Metodista Ebook o Ca112
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Organizadora:
Hideide Brito Torres
Secretária Editorial:
Joana D´Arc Meireles
Editor:
Emilio Fernandes Junior
Revisão:
Mauren Julião
T689m
Esta obra tem como base a revista Cruz de Malta - Missão e Discipulado,
publicada em 1992 pela Imprensa Metodista.
A MISSÃO E O DISCIPULADO
Capítulo 1 – Chamado ao discipulado........................................................9
Capítulo 2 – O significado do discipulado................................................13
Capítulo 3 – Condições para o discipulado .............................................17
Capítulo 4 – Opção pelo discipulado........................................................21
Capítulo 5 – Envio: o caminho do discipulado........................................25
A MISSÃO E OS SINAIS
Capítulo 6 – O sal e a luz...........................................................................29
Capítulo 7 – Amar os inimigos. É possível?.............................................33
Capítulo 8 – Perdão: uma prática difícil...................................................37
Capítulo 9 – O amor ao próximo: sinal da missão...................................41
Capítulo 10 – A nova justiça......................................................................45
A MISSÃO E A COMUNIDADE
Capítulo 11 – A vigilância..........................................................................49
Capítulo 12 – O lava-pés............................................................................53
Capítulo 13 – Unidade: um desafio da missão.........................................57
Capítulo 14 – A grande comissão..............................................................59
Capítulo 15 – Visão missionária................................................................61
1. A missão e o discipulado
2. A missão e os sinais
3. A missão e a comunidade
Boa leitura! E que a missão possa ser não só assunto teórico mas, acima
de tudo, prática de todo dia!
LENDO
O texto de Mateus 4.18-22 nos apresenta a vocação dos quatro
primeiros discípulos. Em meio ao seu trabalho cotidiano apare-
ce um novo desafio. Ao invés de pescar peixes, são chamados a ser
pescadores de homens. Este novo desafio é apresentado por Jesus.
Em Mateus 9.36 e 10.1 encontramos a contrapartida do chamado. Jesus
vê a multidão que está “como ovelhas sem pastor”. Estas duas realidades
são apresentadas nestes textos. De um lado, o chamado à missão; de
outro, a necessidade de pessoas para realizar esta missão. De um lado o
envio; de outro, a necessidade!
COMPREENDENDO
É importante perceber o lugar em que se encontram estes dois textos
do evangelho de Mateus. O primeiro prepara para o sermão do monte. Ao
chamado para o discipulado seguem-se as orientações do que é ser um(a)
verdadeiro(a) discípulo(a). O segundo texto é uma introdução ao ensino
sobre as dificuldades e as características da missão. O elo comum entre estes
VIVENCIANDO
Vivemos um período em que os conceitos de missão, discipulado e
compromisso com o Reino já não despertam tanta paixão. Por muitas vezes
os olhos estão como que turvados para enxergar a seara, que é grande e
cujos trabalhadores são poucos. Frente a este quadro torna-se fundamental
resgatar as lições que estes textos trazem.
O chamado ao discipulado, o compromisso com o Reino, as mudan-
ças radicais no modo de vida que este compromisso coloca constituem-se
em alicerce da vida cristã. Isso nos leva a questionar nossa prática de vida
REFLETINDO
1. Como vive sua comunidade de fé frente aos desafios que a missão
coloca?
2. Faça uma lista do que obstrui prática da fé cristã na sua igreja e na
vida de cada um(a) de seus participantes.
3. Qual a ideia que você tem sobre “discipulado”?
4. Faça um levantamento sobre os possíveis lugares para a prática da
missão.
5. Verifique se você ou sua comunidade de fé podem se envolver em al-
gum projeto que alcance os lugares levantados e dê um passo nesta direção.
REFERÊNCIA BÍBLICA
Mateus 4.18-22 (leia também Lc 5.1-11; Mt 9.36-10.1)
LENDO
O texto de Lucas 9.57-62 fala de algumas situações em que o discipulado
se coloca acima de outros valores. O primeiro personagem quer seguir a Je-
sus, mas é alertado por Ele de que o filho do homem não tem onde reclinar
a cabeça. O segundo é convidado ao discipulado, mas reluta em aceitar,
pois quer primeiro enterrar seu pai. O terceiro se apresenta como alguém
desejoso de seguir a Jesus, mas quer, em primeiro lugar, despedir-se dos que
estavam em sua casa. Jesus lhe adverte que quem deseja segui-lo não deve
olhar para trás.
