Ebook DeepTech Clima
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Ebook DeepTech Clima
TECNOLÓGICAS EMERGENTES
DE IMPACTO PARA A ECONOMIA
DE BAIXO CARBONO
Enfoque: Setor Energético
Realização: Colaboração:
índice
1. APRESENTAÇÃO ............................................................ 4
2. AGRADECIMENTOS .................................................... 6
4
Como a pesquisa brasileira pode gerar novas soluções capazes de gerar impacto
positivo em um cenário de mudanças climáticas? Qual a produção científica
nacional relacionada ao tema economia de baixo carbono? Motivados por essas
questões, no DeepTech Clima mapeamos tecnologias e pesquisas na academia
brasileira com potencial de solução para desafios da economia de baixo carbono.
O nosso objetivo com este estudo foi identificar tecnologias promissoras e enten-
der os gargalos para o seu desenvolvimento. A partir desta análise, será possível
construir uma agenda de ações para levar estas tecnologias para o mercado e
gerar impacto positivo na sociedade.
aproveite a leitura!
agradecimentos
6
Gostaríamos de agradecer ao Instituto Clima e Sociedade por viabilizar a realiza-
ção deste projeto e agradecer ao World-Transforming Technologies, Climate Ven-
tures, Pipe Social e O Mundo Que Queremos pela parceria ao longo de seu desen-
volvimento. Agradecemos também a todos os pesquisadores e profissionais que
apoiaram na divulgação e submeteram as tecnologias para este mapeamento.
Ainda, agradecer aos pesquisadores que participaram das inúmeras entrevistas
realizadas para que pudéssemos nos aprofundar sobre o cenário das tecnologias
abordadas neste estudo. Por fim, também agradecemos ao apoio dos profissionais
que nos cederam seu tempo e conhecimento para a determinação e validação
dos desafios que nortearam todo este trabalho:
7
o cenário da
economia de
baixo carbono
8
O Efeito Estufa é um fenômeno que ocorre naturalmente no nosso planeta. Em
suma, trata-se da capacidade que a Terra tem de reter o calor que chega a partir
da radiação solar, e ele acontece devido a nossa atmosfera. Outro fenômeno que
acomete a Terra é o aquecimento global - de forma cíclica, a Terra tem períodos de
aquecimento e resfriamento a cada 40 a 100 mil anos - e as grandes eras glaciais
marcam os vales desses ciclos. A última era glacial terminou há 12 mil anos - desde
então, a Terra passa por um fenômeno de aquecimento gradativo.
O Acordo de Paris, firmado em 2015 por 195 países, representa um marco para
requalificar o desenvolvimento socioeconômico no planeta de forma a adotar
um novo modelo a economia de baixo carbono. O Acordo estabelece a meta
de 2ºC para o limite do aumento da temperatura média global até o fim do
século, indicando esforços para manter esse aumento a 1,5ºC com relação ao
nível médio pré-industrial. Se a trajetória de emissões de Gases de Efeito
Estufa (GEE) seguir como business as usual, as emissões poderão atingir cerca
de 75 bilhões de toneladas de CO2 em 2050, o que representa um aumento
da temperatura global acima de 4°C até o ano 2100. Para conseguir limitar a
temperatura ao patamar de 1,5°C, as emissões anuais devem permanecer
abaixo de 39 bilhões de tCO2e por ano até 2030, ou seja, 26 bilhões a menos
do que no cenário de linha de base e as emissões líquidas deverão chegar a
9
zero até 2050. As políticas climáticas já existentes e comprometidas no
âmbito do Acordo de Paris devem gerar uma redução de cerca de 40 bilhões
em 2050. 1
1
Retirado de Estratégia de Desenvolvimento de Baixo Carbono de Longo Prazo, Conselho Empresarial Brasileiro para 10
o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) © 2017.
o potencial da
ciência no Brasil
11
O Brasil possui uma robusta infraestrutura instalada relacionada a pesquisa e ciên-
cia. O país ocupa a 13ª posição no ranking mundial de produção científica, resulta-
do de um intenso investimento na expansão dos cursos de pós graduação nas Uni-
versidades públicas e Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs). Ainda que seja
grande a relevância da produção científica, vários desafios relacionados à continui-
dade de investimentos, conexão com setores produtivos e falta de clareza de estra-
tégias nacionais tornam esse segmento ainda pouco reconhecido pela sociedade
em geral.
