A Evolução Vigilancia Saude Ambiental e Saude Trabalhador Sus - 2011-2021 - Web
A Evolução Vigilancia Saude Ambiental e Saude Trabalhador Sus - 2011-2021 - Web
A Evolução Vigilancia Saude Ambiental e Saude Trabalhador Sus - 2011-2021 - Web
RENAS
T
VSA
SUS
Brasília - DF
2022
M INISTÉRIO DA SAÚDE
Secreta ria de Vigilân cia em S aú de
D ep a rta m ento de S aú de Ambiental, do
Tra b a l ha d or e Vigilân cia das Emergên cias em
S aú de Pú blica
Brasília - DF
2022
2022 Ministério da Saúde.
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A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: bvsms.
saude.gov.br.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em
Saúde Pública.
A evolução da Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador no Sistema Único de Saúde (2011 – 2021) / Ministério da Saúde, Secretaria
de Vigilância em Saúde, Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2022.
224 p. : il.
ISBN 978-65-5993-366-2.
SUMÁRIO
Apresentação O Termo de Cooperação
nº 69 de 2011, firmado
22
9
entre a opas e a svs/ms
10 23
10
VSA 58%
26
ST 23,4%
ESP 13,3%
OUTROS 5,3%
Prefácio
26
12 TC 69 em números
A Vigilância em
Saúde Ambiental 30
e Saúde do Vigilância em Saúde
Trabalhador Ambiental
no SUS
Histórico e definições 31
20 Instrumentos da VSA 34
Cooperação
Avaliação de Risco
interinstitucional à Saúde Humana –
para avaliação do ARSH 34
desenvolvimento Avaliação de
de políticas Impactos à Saúde –
AIS 35
públicas
Comunicação de
O papel da Organização Risco – CR 36
A Rede Nacional de
121
54
da Qualidade da
Água para Consumo
Humano 48
Vigipeq: Vigilância em
Saúde de Populações
Expostas a Substâncias
Químicas 62
69
Vigiar: Vigilância em
Saúde de Populações
expostas a Poluentes
Atmosféricos 82
84
Vigidesastres: Vigilância
em Saúde Ambiental dos
Riscos decorrentes de
desastres 96
111
128
Saúde do
Trabalhador
129
Histórico, normativas
e política 129
Componentes 139
da Saúde do
Trabalhador 138
Gestão da RENAST:
Rede Nacional de
149
Atenção Integral à
Saúde do Trabalhador 140
206
Tra n s tornos Me nta i s
Rel a c i ona d os a o Tra b a l ho 184
Acide nte s de Tra b a l h o 15 7
Câ n ce r re l a c i ona d o a o
Acide nte s de Tra b a l h o co m
m ate rial biológico 165
t ra b a l ho 186 Lições aprendidas,
Dermatose s Ocup a c i o n a i s 16 8
Pro j eto Ca rex Bra s i l 190 conclusões e
Intoxicaçõe s Exó g en a s VAPT: Vigilância de
perspectivas futuras
( p or substâncias q u í mi ca s , ambientes e processos
in cluindo agrotóx i co s ,
192
212
gase s tóxicos e meta i s
de trabalho
pe sados) 171
ECISTT: Educação,
Le sõe s por Esforço s
Repetitivos – LER ,
comunicação e
informação em Saúde
Referências
Di stúrbios Oste omu s c u l a res
Relacionadas ao Tra b a l h o do Trabalhador 200
– DORT 1 75
Pne umoconiose s 1 78
204
10
APRESENTAÇÃO
O
6 9º Te r mo de Co o pe ração té c n i ca, ce l e brado e nt re a Un i ã o, p o r
i nte r mé di o do Mi n i s té r i o da S aú de, n o âmbi to do D ep a r ta m ento d e
S aú de A mbi e ntal , do Trabal h ado r e Vi gi l ân c i a das Em erg ên c i a s em
Saúd e Pú bl i ca, e a Organ i zação Pan - A me r i can a da S aú de/ Org a n i za çã o
“
Mun di al da S aú de, teve co mo o bj et i vo pr i n c i pal o ape r fei çoa m ento d o
Siste ma Nac i o n al de Vi gi l ân c i a e m S aú de, co m fo co n a m i n i m i za çã o /
e limi n ação de r i s co s , preve n ção de do e n ças e agravo s , rea l i za çã o d e
inte r ve n çõ e s n o s dete r mi n ante s do pro ce s s o s aú de - do e n ça d eco r rentes
Essa cooperação técnica dos mo de l o s de de s e nvo l v i me nto, do s pro ce s s o s pro du t i vo s e d a ex p o s i çã o
amb i e ntal n o qu e tan ge à pro mo ção da s aú de e a me l h o r i a d a q u a l i d a d e
proporcionou espaço de v i da da po pu l ação bras i l e i ra.
para catalisar inovações e Ess a co o pe ração té c n i ca bu s co u també m, fo r tal e ce r a ca p a c i d a d e
instit u c i o n al da SVS n a aval i ação da pre paração para e m erg ên c i a s em
articular políticas públicas saúde pú bl i ca, de s e nvo l v i me nto de e s t raté gi as e capac i dades p a ra p reven i r
e cont ro l ar r i s co s ambi e ntai s e i nfe cc i o s o s , be m co mo o mo n i to ra m ento d e
necessárias para proteger
eve nto s de s aú de pú bl i ca.
e promover a saúde da Pro po rc i o n o u e s paço para catal i s ar i n ovaçõ e s e ar t ic u l a r p o l í t i ca s
públi cas n e ce s s ár i as para prote ge r e pro move r a s aú de d a p op u l a çã o
população brasileira
“ bras i l e i ra, n as áre as de s aú de ambi e ntal e do t rabal h ad or, b em co m o
de sen cade o u o pro ce s s o de co n s t r u ção e co n s o l i dação d a á rea d e
Eme rgê n c i as e m S aú de Pú bl i ca n o âmbi to do S i s te ma Ún i co d e S a ú d e.
DSASTE/SVS/MS
9
PREFÁCIO
É
co m s at i sfação qu e apre s e ntamo s “A Evo l u ção da Vi g i l â n c i a em
Saú de A mbi e ntal e S aú de do Trabal h ado r n o S i s te m a Ún i co d e
Saú de (2011-2021)”, fr u to de u m i nte n s o pro ce s s o de ava l i a çã o d a s
ações impl e me ntadas n o co ntex to do Te r mo de Co o pe ração n . º 6 9 ( TC
6 9) – “Fo r tal e c i me nto da Vi gi l ân c i a e m S aú de A mbi e ntal e S a ú d e d o
Trabalh ado r Fo r tal e c i das n o S U S ” fi r mado e nt re a Organ i za çã o Pa n -
America n a da S aú de (Opas / O MS) e a S e c retar i a de Vi gi l ân c i a em S a ú d e
do Min i s té r i o da S aú de (SVS / MS), e m deze mbro de 2011.
10
nacionais, refletem o compromisso com essa agenda universal, buscando
o equilíbrio entre as três dimensões do desenvolvimento sustentável – a
econômica, a social e a ambiental, por meio de um caminho sustentável e
resiliente, de respeito universal aos direitos humanos e à dignidade humana.
“
Um verdadeiro marco no contexto do SUS, como fruto de
uma importante parceria entre a OPAS/OMS e o MS.
“
OPAS/OMS Brasília
11
A VIGILÂNCIA EM SAÚDE
AMBIENTAL E SAÚDE DO
TRABALHADOR NO SUS
A
Constituição Federal de 1988 ao estabelecer o i mi gração re qu e r i a ate n ção ao s t ra b a l h a d ores e
conceito ampliado de Saúde, incluindo entre seus i nve s t i me nto s para co nte n ção de po s s í vei s a g ra vo s
determinantes – as condições de alimentação, qu e pu de s s e m o co r re r. D e i n í c i o, açõ e s s u t i s , d e ca rá ter
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, as s i s te n c i al fo ram c r i adas , po ré m, a n eces s i d a d e
emprego – e ao atribuir ao Sistema Único de Saúde do e s tabe l e c i me nto de açõ e s para a m el h o r i a d e
(SUS) a responsabilidade de coordenar as ações no co n di çõ e s de t rabal h o e s aú de do s t ra b a l h a d o res s e
País, iniciou o processo de construção das Vigilâncias no faz i am n e ce s s ár i as .
contexto da saúde. Essa atribuição foi regulamentada,
Assim, na década de 70, com a criação no Instituto
em 1990, pela Lei n.° 8.080/1990, que definiu os
Nacional de Previdência Social (INPS) e depois o Instituto
princípios e a formatação do SUS. Consolidavam-se
Nacional de Assistência e Previdência Social (INAMPS), os
assim, no plano legal e institucional, os campos da
benefícios aos trabalhadores, ampliaram-se um pouco
Saúde do Trabalhador e da Saúde Ambiental, além das
mais no que concerne aos benefícios sociais e proteção
demais áreas também de relevante importância para o
social, através de um sistema de compensação salarial
SUS. Antes da criação do SUS, temáticas relacionadas
para incapacidade para o trabalho, ocupacionais ou
ao meio ambiente e sua inter-relação com a saúde,
de outras causas (SANTANA; SILVA, 2008). O processo
eram timidamente inseridas nas discussões, enquanto
de construção da incorporação da ST no âmbito do
os aspectos relacionados à saúde dos trabalhadores
SUS teve destaque na 1ª Conferência Nacional de
eram predominantemente assistenciais.
Saúde do Trabalhador, em 1986, onde se discutiu
As a ções rel acionadas ao campo da saúde ambi e ntal amplamente a necessidade de criação e posterior
e s tã o presentes na e strutura do Ministério da S aú de implementação de uma política integrada das ações
d esd e 1 974, a p artir da criação da Divisão de Eco l o gi a de saúde do trabalhador. Como mencionado acima, a
Hum ana e Mei o Ambiente, na Secretaria Nac i o n al de Lei n.º 8.080/1990, embasada na Constituição Federal
A ções B á si ca s de Saúde (SNABS). de 1988, trouxe o regulamento das ações de serviços da
saúde em todo o território nacional, dispondo sobre as
Em 1 943 foi assinada a Consolidação das Le i s
condições para a promoção, proteção e recuperação da
Trab al hi sta s (CLT ), e stabele cendo disposit i vo s s o bre
saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
a ga rant i a da Segurança e Medicina do Trabal h o.
correspondentes, além de outras providências. Assim,
Em p ara l el o, as prime iras evidências doc u me ntadas
ações de vigilância em saúde ambiental e saúde do
a cerca d os efeitos do uso indiscrimi n ado de
trabalhador, compuseram 2 dos 11 objetivos concretos,
co m postos químicos, no caso, como exe mpl o, o
apresentados nesta Lei. Dessa forma, com a criação
a grotóxi co D DT e seus efeitos ao me io a mbi e nte e
de normativa para composição dessas ações na saúde
co nseq uentemente à saúde, foram publ i cadas no
pública, começa a ter formato.
L i vro “A p ri mave ra silenciosa” de Rach e l Cars o n
( 1 963). Assi m, dive rsos outros movimentos o co r re ram, Ne s te as pe c to, o s de bate s vo l tado s pa ra a tem á t i ca
most ra ndo a necessidade de se ampliar as di s c u s s õ e s s aú de e ambi e nte, to maram i mpu l s o n o M i n i s tér i o
a cerca dos i mpactos à saúde nas mudanças do me i o da S aú de apó s a Co nfe rê n c i a das Na ções Un i d a s
a m bi ente a t ravé s das ações antrópicas n e ce s s ár i as s o bre Me i o A mbi e nte e D e s e nvo l v i m ento em 1 9 9 2
p ara o cresci m ento monetário do País. No as pe c to da (CNU MA D o u R i o - 92). No an o de 1994 , fo i rea l i za d a
Revol uçã o Ind us trial, o campo de saúde do t rabal h ado r a 2ª Co nfe rê n c i a Nac i o n al de S aú de d o Tra b a l h a d or,
j á ha vi a i ni ci ado suas peque nas ações, um a vez qu e co m a par t i c i pação de gran de mai o r i a d a s u n i d a d es
a qua nt i da de demandada de trabalho e o al to grau da Fe de ração. E s ta co nfe rê n c i a fo i co o rd en a d a p el o
13
M i n i s téri o d a S aúde e na é poca o Ministé r i o do de s e nvo l v i me nto e co n ô mi co do Bras i l , co n s i d era n d o
Tra b al ho e Em prego, e um de seus grandes o bj et i vo s o me i o ambi e nte co mo fato r dete r m i n a nte e
a i n d a era a di scus são da construção de uma po l í t i ca co n di c i o n ante da s aú de h u man a.
n a c i o nal de saúde do trabalhador, já inclui n do as
No âmbi to da S aú de do Trabal h ado r (ST ) n o M i n i s tér i o
d i sc ussões a cerca de me io ambiente e saúde. S o bre
da S aú de, fo r mu l o u - s e u ma pro po s ta de c r i a çã o d e
a s d i scussões p autadas na Rio–9 2 , a Orga n i zação
u ma re de de ST qu e, 2 an o s de po i s , s e r i a of i c i a l m ente
Pa n -Ameri ca na de Saúde (OPAS) re alizou em o u t u bro
n o r mal i zada co mo Re de Nac i o n al de Ate n çã o Integ ra l
d e 1995 (Washi ngton) a Confe rência Pan- Ame r i can a
à S aú de do Trabal h ado r – Re n as t, c r i ad a em 2 0 0 2 ,
so b re S aúd e, Amb i e nte e De senvolvimento – CO PASA D,
po r me i o da Po r tar i a n o 1.6 79/ G M/ MS . S e u o b j et i vo é
o b j et i va ndo d ef i ni r e adotar um conjunto de po l í t i cas
di s s e mi n ar açõ e s de s aú de do t rabal h ado r, a r t i c u l a d a s
e e s t ra tég i a s sobre saúde e ambiente, be m co mo
às de mai s re de s do S U S, c u j a Co o rde n açã o com p ete
e la b ora r um p l a no regional de ação no contex to do
ao Mi n i s té r i o da S aú de, n o âmbi to da Co ord en a çã o-
d e se nvol vi mento sustentável, articulando com pl an o s
G e ral de S aú de do Trabal h ado r – CG SAT. Em s u a a t u a l
n a c i o nai s a serem e laborados pe los vários Paí s e s do
fo r matação i n s t i t u c i o n al , prev i s ta n a Po r tar i a n . º 2 . 7 2 8 ,
co nti nente a m eri cano (FUNASA, 2 002 ).
de 11 de n ove mbro de 2009, a Re n as t i nte gra a red e d e
Ainda em 1995, foi criada uma comissão interna s e r v i ço s do S U S po r me i o de Ce nt ro s de Referên c i a em
do MS, com intuito de subsidiar o Grupo de Trabalho S aú de do Trabal h ado r (Ce re s t ).
Interministerial (GTI) na elaboração do Plano Nacional
D e s s a fo r ma, o s pro ce s s o s de co n s o l i da çã o d es ta s
a ser apresentado pelo Governo brasileiro na COPASAD.
v i gi l ân c i as o bt i ve ram po s i t i vo s avan ço s , tanto téc n i co s ,
Esse GTI, coordenado pelo Ministério da Saúde, contava
co mo o pe rac i o n ai s , re s u l tan do n a co n s o l i d a çã o d a
ainda com a participação da OPAS; do Ministério do
S aú de A mbi e ntal e S aú de do Trabal h ado r d ent ro d a
Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e Amazônia Legal;
e s t r u t u ra do S U S .
Ministério do Planejamento e Orçamento; Ministério do
Trabalho; Ministério das Relações Exteriores; Ministério Em 2003 , o CE NE P I fo i i n co r po rado à S e c reta r i a d e
das Minas e Energia; e Ministério da Educação e do Vi gi l ân c i a e m S aú de (SVS), c r i ada at ravé s d o Dec reto
Desporto. O documento final do Plano Nacional de Saúde n . º 4 . 726 / 2003 . A ge s tão do Su bs i s te ma Na c i o n a l d e
e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável - Diretrizes Vi gi l ân c i a e m S aú de, co mpetê n c i a da SVS, p recon i za va
para Implementação, continha um amplo e crítico a i nte gração das v i gi l ân c i as co m a at u açã o i nteg ra d a
diagnóstico dos principais problemas de saúde e meio das áre as de v i gi l ân c i a e pi de mi o l ó gi ca, v ig i l â n c i a em
ambiente no Brasil, retratados na época (FUNASA, 2002). s aú de ambi e ntal , s aú de do t rabal h ado r, v i g i l â n c i a d a s
do e n ças e agravo s t ran s mi s s í ve i s e n ão t ra n s m i s s í vei s ,
A Portari a FUN ASA n.º 410, de 10 de agosto de 2000,
preve n ção e co nt ro l e de do e n ças , be m co m o a
a p rovou o Regi m ento Inte rno da Fundação Nac i o n al
pro mo ção da s aú de e an ál i s e de s i t u ação em s a ú d e.
d e S aúd e (Funasa), estabele cendo, nos artigo s 92° ,
A áre a té c n i ca de S aú de do Trabal h ado r (CO SAT ), a té
9 3° e 94° a s competê ncias da Coordenação- Ge ral de
e ntão, e m 2003 , e s teve v i n c u l ada à S e c retar i a Na c i o n a l
Vig i lânci a Am bi ental em Saúde (CGVAM), no âmbi to
de Vi gi l ân c i a S an i tár i a e, po s te r i o r me nte, à S ec reta r i a
d o Cent ro Naci onal de Epide miologia (CENEPI ). Co m
de Po l í t i cas de S aú de e à S e c retar i a de Aten çã o à
a e strut ura çã o da CGVAM no âmbito do CENEP I, teve
S aú de (SAS) (D I AS et al . , 2009). Em 2004 fo i el a b ora d a
i n í c i o a i m pl antação da vigilância e m saúde am bi e ntal
e di v u l gada para di s c u s s ão, u ma pro po s ta d e Po l í t i ca
n o Paí s at ra vés d o Projeto VigiSUS, e m 2 001, o n de as
Nac i o n al de S e gu ran ça e S aú de do Tra b a l h a d o r
p ri n ci pa i s ações foram pautadas sobre o mo de l o de
14
( P N S ST), f ruto de um trabalho conjunto dos Mi n i s té r i o s atenção integral, a vigilância e a reparação dos agravos
d a S a úde, Previdência Social e Trabalho e Empre go. (DIAS et al., 2009).
15
t ra b al ha dora foi publicada em 2 3 de ago s to de
20 12 , pel a Porta ri a GM/MS n.º 1.82 3. Desde e ntão, a
S a ú de d o Trab al hador ve m dese nvolve ndo açõ e s para
“
Os processos de cooperação técnica entre o Ministério da
Na Vi g i l ânci a em Saúde Ambie ntal, dive rsa s açõ e s entre a Secretaria de Vigilância em Saúde, por meio do
tê m si d o i m pl ementadas nos e stados e mu n i c í pi o s .
Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do
A Vig i l ânci a d a Qualidade da Água para Co n s u mo
Trabalhador (DSAST), e a Organização Pan-Americana da
Hu m ano está a l i cerçada no padrão de potabi l i dade
d a ág ua e nas res ponsabilidades dos prestado re s de Saúde por meio do TC 69 proporcionou o conhecimento,
se r v iço d e ab astecimento de água e dos se rv i ço s de
a implementação e fortalecimento de estratégias de
sa ú de, a spectos so bre os quais cabe ao Minis té r i o da
S a ú de regul amentar. Atualme nte, mais de 9 0% do s trabalho e construção de novas políticas públicas até então
m u n i cí pi os b rasi l eiros realizam ações de vigi l ân c i a inexistentes ou insipientes nas áreas de Vigilância em Saúde
d a q ual i d ad e d a água para consumo hum an o. No
Ambiental e de Vigilância em Saúde do Trabalhador.
co ntexto de contaminante s químicos, a Vigilâ n c i a e m
S a ú de de Pop ul a çõe s Expostas a Substâncias Q u í mi cas Assim, a busca pela primazia da palavra “cooperação”
ve m g anha ndo es paço, no dese nvolvime nto de as
(trabalhar junto) foi impressa em toda a evolução dessas
a çõ es de promoção e prevenção dos impa c to s n a
sa ú de hum ana rel acionados às intoxicações exó ge n as duas importantes áreas da saúde pública, com a construção
p o r e ssas substâ n cias, com e special destaqu e para dialogada entre o DSAST e a OPAS. O TC 69 viveu e conviveu
o s a g rotóxi cos. A CGVAM inte nsificou suas açõe s para
com todos os avanços do Departamento que havia sido
a p o iar esta dos e municípios a pactuarem seu s pl an o s
d e a çã o. Ini ci al m ente, foram elaborados diag n ó s t i co s criado pouco antes de firmada a cooperação e que ao longo
si tu aci ona i s, vi sa ndo analisar a situação de s aú de desses 10 anos cresceu, se fortaleceu e
e traça r o perf i l da produção agrícola, cons u mo de
floresceu como um Departamento
a g rotóxi cos e i dentificação de populações exp o s tas a
e ssa cl a sse de contaminantes, para nortear o t rabal h o mais forte, mais amplo e com muitas
e, n a ma i ori a d os estados, se rem e lencados mu n i c í pi o s
responsabilidades e desafios. Os
p ri o ri tári os pa ra a exe cução das ações.
resultados dessa parceria e sua
As a ções de Vigilância em Saúde Amb i e ntal e
bela história são apresentados
Q u a li da de d o Ar (VI GI AR) ve m contribuindo para
a p rom oçã o e a proteção da saúde, a preve n ção neste documento.
de
da
doença s e agravos,
morb i morta l i dade,
be m como
vulnerabilidades
a
e
re du ção
r i s co s
“
d e correntes da s dinâmicas ambie ntais relac i o n ado s
à p ol ui çã o a t m osférica. A identificação de mu n i c í pi o s
Dra . Da n i e l a Bu o s i Ro h l fs
d e ri sco, bem como a impleme ntação de Un i dade s
S e nti nel as d e Vi giar e o avanço nas aná l i s e s de D SAST E / SVS / MS
16
si tua çã o de saúde para populações expo s tas ao s de atuação do SUS em emergências epidemiológicas
p ol uentes at mosféricos, e specialmente em s i t u açõ e s e desastres. Eixos da Coordenação-Geral de Vigilância
d e exposi çã o às queimadas e incêndios flo re s tai s , te m e Resposta às Emergências em Saúde Pública (CGVR)
p ermi t i d o o avanço na imple mentação de m e di das de até então alocados no Departamento de Vigilância das
p roteçã o à sa úde da população. Doenças Transmissíveis, passaram a integrar a equipe
do Departamento de Saúde Ambiental e do Trabalhador,
A Vi gi l â nci a em Saúde dos Riscos Asso c i ado s ao s
a partir de então denominado como Departamento
D esa st res – Vi g ide sastres, cujo objetivo de d e s e nvo l ve r
de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das
u m conj unto d e açõe s a se rem adotadas cont i n u ame nte
Emergências em Saúde Pública (DSASTE).
p el as autori da des de saúde pública para re du z i r o
ri s co da exp osição da população e dos p rofi s s i o n ai s A n ova e s t r u t u ra re gi me ntal fo i defi n i d a p el o Dec reto
d e sa úde, reduzir doenças e agravos de co r re nte s n . º 9. 795, de 17 de mai o de 2019, qu e a t r i b u i u a o
d el es b em como os danos à infrae strutura de s aú de, D SAST E , e m s e u ar t i go 3 9, as s e gu i nte s com p etên c i a s :
teve i números avanços desde a sua impl e me ntação
a té os d i a s at uais. O e stabele cimento de co mi tê s de
d esa st res e o acompanhame nto do setor s aú de e m
a genda s est ra té gicas para prevenção e mi t i gação I - Gerir o Subsistema Nacional de Vigilância
d e ri scos associados aos desastre s no Bras i l , po de m em Saúde Ambiental, incluído o ambiente
ser menci ona dos. Houve também a pub l i cação do de trabalho.
P l ano d e Resposta às Eme rgências e m Saú de Pú bl i ca
II - coordenar a implementação da política e
e respect i vos planos de contingê ncia, s e gu i n do a o acompanhamento das ações de vigilância
e s t ra tég i a de gestão de riscos e m eme rgênc i as . em saúde ambiental e saúde do trabalhador.
17
Ne s ta i nte gração, a Co o rde n ação -Gera l de
Eme rgê n c i as e m S aú de Pú bl i ca (CG E MS P) é com p o s ta
das s e gu i nte s áre as :
A F i gu ra 1 mo s t ra a e s t r u t u ra do D SAST e m 2 0 1 1 , e a
e s t r u t u ra at u al , e m 2021, apó s a E s t r u t u raçã o d a á rea
de Eme rgê n c i as e m S aú de Pú bl i ca.
18
Figura 1 – Estrutura do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (2011) e Estrutura do Departa-
mento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde Pública (2021)
2011
GESTÃO DA INFORMAÇÃO
ANÁLISE DE SITUAÇÃO POLÍTICAS E PROGRAMAS
CONVÊNIOS, PESQUISAS
E CAPACITAÇÕES
ST NUD
SA ES
SI
A
RH
SIPAR
RENAST
ASSESSORIA
CGST DSAST ADM EVENTOS
PASSAGENS E DIÁRIAS
DOENÇAS E AGRAVOS
RH
SEI
EVENTOS
CGG
C PASSAGENS E DIÁRIAS
VVAAM
M ADM
2021
VIGIAGUA
VIGIPEQ
VIGIAR
VIGIDESASTRES
DSASTE
VIGIAGUA PLANE
VIGIPEQ CGVAM JAMENTO
VIGIAR
INSTRUMENTOS
DE PACTUAÇÃO
GESTÃO DA INFORMAÇÃO
ORÇAMENTO
C
GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS GS SP PLANEJAMENTO
AT EM
ARTICULAÇÃO CG
INTERFEDERATIVA
CIEVS
RENAVEH
GESTÃO DA RENAST
EPISUS
VDART
VIGIDESASTRES
VAPT
ECISTT
19
COOPERAÇÃO
INTERINSTITUCIONAL PARA
AVALIAÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO
DE POLÍTICAS
PÚBLICAS
A
em
Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU) adotou o termo “cooperação técnica”,
1959, para substituir a expressão “assistência
i mpl e me ntação de pro gramas e pro j eto s rel a c i on a d o s
ao de s e nvo l v i me nto e fo r tal e c i me nto d o s i s tem a d e
s aú de do Bras i l , co m defi n i ção de l i n h a s d e a çã o a
técnica”, julgando-o mais apropriado para definir s e re m i mpl e me ntadas , mo n i to radas e a va l i a d a s .
uma relação que tanto pressupõe a existência de co-
Refl ete m o s i n e rgi s mo das pr i o r i dades d e a çã o em
construção e corresponsabilidades quanto uma relação
s aú de n o s n í ve i s gl o bal , re gi o n al e n ac i o n a l p o r m ei o
de intercâmbio e de interesses acordados entre os
da u t i l i zação do marco l ó gi co para a el a b ora çã o
partícipes. No Brasil, entende-se a cooperação técnica
de pro j eto s , co m a defi n i ção c l ara d o s res u l ta d os
internacional prestada como uma opção estratégica
a s e re m o bt i do s , o qu e s e e s pe ra de ca d a u m d os
de parceria com outros Países ou organismos
parce i ro s para al can çar o s re s u l tado s p rev i s tos e a s
internacionais, capaz de produzir impactos positivos
at i v i dade s n e ce s s ár i as para o al can ce d os res u l ta d os
para populações, elevar níveis de vida, modificar
e do s i n di cado re s . E s s as açõ e s v i s am co nt r i b u i r p a ra
realidades, promover o crescimento sustentável e
a s u pe ração do s de s afi o s e para o fo r ta l ec i m ento e
contribuir para o desenvolvimento social (BRASIL;
ape r fe i ço ame nto do S i s te ma Ún i co de S a ú d e, a l ém
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA A SAÚDE, 2015).
de co n s o l i dar i n i c i at i vas gove r n ame nta i s n a esfera
Norma l mente as duas partes fornece m, cada u ma, da cooperação Sul -Sul (BRASIL; ORGANIZAÇÃO PAN-
a sua pa rcel a de conhecime ntos, e viab i l i zação da AMERICANA A SAÚDE, 2015).
execuçã o do p rojeto pactuado, a partir da defi n i ção
d a s ações a sere m dese nvolvidas, para qu e s e j a
a l cança do o objetivo acordado. É comum qu e e s s e t i po O PAPEL DA ORGANIZAÇÃO PAN-
d e cooperaçã o ocorra nos campos té cnicos e c i e nt í fi co s ,
com cad a pa r tícipe realizando as atividade s qu e AMERICANA DA SAÚDE NO APOIO
foram p rop ostas por meio de se us própri o s re c u rs o s
(conheci mento, té cnicas, bens e pessoal). ÀS ESTRATÉGIAS DO SUS
No escop o d a Vigilância e m Saúde Amb i e ntal e da
A
Vig i l ânci a em S aúde do Trabalhador, a viab i l i zação de Organização Pan-Americana da Saúde/OPAS é um
te rm os d e Coope ração Té cnica com entid ade s co mo organismo internacional especializado em saúde
a Org ani za çã o Pan- Ame ricana da Saúde fo r n e ce pública com mais de um século de experiência. Tem como
subsí di os e i nstrume ntos para a viabi l i zação da missão orientar esforços estratégicos de colaboração
const ruçã o d e políticas públicas, por me i o da t ro ca entre os Estados membros e outros parceiros no sentido
d e experi ênci a s no de senvolvimento das at i v i dade s , de promover a equidade na saúde, combater doenças,
na faci l i taçã o de dese nvolvime nto de e s t u do s e melhorar a qualidade de vida e elevar a expectativa de
v ia bi l i za çã o d e encontros té cnicos e ntre o s ato re s vida dos povos das Américas. Sediada em Washington,
e nvol vi dos, b em como no apoio ao prov i me nto de nos Estados Unidos, atua como escritório regional da
re cursos huma nos qualificados. Organização Mundial da Saúde para as Américas e
Neste sent i do, o TC é um instrume nto j u r í di co faz parte dos sistemas da Organização dos Estados
q ue esta bel ece um compromisso lega l , po l í t i co, Americanos (OEA) e da Organização das Nações Unidas
té cni co, p rog ramático e administrativo e nt re o (ONU). Possui escritórios em 47 Países, incluindo o
21
Co nsi d era ndo a dime nsão te rritorial, a e n o r me s u s te ntabi l i dade e co nt i n u i dade ao s re s u l ta d o s p a ra
d i ve rsi da de exi stente no País e os marcos nor mat i vo s e s te campo de at u ação.
e p rát i cos q ue estabe lece m a governança s an i tár i a
O conjunto das atividades implementadas no referido
b ra sil ei ra, a cooperação técnica da OPAS / O MS
TC visam eliminar e minimizar riscos, prevenir doenças e
co m o g overno brasile iro reque r instrume nto s qu e
agravos, intervindo nos determinantes do processo saúde
e nvol vem a i mp l e mentação de amplos e nume ro s o s
doença decorrentes dos modelos de desenvolvimento,
p ro j etos com os n íveis federal, e stadual e mu n i c i pal ,
dos processos produtivos e da exposição ambiental
e m p arceri a com dive rsas contrapartes e um trabal h o
no que tange à promoção da saúde e a melhoria da
d e scent ra l i za do. De ssa forma, re quisitos té c n i co -
qualidade de vida da população brasileira.
a d m i ni st rat i vos espe cíficos para a operação d a O PAS /
O M S no Brasi l sã o estabe lecidos. O TC 6 9 fo i e s t r u t u rado e m qu at ro res u l ta d os
e s pe rado s (R E ), qu e e s t i ve ram d i reta m ente
O Aj uste Comp l eme ntar ao Convê nio Básico e nt re
re l ac i o n ado s às pr i o r i dade s do D SAST E n o p er í od o, e
o G overno da Re pública Federativa do Bras i l e a
s ão me n c i o n ado s abai xo, j u ntame nte ao s i n d i ca d ores
Org ani zaçã o Mun dial da Saúde (OMS), de 16 de
re l ac i o n ado s a cada R E .
m a rço de 20 0 0, d etermina a relação direta d a O PAS /
O M S no Brasi l com o Ministério da Saúde para o D e nt ro do s qu at ro R E pac t u ado s n o TC , u m a s ér i e
d e se nvol vi m ento da coope ração té cnica por me i o de de at i v i dade s para exe c u ção de s s as ações fo ra m
Te r m os de Coope ração (TC), os quais viabi l i zam a prev i s tas para exe c u ção du rante to da a v i g ên c i a d o
exe c u ção de a çõe s que contribuem para o al can ce TC 6 9, t raze n do re s u l tado s i nte r me di ár i o s d e g ra n d e
d e resul tad os em saúde nos âmbitos nac i o n al e de s taqu e e m s e u pe r í o do de exe c u ção. A F i g u ra 2
i nte rnaci onal , sempre alinhada às priorida de s do re s u me o s i n di cado re s qu e i mpu l s i o n aram a s a ções d o
g overno b rasi l ei ro e da Organização. Te r mo de Co o pe ração.
22
o d esenvol vi mento e o fortalecime nto de at i v i dade s t rabal h ado r, be m co mo i mpu l s i o n o u o p roces s o d e
e s t ra tég i ca s d e fundame ntal importância para as co n s t r u ção e co n s o l i dação da Co o rde n a çã o - Gera l d e
a ções d e vi g i l ância e m saúde ambiental , s aú de do Eme rgê n c i as e m S aú de Pú bl i ca n o S U S .
“
A cooperação técnica entre a OPAS e o Departamento de Saúde Ambiental, do Trabalhador e Vigilância
dos determinantes ambientais da saúde e Saúde do Trabalhador, na medida em que o 69º Termo de
“
Dr. Mi g u e l A ra g ó n
O PAS BR AS I L
23
Figura 2 – Indicadores da Matriz lógica do TC 69/2011
INDICADORES
• Noti ficações de i ntox i cações exógenas
• Áreas com popul ações ex pos tas a contam in a nte s
quí m i cos .
• Muni c í pi os com apl i cação do Ins trumento d e
INDICADORES
• Ceres t des envol vendo ações program adas d e
v i gi l ânc i a em s aúde do trabal hador.
• Noti ficações com pul s óri as no âmbi to nac i o n a l d o s
agravos rel ac i onados ao trabal ho.
• Muni c í pi os com popul ação ac i ma de 50 m il
Política Nacional de
Saúde do Trabalhador e habi tantes com i ns tânc i a de coordenação de s a ú d e d o
INDICADORES
Gestão do conhecimento e
• Profis s i onai s capac i tados nas áreas de v i g ilâ n c ia
informação em Vigilância
em s aúde ambi ental e s aúde do trabal hador.
em Saúde Ambiental e
• Publ i cações nas áreas de v i gi l ânc i a em s a ú d e
Saúde do Trabalhador
RE 3 desenvolvidas
am bi ental e s aúde do trabal hador.
• Eventos téc ni co- c i entí ficos real i zados .
RE 4
Ambiental e Saúde do • Publ i cações para cooperação Sul - Sul .
Trabalhador fortalecidas
24
25
RECURSOS HUMANOS
VSA 58%
ST 23,4%
ESP 13,3%
OUTROS 5,3%
V IGI L Â N CI A E M SAÚ D E A MB I E N TA L
CATEGORIAS DE PRODUTOS TÉCNICOS GERADOS
OUTROS 8
G. I NFORMAÇÃO 13 4
MUDANÇA DO CLI MA 34
DES. SUSTENTÁVEL 55
VI GI AR 159
VI GI PEQ 417
VI GI AGUA 288
SAÚ D E D O TR A BA L H A D OR
OUTROS 5
VDART 164
G. I NF 89
G. RENAST 111
VAPT 75
0 50 10 0 15 0 2 00 250
EVENTOS TÉCNICOS REALIZADOS (2012-2021)
2%
9%
VSA
ST
4 9% ESP
40% OUTROS
28
CARTAS ACORDO PACTUADAS (2012-2021)
20 Ca r ta s A co rd o p ac t u ad a s n o p e r í o do de 2 0 1 2 a 2 0 2 1
13 Ca r ta s A co rd o s e m VSA 7 Ca r tas A co rd o s e m ST
2012 2013 2014 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2012 2013 2014 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
65% 3 5%
VSA ST
0 20 0 20
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
AMBIENTAL
30
HISTÓRICO E DEFINIÇÕES
A Política Nacional de Vigilância em Saúde traz o conceito de Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) como o conjunto de
ações e serviços que propiciam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes
do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de promoção
à saúde, prevenção e monitoramento dos fatores de riscos relacionados às doenças ou agravos à saúde.
É sabido que, a exposição aos fatores ambientais não afeta todas as pessoas da mesma forma, variando conforme
as suas características individuais (hábitos, predisposições, características genéticas, etc.) e sociais (condição social,
renda, escolaridade, cultura etc.). Assim, a Vigilância em Saúde Ambiental deve se orientar tendo como base os
modelos locais de produção e a organização política, territorial, social e cultural. Também deve estruturar-se no
pensar e agir em saúde a partir de relações entre grupos populacionais e seu processo de exposição a fatores
ambientais, a fim de compreender as complexas relações socioambientais existentes na produção de saúde e de
adoecimento e na busca de soluções para a melhoria das condições de saúde da coletividade.
Sendo assim, a análise do território e dos fatores socioambientais que condicionam e determinam a saúde humana,
e a identificação e a compreensão das inter-relações entre saúde humana e meio ambiente em um determinado
território, são essenciais para o planejamento e execução de ações de Vigilância em Saúde Ambiental.
Atualmente, são componentes básicos da Vigilância em Saúde Ambiental: a Vigilância da qualidade da água para
consumo humano; a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Substâncias Químicas; e a Vigilância em Saúde
de Populações Expostas a Poluentes Atmosféricos.
A
o longo dos últimos 10 anos foram fortalecidos os componentes da VSA: Vigilância da Qualidade da Água
para Consumo Humano (Vigiagua), Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Substâncias Químicas
(Vigipeq), Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Poluentes Atmosféricos (Vigiar) e a Vigilância em
Saúde dos Riscos Associados a Desastres (Vigidesastres). O cenário de mudanças climáticas do País e do mundo
foi abordado de forma transversal aos componentes, considerado o caráter inter e transdisciplinar da temática.
31
Fi g ura 3 – Marcos da Saúde Ambie ntal no Bra s i l
7 2019 - 2021
6
2 019: D ecreto nº 9. 7 95: cr iação do D epartamento de S aúde A mbiental, do Trabalhador e Vigilância das Em e rg ê n c i a s
e m Saúde Pública; Estr uturação da Coordenação–Geral de Emergências em S aúde Pública no DSAST E .
2 0 2 0 : publicação da s ér ie agrotóxicos.
2 0 2 1: publicação da Po r tar ia GM/ MS n.º 888 de maio de 2021. Portaria de potabilidade da ág u a p a ra
2 013 : co nsumo humano.
2013-2018
publ i cação
5
do P l a n o de
Se g u rança da 2009 - 2012
Água: Um o l har do
SU S. 2 0 0 9: Decreto n.º 6.860/ 2009 : C riação do Departamento de Vigilância em S a ú d e
2 014 : nova ve rsão do Amb iental e S aúde do trabalhador; realização da 1ª Conferência Nacio n a l d e S a ú d e
Si s te ma d e Q ualidade da Água A mbiental, com a proposta de elaboração de diretrizes para a const ru çã o d a
para Co ns umo Humano (SISAG UA) Política Nacional de S aúde A mbiental. Estruturação da Vigilânci a e m S a ú d e
2 016: publ i cação das diretr ize s de Populações Expostas à Contaminantes Químicos.
nac i o nai s d e Vigilância e m Saúde de 201 0: I S impósio Brasileiro de S aúde A mbiental (S I BSA) ; p u b l i ca çã o d a s
Po pul açõ e s Ex po s tas à Agrotóx ico s. Diretrizes brasileiras para elaboração de Estudo de Ava l i a çã o d e
2 018 : re s o l uçã o CNS n. º 588. Po lítica Nacio nal Riscos à S aúde Humana por exposição à contamin a nte s
de Vi gi l ânc i a em Saúde – co nce ito de Emergências químicos. C riação do S istema de Informação de Vi g i l â n c i a
e m Saúde Pública, e nte ndimento de que o s saberes, em S aúde de Populações Expostas a S olo Co nta m i n a d o –
pro ce s s o s e práticas relacio nado s à vigilância epidemioló- (S issolo) .
gi ca , v i g i l â n c i a em s aúde ambiental, vigilância em saúde do 201 2: Portaria GM/ MS n.º 2.9 3 8 - Ince nt i vo
t ra b a l h ado r e vigilância sanitár ia devam e s tar atrelados. financeiro para a Vigilância em S a ú d e d e
Populações Expostas à A grotóxi co s (Vsp e a ).
2005 - 2009 4
20 0 5: Ins t r uçã o No r ma tiva n. º 01/2 005: cr ia o Subsistema Nacional de Vigilância em S aúde
A m b i e ntal e a p re s e ntou a o rganização o perativa da Vig ilância em S aúde A mbiental subdividin-
d o-a e m o i to á re as ( Vigiagua; Vigiar ; Vigiso lo ; Vigipe q; Vigidesastres; Vigiquim; Vigifis e Visat) .
20 0 6 : c r i açã o d o Pro g rama Nacio nal de Vigilância da Qualidade da Á gua para consumo humano;
Im p l a nta ção de Uni dade s Se ntinela co mo Instr ume nto da Vigilância de populações Expostas à Poluentes
At m osfé r i co s .
20 0 7: i ns t r ume nto d e Ide ntificação de Município s de Risco ( I I MR) no âmbito da Vigilância em S aúde de Populações
E x p osta s a Po l u e nte s a tmo sfé r ico s .
