mostrou-se elevado nas nascentes
NR5 e NR6, sendo o principal fator do aumento a quantidade de sedimentos no corpo hídrico
devido à pouca precipitação e a retirada da vegetação no seu entorno. A NR4, está dentro do
valor permitido, sendo influenciada pelos fatores naturais. Para o período de chuva nas
nascentes NR4, NR5 e NR6 a turbidez se comportou bem a cima do limite desejável. O
carregamento de materiais sólidos em suspenção e a ação antrópica são os aspetos desse
aumento.
Raposo et al. (2009), colaborando com a pesquisa, fala que menores taxas de turbidez
encontradas na estação chuvosa, remete a fatores naturais. De acordo com Piratoba et al. (2017),
o parâmetro turbidez não apresenta, por si só, um indicativo de poluição da água, podendo ser
apenas a determinação de um elevado teor de sedimentos que as águas transportam, a depender
do solo e vegetação do seu entorno.
Figura 21 - Índice de turbidez das nascentes urbanas e rurais no município Olho D’Água
do Casado, Alagoas.
Turbidez
50
45
40
35
30
(NTU)
25
20
15
10
5
0
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 48,7 2,13 13,9 4,02 25,4 17,2
Período Chuvoso/2021 21,9 7,36 8,94 21,4 21,4 10,5
10:00 as 10:58hs, onde o aumento da radiação solar contribuiu para uma alternância no índice
de temperatura. Está mudança pode estar associada ao início do verão que é caracterizado como
uma estação de alta incidência, diminuindo assim o volume de água nas nascentes e com o
período de inverno que eleva quantidade de água através da presença de chuva na região. Outro
fator determinante para mudança do clima é a falta da mata ciliar ao redor dos mananciais.
O Ministério da Saúde (2011), determina como parâmetro aceitável de temperatura de
20°C a 30°C, só a NU2 ficou dentro do padrão exigido, fator esse devido ao local ser húmido e
com sombreamento de algumas árvores. No período chuvoso as três fontes ficaram no padrão
de aceitabilidade.
Segundo Silva e Araújo (2017), as mudanças térmicas são parte do regime climático
normal e corpos de água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem como
estratificação vertical.
Um estudo feito por Machado (2013), constatou que valores elevados de temperatura
tem relação direta com o fator de proteção no entorno. As fontes que apresentaram uma
temperatura alta, também apresentaram ausência de estruturas de proteção, bem como uma
maior exposição solar, tendo em vista que a presença de vegetação estava reduzida.
Em relação ao parâmetro temperatura nas nascentes do assentamento rural, a NR4 e a
NR5 obtiveram o mesmo valor no mês de dezembro de 2020, o horário de coleta também foi o
fator determinante para os registros. A NR6 apresentou um índice de temperatura menor,
tendências como as sombras das poucas vegetações existentes no local e a umidade do solo ao
redor da nascente foi a condição para que o resultado estivesse dentro da regularidade.
A temperatura da água em maio (2020), mês com presença de chuvas no local, as fontes
NR4, NR5 e NR6 apresentaram concentrações regulares dentro da aceitabilidade. A influência
da estação chuvosa e a cobertura vegetacional favoreceu o local onde as três se encontram.
Esteves et al. (2019), em sua pesquisa encontrou a temperatura de 28,5°C em uso de
índices multiparamétrico para avaliação física, química e biológica da água. Em seu estudo os
pontos com maior temperatura são aqueles em que foi observado a mata ciliar em degradação
ou a falta dela. A falta da vegetação ciliar é um dos principais motivos para elevação do
parâmetro.
73
33
32
31
30
29
(°C)
28
27
26
25
24
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 32,2 28,4 31,3 30,4 30,4 29,9
Período Chuvoso/2021 29,0 28,9 29,2 29,0 27,3 27,6
causas do parâmetro elevado. Na análise da NR6 houve uma diminuição na estação de chuva,
porém mesmo com essa baixa no resultado a fonte ultrapassou o valor máximo permitido.
Souza et al. (2015), elencam que a concentração de STD na água é influenciada por
diversos fatores que vão desde a velocidade de vazão, precipitação, extrato vegetacional,
topografia da região, pedologia, até as atividades produzidas pelo homem, que podem resultar
em ocupação desordenada do solo.