12
A maior aproximação com o mercado pode aumen-
tar as fontes de recursos e potencializar os resulta-
dos da inovação.
Conexão
Academia-Empresa
13
mapeamento
de tecnologias
14
Desafios prioritários no cenário
da economia de baixo carbono
O mapeamento Deep Tech Clima tem como objetivo identificar as principais solu-
ções tecnológicas emergentes no Brasil para criar um Mapa Tecnológico de Solu-
ções para Economia de Baixo Carbono (EBC) possibilitando recomendações de
desenvolvimento para que essas tecnologias possam gerar impacto positivo na
sociedade.
Como primeiro critério para esta segmentação, partimos para uma análise da
emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), apresentado na Figura 1, na qual vemos a
tendência de que o setor Energia seja o maior gerador de emissões a partir de
2
2025, comparado aos demais setores. Também podemos trazer para essa leitura o
ponto que o setor de maior emissão hoje (AFOLU - Agricultura, Florestas e Uso do
Solo) já é agenda prioritária para economia de baixo carbono, porém o seu gargalo
é principalmente político e econômico.
Fonte: Estratégia de Desenvolvimento de Baixo Carbono de Longo Prazo, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS) © 2017
2
Retirado de Estratégia de Desenvolvimento de Baixo Carbono de Longo Prazo, Conselho Empresarial Brasileiro para 15
o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) © 2017.
O segundo critério utilizado foi uma análise sobre o impacto da tecnologia no setor.
Nesse sentido, é possível destacar que os setores de energia, indústria e transporte
possuem áreas de maior possibilidade de que rupturas tecnológicas, com potencial
de impactar positivamente cenários de emissão de carbono no Brasil. 3
Podemos entender o conceito de ruptura como toda ação ou efeito que rompa ou
quebre relações sociais, econômicas e outras questões relacionadas ao status quo e
a maneira como as coisas são vistas ou feitas até então. A ruptura tecnológica é
aquela onde esse fenômeno é criado pelo desenvolvimento de uma nova tecnolo-
gia. Essa tecnologia deve ser capaz de impactar profundamente o sistema atual e
provocar mudanças diretas e indiretas, gerando um novo cenário que não seria
esperado na ausência dessa ruptura. Podemos dizer que essas tecnologias, quando
amadurecidas, rompem com o futuro projetado e criam um novo cenário, com
novas possibilidades.
Por último, foi realizada uma análise dos pontos da pretendida Contribuição Nacio-
nalmente Determinada (iNDC) brasileira para a Convenção de Clima da ONU. Neste
documento, podemos identificar como estratégia do Governo Nacional pontos de
ação voltados principalmente para os setores de Energia e AFOLU. O setor Energia
aparece com dois dos principais pontos da iNDC: ponto (i) sobre aumentar partici-
pação de bioenergia sustentável na matriz energética brasileira e ponto (iii) sobre
aumento da participação de energias renováveis na matriz energética brasileira. A
iNDC reflete um compromisso brasileiro em promover uma redução até 2025 de
emissões de gases efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005. 4
Com a análise destes três critérios - (i) perfil nacional de emissão de GEE, onde
vemos a tendência de que o setor Energia seja o maior gerador de emissões, no
cenário 2030/2050; (ii) potencial do setor energético em passar por rupturas tecno-
lógicas; e (iii) alinhamento com as NDC’s brasileiras - justificamos a escolha do setor
Energia como sendo o prioritário para nortear este mapeamento. A Figura 2 ilustra
esta priorização.
3 Fonte: PBMC, 2017: Tecnologias disruptivas de baixo carbono para setores-chave no Brasil: Relatório Especial do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas. PBMC, COPPE – UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil.
4 Fonte: República Federativa do Brasil, 2015. Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada para Consecução
16
do Objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima. Brasília, Brasil.
