eBook-Cristaos No Seculo 21-Vol-1
eBook-Cristaos No Seculo 21-Vol-1
eBook-Cristaos No Seculo 21-Vol-1
Leandro Lima
Cristãos no século 21
Os dilemas e oportunidades da época atual
LEANDRO LIMA
Projeto gráfico
Meios Comunicação
Revisão
Adély Costa
Inclui referências.
ISBN: 978-85-99704-18-9
2015
Todos os direitos reservados e protegi-
dos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Editora Agathos, Ltda
www.grandesdoutrinas.com.br
Volume 1
3 PESSIMISMO DESNECESSÁRIO 16
8 A CIDADE DE DEUS 48
Bibliografia 123
Mt 16.1-4
Dois homens conversavam num avião. O mundo, a sociedade e a cultura são or-
Um deles, um cineasta, se reconhecia ganismos dinâmicos que estão em cons-
como uma pessoa pós-moderna. O ou- tante mudança, adaptação e readaptação.
tro, um cristão evangélico, pediu que o Ideologias surgem, desaparecem, ressur-
homem explicasse o que significava ser gem, convivem mutuamente, contradi-
“pós-moderno”. O cineasta respondeu: zem-se, tornam-se dominantes, caem no
“É não ter preconceitos, é aceitar que to- esquecimento, e isso tudo com a mesma
dos possuem um pouco de verdade, é ter velocidade dos meios de comunicação
a mente aberta para aceitar o diferente”. O modernos. Caso a igreja queira realizar
cristão agradeceu pela resposta e antes de uma obra eficaz de influência e transfor-
sair do avião ofereceu ao cineasta um pe- mação num mundo assim, ela precisa es-
queno exemplar de um plano de salvação. tar atenta para essas transformações. Essa
O cineasta fez uma cara esquisita e foi uma das grandes funções dos profetas
perguntou: do Antigo Testamento. Eles não eram
apenas homens de visão a respeito do
“Isso é coisa de evangélico?”. futuro, mas também homens que enxer-
“É sim”, o evangélico respondeu. gavam muito bem o presente. Esses ho-
“Obrigado, eu não quero”, o cineasta mens tinham um olho em Deus e outro
respondeu, “dê para outra pessoa”. no mundo e, assim, conseguiam perceber
O evangélico ficou surpreso: as ações de Deus na História, o cresci-
“Mas você não disse que ser pós-mo- mento do mal dentro da sociedade e os
derno é não ter preconceito?”. principais desafios para o povo de Deus
6 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
soa moderna dirá “Prove-me com algum “diferente”, esconde o velho orgulho e au-
experimento verificável”. E a pessoa pós- tonomia humanos.
-moderna dirá “É tudo inútil, não dá para
ter certeza de nada, eu não estou interes- Quanto ao termo “pós-cristão”, embora
sado nisso, deixe-me viver a vida”. Por o aceitemos com reservas, é preciso en-
isso, a palavra chave para o modernismo é tender que, para que a sociedade mundial
“epistemologia” (racional) enquanto que fosse de fato pós-cristã, ela precisaria ter
a palavra chave para o pós-modernismo é sido, em algum momento, cristã. Mas isso
“ontologia”5 . Certamente existem pesso- nunca aconteceu. Apesar de sempre te-
8 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Anotações
Salmo 14.1–7
10 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
12 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
14 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Não foram apenas os filósofos seculares A partir do século 19, para se adaptar aos
que se deixaram influenciar pelo pen- novos tempos, muitos teólogos come-
samento do Iluminismo, boa parte dos çaram a abordar a Bíblia como um livro
teólogos também. Eles se tornaram pes- histórico que precisava ser analisado de
simistas com relação ao sobrenatural. uma perspectiva meramente científica. A
24 Uma das maiores dificuldades do homem partir daí, o texto bíblico começou a ser
Embora o método,
propriamente dito, fosse moderno em relação à Bíblia é aceitar os questionado e os elementos sobrenatu-
chamado de “histórico-
crítico”. milagres que estão relatados nela. A ciên- rais foram rejeitados. Um grande esforço
cia que surgiu do Iluminismo procurou foi feito para recuperar o Jesus histórico
analisar todas as coisas a partir da razão. que teria sido distorcido pelos Evange-
Com o novo método e as novas catego- lhos.