Santos (2018), complementa que a presença em demasia de sólidos na água, provoca
alteração da cor, aumento da turbidez e diminuição da transparência, podendo afetar
esteticamente o ambiente aquático devido à diminuição da fotossíntese e do oxigênio dissolvido
no corpo hídrico, favorecendo por consequência o processo de eutrofização.
Figura 23 - Índice de sólidos totais dissolvidos das nascentes urbanas e rurais no município
Olho D’Água do Casado, Alagoas.
Sólidos Totais Dissolvidos
1400
1200
1000
800
(mg/L)
600
400
200
0
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 530 490 1170 1200 1340 790
Período Chuvoso/2021 740 1340 1270 1260 1300 660
de solos. A NU2 no período seco, foi a única que se enquadrou nos padrões da portaria do
Ministério da Saúde.
Os três pontos no período chuvoso ultrapassaram consideravelmente o valor
determinado para comparação (Figura 24), a NU2 e NU3 foram as que apresentaram os maiores
números. Resultados mais elevados de CE tendem a ter ligações com o lançamento de esgotos
em consequência da falta de saneamento básico. Com o aumento de volume de chuva na região,
todo material descartado a céu aberto pelas residências é transportado pelas chuvas para dentro
das nascentes. Outro fator relevante, é a quantidade de sedimentos em consequência do arraste
pelas chuvas para os corpos d’água por conta da falta de vegetação no local.
De acordo com Lordelo (2018), a condutividade elétrica (µS/cm) é a capacidade de uma
substância conduzir a corrente elétrica, e está relacionada ao teor de sais dissolvidos sob a forma
de íons.
Quanto a atribuição do índice de CE para as fontes rurais, todas os três pontos
apresentaram indicadores muito a cima do estabelecido nas nascentes nos dos períodos
sazonais. A NR5 e NR6 foram as que apresentaram valores máximos em dezembro e a NR4
com a menor variação em maio. Os três pontos estão em discordância com a determinação
governamental. Com o baixo volume de precipitação em dezembro e o índice chuvoso no mês
de maio, o nível de água teve uma variação nas nascentes elevando CE em função da quantidade
de sedimentos transportado.
Ribeiro (2014), encontrou valores alto na estação seca 1670 µS/cm e na estação chuvosa
1730 µS/cm, indicando um aumento de sedimentos devido ao baixo volume de água.
Segundo Souza et al. (2015), a variável condutividade elétrica, em maior concentração,
pode fornecer informações sobre o metabolismo do ecossistema aquático, magnitude da
concentração iônica, produção primaria, decomposição e poluição, que é influenciada por
diversos fatores, como características geoquímica, o clima da região e o padrão de estratificação
da coluna d’água.
Santos et al. (2018), em uma aplicação da análise multivariada para análise de qualidade
da água em rios pernambucanos, apresentaram a CE muito maior que o permitido, tendo em
um dos pontos de coleta 17273, 17278 e 17290 µS/cm. Esses valores estão associados a
quantidades de sedimentos.
76
3000
2500
2000
(µS/cm)
1500
1000
500
0
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 1080 990 2340 2380 2670 1580
Período Chuvoso/2021 1490 2700 2550 2520 2600 1340
corrosão foi encontrado nos pontos NR4 e NR5 no período de chuva, já a NR6 teve seu
comportamento neutro. O alto grau corrosivo tem sua ligação com a presença de matéria
orgânica, que a partir da decomposição no solo e na água torna o corpo hídrico corrosivo.
Souza et al. (2015), em um estudo da qualidade da água, observou valores ácidos nas
coletas do pH, com o menor valor de 5,36 e maior de 5,93. Segundo Ribeiro (2014), em sua
pesquisa em dois pontos de coleta encontrou o pH da água da cacimba apresentando valores na
faixa da acidez 4,34 e 4,58 o que pode estar relacionado com o tipo de solo no local.