Perfil de
Emissões de
GEE do Brasil
Potencial Alinhamento
de rupturas com a NDC
tecnológicas brasileira
Foco priorizado
para Mapeamento
18
DESAFIO 1 - ARMAZENAMENTO DE
ENERGIA EM GRANDE ESCALA E/OU
PARA MODAIS INTERMITENTES
Descrição:
Contexto:
19
DESAFIO 2 - BIOCOMBUSTÍVEIS
AVANÇADOS PARA SUBSTIUIÇÃO
DE COMBUSTÍVEIS NÃO
RENOVÁVEIS
Descrição:
Contexto:
A produção destes combustíveis, sejam sólidos, líquidos ou gasosos, pode ser feita
a partir de biomassa como fonte de energia. O que também resulta na captura de
carbono, considerando o processo de originação dessa biomassa, contribuindo
para redução de emissão pelo saldo neutro ou negativo de emissão em cálculo
considerando o uso. Ou seja, é importante considerar processos e tecnologias que
apresentem alta eficiência de forma que haja mais captura de gases efeito estufa
do que sua liberação no uso de biomassa no processo de transformação de ener-
gia.
20
caracterização
dos resultados
encontrados
21
Caracterização dos resultados
encontrados
Foram mapeadas ao todo 94 tecnologias ou projetos de pesquisa, sendo 46 tecno-
logias com potencial de solução para o Desafio 1 (Armazenamento de energia em
grande escala e/ou para modais intermitentes) e 48 tecnologias para o Desafio 2
(Biocombustíveis avançados para substituição de combustíveis não renováveis). A
seguir são expostas análises sobre estas tecnologias.
1 24
22
Quando analisamos a distribuição de tecnologias por desafio, apresentada na
Figura 4, pode ser observado que a região Nordeste apresenta a maior concentra-
ção de tecnologias para o Desafio 2 (Biocombustíveis avançados para substituição
de combustíveis não renováveis), totalizando 19 tecnologias mapeadas. A região
de destaque para tecnologias do Desafio 1 (Armazenamento de energia em
grande escala e/ou para modais intermitentes) foi a região sudeste, apresentando
23 tecnologias.
Armazenamento
Biocombustíveis
Número de registros
10
15
20
24
Armazenamento Biocombustíveis
1
1
2
1
3
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
4
2
2 4
2
1
1
3
4 2
1
1
2
2
1
2 2
1
2
4
3
1 1
3 2
1
3
1
1
1
2 3
1
CRITÉRIOS DE SUCESSO:
25
Mapeamento e Priorização: Recomendações
para
Desenvolvimento
2º Filtro
11 Tecnologias
1º Filtro
30 Tecnologias Abril 2020
Mapeamento
92 Tecnologias
Definição
Priorização de Desafios
do Setor
Cenário Energia
EBC
Outubro 2019
26
tecnologias de
destaque - desafio 1
Armazenamento de energia em grande
escala e/ou para modais intermitentes
27
1 Aplicabilidade de novas
tecnologias de armazenamento
de energia em suporte à sinergia
entre as fontes solar, eólica e
hidrelétrica.
Introdução:
Esta tecnologia está sendo projetada para mitigar a deficiência gerada pela inter-
mitência na produção de energia elétrica e está em desenvolvimento com dois
projetos de diferentes aplicações na chamada 21 da Aneel. O projeto mais adianta-
do está sendo desenvolvido em parceria com a Cesp (realizando estudos e valida-
ções na Usina de Porto Primavera) focado no uso de energia fotovoltaica e energia
eólica. Já o segundo projeto está sendo desenvolvido junto a Eletrobras Furnas
(com validações na Usina de Furnas Itumbiara) focado no uso de energia fotovol-
taica e hidrelétrica.
28
Equipe responsável:
*Neste projeto estão envolvidos vários parceiros dentre eles a Unesp, USP, Federa-
ção das Indústrias de Goiás, ATS e contam com contribuição internacional de um
grupo de pesquisa da Brandenburgische Technische Universität Cottbus – Senf-
tenberg, Alemanha.
O que é a tecnologia:
Estágio da Maturidade:
29
Principais resultados alcançados:
Principais Desafios:
O maior desafio está em conseguir investimento para o desenvolvimento das pes-
quisas (público e/ou privado). O mercado nacional também precisa amadurecer
na produção de componentes para tecnologias de armazenamento para que o
país se torne mais competitivo neste setor.
Contato:
Ennio Peres da Silva
[email protected]
30
2 Desenvolvimento de Eletrodos
de alto desempenho para
baterias de fluxo redox para
armazenamentos de
eletricidade
Introdução:
31
Equipe Responsável:
O que é a tecnologia:
A tecnologia em questão se trata de um Eletrodo composto de fibras de carbono
(tecido) que após passar por um processo de beneficiamento apresenta resulta-
dos de eficiência e durabilidade superiores aos encontrados no mercado (papéis
de carbono). O funcionamento da Bateria de Fluxo é proporcional à quantidade
de eletrólito bombeada. Este eletrodo permite que a bateria utilize um fluxo
maior de eletrólitos quando comparado aos eletrodos tradicionais, gerando uma
maior densidade de potência. Ainda, o novo eletrodo apresenta uma durabilidade
maior, superando os 10 mil ciclos de carga e descarga exigidos para a durabilidade
de uma bateria.