32
“ Os últ i mos d e z an os, e nt re 2 011 a 2 0 2 1, p o de m s e r co n s i de r a dos como o p e r í o do de co nso l i daç ão e
apri morame nto da v ig il ân c ia e m saú d e am b i e nta l n o SU S, q ua n do s e o bs e rva a u n i v e r s a l i zaç ão
de sta comp e t ê nc ia e m tod o o t e rritó r i o nac i o na l , i nt e g r a da às f u nçõ e s e ss e nc i a i s da
at enç ão i nt e g ral à saúd e assoc iada à um a r o b u sta q ua l i f i c aç ão da s ua atuaç ão no
âmbi to da comp l e xa t rama d e açõe s rel ac i o na das à v i gi l â n c i a da q ua l i da de da ág ua ,
à exposi ç ão à p oluiç ão qu ímic a amb i e n ta l e aos c e ná r i os de v u l ne r a b i l i da de
Em e rg ê n ci a s
assoc i ados aos d e sast re s. É re sp ons áv e l p o r um a pa r c e l a r e l e va nt e de
TE.
pr ot eç ão e p r omoç ão da saú d e ofe re c i da p e lo SU S à p o p u l aç ão b r as i l e i r a .
Sem dúvi da , é um d os p r oj e tos mai s b e m -s u c e di dos das p o l í t i c as 1920:
g u a pa ra
“
públi c as con t e mp orâne as e m nosso Pa í s. D e c reto- Le i n . °
3.987 - C ri a çã o d o
D ep a r ta m e nto
Na c io na l d e Sa ú d e Pú b l i ca
( D N S P) fis ca l i za çã o d os
m a na nc ia is d e á g u a s p a ra
m S aú d e Dr. Gui l h e r me Fra n co Net to
ver ifica çã o d e s ua i n oc u i d a d e e
i o na l d e S a ú d e
Fiocruz p ota b ilid a d e.
n s t r uçã o d a
1 9 6 1 : D ec reto n° 4 9.974/ 1 9 6 1 – Tra z a
c i a e m Sa ú d e
ex p res s ã o d e r is co à s a úd e de corre nte d a
utiliza çã o d e ins etic id a s e tra z a re s p on s a b i l i d a -
p u b lica çã o d as
d e a o s eto r p úb lico s o b re q ues tõ es d e s a n e a m e nto,
Ava l ia çã o d e 2000: cr iação da Co o rdenação –Geral de Vi g ilâ nc ia
m e io a m b iente e q ua lid a d e d a á g ua p a ra con s u m o
n a ntes A mbiental em Saúde (CGVAM), no âmbi to do Centro
hum a no.
d e Vigilâ n ci a Nacional d e Epi demi o l o gi a (Cenepi / Funasa ) .
1 974: Cr ia çã o d a d iv is ã o d e Eco lo g ia Hum a na e Me i o a m b i e n -
Co nta min a do – Proj eto Vig i SUS, o nde as pri nci pai s açõ es fora m
te (S ec reta r ia Na c io na l d e Açõ es Bá s ica s d e S a úd e) .
pautadas so bre o mo del o de desenvo l vi mento
1 977: D ec reto Fed era l n.º 79.36 7/ 1 977: a tr ib ui co m p etê n c i a a o
n ce nt ivo econômico do Brasi l , co nsi derando o mei o
M inis tér io d a S a úd e p a ra ela b o ra r no r m a s e o p a d rã o d e p ota b i l i d a d e
Saúde de ambiente co mo fato r determi nante e
d e á g ua p a ra co ns um o hum a no.
óx i co s (Vs p e a ) . condiciona nte da saúde humana.
1
2003: O Cenepi fo i i nco rpo rado
à S ecretari a de Vi gi l ânci a 1920 - 1979
em S aúde (SVS), cri ada
2000 - 2004
3
SAD) - Pl ano Naci o nal de Saú d e e Am b ie nte no D es e nvo lv im e nto Sus tentá ve l – Diretr izes p a ra Im p l e m e nta çã o d a
VSA no Brasi l .
33
INSTRUMENTOS DA VSA ○ Identificar os efeitos na saúde humana
das principais substâncias químicas e
patógenos identificados.
A VSA, em todos os seus compone ntes, u t i l i za
○ Avaliar se nas condições específicas de ex-
i n st rumentos e metodologias para identi fi cação,
posição existem riscos para a saúde da po-
d i m ensi onamento e caracte rização do risco à s aú de
pulação e, em caso positivo, recomendar
n o i nt ui to de pro por me didas de inte rvenção para
ações de saúde de curto, médio e longo
o b e m -estar d a saúde da população. Alguns de s s e s
prazo visando a interrupção da exposição e
i n st rumentos sã o detalhados adiante.
promoção da saúde.
34
○ Depósito da Sucam – Porto Nacional/TO - de s te mo de l o de s e nvo l v i me nt i s ta adota d o n o Bra s i l , o
Contaminação por organoclorados. Ano 2005. D SAST E t rabal h o u n a adaptação da Metod ol og i a d e
○ Recanto dos Pássaros, Shell, Basf e Aval i ação de Impac to à S aú de pro po s ta p el a O M S .
Cynamid – Paulínia/SP – Contaminação por A A I S é u t i l i zada i nte r n ac i o n al me nte com o u m a
organoclorados. Ano 2006. fe r rame nta de to mada de de c i s ão p a ra a va l i a r e
○ Plumbum - Adrianópolis – PR – Rejeitos de mi- mi t i gar o s efe i to s ambi e ntai s n e gat i vo s n o ter r i tór i o
nério. Ano 2008. a par t i r do de s e nvo l v i me nto de pro j eto s , p rog ra m a s
○ Samarco - Mariana/MG – Rejeitos de Minério e po l í t i cas . E l a bu s ca garant i r a re al i za çã o d e a ções
de ferro. Ano 2019. qu e i nte gre m a co n s e r vação e uso s u s tentá vel
da bi o di ve rs i dade n as pr i n c i pai s es t ra tég i a s de
○ Samarco - Barra Longa/MG - Rejeitos de Mi-
pl an e j ame nto e n a fo r mu l ação das po l í t i ca s p ú b l i ca s .
nério de ferro. Ano 2019.
A AIS, é uma combinação de procedimentos, métodos
e ferramentas que permitem avaliar um projeto de
“
empreendimento quanto aos seus potenciais impactos
à saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999) e tem
a capacidade de identificar os impactos e delinear
Dos e stu d os sob re os impactos à saú de
medidas, potencializando as oportunidades de melhorias
humana p e los g arimp os à aval iaç ão de
para a saúde. Além disso, fornece informações sobre
ri scos à saú d e p e los re síd uos p e rig osos,
as consequências e os efeitos na qualidade de vida,
ent re o ut ras, foram mu itas as cont rib u i çõ e s
na saúde e no bem-estar das pessoas e as pressões
da VSA n a ag e n da d e
exercidas pelas atividades de grandes empreendimentos
q uí mi cos. O p ovo
sobre o meio ambiente, subsidiando a discussão sobre
“
brasi lei r o ag rad e c e !
potenciais impactos à saúde e desigualdade entre
grupos sociais nas áreas de influência.
35
Comunicação de Risco – CR A l é m das açõ e s c i tadas ante r i o r me nte, a VSA tem a
prát i ca de e l abo rar e di v u l gar mate r i ai s info r m a t i vos
co m o o bj et i vo de de s c reve r o i mpac to n a s a ú d e d a
A comuni caçã o de risco para a Vigilância em S aú de po pu l ação e m de co r rê n c i a das mu dan ças a m b i enta i s e
A m b i ental é entendida como um proce sso inte rat i vo de qu ai s me di das de preve n ção deve m s e r adota d a s p a ra
t ro ca de i nform ação e opinião entre indivíduos , gr u po s ev i tar o ado e c i me nto, be m co mo mi n i mi zar o u p reven i r
e in s t i t ui ções d e diálogo e discussão sobre qu e s tõ e s o s r i s co s à s aú de as s o c i adas a e s s as mu da n ça s .
q u e se expressam e m preocupações, opin i õ e s o u
re a çõ es às si t ua ções de risco à saúde (NAT I O NA L
R E S EAR CH CO UN CI L, 19 89). Indicadores de VSA
36
A PRÁTICA DA VSA
A a rt i cul açã o dos saberes, proce ssos e prát i cas te mas co mo c l i ma, de s as t re s , s an e am ento, rec u rs os
rel aci onad os à VSA, alinha- se com o co n j u nto de h í dr i co s , bi o di ve rs i dade, s aú de do t ra b a l h a d o r,
p ol í t i ca s d e saúde no âmbito do SUS, cons i de ran do a ar bov i ro s e s , mo bi l i dade u r ban a, ge raçã o d e en erg i a ,
t ransversal i d ade das açõe s sobre a determ i n ação do pro ce s s o s i n du s t r i ai s , ambi e nte do mé s t i co e r u ra l ,
p rocesso sa úde-doe nça. A análise de situação de s aú de de nt re tanto s o u t ro s , co m v i s tas ao apr im o ra m ento d a
e o a poi o l ab oratorial são atividades tran sve rs ai s e s u a at u ação n as t rê s e sfe ras de ge s tão d o S U S . Pa ra
e s senci a i s no p roce sso de trabalho da VSA. D eve m e s tar efe i to de u ma VSA i nte grada, a par t i r do ter r i tó r i o, s ã o
a rt i cul ad as i ntra e inte rsetorialmente, m o bi l i zan do pro po s tas t rê s etapas , e s qu e mat i zadas n a F i g u ra 4.
RECONHECIMENTO DO TERRITÓRIO
PRÁTICAS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL
37
AGENDAS TRANSVERSAIS de s e nvo l v i me nto, a fração ambi e ntal d es s a s
do e n ças fo i re s po n s áve l po r u ma mé di a d e 2 6 % d e
3
38
Fig ura 5 – Efei tos adversos dos poluente s ambi e ntai s s o bre a s aú de i nfant i l
ORGANO- POLUIÇÃO
CLORADOS DO AR
ÉTERES
BISFENOL DIFENÍLICOS
POLIBROMADOS
PESTICIDAS
DOMISSANITÁRIOS
OUTROS METAIS
FATORES
ÁCIDOS
FTALATOS PERFLUORADOS
EXPOSIÇÃO
MATERNA
Complicações do parto prematuro
Idade materna, paridade,
incluem efeitos adversos respiratórios,
escolaridade, tabagismo,
gastrointestinais, imunológicos, bem
álcool, ganho de peso
como efeitos tardios, motor, cognitivo,
gestacional, duração da DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E FETAL
visual, auditivo, comportamental,
gravidez, nutrição, infecções,
função sócio-emocional e diversos
condições socioeconômicas.
efeitos sobre a saúde e crescimento.
RESULTADOS DA GRAVIDEZ
39
“ Tenho acompan had o o d e se nvolv ime nto das açõ e s de Vi gi l â nc i a e m Saú de A m b i e nta l ( VSA ) n o âm b ito
como o Brasil . N a ú lt ima d é c ada ( 2 011 – 20 21 ) , no e n ta nto, o atua l De pa rtam e nto ( DSASTE ) , tem
40
Clima e Saúde s u a bi o di ve rs i dade e do s c i c l o s bi o ge o qu í m i co s . A cerca
do s efe i to s qu e as mu dan ças c l i mát i cas p o d em g era r,
po de - s e l i s tar s o bre a i n di s po n i bi l i dade d e a l i m ento s ,
A m uda nça do clima é um te ma que gan h a a ge ran do n o s cas o s mai s ex t re mo s , a s u b n u t r i çã o d a
cada di a ma i or relevância na age nda de gove r n o s po pu l ação afetada, co m i mpl i caçõ e s n o c res c i m ento
e da soci eda de. O aquecime nto do plan eta, fr u to e de s e nvo l v i me nto i nfant i l , o au me nto n o s ca s o s d e
da a t i vi da de humana é, hoje, re conhe c i do pe l a i ntox i caçõ e s po r agrotóx i co s , de co r re ntes d o s i m p a c tos
co m uni d ad e ci entífica inte rnacional e pe l o gove r n o n e gat i vo s n a pro du ção de al i me nto s ; a l tera çõ es n o s
b rasi l ei ro, como um fenôme no que deman da ampl o padrõ e s de qu ant i dade e qu al i dade da á g u a . A b a i xa
co m promet i m ento no dese nvolvime nto de açõ e s qu al i dade da águ a ofe r tada po de ge ra r o a u m ento
vo l ta da s pa ra a re dução das emissõe s de gas e s do n a o co r rê n c i a de do e n ças di ar re i cas e o u t ra s d o en ça s
efei to est ufa, as ações de mitigação e as açõ e s de de ve i c u l ação h í dr i ca co mo as h e pa t i tes A e E, e
a da ptaçã o p ara enfre ntamento da mudança do c l i ma. també m, as mu dan ças n o co mpo r tamento d e vetores ,
i nte r fe r i n do n as do e n ças i nfe c to co ntagi o s a s , p od en d o
A di scussão sobre as mudanças climá t i cas teve
al te rar o s pe r fi s de mo r bi mo r tal i dade d a p o p u l a çã o
i n í ci o na Conferência das Naçõe s Unida s s o bre o
(O R GA NI ZAÇÃO PA N- A ME R I CA NA DA SAÚ DE, 2 0 0 9) .
Mei o Am bi ente Humano, realizada em junho de
1972, em E stocolmo. Na época, os gover n ante s , as Ne s s e co ntex to, n as ce, da i mpo r tân c i a d o tem a
co m uni d ad es c ientificas e a populaçã o mu n di al para o s S U S, e da n e ce s s i dade de org a n i za çã o,
d esconheci am o te ma em te rmos de model o s gl o bai s an ál i s e e di s po n i bi l i zação de dado s e i nfo r m a ções
e ri scos p ara a humanidade. A partir da c r i ação do para profi s s i o n ai s do S U S e para a s oc i ed a d e, o
Pai nel Intergovernamental sobre Mudanças Cl i mát i cas O bs e r vató r i o Nac i o n al de Cl i ma e S a ú d e, com o
( I P CC ), no â mbito das Nações Unidas (O NU ), po r i nt u i to de al be rgar dado s e s o c i al i za r a s m el h ores
i n i ci at i va d o Programa das Nações Unidas p ara o Me i o ev i dê n c i as n a áre a de c l i ma e s aú de. O ob s er va tór i o é
A mb i ente (P N UMA) e da Organização Mete o ro l ó gi ca al i me ntado po r u ma e qu i pe té c n i ca e s p ec i a l i za d a d a
Mundi al (O MM), os governantes, s o c i e dade s F i o c r u z e m parce r i a co m o u t ras i n s t i t u i ções , e ta m b ém
c ient i f i cas, org anizações não gove rname ntai s e u ma te m at u ado n a pro po s i ção de açõ e s e s tra tég i ca s p a ra
p eq uena p arce la da população mund i al pas s o u a s aú de, ambi e nte e s u s te ntabi l i dade.
a conhecer a matéria, que foi inte rnalizada pe l as
Outra ação de grande alcance para o setor saúde foi a
e sfera s g overnamentais nacionais e inte rna c i o n ai s n a
participação do corpo técnico do DSASTE na construção
Conferênci a da s Nações Unidas sobre o Me i o A mbi e nte
do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima
e o Desenvol vi mento (CNUMAD), mais conhe c i da co mo
– Saúde e do Plano Setorial da Saúde para Mitigação e
R i o-92 e ECO -9 2 , em junho de 199 2 , no Rio de Jan e i ro.
Adaptação à Mudança do Clima.
As m uda nças climáticas e ambie nta i s gl o bai s
p odem prod uz ir impactos sobre a saúd e h u man a
co m d i ferentes vias e inte nsidades. Por u m l ado,
i mp acta m d e forma direta a saúde e o bem- e s tar da P l a no s etori a l d a s a úd e p a ra
p opul açã o, como no caso das ondas de calo r e eve nto s m i t i g a çã o e a d a ptaçã o à
ex t rem os, com o as inundações e os furacõ e s , po ré m, m ud a nça d o c l i m a
n a m ai or pa rte das vezes, esse impacto é indi reto, co m
mud ança s no ambiente, alteração de e coss i s te mas , da
41
Desenvolvimento sustentável da s aú de, ate n ção e as s i s tê n c i a e m s aú d e, co nt rol e
do s fato re s de r i s co de co r re nte s do s i m p a c tos co m
efe i to s n a s aú de h u man a.
Grandes empreendimentos
Co m a di fi c u l dade de ar t i c u l ação co m o u t ra s á rea s
de nt ro do Mi n i s té r i o da S aú de e co m o u t ras i n s t i t u i ções ,
tal vez e m razão da fal ta de re co n h e c i m ento d o
Os impactos gerados a partir de grandes
te ma co mo pr i o r i dade para a s aú de, fo i rea l i za d a
empreendimentos, bem como de políticas, planos
a re o rgan i zação da age n da de t rabal h o p a ra t ra ta r
ou programas específicos do governo em seu
qu e s tõ e s re l at i vas a gran de s e mpre en d i m entos ,
desenvolvimento, podem afetar o meio ambiente e, direta
pas s an do a ge s tão da s u a co o rde n açã o p a ra a
ou indiretamente, toda a qualidade de vida do planeta.
re s po n s abi l i dade da S e c retar i a E xe c u t i va.
A ação humana com modificações da natureza tem
Com a participação da área de saúde e ambiente
causado impactos nos ecossistemas do planeta e
no desenvolvimento e execução de ações de saúde
na saúde humana. Com as desigualdades sociais e
em razão de impactos de grandes empreendimentos,
econômicas, essa deterioração do meio ambiente gera
sobretudo do Programa de Aceleração do Crescimento
diversas consequências como o depauperamento e
(PAC), o MS adquiriu um sólido conhecimento para
esgotamento dos recursos naturais; a intensificação
tratar de questões inerentes ao tema em tela. O modelo
de eventos climáticos extremos; adensamento
de atuação do MS em razão dos impactos provocados
populacional, o qual leva a população a viver com a falta
pelo rápido desenvolvimento na região da Usina
e/ou a ineficácia de serviços de saúde, saneamento,
Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte, por meio do Plano de
habitação, transporte e segurança pública entre outros,
Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS
tudo isso representa uma baixa qualidade de vida.
Xingu); a definição de metodologia com procedimentos
Até o a no d e 2018, o até então Departam e nto de para quantificação de impactos à saúde em municípios
Vig i lâ nci a em S a úde Ambiental e Saúde do Trabal h ado r da região do Projeto de Integração do Rio São
( D SAST), possuí a o Núcleo de Dese nvol v i me nto Francisco; e notas técnicas para tratar de divergências
Su stentá vel (Nud es), áre a informal na e s t r u t u ra entre empreendedores e o poder público local, no
re g i menta l , q ue atuava nas questões de s aú de município de Porto Velho – RO, área de influência das
f re nte ao proces so de dese nvolvime nto, e, e nt re UHEs de Santo Antônio e Jirau, são avanços importantes
o u t ras i ni ci at i vas, re alizava a análise das açõ e s para documentados e com alta capacidade de replicação em
Ava li açã o d e Imp acto à Saúde (AI S) de forma a, e nt re quaisquer outros locais com grandes empreendimentos
o u t ro s, cont ri bui r com uma eficaz participa ção do com possibilidades de gerar impactos à saúde humana.
seto r saúd e nos p roce ssos de licenciamento am bi e ntal .
Em 2014, foi publicado o documento intitulado Avaliação
Ne sse sent i d o, visando o conhe cimento e a ado ção de Impacto à Saúde – AIS: Metodologia adaptada para
d e med i d as pa ra a melhor inse rção da saúde h u man a aplicação no Brasil (BRASIL, 2014d), contendo novas ações
n o li cenci amento ambie ntal, em 2 009 foi propo s ta a ao setor saúde no Brasil para a investigação acerca de
c r i a çã o de um G ru po Técnico composto por dife re nte s impactos à saúde, por meio de procedimentos que serão
p rof issi onai s d o setor saúde na tentativa de i n s t i t u i r delineados com a Avaliação de Impacto à Saúde (AIS),
n o rma t i va s e m ecanismos para aprimorar me di das e além de recomendações da atuação do setor saúde no
a çõ es vol tad as à prevenção de doe nças e pro mo ção processo de licenciamento ambiental.
42
A Vigilância em Saúde Ambiental na perspectiva da
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável
d o d esenvol vi me nto suste ntáve l: e conômi ca, s o c i al ambientalmente saudável dos produtos químicos
e amb i enta l . Nisto, as relações e inte rface s e nt re e todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida
Vigi l â nci a em Saúde Ambiental (VSA) são fac i l me nte acordados, e reduzir significativamente a
i dent i f i cad as no âmbito da Política Na c i o n al de liberação destes para o ar, água e solo, para
43
COMO A VSA NACIONAL ESTÁ com vistas a apoiar a criação e o fortalecimento de
capacidades das secretarias estaduais e municipais de
ORGANIZADA saúde no Sistema Único de Saúde (SUS).
44
○ Promover cooperação técnica nacional Articulação Inter federativa (AI)
e internacional na área de vigilância em
saúde ambiental.