5
(pH)
0
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 5,9 6,2 3,4 5,9 7,4 7,1
Período Chuvoso/2021 5,3 4,4 4,5 4,9 5,7 6,0
As amostras do parâmetro Nitrogênio Total (NT), das nascentes urbanas NU1, NU2 e
NU3 em dezembro, mês que faz parte do período seco (Figura 26), apresentaram valores
menores na amostragem, enquadrando-se dentro do estabelecido pelo CONAMA (2005), que
tem o VMP de 1,27 mg/L. esse baixo índice de NT pode ter sua proporção voltada a quantidade
de solos na água por conta a falta de vegetação.
Gomes (2017), em seu estudo sobre a interferência do uso e ocupação do solo na
qualidade das águas do Ribeirão das Pedras em campinas, São Paulo, encontrou o valor de
nitrogênio total no ponto 01 de 0,54 mg/L, podendo estar relacionado com a quantidade de
sólidos na água.
No período de chuva as três nascentes demonstraram resultados muito elevados,
principalmente as fontes NU1 e NU3 que obtiveram o mesmo valor. Essa concentração mais
78
elevada tem sua relação com a sazonalidade, visto que de acordo com a ANA (2016), as
concentrações aumentam quando se verifica escoamento superficial de áreas agrícolas,
lançamentos de efluentes, excretas de animais e até pela utilização de fertilizantes.
Em relação ao NT verificado nos pontos de coleta no Assentamento Gastone Beltrão na
área rural, as nascentes NR4, NR5 e NR6 no período seco, foi observado alterações nos seus
respectivos valores. No período chuvoso foi averiguado que as nascentes analisadas atestaram
taxas elevadas de nitrogênio total. O aumento desse parâmetro está relacionado a quantidade de
matéria orgânica no local e em virtude do clima.
O nitrogênio total e um dos principais parâmetros que em seu alto grau pode levar as
nascentes ao processo de eutrofização, é o que vem ocorrendo com as fontes do assentamento
rural que mostrou volumes autos nos dois períodos.
Anjinho et al. (2020), no que se refere ao NT, observou um aumento nas concentrações
desse parâmetro entre os períodos seco e chuvoso, demonstrando que a concentração nos cursos
hídricos varia muito em virtude da sazonalidade do clima.
Agrizzi et al. (2018), em seu levantamento sobre a qualidade da água de nascentes do
Assentamento Paraiso, obteve valores de NT acima do permitido, esse valor tende a estar
associado em função da decomposição da matéria orgânica. Medeiros (2017), corroborando
com a pesquisa encontrou concentração de nitrogênio total presente nas amostras de água dos
3 pontos analisados, com valores de 9,68, 6,68 e 2,88 mg/L no açude que ultrapassam o VMP
(1,27 mg/L).
79
Figura 26 - Índice de nitrogênio total das nascentes urbanas e rurais no município Olho
D’Água do Casado, Alagoas.
Nitrogênio Total
10
9
8
7
6
(mg/L)
5
4
3
2
1
0
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 1 1 1 1,40 1,40 2,80
Período Chuvoso/2021 5,60 2,80 5,60 4,20 9,80 8,40
A concentração de Fósforo Total (PT), nas amostras de água das nascentes urbanas e
rurais no mês de dezembro de 2020 e maio de 2021, ficaram a cima do valor máximo permitido
que é de 0,05 mg/L segundo a Resolução CONAMA 357/05.
O PT obtidos nas três nascentes (Figura 27) na estação de poucas chuvas, a maior
concentração foi encontrada na NU3, onde a decomposição da rocha pode ser o fator
determinante. Nas demais nascentes urbanas o aumento da ação antrópica, ou seja, o uso de
adubos para plantação e a presença de efluentes é uma das causas desse acréscimo. A presença
de PT no período de chuva mostrou-se a baixo dos valores analisados na estação seca, a maior
ocorrência foi na NU1 devido ao araste de matérias orgânicos e ao processo de lixiviação.
Segundo Araújo (2018), a presença de fósforo na água tanto pode estar ligada a
processos naturais (dissolução de rochas, lixiviação do solo, decomposição de matéria orgânica,
chuva), quanto a processos antrópicos, como por exemplo, o uso de pesticidas ou fertilizantes.
Concentrações elevadas de fósforo na água podem ter sua gênese relacionados a
diversos fenômenos, porém, as atividades antrópicas são as principais responsáveis. Além de
material fecal como fonte de fósforo, as descargas de esgoto também podem contribuir com
moléculas de superfosfatos (ANA, 2016).
