Valorização Arquitetônica E Cultural Dos Patrimônios Materiais de Arcoverde - Pe
Valorização Arquitetônica E Cultural Dos Patrimônios Materiais de Arcoverde - Pe
Valorização Arquitetônica E Cultural Dos Patrimônios Materiais de Arcoverde - Pe
ABSTRACT: This article presents brief notes about the history of Arcoverde, relating the
development of the historical and cultural heritage together with its architectural features. The
interest in developing a research in this area came about through witnessed damage to the local
from observation and reflections heritage context by that we need about the city’s history
Arcoverde especially the architectural, recovery of the buildings, in which lived some symbolic
values for the culture of the people arcoverdense, that have been and are being destroyed and
forgotten for lack of appreciation and awareness of the population, also, the lack of support for
a policy of preserving the local heritage. The methodology used in this work has focused on
literature, as well as, research data collection. This article concludes with considerations on the
relationship between architectural appreciation, and historical heritage – cultural city
Arcoverde.
Keywords: Architecture; Cultural Heritage; Arcoverde
1. INTRODUÇÃO
O texto que ora se apresenta tem por finalidade sensibilizar as pessoas para a rápida
destruição de referências culturais da cidade de Arcoverde, situada no Sertão pernambucano,
bem como, despertar o interesse na valorização cultural dos mesmos. Olhando e caminhando
pelo espaço da cidade de Arcoverde, passando por diferentes lugares, uma inquietação vem à
tona, originária de observações e reflexões à cerca do patrimônio como memória social, que
não parece fazer parte do olhar e do reconhecimento social. São praças, monumentos, prédios
e ruas que contam a história de Arcoverde –PE, que se encontram sem preservação. A
apropriação que deles se faz são das mais variadas: pichamentos, depredação, moradia, sem
nenhum sentimento de reconhecimento do que aquilo representa como memória da cidade.
Devido à ausência absoluta de uma política pública de preservação para estas instituições,
encontram-se com um precário estado de conservação.
A reflexão se pauta na perspectiva de que nos espaços citadinos pode-se entender a
memória como representação social. Percebe-se a cidade na perspectiva do que nela podemos
encontrar de memória e de história como um discurso de construção de sua história. Roland
Barthes nos revela que a cidade é local de lutas sociais, encontro de gerações e geradora de
capital, sendo composta por linguagens capazes de manter relações com seus habitantes. É,
enfim, considerar a cidade como um discurso, verdadeiramente uma linguagem, uma vez que
fala a seus habitantes: falamos a nossa cidade, onde nos encontramos, quando a habitamos, a
percorremos, a olhamos, como propõe BARTHES (1987), no ensaio "Semiologia e urbanismo".
Nesse sentido, o presente artigo se desenvolve na análise sobre tal aspecto, tendo como
foco o município de Arcoverde localizada no estado de Pernambuco.
O presente feito se dará com base na análise gradual e cronológica das construções
históricas do município de Arcoverde verificando-se inicialmente aquelas que ainda se
encontram disponíveis à sociedade bem como aquelas que se deterioraram ou foram destruídas
ao longo do tempo.
2. METODOLOGIA
A metodologia utilizada privilegiou a pesquisa in-loco, sendo complementada por
levantamento bibliográfico, identificando quais os objetos de estudo mais relevantes a serem
analisados, bem como, levantamento fotográfico, documental e iconográfico, nos acervos dos
proprietários.
3. PATRIMÔNIO: Um conceito.
Patrimônio não tem o mesmo significado para todos, como afirma SILVA: “é procurar
profundas raízes ou tenras e novas folhas daquilo que os seres humanos andaram (e continuam)
fazendo. É interpretar pacientemente o social” (SILVA 1995, p.24).
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A atual Constituição Brasileira vem reforçar essa tendência quando adota, no artigo 216,
Seção II – Da Cultura, para patrimônio cultural a seguinte conceituação:
I – as formas de expressão;
incluem toda a produção cultural de um povo e os bens materiais, por sua vez, dividem-se em
bens moveis e imóveis.
É fundamental que se veja o patrimônio como parte integrante da comunidade onde está
inserido, numa representação das manifestações sociais que marcam ou marcaram suas vidas,
conquistas, sonhos, realizações e que constroem a história, e a possibilidade de olhar esse
patrimônio como memória social. Ao unir passado e presente, (re) cria-se imagens da cidade,
deixando de ser apenas um conceito geográfico para torna-se um símbolo irrefutável da
existência do homem, onde é possível descobrir o que ela contém e o que ela esconde. A cidade
é, portanto, lugar de memória, que abrange desde o seu traçado até a sua nomenclatura.