rias de abordagem, e com as descobertas
científicas, uma verdade brotou soberana Depois de tantos estudos, pouca coisa
no Iluminismo: milagres não acontecem. na Bíblia permaneceu como verdadeira
e acima de qualquer suspeita, de acordo
Muitos estudiosos da Bíblia e religiosos com essa perspectiva.
aceitaram essa máxima do Iluminismo
e tentaram adequar a Bíblia a essas con- Esse método de análise da Bíblia ficou co-
cepções. Mas, ao rejeitar a possibilidade nhecido como “liberalismo teológico”24,
de milagres, será que ainda resta algo em um método tipicamente modernista. O
que crer na Bíblia? problema é que o liberalismo como filho
do Iluminismo não levou a pesquisa his-
tórica a lugar algum. A busca pelo “Jesus
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PESSIMISMO DESNECESSÁRIO 17
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PESSIMISMO DESNECESSÁRIO 19
Boa parte das pessoas que seguiam a Jesus Quando Pedro disse: “para quem ire-
o seguia por motivos errados. No início mos?”, isso não significava que não existis-
do capítulo 6, o Apóstolo João relatou o sem opções. Existia a opção dos fariseus
episódio da multiplicação dos pães e dos e seu tradicionalismo e rigor legalista.
peixes. Esse milagre fantástico causou Também existia a opção dos saduceus, os
uma impressão errada em muitas pessoas. filósofos e eruditos que sustentavam uma
João relata: “Vendo, pois, os homens o si- religião mais liberal influenciada pelo
nal que Jesus fizera, disseram: Este é, ver- helenismo, ou a opção dos essênios que
dadeiramente, o profeta que devia vir ao eram ascéticos e acreditavam que a verda-
mundo. Sabendo, pois, Jesus que estavam deira religião consistia em separação total
para vir com o intuito de arrebatá-lo para do mundo. De fato os essênios viviam em
o proclamarem rei, retirou-se novamente, comunidades fechadas próximas ao Mar
sozinho, para o monte” ( Jo 6.14,15). Tal- Morto e praticavam ritos para se purificar
vez pensassem que um homem que podia física e espiritualmente. Ou, se alguém
multiplicar pães e peixes devesse ser o rei, quisesse mais ação, existiam os zelotes
pois então ninguém mais passaria fome. que eram nacionalistas fanáticos que pen-
Além disso, com tanto poder, ele poderia savam que a verdadeira religião consistia
vencer os exércitos romanos. Mas essa em atividade política radical. Sem falar
não era a intenção de Jesus. Ele não mul- que circulavam pela Judéia vários mági-
tiplicou os pães e os peixes para demons- cos que eram tidos como profetas. Havia
trar seu poder a fim de que o coroassem, muitas opções, mas em nenhuma delas se
mas para que entendessem que ele é o ouviria as palavras da vida eterna.
pão vivo que desceu do céu.
CONCLUSÃO
Quando encontrou a mesma multidão
mais tarde, Jesus lhes falou: “Em verdade, Ainda hoje as pessoas se afastam do ver-
em verdade vos digo: vós me procurais, dadeiro Jesus porque não suportam ouvir
não porque vistes sinais, mas porque co- suas palavras. Preferem acreditar numa
mestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, mentira a atentar para a verdade que pode
não pela comida que perece, mas pela que libertá-las. Preferem se apegar às suas tra-
subsiste para a vida eterna, a qual o Filho dições ou aos seus pressupostos pseudo-
do homem vos dará; porque Deus, o Pai, científicos, ou mesmo ao seu pessimismo
20 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Anotações
PESSIMISMO DESNECESSÁRIO 21
22 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
24 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
26 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Anotações
38
INTRODUÇÃO quando as duas guerras mundiais, ao fa- Salinas e Escobar,
Pós-modernidade,
zerem um amplo uso de armas que foram p. 18.