A presença de PT encontrados nas fontes rurais, apresentou valores superiores nas NR4,
a NR5 e a NR6 no mês de dezembro e uma baixa concentração no mês de maio, porém ambos
os dois meses ficaram em desacordo com a norma determinada pelo CONAMA. Esses valores
80
Figura 27 - Índice de fósforo total das nascentes urbanas e rurais no município Olho
D’Água do Casado, Alagoas.
Fósforo Total
3,00
2,50
2,00
(mg/L)
1,50
1,00
0,50
0,00
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 1,31 1,19 2,51 0,09 1,47 3,00
Período Chuvoso/2021 0,23 0,16 0,08 0,23 0,76 0,42
residenciais fazem com que a oxidação da matéria orgânica aumente, elevando também a taxa
de consumo de oxigênio.
Neves et al. (2015), detectaram valores acima do limite, devido a decomposição da
matéria orgânica e influência do lançamento de esgoto no curso d’água.
Os pontos NU2 e NU3 possuem valores superiores ao estabelecido, pois a área é
influenciada pela ação antrópica.
Gomes (2017), corroborando com a pesquisa encontrou concentrações elevadas de
DBO em dois pontos, sendo este fato associado ao uso e ocupação da área.
As amostras de DBO da área rural demonstraram valores iguais nas nascentes NR4 e
NR6 no período seco, a pouca quantidade de água por causa da precipitação e também a uma
maior demanda de material orgânico presente no solo, pode ser a causa do aumento desse fator.
Leandro et al. (2013), pontuam que os valores mais elevados de DBO, podem ser por causa da
capacidade de diluição devido abaixa precipitação.
A NR5 foi a que apresentou uma maior concentração, esse acúmulo tem sua relação
com um volume de orgânico (galhos e folhas de árvores) e a fezes de animais, pois a área serve
de passagem e dessedentação.
De acordo com Cunho e Ferreira (2019), o aumento de matéria orgânica pode estar
relacionado aos nutrientes presentes no efluentes, em fezes de animais, restos de folhas e galhos
e outros nutrientes orgânicos provenientes do solo.
No período chuvoso a alteração de DBO na nascente NR4 mostrou-se bem a cima do
recomendado, essa alteração tem como causa os processos antrópicos e um volume de partículas
orgânicas transportada pela chuva, já na NR5 e NR6 houve uma pequena redução no valor, mas
ficando em desacordo com o CONAMA.
Bifano et al. (2020), avaliando a qualidade da água em microbacias hidrográficas do
extremo Sul da Bahia, mencionam que os valores de DBO apresentou uma variação no período
seco de 0,8 mg/L a 5,1 mg/L. as possíveis causas que contribuíram para esse cenário, são a
grande quantidade de matéria orgânica encontrada, bem como a influência antrópica.
82
9,00
8,00
7,00
6,00
(mg/L)
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 4,22 4,64 4,15 4,56 4,96 4,56
Período Chuvoso/2021 8,34 5,93 5,63 5,14 4,72 3,36
todos os valores encontrados para OD foram de acordo com a Resolução 357/05 do CONAMA
para as águas doces.
Na área rural as nascentes obtiveram uma concentração de OD bastante significativa,
mesmo com pouca precipitação em razão do período seco. As nascentes NR4, a NR5 e a NR6,
podem ter seus valores associados com a vegetação, ao sombreamento das árvores, com as
características do solo e a causas naturais da água. Na estação chuvosa as nascentes não
apresentaram grandes mudanças nos valores, devido ao pequeno aumento de materiais
orgânicos.
Cunha e Calijuri (2010), explanam que isso pode ser explicado por conta do maior grau
de entrelaçamento das copas das árvores, que influenciam na temperatura da água e,
consequentemente, potencializa a solubilidade do oxigênio. Rocha (2019), constatou que em
todas as nascentes avaliadas apresentaram valores de OD em conformidade com a legislação
vigente, variando entre 10,97 mg/L e 16,2 mg/L, indicando uma ótica capacidade de aeração
desses corpos de água. O autor relata que as maiores concentrações de OD foram registradas
nas nascentes Grotas, Pedras e Areais (média de 15,4 mg/L).