45
“ A Vigilância em Saúde Ambiental constituiu-se no Brasil nos alicerces do
Sistema Único de Saúde e do Sistema Nacional de Meio Ambiente, compartilhando
as potencialidades e lacunas de ambos os sistemas. Após mais de 20 anos de sua
implementação, a VSA permanece em constante evolução nas três esferas do SUS,
convivendo e lidando com as atribuições já normatizadas e com os novos desafios
impostos pelo cenário complexo de novos riscos ambientais que se impõem à saúde
da população, como os poluentes emergentes, a aceleração da crise climática , o
recrudescimento dos conflitos agrários e a urbanização desordenada .
46
47
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA
EM SAÚDE AMBIENTAL
VIGIAGUA
VIGILÂNCIA DA QUALIDADE
DA ÁGUA PARA CONSUMO
HUMANO
48
A água potável limpa, segura e adequada é vital
para a sobrevivência de todos os organismos vivos
e para o funcionamento dos ecossistemas, comunidades
saúde quanto à vigilância da qualidade da água para
consumo humano.
50
Como ob j et i vos e specíficos, citam- se : l o cai s . A s e gu i r s e rão apre s e ntado s o s i n s t r u m entos
u t i l i zado s pe l a Vi gi agu a.
51
Fi g ura 7 – Di a gra ma contendo as ações básicas da v i gi l ân c i a da qu al i dade da águ a para co n s u mo h u m a n o
Comunicar o prestador de
Avaliar os dados epidemiológicos Disponibilizar publicamente serviço em caso de não
das doenças de transmissão as informações sobre a conformidade com o padrão
hídrica em conjunto com os qualidade da água em de potabilidade e cobrar as
dados de qualidade da água linguagem compreensível providências cabíveis
52
A Portaria de potabilidade de água possui como responsabilidades dos responsáveis pelo abastecimento
linha norteadora a avaliação holística da qualidade coletivo da água, no exercício do controle da qualidade
da água, considerando os princípios de avaliação de da água para consumo humano. É preconizado pelo
riscos propostos pelos Planos de Segurança da Água SUS, que a Portaria de Potabilidade seja revista a
(PSA), que contempla a concepção de risco dos fatores cada 5 anos, onde o srepresentantes de setores como
ambientais, desde o manancial até o ponto de consumo e saúde, academia, prestação de serviço e órgãos de
aborda, ainda, os princípios de boas práticas e múltiplas controle discutem a eficiência e eficácia dos parâmetros
barreiras. Além disso, inclui a valorização dos direitos do propostos, de acordo com o conhecimento científico
consumidor, por meio do acesso à informação sobre a acumulado ao longo dos anos. Ao longo dos anos, cerca
qualidade da água consumida. de sete portarias foram publicadas no Brasil, desde sua
primeira versão, em 1977. A Figura 8 mostra o percurso
Tal normativa também estabelece as responsabilidades
das publicações de normativas de qualidade da água
do setor saúde nas três esferas de gestão (federal,
para consumo humano.
estadual e municipal) para o desenvolvimento
da Vigiagua, assim como as competências e
Fig ura 8 – Normativas brasileiras de padrão de potabi l i dade de águ a para co n s u mo h u man o
PORTARIA GM/MS
Nº 518/2005
Publicação do Programa
Nac ional de Vigilânc ia em
S aúde Relac ionada à
Qualidade da Água para
PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO
PORTARIA GM/MS Nº 36 Consumo Humano Nº 5 DE 2017, ANEXO XX.
53
“ Nosso foco aqui é um dos principais instrumentos do Vigiagua: a norma brasileira de
qualidade da água para consumo humano, cuja primeira versão data de 197 7 (Portaria
n.º 56/BSB/ 197 7) e que vem sendo revisada , em média , a cada 10 anos. A versão de 1990
(Portaria n.º°36/MS/GM /1990), assim como sua antecessora , permanecia centrada no
padrão de potabilidade e dirigida aos prestadores de serviços de saneamento, responsáveis
pelo controle da qualidade da água . Em 2000, em consonância com a estruturação dos
serviços de Vigilância em Saúde Ambiental no País, assiste-se à grande inflexão conceitual
e paradigmática da norma: a Portaria MS n.º 1.469/2000, que passa a incorporar elementos
da Análise de Risco (Avaliação de Risco, Gestão de Risco e Comunicação de Risco), além de,
efetivamente, constituir instrumento simultâneo e complementar de controle e vigilância
da qualidade da água para consumo Humano. Nos processos seguintes de revisão da norma ,
no período 2011 -2021 (Portaria MS n.º 2.914/2011 e Portaria GM/MS n.º 888/2021), o que
já vinha como marca se aprofunda , se amplia , e se consolida: a atualização do padrão de
potabilidade com base no avanço do conhecimento e na melhor fundamentação técnica
e científica e, igualmente importante, o processo consultivo/participativo envolvendo
representação tão diversa quanto: setor saúde, setor saneamento, universidades e
instituições de pesquisa , órgãos ambientais, agências de regulação, setor
industrial, associações técnicas/profissionais e entidades da sociedade
civil. É preciso, pois, preservar este processo, ampliá-lo ainda mais, de
forma que o controle e, principalmente, a vigilância da qualidade
da água deem conta da garantir água segura para consumo humano
frente aos desafios da degradação dos mananciais, do crescimento
desordenado das cidades, das mudanças e dos desastres de ordem
climática e das vulnerabilidades sociais. “
Dr. Rafael K. X.
Bastos
UFV
54
Os instrumentos da vigilância da qualidade da água ○ Identificar grupos populacionais expostos
para consumo humano a situações de risco.
55
Sistema de informação de Vigilância da Qualidade da O Sisagua é uma ferramenta para ser utilizada no
Água para Consumo Humano – Sisagua e Análise de desenvolvimento das ações da vigilância e controle
situação em Saúde da qualidade da água para consumo humano, e
vem sendo aperfeiçoado desde o ano 2000, quando
foi lançada a primeira versão do sistema. Assim,
O S i sag ua é um dos principais instrumento s da a tríade oportunidade-cobertura-integralidade
Vig i ag ua e tem como finalidade siste ma t i zar os são características que determinam a qualidade
d a d os p roduzi dos pe los profissionais do setor s aú de da informação disponibilizada pelo Sisagua, pois
( Vig i lânci a) e p elos responsáve is pe lo ser v i ço de possibilitam o retrato de forma fidedigna da situação
a b a steci mento d e água (Controle), be m como co nt r i bu i r do abastecimento de água no País.
p a ra o g erenci a m ento de riscos à saúde relac i o n ado s
A inserção de dados no sistema permite a geração de
a o a ba steci m ento de água para consumo human o.
informações que subsidiam a análise de situação de saúde
relacionada ao abastecimento de água para consumo
humano, e permite a adoção de medidas de prevenção
e controle com vistas a minimizar os riscos associados
ao consumo de água que não atenda ao padrão de
Segundo a definição que consta no artigo potabilidade, estabelecido pelo Ministério da Saúde.
5° da Portaria n.º 888 de 04 de maio de
O sistema é o principal instrumento para o
2021 “controle da qualidade da água para
monitoramento e avaliação dos indicadores da Vigiagua,
consumo humano: conjunto de atividades
inseridos nos instrumentos de gestão e, dessa forma,
exercidas regularmente pelo responsável
destaca-se a relevância da alimentação contínua do
pelo sistema ou por solução alternativa
mesmo. Importante enfatizar que o Sisagua sofreu uma
coletiva de abastecimento de água,
atualização no ano de 2014, cujo objetivo da nova versão
destinado a verificar se a água fornecida à
do sistema foi promover um maior controle dos campos
população é potável, de forma a assegurar
de entrada e tornar os formulários mais completos,
a manutenção desta condição”.
promover as adequações à nova norma de potabilidade
Também segundo esse artigo, a de água vigente, aprimorar e tornar mais funcional os
Vigilância da qualidade da água para relatórios, permitir exportação de dados e modernizar
consumo humano é o “conjunto de ações o sistema, tornando-o mais ágil e compatível com
adotadas regularmente pela autoridade de navegadores livres e as tecnologias atuais.
saúde pública para verificar o atendimento
ao anexo da portaria, e avaliar se a água
consumida pela população apresenta risco
à saúde”. Ou seja, os prestadores de serviço
Para s abe r mai s : No r m a
de abastecimento de água para consumo
de potabi l i dade de á g u a -
humano são responsáveis pelas ações de
P O RTA R I A G M/ MS N.º 8 8 8 –
Controle e as secretarias de saúde são
Bras i l S U S
responsáveis pelas ações de Vigilância.
56
A Figura 9 mostra a série histórica do percentual de aperfeiçoamento do sistema) até 2020. A Figura 10
municípios com cadastro das formas de abastecimento ilustra o alcance das ações com a situação dos dados
de água, bem como dados de controle e vigilância no Sisagua, no ano de 2021 (dados parciais).
da qualidade da água no período de 2014 (após o
Fi g ura 10 – S i t uação dos municípios sobre o s dado s de cadas t ro, co nt ro l e e v i gi l ân c i a n o S i s agu a. Bra s i l , 2 0 2 1
Situação do município
Sem informação
Apenas dados de Cadastro
Apenas dados de Cadastro e Controle
Apenas dados de Cadastro e Vigilância
Dados de Cadastro, Controle e Vigilância
Fonte : S i sa g u a , 0 6 / 2 1.
57
Quando se analisa a cobertura populacional abastecida de solução alternativa individual de abastecimento de
pelas formas de abastecimento de água (sistema de água (SAI), independentemente da forma de acesso da
abastecimento de água e soluções alternativas coletiva população, está sujeita à vigilância da qualidade da água.
e individual), observa-se ao longo dos anos a evolução As diversas exigências de Controle referem-se somente
gradativa da população cadastrada no sistema de às formas coletivas de abastecimento de água (Sistema
informação, permitindo a identificação de vulnerabilidades de Abastecimento de Água – SAA e Solução Alternativa
relacionadas às infraestruturas de abastecimento e Coletiva – SAC), enquanto as ações de vigilância devem ser
fornecendo subsídios para a priorização das ações em realizadas considerando as três formas de abastecimento
áreas com maior risco de adoecimento da população. (SAA, SAC e Solução Alternativa Individual – SAI).
Segundo a normativa vigente de potabilidade da água, A Figura 11, mostra série histórica (período de 2014 a
toda água destinada ao consumo humano, distribuída 2021) do percentual da população com dados sobre SAA,
coletivamente por meio de sistema ou solução alternativa SAC e SAI e população sem informação no Sisagua. Já
coletiva de abastecimento de água (SAA e SAC), deve ser a Figura 12, mostra o status no Brasil, do percentual da
objeto de controle e vigilância da qualidade da água, e população por região, com as informações no sistema.
toda água destinada ao consumo humano proveniente
Fi g ura 11 – Percentual da população com dado s s o bre SAC, SA A e SA I e po pu l ação s e m i nfo r mação n o S i s a g u a .
Bra sil (20 1 4-20 21 )
Fonte: S isa g u a , 0 6 / 2 0 2 1.
58
Fi g ura 12 – Percentual da população com d ado s de SA A , SAC e SA I n o S i s agu a. D ado s po r re gi ão. Bra s i l , p er í od o
d e 20 1 4 a 20 21
Percentual
75
50
2017 2018 2019
25
2020 2021
Fonte: S i sa g u a , 07/ 2 0 2 1.
59
Plano de Segurança da Água
60
Diretriz para atuação em situações de surtos de doen-
ças e agravos de veiculação hídrica
61
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA
EM SAÚDE AMBIENTAL
VIGIPEQ
Vigilância em Saúde de
Populações Expostas a
Substâncias Químicas
62
63
A Vigilância
a Substâncias
desenvolvimento
em
de
Saúde
Químicas
ações
de
de
Populações
(Vigipeq)
vigilância
Expostas
objetiva
em saúde
o
vigilância em saúde das populações expostas
substâncias químicas, considerando o fluxo de atuação
organizado em cinco etapas, conforme Figura 13.
às
ANÁLISE, REGISTRO
IDENTIFICAÇÃO PRIORIZAÇÃO DIAGNÓSTICO PROTOCOLO
EM SISTEMA DE
E AVALIAÇÃO DE ROTINA
INFORMAÇÃO
64
de “Cál c u l o de Po pu l ação e Var i áve i s - C P EAQ ”, c u j o
o bj et i vo pr i n c i pal é o fo r n e c i me nto d e i nfo r m a ções
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS s o bre a po pu l ação re s i de nte e m to r n o d e u m a á rea a
DA VIGIPEQ s e r cadas t rada n o S i s s o l o. Co m e s s e s i s tem a , o u s u á r i o
e s t i mava, al é m do n ú me ro total da po pu la çã o res i d ente
n a áre a, s u as var i açõ e s po r s exo, fai xa etá r i a , ren d a ,
○ Sistema de Informação de Vigilân-
e s co l ar i dade e as co n di çõ e s s an i tár i as d o s d om i c í l i o s
cia em Saúde de Populações Expos-
o n de e s tá po pu l ação re s i de nte.
tas a Solo Contaminado (Sissolo).
No ano 2010, o Sissolo possuía o cadastramento
○ Ficha de Intoxicação Exógena do
de 5.292 áreas contaminadas (ou potencialmente
Sistema de Informação de Agravos
contaminadas). Porém, ao longo dos anos observou-
de Notificação (SINAN – NET).
se redução no cadastramento de áreas no sistema de
○ Portaria de Consolidação n.º 4, de informação, conforme aponta a Figura 14. Já a Figura 15
28 de setembro de 2017, Anexo 1 do mostra os 5 potenciais contaminantes mais cadastrados
Anexo V. no Sissolo durante o período de 2010 a 2020.
6.000
5.292
5.000
4.153 3.992
4.000 3.853
Sissolo 3.666 3.581
3.056 3.006 2.8953.189
3.000
2.386
Um a d as ferramentas utilizadas para s u bs i di ar o 2.000
t raba l ho da Vi gipeq é o Siste ma de Info r mação de
1.000 678
Vigi l â nci a em Saúde de Populações Expos tas a S o l o
Contami nad o (Sissolo), que sistematiza as info r maçõ e s 0
LINHA 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021*
d as á rea s contaminadas (ou poten c i al me nte DE
BASE
co nta m i na da s) e permite a caracte rização do s
p otenci a i s contaminante s prese ntes ne ssas áre as , be m
co m o a i dent i ficação das populações ex po s tas (o u
Fonte : S i sso l o, 07/ 2 0 2 1.
p otenci a l mente expostas) nesses locais. Co mo fo r ma
d e a uxi l i a r o preenchime nto do campo do S i s s o l o * Dados parciais, extraídos em 28 d e ju l h o d e 2 0 2 1.
65
Fi g ura 15 – O s 5 pote nciais contaminante s mai s cadas t rado s n o S i s s o l o. Bras i l , 2010-2020
PAH (HIDROCARBONETOS)
PAH (HIDROCARBONETOS)
PAH (HIDROCARBONETOS)
BENZENO
BTEX
RESÍDUOS ORGÂNICOS
ÓLEO DIESEL
RESÍDUOS ORGÂNICOS
RESÍDUOS DE PETRÓLEO
GASOLINA
GASOLINA
DERIVADOS DE PETRÓLEO
ÓLEO DIESEL
ETANOL
GRAXAS
HIDROCARBONETOS
DERIVADOS DE PETRÓLEO
GRAXAS
DERIVADOS DE PETRÓLEO
RESÍDUOS DE PETRÓLEO
RESÍDUOS URBANOS
BTEX
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
66
Dentre os avanços de especial destaque no âmbito da intoxicação exógena, além de possibilitar a adoção de
Vigipeq, menciona-se a publicação da Portaria n.º 104, medidas de prevenção e controle em tempo oportuno.
de 25 de janeiro de 2011 (atual Portaria de Consolidação
O ano de 2015 pode ser considerado outro marco no
n.º 4, de 28 de setembro de 2017, Anexo 1 do Anexo V),
fortalecimento da Vigipeq, com a publicação da Portaria
que incluiu na Lista de Notificação Compulsória (LNC)
n.º 1.678, que instituiu os Centros de Informação e
as Intoxicações Exógenas por substâncias químicas,
Assistência Toxicológica (Ciatox) como estabelecimentos
incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados;
de saúde de referência em toxicologia clínica no SUS,
e, na Lista de Notificação Compulsória Imediata (LNCI)
que têm por objetivo oferecer informações, assessorar
incorporou outros eventos de potencial relevância em
a prevenção, diagnóstico, prognóstico e tratamento das
saúde pública, surto ou agregação de casos ou óbitos,
intoxicações.
destacando-se exposição a contaminantes químicos.
A taxa de incidência de intoxicação exógena por
Com a publicação da Portaria, institui-se que
substâncias químicas, em geral, desde o ano de
os registros de casos suspeitos ou confirmados de
publicação da normativa em 2011 que estabeleceu a
intoxicação exógena devem ser inseridos na Ficha
obrigatoriedade da notificação no Sinan, apresentou
de Intoxicação Exógena do Sistema de Informação
uma elevação crescente até o ano 2019. As Regiões
de Agravos de Notificação (Sinan – NET), sistema de
Sul e Sudeste apresentaram de forma geral valores
informações oficial do Sistema Único de Saúde (SUS),
superiores à média nacional, por outro lado, a Região
que tem como objetivo o registro e processamento dos
Norte registrou as menores taxas de incidência ao longo
dados sobre agravos e doenças de notificação em todo
do período avaliado (Figura 16).
o território nacional e configura-se em uma ferramenta
fundamental para subsidiar a investigação de casos de
90
BRASIL NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE
80
EXÓGENAS POR 100 MIL HAB.
70
60
50
40
30
20
10
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
ANO
Fonte: S inan (atualização de 07/ 2021) e p o p u l a çã o, IB GE .
67
No enta nto, o ano de 2 02 0 foi caracteriza do pe l a ao co ro n av í r u s , du rante o pe r í o do pan d êm i co d a
re d u çã o d as not i ficaçõe s de casos por intox i cação Cov i d-19. O u t ra h i póte s e qu e po de s e r con s i d era d a
exó g ena, assi m como no número de mu n i c í pi o s é o au me nto das s u bn ot i fi caçõ e s do s cas o s p or p a r te
n oti f icantes (Fi g ura 17 ), fato que pode estar as s o c i ado das S e c retar i as de S aú de, dev i do a pr i o r i za çã o d a s
a re duçã o d os casos de intoxicação exó ge n a at i v i dade s para o e nfre ntame nto da e me rg ên c i a em
p ro p ri amente d i ta ou, ainda, relacionado a re du ção s aú de pú bl i ca de i mpo r tân c i a i nte r n ac i on a l ( ES P II),
n a busca p or a tendimento mé dico nas unidade s de e m det r i me nto da i n s e rção de dado s n o S in a n .
sa ú de como medi da preve ntiva de risco de ex po s i ção
3500
180000
160000 3000
140000
2500
120000
2000
100000
80000 1500
60000
1000
40000
500
20000
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
68
É importante destacar que historicamente o número e esclarecimentos sobre os campos que compõem a
de notificações de casos de intoxicação exógena por ficha de intoxicação exógena.
substâncias químicas é reduzido, situação que pode
É importante mencionar que os campos que permitem
estar relacionada à falha no diagnóstico para identificar
as caracterizações geográfica, social, da exposição
casos de intoxicações exógenas; baixa procura por parte
e do agente tóxico não possuem obrigatoriedade
da população por atendimento médico e inconsistências
de preenchimento, acarretando, muitas vezes, baixa
nas notificações de casos no Sinan.
completitude e validade dos dados, e resultando em
Assim, tendo em vista a melhoria na inserção dos reduzido subsídio técnico para atuação do profissional
dados no Sinan, em 2018 foi publicado o documento da vigilância no desenvolvimento da investigação da
“Instruções para preenchimento da Ficha de Investigação situação, ou mesmo, na análise adequada da situação
de Intoxicação Exógena do Sistema de Informação de de saúde decorrente da exposição a agrotóxicos.
Agravos de Notificação”, que apresenta o detalhamento
loc ai s poluí dos, id e nt ific aç ão das p e ssoas e x p ostas i nc lu i ndo g r u p os de r i sco, como s ão e x p ostas e v ias d e
abso r ç ão da su bstânc ia qu ímic a , d ist rib u i ç ão e s pac i a l de ss e s e x p ostos, q ua l a m agn i tu de ,
69
Efeitos da pandemia de covid-19 nas notificações por u m de c ré s c i mo n a po rce ntage m de n ot i f i ca çõ es , n o
intoxicações exógenas pe r í o do pré - pan de mi a e apó s o i n í c i o da p a n d em i a , à
exce ção do s me di came nto s e dro gas de ab u s o ( F i g u ra
18). S o bre as c i rc u n s tân c i as , a te ntat i va d e s u i c í d i o
A F i g ura 1 8 m ost ra a porce ntagem de notificaçõ e s das o bteve u m i n c re me nto de 9,8% n a po rcenta g em d e
ex p osi ções e i ntox icaçõe s exóge nas por sub s tân c i as n ot i fi caçõ e s apó s o i n í c i o da pan de mi a, e em rel a çã o
q u ím i ca s em g eral, por grupo e agente tóx i co. ao l o cal de ex po s i ção, també m se ob s er va um
O b serva-se que a maioria dos químicos aprese ntaram i n c re me nto de 8,6 % n as re s i dê n c i as (F i gu ra 1 8) .
