Psicologia Geral
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Psicologia Geral
1 FASES E ESCOLAS
Márcia Lilla
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O senso comum deixou o legado de um conhecimento intuitivo que, sem
dúvida, não dava mais conta do desenvolvimento humano, de sua
compreensão. O mundo foi ficando mais e mais complexo, e o homem teve
que ocupar diversos espaços; assim sendo, o conhecimento de técnicas
mais precisas passou a fazer parte das preocupações. Era necessário
dominar a natureza e tirar desta o melhor dos proveitos. A matemática dos
gregos, próxima do século IV a.C., foi primordial para questões agrícolas e
urgentes da época (projetos navais e arquitetônicos). E, com o passar dos
tempos, a especialização foi buscada até um nível elevado de
complexidade, o que, por exemplo, fez o homem chegar à Lua.
Para interpretar a realidade, o homem, então, foi fazendo composições,
parcerias de conhecimentos (senso comum somado às ciências),
compreendendo melhor a sua realidade e a de seus semelhantes. As
especulações sobre a origem do significado da existência humana sempre
ocuparam o centro das atenções dos gregos (filosofias). Os mistérios, os
princípios morais e todos os pensamentos sobre a origem do próprio
homem (as religiões: a bíblia dos judaicos, a dos cristãos e o livro sagrado
dos hindus – livro dos Vedas); a sensibilidade humana representada desde
as cavernas (artes) até as criações mais rebuscadas em técnicas,
metodologias, entre múltiplos e específicos conhecimentos (ciências);
enfim, todas as áreas de conhecimento são importantíssimas para a
Psicologia, ou melhor dizendo, para as Psicologias. Quão mais vasta em
evolução uma área do conhecimento, mais aproximada às necessidades do
homem, por meio dos tempos e de todos os espaços.
1.3 As Áreas do Conhecimento
Atenção
As especulações sobre a origem do significado da existência humana
sempre ocuparam o centro das atenções dos gregos (filosofias). Os
mistérios, os princípios morais e todos os pensamentos sobre a origem do
próprio homem (as religiões: a bíblia dos judaicos, a dos cristãos e o livro
sagrado dos hindus –livro dos Vedas); a sensibilidade humana representada
desde as cavernas (artes) até as criações mais rebuscadas em
técnicas, metodologias, entre múltiplos e específicos conhecimentos
(ciências), enfim, todas as áreas de conhecimento são importantíssimas
para a Psicologia, ou melhor dizendo, para as Psicologias.
1.4 Fases e Abordagens
Fase Grega: surgiu com os gregos a Psicologia, no período anterior à
era cristã,
tendo sido uma ramificação das filosofias, artes e crenças humanas
atreladas ao misticismo da época. Os principais filósofos que a
influenciaram foram: Só- crates, Platão e Aristóteles, nos períodos
de 469 a 322 a.C. Com Sócrates, a Psicologia ganha consistência, uma vez
que sua principal preocupação era com o limite
que separava o homem dos animais, trazendo a característica humana da
razão, que lhe permitia pensar e sobrepujar-se aos instintos (bases mais
irracionais). Com Platão, discípulo de Sócrates, a Psicologia
cedeu lugar à razão, sendo o próprio corpo, mais precisamente a cabeça, o
centro de localização para a alma humana, no qual a medula faria a ligação
corpo-mente (elementos importantes, pois Platão concebia uma separação
entre corpo e mente e acreditava na imortalidade da alma).
Já com Aristóteles, a Psicologia ganhou o
seu primeiro tratado, no qual tivemos os
primeiros estudos profundos das diferen-
ças entre a razão, percepção e sensações
(Da anima). Esse pensador acreditava que
a alma e o corpo não podiam ser dissociados, o que trouxe uma forte
evolução
para a compreensão dos fatores humanos para a Psicologia da época;
Fase Romana: no período datado entre
430 a 1274, a Psicologia sofreu a influência direta dos padres e filósofos
Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino. O
primeiro foi inspirado em Platão, trazendo a concepção de uma alma
pensante,
com razão e com manifestação divina (ligação do elemento humano com
Deus),
sendo a alma também a sede do pensamento, havendo a preocupação da
Igreja em compreendê-la. Já com São Tomás
de Aquino, devido ao período de ruptura
da Igreja com as Revoluções Francesa e
Industrial, houve a preocupação pela distinção entre essência e existência,
sendo
que somente Deus poderia assegurar a
perfeição ao homem e não o avanço das
liberdades e do desenvolvimento humano (a intenção era a de garantir à
Igreja o
monopólio do estudo do psiquismo);
Fase do Renascimento: “pouco mais de
200 anos após a morte de São Tomás de
Aquino, tem início uma época de transformações radicais no mundo
europeu.”
(BOCK, 1996, p. 35). O Renascimento e
todo o mercantilismo levam às novas
descobertas que propiciam ao homem o
acúmulo de riquezas e acabam por acirrar
novos valores (bens capitais e organiza-
ções mais econômicas e sociais). As transformações ocorrem em todos os
setores e
dá-se a valorização do homem e de seus
inúmeros processos. O conhecimento
tornou-se independente da fé e surgem
sociedades mais complexas e a necessidade de metodologias, técnicas
capazes
de assegurar com maior e melhorada
precisão as complexidades humanas. Em
outras palavras, o conhecimento trouxe a
necessidade de uma remodelagem nos
padrões vigentes até então. Como exemplo: Galileu (1610), com o estudo
da queda dos corpos (primeiras experiências da
Física moderna); Maquiavel (1513), com a
clássica obra política “O príncipe”; e René
Descartes (1596-1659), renomado filósofo que postulou a separação entre a
mente e o corpo, deixando o famoso dualismo cartesiano de herança
cultural, o que,
sem dúvida, configurou um significativo
avanço para a Psicologia, como ciência,
pois, assim, o corpo humano morto, separado da alma, poderia, então, ser
melhor
observado e pesquisado;
Fase Científica: o século XIX trouxe o
avanço de inúmeras ciências, sendo que a
Psicologia, então, para acompanhar seus
estudos sobre o homem, teve também
de se tornar objetiva, a fim de mensurá-
-lo, classificá-lo e analisá-lo, prestando
melhor suas contribuições de compreensão da espécie humana e social.
Com a
divisão do trabalho, adventos das revoluções francesa e industrial, a
Psicologia
ganha espaço cada vez maior, ao ficar puramente libertada das filosofias,
somando sistematizações nos procedimentos e
padronizando os ajustamentos necessá-
rios para a sociedade capitalista, passando a ser respeitada e utilizada por
todos
os setores da sociedade humana. Wundt
trouxe a concepção de uma Psicologia
apartada da alma, na qual o conhecimento científico poderia ser obtido a
partir
de medição e observação em laborató-
rio, fator de extrema importância para o
avanço dos estudos da mente e comportamentos humanos.
Saiba mais
A fase grega agregou inúmeros conhecimentos à humanidade e de forma
extremamente democrática; por isso,
historicamente, houve um movimento posterior de repressão por parte das
conjecturas dominantes, conforme veremos a seguir.
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A Psicologia como ciência vai se configurando em diferentes concepções,
com as seguintes
abordagens:
o funcionalismo, de William James (1842-
1910): corrente americana para a qual importa responder “o que fazem e
por que
fazem os homens”, na qual a consciência
surge como centro das preocupações e
da compreensão dos funcionamentos, de
acordo com as necessidades humanas de
adaptação ao meio ambiente (pragmatismo americano a serviço do
desenvolvimento econômico da época);
o estruturalismo, de Edward Titchner
(1867-1927): tal qual o funcionalismo,
ocupou-se com a compreensão da consciência, porém com enfoque aos
aspectos
mais intrínsecos, ou seja, mais estruturais
do sistema nervoso central, utilizando o
método introspectivo para a observação
experiencial em laboratório;
o associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949): basicamente
formulou
a primeira abordagem da aprendizagem
para a Psicologia, na qual o processo se
daria das associações entre ideias simples
até as mais complexas entre os conteú-
dos. Thorndike formulou uma lei comportamentalista em que a repetição
do
comportamento humano e animal dar-
-se-ia até o ponto do efeito (recompensa;
exemplo: elogio para o bom feito infantil),
o que permitia a observação da aprendizagem bem-sucedida; ou o
contrário,
como um efeito ativador da suspensão
do comportamento (o castigo; exemplo:
o olhar severo do pai em resposta ao ato
inadequado da criança). Essa lei ficou conhecida como: “Lei do Efeito”.
Todas essas abordagens anteriormente descritas vão dar estruturação e
embasamento cientí-
fico preciosos para o que viria a ser as Psicologias
mais contemporâneas (Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise, abordagens que
veremos com maior destaque no transcorrer da disciplina, portanto, nesta
apostila).
1.5 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as primeiras e essenciais fases
históricas que foram originando os primeiros estudos psicológicos; vimos
cada fase, com suas diferentes facetas, compondo a
trajetória da Psicologia Científica e, principalmente, posicionando-a como
o principal objetivo de estudo
desta disciplina.
1.6 Atividades Propostas
1. Trata-se de um conhecimento popular, simplista, reducionista e jamais
revelador de vicissitudes reais, nos campos das subjetividades e
objetividades, as quais são necessariamente focadas pela Psicologia
Científica. De qual tipo de conhecimento estamos tratando?
2. Qual o nome do cientista que trouxe a concepção de uma Psicologia
apartada da alma, na
qual o conhecimento científico poderia ser obtido a partir de medição e
observação em laboratório, fator de extrema importância para o avanço dos
estudos da mente e comportamentos
humanos?
3. Corrente americana para a qual importa responder “o que fazem e por
que fazem os homens”,
na qual a consciência surge como centro das preocupações e da
compreensão dos funcionamentos, de acordo com as necessidades humanas
de adaptação ao meio ambiente (pragmatismo americano a serviço do
desenvolvimento econômico da época).
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo trataremos
de explicar os métodos e as técnicas psicológicas,
para que você possa compreender a Psicologia
como uma ciência de atitudes científicas. Vamos
iniciar a discussão?
A Psicologia estuda o comportamento, os
processos mentais, a experiência humana e, de um
modo especial, a personalidade. Com técnicas metódicas próprias, a
Psicologia procura não só descobrir novos fatos, nessas áreas, mas tenta
também
medi-los.
A ciência é um instrumento de conhecimento, de controle e de medida dos
fatos. É, a um tempo, conhecimento e poder, por dar a explicação
adequada e permitir tanto previsão quanto controle. Pelo fato de se poder
aplicar, na prática, muitos
de seus conhecimentos, confere poder a quem os
aplica.
O método científico é algo simples, mas não
é uma atividade que se apresenta espontaneamente. Para ser utilizado, é
preciso que a pessoa esteja
predisposta ou treinada. Por exemplo, as experiências de Galileu estudando
a queda dos corpos (que
está na origem da Física tradicional) poderiam ter
sido feitas no Egito Antigo, nas Muralhas de Creta
ou em qualquer período da Grécia ou de Roma. O
espírito da época, contudo, não predispunha as
pessoas para essa atividade mais rigorosa do saber.