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
(mg/L)
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 7,00 7,60 8,10 8,20 9,10 8,80
Período Chuvoso/2021 6,40 7,20 7,60 8,10 8,90 9,30
160000,0
140000,0
120000,0
100000,0
(NMP)
80000,0
60000,0
40000,0
20000,0
0,0
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Período Seco/2020 92,0 22,0 4,5 70,0 350,0 2400,0
Período Chuvoso/2021 3500,0 2100,0 490,0 9200,0 22000,0 160000,0
Considerando as médias de cada parâmetro previsto para cada nascentes nos períodos
sazonais, foi possível analisar onde os fatores físicos, químicos e biológicos atuaram com uma
maior frequência. Nas nascentes NU1, NU2, NU3 e NR4, os maiores resultados foram
encontrados no período chuvoso com o destaque para os parâmetros físicos e biológicos. As
fontes NR5 e NR6 apresentou o parâmetro físico elevado na estação seca, já a análise química
e biológica nos dois pontos foram bem elevados na estação de chuva.
Portanto, levando em consideração as duas áreas de coleta (Figura 31), admite-se que
as águas das nascentes não apresentaram um perfil de uma boa qualidade na maioria dos dados.
Na área urbana o índice elevado foi em decorrência das ações antrópicas e na zona rural houve
um maior acúmulo dos parâmetros em decorrência dos fatores naturais e antrópicos.
86
Figura 31 - Média dos parâmetros físicos, químicos e biológicos analisados nas nascentes.
Média por parâmetros
160000
140000
120000
100000
80000
60000
40000
20000
0
P.S P.C P.S P.C P.S P.C P.S P.C P.S P.C P.S P.C
NU1 NU2 NU3 NR4 NR5 NR6
Físico 422,73 570,23 377,63 1019,07 888,8 964,54 903,61 957,6 1016,45 987,18 604,28 509,55
Químico 3,89 5,18 3,95 4,09 3,83 4,68 4,03 4,51 4,87 5,98 5,25 5,50
Biológico 92 3.500 22 2.100 4,50 490 70 9.200 350 22.000 2.400 160.000
4.5 Sedimentologia
A análise granulométrica obtidas nas duas amostras das nascentes através dos
peneiramentos, seguiram-se o seguinte padrão de frações (Tabela 3):
NU1 NR6
Material quartzoso
Figura 33 - Material encontrado nas amostras retidas na peneira 0,063 mm, nascente NU1.
Fração areia
MUITO
MUITO
GROSSA GROSSA MÉDIA FINA FINA
Figura 34 - Material encontrado nas amostras retidas na peneira 0,063 mm, nascente NR6.
Fração areia
MUITO
GROSSA
Fonte: Autor (2021).
Muito grossa
50
40
30
20
Areia muito fina Areia grossa
10
0
Figura 36 - Material encontrado nas amostras retidas a baixo na peneira 0,063 mm.
NU1 NR6
nos diferentes ambientes sedimentares. Reflete a média geral do tamanho dos sedimentos,
recebendo influência da fonte de suprimento do material, do processo de deposição e da
velocidade das correntes fluvial (OLIVEIRA, 2018).
Assim, os ambientes com maior energia terão clásticos grossos, enquanto que os
ambientes de baixa energia terão predominantemente partículas finas. A granulação média
também está fortemente vinculada às características da área fonte (COIMBRA et. al., 1991 apud
OLIVEIRA, 2005).
Em relação a distribuição do diâmetro médio dos sedimentos das nascentes analisadas,
apresenta uma variação nas duas nascentes estudadas, na NU1 e NR6 (Tabela 4).
A areia média encontrada na área onde a nascente NU1 está localizada, pode estar
ligada ao processo de sedimentação atuante no local, pois devido a decomposição das rochas,
ao processo de uso da terra e a retirada da vegetação, no período de chuvas na região esses
sedimentos são levados pelo processo de drenagem superficial das outras fontes, sendo
depositado na nascente principal.
Já o material depositado na NR6, foi possível verificar que na classificação a areia
grossa (Figura 37), é o tipo de sedimento encontrado que pode estar relacionado com a
preservação da mata ciliar. Provavelmente devido a precipitação no período chuvoso, os
sedimentos finos e médio são levados pela água para outros locais e ficando os sedimentos
grossos em uma pequena quantidade perto da fonte.