COMPREENDENDO
O texto se apresenta com uma estrutura interessante:
VIVENCIANDO
Esta proposta nos choca ainda hoje. Isto é sinal de que sua ra-
dicalidade ainda nos abala, nos desafia e nos convida a assumirmos
compromissos mais sérios com os valores do Reino de Deus. É muito
comum encontrar entre nós pessoas que assumem o cristianismo em
meio à euforia para depois se chocar com as dificuldades da prática da missão
cristã. Também encontramos aquelas dispostas a seguir Jesus e assumir os
compromissos desta escolha, mas que antes têm alguma coisa mais im-
portante para fazer.
Finalmente, encontramos pessoas que dentro da nossa compreensão
apresentam justificativas lógicas para retardar a decisão, ainda assim, a
lógica do Reino é diferente da nossa lógica. Este último caso é o mais di-
fícil de identificar na vida da Igreja porque muitas vezes é o nosso próprio
retrato. É nesta hora que o desafio, a radicalidade e o verdadeiro signi-
ficado do discipulado cristão têm de surgir em nossas vidas e na vida de
nossas comunidades.
REFLETINDO
1. É possível identificar estas situações na vida da Igreja hoje?
2. Dê exemplos de desculpas que configurariam cada um dos casos apre-
sentados.
3. O compromisso com o discipulado pode questionar nossos valores?
Quais valores seriam os mais seriamente questionados?
4. Faça uma lista das desculpas mais frequentes que surgem na vida da
igreja como impedimento à prática do discipulado.
5. Em quais dessas você se encaixa? O que fazer para mudar isso?
REFERÊNCIA BÍBLICA
Lucas 9.57-62
LENDO
Nos capítulos 8 e 10 de Marcos temos três situações concretas de onde
brotam ensinamentos sobre as condições para seguir a Jesus. A primeira,
registrada em 8.31-33, é a atuação de Pedro frente ao discurso de Jesus
sobre a Paixão e sua morte. Pedro ainda não havia entendido claramen-
te as condições básicas para seguir a Jesus. Quando ele se defronta com a
radicalidade da posição do mestre frente às autoridades religiosas e políticas
de sua época, busca preservar a vida de Jesus, desencorajando-o de ir para
Jerusalém. Nesta hora Pedro é mais um a compor as forças do mundo que
buscam fazer a lógica do tempo presente prevalecer sobre a lógica do Reino
de Deus. Pedro é advertido com palavras duras: “Afasta-te de mim, Satanás,
porque não pensas nas coisas de Deus, mas nas dos homens”.
Na segunda situação (8.34-38), Jesus faz um convite para quem queira
assumir integralmente a missão, o que implica negar-se a si mesmo, tomar
sua cruz e segui-lo. Quem fizer isto, perdendo sua vida irá salvá-la; caso
contrário, irá perdê-la.
A terceira situação, registrada em 10. 35-45, confronta os valores do pre-
sente com os valores do Reino. Tiago e João pedem para participar da glória
COMPREENDENDO
O primeiro texto tem uma mensagem clara e direta: seguir a Cristo é
escolher um Senhor e um caminho. Qualquer ação movida em direção
diferente à da vontade de Cristo leva ao jugo de um outro senhor. É ser
Satanás. Seguir a Cristo é saber discernir em meio às contradições das von-
tades que tentam imperar qual é a de Jesus!
O segundo texto é um pouco mais complexo, pois apresenta um dado
histórico que precisa ser observado. É comum ouvir falar sobre o “tomar a
sua cruz” como assumir uma vida de sofrimento, dor, angústia, uma posi-
ção masoquista. Não é bem este o sentido da frase. Antes de ser usada por
Jesus ela já era lema de um outro grupo – os zelotes. Este grupo, como
movimento revolucionário, vivia diariamente à iminência da cruz – castigo
dos romanos para quem atentava contra a ordem.