29 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
31 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
33 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
João 17.14-19
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mento entre pessoas do mesmo sexo já é emergentes”. São igrejas que nasceram ou 50
R. Mohler, Reforma
hoje, p. 66.
uma realidade (inclusive no Brasil) e, em foram reestruturadas para um contexto
51
muitos casos, inclusive filhos podem ser pós-moderno e pós-cristão. São igrejas Ver Mauro Meister,
“A igreja emergente”,
adotados e até gerados por técnicas mo- absolutamente adaptadas aos tempos Revista Servos Ordena-
dos, Ano 3, Edição 11,
dernas de fertilização. O funeral da famí- pós-modernos. Não possuem doutrina out.- dez/06, pp. 16-18.
lia bíblica tradicional parece estar muito definida e são essencialmente inclusivis-
próximo. O que esperar? tas51. Seus idealizadores acreditam que
essa é a única maneira de “alcançar” as
COLAPSO ECLESIÁSTICO pessoas pós-modernas. Pensam que o sis-
tema tradicional de igreja, típico do perí-
Uma igreja que deseja fazer diferença den- odo moderno, não conseguirá sobreviver
tro de uma sociedade como esta precisa nos tempos pós-modernos e pós-protes-
entender a época em que vive, caso con- tante. A igreja emergente, como muitas
trário a sua pregação pode ser completa- outras não tão emergentes, abandonou os
mente alienada da realidade das pessoas. fundamentos bíblico-históricos do Cris-
Mas talvez o grande problema com a igre- tianismo, para se adaptar aos tempos e às
ja hoje é que ela não só parece não enten- épocas, e o fazer isso, perdeu a sua verda-
der o tempo presente, como, paradoxal- deira mensagem.
mente, está impregnada da filosofia deste
tempo. Como afirmou R. Albert Mohler COLAPSO TEOLÓGICO
Jr., “tudo isso já seria suficientemente trá-
gico se tais tendências configurassem a A igreja está assim porque a teologia en-
consciência do mundo, mas não da igre- trou em colapso. Já demonstramos que o
ja”49 . Porém, essas tendências invadiram movimento da teologia liberal dos sécu-
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39 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
41 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Gn 4.16–24
43 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
45 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
47 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Salmo 8
A CIDADE DE DEUS 48
49 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
A CIDADE DE DEUS 50
51 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
A CIDADE DE DEUS 52
53 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
A CIDADE DE DEUS 54
Gn 1.26
55 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Nos nossos dias, de algum modo estamos Nestes últimos tempos, palavras próprias
sempre olhando para o Oriente. O mun- do misticismo hindu se tornaram muito
do não se cansa de olhar para Israel e seus comuns no Ocidente. E também no Oci-
intermináveis conflitos com as nações ára- dente, pela união do misticismo oriental
bes no Oriente Médio. Mais recentemen- com a filosofia da Nova Era, o paganismo
te, a China tem chamado muito a atenção se fortaleceu grandemente. A religiosida-
do Ocidente, por causa do seu crescimen- de da Nova Era mistura mágica, reverên-
to econômico e da sua imensa população. cia pela natureza, bruxaria, astrologia e o
Mas, talvez o país que mais tenha influen- misticismo oriental de modo geral. Te-
ciado o Ocidente seja a Índia. A Índia tem mos visto uma verdadeira invasão de gu-
experimentado um crescimento econô- rus, lamas e mestres tibetanos incentivan-
mico e populacional que rivaliza com o do práticas de meditação, yoga, mantras,
da China, mas tem algo que é muito mais cristais, etc. O yoga é certamente uma
atrativo para o Ocidente: a sua religião. das práticas orientais mais difundidas no
Ocidente. Em sânscrito, a palavra “yoga”
Na Índia, o paganismo permaneceu into- se refere à canga que é usada para unir a
cado por séculos, pronto para, no devido junta de bois, ou seja, ela significa “união”.