Estágio de maturidade:
Prova de Conceito ou Protótipo: tecnologia oriunda da pesquisa com aplicação
clara e com elementos de viabilidade em desenvolvimento. A tecnologia está
pronta para ser testada e validada em maior escala.
32
O novo eletrodo apresentou maior durabilidade em relação aos concorrentes,
porém ainda não foi identificado o limite de ciclos que ele suporta.
Principais desafios
Conexão com parceiros e indústrias interessados em levar a tecnologia para o mer-
cado.
Contato
33
3 Desenvolvimento de novos
hidretos metálicos para
armazenamento de hidrogênio
no estado sólido
Introdução:
Equipe Responsável:
O que é a tecnologia
Contudo, este material ainda possui propriedades químicas que impedem sua
aplicação em larga escala em várias aplicações. Dentre tais propriedades, pode-se
citar a elevada temperatura necessária para a remoção do hidrogênio de sua
estrutura, sua baixa resistência à exposição ao ambiente (oxigênio e umidade), e a
redução da capacidade de armazenagem quando submetido a ciclos de armaze-
nagem e remoção de hidrogênio.
Estágio de maturidade:
Pesquisa aplicada: pesquisa já é madura na bancada e demostra potencial aplica-
ção para solução de problemas específicos.
Principais desafios:
O grande desafio para que os novos hidretos metálicos sejam levados para o mer-
cado é a dificuldade de convencer o setor industrial investir em uma tecnologia
cuja demanda, apesar de próxima, não é imediata.
Contatos:
Prof. Dr. Guilherme Zepon
[email protected]
36
4 Sistema de armazenamento
de energia em bateria de
alto desempenho (BESS)
Introdução:
Equipe responsável:
37
O que é a tecnologia:
Estágio da Maturidade:
38
Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:
Principais desafios:
Contatos:
Maria de Fátima N. C. Rosolem
[email protected]
39
5 Sistemas inovadores de
armazenamento de energia
mecânicos
Introdução:
A grande questão da tecnologia CAES é que ela não consegue gerar energia de
forma constante, e é aí que surge o contexto desta tecnologia em análise. Para
resolver esse problema, os pesquisadores desenvolveram um protótipo chamado
PH-CAES (Pumped-Hydro Compressed Air Energy Storage), que pode operar com
potência e eficiência constante. O modelo se provou tecnicamente viável, entre-
tanto deve ser submetido a mais validações para definir sua viabilidade econômi-
ca.
Equipe responsável:
40
O que é a tecnologia:
Estágio da Maturidade:
Na próxima etapa deste projeto, vai ser necessário projetar o sistema de carrega-
mento, procurando maximizar a eficiência de ida e volta do PH-CAES.
Neste protótipo a validação foi feita em escala reduzida apenas para demonstrar
o sistema experimentalmente, mas essa tecnologia pode ser mais bem explorada
em escalas maiores. A eficiência geral de um PH-CAES em larga escala pode ser
comparada a um sistema de armazenamento de energia hidrelétrica bombeada
(PHES), com eficiências globais de até 70%.
41
Principais desafios
Contatos:
Matheus Pereira Porto
[email protected]
42
6 Ônibus Híbrido Elétrico-
Hidrogênio da Coppe/UFRJ
Introdução:
Entre os anos de 1999 e 2004 foram feitas concepções teóricas para um sistema de
tração elétrico-híbrido, para que o veículo possuísse mais de uma fonte de energia
elétrica para alimentar o motor elétrico de tração, eliminando por completo a
necessidade do uso de combustíveis fósseis, assim como de motores a combustão
interna. Investiu-se muito no desenvolvimento de uma Engenharia de hibridiza-
ção da energia embarcada e, ao invés de integrar tecnologias disponíveis de
empresas estrangeiras, foram concebidas novas abordagens de engenharia, assim
como seus equipamentos, hardware e software, para compor os dispositivos que
promovem, controlam e operacionalizam o deslocamento controlado do veículo,
assim como funções adicionais não associadas à tração, como refrigeração, ilumi-
nação, portas e outras.