O método científico pode ser empregado
para a descoberta tanto de grandes quanto de
simples fatos da vida ou da ciência. A maneira mais
eficiente de se chegar às causas de um fenômeno
é utilizar o método científico. São os seguintes os
passos desse método:
identificação do problema (observação
do fenômeno a pesquisar);
antecedentes históricos;
formulação de uma hipótese que explique o fenômeno. Esta serve para
orientar o trabalho da pesquisa e é, ao mesmo
tempo, uma garantia de objetividade.
Toda experimentação tem como objetivo ver como a hipótese se manifesta;
experimentação da hipótese;
comprovação da hipótese;
comunicação dos resultados para conhecimento do mundo científico;
análise estatística;
conclusões;
sugestões para nova pesquisa;
crítica.
Atenção
O psicólogo Claparède imaginou um
método que chamou de reflexão falada:
deu um problema a um jovem e pediu a
este que o resolvesse e fosse, ao mesmo
tempo, descrevendo em voz alta o seu
pensamento.
2.1 Método - Ciência e Atitude Científica em Psicologia
2NÍVEIS DE ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO
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Portanto, a tarefa dos cientistas consiste em
criar teorias que viabilizem níveis comprovadamente válidos, para garantir
rigor aos aspectos e
variáveis analisados, conforme dita o método científico. Assim, podemos
pensar em formas de análise do comportamento humano.
2.2 Os Métodos da Psicologia Científica
Os autores costumam dividir os métodos
usados pelos psicólogos em três grandes grupos:
introspecção ou método de observação
interna;
extrospecção ou método de observação
externa;
experimentação.
A introspecção é um método subjetivo de observação interior. A pessoa
observa suas próprias
experiências e as relata (a pessoa relata suas emo-
ções, percepções, interesses, recordações etc.). Um
exemplo: aumentamos nosso conhecimento da
mente humana lendo diários íntimos, autobiografias ou memórias.
Imaginamos que as pessoas foram sinceras ao descrever seus sentimentos,
emo-
ções, recordações etc., mas não o podemos provar.
Para estudar certos traços de personalidade, os psicólogos têm pedido às
pessoas que respondam a
um questionário. Para esse fim, os indivíduos terão
que observar seu íntimo e dar suas respostas – as
quais irão revelar aos psicólogos seus interesses,
emoções, preferências etc.
Para estudar o raciocínio, o psicólogo Claparède imaginou um método que
chamou de reflexão falada: deu um problema a um jovem e pediu
a este que o resolvesse e fosse, ao mesmo tempo,
descrevendo em voz alta o seu pensamento.
Embora seja impossível verificar se as pessoas foram corretas ao relatarem
seus fenômenos
íntimos, a introspecção tem sido usada para colher informações que não
possam ser obtidas de
nenhuma outra maneira. Porém, a introspecção
não pode ser empregada no estudo de animais, de
crianças muito novas, de débeis mentais etc.
Já a extrospecção é um método objetivo de
observação externa. O psicólogo procura conhecer
as reações externas dos organismos. Ao observar,
por exemplo, uma pessoa, procura conhecer seu
modo de agir, seus gestos, suas expressões fisionô-
micas, suas realizações etc.
Sempre que possível, os psicólogos dão preferência à extrospecção e
procuram torná-la mais
exata, usando aparelhos para melhor documentar
suas observações: máquinas fotográficas e de filmar, cronômetros,
gravadores de som etc.
A experimentação consiste em um observador controlando a situação e
verificando os diferentes níveis de reações do sujeito.
Saiba mais
Em processos seletivos, no caso particular das Dinâmicas Grupais, os
psicólogos
utilizam-se, bem mais, da metodologia
da experimentação.
Psicologia Geral
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As técnicas psicológicas mais utilizadas são:
animais em laboratório: a observação
de animais em situações controladas facilita a compreensão do
comportamento
das aprendizagens. Os animais mais utilizados são: cães, ratos, pombos,
gatos e
macacos;
técnica da medida do tempo de rea-
ção: esse tempo é medido em frações de
segundo, por cronômetros. Esse tempo
varia de pessoa para pessoa e é de grande importância para provas de
aptidão
para determinadas profissões como: motoristas, profissionais de mídia,
aviação,
entre outros;
técnica das associações determinadas:
essa técnica foi introduzida pelo psicólogo suíço Carl Gustav Jung.
Consiste em
ler para o paciente, uma a uma, as palavras de uma lista, pedindo-lhe que a
cada
palavra ouvida diga tudo que lhe venha à
mente, mesmo que lhe pareça estranho
e absurdo. Essa técnica possibilita traçar
um tipo psicológico do paciente;
técnica da associação livre: utilizada
por Sigmund Freud, que foi o fundador
da Psicanálise. O psicanalista sugere um
assunto e deixa que o pensamento flua,
na livre associação de ideias que o paciente faz, de acordo com o seu
histórico
pessoal;
técnica de grupos de controle: essa
técnica consiste na comparação de dois
ou mais grupos semelhantes, tratados de
modo igual, em todos os aspectos da atividade, com exceção de um – o
aspecto
que está sendo estudado. Imagine que
todas as crianças de uma creche passaram por uma experiência de ataque
de
cachorros e desenvolveram medo. Essa
técnica poderia ser aplicada de modo a
controlar esse medo, apresentando um
filme no qual aparecessem crianças acariciando cachorros dóceis e, assim,
fazendo paulatinamente diminuir o medo de
cachorros;
técnica de comparação de gêmeos:
consiste em comparar dois gêmeos idênticos ou univitelinos. Essa técnica
tem
sido muito empregada para prever a influência da hereditariedade e do
ambiente no desenvolvimento da inteligência e
da personalidade, de modo geral;
técnicas projetivas: são atividades propostas pelos psicólogos nas quais
as pessoas são convidadas a expressarem seus
íntimos.
a) Hermann Rorschach elaborou um
teste de borrões, com dez cartões,
revelando traços significativos da
personalidade, como nível de inteligência, extroversão ou introversão,
conflitos emocionais etc.;
b) Henry D. Murray criou o TAT, conhecido como teste de apercepção
temática, em que existem 20 quadros
que remontam a contos, nos quais a
criança pode elaborar a sua própria
história, baseada em fatores de sua
psicodinâmica pessoal e familiar;
c) análise do brinquedo: Melanie Klein
encontrou muita dificuldade para
estudar a causa dos problemas emocionais apresentados pelas crianças
e resolveu observar o modo como
as crianças brincavam, por meio de
brinquedos, baseando-se na compreensão de seus vocabulários ao
expressarem o que vinha pelas
mentes e formas de construções de
brincadeiras, assim como no tipo de
brinquedos escolhidos, mais comumente; a ludoterapia passou a ser
2.3 Técnicas Psicológicas
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uma forma terapêutica para auxiliar
a cura da criança pelo brinquedo;
d) análise do desenho: o desenho da
figura humana, da casa e da árvore, são os mais utilizados, revelando
interesses, autoimagem, conflitos
emocionais, nível intelectual, entre
outros fatores, muito utilizados em
empresas;
e) testes psicológicos: de inteligência,
de conhecimentos gerais e/ou específicos, nos quais se observa o tipo de
resposta dada e o desempenho, medindo aptidões dos indivíduos (muito
utilizados em seleção de pessoal).
Em Psicologia Clínica, estuda-se o comportamento de uma única pessoa,
visando ajudá-la
em seu ajustamento. É feito um estudo do caso,
procurando compreender as principais forças e
influências que orientaram o desenvolvimento
dessa pessoa. Esse estudo consiste em várias fases,
entre as quais: investigar o tipo de vida da pessoa;
as condições sociais em que ela vive; aplicar testes
de interesses, de aptidões, de inteligência geral, de
maturidade emocional, de sociabilidade, de traços
de personalidade; e fazer seu levantamento biográfico. Após esse estudo,
surge o diagnóstico do
problema dessa pessoa, é recomendada uma terapêutica e o caso é
“acompanhado” por um supervisor, por algum tempo. A observação de
casos particulares permite descobrir algumas características
comuns a muitas pessoas.
2.4 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos as três metodologias aplicadas
em Psicologia Científica;
as técnicas mais utilizadas para o conhecimento do humano, cada uma
delas, focando aspectos peculiares e tornando possível o levantamento de
um vasto número de informações sobre a pessoa, animal ou
grupo analisado.
2.5 Atividades Propostas
1. Trata-se de um método subjetivo de observação interior. A pessoa
observa suas próprias experiências e as relata (a pessoa relata suas
emoções, percepções, interesses, recordações etc.).
De qual método estamos tratando?
2. São atividades propostas pelos psicólogos nas quais as pessoas são
convidadas a expressarem
seus íntimos.
3. Trata-se de uma forma terapêutica, criada por Melanie Klein, para
auxiliar a cura da criança
pelo brinquedo.
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
de compreender o estudo da Fórmula Fundamental do Comportamento.
Vamos iniciar a discussão?
O comportamento tem sido definido como
sendo o conjunto das reações ou respostas que um
organismo apresenta às estimulações do ambiente. Todo o organismo está
continuamente recebendo estimulações do ambiente e reagindo a elas. Por
isso é que os cientistas afirmam que o organismo
vive em um constante processo de interação com
seu ambiente. As relações que mantemos com o
mundo que nos rodeia são de dar e receber. Recebemos inúmeras
estimulações e damos respostas
a elas.
Para simbolizar a dependência entre reação
e estimulação, muitas vezes tem sido empregado
esse pequeno esquema, no qual E significa estímulo ou conjunto de
estímulos (situação) e R significa
reação ou resposta. Os estudiosos do comportamento preferem empregar o
verbo ‘eliciar’ no lugar
de ‘provocar’ ou ‘causar’.
Por exemplo: o sumo da cebola elicia a secre-
ção de lágrimas, pelas glândulas lacrimais.
Estímulo é qualquer modificação do ambiente que provoque a atividade do
organismo. Assim,
a luz é um estímulo aos olhos, o som, aos ouvidos.
Reação ou resposta é qualquer alteração do
organismo (movimentos musculares ou secreções
glandulares), eliciada por um estímulo.
Atenção
Para simbolizar a dependência entre reação
e estimulação, muitas vezes tem sido
empregado esse pequeno esquema, no
qual E significa estímulo ou conjunto de
estímulos (situação) e R significa reação ou
resposta. Os estudiosos do comportamento
preferem empregar o verbo eliciar no lugar
de provocar ou causar.
3.2 Classificação do Comportamento
Comportamento inato: também conhecido como comportamento
natural.
Há reações que todos os seres da mesma
espécie apresentam todas as vezes que
recebem determinada estimulação, sendo invariáveis. Um exemplo: nossas
pupilas se contraem sempre que aumenta a
intensidade da luz no ambiente em que
estamos e se dilatam quando a luminosidade diminui (reflexo pupilar).