Deste modo, quando alguém queria ingressar no movimento deveria
estar consciente do risco que corria. Por isso “tomava a sua cruz”, isto é
assumia o risco da morte devido a suas convicções. Isto servia para evitar
o ingresso de entusiastas (“fogo de palha”), eufóricos em um primei-
ro momento mas entrando em desespero frente às perseguições, podendo
abandonar suas convicções e trair o movimento.
Ao usar esta frase Jesus referia-se a este mesmo sentido. Ninguém in-
gressava no movimento de Jesus para salvar a sua vida ou tê-la como centro
dos interesses, atenções e esforços. Ao contrário, ingressava no movimento
e perdia sua vida, muitas vezes literalmente, como resultado do viver a
vontade de Deus em meio a uma sociedade injusta.
O terceiro texto completa este segundo. É um exemplo concreto do
desejo pernicioso de ingressar no movimento visando os prêmios do Reino.
Não compete a Jesus chamar ninguém para oferecer prêmios. O que Ele
pode oferecer é a oportunidade de participar do seu cálice. O cálice é o ca-
minho do Reino; buscar a própria glória é o caminho que conduz à direção
oposta. O fio condutor que amarra estes três textos é a luta entre a vontade
humana e o caminho de Deus.
VIVENCIANDO
Parece que estamos olhando para as nossas igrejas quando olhamos para
estes textos. Quantas vezes frente a um desafio maior buscamos um caminho
mais fácil, “fugindo de Jerusalém”. Também não e difícil encontrar pessoas
que iniciam uma febril vida cristã mas que “esfriam” tão rápido como co-
meçaram. Ao se defrontarem com as primeiras dificuldades perdem o vigor.
Muito mais fácil é encontrar pessoas que buscam glória pessoal através
da prática da vida na Igreja. E poderíamos finalmente dizer: mais comum
do que tudo isto é descobrir que, em muitos momentos, acabamos nos
enquadrando em uma destas três caraterísticas anteriores ao fazermos uma
análise de nossa vida e da vida da nossa comunidade.
Por isso o texto coloca claramente as condições para o discipulado. A pri-
meira é colocar o caminho de Jerusalém como o nosso caminho, a segunda é
ter muito claro o que significa fazer esta opção; a terceira é estar consciente de
que esta opção é baseada na fé em Cristo e não no desejo de auto promoção.
REFLETINDO
1. Faça uma avaliação da caminhada do grupo do qual você faz parte
e verifique se é verdade que muitas vezes incorremos em uma destas três
caraterísticas.
2. Faça uma avaliação da “Igreja Dons e Ministérios” frente à “Igreja
Cargos e Poder”:
REFERÊNCIA BÍBLICA
Marcos 8.31-33,34-38; 10.35-45
LENDO
O texto de Mateus 6.24-34 apresenta ensinamentos sobre a opção
pelo discipulado. A primeira lembrança é a impossibilidade de servir
a dois senhores. A segunda é que, olhando a natureza, percebemos que
não adianta preocupar- se com o que comer ou beber, pois esta é a preocu-
pação daqueles e daquelas que não estão no caminho do Reino. A terceira,
como uma advertência, exorta a buscar o Reino de Deus e sua justiça em
primeiro lugar. Finalmente, como um conselho, exorta a não se preocupar
com o dia de amanhã; basta a cada dia o seu próprio mal.
COMPREENDENDO
Este texto faz parte do Sermão do Monte. Está incluído nas orientações
para que os discípulos e discípulas vivam o difícil caminho do discipulado
cristão. A chave para entender este texto está no versículo 32, no qual é
lembrado que são os gentios que se preocupam com o que deverão co-
mer ou beber. É importante perceber em tal afirmação uma crítica à lógica
VIVENCIANDO
Nada mais atual para os nossos dias do que este texto e seus desafios.
Quando ligamos a TV, o rádio, abrimos o jornal, revistas, navegamos na
internet, visitamos as redes sociais ou ouvimos qualquer conversa na rua, o
tema é acumular para o amanhã. Logicamente isto é provocado pela crise
econômico-financeira que marca o momento atual, e é até aconselhável
encarar o amanhã com atenção e cuidado. O texto alerta que esta atenção
e este cuidado não podem ser impedimentos para a prática do discipulado.