43
dos, fabricados e operacionalizados, assim como de melhorar eficiência energéti-
ca, foi desenvolvido um segundo protótipo, demonstrado durante a Rio+20 em
2012. Um terceiro protótipo foi demonstrado em funcionamento na Vila dos Atle-
tas durante as Olimpíadas de 2016, realizadas no Rio de Janeiro. Atualmente, são
concebidos os sistemas de um novo protótipo.
Equipe responsável:
* Durante os vários anos de desenvolvimento foram estabelecidas parcerias com a empresa Tracel, spin-off do
LabH2-Coppe/UFRJ, com fornecedores de produtos eletro-eletrônicos convencionais, como WEG, e com fabri-
cantes de carrocerias, como Busscar e Marcopolo. O projeto também contou com a colaboração de vários
outros pesquisadores, os quais são citados nas cartas-patente presentes neste documento.
44
O que é a tecnologia:
Foi concebido um veículo com base numa plataforma de veículo elétrico, possuin-
do um gerador de energia elétrica embarcado através do uso de pilha a combustí-
vel alimentada com hidrogênio armazenado a bordo e oxigênio do ar, funcionan-
do como um extensor de autonomia. Nesta situação, diferindo completamente
das opções tecnológicas existentes, foi possível embarcar uma pilha a combustível
de baixa potência, que funciona em regime permanente e não atende as deman-
das transitórias da movimentação do veículo, o que fica a cargo do sistema de
armazenamento embarcado de energia elétrica, onde se concentra
potência, sendo a principal disponibilidade de energia obtida do hidrogênio. Essa
inovadora separação de disponibilidade de potência num sistema e de energia
em outro resultou em significativo ganho de eficiência energética e contribuiu
para o aumento da vida útil da pilha a combustível. O veículo também foi projeta-
do para conectar-se à rede elétrica a fim de recarregar-se com energia elétrica da
rede quando estacionado, assim como para fornecer energia elétrica para uma
carga externa, sendo ainda capaz de regenerar energia cinética em energia elétri-
ca em processos de desaceleração e frenagem. Essa inovação tecnológica foi
resguardada através das patentes BR102012027618-6 A2; AR099492 A1;
US-20170072804 A1; EP 21084864.
Estágio de maturidade
45
Principais resultados alcançados:
46
Principais desafios:
Contato:
Paulo Emílio Valadão de Miranda
[email protected]
47
7 Pilhas a Combustível de Óxido
Sólido para a Utilização Direta
de Etanol
Introdução:
48
criou uma rede nacional de pesquisa cooperativa na área e estabeleceu parcerias
internacionais com instituições significativas, tais como o Center for Energy Rese-
arch, da Universidade da Califórnia, o Forschungszentrum Jülich e o Fraunhofer-
-Institut für Keramische Technologien und Systeme – IKTS, da Alemanha, a empre-
sa Almus AG, da Suíça, com participação ativa no European Fuel Cell Forum, no
International Symposium on Solid Oxide Fuel Cells e na International Conference
on Advanced Ceramics and Composites. Esta atuação gerou várias publicações,
precedidas por depósitos de patentes (ES2697050T3, EP 2319113 - B1, PI 0803895-3,
CA 2,736,078 C, MX347546B, US 9,281,525 B2, AR 072674-B1, EP 3346536 B1, US
2018/0259586 A1, AR105895 A1, BR 102015021820-6 A2, US 9,431,663 B2, EP 1997174
B1, PI 8702768-2 B1).
Equipe responsável:
49
Selma Aparecida Venâncio, LabH2-Coppe/UFRJ
* Durante os vários anos de desenvolvimento foram estabelecidas parcerias com empresas spin-off do LabH2-
Alberto Coralli, LabH2-Coppe/UFRJ
-Coppe/UFRJ, com fornecedores de produtos eletro-eletrônico convencionais, como WEG, e com fabricantes
Bernardo
de carrocerias, comoSarruf,
BusscarLabH2-Coppe/UFRJ
e Marcopolo. O projeto também contou com a colaboração de vários outros
pesquisadores, os quais são citados nas cartas de patente presentes neste documento.