MEDICAMENTO + 8.6%
EM BRANCO + 1.3%
RATICIDA -1.5%
OUTRO -0.2%
BRANCO -0.8%
METAL 0.0%
70
TENTATIVA DE SUICÍDIO + 9.8%
ACIDENTAL - 2.8%
ABUSO - 0.2%
IGNORADO + 0.4%
AUTOMEDICAÇÃO - 2.5%
OUTRA - 0.4%
AMBIENTAL 0.0%
PR É -P AN DEM I A
VIOLÊNCIA/HOMICÍDIO - 0.5%
0% 10 % 20 % 30 % 40 % 50 % 60 %
HOSPITALAR INTOXICAÇÃO
CONFIRMADA
68% 71 % CURA SEM
65 % 61% SEQUELAS
77 % 73%
AMBULATORIAL EXPOSIÇÃO
25% 22% 18 % 21%
71
Vigilância em saúde de populações expostas a Fi g u ra 19 – Avan ço s da v i gi l ân c i a e m s a ú d e d e
agrotóxicos po pu l açõ e s ex po s tas à agrotóx i co s
2012-2013
No rol de g rupos químicos prioritários para at u ação
d a VSA, encont ram- se os agrotóxicos, e sua fo r ma de Inclusão no PPA, quadriênio 2012 a 2015
v ig i lâ nci a , denominada como vigilância e m s aú de Publicação da Portaria 2.938/12
das p opul ações expostas a agrotóxicos (VS P E A), Seminário para Implementação da VSPEA
n oto ri a m ente ap rese ntou os maiore s avan ço s na Reunião de Avaliação de Implantação da VSPEA
i m p lementa çã o d a Vigipeq no País, haja v i s ta as 2º Seminário Nacional de VSPEA
e stratég i a s e os instrume ntos de senvolvido s para
su b sidi ar a sua ope racionalização por me i o das 201 4 -201 5
S e c reta ri a s de S aúde. Os principais marcos de at u ação VSPEA implantada em 23 UF
d e ssa Vi gi l â nci a estão mostrados na Figura 19. 3º Seminário de VSPEA
Publicada a Portaria nº 1.271/2014
VSPEA implantada em todas as UF
A imp l a nta çã o da VSPEA nos estados e no Di s t r i to
Fe d e ral foi i m pul si onada em 2 012 pela incorporação n o
2016-201 7
P l a n o P l uri anua l (PPA) do gove rno federal (quadr i ê n i o
Relatório Nacional de VSPEA - TOMO 1
20 12-20 1 5) d as metas:
Diretrizes Nacionais da VSPEA
Portaria de Consolidação n.º 4 de 2017, anexo V, capítulo I
i) Implantar a VSPEA nas 27 unidades da Federa-
ção (UFs) até o ano de 2015. 2018 -201 9
72
exógena por agrotóxicos no Sinan, apesar do número de Fi g u ra 2 0 – Nú me ro de n ot i fi caçõ e s d e i ntox i ca çõ es
municípios prioritários notificando intoxicações ter mais exó ge n as po r agrotóx i co s n o S i n an (201 1 a 2 0 2 1 )
que dobrado no período de 2 anos, passando de 30% em
2013 para 65% (N=408) em 2015. Esse incremento não foi
Nº I NTOX I C AÇÕ E S P O R AG ROTÓXI CO S
suficiente para superar a histórica baixa sensibilidade 16000
73
A ce sse a s pub l i caçõe s sobre o te ma: Re ce nte me nte, e m 2020, fo i pu bl i cado o d oc u m ento
Di ret r i ze s Bras i l e i ras para Di agn ó s t i co e Tra ta m ento
de Intox i caçõ e s po r A grotóx i co s (D B DT IA), v i s a n d o
t raze r s u bs í di o s para a at u ação do s p rof i s s i o n a i s
Cartilha para Age ntes di retame nte e nvo l v i do s no ate n di me nto de ca s o s
comunitários de saúde n a de i ntox i caçõ e s po r agrotóx i co s , v i s an do q u a l i f i ca r
prevenção de intoxicaçõ e s e ape r fe i ço ar as prát i cas c l í n i cas adotad a s p a ra a
por agrotóxicos. re du ção da mo r bi mo r tal i dade da po pu l a çã o p el a
i ntox i cação po r e s s as s u bs tân c i as .
Relatório Nacional da
VSPEA – volume I. tomo 1.
Boletins Epidemiológicos
74
○ Vol. 46 - N.º 4, 2015 - Monitoramento Ao longo dos anos a descentralização das ações da VSPEA
de agrotóxicos na água para consumo para as Secretarias Municipais de Saúde ocorreu de forma
humano no Brasil, 2013. heterogênea nas unidades da Federação, observou-se que
poucos municípios realizavam ações da VSPEA, e em muitos
○ Vol. 44 - N.º 17, 2013 - Monitoramento
casos as ações eram desenvolvidas de forma pontual e
de agrotóxicos na água para consumo
modesta, situação que não se traduzia efetivamente em
humano no Brasil, 2012.
medidas de prevenção e controle dos riscos à saúde.
○ Vol. 44 - N.º 10, 2013 - Monitoramento
A p a rt i r d e s s a s i t ua çã o, ob s e rvou-s e a ne ce ssid a d e
de agrotóxicos na água para consumo
de d ef i ni r e s t ra té g i a s de t ra b a l ho q ue a uxilia sse m
humano no Brasil, 2011.
a d e s ce nt ra l i za çã o da VS P E A p a ra os municíp ios
q ue p os s ue m m a i or p ote nc i a l i d a d e de exp osiçã o
a o a g rotóxi co, e m e s p e c i a l nos te rri tór ios com a lta
Fi g ura 21 – Eventos re alizados para s u bs i di ar a p ote nc i a l i d a d e d e exp os i çã o l a b ora l a os a g rotóxicos.
a tua çã o na VS PEA A s s i m , foi p rop os ta a i nc l us ã o d o i nd i ca d or “Pe rce ntua l
d e m uni c í p i os p ri ori tá ri os q ue i m p l a nta ram a Vig ilâ ncia
d e Pop ul a çõe s E x p os ta s a A g rotóxi cos (Vsp e a ) ” no Pla no
2012
Na c i ona l d e S a úd e (P N S), q ua d ri ê ni o 202 0–2 02 3, e d e u-
Seminário para s e i ní c i o à e l a b ora çã o d e i ns t rum e ntos a uxilia re s d o
implementação da VSPEA d e s e nvol v i m e nto d a s a çõe s no â m b i to m unicip a l.
75
“ A exposição química representa um dos principais desafios do presente e futuro para a
saúde pública mundial. Até 2021, o sistema de registro da Academia Estadunidense de Química
contava com mais de 191 milhões de substâncias orgânicas e inorgânicas cadastradas.
Destas mais de 100 milhões estão disponíveis para sua utilização e são encontradas em
mais de 8 milhões produtos. Segundo o Departamento de Saúde dos Estados Unidos e a
Organização Pan-americana da Saúde, nos humanos, diariamente, estamos expostos a 85-
100 mil substâncias. Na última década , o principal avanço do Sistema Único de Saúde, se
deu na estruturação, em nível nacional, da Vigilância em Saúde Ambiental, que deslocou
a visão clássica dos expostos e intoxicados agudos, nos serviços de emergência , para o
risco da exposição de longo prazo e o adoecimento crônico, câncer e não câncer, a partir
das diversas atividades humanas, processos naturais, no ambiente geral, de trabalho e
doméstico por meio da água , ar, solo e alimentos. Isto permitiu avançar no entendimento
dos processos de utilização das substâncias químicas, geração resíduos e degradação
ambiental nos setores produtivos, definir prioridades para promoção da saúde, prevenção,
diagnóstico, reabilitação, bem como, preparação e reposta em caso de emergências químicas
a partir de abordagens multidisciplinares, integração dos órgãos, agências
e instituições envolvidas da com, distritos, municípios, regiões, estados
e nível federal. Em relação à atenção e assistência aos expostos se
favoreceu o planejamento das ações, aperfeiçoamento da informação,
bancos de dados e indicadores que permitirão aprimorar o perfil
do País, em relação às substâncias e contaminantes químicos de
maior relevância , grupos de população de maior risco, perfil de
morbimortalidade, implantar o biomonitoramento humano, e o
cuidado em saúde da população brasileira . “
Dr. Herling Gre gorio
Aguilar Alonzo
Unica m p
76
O documento “Atuação da Secretaria Mu n i c i pal
d e S a úde na Ope racionalização da Vigi l ân c i a e m
S aúd e d e Populações Expostas a Agrotóxico s (VS P E A)”
a presenta a sí nte se do trabalho a ser des e nvo l v i do
p el as S ecretari as Municipais de Saúde (SM S) para a
i mp l em entaçã o da VSPEA nos te rritórios cuja ex po s i ção
h u m ana a a grotóxicos constitui um i mpo r tante
p robl ema d e saúde pública. O documento fo i co n ce bi do
co m ba se na s “Diretrize s Nacionais para a Vi gi l ân c i a
e m S a úde d e Populaçõe s Expostas a Agrotóx i co s” e
u ti l i za ndo como referência o Modelo de cau s a e efe i to
d a Orga ni za çã o Mundial de Saúde (OMS), co n h e c i do
co m o Força s Motrize s, Pressõe s, Estados, E x po s i çõ e s ,
Efei tos e Açã o (FPEEEA).
77
Fi g u ra 22 – Di a grama da operacionalização da VS P E A n o te r r i tó r i o
AÇÕES BÁSICAS PARA OPERACIONALIZAÇÃO DA VSPEA
CARACTERIZAÇÃO
DOS EFEITOS À
IDENTIFICAÇÃO DA SITUAÇÃO EM SAÚDE
SAÚDE
DAS POPULAÇÕES EXPOSTAS OU
POTENCIALMENTE EXPOSTAS A
AGROTÓXICOS
78
AÇÕES TRANSVERSAIS PARA OPERACIONALIZAÇÃO DA VSPEA
EDUCAÇÃO PERMANENTE
FORMAÇÃO DE GT
PROMOÇÃO DA SAÚDE
79
Mercúrio institucionais e técnicas para identificação, diagnóstico,
tratamento e monitoramento de populações vulneráveis;
reduzir e eliminar os riscos à saúde humana advindos
Além dos avanços relacionados à VSPEA, a Vigipeq da exposição ao mercúrio e seus produtos; além de
foi fortalecida na agenda de trabalho relacionada à desenvolver uma agenda de pesquisa e ampliar o
vigilância em saúde de populações expostas ao mercúrio, conhecimento da população e dos profissionais de saúde
outra substância química priorizada nos dispositivos da sobre os riscos da exposição ao mercúrio, para que
IN n.º 1 de 2005. também sejam parte atuante do processo de melhoria
A indução da agenda no território nacional ocorreu da gestão adequada desse contaminante no território
a partir da assinatura da Convenção de Minamata nacional. Ainda em 2020 teve início a elaboração de
sobre Mercúrio (CMM), no âmbito do Programa das Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas para Intoxicação
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que tem por Mercúrio, com metodologia semelhante à adotada
como objetivo a proteção da saúde humana e do meio para a elaboração das DBDTIA.
ambiente das emissões e liberações antropogênicas de Na área de segurança química, a Vigipeq atuou como
mercúrio e de compostos de mercúrio. vice-presidente da Comissão Nacional de Segurança
Como iniciativa preponderante, a CGVAM coordenou Química (CONASQ), desde a sua criação pelo Ministério
a elaboração do Plano Setorial de Implementação da do Meio Ambiente, por meio da Portaria n.º 319, de 27 de
Convenção de Minamata sobre Mercúrio, publicado em dezembro de 2000, até sua extinção, em 2019. A Conasq
2020, com intuito de ampliar e fortalecer as capacidades teve a função de discutir a promoção da gestão adequada
das substâncias químicas e a criação de oportunidades
para o fortalecimento, a divulgação e o desenvolvimento
de ações integradas relacionadas à segurança química.
80
(a) chumbo em tintas; considerando as especificidades de produção e usos
nacionais e, sobretudo, visando à proteção da saúde
(b) disruptores endócrinos;
humana. Alicerceado nessas induções, a CGVAM iniciou
(c) substâncias químicas em artigos; a discussão para a implantação de um Programa de
A gestão adequada de produtos químicos e resíduos nos De forma complementar aos acordos internacionais,
Países também foi estimulada pela Organização Mundial a Vigipeq estabeleceu nos últimos anos cooperações
de Saúde (OMS) a partir da publicação da Resolução técnicas internacionais para intercâmbio de experiências,
WHA69.4, que incentiva os Países a elaborarem o Chemicals visando o fortalecimento da agenda no Brasil.
RoadMap, roteiro para reforçar o envolvimento do setor
da saúde na gestão de produtos químicos, considerando
os seguintes grupos: redução de riscos; conhecimento e Dentre eles destaca-se:
81
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA
EM SAÚDE AMBIENTAL
VIGIAR
VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE
POPULAÇÕES EXPOSTAS A
POLUENTES ATMOSFÉRICOS
82
83
A
“
p ol ui çã o do ar é uma ameaça impor tante à
sa úde, ao be m- estar, e pode ser cons i de rada,
ev i tável e a dmi ni stráve l. Atualme nte, a Orga n i zação
Mu n di al da S aúd e (OMS) considera a poluição do ar a O e mpe nh o po r me l h o rar a q ua lida d e
m a ior ca usa amb i e ntal de adoecime ntos e m o r te s n o do ar é antigo e pe rmane nte . A
m u n do. S egund o a Organização Mundial da S aú de
pr ote ç ão da po pul aç ão co ntra a
(O M S), est i ma -se que a poluição do ar contribu a para
po luiç ão e a incidê ncia de do e n ç as
p e l o menos 7 m i l hõe s de mortes prematuras a cada
re s pirató rias te m s ido o pape l da á rea
a n o em todo o mundo, sendo as crianças, mul h e re s , e
p e ssoa s que vi vem na pobreza os grupos de pop u l açõ e s de Vigil ância e m s aúde de po pul ações
v u ln e rávei s, com 9 4 % de ssas mortes ocorre n do e m e xpostas a po lue nte s atmos fé ricos
Pa í ses de b ai xa e média re nda (SCI ENCE OF S O U T H (Vigiar) da SVS, q ue na última déc a da
A F R I CA et a l . , 20 1 9). pô de co ntar com novas fe rramentas
Ta m bém , a O MS re conhe ce que a poluiçã o do ar de anál is e e fo nte s de info rmaç ão. A
é u m fa tor d e ri s co crítico para doe nças c rô n i cas VSA te m atuado no ape rfe içoame n to d e
n ã o t ra nsm i ssí vei s (DCNT ), causando ce rca de u m l e is e no rmas q ue re gul am a e missão
q u a r to (24% ) da s mortes por doe nças cardíacas , 25%
de po lue nte s, be m como no
p o r aci d entes va s culares cerebrais, 4 3% por do e n ça
mo nito rame nto e re gul aç ão
p u lmona r ob st rut iva crônica e 2 9% por câ n ce r de
de ativ idade s q ue ge ram
p u lmã o (WO R LD H EALT H ORGANI Z AT I ON, 2 018).
riscos à s aúde , s e mpre
Diversos est udos em todo o mundo dem o n s t ram
busc ando a me l h o rar as
a associ açã o entre a poluição atmosfér i ca e
co ndiçõ e s de s aúde da
os efei tos a dversos na saúde humana, ta nto na
m o r tal i d ad e q uanto na morbidade, principal me nte
p o r doença s resp i ratórias e cardiovasculare s; in c l u s i ve
po pul aç ão bras il e ira “
a p re senta ndo evi dê ncias de efeitos adve rsos n a s aú de Dr. Christovam
h u m ana m esmo e m níve is abaixo dos pad rõ e s de Barcellos
84
Fi g ura 23 – G a s tos do SUS, e m re ais, com inte r n açõ e s h o s pi tal are s po r do e n ças do s i s te ma re s pi ra tó r i o, Ca p í t u l o
X (C ID -1 0), Bra s il 2 013-2 019
1.320.000.000,00
1.300.000.000,00
1.280.000.000,00
1.260.000.000,00
1.240.000.000,00
1.220.000.000,00
1.200.000.000,00
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Fonte: S IH / DATAS U S, 2 0 2 1.
Rodrigues et al. (2015) realizaram uma projeção das condicionantes sobre a qualidade do ar e que interferem
mortes, internações e custos por doenças respiratórias na na saúde humana, com a finalidade de recomendar
rede SUS devido à poluição por partícula fina no estado e adotar medidas de promoção à saúde, prevenção e
de São Paulo, entre 2012 e 2030, tendo 2011 como ano de monitoramento dos fatores de riscos relacionados às
referência. Foram estimadas 430.365 mil internações em doenças ou agravos à saúde.
idosos atribuídas ao MP2,5 e 138.050 mil em crianças para
Sua contribuição para a promoção e a proteção da
este período, o que geraria gastos de, aproximadamente,
saúde, a prevenção de doenças e agravos, bem como a
R$ 422 milhões e R$ 134 milhões, respectivamente. Num
redução da morbimortalidade, vulnerabilidades e riscos
cenário de aumento de 5% nas concentrações de MP2,5
decorrentes das dinâmicas ambientais relacionados à
até 2030, as internações de idosos chegariam a 446 mil,
poluição do ar e aos impactos à saúde humana estão
a um custo de R$ 437 milhões e 142 mil pediátricas a R$
pautados em sua atuação. Para alcançar esses objetivos,
138 milhões.
são desenvolvidas ações como detecção e monitoramento
A Vigilância em Saúde de Populações Expostas a das diferentes atividades de natureza econômica, social ou
Poluentes Atmosféricos (Vigiar) iniciou suas atividades ambiental que gerem poluição atmosférica, caracterização
em 2001 no âmbito do Ministério da Saúde, e é um dos dos riscos para a população, especialmente os grupos
componentes da VSA. É definida como um conjunto considerados mais vulneráveis, bem como a adoção e
de ações e serviços que propiciam o conhecimento e a recomendação de medidas que subsidiem a tomada de
detecção de mudanças nos fatores determinantes e decisão intra e intersetorial.
85
Su a i mpl e me ntação pre s s u põ e a re al i zaçã o d e a ções
de Vi gi ar e m l o cai s e s t raté gi co s do S U S, i n c l u i n d o a
Re de de Ate n ção à S aú de (R AS), be m co mo a r t i c u l a çã o
e co n s t r u ção co n j u nta de proto co l o s , l i n h as d e c u i d a d o
e mat r i c i ame nto da s aú de, po s s i bi l i dade d e d ef i n i çã o
de e s t raté gi as e di s po s i t i vo s de o rgan i zação e f l u xos d a
re de de ate n ção, al é m de re co me n daçõ e s a os d em a i s
ó rgão s afi n s . D eve co nte mpl ar to da a p op u l a çã o
em te r r i tó r i o n ac i o n al , pr i o r i zan do os ter r i tó r i o s ,
as pe s s o as e o s gr u po s e m s i t u ação de m a i or r i s co
e v u l n e rabi l i dade, qu e deve m s e r i de nt i f i ca d a s e
defi n i das a par t i r da an ál i s e da s i t u ação de s a ú d e l oca l
e re gi o n al , e a par t i r do di ál o go co m a co m u n i d a d e,
t rabal h ado re s e t rabal h ado ras e o u t ro s ato res s oc i a i s ,
co n s i de ran do as e s pe c i fi c i dade s e s i ng u l a r i d a d es
c u l t u rai s e s o c i ai s de s e u s re s pe c t i vo s te r r i tó r i o s .
86
Fi g ura 24 – Li nha do te mpo das açõe s do Vi gi ar
2019-2021
2018
Poluição atmosférica na ótica do Sistema Único de Saúde (SUS) - vigilância em saúde ambiental
e qualidade do ar Participação
do First Global
Conference on Air
2015 -2017
Pollution and Health;
Reunião Preparatória para
Sugestões de medidas que visem mitigar a emissão de poluentes
Primeira Conferência sobre
atmosféricos no âmbito regional ou nacional;
Poluição do Ar e Saúde da OMS;
Guia de indicadores para vigilância das populações expostas à
Publicação de documentos técnicos:
poluição atmosférica;
Impacto da poluição atmosférica na
mortalidade por doenças crônicas não
transmissíveis no Brasil em 2006 e 2016 – Saúde Brasil,
2013-2014
2018;
87
Fi g ura 25 – Área s de atuação do Vigiar
Á re a s s o b
i nfl u ê n ci a
de queima
d e Bi o m a s s a
ÁREAS DE
ATUAÇÃO DO
VIGIAR
Centros
industriais
Re g i õ e s
m et ro p o l i ta n a s
Em si t ua ções, tanto dos incê ndios florestais qu anto Todos os anos, no período entre junho e novembro há
das q uei m ad as, a exposição aguda e crô n i ca à aumento de registro dos focos de calor pelo Instituto
f u m aça é o q ue pre ocupa de forma mais ev i de nte, Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A Figura 26 mostra
m a s tamb ém devem ser conside radas como s i t u açõ e s uma série histórica de focos de calor no Brasil. Dados na
re l eva ntes pa ra a saúde: a perda da biodive rs i dade ; plataforma do INPE mostram, ainda, que as queimadas
p e rda de oport unidades para o uso sus te ntáve l e os incêndios florestais ocorrem principalmente nos
d a f l oresta , i ncl u indo a produção de me rcado r i as biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal (INSTITUTO
t ra d ici onai s, a l teração de microclimas; mor tal i dade NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2021).
d e árvores; a um ento da conce ntração de aero s s ó i s ;
m a i o r i nci d ênci a de doenças tropicais; exclusão s o c i al ;
m a rgi na l i za çã o de povos indígenas e comu n i dade s
88
Fi g ura 26 – S érie histórica de focos de calor n o Bras i l , de 2011 a 2021
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro NovembroDezembro
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Fo nte : INPE , 2 0 2 1.