Quando nossa preocupação com o amanhã torna-se o lastro de nossas
vidas, estamos servindo a um outro deus, que não é o Pai.
Mais uma vez encontramos o discipulado como um caminho difícil.
Ele exige que sigamos a Cristo em primeiro lugar, buscando o Reino de
Deus e sua justiça!
REFLETINDO
1. Como viver no mundo do acúmulo a lógica da missão?
2. Quantas vezes a igreja não investe na missão, preferindo investir
seus recursos em aplicações no mercado financeiro?
3. Faça uma lista sobre os sinais que você vê na sua comunidade de fé
sobre o senhorio de Cristo contra a lógica deste mundo (aspectos positivos).
4. Na vida da igreja cristã existem exemplos de pessoas que no interesse
do acúmulo colocaram a prática da vida cristã em segundo plano. Por
outro lado, existem exemplos de pessoas que buscavam uma “vida cris-
tã intensa” entendendo que isto obrigaria Deus a lhes dar tudo aquilo que
desejavam acumular. Pense sobre isso e se você se aplica a um destes casos.
5. A partir dos dois exemplos anteriores (negativos) tente traçar o perfil
do que seria a verdadeira pessoa cristã nos dias de hoje e o que você precisa
mudar para estar dentro deste perfil.
REFERÊNCIA BÍBLICA
Mateus 6.24-34
LENDO
Em dado momento de seu ministério, Jesus convoca os doze discípulos
e os envia à missão. Não é uma tarefa fácil. A prática da missão já vem
carregada de sinais que devem marcar suas vidas (Mt 10.1-16). Somam-se
a estas dificuldades as perseguições que irão sofrer (Mt 10.17-23). Persegui-
ções que acontecerão também em forma de calúnias. Se o chefe da casa foi
chamado de Belzebu, quanto mais os familiares. Se Cristo foi caluniado
e perseguido, quanto mais os seus discípulos e discípulas.
COMPREENDENDO
Este episódio possui uma riqueza tão grande que poderíamos escre-
ver vários capítulos sobre ele. Por isso, temos que escolher uma única porta
de entrada, deixando as outras de lado. A nossa porta de entrada será o
envio. Ser discípulo e discípula é estar pronto(a) para o envio. É impor-
tante não perder esta dimensão, pois multas vezes ouve-se falar de “dis-
cipulados” que se resumem a estudos, seguimentos desvinculados do seu
complemento maior – o envio à missão.
VIVENCIANDO
O discipulado é a resposta a um chamado para assumir um novo modo de
vida. Esta resposta deve ser consciente e incondicional, tendo como centro da vida
a busca pelo Reino de Deus e sua justiça. Este processo culmina com o envio.
A nova opção de vida fundamentada na busca pelo Reino e sua justi-
ça e orientada pela vontade soberana do Pai, a qual centra todos os nos-
sos valores e opções neste compromisso, explode em sua magnitude no
envio à missão. Por isso, vida cristã sem envio é como um show de fogos
de artifício sem as explosões. Tem-se os fogos, o lugar, o motivo mas não
se atinge os propósitos.
Assim, não há nem beleza e muito menos alegria.
Somos desafiados e desafiadas hoje a pagar o preço do discipulado em
cada momento do nosso viver: em casa, no trabalho, na escola, etc. Para
isto é necessário uma opção pela vida e valores do Reino de Deus!
REFLETINDO
1. Analise o termo “discipulado” à luz dos capítulos lidos até aqui.
2. Há em sua comunidade de fé um programa de preparação de novos dis-
cípulos e discípulas?
3 Como sua comunidade tem tentado suprir a falta de obreiros e
obreiras para a missão?
4. Levante as dificuldades encontradas para realizar a obra de Deus em
sua cidade, coloque este tema em oração e pense em meios para vencer tais
dificuldades, compartilhando com as lideranças de sua igreja.
REFERÊNCIA BÍBLICA
Mateus 10.1-25 (leia também Mateus 9.35-10.42)