Outro
exemplo: nossas pálpebras se cerram
fortemente sempre que um objeto se
aproxima bruscamente de nossos olhos
e sempre que ouvimos um som muito
FÓRMULA FUNDAMENTAL DO
3 COMPORTAMENTO
3.1 E-R= Fórmula ou Esquema do Comportamento
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alto (reflexo palpebral). Essas reações
não precisam ser aprendidas. Todos os
seres humanos, em estado normal, as
apresentam. São chamadas reações inatas e, também, reações não variáveis;
Comportamento adquirido ou aprendido: é um comportamento
variável. Há
reações que alguns seres apresentam e
outros, embora da mesma espécie, não
apresentam ao receberem determinada
estimulação. São reações que necessitam de aprendizagem para se
processarem, quando o organismo recebe a estimulação. Um exemplo: o
gato de uma
determinada casa entra na cozinha todas
as manhãs ao ouvir o ruído da porta da
geladeira. Outros gatos, ao ouvirem esse
mesmo som, não reagem desse modo.
Outro exemplo: o cão de uma certa família aproxima-se prontamente, ao
ouvir
alguém dizer “Totó”. Outros cães, ao ouvirem esse mesmo som, não
reagem desse
modo. Essas reações foram aprendidas.
Constituem o comportamento variável
ou adquirido, portanto, aprendido.
O estudo do desenvolvimento do comportamento durante o decorrer de
nossa vida tem sido
realizado pela Psicologia genética ou evolutiva.
Observou-se que, no início de nossa vida, apresentamos aos estímulos
reações que, em sua maioria,
são inatas. À medida que amadurecemos, vai aumentando o número de
nossas reações adquiridas
ou aprendidas.
A Psicologia comparativa realiza o estudo
do comportamento animal, comparando-o com
o comportamento humano. Ela tem demonstrado
que, nos animais inferiores, predominam as rea-
ções inatas, invariáveis, ao passo que, no ser humano, predomina o
comportamento variável ou
aprendido.
3.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Fórmula Fundamental do
Comportamento, no qual
vimos que E = estímulo e R = resposta; sendo que existem os
comportamentos inatos e os comportamentos adquiridos ou aprendidos;
sendo que esses últimos estão estreitamente ligados à quantidade e
qualidade das estimulações do meio ambiente.
3.4 Atividades Propostas
1. Qual é a definição de comportamento?
2. Qualquer modificação do ambiente que provoque a atividade do
organismo é chamada de...
3. Trata-se de um comportamento variável, com reações que necessitam de
aprendizagem para
se processarem, quando o organismo recebe a estimulação. De qual
comportamento estamos
tratando?
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Abordagem do Behaviorismo de Watson e de
Skinner. Vamos iniciar a discussão?
O Behaviorismo nasce com Watson e tem
um desenvolvimento grande nos Estados Unidos,
em função de suas aplicações práticas. Tornou-se
importante por ter definido o fato psicológico, de
modo concreto, a partir da noção do comportamento (behavior, do inglês).
Essa abordagem surge
com John B. Watson, em 1913, e basicamente traz
a ideia de que todo estímulo elicia uma resposta,
com a fórmula comportamental básica: E – R (sendo que E = estímulo e R
= resposta do indivíduo).
Essa abordagem traz para a Psicologia da época a
serventia da quantificação (mensuração) do comportamento humano, já que
o capitalismo institui
a necessidade de um parâmetro mais prático para
a análise humana e suas relações com o trabalho.
Os primeiros experimentos foram feitos com ratos brancos em laboratórios,
assim como outros
animais, tais como: pombos e sapos, por questões
éticas e determinantes das ciências biológicas e
humanas.
Temos com B. F. Skinner um importante experimento com ratos, o que
possibilitou o avanço
da compreensão dos condicionamentos e aprendizagens humanas. Para os
behavioristas, todos os
comportamentos podem ser controláveis e controlados, uma vez que
reconhecem como sendo passível de observação o que emite uma resposta
concreta, visível e mensurável no meio ambiente onde
está atrelado o indivíduo. O Behaviorismo é muito
utilizado em empresas, escolas, organizações de
diferentes segmentos, por ser eficaz na especifica-
ção das características humanas.
Atenção
Para os behavioristas, todos os
comportamentos podem ser controláveis
e controlados, uma vez que reconhecem
como sendo passível de observação o
que emite uma resposta concreta, visível
e mensurável no meio ambiente onde
está atrelado o indivíduo.
Comportamento reflexo ou respondente: são todos os
comportamentos/
respostas do organismo vivo/indivíduo
que não dependem diretamente dos
fatores de aprendizagens (piscar o olho
mediante a incidência da luz e afastar a
mão do calor do fogo, por exemplo);
Comportamento instrumental ou operante: diferentemente dos
comportamentos reflexos/respondentes, estes dependem da habilidade de
aprendizagem
e apenas ocorrem mediante condicionamentos. Esses condicionamentos
podem
ser primários, secundários ou terciários,
sendo os primeiros ligados às necessidades de primeira ordem (básicas) e
os
outros associados a elas. Ou seja, para os
behavioristas, toda a aprendizagem está
4
O BEHAVIORISMO DE WATSON E SKINNER
4.1 Principais Conceitos do Behaviorismo
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diretamente vinculada às habilidades voluntárias de um organismo
responder às
suas urgências, mediante os estímulos
provenientes do meio ambiente, tornando assim o esquema E – R
condicionável,
controlável (exemplo: ao pressionar uma
barra, o rato observa a ocorrência do
surgimento da água, e isso apenas acontece após inúmeras tentativas de
obter
sucesso – recompensa). Assim, para os
comportamentalistas, o comportamento
e a aprendizagem estão diretamente vinculados aos sucessivos erros, até
que se
possa alcançar o acerto;
Teoria dos reforçamentos: podem ser
positivos ou negativos, dependendo
dos objetivos do meio ou do indivíduo.
No caso do reforço positivo, o indivíduo
ao ser premiado aprende que para obter
satisfação de sua necessidade ou desejo, terá de repetir o mesmo
mecanismo
da experiência passada, aprendida; já no
reforço negativo é o inverso, ele é desestimulado a repetir o padrão
aprendido,
pois não encontra no meio ambiente o
atributo que atende à sua necessidade/
desejo, sendo esse fator fundamental
para que interrompa o padrão e aprenda a extinguir o comportamento
indesejado (para os behavioristas, o simples
fato de não se reforçar positivamente
um comportamento já é suficiente para
remover uma resposta de um indivíduo/
organismo).
4.2 O Experimento da “Caixa de Skinner”
Vamos relembrar um conhecido experimento feito com ratos em
laboratório. Vale informar
que animais como ratos, pombos e macacos – para
citar alguns – foram utilizados pelos analistas experimentais do
comportamento (inclusive Skinner)
para verificar como as variações no ambiente interferiam nos
comportamentos. Tais experimentos
permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que chamaram de leis
comportamentais.
Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat,
certamente manifesta algum comportamento que lhe permita satisfazer a
sua necessidade orgânica. Esse comportamento
foi aprendido por ele e se mantém pelo
efeito proporcionado: saciar a sede. Assim,
se deixarmos um ratinho privado de água
durante 24 horas, ele certamente apresentará o comportamento de beber
água no
momento em que tiver sede. Sabendo disso, os pesquisadores da época
decidiram
simular esta situação em laboratório sob
condições especiais de controle, o que os
levou à formulação de uma lei comportamental. Um ratinho foi colocado
na ‘caixa
de Skinner’ – um recipiente fechado no
qual encontrava apenas uma barra. Esta
barra, ao ser pressionada por ele, acionava um mecanismo (camuflado) que
lhe
permitia obter uma gotinha de água, que
chegava à caixa por meio de uma pequena
haste. Durante a exploração da caixa, o ratinho pressionou a barra
acidentalmente,
o que lhe trouxe, pela primeira vez, uma
gotinha de água, que, devido à sede, fora
rapidamente consumida. E, por ter obtido
água ao encostar na barra quando sentia
sede, constatou-se a alta probabilidade de
que, estando em situação semelhante, o
ratinho a pressionasse novamente. (BOCK,
1996, p. 48-49).
Saiba mais
Quando um bebê começa a conseguir
se sustentar por suas próprias perninhas
e a mãe vai, paulatinamente, encorajando-o a dar passinhos para frente, ao
mesmo tempo em que oferece suas
mãos, para suportá-lo, caso ele se desequilibre, é um exemplo de
comportamento instrumental ou operante.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19
Skinner denominou esse comportamento de
operante, em que o que propicia a aprendizagem
dos comportamentos é a ação do organismo sobre
o meio e o efeito dela, seus resultados, ou seja, a
satisfação de uma necessidade, sendo que a aprendizagem fica atrelada
nessa relação entre ação e
efeito.
Em suma, os behavioristas contribuíram
enormemente para a sistematização dos comportamentos aprendidos, desde
esses estudos feitos
em laboratórios, deixando claras as questões dos
condicionamentos para as aprendizagens humanas, em diversas áreas do
conhecimento e aplica-
ções (escolas, indústrias, serviços em gerais, entre
outras tantas atividades ocupacionais do mercado
de trabalho).
4.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno, neste capítulo estudamos a Abordagem ou Escola
Behaviorista de Watson e de Skinner, onde você tomou conhecimento do
importante experimento feito com ratos, de Skinner, o qual
serviu de base para explicar muitas das aprendizagens condicionáveis do
humano. Vimos a diferença do
comportamento reflexo ou respondente para o comportamento instrumental
ou operante; assim como
a importância do reforço positivo, para garantir a manutenção do
comportamento desejável, na aprendizagem.
4.4 Atividades Propostas
1. Qual o nome da abordagem que surgiu com John B. Watson, em 1913, e
basicamente trouxe
a ideia de que todo estímulo elicia uma resposta, com a fórmula
comportamental básica: E – R
(sendo que E = estímulo e R = resposta do indivíduo)?
2. O que vem a ser o Comportamento reflexo ou respondente?
3. São comportamentos que dependem da habilidade de aprendizagem e
apenas ocorrem mediante condicionamentos. Esses condicionamentos
podem ser primários, secundários ou terciários, sendo os primeiros ligados
às necessidades de primeira ordem (básicas) e os outros
associados a elas. De qual tipo de comportamento estamos tratando?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Psicologia da Aprendizagem e das Inteligências.
Vamos iniciar a discussão?
Atenção
Quando um bebê começa a conseguir se
sustentar por suas próprias perninhas e a
mãe vai, paulatinamente, encorajando-o
a dar passinhos para frente, ao mesmo
tempo em que oferece suas mãos, para
suportá-lo, caso ele se desequilibre,
é um exemplo de comportamento
instrumental ou operante.
A PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E
5 INTELIGÊNCIA
5.1 A Aprendizagem e Inteligência (QI-QE-QA)
Márcia Lilla
22 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Os Diferentes Enfoques para as Aprendizagens
Os comportamentalistas acreditam na aprendizagem condicionada; os
gestaltistas nas relações
dinâmicas dos contatos humanos internos e externos; já os psicanalistas
acreditam na viabilização de
um maximizado acesso ao inconsciente, sendo que
este armazena o manancial criativo e faz com que a
consciência emancipe o seu dispositivo maior para
aprender o mundo tanto interior quanto exterior.
Com Piaget, assim como com outros importantes
psicoterapeutas, as Psicologias foram angariando
novas vertentes e constatando em testes, pesquisas e experimentos, os
inúmeros atributos das capacidades individuais e grupais para as
aprendizagens, tanto específicas quanto generalizadas, do
potencial humano.
A Inteligência Humana
Fatores hereditários e adquiridos formam e
transformam a inteligência humana sob e sobre
toda a interatividade que já estamos acostumados
a verificar em nossas relações humanas. Para os psicólogos
contemporâneos, fatores racionais e emocionais são determinantes da
evoluída inteligência,
assim como fatores atitudinais e inter-relacionais.
Inteligência Racional (QI)
Binet, Simon e Stern, em 1912, pesquisaram
o quociente de inteligência mediante uma escala que media a capacidade do
conhecimento de
crianças comparando as idades cronológicas. Assim sendo, catalogaram
diferentes medidas para as
inteligências (até a atualidade são muito utilizadas
essas escalas para medição de QI). Consideram o
QI saudável dentro dos parâmetros 90-120, sendo
que variações para baixo ou para cima estariam relacionadas com
defasagens/incapacidades e, por
outro lado, genialidades/alta capacitação de expansão pessoal.
Pesquisas e testes de QI em muito facilitam
a seleção de pessoal para as organizações, desde a
era industrial até a atualidade, pois vivemos em um
mundo globalizado e de forte tendência competitiva, fazendo-se
necessários os instrumentos práticos de medição de recursos para os
conhecimentos específicos e gerais da inteligência humana.
Inteligência Emocional (QE)
Daniel Goleman (1995) traz o conceito de
sincronia emocional e nos atenta para as questões
das deficiências “das conscientizações dos sentires”,
tão vastamente ignoradas por outras correntes das
Psicologias. Por meio de experimentos ricos e complexos, tal ideia nos
remonta para a integração de
uma inteligência emocional e racional, na qual haja
o contínuo alinhamento da rede neural com todos
os âmbitos emocionais.
Goleman foi o criador do termo ‘QE’ e revolucionou a visão fragmentada
da inteligência, trazendo uma concepção de ampliada e inquietante
constatação de que o controle emocional dependerá sempre de uma
profunda e intensa capacidade de se dar conta do que se sente, sem que isso
implique em atuar o sentimento concomitantemente no meio, na situação
vivida.
Para o autor, o sequestro emocional seria
uma ação inadequada do indivíduo, comprovando
a sua incapacidade de lidar com a emoção percebida, ou seja, a
inconsciência de um sentimento
levando a uma ação inadequada ao contexto. Essa
visão da inteligência explicou o porquê de pessoas
com QI elevados não serem as mais bem-sucedidas
profissionalmente, por possuírem genialidades outras e não emocionais e
relacionais. Suponhamos
que um profissional de criação, em uma reunião
em que esteja apresentando a sua campanha seja
tomado por um forte sentimento de ira e resolva
agir de forma grosseira e agressiva, ocasionando
a perda da conta de um importante cliente para
a sua agência. Com certeza, esse episódio dramá-
tico seria um típico sequestro emocional, típico
de quem não lida bem com as próprias emoções,
mantendo-as sob controle consciente e ajustativo,
conforme exige cada situação das vivências que se
apresentam no dia a dia.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23
Inteligências Múltiplas e Atitudinais
Howard Gardner, nos anos 60, foi um importante pesquisador e trouxe a
contribuição de uma
teoria que identificou diferentes inteligências: a)
lógico-matemática: símbolos numéricos e lineares;
b) linguística: símbolos ligados às letras, palavras,
assim como expressões da mesma pela palavra e
suas manifestações; c) espacial: ligada aos aspectos
mais físicos de contextualizações; d) musical: ligada aos sons, desde a
emissão até elaborações mais
avançadas; e) intrapessoal: que diz respeito às capacidades de
autoconhecimento e controle emocional; e f) interpessoal: que dita as
habilidades de
relacionamentos com as outras pessoas, de forma
madura, responsável, ética e assertiva.
Para Gardner, quanto mais as pessoas puderem investir não somente em
maximizar suas
potencialidades, como também em potencializar
suas limitações, mais e mais estarão aptas para desenvolverem em
plenitude suas totais e genéricas
aptidões cognitivas/emocionais. Em outras palavras, o ser inteligente atual
e contemporâneo é
aquele que vive a sua inteligência de maneira múltipla, de acordo com os
sistemas em que se insere,
uma vez que o mundo está cada vez mais criativo,
diferenciado e solicitando inúmeras capacidades
de ajustamentos variados e crescentes.
Para os cognitivistas,
[...] o processo de organização das informa-
ções e de integração do material à estrutura do pensar e refletir, armazenar
e processar, integrar aos processos conscientes
é o que melhor conceitua a aprendizagem.
Esta abordagem diferencia a aprendizagem mecânica da aprendizagem
significativa: a) aprendizagem mecânica refere-se à
aprendizagem de novas informações com
pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura
cognitiva.
O conhecimento assim adquirido fica arbitrariamente distribuído na
estrutura cognitiva, sem se ligar a conceitos específicos (ex:
decorar um texto); b) aprendizagem significativa: processa-se quando um
novo conteúdo (idéias ou informações) relaciona-se
com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo
assim
assimilado por ela. Estes conceitos disponíveis são os pontos de ancoragem
para a
aprendizagem. (BOCK, 1996, p. 117-118).
Um exemplo dessa última forma de aprendizagem: você integra e aprende
o conceito que
pode viver na vida real e não se esquece mais do
valor significativo da teoria, graças à experiência
cognitiva aprendida. E isso se aplica em diversas
áreas, com diferentes pessoas, dos pequenos até
grandes grupos.
A inteligência é, sem dúvida, uma das qualidades humanas mais desejáveis.
Cada cientista,
ao longo da história e de suas pesquisas, revelam
a inteligência, sob e entre diferenciados aspectos.
Desde Platão, pensar a inteligência, por si só, já é
uma representação bastante satisfatória dela, pois
o exercício é um indicativo de capacidade reflexiva
e pensante.
O que mais caracteriza o ato inteligente é o
fato de utilizar vários elementos da situação de maneira original ou
criativamente nova. No fundo, em
todo ato inteligente há uma pequena descoberta,
a estrutura da inteligência:
a) cognição: na solução de um problema
ou situação difícil, é preciso, em primeiro
lugar, reconhecer os elementos disponíveis e constitutivos da situação (essa
operação é a cognição = conhecer, do
latim);
b) memória: além de levantar os dados do
problema, é preciso retê-los na memória
ou evocar outros elementos para o proSaiba mais
Goleman desvelou em suas pesquisas
que indivíduos com Inteligência Emocional bem desenvolvida eram mais
aptos para ocuparem cargos de liderança
do que os que tinham o “QI” elevado;
essas pesquisas serviram de “quebra de
paradigmas” e mudaram diametralmente a visão de muitos empresários,
inclusive.
Márcia Lilla
24 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
cessamento da solução (reter e evocar
são funções da memória);
c) produção convergente: é uma forma
de atividade intelectual que processa
os elementos mentais de conformidade
com os padrões convencionais (exemplo:
seguir manuais de orientações nas organizações, criteriosamente);
d) produção divergente: é uma forma de
atividade intelectual que processa os elementos mentais de modo não
convencional; as descobertas e invenções são
produtos divergentes, não convencionais da mente, são originalidades
expressivas do ato singular de se criar, dando
um salto qualitativo nas dimensões que
convergem;
e) avaliação: é uma forma de atividade
mental em que a mente elabora pesos
e valores diferentes, julgando a respeito
da correção, adequação, desejabilidade,
melhor conveniência. Quando um supervisor ou coordenador está
avaliando
mentalmente, está processando elementos mentais que são valores, pesos,
rea-
ções comportamentais adequadas etc.
Em todo processo decisório, cada informação tem uma relevância e um
peso
próprios. Nem todos os elementos se
apresentam com o mesmo valor; é um
ato típico de avaliação.
As atividades da mente só existem sobre determinados conteúdos; ninguém
pensa a respeito
de nada. O pensamento consiste em elaborar, processar mentalmente algum
conteúdo. É claro que
podemos raciocinar sobre inúmeras coisas. Há um
número infinito de assuntos sobre os quais podemos pensar. Contudo,
Guilford, psicólogo americano, reduziu-os a quatro categorias:
a) conteúdos figurativos: elementos concretos num espaço limitado
(inteligência
espacial, concreta e mecânica);
b) conteúdos simbólicos: inteligência numérica, musical ou de qualquer
outro
elemento simbólico;
c) conteúdos semânticos: inteligência
mais verbal (oradores, professores, escritores, filósofos);
d) conteúdos comportamentais: inteligência social baseada em atitudes,
formas de proceder, ação, padrão de ações
das pessoas, formas altamente criativas
para lidar com elementos comportamentais (exemplo: profissionais das
publicidades e marketing necessitam dessas qualificações para melhor
exercerem
suas funções).
Essência da Aprendizagem e da Inteligência
O que está no cerne do comportamento inteligente? Para alguns psicólogos,
a ênfase está no
pensamento abstrato e no raciocínio, e, para outros, o foco está nas
capacidades que possibilitam a
aprendizagem e a acumulação de conhecimentos.
Existem correntes que enfatizam a competência
social: se as pessoas conseguem resolver os problemas apresentados por
sua cultura. E na época
atual, os psicólogos não sabem sequer se há um
único fator geral (normalmente chamado de ‘G’, inicial de ‘geral’) do qual
dependam todas as habilidades cognitivas.
Medindo a Inteligência – os Famosos Testes de
Inteligência
Alfred Binet (1857-1911), destacado psicólogo francês, foi quem criou a
primeira medição prá-
tica da inteligência. De início, juntamente com seus
colaboradores, mediu habilidades sensoriais e motoras, da mesma forma
que o fez Galton. Logo, eles
perceberam que tais avaliações não funcionariam
e começaram a observar as habilidades cognitivas
– duração da atenção, memória, julgamentos esté-
ticos e morais, pensamento lógico e compreensão
de sentenças – bem como medidas de inteligência.
O projeto de Binet teve significativa arrancada em 1904, ano em que foi
nomeado para integrar
uma comissão do governo para estudar os problemas do ensino de crianças
retardadas. O grupo
concluiu que se deveria identificar as crianças men-
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25
talmente incapazes e dirigi-las a escolas especiais.