O carreamento, a entrada e a deposição de sedimentos de fração granulométrica devido
ao uso da terra estão entre os impactos mais importantes sobre os sistemas aquáticos em todo o
mundo (WANTZEN, 2006). Por outro lado, o predomínio do sedimento mais grosso em
nascentes em áreas de floresta pode estar associado ao estado de conservação da vegetação
natural do seu entorno, visto que a complexidade estrutural da vegetação pode tamponar os
efeitos do uso do solo (FERREIRA e FONSECA, 2003).
92
Portanto, para melhor selecionamento, correntes devem possuir força intermediária e constante
(FOLK, 1974 apud PEREIRA, 2017).
As escalas qualitativas para descrição do grau de seleção, segundo Folk e Ward (1957),
conforme na (Tabela 5):
4.5.2.6 Assimetria
A distribuição assimétrica mostrou valores distintos nos dois mananciais (Tabela 8).
A NU1 apresentou o valor aproximadamente simétrico, onde a presença da ocupação urbana é
maior, podendo influenciar o grau de assimetria devido a energia decorrente do local.
A NR6 mostrou o grau também aproximadamente simétrico no lado direito, porém
podendo estar relacionado ao uso da terra. A área especifica é usada para plantação e uso
animal.
As duas áreas estudadas apontam um resultado tendo uma alteração de energia,
mostrando uma variação ora mais alta, ora mais baixa.
4.5.2.7 Curtose
A nascente NU1 demostrou curva leptocúrtica, podendo está ligadas aos sedimentos
transportados em períodos de chuvas, demostrando alguma extração fracionada através das
formações de correntes de fundo ou de outras formações de deposito. A NR6 apresentou curva
platicúrtica que aponta a curtose caractrística de uma ação deposicional, podendo ter uma
ligação com diferentes tipos de sedimentos (Tabela 10).
De acordo com Bulhões et al. (2011), quando platicúrtica, a curtose indica tendências
deposicionais, sugerindo mistura de populações diferentes de sedimentos. Quando leptocúrtica,
há tendência de transporte, indicando remoção de alguma fração por meio de correntes de fundo
ou outros forçantes deposicionais.
NU1 17 32 20 20 3 8 27 35 38 65 35
NR6 10 23 20 26 14 7 25 41 34 56 44
Fonte: autor (2021).
Muito
Anguloso Alta
40 60
Bem 30 40
20 Anguloso
Arredondado
10 20
0
0
Sub-
Arredondado
Anguloso
Baixa Média
Sub-
Arredondado
Textuta Superficial
70
60
50
40
30
20
10
0
Fosca Brilhante
NU1 NR6
O fluxo de água das nascentes estudadas está associado ao clima, e a outros tipos de
elementos relacionados ao ambiente. O regime sazonal das chuvas na área está concentrado em
dois períodos bem definidos seco e chuvoso, com uma caracterização bem acentuada nos meses
através da variação de precipitação. O seu volume durante o ano mante-se na ordem segundo
DCA (2013), de 545,6 mm. Devido a relevância para as nascentes sobre a quantidade de chuvas,
foi importante destacar a precipitação dos últimos dez anos, pois demonstra o índice de água
em um período prolongado.
Mesmo não tendo como apresentar relatórios de precipitação da área analisada, os dados
dos municípios vizinhos Delmiro Gouveia e Piranhas, demonstram uma série de valores que
comprovam que naquela área houve um acúmulo de chuvas nos anos apresentados. As chuvas
nos municípios do semiárido, tem sua característica irregulares variando entre os anos e entre
os municípios (Figura 40). Os valores de precipitação mostram uma ocorrência considerável na
variação de chuvas interanuais.
Segundo Santos et al., (2017), em sua pesquisa sobre a análise da precipitação pluvial e
temperatura do ar de Olho D’Água do Casado, Delmiro Gouveia e Piranhas em Alagoas, falam
que embora os locais pesquisados sejam geograficamente próximos, há uma variação da
precipitação pluvial entre as áreas pesquisadas. O regime de precipitação é altamente variável
entre os diferentes anos, como também, durante a estação de chuvas a cada ano.