No início do século XVIII em plena caatinga nas proximidades da serra de Aldeia Velha
e Caiçara, dantes habitada pelos índios de Ararobá, entre os quais, os Xucurus, começaram a
surgir às fazendas Bredos e Olho d’Água, as fazendas de gado durante esse período se
desenvolviam de maneira expressa e significativa. Em 1812, por meio de Leonardo Pacheco
Couto, o processo de desenvolvimento estrutural físico arquitetônico passou a fazer parte da
história da localidade, mandou construir a capela de Nossa Senhora do Livramento. Por volta
de 1865 o aglomerado de casas toma verdadeiramente o aspecto de um povoado, quando é
concluída a construção da capela. Em 1867, a capela sofreu a primeira reconstrução. O
desenvolvimento no então povoado era tão insignificante que só mais de duas décadas é que foi
elevada à condição de Vila em 1909 recebendo a denominação de Barão de Rio Branco. Criou-
se a agência postal e a inauguração da Estrada de Ferro ligando-o à Capital do Estado, onde a
estação Barão do Rio Branco recebeu em 1912 o primeiro trem nos trilhos da Estrada de Ferro
Central de Pernambuco, intensificando-se o comércio e, em 1928, Rio Branco elevou-se à
categoria de Município, tendo seu topônimo mudado para Arcoverde, em 1943, homenagem a
D. Joaquim de Albuquerque Cavalcanti Arcoverde, nascido no lugar e o primeiro Cardeal da
América Latina.
5.2 Transformações:
É, sem dúvidas, de extrema importância para compreensão do tema que se teçam alguns
comentários sobre a necessidade e conservação do patrimônio. Nesse sentido, entende-se
necessário que se preserve um bem cultural pelo seu valor arquitetônico e histórico.
Em 1912 chega o primeiro trem nos trilhos na Estação Barão do Rio Branco, com carros em vagões do trem
(Imagem à esquerda). Hoje encontra-se totalmente deteriorada (Imagem à direita).
Em 1917, inaugurava-se o Cine Rio Branco (Imagem à esquerda). A primeira reforma do Cinema Rio Branco
aconteceu na década de setenta, sendo reinaugurado em 1999. A segunda aconteceu no ano de 2010 e entregue no
ano de 2012. Apenas em 2013 voltou a funcionar (Imagem à direita).
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.44.
Em 1926 foi fundada em Arcoverde a primeira Igreja Batista (Imagem à esquerda). Mantendo-se atualmente
inalterada (Imagem à direita).
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.62.
Fonte Imagem a direita: Arquivo Pessoal
Instalava- se na cidade no ano de 1932, a casa do DNOCS e a Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca (Imagem
à esquerda). Hoje, na “casa do DNOCS”, funciona o Ministério Público (Imagem à direita).
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.65.
Uma das primeiras escolas municipais da cidade., construída em 1932 (Imagem a esquerda). Durante muitos anos
foi o restaurante Verdes Arcos. Hoje encontra-se demolido.
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde, 2008.p.103.
Palácio Municipal em 1940. Foi construído o palácio Municipal pelo prefeito da época (Imagem à esquerda). Hoje
a prefeitura encontra-se reformada mantendo suas características físicas para funcionar a Agência do Trabalho –
órgão do Estado (Imagem à direita).
Considerado o “Gigante da Praça da Bandeira, o Cinema Bandeirantes em sua inauguração em 1947 (Imagem à
esquerda) e atualmente servindo como ponto comercial (Imagem à direita).
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.68.
Em 1948, foi fundado o Grupo Estadual Cardeal Arcoverde (Imagem a esquerda). Desde 1971, passou a ser o
Ginásio Antônio Japiassu. Atualmente (Imagem a direita).
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.55.
Uma das primeiras residências da Avenida José Freire, a casa dos Jonas Morais, construída nos anos 50 (Imagem
à esquerda). Hoje funciona a “ONG- Casa Jonas Morais” (Imagem à direita).
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.44.
Primeira casa a ser construída em uma das primeiras ruas da cidade – Rua Velha (Imagem à esquerda)
Residência restaurada mantendo seus traços arquitetônicos (Imagem à direita).
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.46.
Antiga residência (Imagem à esquerda) que permanece com seus traços arquitetônicos. Hoje (Imagem à direita)
funcionando o Centro de Apoio ao Idoso.
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.42.
Fonte Imagem a direita: Arquivo Pessoal.
Uma das primeiras casas comerciais da cidade: que nasceu com a cidade, Casa Sálvio Napoleão. Desde de 1912
(Imagem à esquerda)1. Hoje funcionando outro ponto comercial, loja A Movelar (Imagem à direita).
O racionalismo Cristão, inaugurado em 1962 (Imagem à esquerda). Hoje mantém seus traços preservados
(Imagem à direita).
Fonte Imagem a esquerda: MORAIS, Roberto. Ícones – Patrimônio cultural de Arcoverde. Arcoverde,
2008.p.50.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Comprova-se a quantidade de patrimônios que não foram conservados e, estão sendo, pouco
a pouco deteriorados pela ação do tempo ou mesmo pela ação do homem. Os espaços que
reavivariam a memória da população, que provocavam um contentamento e nostalgia nos mais
velhos e uma curiosidade nos mais novos, não são mais possíveis encontra-los. Diferentes
estilos arquitetônicos e construções históricas encontram-se registrados nas imagens analisadas,
que diante da realidade torna-se importantes instrumentos de valor documental, revelando o
registro do patrimônio cultural da cidade de Arcoverde.
Espera-se que este trabalho tenha contribuído para que todos os agentes envolvidos na
preservação e uso do patrimônio de Arcoverde possam entender melhor a estrutura social na
qual estão inseridos e tentar transformá-la, colocando acima dos interesses individuais os
interesses da população como um todo.
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REFERÊNCIAS
SILVA, MARCOS A. História: o prazer em ensino e pesquisa. São Paulo: Brasiliense, 1995,
p.24.