* Durante os vários anos de desenvolvimento foram estabelecidas parcerias com a empresa Energiah, spin-off
O que é a tecnologia:
do LabH2-Coppe/UFRJ e com a Oxiteno, tendo-se recebido financiamentos da Finep e do BNDES. O projeto
também contou com a colaboração de vários outros pesquisadores, os quais são citados nas cartas-patente
Os materiais convencionais usados em pilhas a combustível de óxido sólido têm
presentes neste documento.
excelente desempenho quando utiliza-se hidrogênio como combustível. Assim
sendo, para utilizar combustíveis carbonosos, como álcoois e hidrocarbonetos, é
necessário reforma-los previamente, produzindo um gás rico em hidrogênio que
é usado como combustível ou realizar reforma interna no anodo da PaCOS, sob
O que é a tecnologia:
presença de vapor d’água para oxidar o carbono ali depositado. Isso porque o
depósito
Os de carbono
materiais no anodo
convencionais da PaCOS
usados inibe
em pilhas a progressivamente a sua
combustível de óxido capacida-
sólido têm
de de realizar
excelente as reações
desempenho eletroquímicas
quando de interessecomo
utiliza-se hidrogênio e, eventualmente, leva a
combustível. Assim
PaCOSpara
sendo, a falha, desativando-a.
utilizar combustíveis carbonosos, como álcoois e hidrocarbonetos, é
necessário reforma-los previamente, produzindo um gás rico em hidrogênio que
éUma PaCOS
usado como convencional
combustívelfalha em cerca
ou realizar de 1h se
reforma operada
interna com a utilização
no anodo da PaCOS,direta
sob
de etanol.de
presença A vapor
nova tecnologia desenvolvida
d’água para pelo LabH2-Coppe/UFRJ
oxidar o carbono consistiu
ali depositado. Isso porqueemo
projetar e
depósito defabricar
carbononovos materiais
no anodo cerâmicos
da PaCOS inibeeprogressivamente
desenvolver com aeles
suasuspensões
capacida-
cerâmicas
de paraasa fabricação
de realizar de anodos, integrando-os
reações eletroquímicas de interesse àe,PaCOS, com as habilida-
eventualmente, leva a
des especiais
PaCOS a falha,de possuir propriedades
desativando-a. eletrocatalíticas
Uma PaCOS convencional requeridas
falha em para
cercarealizar
de 1h seas
reações eletroquímicas
operada necessárias
com a utilização direta de àetanol.
produção de eletricidade
A nova e calor e, simulta-
tecnologia desenvolvida pelo
neamente, resistir àconsistiu
LabH2-Coppe/UFRJ coqueificação que deteriora
em projetar e fabricaro novos
dispositivo. Comcerâmicos
materiais isso, foram
e
desenvolvidas
desenvolver comPaCOS com a característica
eles suspensões cerâmicasinédita
para adefabricação
poderem de ser anodos,
operadas por
inte-
longo tempo
grando-os com acom
à PaCOS, utilização direta de especiais
as habilidades etanol, produzindo
de possuir eletricidade
propriedades e calor.
eletro-
catalíticas requeridas para realizar as reações eletroquímicas necessárias à produ-
ção de eletricidade e calor e, simultaneamente, resistir à coqueificação que dete-
riora o dispositivo. Com isso, foram desenvolvidas PaCOS com a característica iné-
Estágio de maturidade
dita de poderem ser operadas por longo tempo com a utilização direta de etanol,
produzindo eletricidade e calor.
Todo o processo de síntese dos novos materiais cerâmicos foi desenvolvido de
forma controlada em estágio laboratorial e para produção em maior escala. Além
disso, foram desenvolvidas suspensões cerâmicas com esses materiais, com as
4050
Estágio de Maturidade:
O trabalho laboratorial intenso realizado por equipe dedicada a esse tema por
vários anos permitiu sedimentar os processos de fabricação e de caracterização
dos materiais e das pilhas a combustível desenvolvidas. Isso foi demonstrado em
publicações e patentes sobre o tema, constatando a reprodutibilidade dos proces-
sos envolvidos, a estabilidade de funcionamento das PaCOS com testes de longa
duração e a capacidade de produzir eletricidade com densidades de potência
superiores a 400 mW.cm-2. Foram realizados testes cromatográficos, de oxida-
ção/redução controlada, de espectroscopia Raman e avaliações microscópicas
que comprovaram a resistência à coqueificação dos anodos multifuncionais,
sendo a PaCOS operada com a utilização direta de combustível carbonoso, como
o etanol. Também foram desenvolvidos anodos análogos para operação com a
utilização direta de metano como combustível.