De acordo com Sena et al. (2017), na região Semiárida brasileira a variabilidade do
regime pluviométrico é característica marcante, não somente nos totais anuais, como também
na quantidade e distribuição espacial.
Os últimos três anos dos períodos avaliados, apresentaram um volume de chuva baixo
em 2018 e 2019 e um volume bastante significativo no ano de 2020, pois demonstrou um nível
acima do estabelecido para aquela região nos dois municípios.
100
Figura 40 - Precipitação dos últimos dez anos dos pontos de Delmiro Gouveia série e
Piranhas série.
Precipitação
800
700
600
500
400
300
200
100
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Delmiro Gouveia 575,7 191,5 488,4 532 216 193,8 634,3 420 392,4 672,6
Piranhas 598,5 220,8 526,3 406,9 313,1 437,7 452,8 502,5 381,2 751,7
Como as nascentes tem seu fluxo com variações ligadas as condições regionais e que
demonstram sua variabilidade na demanda hídrica através da precipitação durante o ano. Os
aquíferos têm seus desenvolvimentos vinculado a recarga de água subterrânea.
No município olho D’Água do Casado, assim como os demais pertencentes naquela
região, as chuvas tem o seu período prolongado durante alguns meses do ano que começa em
fevereiro e vai até julho, Santos et al., (2017), confirmam que o período chuvoso em Olho
D’Água do casado vai de fevereiro a julho.
Está concentração de água no período chuvoso tem seu volume precipitado ficando uma
parte na superfície e a outra abastecem o subsolo através da quantidade que escoa infiltrando o
solo e aumentando o nível de água no lençol freático, que aos poucos vão sendo liberados para
as nascentes durante o ano.
Segundo Soares et al (2010), as nascentes são influenciadas pela distribuição da
precipitação durante o ano, uma vez que são abastecidas tanto pelo escoamento superficial
quanto pelo lençol freático que constitui as suas zonas de recarga.
O processo mais importante de recarga de água no subsolo é a infiltração. Denomina-se
infiltração o processo pelo qual a água entra no solo, que perdura enquanto houver
disponibilidade de água em sua superfície (NETO, 2010).
101
Figura 41 - Nascentes urbanas e rurais nos períodos seco e chuvoso entre os anos de 2018:
(A, E, I, K); 2019: (B, C, G, H, L); 2020: (D, F, J).
A B
102
C D
E F
G H
103
I J
K L
Nas ações de campo foram mostradas como são feitas as coletas de amostras de água e
análise nas nascentes, expondo aos alunos a importância das fontes para o meio ambiente.
A Primeira etapa foi feita um alerta falando sobre a preocupação ambiental da
localidade, abordando novamente a relação sociedade-natureza e os benefícios da conservação
e proteção desse ambiente e o que ele pode trazer para a comunidade. Na segunda etapa foi feita
uma atividade de limpeza das nascentes e ao seu redor recolhendo os lixos recicláveis e
conscientizando assim a turma (Figura 43).
106
fundamentais para a proteção e conservação das nascentes, e que os mesmos possam contribuir
com o desenvolvimento sustentável dos aspectos sociais e econômicos do local.
A educação ambiental colabora positivamente para proteger o meio ambiente e o
aumento da qualidade de vida da sociedade, principalmente a população do semiárido, que sofre
com as dificuldades do clima, a falta de chuva, com o desmatamento e com a quantidade da
água, além da má qualidade que pesa para a sobrevivência de quem vive e tira seu sustento
naquela localidade.
Segundo Oliveira (2018), a necessidade de desenvolver hábitos responsáveis quanto ao
uso da água, assim como sua preservação aponta a educação ambiental como um caminho
eficaz nesta conquista.
Com a continuidade do projeto no ano de 2020/2021, buscou-se construir uma cartilha
com tema “Protegendo Nossas Águas” (Figura 44), com o intuito de apresentar a comunidade
o conhecimento sobre o cuidado das nascentes, a forma de proteção e conservação. No material
foram abordadas as qualidades das nascentes, sua origem, seu funcionamento e como fazer para
proteger esses recursos que é de extrema importância para à vida. Nesse mesmo material foi
apresentada também a Lei Federal 12.651/12 do Código Florestal, onde é garantida a proteção
das nascentes e suas áreas florestais.