Esse evento possibilitou estudos avançados de distinção de níveis
intelectuais para a diferenciação
de aprendizagens, para crianças com dificuldades
cognitivas. O teste de Binet foi importado pelos Estados Unidos e por
outros países.
Lewis Terman, um psicólogo que trabalhava
na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos,
fez uma revisão amplamente aceita do teste de
Binet, em 1916. Esse teste ficou conhecido como
Stanford-Binet e trouxe o padrão mundialmente
conhecido para os testes de inteligências QI (quociente de inteligência,
termo criado por psicólogos alemães). Esse teste compara os resultados
obtidos por um indivíduo com aqueles de outros
indivíduos da mesma idade, dentro de uma escala de probabilidades e
expectativas para cada fase
do desenvolvimento (conforme vimos com Piaget,
para as cognições), o que também foi um forte critério para que tal escala
pudesse ser configurada.
Os testes de inteligência atuais ainda seguem
as tendências citadas anteriormente, e somam-
-se a estas as da Escala de Inteligência Adulta de
Wechsler, revisada em 1981, em que a preocupa-
ção é medir diferentes recursos individuais para
lidar com os correspondentes desafios (subtestes
verbais e de desempenho avaliam capacidades
que exigem a manipulação de objetos ou outros
tipos de resposta com as mãos, baseando-se no
pensamento sem palavras e nas habilidades de resolução de problemas
práticos, também).
5.2 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos o processo das aprendizagens e
você conheceu a teoria
do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget em seus diferentes estágios
de desenvolvimento. Vimos
que os diferentes enfoques de aprendizagens estão diretamente ligados ao
aprimoramento da inteligência humana. Estudamos os diferentes
posicionamentos sobre a Inteligência: a racional, de Binet, Simon e
Stern; a emocional, de Daniel Goleman; e a Múltipla e Atitudinal, de
Howard Gardner. Discorremos sobre
as diferenças entre a produção convergente e a divergente; aprendemos
diversificadas visões sobre o
pensamento inteligente e práticas usuais avaliativas de Aprendizagens e
Inteligências, conforme Alfred
Binet e seus colaboradores.
5.3 Atividades Propostas
1. Qual o nome do famoso psicólogo que desenvolveu uma importante
teoria para compreender o desenvolvimento cognitivo, por meio do
trabalho que acompanhava crianças, classificando a aprendizagem a partir
de estágios?
2. Conceito de Inteligência que trata da sincronia emocional e nos atenta
para as questões das
deficiências “das conscientizações dos sentires”, tão vastamente ignoradas
por outras correntes das Psicologias. De qual conceito estamos tratando?
3. Trata-se de um tipo específico de aprendizagem que se processa quando
um novo conteúdo
(ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e
disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Esses
conceitos disponíveis são os pontos de
ancoragem para a aprendizagem. De qual tipo de aprendizagem estamos
nos referindo?
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Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
da Abordagem da Gestalt e seus principais conceitos. Vamos iniciar a
discussão?
Atenção
Um bom exemplo da visão de Lewin descarta completamente a visão
fragmentada do humano nas relações sociais, ou
seja, não devemos “julgar” com a nossa
visão de mundo a forma de vida de um
indivíduo e/ou um grupo, pois cada um
se relaciona com coerência dentro de
seu campo interno e externo (objetiva e
subjetivamente), como em se tratando
da compreensão dos modos de vida de
uma tribo específica.
6.1 Gestalt
Tendo seu berço na Europa, surge como uma
negação da fragmentação das ações e processos
humanos, realizada pelas tendências da Psicologia
Científica do século XIX, postulando a necessidade
de se compreender o homem como uma totalidade
dinâmica e processual, sendo, assim, uma abordagem de cunho existencial,
humanística e sistêmica
de fundamental importância para a compreensão
da complexidade humana.
A palavra ‘Gestalt’ não possui tradução exata, mas representa
configuração, forma e em um
primeiro momento, na Alemanha, mais especificamente com os psicólogos
Max Wertheimer, Christian von Ehrenfels, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka
adquire importância em uma sociedade pautada,
naquela época, por concepções puramente racionais, cognitivas ou com
ênfase em aspectos puramente inconscientes. Com esses pesquisadores,
volta a promover a importância de uma visão de
homem e de mundo mais fenomênica, integrada
e contextualizada, tal como as exigências mais correntes demandavam.
Basicamente, a Psicologia da Gestalt tratou a
princípio dos fatores atrelados às percepções humanas e suas manifestações
tanto internas quanto externas, trazendo a contribuição de enfatizar
que a relação do indivíduo com o meio era o fator
de maior impacto, o que mereceria análise e compreensão e que também
traria a constatação da
unicidade e da universalidade, fatores fundamentais dessa abordagem.
Kurt Lewin (1890-1947) trabalhou 10 anos
com os gestaltistas e elaborou a sua famosa teoria
de campo, sendo que esta se reporta às crenças de
que todo indivíduo somente pode ser compreendido se estivermos focando
todo o ambiente onde
ele está envolvido e, principalmente, como ele está
se relacionando em seu campo (as suas crenças,
valores, necessidades e limitações). Para Lewin, o
indivíduo não pode ser compreendido de forma
6 A PSICOLOGIA DA GESTALT
Márcia Lilla
28 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
linear, rígida, fixa, mas, sim, dinâmica, processual e
contextual.
Os gestaltistas foram ampliando as pesquisas
relacionadas às percepções e organizações humanas, percebendo que os
elementos biopsicossociais estavam sempre atuando de forma sistêmica
e variando de acordo com a singularidade de cada
pessoa e ambiência envolvida.
Outro psicólogo surgiu desse movimento,
Fritz Perls, tendo sido um marco para o que viria
a ser a Gestalt-terapia que conhecemos na atualidade. Para Perls, todo
comportamento é a melhor
resposta que um indivíduo pode dar num determinado momento e apenas o
presente é capaz
de fazê-lo atualizar-se e promover o ajustamento
criativo que lhe dará a satisfação imediata, para
que uma nova necessidade ressurja no campo
interno e externo, sucessivamente. Para Perls, somente existia o presente e
como o indivíduo agia
era o fator mais fundamental para a compreensão
de seu modo de estar sendo transformado, processualmente. Essa visão traz
uma maior positividade
e liberdade na perspectiva que o mundo da época
tinha do caráter humano e social, o que sem dúvida agregou inúmeros
desenvolvimentos e pesquisas para as Ciências Humanas e Sociais da
época.
6.2 Principais Conceitos da Gestalt
Os principais conceitos da Gestalt são:
a) figura-fundo: sendo que a figura é a parte central e mais importante da
percep-
ção, e o fundo, todo o contexto que lhe
dá destaque;
b) a busca pela boa forma: a percepção se
organiza por meio da intencionalidade
de buscar a harmonia e a integração, assim como um sentido satisfatório
para a
compreensão do que o indivíduo percebe;
c) insight: existe a habilidade natural do
indivíduo para a busca do fechamento
do que compreende, buscando em seu
repertório individual parâmetros para
as soluções criativas dos problemas/percepções;
d) espaço vital: o indivíduo se atualiza no
campo situacional onde vive, de acordo
com solicitações externas e recursos internos;
e) leis da percepção para a Gestalt (simetria,
regularidade, proximidade, semelhança
e fechamento): condições fundamentais
para o processo autorregulativo da boa
forma, para a percepção;
f) o todo é maior do que a soma das partes: cada elemento possui uma
função
e contribui de formas correlacionais ao
todo em que está inserido, sendo que o
significado das partes apenas reflete exatamente a função do contexto
presente.
Porém, a dinâmica processual é sempre
reajustativa, circular e processual, levando à totalidade e, ao mesmo tempo,
alcançando novos rumos e sentidos;
g) o como é mais importante do que os porquês;
h) o presente, o aqui e agora, é o foco principal para a compreensão da
percepção e
atualização do indivíduo no seu meio (o
passado e o futuro se condensam quando existe centragem de percepção e
tomada de decisão, propriamente ditas).
Saiba mais
Para os gestaltistas, toda vez que um indivíduo expande suas fronteiras de
contato e corre o risco
de viver algo novo/inusitado, ocorre um ajustamento criativo; em outras
palavras, a coragem de se
recriar continuamente está diretamente vinculada às nossas relações de
contato com o outro. Na
linha divisória de encontrar o outro é que eu descubro quem é o outro e
quem sou eu; cada vez
mais e melhor, num crescente contínuo, se o ajustamento criativo for
funcional.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29
Os pesquisadores da Psicologia da Gestalt,
escola que antecipou a corrente da Gestalt-terapia,
trouxeram inúmeras contribuições para que pudéssemos entender como se
estrutura todo o campo
fenomênico interior que forma o que chamamos
de ‘percepção’ – e seu processo ocorre entre aspectações de ordens
variadas e dentro do que Kurt
Lewin denominou como Campo Psicológico. Este é
entendido como um campo de força que nos leva
a procurar a boa forma; funciona figurativamente
como um campo eletromagnético criado por um
ímã (a força de atração e repulsão). Esse campo de
força psicológico tem uma tendência que garante
a busca da melhor forma possível em situações que
não estão muito estruturadas. Esse processo ocorre de acordo com os
princípios de proximidade, semelhança e fechamento.
A proximidade garantiria a melhor percep-
ção para os elementos dispostos, de acordo com a
distância mais curta, sendo notados devidamente
agrupados. Já na semelhança, os elementos seriam
percebidos como sendo similares/ parecidos ou de
um mesmo grupo de referência (exemplo: perceber formas circulares
agrupadas mais nitidamente do que outras, após o sujeito ter ficado horas e
horas analisando pneus, uma vez que trabalha na
indústria de fabricação dos mesmos). E, finalmente,
fechamento, quando o sujeito é capaz de completar a figura que falta,
mediante caracteres armazenados na sua consciência, a fim de garantir a
boa
forma perceptiva e fechar o seu ciclo de contato de
maneira satisfatória.
6.3 A Abordagem da Boa Forma da Gestalt
6.4 A Teoria de Campo de Kurt Lewin
O psicólogo Lewin (1890-1947) trabalhou durante 10 anos com
Wertheimer, Koffka e Kohler na
Universidade de Berlin, e dessa colaboração com os
pioneiros da Gestalt foi que germinou o que viria a
se tornar essa importante teoria da percepção, vista
de uma maneira mais holística e sistêmica. Entretanto, sendo ele um
pesquisador, mais do que um
gestaltista, parte da teoria da Gestalt é para construir um conhecimento
novo e genuíno. Ele abandona a preocupação psicofisiológica (limiares de
percepção) da Gestalt, para buscar na Física as bases metodológicas de sua
psicologia.