momento, invadir o Ocidente. A religião O objetivo da prática é unir a consciência
da Índia, apesar de se misturar com o Bu- individual com o espírito divino interior.
dismo (Buda era hindu), manteve-se me- A maioria das pessoas pratica yoga sem
nos ascética. Para o Budismo, a ilumina- pensar que se trata de uma filosofia reli-
ção só podia ser alcançada pela renúncia giosa, crendo que é apenas um modo de
aos prazeres, ainda que algumas corren- exercitar o corpo.
tes, como a filosofia Zen, enfatizassem os
aspectos simples da vida, como lavar pra- O pós-modernismo foi buscar no misti-
tos e fazer tarefas diárias como estágios cismo oriental a sua religião.
importantes para a iluminação.
A VOLTA DAS BRUXAS
O Hinduísmo se manteve mais como uma
religião da natureza, enfatizando a tole- As novas perspectivas familiares também
rância como algo fundamental. Apesar são essencialmente pagãs. A nova lei civil
disso, manteve o seu famigerado sistema que equipara o poder matriarcal ao poder
de castas, segundo o qual as pessoas nas- patriarcal nada mais é do que uma ressur-
cem em situações específicas nesta vida reição do velho paganismo matriarcal. A
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2Reis 17.24-41
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Jeremias 2.9–13
A força mística da espiritualidade pós- Muitos autores têm visto nesse ressurgir
-moderna tem se feito sentir também den- da espiritualidade moderna da igreja um
75
M. Horton, A face de
. tro da igreja. O misticismo tem ditado os retorno do gnosticismo dos primeiros sé-
Deus, p. 45
rumos da igreja cristã no século 21, tanto culos do Cristianismo76. A Igreja cristã
76
Como Samuel
Vieira, no livro O império no catolicismo, quanto no protestantis- nasceu entre os judeus, mas logo gentios
gnóstico contra-ataca,
publicado pela Editora mo. A individualização, a interiorização, seriam maioria dentro dela. Muitos des-
Cultura Cristã, 1999.
a busca de visões, revelações pessoais e ses convertidos levaram suas práticas pa-
77
Augustus Nicodemus,
a revolta contra instituições religiosas gãs para dentro da igreja. Sabemos que o
Primeira Carta de João,
p. 14 têm marcado a espiritualidade de muitos gnosticismo só se estabeleceu firmemen-
cristãos nos dias atuais. As emoções, os te dentro do Cristianismo a partir do sé-
sentimentos e a intuição têm sido a base culo 2, mas as suas formas embrionárias
do relacionamento das pessoas com o di- já estavam em ação no período apostóli-
vino. Como diz Horton, o tema geral que co.
caracteriza a fé dos espiritualistas hoje “é
Augustus Nicodemus observa que for-
o caráter subjetivo das afirmações: ‘eu sin-
mas de gnosticismo estavam agindo nas
to’, ‘eu achei’, ‘eu creio’75. O Cristianismo
igrejas durante o período apostólico, es-
de muitos cristãos perdeu completamen-
pecialmente nas igrejas helenísticas, nas
te seu caráter objetivo, seu fundamento
quais pagãos haviam se convertido e tra-
histórico, sua fundamentação bíblica e se
zido sua bagagem cultural e neoplatônica
tornou subjetivo e introspectivo e, assim,
para dentro das primeiras comunidades
bastante próximo da religiosidade mística
cristãs77. Apesar de ser um movimento
dos tempos pós-modernos.
cheio de ramificações, na sua essência, o
gnosticismo sustentava a visão dualista
herdada do neoplatonismo, em que a ma-
téria é má e o espírito é bom. O conheci-
69 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
dendo que corpo e espírito eram coisas nível do crente comum”80. Isso fez muitas 80
Solano Portela,
totalmente distintas. Alguns ensinavam pessoas andarem freneticamente atrás de
“Avaliando as manifes-
tações sobrenaturais”,
que o pecado nunca poderia atingir o es- alguma nova experiência sobrenatural. A in Fé cristã e misticismo,
p. 29.
pírito, e, portanto, admitiam as práticas experiência se tornou o prêmio que coroa
liberais e até encorajavam a participação o esforço de alguém e o faz se sentir espi-
em orgias e bacanais. ritual.