O Vi gi ar ta m bé m faz constanteme nte o mon i to rame nto A atuação das equipes de saúde deve considerar ações
d os m uni cí pi os brasileiros que mais re gistraram fo co s de preparação (anteriores aos eventos de queimadas),
d e q uei m ad as, como subsídio para o al e r ta ao s de resposta (durante o período de queimadas) e de
e s ta dos e el aboração de boletins epide mi o l ó gi co s recuperação (posteriores aos eventos de queimadas).
p ara o perí od o de queimadas.
Co n s i de ran do a pr i o r i dade da pau ta d a s q u ei m a d a s
Consi derand o a grave situação a que a po pu l ação para a s aú de pú bl i ca, n o an o de 202 1 fo i p rop os ta
e s tá exposta, no ano de 2 02 0, alinhados à P NVS, a e i mpl e me ntada a Re u n i ão de Mo n i to ra m ento d e
CGVAM a presentou as Diretrizes Nacionais (Q u e i madas Q u e i madas e S aú de (R MQ S), co m os s eg u i ntes
e i ncêndi os f l ore stais: atuação da vigilância e m s aú de o bj et i vo s : apre s e ntar e di s c u t i r s o bre a s i t u a çã o d e
a m bi ental ) p ara orie ntar a atuação da vig i l ân c i a e m s aú de ambi e ntal , qu e i madas e s aú de; es t i m u l a r e
sa úde amb i ental e recome ndaçõe s para a po pu l ação apo i ar a pro du ção de co n h e c i me nto s o b re q u ei m a d a s
(Quei m ad as e incêndios florestais: ale rta de r i s co e i mpac to s à s aú de h u man a; e s t i mu l ar e a p oi a r a ções
sa ni tá ri o e recome ndaçõe s para a popul ação) para de capac i tação qu e e nvo l ve m qu e i ma d a s e i m p a c to
si tua çã o d e exposição humana às que imadas e ao s à s aú de h u man a; s u bs i di ar co o pe raçõ e s es t ra tég i ca s ;
i n cênd i os f l ores tais. Dessa forma fornece u às e sfe ras s u bs i di ar pl an o de ação do s eto r s aú d e em s i t u a çã o
d e gestão do S U S e à população, re comendaçõ e s para de qu e i madas ; di s c u t i r e e n cami n h a r a t u a çã o
a p rom oçã o e a proteção da saúde, a preve n ção de co n j u nta e o po r t u n a das e sfe ras do S U S a p a r t i r
d oença s e a gravos, a redução da morbimo r tal i dade, do de s e nvo l v i me nto e a ar t i c u l ação d e a çõ es co m
v u l nerab i l i d ad es e riscos de corrente s das qu e i madas i nte ração i nt ra e i nte rs eto r i al , co nfo r m e a d i n â m i ca
e i ncêndi os f l orestais. e as n e ce s s i dade s i de nt i fi cadas n o ter r i tó r i o, e a
89
o rg ani zaçã o dos p roce ssos de trabalho para ga rant i r a Regiões Metropolitanas
p re p a raçã o ad eq u ada e a continuidade das suas açõ e s ,
co m o obj et i vo d e reduzir a exposição e os efei to s das D e nt re o s de s taqu e s e s tá a age n da de m o b i l i d a d e
q u e i mad as na saúde humana; e aportar infor maçõ e s u r ban a, qu e é u ma das pr i o r i dade s da p a u ta d e
e e l ementos est ratégicos para a atuação na c i o n al e pl an e j ame nto das c i dade s mo de r n as . Os g es to res
e sta duai s. Pa rt i ci pam de sta iniciativa repre sentante s pú bl i co s pre c i s am e nfre ntar o de s afi o de a p res enta r
d o Mi ni stéri o d a Saúde – Vigiar (coordenação), das s o l u çõ e s para o t ráfe go de 3 ,5 mi l h õ e s d e n ovo s
se c retari as esta duais de saúde - repre sentante s do ve í c u l o s qu e, a cada an o, pas s am a c i rc u l a r p el a s v i a s
Vig i ar ou corresponde nte, e convidados. u r ban as do Paí s , al é m da frota at u al de 75 m i l h õ es .
Ca be l emb rar q ue no Brasil a coordenação da po l í t i ca A at u ação do Vi gi ar para a co n s t r u ção da A g en d a d e
d e prevençã o e combate aos incêndios fl o re s tai s mo bi l i dade u r ban a te m co mo fi n al i dade cont r i b u i r n a
e m tod o o terri tó rio nacional, incluindo ati v i dade s pro po s ta de ar t i c u l ação de pas tas da e sfe ra p ú b l i ca ,
re l a ci onad as com campanhas educativas, trein ame nto a co nve rgê n c i a de age n das para do e nte n d i m ento d a
e ca pa ci taçã o de produtores rurais e brig adi s tas , re al i dade cot i di an a, n a qu al dete r mi n ad os s er v i ço s
m o n i toramento e pe squisa é do Ministério d o Me i o pú bl i co s i nte r fe re m de fo r ma di n âmi ca e co m p l exa ,
A m b i ente (MM A), por meio do Instituto Brasil e i ro do ge ran do be n efí c i o s o u pre j u í zo s c u mu l at i vo s n o d i a a
Me i o Am bi ente e dos Re cursos Naturais Re n ováve i s di a da v i da das pe s s o as .
( Ib a ma), Cent ro Nacional de Prevenção e Co mbate
a o s Incêndi os Fl orestais (Prevfogo). E, nas Un i dade s A O PAS / O MS Bras i l re al i zo u u m t raba l h o com a
d e Conservaçã o, o órgão re sponsável pela preve n ção co l abo ração de i n s t i t u i çõ e s gove r n amenta i s , não
e co nt rol e de i ncêndios é, de sde 2 009, o I CMBi o. gove r n ame ntai s e de e s pe c i al i s tas , e nt re ou t ros ,
bu s can do pro move r u m o l h ar i nte rs eto r i al co nverg ente
di re c i o n ado a t rê s age n das de gran de rel evâ n c i a
para a s aú de pú bl i ca e para as po pu l ações u r b a n a s :
mo bi l i dade u r ban a, at i v i dade fí s i ca e qu al i d a d e d o a r.
Queimadas e incêndi o s
A co nfl u ê n c i a e ar t i c u l ação e nt re es s a s t rês
flore stais: ale rta
di me n s õ e s para a i mpl e me ntação de p o l í t i ca s
de risco sanitário e
pú bl i cas co e re nte s apre s e ntam- s e co mo u m a d a s
recome ndaçõe s para a
i n ovaçõ e s e s t raté gi cas para a pro mo çã o d o b em -
população
e s tar das po pu l açõ e s , po s s i bi l i tan do qu e rec u rs os
s e j am ot i mi zado s , pro ce s s o s de pl an e j am ento s ej a m
pote n c i al i zado s e re s u l tado s s e j am co m p a r t i l h a d o s
po r di fe re nte s s eto re s , ampl i an do, ao me s m o tem p o,
o s e u al can ce e a s u a efet i v i dade, e fo i c h a m a d o d e
“A ge n da Co nve rge nte Mo bi l i dade Su s te ntável e S a ú d e”
Queimadas e
(O R GA NI ZAÇÃO PA N- A ME R I CA NA DA SAÚ D E , 2 0 2 0) .
incêndios flore stais:
atuação da VSA. Co mo re s u l tado de u m pr i me i ro e sfo rço col a b ora t i vo
e m re u n i r ev i dê n c i as , refl et i r s o bre i mp l i ca çõ es e
pro po r L i n h as de A ção qu e fac i l i te m a com p reen s ã o
90
e ori entem os gestore s públicos municipais a at u are m Est ra té gi a de Uni d a d e Se nt i ne l a d o V i g i a r
na Ag end a Conve rgente Mobilidade Su s te ntáve l
A s “Un i dade s S e nt i n e l as do Vi gi ar ” s ã o u n i d a d es
e S aúd e, tem- se o docume nto de referê n c i a a s e r
fí s i cas e gr u po s de t rabal h o c r i ado s p a ra rea l i za r
a cessa do pel os municípios, o qual a CGVAM te m fe i to
aval i ação e pi de mi o l ó gi ca, ou s e j a, exercer uma
recomenda ções e ampla divulgação.
v i gi l ân c i a e pi de mi o l ó gi ca i nte n s i fi cad a . Co n s i s tem
e m u ma re s po s ta e m e s cal a amo s t ral d e u m a d a d a
re al i dade, pe r mi t i n do a co l eta de i nfo r m a ções co m
Estratégias e instrumentos do Vigiar
s e n s i bi l i dade para mo n i to rar u m ce r to u n i vers o d e
fe n ô me n o s . O s e s tado s e mu n i c í pi o s d evem d ef i n i r
As a ções do Vigiar incluem: qu ai s u n i dade s de s aú de farão par te da es t ra tég i a . O
91
de vel oci da de e direção do ve nto, preci pi tação, de vigilância em saúde, seus fluxos e potencialidades.
te m p era t ura e umidade do ar, oriundos de m e di çõ e s
Ne s te me s mo an o h o u ve a rev i s ão do In s t r u m ento d e
l o ca is e est i ma t i vas por se nsoriamento remoto. E s s e s
Ide nt i fi cação de Mu n i c í pi o de R i s co (I I MR ), d a p ro p o s ta
d a d os e aná l i ses, forne cem subsídios para e s t u do s
de Un i dade S e nt i n e l a para o Vi gi ar, e l ab o ra çã o d e
e p id em i ol ógi cos de doe nças re spiratórias, ca rdí acas
bo l et i n s para o Vi gi ar, e a s i s te mat i zação d a s a ções
i sq u êm i ca s, cerebrovasculare s e oftalmológicas e, n a
e at i v i dade s qu e v i n h am s e n do de s e nvo l v i d a s p el o
d ef ini çã o e execução de políticas públicas ligadas à
Mi n i s té r i o da S aú de, e m fu n ção da re o rga n i za çã o d a
sa ú de da pop ul a ção brasile ira. Para mais d etal h e s ,
e qu i pe de t rabal h o, e pro po s i ção de n ovo s d es a f i os .
co n sul tar: www. i npe.br/que imadas/sisam/v2
Ne s s e s e nt i do, o i n di cado r s o bre o " Nú m ero
de mu n i c í pi o s co m apl i cação do In s t r u m ento de
A si t ua çã o at ua l dessa e straté gia é a renovação da i de nt i fi cação de Mu n i c í pi o s de R i s co a p ol u i çã o
co o p era ção p ara a continuidade das ações. at mo sfé r i ca – I I MR " fo i i n co r po rado n o g r u p o d e
i n di cado re s do Re s u l tado E s pe rado n . º 1, d a Ma t r i z
Ló gi ca de aco mpan h ame nto do Te r mo de Coo p era çã o.
○ Ferramenta Air Q+ da OMS
O I I MR , qu e te m s u a mat r i z co m t rê s ca m p o s d e
○ Air Visual Earth 3D i nfo r maçõ e s : ge rai s , ambi e ntai s e de s aú de, p os s u i em
92
estados e Distrito Federal, por meio planilhas de Excel s aú de h u man a. També m fo i u m mo me nto d e t roca d e
disponibilizadas no Painel de Informações em Saúde ex pe r i ê n c i as acadê mi cas .
Ambiental e Saúde do Trabalhador (PISAST), sendo
També m n e s te me s mo an o de 2013 fo i rea l i za d o o
considerado um avanço, pois o IIMR era anteriormente
Cu rs o de E s pe c i al i zação e m Po l u i ção At m osfér i ca e
disponibilizado pelo FormSUS (formulário eletrônico do
S aú de Hu man a, n o fo r mato EaD (En s i n o a Di s tâ n c i a ) –
Datasus). Considerando a meta proposta pelo Ministério
Co o pe ração co m Un i ve rs i dade de S ão Pa u l o / Fa c u l d a d e
da Saúde para o cumprimento da PAVS em 2011, a
de Me di c i n a (U S P). Pú bl i co - al vo : prof i s s i on a i s de
expectativa era atingir um total de 1.185 municípios com
áre as e s pe c í fi cas da s aú de e ambi e nte. Tota l d e 40
IIMR preenchido, representando 22% dos municípios
profi s s i o n ai s capac i tado s .
do Brasil. Contudo o resultado final foi um total de
4.076 (73%) de municípios com IIMR preenchido em 25 A publicação intitulada, "Avaliação da
estados e Distrito Federal com exceção do Amapá que Morbimortalidade por Doenças Respiratórias no Brasil"
não preencheu a planilha nesse ano. com dados de 2011 e 2012 foi elaborada em 2014 para
verificar a situação das doenças respiratórias (Capítulo
Foi um m arco a elaboração e divul gação do
CID 10) no País. Apresentou dados sobre o total geral
Rel atóri o de S i t uação do I I MR em 2 012 cujo pro pó s i to,
de internações, internações de menores de 5 anos e de
a l ém de di vul g ar de forma mais ampla o res u l tado da
maiores de 60 anos, com cálculo de taxa de morbidade
a nál i se d os d ados informados no I I MR 2 011, e ra s e r v i r
para as 3 categorias, o total de óbitos por agravos
co m o um a i m portante ferramenta para a to mada de
respiratórios, além dos óbitos de menores de 5 anos e
d eci sões d a vi gilância e m saúde ambiental j u ntame nte
de maiores de 60 anos por estas causas, e calculadas as
co m out ros setore s, como de meio ambie nte, n as açõ e s
respectivas taxas de mortalidade em todos os estados
p revent i va s e corretivas, pe rmitindo inte rven çõ e s para
e no Distrito Federal. A publicação teve também como
evi tar ou mi ni mizar impactos na saúde da po pu l ação.
intuito apresentar o resultado da análise aos estados
O Ma nual d e Instruções da Unidade Sent i n e l a fo i para que possam tomar ciência da ocorrência destes
e la bora do e d isponibilizado aos e stados/mu n i c í pi o s agravos e desenvolver ações por meio da vigilância em
n o a no d e 20 1 3 , mantendo uma se quência an u al até o saúde de populações expostas a poluentes atmosféricos,
momento. S eu o bjetivo é apre sentar a ficha de co l eta com o objetivo de reduzir a morbimortalidade por
d e da dos e exp licar todos os seus campos e co mo deve doenças do aparelho respiratório.
ser rea l i za do o pre e nchimento no FormSUS.
No an o de 2014 o Mi n i s té r i o da S a ú d e/ O PAS
No a no d e 20 13 foi re alizada a ExpoAr (E x pe r i ê n c i as iniciou co m a Un i ve rs i dade E s tadu a l do Ri o de
e m Vi gi l â nci a e m Saúde de populações E x po s tas à Jan e i ro (U E R J ) a car ta aco rdo co m o título de
Pol ui ção a t m osfé rica) no pe ríodo de 07 a 8/ 8/ 2013 e m s i s te mat i zação, de s e nvo l v i me nto de tec n o l o g i a e
Bra sí l i a / D F. O eve nto foi conce bido pe lo Mi n i s té r i o da an ál i s e do s dado s do I I MR co m fi n s d e el a b o ra çã o
S aúd e e contou com a participação da OPAS, para qu e de u m pai n e l de i nfo r maçõ e s para o Vi g i a r. E n o
o s rep resenta ntes das se cretarias e staduai s de s aú de an o s e gu i nte fo i e nt re gu e co mo u m do s p rod u tos d a
a presentassem suas experiê ncias na vig i l ân c i a e m Car ta A co rdo o G u i a de i n di cado re s p a ra v i g i l â n c i a
sa úde de pop ul açõe s expostas à poluição a t mo sfé r i ca, das po pu l açõ e s ex po s tas à po l u i ção a t m osfér i ca ,
b em com o as ações tomadas por suas eq u i pe s para s e n do seu o bj et i vo au x i l i ar os prof i s s i on a i s que
red uzi r as ad versidade s locais, uma vez que a po l u i ção at u am o u po s s u am i nte re s s e n e s s a v i g i l â n c i a . Com o
a t m osféri ca é re sponsável por diversos agravo s à re s u l tado s , e s pe rava- s e co nt r i bu i r para a s i s tem á t i ca
93
u ti li za çã o de da dos nacionais, e staduais e mun i c i pai s , Cabe re gi s t rar qu e as at i v i dade s do p a i n el fo ra m
p e r m i t i ndo, a análise da evolução te mporal e /o u a i nte r ro mpi das e m 2016 .
co m pa ra çã o espa c ial com outras re alidade s, s u bs i di ar
Em 2016 h o u ve u m i nte n s o pro ce s s o de ca p a c i ta çã o
o p l anej a m ento, a ge stão e o de senvolvime nto de
para o u s o do fo r mu l ár i o Fo r mS U S e an ál i se d o s d a d os
e stratégi as e proce ssos decisórios para a preve n ção
co l etado s pe l as Un i dade s S e nt i n e l as do Vi g i a r.
d e p robl ema s rel acionados a poluição atmosfé r i ca e
sa ú de huma na. E avançar na formulação de açõ e s No ano de 2017 foi elaborado um documento com
e e st ra tég i a s, que fortale çam a promoção d a s aú de as sugestões de medidas que visem mitigar a emissão
a m b i ental e especificame nte na saúde da po pu l ação de poluentes atmosféricos no âmbito regional ou
ex p osta à pol ui çã o atmosférica. nacional, visto que existem no Brasil diversas iniciativas
de ações com o objetivo de atenuar as emissões de
No s a nos de 2 014, 2 015 e 2 016 houve i nte n s a
poluentes atmosféricos, sendo assim, esse documento
p a rt i ci p açã o no Conama e CAAP_Proconve, para
apresenta medidas já existentes, mas que ainda não
d i sc ussã o d as normativas ambientais com impac to s à
foram implantadas/implementadas concretamente no
sa ú de. Em esp eci al a revisão da CONAMA 03 / 01, qu e
pais. É fundamental também que o Vigiar nos estados
re su ltou na CO N AMA 4 91/2 018.
e municípios acompanhem os objetivos e metas de
Ta m bém em 20 1 4 houve a proposição do Pai n e l de melhoria da qualidade do ar estabelecidos no PQAr.
Info r m açã o da Vigilância e m Saúde de Po pu l ação
Em 2018, fo i pu bl i cado o l i v ro S aú de Bra s i l 2 0 1 8 ,
E xp osta a Pol ui ção Atmosfé rica, um instrume nto de
co nte n do capí t u l o e l abo rado pe l o Vi gi a r n a c i o n a l
si ste m at i za çã o e divulgação de dados, informaçõ e s e
s o bre o i mpac to da po l u i ção at mosfér i ca na
co n h eci mento sobre a poluição atmosférica e p o s s í ve i s
mo r tal i dade po r do e n ças c rô n i cas n ão t ra n s m i s s í vei s
i m p actos à saúd e, visando, de ntre outros, estabe l e ce r
n o Bras i l e m 2006 e 2016 , co m o o bj et i vo d e a va l i a r
p o ntos de p art i da para proce ssos de plane jame nto e
o i mpac to das do e n ças c rô n i cas n ão t ra n s m i s s í vei s
g e stão p ara a p romoção da saúde.
(D CNT ) dev i do à po l u i ção at mo sfé r i ca, s e g u n d o s exo
O Pai nel teve por objetivos principais: – Bras i l , 2006 -2016 . O re s u l tado apre s e ntou q u e a s
mo r te s dev i do à po l u i ção at mo sfé r i ca au m enta ra m d e
(i) Possibilitar consultas, conhecimento e análise de dados 3 8. 782 e m 2006 para 4 4 . 228 e m 2016 . A s D I C a t r i b u í d a s
e indicadores, visando o apoio à tomada de decisões e o
à po l u i ção re s po n de ram pe l o s mai o re s YL L em h o m en s
desencadeamento de ações que contribuam para melhorar a
e mu l h e re s . A FA P para D P O C at r i bu í da ao O3 n o Pa í s
situação de saúde da população.
au me nto u e m 6 2,7% n o s h o me n s e 6 1,5% e m m u l h eres .