O principal conceito de Lewin é o do espaço
vital, que ele define como “a totalidade dos fatos
coexistentes e mutuamente interdependentes que
determinam o comportamento do indivíduo num
certo momento.” (LEWIN, 2005, p. 45). O que Lewin
concebeu como campo psicológico foi o espaço de
vida considerado dinamicamente, em que se levam
em conta não somente o indivíduo e o meio, mas
o todo circunstancial vivido dentro de um espaço
e um tempo. Um bom exemplo da visão de Lewin
descarta completamente a visão fragmentada do
humano nas relações sociais, ou seja, não devemos “julgar” com a nossa
visão de mundo a forma
de vida de um indivíduo e/ou um grupo, pois cada
um se relaciona com coerência dentro de seu campo interno e externo
(objetiva e subjetivamente),
como em se tratando da compreensão dos modos
de vida de uma tribo específica.
Segundo Garcia-Roza (2005, p. 45), o
[...] campo não deve, porém, ser compreendido como uma realidade física,
mas sim fenomênica. Não são os fatos físicos que produzem efeitos sobre o
comportamento. O
campo deve ser representado tal como ele
existe para o indivíduo em questão, num
determinado momento, e não como ele
é em si. Para a constituição desse campo,
as amizades, os objetivos conscientes e inconscientes, os sonhos e os
medos são tão
essenciais como qualquer ambiente físico.
Márcia Lilla
30 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Em outras palavras, todo o contexto segue
uma coerência, uma rede de intersecções condizentes com a pessoa e com o
todo, concomitantemente, sendo necessário se colocar no lugar e
tempo do ser/objeto de observação para melhorar
a interpretação e compreensão.
Os conceitos e ferramentas da Gestalt são
fundamentais para viabilizar a compreensão do
funcionamento das percepções e relações do humano em diversos contextos
sociais, garantindo
a boa forma e a satisfação de necessidades pertinentes e possíveis, com a
devida contextualização,
tornando-nos mais próximos da realidade e das
múltiplas verdades coexistentes do mundo em que
vivemos, trabalhamos e nos relacionamos, dinamicamente,
processualmente.
6.5 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Psicologia da Gestalt e vimos
que se trata de uma
abordagem de cunho existencial, humanística e sistêmica. Estudamos os
principais conceitos da Gestalt:
a) figura-fundo; b) a busca pela boa forma; c) insight; d) espaço vital; e)
leis da percepção para a Gestalt
(simetria/regularidade/proximidade/semelhança/fechamento); f) o todo é
maior do que a soma das partes; g) o como é mais importante do que os
porquês; h) o presente, o aqui e agora, é o foco principal.
Aprendemos, também, a importância da Teoria de Campo de Kurt Lewin,
que enfatiza a necessidade de
se compreender o ser humano, dentro dos referenciais de seu meio
psicológico e existencial.
6.6 Atividades Propostas
1. Qual o significado da palavra ‘Gestalt’?
2. A percepção se organiza por meio da intencionalidade de buscar a
harmonia e a integração,
assim como um sentido satisfatório para a compreensão do que o indivíduo
percebe. De qual
importante conceito gestáltico estamos nos referindo?
3. Lewin concebeu uma teoria onde o campo psicológico é o espaço de
vida, considerado dinamicamente, em que se levam em conta não somente
o indivíduo e o meio, mas o todo circunstancial vivido dentro de um espaço
e um tempo. Estamos nos referindo a qual teoria?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos de compreender a Percepção e
a Motivação, apresentando as principais teorias motivacionais. Vamos
iniciar a discussão?
7.1 Definições de Percepção
É a organização dos elementos captados pelos sentidos que faz algum
fechamento (efeito da
Lei de Totalidade da Gestalt). Nunca percebemos
estímulos isolados, a tendência natural é a de organizar, dar um
fechamento. A Figura é a parte predominante e central, que emerge de um
Fundo.
Vivemos mais em função do mundo interior
(sentidos, sensações, pensamentos) do que em
função da realidade objetiva. “Cada cabeça uma
sentença”. Por isso, é muito importante sempre
checarmos bem o que o outro está querendo expressar, para não
colocarmos as “nossas coisas” na
boca desse outro (projeção).
Os sentidos funcionam como receptores
(antenas) que levam os estímulos para o cérebro,
e este se organiza e nos dá a percepção. Os cinco
sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato) são
fundamentais para esse processo e devem estar
bem desenvolvidos, no indivíduo. A intuição é um
sentido mais sutil e refinado e ocorre principalmente quando temos os
cinco sentidos básicos bem
evoluídos em nós mesmos. É por isso que dizemos
que as pessoas criativas, inteligentes e intuitivas
têm uma excelente percepção.
7.2 Funções da Percepção
São as seguintes: a) função informativa: manter-se em contato constante
com o meio, atualização para sobreviver e se desenvolver; b) função
defensiva: captamos o perigo, ameaça, antes que
aconteça algo de pior. De acordo com os estados
internos e a situação, somos capazes de dar um
sentido para isso: esquiva ou ataque – agimos de
acordo com a melhor possibilidade encontrada naquele momento.
As percepções, assim como as motivações,
são determinadas também pelas necessidades,
pois o organismo age de forma intencional voluntária ou
involuntariamente, para buscar o “optimum de equilíbrio fisiológico, social
e humano” =
homoestasia (do grego) – Conceito de Walter Cannon (1929), psicólogo, e
de Claude Bernard (1895),
fisiologista francês.
A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA DE
9 VYGOTSKY
9.1 O Surgimento da Abordagem com Vygotsky
Márcia Lilla
40 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Para se compreender e explicar as fun-
ções superiores do homem, é necessário
integrá-los aos aspectos da cultura;
Existe uma unidade entre consciência e
comportamento, que deve ser integrada
pela Psicologia Humana e Social;
Os fenômenos são processos em constante transformação;
A natureza e o homem estão diretamente ligados, um transformando o
outro
concomitantemente;
O conhecimento deve ser construído por
meio de um rastreamento da evolução
dos fenômenos;
É a vida que um homem tem que determina a sua consciência.
Vygotsky vem sendo estudado por outros
teóricos e, no Brasil, tem influenciado diretamente a Educação, desde a
década de 1980, o que tem
possibilitado uma construção de uma Psicologia
Social mais crítica e significativa, uma vez que amplia e aprofunda a visão
humana e social do ser humano, de forma diferenciada. Sem dúvida, sua
rica
concepção humana e social do homem tem contribuído para elucidar os
aspectos mais complexos da
natureza e possibilidades de aprendizagens humanas, dentro de
divergências culturais, ampliando a
compreensão e o respeito cuidadoso que se deve
ter em se tratando das concepções do homem e
todas as suas correlações (essenciais e existenciais).
9.3 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos a Psicologia Sócio-Histórica de
Vygotsky, e vimos que
se trata de uma abordagem que surgiu na ex-União Soviética, com forte
influência da teoria marxista,
ganhando força nos anos 70 e tornando-se referência para a Psicologia do
Desenvolvimento, à Psicologia
Social e à Educação. Conhecemos os principais conceitos dessa
abordagem, sendo que cada um deles,
essencialmente, revela as funções superiores do homem e suas
compreensões dentro de um contexto
sócio-histórico-cultural.
9.4 Atividades Propostas
1. Trata-se de uma Abordagem Psicológica que surgiu na ex-União
Soviética, com influência da
Revolução de 1917 e a teoria marxista. De qual abordagem estamos
tratando?
2. Algumas funções no homem e suas compreensões não podem ser
atingidas pelo simples
estudo animal, pois os animais não possuem vida social e cultural. A quais
funções Vygotsky
se referia?
3. Para a Psicologia Sócio-Histórica, tanto a linguagem quanto o
pensamento humano têm origem em qual contexto?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 41
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, trataremos
de estudar a Psicologia Institucional e os Tipos de
Agrupamentos Humanos. Vamos iniciar a discussão?
O ser humano é um ser social para os psicó-
logos existencialistas, e concebê-lo de forma existencialista e sistêmica é
urgente, uma vez que toda
a natureza humana se inicia a partir da própria relação, desde o surgimento
dos primeiros embriões
humanos, como dita a própria história do homem
e de sua humanidade.
A natureza sociável o é por ter o homem a
habilidade para o ajustamento criativo, natural e
original, dependendo de fatores atrelados às personalidades de cada um e
aprendizagens, tal como
estilos de vida.
10.1 Tipos de Grupos
São tipos de grupos: a) primários: a famí-
lia; b) secundários: amigos da escola, grupos mais
próximos e trabalho; c) terciários: os grupos como
associações em clubes, times, seitas, por objetivos
outros, mais esporádicos.
O indivíduo transfere para os grupos de ordem secundária e terciária os
seus padrões aprendidos e projeta expectativas, de acordo com sua
mobilização ou, o contrário, suas resistências/dificuldades de
pertencimento e cooperação.
Estudos têm indicado, desde Kurt Lewin
(1890-1947), que o ser humano primeiramente se
agrega por um objetivo comum (grupo) e, à medida que fica estabelecida
uma divisão de tarefas e
um maior envolvimento entre seus membros, esse
agrupamento recebe uma nova forma, mais coesa
(equipe), que pode ou não se aperfeiçoar nas redes
de cooperação e intimidades, fazendo, assim, surgir
a autonomia e a interdependência fluida, criativa,
entre todos os participantes, atingindo uma configuração quase que
infalível, indestrutível (time).
Tem-se observado que quanto mais integrados forem os grupos, mais
sucessos estarão destinados a ter em suas tarefas/objetivos, pois
favorecerão as atitudes conhecidas como “um por todos e
todos por um”, fundamental no mundo das comunicações e relações
humanas em geral, inclusive.
DISTÚRBIOS CONTEMPORÂNEOS E
12 PREVENÇÕES POSSÍVEIS
12.2 Os Agravos Mentais/Transtornos das Personalidades
Márcia Lilla
50 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
ras, o que acarreta uma crescente demanda que torna crescente o
surgimento
de doenças relacionadas com o trabalho. As pressões do mercado, as
concorrências crescentes e
esmagadoras, as pressões familiares, as financeiras, enfim, todas as
variáveis externas somadas
aos descuidos da autoconscientização de limites
acabam por manifestar diversos transtornos para a
saúde mental e emocional, afetando diretamente
o comportamento do indivíduo nas relações com
os seus parceiros, chefes e aleva a constatação de que não devemos deixar
de
investir em autoconhecimento e de sempre buscarmos relações humanas e
profissionais favorá-
veis, saudáveis, para suprir, na melhor forma, os
nossos campos internos, tornando possível, assim,
a nossa evolução no melhor sentido, a fim de prestarmos os melhores
serviços que escolhemos e os
que nos são atribuídos, no decorrer cíclico de nossas existências.
O mundo moderno é muito atribulado e as
solicitações são inúmeté mesmo clientes, prejudicando de forma cruel o
bom desenvolvimento
do trabalho.