De um modo geral, podemos dizer que “o Há relatos de pessoas que dizem ter visto
gnosticismo prometia um conhecimento Jesus sentado no banco do passageiro do
supremo através de práticas esotéricas e seu carro. Outros dizem que conseguiram
ocultistas”78. Um conhecimento secreto
tirar uma foto de Jesus refletido no pôr
e subjetivo que elevava as pessoas a um ní-
do sol. Uns dizem que foram arrebatados
vel superior de existência em relação aos
não-iniciados. Os gnósticos não estavam ao céu, ou que foram arrebatados até ao
interessados na Escritura como revelação inferno e puderam ver o terror que exis-
de Deus; eles desejavam penetrar os mis- te lá. O famoso propagador da chamada
térios de Deus por meio de experiências “teologia da confissão positiva”, o norte-
extáticas. Eles queriam experimentar um -americano Kenneth Hagin, descreve
“mergulho” em Deus, desejavam “inserir- que, num só dia, ele foi ao inferno três
-se magicamente nele”79. vezes, e uma vez foi ao céu. Depois, ele
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dio dos sons de algum animal. Para essas melhor, algo mais rico, algo mais fácil –
pessoas, pouco importa se isso pode ser algo rápido e fácil para substituir uma
comprovado biblicamente, o que interes- vida de cuidadosa e disciplinada obedi-
sa é a experiência em si mesma. ência à Palavra de Cristo84.
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Anotações
João 14.1–11
76 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
78 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
80 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
82 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
2Sm 6.1–15
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sante e que dê mais resultados. uma hora para outra, abandonar tudo isso
e passar a crer apenas no Deus invisível.
Até há pouco tempo, havia grandes dife- Elas precisam de algo para apalpar, para
renças entre a igreja Católica, a Protestan- ver e sentir. E, portanto, os pregadores es-
te e o Espiritismo, pois não havia técnicas tão arranjando coisas desse tipo para elas.
em comum. Hoje a situação está bem dife- Isso tem funcionado; então, elas dizem:
rente. A Igreja Católica copia a hinologia “É de Deus!” Portanto, deve ser aceito
evangélica, copia o movimento pentecos- como verdade e ninguém pode ousar
tal de sinais, maravilhas e línguas estra- questionar, pois seria como se estivesse
nhas, e já existem padres superstars. Por questionando o próprio Deus.
outro lado, muitas igrejas evangélicas têm
copiado as técnicas do catolicismo e até Muitos justificam essas práticas dizen-
mesmo do espiritismo. Não é incomum do que é a única maneira de alcançar o
ver igrejas evangélicas fazendo “novenas” mundo, pois as pessoas não querem mais
de oração e “abençoando” objetos ou ouvir pregações bíblicas, e por isso, é
água, o que sempre foi uma prática pre- necessário lhes dar o que desejam, a fim
dominantemente católica. Algumas igre- de levá-las para a igreja e convertê-las. É
jas usam sal grosso em suas cerimônias de preciso reconhecer que, nestes últimos
libertação, o que é algo que sempre per- tempos, como observou Stott, a prega-
tenceu ao espiritismo. Peter Wagner, uma ção tem perdido o fascínio que exercia no
das grandes autoridades mundiais em passado94. Muitos a consideram ultrapas-
crescimento de igreja, disse recentemen- sada, especialmente depois do invento da
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88 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Anotações
91 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
93 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Anotações
1Co 15.32–34
96 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
98 CRISTÃOS NO SÉCULO 21
Anotações
Dt 5.32
as novas gerações de fariseus que foram Deus e sem qualquer apelo para a socie-
chegando, as coisas começaram a mudar, dade secular. Essa imagem não poderia
e os fariseus passaram a ser muito seleti- estar mais distanciada do movimento pu-
vos em seus atos de purificação. Eles se ritano original.