Principais Desafios:
51
pilhamentos com características de autossuficiência térmica para operação autô-
noma, com vedação adequada do anodo e coleta e transmissão eficiente de cor-
rente. Além disso, será necessário desenvolver um arranjo produtivo local de em-
presas que possibilite a fabricação nacional do produto. Também deverão ser ven-
cidas etapas de operacionalização e teste de produto em ambiente real de utiliza-
ção, seja em aplicações estacionárias ou veiculares.
Contato:
Paulo Emílio Valadão de Miranda
[email protected]
52
tecnologias de
destaque - desafio 2
Biocombustíveis avançados para substituição
de combustíveis não renováveis
53
1 Produção de hidrogênio
renovável a partir do
biogás rural.
Introdução:
54
Equipe responsável:
O que é a tecnologia:
Estágio da Maturidade:
Com a estrutura atual, conseguiram operar o reator por 24h estável, tendo produ-
ção de coque de carbono praticamente nula durante esse período. No último ano
de testes, aumentaram em 10 vezes a escala de produção e, como resultado, con-
seguem produzir de 36 a 40 L por hora de gás de síntese. Já a produção de hidro-
gênio atinge em média de 18 a 20 L por hora.
55
Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:
Para se inserir a tecnologia no mercado, destaca-se: criar parceria com uma pro-
dutora de biogás para validação em escala maior; a construção de um reator de
escala maior com um reator paralelo Shift para tratar o monóxido de carbono.
Principais desafios :
Contatos:
Helton José Alves
[email protected]
56
2 Produção de combustíveis
gasosos por meio da gaseificação
da biomassa e resíduo sólido
urbano
Introdução:
Equipe responsável:
57
Ana Rita Drummond
Adalberto Freire Jr.
Alexandre Nunes da Silva
Avelino Heitor Cardoso Melo
Clériston Moura Vieira Júnior
Isabella de Andrade Garrett
O que é a tecnologia:
Estágio da Maturidade:
O resultado mais recente foi o trabalho com Gaseificador de Leito Fixo (outra tec-
nologia desenvolvida pelo grupo de pesquisa), onde conseguiram atender a de-
58
manda elétrica de 10 residências. Com a aplicação do Leito Fluidizado o intuito é
produzir gás de síntese com maior potencial calorífico, aumentando o desempe-
nho e capacidade de geração. No estágio atual, o protótipo construído já produziu
gás de síntese com poder calorífico maior que o obtido no gaseificador de leito
fixo.
Principais desafios :
Contatos:
Eduardo César de Miranda Loureiro
[email protected]
http://www.eduloureiro.com.br/
59
3 Desenvolvimento de biocélulas
e combustível microbiológicas
para coprodução de energia
Introdução:
Equipe responsável:
60
O que é a tecnologia:
Estágio da Maturidade:
Para que a tecnologia possa ser inserida no mercado ainda são necessários estu-
dos para validar a capacidade de geração de eletricidade em sistemas de larga
escala. Os pesquisadores continuam com as aplicações junto à Embrapa e dese-
jam conectar a pesquisa com empresas do ramo.
61
Principais desafios:
Contato:
62
4 Método de produção de
bioetanol, biomassa microbiana
e metabólitos secundários com
matérias primas lácteas e
levedura probiótica
Saccharomyces boulardii.
Introdução:
Vislumbrando que o permeado pode ter aplicações muito mais nobres do que o
descarte comumente utilizado (a secagem e posterior venda no comércio), a
Sooro propôs ao grupo de pesquisa o desafio de produzir diferentes produtos utili-
zando o permeado na forma líquida, dispensando o processo de secagem. Foi
nesse contexto que os pesquisadores desenvolveram uma rota de produção de
Bioetanol, Biomassa Microbiana e Metabólitos secundários, utilizando o permea-
do como matéria-prima.
63
Equipe responsável:
O que é a tecnologia:
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O ponto de inovação desta tecnologia é o uso da levedura Saccharomyces boular-
dii no processo de transformação do soro de leite desproteizado. Quando compa-
rada com outras leveduras usadas em processos similares, ela é considerada resis-
tente a produção de etanol e por consequência tem a capacidade de produzir
valores de bioetanol acima das leveduras convencionais. Pode ser ressaltado
também como uma vantagem que, pelo fato de o processo ser praticamente
idêntico ao processo de uma usina de bioetanol de cana de açúcar, é possível utili-
zar a mesma estrutura.