12.4 Os Transtornos Modernos
a) as ansiedades incontroláveis: os pâ-
nicos, geradores de impasses, medos
infundados e comportamentos de fuga,
mesmo que não haja a concretude de
perigo, mesmo que exista alguém por
perto, o indivíduo fica imobilizado para
dar conta da realidade externa, pois vive
fortemente o impacto de seus medos e
ansiedades;
b) as depressões: as decepções mal resolvidas e acumuladas com o tempo,
a falta
de alegria, de esperança, de oportunidade e de garra, a baixa tolerância para
os fracassos e erros inevitáveis, a falta de
uma salutar autoestima, problemas de
ordem hormonal atrelados aos fatores citados anteriormente, são todos
aspectos
de uma energia desvitalizante que faz o
indivíduo viver uma constante em seu rebaixamento de tônus vital;
c) transtornos bipolares: ora o indivíduo
está eufórico, ora depressivo, ora maníaco e ora desvitalizado, e essas
oscilações
são bastante acentuadas, levando a um
colapso psicológico/emocional e fisioló-
gico, com o tempo.
Algumas modernas organizações já perceberam que um bom ambiente de
trabalho ajuda
bastante, pois promove o bem-estar e propicia que
todos vivam uma busca constante de equilíbrio e
satisfação. Investem em salas equipadas com recursos para descanso,
meditação, ginástica, ioga e
outros.
Estudos recentes têm comparado rendimentos profissionais com o grau de
felicidade dos funcionários de uma empresa; outros estudos revelam
que a saúde mental dos indivíduos está relacionada com pressões
financeiras e profissionais, dado o
aumento da competitividade, da insegurança ad-
12.3 Os Transtornos Mentais Relacionados aos Trabalho
12.5 Promovendo a Cura e Aceitando os Limites
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 51
vinda do crescente desemprego, entre outros fatores (separações,
nascimento de mais um filho, gravidez indesejada, por exemplo). A ênfase
maior e
melhor sempre será a de prevenção, mas caso haja
a identificação de problemas sérios, duradouros, o
indivíduo deverá ser devidamente recomendado/
encaminhado para acompanhamento psicoterapêutico e/ou psiquiátrico.
Em suma, conhecendo elementos gerais da
Psicologia, é possível antever problemas, tomar
atitudes de prevenção, desenvolvendo comportamentos que nos movam
para a busca de um melhor equilíbrio mental, emocional, corporal e
espiritual. Estamos vivos para as relações humanas e
quanto melhores forem as trocas entre as pessoas,
promovendo respeito às diferenças, que somem e
multipliquem bons recursos, melhor será a qualidade de vida e melhores
serão os resultados.
12.6 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo estudamos os principais distúrbios
contemporâneos e discutimos
diversas formas de prevenção possíveis. Você conheceu, também, os
transtornos mentais relacionados
ao trabalho, tais como: as ansiedades, entre outros.
12.7 Atividades Propostas
1. São mais conhecidas como manias, fobias repetitivas, que levam o
indivíduo a acentuar suas
formas e mecanismos de defesa ao agir, pois sempre estará superocupando-
se com o meio,
deixando de ser ele mesmo. De quais transtornos estamos tratando?
2. Defina as esquizofrenias.
3. Quando ora o indivíduo está eufórico, ora depressivo, ora maníaco e ora
desvitalizado, e essas
oscilações são bastante acentuadas, levando a um colapso
psicológico/emocional e fisiológico, com o tempo, estamos nos referindo a
qual transtorno moderno?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 53
Cientistas renomados catalogaram 15 tendências principais que moldarão o
mundo e muitos de nós já estamos vivenciando os efeitos de
inúmeras transformações. Sentimos o impacto
como uma revolução que vem mudando nossas vidas. Fazemos parte de
uma geração que edita uma
nova era pronta a oferecer uma opção ilimitada de
possibilidades. Para que todos nós possamos fazer essas escolhas, e
continuar fazendo-as durante
toda a vida, basta compreender o escopo dessas
mudanças, ver seu potencial e agarrar as oportunidades.
Países desenvolvidos já fizeram o salto de
uma sociedade industrial para a era de informação:
uma era em que o poder cerebral e o conhecimento humano continuarão a
substituir maquinário e
construções como o principal capital da sociedade.
A nova era também é de alternativas diversas. Para
aqueles com o novo conhecimento: um mundo de
oportunidade. Para aqueles sem conhecimento, a
perspectiva de desemprego, pobreza e desespero,
na medida em que os antigos empregos desaparecem e os antigos sistemas
se desintegram.
O principal impulso desse estudo é a necessidade urgente de novos
métodos de aprendizagem, caso se queira que a maioria das pessoas se
beneficie. Não só a nova geração, mas também os
adultos deverão ajustar-se às transformações.
13.1 O Estudo das Megatendências
13.2 A Era da Comunicação Instantânea
O mundo desenvolveu uma habilidade surpreendente de armazenar
informações e torná-las
instantaneamente disponíveis em diferentes formas, para quase todo lugar.
Essa habilidade revolucionará os negócios, a educação, a vida doméstica,
o emprego, a administração, as mídias e, virtualmente, tudo o mais que
damos como certo. Nossos
lares ressurgirão como centros vitais de aprendizagem, trabalho e
entretenimento.
O impacto apenas dessa sentença transformará nossas escolas, empresas,
nossos shopping
centers, escritórios, cidades, de diversas formas, e
todo o nosso conceito de trabalho. A comunicaAtenção
Conforme Neil Postman e Charles Weingartner, será necessário um novo
tipo de
educação, um que prepare pessoas para
a necessidade de novos padrões de defesa, percepção, compreensão e
avaliação.
O mundo está se tornando uma gigantesca troca de informações; um único
cabo de fibra ótica é capaz de transportar
10 milhões de mensagens eletrônicas.
13 AS PRINCIPAIS MEGATENDÊNCIAS
Márcia Lilla
54 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
ção instantânea é a tecnologia dominante e essa
tendência aumentará cada vez mais a necessidade
de se transformar pessoas, preparando-as para que
gostem de aprender e que aprendam tão bem que
sejam capazes de aprender o que quer que precise
ser aprendido.
Conforme Neil Postman e Charles Weingartner, será necessário um novo
tipo de educação, um
que prepare pessoas para a necessidade de novos
padrões de defesa, percepção, compreensão e avaliação. O mundo está se
tornando uma gigantesca
troca de informações; um único cabo de fibra ótica
é capaz de transportar 10 milhões de mensagens
eletrônicas. A velocidade das informações atreladas ao mercado cada vez
mais exigente faz com
que haja a necessidade de pessoas mais estruturadas para rápidos
processamentos de informações e
perspicácia em manuseio de dados multifacetados.
13.3 Um Mundo sem Fronteiras Econômicas
Caminhamos, inevitavelmente, para um mundo em que a maioria do
comércio será virtualmente
irrestrita; e ignore as mudanças temporárias para
proteger o rendimento da agricultura em alguns
países. O gênio está fora da garrafa: a transferência
instantânea de dinheiro em todo o globo já alterou
a própria natureza das transações e do comércio
mundial. Em 1990, os mercados monetários mundiais negociaram US$ 114
trilhões em “capitais eletrônicos”: quinze vezes o valor de outras
transações.
O coautor de Megatrends, John Naisbitt, registra uma economia global
como sua principal previsão para as próximas décadas, quando a tendência
dominante caminhará crescendo para que haja um
livre comércio entre todos os países – globalização.
Os bens fundamentais de cada nação serão as habilidades de seus cidadãos:
poder aprender novas
habilidades, sobretudo, no que se refere à defini-
ção de problemas, à criação de novas soluções e ao
acréscimo de novos valores.
13.4 Três Passos para uma Economia Única
Embora as finanças internacionais tenham
estimulado o crescimento de uma economia mundial única, três blocos
comerciais ampliados são as
pedras fundamentais: a Europa unificada, as Amé-
ricas e a orla do Pacífico Asiático.
Suíça, Cingapura, Taiwan, Coreia do Sul e
Japão são caracterizados por pequenas massas
de terra, sem recursos naturais, mas com pessoas
bem-educadas e empenhadas no trabalho, com a
ambição de participar da economia global.
Fator indicado para o sucesso seria o de participação para a prosperidade,
na qual as próprias
pessoas funcionassem como meios verdadeiros e
únicos na geração de riquezas.
13.5 A Nova Sociedade de Serviços
Peter Drucker, Naisbitt, Ohmae, Reich e muitos outros previsores
concordam com a próxima
tendência: a mudança de uma sociedade industrial
para uma sociedade de serviços. A grande mudan-
ça é que estamos fabricando com informações e
não com pessoas. Com computadores, automação
e robôs, em vez de funcionários.
Existem três tipos de prestação de serviços
que crescerão fortemente: a de produção em sé-
rie, utilizada na supervisão de linha de montagem,
por exemplo; os serviços interpessoais, como atendentes, garçons,
motoristas, servidores em geral; e
os serviços simbólico-analíticos, os que envolvem
pessoas que resolvem, identificam e agenciam pro-
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 55
blemas, manipulando símbolos, como os cientistas
de pesquisa, engenheiros de projetos, consultores
de empresas, publicitários, entre outros.
Reich pensa que todos nós precisaremos
aprender como conceituar problemas e chegar às
mais criativas soluções, usando pelo menos quatro
habilidades básicas: abstração, raciocínio sistêmico (pensar
processualmente, integrando aspectos
multideterminados), experimentação e colabora-
ção.
13.6 De Grande a Pequeno
Já há algum tempo estamos percebendo o
crescimento do número de franquias, principalmente pequenas unidades
autônomas vinculadas
a sistemas gigantes e redes de marketing direto,
sobretudo fornecedores individuais ligados a fornecedores mundiais. Essas
tendências crescerão e
simplificarão o funcionamento dos segmentos que
representam, a fim de fomentarem uma melhor
funcionalidade para a nova era globalizada.
Com o crescimento das pequenas empresas,
haverá a necessidade de se selecionar pessoas com
habilidades de raciocínio conceitual e criativo, com
capacidade de correr riscos, mudar e experimentar novas oportunidades.
Nisso, cada área será de
importância fundamental para a melhoria das integrações de múltiplas
competências.
13.7 A Nova Era do Lazer
A pessoa, do sexo masculino, em média, vive
agora pelo menos 70 anos, o que significa um total
aproximado de 600 mil horas de vivências. Com o
aumento significativo do tempo de vida, dados os
avanços da medicina e das orientações cada vez
mais difundidas sobre os aspectos que preservam e
garantem a qualidade de vida, as pessoas passarão
a viver bem mais e a terem mais tempo livre, como
busca essencial de garantia por qualidade de vida.
Os serviços ligados aos setores de lazer, educação, viagem, hobbies, entre
outros, serão os de
maior crescimento. Sem dúvida, o mercado de trabalho e de serviços
encontrará cada vez mais espa-
ço nessas segmentações, todas atreladas ao lazer
com qualidade, o qual, segundo estudos avançados comprovam, aumenta a
eficácia laboral, reduzindo o estresse.
Uma importante tarefa na educação será a de
estimular a criação de novas experiências saudá-
veis de lazer, assim como a ampliação de possibilidades de ofertas de
trabalho para os mais idosos
– nessa fase da vida, o trabalho pode ser fonte de
prazer, assim como de renda, integrando os universos, na melhor das
formas, na totalidade.