As atividades participativas da sociedade no controle da preservação das nascentes e
suas áreas é uma grande ferramenta que só a educação ambiental pode fornecer. Além de
proporcionar a conscientização coletiva sobre a conservação, proteção e a sustentabilidade
sobre os recursos naturais, incentiva também o acesso das pessoas a participar na administração
ambiental.
A Lei 9.985/2000, criou o Sistema Nacional da Unidade de Conservação da Natureza –
SNUC, que determina a criação de conselho gestores, em sua maioria consultivas, nas áreas
protegidas enquanto instrumentos de gestão participativa, compostos por representantes do
Estado e da sociedade civil (BRASIL, 2000).
108
Por fim, os locais protegidos por lei como as APP’S onde as nascentes fazem parte,
estimulam as ações e práticas de educação ambiental de várias formas como um espaço para
implantar as ações de políticas públicas, definidos em conjunto entre os orgãos públicos e a
sociedade civil, adquirindo conhecimento e transmitindo informação de qualidade, assim
aumentando a relação sociedade-natureza.
109
5. CONCLUSÃO
Na descrição das nascentes nas áreas urbana e rural do município Olho D’Água do
Casado, percebe-se que a grande dimensão dos impactos das ações e do desequilíbrio ambiental
vem prejudicando a fauna e a flora como também a qualidade de suas águas. A dessedentação
de animal de criação, o desmatamento e o aumento de residências são os impactos mais
frequentes nas duas áreas.
As nascentes encontram-se no riacho das Águas Mortas, situada geologicamente na
formação Tacaratu, onde todas as fontes são de fluxo perene, averiguado durante os anos de
pesquisa e mapeados para o conhecimento da sociedade e trabalhos futuros.
As análises feita em laboratório demostraram que no decorrer do período seco e
chuvoso, os parâmetros físicos, químicos e biológicos da água (Turbidez, Temperatura, Sólidos
Totais Dissolvidos, Condutividade Elétrica, pH, Demanda Bioquímica do Oxigênio, Oxigênio
Dissolvido, Nitrogênio Total, Fósforo Total e Coliformes Termotolerantes), apresentaram
variações relevantes principalmente nas fontes NU1 e NR6. O parâmetro Coliformes
Termotolerantes apresentou um nível altíssimo no mês de maio (Período de chuvas) nas duas
áreas, onde a falta de saneamento básico e a presença de animais são as principais causas da
poluição, tornando ainda mais a água impropria para o consumo.
Através das análises dos parâmetros trabalhados, ficou constatado que a qualidade
ambiental da nascentes urbanas estão improprias para o consumo humano e animal e as nascente
rurais impropria para o consumo humano.
A classificação textural granulométrica das nascentes apresentou frações cascalho, areia
e finos, evidenciando uma presença acima de 80% da fração areia, com uma forte presença de
quartzo, moluscos e matéria orgânica.
O diâmetro médio mostrou uma distribuição nas duas fontes apresentando uma presença
de areia média na NU1 e areia grossa na NR6. O desempenho do desvio padrão mostrou uma
classificação pobremente selecionada, ou seja, local de baixa energia (as nascentes).
A assimetria dos grãos apresentou como aproximadamente simétrica, tendo uma
alternância de energia. As nascentes demostraram a curtose com curvas leptocúrtica e
platicúrtica, que estão associados ao escoamento superficial e a ações antrópicas no local.
A divisão de textura sedimentar conforme o diagrama de Shepard (1954), classificou as
duas nascentes como uma única facie (areia). Nos dois pontos analisados a predominância da
areia varia entre as áreas, tendo sua granulometria entre média e grossa.
110
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127
APÊNDICE
129
2.00 mm
1.00 mm
0.500 mm
0.250 mm
0.125 mm
0.063 mm
FUNDO
130
ANEXO
138
Anexo A – Resultados das amostras laboratoriais das nascentes urbanas e rurais. Período seco
(mês de dezembro de 2020) de Olho D’Água do Casado – AL.
139
140
141
Anexo B – Resultados das amostras laboratoriais das nascentes urbanas e rurais. Período
chuvoso (mês de maio de 2021) de Olho D’Água do Casado – AL.
142
143