tornaram mestres da interpretação das
tradições orais dos rabis. Nesse ponto, a Outra manifestação que se tornou extre-
tradição começou a falar mais alto, a Es- mada no protestantismo foi o liberalismo
critura foi deixada de lado e os fariseus teológico. Isso aconteceu principalmente
deixaram de influenciar positivamente o durante os séculos 18 e 19, quando o al-
seu mundo. Eles se tornaram radicais na vorecer da ciência rejeitou os conceitos
manutenção do status quo do seu siste- dogmáticos medievais da religião e esta-
ma. beleceu novos pressupostos para o estu-
do da natureza, sustentando a evolução e
Um exemplo protestante que nos mos- negando a existência dos acontecimentos
tra como um bom movimento pode se sobrenaturais. O liberalismo teológico foi
tornar extremista é o Puritanismo. No o modo como os teólogos se adaptaram
século 16, os puritanos lutaram pela pu- aos novos tempos, procurando transmitir
reza da igreja e da doutrina, sendo real- a mensagem cristã para o mundo moder-
mente gigantes espirituais de sua época. no. O objetivo inicial deles era manter o
J. I. Packer diz que eles foram crentes que Cristianismo relevante para a sociedade
viveram suas vidas com simplicidade, moderna. Entendendo que, somente com
Anotações
Ef 4.15
cartar a lei ou enfatizar exageradamente a que de qualquer modo não são ouvidas
lei é distorcer fundamentalmente o senti- mesmo. Em outros cultos, as pessoas ro-
do da lei. dopiam como se estivessem em centros
de macumba. Gritos, choro, riso descon-
EXTREMISMO LITÚRGICO trolado, e todo o tipo de excessos podem
ser vistos e são tidos como “evidências”
Liturgia é uma área que tem também da manifestação do Espírito. Aqueles que
dado margem para muitos extremismos. defendem uma liturgia “fechada” acusam
Qual é o tipo de culto que agrada a Deus? acertadamente os “abertos” de promover
Temos visto respostas bastante variadas baderna em vez de culto. Os “abertos”
para essa pergunta. Um dos pontos crí- acusam os “fechados”, muitas vezes tam-
ticos é o uso de instrumentos musicais. bém acertadamente, de não dar liberdade
Alguns dizem que nenhum instrumento para o Espírito Santo. Este não é o lugar
musical deve ser usado e somente os sal- apropriado para discutir todos os aspec-
mos podem ser cantados à capela. Para tos e implicações litúrgicas112, mas o que
outros, o órgão ou o piano são os únicos percebemos é que, muitas vezes, tudo é
instrumentos que podem ser utilizados questão de gosto pessoal e de compor-
na igreja. Esses instrumentos não exis- tamentos extremistas. Aqueles que de-
tiam nos tempos bíblicos, mas fizeram fendem uma liturgia extremamente tra-
muito sucesso na época dos cabarés; ain- dicional julgam de pragmático tudo que
Anotações
Pv 15.13
Anotações
BIBLIOGRAFIA 124
BIBLIOGRAFIA 126
BIBLIOGRAFIA 127
LEANDRO ANTONIO DE LIMA é bacharel e mestre em teologia, e doutor em literatura. Escreveu: Razão da Es-
perança - Teologia para Hoje (2006), Brilhe a Sua Luz: O cristão e os dilemas da sociedade atual (2009), O Futuro do
Calvinismo (2010), e da coleção As Grandes Doutrinas da Graça - Um curso de teologia para classes bíblicas ou pequenos
grupos v.1, v.2, v.3, v.4, As Grandes Doutrinas do Novo Testamento - A Essência da Fé v.1 e v.2 e As Grandes Doutrinas
do Antigo Testamento - A Aliança para uma vida plena v.1 e v.2. Atualmente é Pastor da IP Santo Amaro - São Paulo,
Professor de teologia no seminário JMC - São Paulo. Professor de Novo Testamento no Andrew Jumper (CPAJ - SP).