13.8 A Forma Mutável do Trabalho
Existe uma previsão de que uma minoria de
pessoas bem preparadas, com qualificações de graduação e pós-graduação,
ocupará empregos está-
veis em período integral de companhias tradicionais. O restante trabalhará
em três agrupamentos
separados, tais como: grupo de projetos, específicos, por curtos períodos,
dependendo da demanda; trabalhadores de meio período e sazonais (um
dos poucos mercados para os não qualificados); e
trabalhos individuais ou em grupos familiares. As
Márcia Lilla
56 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
fusões empresariais reduzirão os empregos e a necessidade de manter
pessoas em regime estável e
duradouro, ocasionando novos padrões ocupacionais para o mercado de
trabalho.
A educação terá a importante tarefa de estimular as pessoas a serem seus
próprios gerentes,
divulgadores e comunicadores mundiais. Sem tais
atitudes, ficará cada vez mais difícil a adaptação
pessoal e social.
13.9 Mulheres na Liderança
O crescimento do desenvolvimento feminino se deve às novas demandas e
necessidades
de sobrevivência e transformações no mundo. As
mulheres passaram a ocupar importantes postos
nas sociedades, garantindo uma melhora no nível
da renda familiar. Estão mudando os negócios e
incrementando-os com o diferencial que advém
do amor, carinho e compaixão. Elas comprovam a
cada dia o quanto valem esses ingredientes qualitativos, que dão o colorido
no que era só racional
e frio, no mundo do trabalho outrora masculino/
paternalista.
As mulheres têm mostrado força e criatividade para ocuparem diversas
funções no mercado
de trabalho. Essa tônica dos mercados que torna
oportuna a presença feminina será crescente e indispensável, daqui para
frente, conforme regem as
tendências.
13.10 A Década do Cérebro
O estudo das megatendências mostra a crescente necessidade de uma
orientação para o investimento em autoconhecimento, tão necessário e
urgente para orientar as pessoas para o autogerenciamento e capacitação
que busquem transforma-
ções, de ordens variadas.
Aprender a utilizar a ferramenta mais valiosa,
o cérebro, considerando seu funcionamento, características e habilidades
que capacitem cada vez
mais o desenvolvimento será uma atitude urgente
e valiosa para todos.
13.11 O Nacionalismo Cultural
Quanto mais nos globalizarmos e nos tornarmos economicamente
interdependentes, mais
faremos o trabalho humano, mais avaliaremos nossas características ou
diferenças, mais desejaremos
nos apegar à nossa língua, às nossas raízes e à nossa cultura. É o paradoxo
do contramovimento da
globalização.
No campo das prestações de serviços, assim como no desenvolvimento de
produtos e outros bens, serão importantes as campanhas que
agreguem valores ligados ao nacionalismo, fortalecendo o diferencial de
cada produto/serviço,
enaltecendo suas origens. Como exemplo, podemos prever um crescimento
em campanhas que
evidenciam ícones do futebol em produtos esportivos, destacando
habilidades e equiparando-as às
melhores características dos produtos anunciados.
A educação deverá preparar cada indivíduo
para a concepção profunda e ampla de um mercado globalizado, mas
centrado, cada um, no melhor
meio de enaltecer sua própria riqueza cultural.
Psicologia Geral
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 57
Existe uma forte previsão de que haja um
aumento no nível da pobreza mundial, gerada por
desastres sociais e políticas inadequadas na educa-
ção e economia. Essa tendência também se deve à
falta de controle do crescimento populacional dos
países menos desenvolvidos, o que infelizmente
será motivo de crescentes formas para que melhor
se atenda aos mais necessitados. Como, por exemplo, repensar novos meios
de geração de recursos
mais baratos e acessíveis para os povos de baixa
renda, já que o empobrecimento é, e continuará
sendo, crescente e inevitável.
13.12 A Crescente Subclasse
13.13 O Envelhecimento da População Ativa
A geração das pessoas com mais de 60 anos
representa um dos maiores recursos não explorados para o futuro da
educação, assim como das
economias vigentes.
A expectativa média de vida aumentou para
75 anos, e o idoso contemporâneo desfruta de melhor forma física,
emocional e intelectual, dada a
melhoria dos aspectos informacionais e tratamentos disponibilizados
atualmente. As sociedades
deverão se ocupar melhor e se estruturarem para
assegurar aos idosos condições cada vez mais eficientes e adequadas às
suas necessidades e desejos. As tendências apontam para um novo modo
de vermos a velhice, a linha do tempo. Haverá uma
maior disposição para compreender valores atrelados à experiência de vida
e isso mudará a concep-
ção da velhice.
Já vimos assistindo a um crescimento de idosos ativos profissionalmente, e
muitos são a principal fonte de renda familiar, haja vista o aumento do
desemprego, fazendo com que as aposentadorias
sejam a única forma de sobrevivência, para inúmeras famílias de baixa
renda, principalmente.
13.14 A Nova Onda do “Faça Você Mesmo”
O mundo moderno suscita a necessidade de
promover condições para que as pessoas cresçam
e se desenvolvam com maior autonomia, menor
dependência de quem quer que seja. Dessa forma,
precisaremos ter uma melhor orientação para assumir o controle de nossas
vidas, na atitude de assegurar a autogestão e a participação individual
integrada, com fluência e autoconfiança. Essas, sem
dúvida, serão habilidades valorizadas daqui para
frente, uma vez que as pessoas trabalharão cada
vez mais com múltiplas informações, em um mundo que viverá fortes e
constantes mudanças. Sem o
encorajamento para a autonomia, o indivíduo não
poderá se ajustar às novas transformações.
Márcia Lilla
58 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Estão nascendo novas empresas que priorizam parcerias, posse de ações,
distribuição de lucros, educação continuada, divisão de tarefas, horários
flexíveis e equipes de projeto. Essas empresas
criam ambientes em que as pessoas podem nutrir
o crescimento pessoal e obter um efetivo desenvolvimento educacional.
Elas estão dando certo e
vêm ocupando posição de destaque na economia
mundial, sendo consideradas modelo de avanço
tecnológico e empresarial, com forte valorização
do potencial humano, fomentando valores que
melhor viabilizem as responsabilidades sociais.
13.15 Empreendimento Cooperativo
13.16 O Triunfo do Indivíduo
Em todo o mundo, estamos vendo o renascimento do poder e das
responsabilidades individuais. Cada um de nós é responsável por escolher
produtos e serviços no mundo. Quanto mais nos
orientarmos para a amplitude das possibilidades
e quanto melhor nos prepararmos para o novo,
melhor nos adaptaremos ao futuro. Em outras palavras, um novo padrão de
funcionamento humano far-se-á necessário, o de abertura, o de ser
cocriador da própria existência e um ser qualificado
na totalidade de suas funções pessoais e sociais. O
conhecimento das Megatendências, para o estudante e futuro profissional
das Ciências Humanas e
Sociais, é fundamental para que haja abertura para
a contínua instrumentalização, aperfeiçoamento e
busca de avançados conhecimentos.
13.17 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a), neste capítulo, vimos as principais megatendências que já
estão vigorando mundialmente: a era da comunicação instantânea; um
mundo sem fronteiras econômicas; três passos para
uma economia única; a nova sociedade de serviços; de grande a pequeno; a
nova era do lazer; a forma
mutável do trabalho; mulheres na liderança; a década do cérebro; o
nacionalismo cultural; a crescente
subclasse; o envelhecimento da população ativa; a nova onda do faça você
mesmo; empreendimento
cooperativo; e o triunfo do indivíduo.
Psicologia Geral
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1. O mundo desenvolveu uma habilidade surpreendente de armazenar
informações e torná-
-las instantaneamente disponíveis em diferentes formas, para quase todo
lugar. Essa habilidade revolucionará os negócios, a educação, a vida
doméstica, o emprego, a administração,
as mídias e, virtualmente, tudo o mais que damos como certo. Nossos lares
ressurgirão como
centros vitais de aprendizagem, trabalho e entretenimento. De qual
megatendência estamos
tratando?
2. Existe uma previsão de que uma minoria de pessoas bem preparadas,
com qualificações de
graduação e pós-graduação, ocupará empregos estáveis em período integral
de companhias
tradicionais. O restante trabalhará em três agrupamentos separados, tais
como: grupo de projetos, específicos, por curtos períodos, dependendo da
demanda; trabalhadores de meio período e sazonais (um dos poucos
mercados para os não qualificados); e trabalhos individuais
ou em grupos familiares. As fusões empresariais reduzirão os empregos e a
necessidade de
manter pessoas em regime estável e duradouro, ocasionando novos padrões
ocupacionais
para o mercado de trabalho. Estamos nos referindo a qual megatendência?
3. O mundo moderno suscita a necessidade de promover condições para
que as pessoas cres-
çam e se desenvolvam com maior autonomia, menor dependência de quem
quer que seja.
Dessa forma, precisaremos ter uma melhor orientação para assumir o
controle de nossas vidas, na atitude de assegurar a autogestão e a
participação individual integrada, com fluência
e autoconfiança. De qual megatendência estamos tratando?
13.18 Atividades Propostas
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 61
Algumas reflexões importantes a serem iniciadas, com o intuito de que a
Psicologia Geral germine
um potencial para a criticidade e busca de conhecimentos contínuos nos
alunos:
A saúde e a doença,
O funcional e o disfuncional,
São pólos que fazem parte da vida,
E caberá à humanidade saber bem transitar,
Buscando sentido para o vivido e compartilhado,
Promovendo as melhores mudanças,
Abrindo-se para as boas novas das linhas contínuas dos todos
conhecimentos!!!
Salvaguardemos e multipliquemos as sementes preciosas das Psicologias!!!
Caberá ao ser em relação... preservar e sabiamente prosperar!!!
(LILLA, 20081)
1 Esse texto é de minha autoria e foi uma colaboração textual feita na
jornada de Gestalt-Terapia, do Instituto Sedes Sapientiae,
em outubro de 2008.
14 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CAPíTULO 1
1. Psicologia do Senso Comum.
2. Wundt.
3. Funcionalismo.
CAPíTULO 2
1. Introspecção.
2. Técnicas Projetivas.
3. Ludoterapia.
CAPíTULO 3
1. O comportamento tem sido definido como sendo o conjunto das reações ou respostas que
um organismo apresenta às estimulações do ambiente.
2. Estímulo.
3. Comportamento Adquirido ou Aprendido.
CAPíTULO 4
1. Behaviorismo.
2. São todos os comportamentos/respostas do organismo vivo/indivíduo que não dependem
diretamente dos fatores de aprendizagens.
3. Comportamento instrumental ou operante.
CAPíTULO 5
1. Jean Piaget.
2. Inteligência Emocional (QE).
3. Aprendizagem Significativa.
CAPíTULO 6
1. Não possui tradução exata, mas representa configuração e forma.
2. A busca pela boa forma.
3. Teoria de Campo.