Estágio da Maturidade:
Foi observado que uma concentração inicial de lactose de 200 g/L no permeado
de soro de leite fornece o rendimento máximo para o etanol. Sob tais condições, o
etanol máximo obtido pela fermentação do soro foi de 80,95 g/L.
Principais desafios:
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Contato:
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considerações
finais e
recomendações
67
Quando iniciamos um projeto DeepTech, como este, partimos da premissa de que
a ciência brasileira apresentará soluções promissoras para resolver os desafios pro-
postos. Isto parte da vocação da Wylinka de trabalhar em prol do desenvolvimento
da inovação de base tecnológica nacional. Neste estudo, partimos do entendimen-
to do cenário da Economia de Baixo Carbono e definimos dois desafios para o setor
de Energia, considerado promissor para a redução de emissões de Gases de Efeito
Estufa: ARMAZENAMENTO DE ENERGIA EM GRANDE ESCALA E/OU PARA MODAIS
INTERMITENTES e BIOCOMBUSTÍVEIS AVANÇADOS PARA SUBSTIUIÇÃO DE COM-
BUSTÍVEIS NÃO RENOVÁVEIS. Por meio destes desafios, mapeamos 94 tecnolo-
gias e selecionamos as 11 com maior potencial de impacto e redução de GEE. Estas
tecnologias foram selecionadas por meio de 4 critérios de sucesso, já explicados
anteriormente. Um critério que vale destaque é o “Interesse do Pesquisador”, ponto
fundamental para que uma tecnologia saia da ICT para o mercado. Este ponto é
reforçado para destacar que todos os pesquisadores das 11 tecnologias seleciona-
das se mostraram engajados nos processos de entrevistas e interações ao longo do
projeto, fator promissor para próximas ações que possam ser desenvolvidas. Com
este cenário promissor, esta última sessão do mapeamento traz uma análise sobre
as tecnologias bem como recomendações para que o processo de desenvolvimen-
to e inserção no mercado seja acelerado.
Uma segunda análise possível é focada diretamente nas tecnologias. Para isto, faze-
mos uma comparação por meio do Nível de Prontidão Tecnológica (Technology
Readiness Level – TRL), onde apontamos que a grande maioria das tecnologias
deste mapeamento estão encaixadas entre os TRL 4 e TRL 5, ou seja, tecnologias
entre a fase de protótipo laboratorial e tecnologias com testes em escala piloto.
Neste ponto ressaltamos:
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estados de São Paulo e Paraná, sendo apenas uma tecnologia pertencente ao
estado de Pernambuco.
Principais desafios:
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Recomendações
Tendo em vista este cenário apresentado e os seus principais desafios, traçamos
três principais recomendações de ações que podem permitir o avanço tecnológico
nos temas trabalhados neste estudo e, com isto, gerar impacto positivo por meio
da implementação de soluções.
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sobre a Wylinka
A Wylinka é uma organização sem fins lucrativos criada em 2013 que tem
como missão promover a inovação tecnológica no Brasil e em outros países
da América do Sul. As bases para o cumprimento dessa missão são: suporte
à transferência de tecnologia derivada da ciência e a realização de programas
de desenvolvimento de negócios tecnológicos.
74
sobre o ICS
O iCS traça planos de ação frente aos problemas climáticos a partir de uma lente
social. Por isso, prioriza medidas que, além de reduzir as emissões de gases de
efeito estufa (GEE), também gerem melhorias na qualidade de vida para a socieda-
de, em especial para os mais vulneráveis.
75
sobre o WTT
A WTT é uma fundação latino-americana sem fins lucrativos que tem a missão de
promover a inovação como ferramenta para a superação de desafios sociais e am-
bientais.
Nasceu em 2012 como um spin-off da Fundação Avina a partir de uma análise pro-
funda das barreiras e oportunidades para fortalecer e promover ecossistemas de
inovação de impacto.
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sobre a Climate Ventures
A Climate Ventures é uma plataforma de ação coletiva para acelerar uma econo-
mia regenerativa e de baixo carbono, começando no Brasil. Uma iniciativa conjun-
ta entre governo, empresas e sociedade civil.
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