94
fora m semp re ne gativas. Entretanto, obser varam- s e as s i m fo i po s s í ve l re l atar as at i v i dade s d e v i g i l â n c i a
a um entos em algumas UF. De stacadamente, cân ce r em s aú de de po pu l açõ e s ex po s tas à p o l u entes
d e pul m ão, DP OC e DCBV no Amapá e Pará; D I C n o at mo sfé r i co s exe c u tadas pe l o s e s tad os e alguns
A ma pá e Para ná, e m homens; e Amapá e S ão Pau l o, mu n i c í pi o s . E s s e mape ame nto fo i fu n d a m enta l p a ra
e m m ul heres. n o r te ar o s ge s to re s da v i gi l ân c i a e m s a ú d e a m b i enta l
mu n i c i pal , e s tadu al e n ac i o n al n a s i s te m a t i za çã o e
Ainda em 2018 foi elaborado o documento com Perguntas
re e s t r u t u ração daqu e l e t i po de v i gi l ân c i a .
e respostas sobre poluição do ar e saúde humana, com
o intuito de informar e conscientizar a população sobre D u rante o an o de 2020, h o u ve o p ro ces s o de
essa temática. Isso porque, atualmente a democratização fo r mu l ação do Cu rs o pi l oto de an ál i s e d e s i t u a çã o d e
da informação surge como uma relevante meta para a s aú de ambi e ntal para a v i gi l ân c i a e m s a ú d e a m b i enta l
melhoria da qualidade e a universalidade da saúde no e qu al i dade do ar re l ac i o n ada ao s i n cê n d i os f l o res ta i s .
Brasil, sendo justificável usar a comunicação em saúde O c u rs o fo i u ma i n i c i at i va co n j u nta, d a CGVA M e
como estratégia para captar a atenção dos indivíduos e da Organ i zação Pan - A me r i can a de Sa ú d e (O PAS),
facilitar a transferência de informações. i mpl e me ntado e m 2021 e m co o pe ração co m a F i oc r u z /
I CI CT, at ravé s do i n s t r u me nto Car ta A co rd o.
No ano de 2019 foi elaborado um documento com
uma sugestão de modelo de boletim informativo sobre Pú bl i co - al vo : profi s s i o n ai s da VSA / Vi g i a r, co m
poluição do ar e saúde humana, a ser elaborado pelos o total de 4 0 profi s s i o n ai s capac i tad os . Em c u rs o.
estados/municípios. O modelo contém o passo a passo E s tado s capac i tado s : A c re, A mazo n as , A m a p á , Di s t r i to
orientativo para a elaboração do boletim informativo e Fe de ral , Maran h ão, Mato G ro s s o do Su l , Ma to g ro s s o,
ainda um boletim já elaborado para exemplificar sobre Para, Ro n dô n i a, Ro rai ma, To cant i n s , e M i n i s tér i o d a
poluição do ar e saúde humana. Sua finalidade é que os S aú de. Co mo re s u l tado do c u rs o te m- s e a n ota téc n i ca
técnicos e/ ou responsáveis pelo Vigiar ou pela vigilância n ac i o n al s o bre a s i t u ação de s aú de a m b i enta l p a ra
de saúde ambiental nos estados e municípios possam a v i gi l ân c i a e m s aú de ambi e ntal e qu a l i d a d e d o a r
ser capazes de construir boletins informativos. re l ac i o n ada ao s i n cê n di o s fl o re s tai s n o Bra s i l .
95
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA
EM SAÚDE AMBIENTAL
VIGIDESASTRES
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
AMBIENTAL DOS RISCOS
DECORRENTES DE
DESASTRES
96
97
O s desast res vê m sendo pe squisado s
com preend idos no âmbito da Saúde Co l et i va
n o Paí s, com i mpactos de curto, mé dio e l o n go
e serviços de saúde. Esses fatores tendem a se constituir
numa ameaça ou perigo, podendo resultar em desastre
quando houver ruptura do funcionamento normal de um
p ra zos. Com preender e analisar a inter- re l ação sistema ou comunidade, devido aos danos e efeitos ao
e ntre esses eventos e se us impactos sobre a s aú de bem-estar físico, social, mental, econômico e ambiental
o ri e ntam a pa rt i cipação mais ativa do seto r s aú de, de uma determinada localidade.
ta m bém rel a ci onada ao dese nvolvime nto suste ntáve l ,
A ex po s i ção a e s s as ame aças o u per i g o s p od e
m u d a nça s cl i má t i cas e redução de riscos de de s as t re s .
de s e n cade ar u ma e me rgê n c i a e m s aú de p ú b l i ca . O
O ri sco é uma probabilidade de conse qu ê n c i as fo r tal e c i me nto da capac i dade de at u açã o d o s eto r
p re j ud i ci ai s ou pe rdas e speradas (morte s, l e s õ e s , s aú de e m e me rgê n c i a e m s aú de pú bl i ca po r d es a s t res ,
p ro p ri ed ad es, meios de subsistência, inter r u pção s e j am eles de o r i ge m n at u ral ou te c n ol óg i ca , é
de at i vi d ad es e conômicas ou dete rio rame nto pr i mo rdi al para re du z i r o r i s co à s aú de da p op u l a çã o
a m b iental ), resul tado de inte raçõe s entre a me aças e à pre s tação de s e r v i ço s .
d e ori gem na t ura l ou antropogê nicas e as co n di çõ e s
As e me rgê n c i as e de s as t re s provo ca m efei tos
d e vul nera bi l i da de de uma dete rminada local i dade.
di fe re nte s u ma vez qu e cada áre a afeta d a tem
Lo g o, o ri sco pod e se r determinado por uma equ ação
co n di çõ e s s o c i ai s , e co n ô mi cas , po l í t i cas , c l i m á t i ca s ,
q u e tenha m a ame aça ou pe rigo e a vulnerabi l i dade
ge o gráfi cas e s an i tár i as par t i c u l are s . Ent reta nto, os
co m o va ri á vei s principais.
efe i to s s o bre a s aú de pú bl i ca s ão s i mi l are s , u m a vez q u e
O ri sco d e d esastres faz parte do nosso di a a e nvo l ve di retame nte açõ e s de v i gi l ân c i a e a s s i s tên c i a ,
d ia e está i nt i m ame nte relacionado com a pró pr i a e o s e u re co n h e c i me nto prév i o po de p er m i t i r q u e
d in â mi ca d e desenvolvime nto das sociedades. Re s u l ta as co mu n i dade s po s s am s e pre parar p a ra ev i ta r,
d a comb i na çã o de ame aças (eve ntos naturai s o u mi n i mi zar o u e nfre ntar e s s e s r i s co s , e ai n d a fa c i l i ta r o
te c n ol óg i cos) e condiçõe s de vulnerabilida de, qu e u s o rac i o n al de re c u rs o s do s eto r s aú de. A p reven çã o, a
e nvo l vem desde a s condições de vida das pop u l açõ e s pre paração e o pl an e j ame nto da re s po s ta e m i t i g a çã o
exp ostas à s i nsuf i cie ntes capacidades ou medidas para do s i mpac to s de s s e s eve nto s s o bre a po pu l a çã o, s ej a m
re d u z i r a s conseq uências negativas. Ou se ja, o r i s co e l e s de o r i ge m n at u ral , as s o c i ado s ao s ac i d entes com
d e d esa st res envolve o pote ncial ou probabili dade de pro du to s qu í mi co s pe r i go s o s o u radi o l ó gi co - n u c l ea res
q u e a comb i na çã o entre a ocorrência de uma ame aça s ão i mpre s c i n dí ve i s e co n s t i t u e m o bj eto de a t u a çã o d a
o u p e ri g o (nat ura l ou te cnológica) e as condi çõ e s de Vi gi l ân c i a e m S aú de A mbi e ntal .
v u ln era bi l i da de resulte em óbitos, lesões, do e n ças ,
O s de s as t re s po de m afetar a s aú de d e d i vers a s
inte rrup çã o de at i vidade s econômicas, dentre o u t ro s .
fo r mas , de nt re as qu ai s s e de s tacam:
Experiências recentes têm mostrado que desastres
○ Causar um número inesperado de mortes,
de origem natural têm aumentado em intensidade e
ferimentos ou enfermidades, que podem
frequência, podendo se apresentar em qualquer região
exceder a capacidade de resposta dos
do mundo. Observa-se ainda que ameaças relacionadas
serviços locais de saúde.
a fatores antrópicos, como exposição à radiação
ionizante e acidentes com produtos químicos também ○ Afetar os recursos humanos de saúde
podem expor as pessoas a riscos e impactar a saúde, comprometendo o funcionamento da
e de forma consequente o atendimento prestado pelos estrutura local de saúde.
98
○ Danificar ou destruir a infraestrutura de ○ Provocar movimentos populacionais, em
saúde local e equipamentos podendo busca de alimentos, fontes alternativas de
alterar a prestação de serviços de água, emprego, entre outros, podendo
rotina e ações preventivas, com graves acarretar riscos epidemiológicos.
consequências no curto, médio e longo
○ Aumentar a vulnerabilidade das pessoas
prazo, em termos de morbimortalidade.
devido a uma maior exposição às
○ Destruir ou interromper os sistemas de condições climáticas.
produção e distribuição de água, bem como
Com base nisto, a redução de riscos de desastres
dos serviços de drenagem, limpeza urbana
constitui uma das funções essenciais da saúde pública.
e esgotamento sanitário, favorecendo a
No marco de proposição das Funções Essenciais da Saúde
ocorrência e proliferação de doenças.
Pública (FESP), sistematizado em 2002, e atualizado em
○ Destruir ou interromper os serviços básicos 2012 pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS),
como telecomunicações, energia, represas, a Redução do Impacto das Emergências e Desastres em
subestações e meios de transportes, Saúde envolve:
aeroportos, rodovias, oleodutos e
1. O desenvolvimento de políticas, o planeja-
gasodutos, entre outras.
mento e a realização de ações de prevenção,
○ Provocar desastres secundários que mitigação, preparação, resposta e reabilita-
podem destruir ou danificar instalações e ção para reduzir o impacto dos desastres so-
fontes fixas (plantas industriais, depósitos bre a saúde pública.
de substâncias químicas, comércio de
2. Um enfoque integral com relação aos danos
agroquímicos, armazenamento em área
e a origem de todas ou cada uma das emer-
rural) ou móveis (transporte), ocasionando
gências ou desastres possíveis na realidade
rompimentos de dutos ou lagoas de
do País; a participação de todo o sistema de
contenção de rejeitos, vazamentos de
saúde e a mais ampla colaboração interseto-
substâncias químicas ou radioativas
rial e interinstitucional na redução do impacto
oferecendo riscos à saúde humana.
de emergências ou desastres.
○ Contaminação microbiológica devido a
Em 2005, do i s marco s i nte r n ac i o n a i s n a s Na ções
alagamentos de lixões e aterros sanitários.
Un i das refo rçaram a re du ção do r i s co d e d es a s t res
○ Aumenta o risco de enfermidades psicológicas co mo fu n ção e s s e n c i al da s aú de pú bl ica . O p r i m ei ro
na população afetada. n a Organ i zação Mu n di al da S aú de (O M S), co m a
aprovação do Re gu l ame nto S an i tár i o Inter n a c i o n a l
○ Provocar a dissolução de comunidades e
(R S I ) e de po i s o Marco de A ção de Hyo go, es ta b el ec i d o
famílias geradas pela migração, desemprego,
pe l a E s t raté gi a Inte r n ac i o n al de Red u çã o d os
perda do patrimônio e mortes de familiares.
D e s as t re s (E I R D) qu e pro põ e u m co n j u nto d e a ções
○ Causar escassez de alimentos, provocando para fo r tal e ce r a capac i dade de re du çã o d o r i s co d e
a redução do consumo e trazer graves de s as t re s . E s te aco rdo de u l u gar ao Ma rco d e A çã o d e
consequências nutricionais, nos casos de S e n dai , e s tabe l e c i do e m 2015.
desastres prolongados.
99
A n í vel naci onal , os primeiros registros encont rado s ○ Modelo de atuação para a Vigilância em Saú-
d a at uaçã o na área de desastre s no âm bi to da de Ambiental associadas aos Acidentes com
v ig i lâ nci a em sa úde ambie ntal, foi entre 19 99 e 2002, Produtos Perigosos (Vigiapp).
co m a cri açã o d o Núcle o de Re spostas Rá pi das a
Em e rgênci a s Ep i d emiológicas (Nurep), no âm bi to da
○ Modelo de atuação para a Vigilância em Saú-
Fu n a sa, form ad o por uma equipe multidis c i pl i n ar
de Ambiental associadas aos Desastres Natu-
i n st i tuí da p or meio da Portaria n.º 514, de 29 de
rais (Vigidesastres).
sete m bro d e 20 0 0.
10 0
Fi g ura 27 – Organização da Vigide sastres
VIGIDESASTRES
DESASTRES DESASTRES
NATURAIS ANTROPOGÊNICOS
101
Fi g ura 28 – Etap as e fases da ge stão do risco de de s as t re s
MANEJO DO DESASTRE
TA
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SP
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O
RE IL
,
E EAB
REDUÇÃO DE RISCO RECUPERAÇÃO
R
Fonte: adaptado de Fi o c ru z, 2 0 14 .
10 2
Fi g ura 29 – E st ratégias de fortale cimento d a capac i dade do S U S para at u ação e m de s as t re s
Fortalecimento da articulação
intersetorial e interinstitucional
Definição de mecanismos para
para ESP por desastres
divulgação das informações sobre
Definição de processo de análise de
ESP por desastres
situação de saúde para desastres
Ampliação do apoio às
Fortalecimento da Secretarias de Saúde para a
capacidade de atuação do preparação e resposta a
SUS em ESP por desastres desastres
103
Fortalecimento da articulação intersetorial e esferas de gestão e, principalmente, a esfera municipal,
interinstitucional para ESP por desastres da capacidade necessária para se organizar para atuar
em emergência em saúde pública por desastres é um
dos caminhos para a redução dos danos.
At u ação do S etor Saúde e m co nsonância com a Age nd a
Inte rnacional Pós -20 15 para de sastres e mud a nça d o
G a ra nt i a da p a r t i ci pação do MS na a g en d a
clima
i nte r nac i o na l ( Me rco s ul , Una s ul e Opas)
re si li ênci a . Isso resulta na re dução dos impacto s e do s de Gestão de Riscos e Redução da Vulnerabilidade do
d a n o s à sa úde uma vez que esse setor se tor n a mai s Mercosul e Estados Associados (CIGRRV), criada a partir
de Paris, tornou-se necessário definir a nível nacional e Co mi s s ão Inte rgove r n ame ntal de S aú de A m b i enta l e
10 4
Ministério de Saúde do Chile. Sua criação realiza-se no e s pe rado s co m e s s e pl an o e nvo l ve m a ções a s erem
marco da política de contribuir com a consolidação de de s e nvo l v i das e o bs e r vadas n o s di ve rs os Pa í s es e s e
espaços de integração supranacional, tendo como objetivo apre s e nta co mo s u bs í di o n a pro po s ta de p l a n ej a m ento
a redução do risco e a resposta rápida e adequada em do Mi n i s té r i o da S aú de.
situações de desastres por meio de mecanismos que
gerem a ampliação dos recursos de saúde.
Definição de mecanismos para divulgação das
Para o perí odo de 2 017 a 2 02 2 foi elaborado o P l an o
informações sobre emergência em saúde pública por
Sul -Am eri cano de Riscos de Desastre s em S aú de qu e
desastres
co ntem pl a ações para harmonizar a p re paração
e resposta d e saúde e m situações de de s as t re s , e m
co nsonânci a com o que e stá e stabele cido n a A ge n da A divulgação das informações sobre saúde em desastres
Internaci onal de Dese nvolvime nto Pós-2 01 5. A s s i m, o que têm sido trabalhadas pelo Ministério da Saúde, é
Bra si l , com o os de mais Países que são me mbro s n o estratégica para orientar a população e profissionais de
Un asul , tem uma age nda de compromiss o s para o saúde que atuam na temática. Documentos orientadores
forta l eci mento da capacidade de atuaçã o n ac i o n al têm sido publicados e disponibilizados no site do
b em como a co operação re gional nessa tem át i ca. Ministério da Saúde, de forma a promover e proteger a
saúde de populações que podem ser afetadas, ou foram
afetadas por desastres.
Organi zação Pan-ame rican a da Saú de (Opas)
A s e gu i r, s ão l i s tado s o s do c u me nto s p u b l i ca d o s n os
O Plano de Ação para a Redução do Risco de Desastres
ú l t i mo s dez an o s s o bre a te mát i ca.
2016-2021 da Opas foi apresentado pelo Documento
CD55/XX, de 27 de junho de 2016, e trata-se de uma
referência que subsidia a atuação do Ministério da Saúde
no estabelecimento do planejamento interno para o
fortalecimento da capacidade de atuação em desastres.
105
Fo l de r o r i e ntaçõ e s p a ra o
Cartilha de orie ntação à t ratame nto i nt rado m i c i l i a r
população no período de da águ a de co n s u m o
ale rta de chuvas intens as h u man o e m s i t u ações d e
de s as t re s
Folde r prevenção de
Fo l de r Le pto s pi ro s e: o q u e
doenças infe cciosas
é e co mo preve n i r ?
respiratórias
10 6
Manutenção de estoque estratégico para atendimento Fi g u ra 3 0 – Hi s tó r i co de di s t r i bu i çã o d e k i ts d e
aos municípios atingidos por desastres me di came nto s pe l o Mi n i s té r i o da S aú d e. Per í o d o d e
2011 a 2021*
por desastres. Esses kits já passaram por reformulações Fonte: DSAST E / SVS / MS, 2 0 2 1.
para adequação às necessidades identificadas e, hoje, a (*) d a d o s p a rc i a i s.
norma vigente é a Portaria GM/MS n.º 874, de 4 de maio
de 2021, que altera a Portaria de Consolidação GM/ Ampliação do apoio às Secretarias de Saúde para a
MS n.º 1, de 28 de setembro de 2017, que dispõe sobre preparação e resposta a desastres
o kit de medicamentos e insumos estratégicos para a
assistência farmacêutica às UF atingidas por desastres.
Outra iniciativa adotada pela CGVAM foi a indução
O s k i ts de me dicamentos e insumos es t raté gi co s da criação de comitês, comissões ou organizações no
sã o comp ostos por 32 tipos de me dicame nto s e âmbito das secretarias estaduais e distrital de saúde.
16 i nsum os, e tem capacidade de atende r até 500 Tais estruturas de gestão foram pensadas para atuar
p essoa s por um pe ríodo de 3 mese s. Essa co mpo s i ção de forma oportuna, contínua e permanente. O objetivo
( i tens e qua nt i tativos) é e stabele cida conside ran do as central consiste na análise dos cenários de risco, com
n ecessi d ad es i dentificadas para assistênc i a à s aú de a identificação dos atores e das ações necessárias
d a pop ul a çã o atingida por desastre s, no âmbi to do para o território, mapeando os recursos disponíveis e
S U S, b em com o o pe ríodo previsto para a re c u pe ração necessários no setor para o atendimento de saúde, bem
d a p resta çã o dos se rviços de assistê ncia far macê u t i ca, como promovendo a articulação entre as diversas áreas
a os desab ri g ados e de salojados, com re c u rs o s da da saúde e de outros setores (defesa civil, assistência
p rópri a S ecretaria de Saúde. No período de 2011 a social, ambiental, dentre outros).
20 21 , fora m d i stribuídos 7 95 kits de med i came nto s ,
Atualmente, todas as UF possuem Comitês Estaduais
c u j a g estã o remete ao Vigidesastre s (Figura 3 0).
de Saúde em Situação de Desastres.
107
(resultantes de ameaças tecnológicas como os acidentes qu e to das as s e c retar i as de s aú de te n h am s eu s Com i tês
com produtos perigosos). Sua finalidade é organizar a i n s t i t u í do s e o s pl an o s de co nt i n gê n c i a el a b ora d os .
atuação do Setor Saúde, no âmbito estadual, com o A par t i r de e ntão, qu e a ar t i c u l ação e nt re tod os o s
intuito de consolidar e uniformizar as ações, por meio da s eto re s e nvo l v i do s e m u ma at u ação e m em erg ên c i a
proposição de medidas, que atendam os princípios do s e j a e s tabe l e c i da para a pro mo ção de u m a a g en d a
SUS, e que possibilitem a redução dos efeitos danosos fo r te de ge s tão do r i s co de de s as t re s .
ocasionados por desastres de origem natural ou
Is s o ex i ge u m co nt í n u o t rabal h o de mo n i to ra m ento
antropogênicos (decorrentes de ameaças tecnológicas)
e i n ce nt i vo para qu e s e di s c u ta a te mát i ca n a a g en d a
junto à população dos municípios. Cabe destacar que os
de gove r n an ça l o cal . Para i s s o, a di s po n i b i l i za çã o
objetivos dos comitês, podem ser listados como:
de mate r i al o r i e ntado r é e s s e n c i al para s u b s i d i a r a
at u ação l o cal .
10 8
d e Opera ções de Emergência em Saúde (CO E- S aú de
ou Coes) como mecanismo de coorde n ação da
e merg ênci a e o Siste ma de Comando de Ope raçõ e s
P l an o de Co nt i n g ên c i a
(SCO) com o ferramenta para a sua organização. Para
po r In u n dação.
a efet i va çã o d o Plano devem ser observadas as açõ e s
d escri tas nos Planos de Contingê ncia, do c u me nto s
n o rtea dores p ara atuação em eme rgências de S aú de
Púb l i ca , conforme a tipologia do evento qu e de u
o r i g em a emergê ncia.
Plano de Resposta às
P l an o de co nt i n gên c i a
Emergê ncias e m Saúde
po r age nte s Q B RN.
Pública
109
científica por meio do Projeto Multirriscos, parceria
estabelecida entre a CGVAM e o Cepedes/Fiocruz.
Guia de preparação
A pr i me i ra etapa do Pro j eto Mu l t i r r i s co teve
e respostas do setor
po r o bj et i vo re al i zar um di agn ó s t i co nacional
saúde aos de sastre s
da capac i dade de re s po s ta a de s as t res n a t u ra i s
(i n u n daçõ e s , de s l i zame nto e s e ca) e tec n ol óg i cos
(qu í mi co, radi o l ó gi co e n u c l e ar). E s s a de m a n d a teve
o r i ge m qu an do da di v u l gação, e m 2010, d o p r i m ei ro
re l ató r i o das capac i dade s bás i cas i n s tala d a s co m o
Já o G u ia de pre paração e re spo sta à eme rgê nci a c u mpr i me nto às ex i gê n c i as do Re gu l ame nto S a n i tá r i o
e m saú de pú blica po r inundação foi elaborado co m o Inte r n ac i o n al , re al i zado pe l o In s t i t u to de Saúde
o b j et i vo de nortea r a atuação das secretarias de s aú de Co l et i va da Un i ve rs i dade Fe de ral da B ahi a . Na q u el e
n o d esenvol vi mento de suas ações de pre paração e mo me nto o s re s u l tado s apo ntaram qu e o Bra s i l n ã o
re sp osta às i nundaçõe s. t i n h a capac i dade i n s tal ada para qu e o SU S a t u a s s e
e m s i t u açõ e s de de s as t re s . A par t i r de s s e d i a g n ós t i co
da Etapa 1 do Mu l t i r r i s co s , o Mi n i s té r i o da S a ú d e, p or
Guia de preparação e me i o da S e c retar i a de Vi gi l ân c i a e m S a ú d e a d otou
resposta à e mergê ncia di ve rs as me di das para a ampl i ação da s u a ca p a c i d a d e
e m saúde pública por de at u ação. D e nt re e l as , refo rço u - s e a a q u i s i çã o d e
inundação i n s u mo s e me di came nto s para e s to qu e e s t ra tég i co s ,
e s tabe l e ce u a D e c l aração de E S P I N e Fo rça Na c i on a l
do S U S, e l abo ro u o P l an o de Re s po s ta à ES P p o r
D e s as t re s e s e u s P l an o s de Co nt i n gê n c i as es p ec í f i cos ,
e m âmbi to Nac i o n al .
110
e s ta bel eci d os e apoio técnico adequado é po s s í ve l o po r t u n a e m s i t u açõ e s de de s as t re s , ta nto n a t u ra i s
q ue ca da secretaria de saúde elabore s e u pl an o qu anto te c n o l ó gi co s , co nfo r me s e u ce n á r i o d e r i s co.
d e cont i ng ênci a e se organize para atuar de fo r ma
E stab el eci da e ssa estratégia de preparação e O s re s u l tado s do Pro j eto Mu l t i r r i s cos cont r i b u í ra m
resp osta no â mbito do SUS e analisando os re s u l tado s co m o fo r tal e c i me nto da capac i dade d e a t u a çã o d a s
a l ca nçad os, i dentificou- se que é ne cessá r i o ampl i ar t rê s e sfe ras de ge s tão do S U S n o de s e nvo l v i m ento d e
a cap aci da de de alcance de sse process o. O Bras i l açõ e s e s pe c í fi cas de pre paração para res p os ta a o s
p ossui 5. 570 municípios e, de sse s, mais da metade de s as t re s , po r t i po l o gi a de o co r rê n c i a , s ej a el a d e
sã o a t i ng i d os de forma recorre nte por de s as t re s o r i ge m n at u ral o u te c n o l ó gi ca.
e nvol vend o todos os e stados brasileiros.
111
Identificação dos municípios prioritários para atuação R i s co e A pre s e ntação de Pro po s ta de Inter ven ções
do SUS frente aos desastres naturais para Preve n ção de D e s as t re s", e m de s e nvo l v i m ento
pe l a S e c retar i a Nac i o n al de Prote ção e Defes a C i v i l
(S E D EC) e m parce r i a co m o S e r v i ço G eol óg i co d o
O Brasi l , com sua dime nsão contine ntal e u ma Bras i l (CP R M). E s s e pro j eto ai n da e s tá e m a n d a m ento
fe d e raçã o comp os ta por 5 .5 70 municípios distr i bu í do s e o Mi n i s té r i o da S aú de deve tê - l o co mo b a s e p a ra
e m 27 esta dos, a identificação de áreas pri o r i tár i as o de s e nvo l v i me nto da s u a defi n i ção de m u n i c í p i os
p a ra a a t uaçã o é essencial para a defi n i ção e pr i o r i tár i o s , u ma vez qu e al é m de de s l iza m ento s e
i m p lementa çã o políticas públicas, princip al me nte i n u n daçõ e s , també m abo rda s e ca e e s t i ag em .
a q u e l a s que envol ve ge stão de risco de de sas t re s .
O e s tabe l e c i me nto de u ma rot i n a de a n á l i s e d os
No contexto d a definição de municípios prio r i tár i o s dado s e i nfo r maçõ e s para i de nt i fi car o s m u n i c í p i o s
n o Brasi l , nem todos os municípios são ating i do s po r pr i o r i tár i o s para o mo n i to rame nto do s r i s cos q u e os
d e sast res. Da dos da Secretaria Nacional de Prote ção de s as t re s po de m t raze r para a s aú de, ta nto p a ra
e D efesa Ci vi l (S ede c) apontam que e m 2 0 ano s fo ram as açõ e s de v i gi l ân c i a qu anto para as de p rom oçã o
re g i s t rad os 3 1 . 90 9 de sastres afetando a vida de mai s e ate n ção à s aú de, na pre paração, res p os ta e
d e 96 mi l hões de pessoas e obrigando que mai s de re c u pe ração do s de s as t re s .
6 m il hões de p essoas de ixasse m suas re sidê n c i as .
Co n s i derand o os impactos diretos, ou seja, aqu e l e s
o co r ri d os i m ed i a tame nte após o desastre, fo ram Definição de processo de análise de situação de saúde
re g i s t rad os qua se 3,5 mil óbitos e 49 0 mil pe ss o as qu e para desastres
f i ca ram enferm as ou fe ridas.
Pa ra a uxi l i a r esse processo, foi e stabele cido o Pro j eto ○ Doenças transmitidas por vetores
Ma p e amento " Da dos e Análise da Vulne rabi l i dade ○ Alterações no comportamento da morbidade
a D esa st res Nat urais para Elaboração de Mapas de
112
○ Alterações ambientais decorrentes de um ao reestabelecimento da prestação dos serviços de
desastre saúde e ao acesso a serviços alternativos para reduzir
o risco de exposição da população, às notificações
○ Migração ou deslocamento de populações
dos Acidentes de Trabalho no Sistema de Informação
○ Alterações da densidade populacional de Agravos de Notificação (Sinan/MS), às orientações
Esses aspectos são considerados no processo de gestão longo do tempo nos serviços de saúde.
113
○ Ampliar a articulação com redes de estudos desastres, bem como na orientação às medidas
e pesquisas envolvidas na temática e necessárias a serem adotadas no período pós-desastre.
acompanhar os seus resultados.
Para a o rgan i zação das açõ e s de re s p o s ta a o s
○ Identificar e analisar marcos legais de s as t re s , fo i re al i zada a an ál i s e da s i t u a çã o d e
de regulamentação da atividade de
s aú de pe l as s e c retar i as de s aú de, o r i e nta d a s p el o
mineração sob a ótica da Saúde Pública
D SAST E , co m o o bj et i vo de s u bs i di ar a d ef i n i çã o d e
para propor alterações (rejeitos; material
açõ e s pr i o r i tár i as , tanto de ate n di me nto i m ed i a to
particulado, dentre outros).
qu anto para as açõ e s de as s i s tê n c i a e v i g i l â n c i a
○ Realizar estudos epidemiológicos para o pó s - de s as t re, co nfo r me pre co n i zado n a a va l i a çã o d e
acompanhamento da situação de saúde
dan o s e n e ce s s i dade s de s aú de.
da população atingida.
No de s as t re o co r r i do n o mu n i c í pi o de Ma r i a n a , o
○ Identificar e estabelecer áreas prioritárias
D SAST E apo i o u a v i gi l ân c i a da qu al i dad e d a á g u a
e “população sentinela” para estudo de
longo prazo, incluindo monitoramento para co n s u mo h u man o co m s u bs í di o l a b ora to r i a l
biológico e ambiental. para a re al i zação de an ál i s e s de metai s e p a râ m et ros
fí s i co - qu í mi co s , de fo r ma co mpl e me ntar à s a çõ es
○ Definir população “atingida”, conforme
de s e nvo l v i das n o s e s tado s de Mi n as G era i s e d o
objetivo do estudo (efeito imediato,
E s pí r i to S anto, n o i nt u i to de au x i l i ar n a ava l i a çã o d a
mediato e longo prazo) com ou sem nexo
causal; incluindo risco adicional. qu al i dade da águ a t ratada qu e e s tá s e n do d i s t r i b u í d a
para a po pu l ação.
○ Monitorar a população potencialmente
exposta, que tiveram seu modo de A l é m di s s o, e m deze mbro de 2015, o D SAST E env i ou
vida alterado, incluindo comunidades O fí c i o para as S e c retar i as de S aú de do s es ta d o s d e
tradicionais, extrativistas, dentre outras). Mi n as G e rai s e E s pí r i to S anto, co m o r i e nta çõ es d e
114
E speci f i camente e m re lação ao desastre n o mu n i c í pi o
de Brum ad i nho foram re alizadas as s e gu i nte s
a ções: a va l i ação e monitorame nto da expo s i ção do s
t raba l ha dores envolvidos nas atividades d e bu s ca e
resg ate dos d esapare cidos; análise de dad o s da l ama
d e rej ei tos, d a qualidade da água para co n s u mo
h u m ano e dos agravos à saúde a partir das an ál i s e s
n o s ba ncos de dados disponíve is após u m an o do
d esa st re em Brumadinho; e a realização de e s t u do
d e a val i a çã o de risco à saúde humana, u t i l i zan do
co m o p remi ssa a metodologia da Age ncy fo r Tox i c
Substa nces a nd Disease Registry (ATSDR), do Ce nte r
for Di sea se Control and Prevention (CDC), n o s E s tado s
Un i d os, com adaptações à realidade da re gi ão
a t i ng i d a. Al g umas informações sobre o e nvo l v i me nto
i medi ato d o Ministé rio da Saúde no desas t re da Val e
p odem ser obt i das no Boletim Epidemiológi co E s pe c i al
– Um a no do d esastre da Vale.
115
EMERGÊNCIAS EM
SAÚDE PÚBLICA
116
“ N os ú lt i mos anos s ão c ada vez mais cre sce nte s as e me r gê ncias e m s aúde públ ic a que
t i v e mos q u e e nf r e ntar tanto no nív e l lo c al , nacio nal , re gio nal o u glo bal . Também é
v er da d e q u e , c ada ve z mai s, aume ntamos o nosso co nh e cime nto po r me io das l ições
a p r end i das o bs e rvadas ap ós a re s posta a c ada e me r gê ncia . E po r isso, pre cis amos d e
p r o g r amas e d e partame ntos d e e me r gê ncias q ue s e jam fo rte s, com c apacidade de aprend er
d o pass ad o par a e nf r e ntar os d e s afios do futur o. Nunc a ante s s e avanço u tanto como
nos últ i mos 10 anos na ár e a d e e me r gê ncia do Ministé rio da S aúde . Não some nte pelo
q ua n ti tat i vo d e Ce n t r os d e Info rmaçõ e s Estraté gic as e m Vigil ância e m S aúde (Cievs)
f u n c i o nand o e m to d o o t e r r i tó r io nacio nal , mas pe lo pape l fundame ntal
q u e o De partame nto d e Eme r gê ncias te v e na co nstruç ão de
c a pac i da d e s, na art i c u l aç ão com se to re s para o po rtunizar re s postas
co o r d enadas, como tamb é m na i mpl e me ntaç ão dos cinco e l e me ntos
d e m a ne j o d e e me r gê n c i a: aval i aç ão de risco, pre v e nç ão e mitigaç ão,
p r e par aç ão, r e s p osta e re cupe raç ão.“
Dra. Maria Almiron
Op as - Brasil
117
emergências e desastres estão o Acordo de Paris para O po nto fo cal n ac i o n al para o R S I é a S ec reta r i a d e
mudança do clima, o Marco de Sendai e os Objetivos do Vi gi l ân c i a e m S aú de do Mi n i s té r i o da S aú d e.
Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Marco de S e n dai para a Re du ção d o Ri s co d e
E sses m arcos internacionais apontam para a D e s as t re s (2015-203 0) te m po r o bj et i vo p reven i r
n e ce ssi d ad e de os Países investire m na ado ção de n ovo s r i s co s e re du z i r o s r i s co s ex i s te nte s p or m ei o d a
m e d id as q ue a m pl ie m o potencial de atuação o po r t u n a i mpl e me ntação de me di das i nte grado ras e i n c l u s i va s
p o r m ei o do d esenvolvimento de capacidade s bás i cas e m n í ve l e co n ô mi co, e s t r u t u ral , l e gal , s o c i a l , d a s a ú d e,
p a ra preveni r, se pre parar, re sponder e se recu pe rar de c u l t u ral , e du cac i o n al , ambi e ntal , te c n o l ó g i co, p ol í t i co
u m a emergênci a ou desastre. O foco é reduzir o r i s co, e i n s t i t u c i o n al , para preve n ção e re du ção d a ex p os i çã o
ta nto p or mei o de ações preventivas e de preparação a pe r i go s e v u l n e rabi l i dade s a de s as t re s , a u m enta r
q u a nto p or m ei o d e resposta e recuperação adequ adas . o grau de pre paração para re s po s ta e rec u p era çã o
e as s i m refo rçar a re s i l i ê n c i a. Para i s s o, es ta b el ece
O Reg ul a m ento Sanitário Inte rnacional (RSI ) te m po r
qu at ro pr i o r i dade s de ação e m n í ve l l o ca l , n a c i on a l ,
o b j et i vo m el horar a capacidade dos Paíse s de d ete c tar,
re gi o n al e gl o bal s ão :
a va li ar, not i f i car e inte rvir perante eve ntos que po de m
a p re sentar ri scos de propagação internacio n al n o
i nt u ito d e p reveni r, prote ge r, controlar e dar re s po s ta
○ Ampliar a percepção sobre risco de desastres.
d e saúd e púb l i ca contra a propagação de doe n ças e
a g ravos. O Brasi l , como País signatário, tem de nt re as ○ Fortalecer a governança na gestão do
su a s resp onsab i l i dade s: risco de desastres;
118
a col eta , a nál i se e apre sentação de informaçõ e s para da S aú de, 5 de c l araçõ e s de Eme rgê n ci a s em S a ú d e
sub si d i a r a a doção de me didas para pre paração e Pú bl i ca de Impo r tân c i a Inte r n ac i o n al – ES P II, confo r m e
resp osta à s emergê ncias e de sastres. pre co n i za o Re gu l ame nto S an i tár i o Inter n a c i on a l . No
Bras i l , de s de 2011 o bs e r va- s e o h i s tó r ico d e g ra n d es
A crescente d emanda sobre os se rviços de s aú de, e m
de s as t re s cau s ado s po r de s l i zame nto s , rom p i m entos
d ecorrênci a d a ocorrência de e mergê ncias e m s aú de
de bar rage n s e e pi de mi as , al é m da Pa n d em i a p o r
p úbl i ca (E S P), tem exigido inúmeros esfo rço s do s
cov i d-19 qu e afeta o mu n do i nte i ro (F i g u ra 3 1 ) .
Paí ses na gestão dos riscos às ESP. De sde 2009 até o s
d i a s de hoj e, j á foram feitas pe la Organização Mu n di al
TERRORISMO – EUA
2001
World Trade Center
EPIDEMIA – CHINA
2002
SARS CORONAVÍRUS
DESASTRE – FRANÇA
2003
Onda de Calor
DESASTRE – ÍNDIA
2004
Tsunami
DESASTRE – EUA
2005
Furacão Katrina
DESASTRE – EUA
2006
Derramamento de Óleo Alasca
Publicação do
2007
Regulamento Sanitário Internacional
CONTAMINAÇÃO – CHINA
2008
Leite com Melamina
1ª ESPII – MÉXICO
2009
H1N1
DESASTRE – HAITI
2010
Terremoto
DESASTRE – JAPÃO
2011
Acidente nuclear Fukushima
MERS-COV
2012
Coronavírus
EPIDEMIA – CARIBE
2013 CONTAMINAÇÃO
Chikungunya 2ª ESPII 3ª ESPII
Oriente Médio Oeste da África FRANÇA
2014
Poliovírus selvagem Ebola Próteses Mamárias
DESASTRE EPIDEMIA – BRASIL
2015
BRASIL Zika Vírus 4ª ESPII
Américas
Mariana 2016
Zika Vírus e SZC
EPIDEMIA – BRASIL
2017
Febre Amarela
EPIDEMIA – BRASIL
2018
Sarampo
DESASTRE – BRASIL
2019
Brumadinho 5ª ESPII
Covid-19
2020
Coronavírus
119
A Resol uçã o N. º 5 88, de 12 de julho de 2 018 , t raz o Mi n i s te r i al G M/ MS N. º 2. 952, de 14 de dezem b ro d o
co n cei to de Em ergê ncia em Saúde Pública (ESP) co mo me s mo an o (F i gu ra 3 2).
si tu açã o que dem ande o emprego urge nte de me di das
D e s s a fo r ma, n o co ntex to das e me rgê n c i as b ra s i l ei ra s
d e p revençã o, controle e conte nção de riscos, dan o s e
e co m o apr i mo rame nto da at u ação do Vi g i d es a s t res ,
a g ravos à sa úde pública.
di s co r r i do n o capí t u l o ante r i o r, a SVS p erceb eu a
A s ações d e vi g i lância e pidemiológica adotadas n o n e ce s s i dade de s e apr i mo rar ai n da mai s o s p ro ces s o s
â m b i to do S i stem a Único de Saúde (SUS) e nco nt ram- de ge s tão das e me rgê n c i as e m s aú de pú b l i ca .
se p revi sta s na Lei 8.080/90 que, de acordo co m o ar t.
S a b e - s e q u e u m a a t u a çã o f ra g m e n ta d a , q u a n d o s e
6 º , § 2º, comp reen de m as
a b o rd a a re s p o s ta a e m e rg ê n c i a s e p i d e m i o l ó g i ca s
ações que proporcionam o o u d e s a s t re s , c u l m i n a n o e m p re g o d e m a i s re c u r s o s
conhecimento, a detecção ou d o q u e s e r i a n e ce s s á r i o e a i n d a n o r i s co d e u m
prevenção de qualquer mudança re s u l ta d o i n s a t i s fa tó r i o.
nos fatores determinantes e
Diante dos fatos mencionados acima, no ano de 2018,
condicionantes de saúde individual
o DSASTE propôs à SVS, um projeto de reestruturação
ou coletiva, com a finalidade de
da atuação das áreas técnicas desta secretaria para
recomendar e adotar as medidas
harmonização das ações e a ampliação da capacidade
de prevenção e controle das
de atuação do SUS em emergências epidemiológicas
doenças ou agravos.
e desastres. No ano de 2019, houve a estruturação da
Coordenação-Geral de Emergências em Saúde Pública, no
agora denominado Departamento de Vigilância em Saúde
REESTRUTURAÇÃO DA SECRETARIA DE Ambiental, do Trabalhador e Vigilância das Emergências
VIGILÂNCIA EM SAÚDE PARA ATUAÇÃO EM em Saúde Pública, publicado no Decreto n . º 9.795/2019.
sa ú de. Nesse contexto, no âmbito do SUS, é e s pe rado à Co o rde n ação - G e ral de Eme rgên c i a s
Sa ú de e i nst i t ui çõe s parce iras quando um eve nto i mpac to s à s aú de h u man a de co r re ntes d e
120
Fi g ura 32 – Ti p o logias de e mergê ncias e m s aú de, co nfo r me o D e c reto n . º 7.6 16 / 2011
Apresente risco de disseminação Evento que configure Situação de Evento que, devidamente reconhecido
nacional emergência ou Estado de Calamida- mediante a decretação de situação
Seja produzidos por agentes infeccio- de Pública reconhecido pelo Poder de emergência ou calamidade
sos inesperados Executivo Federal e que implique pública pelo ente federado afetado,
Represente a reintrodução de doença coloque em risco à saúde dos
atuação direta na área de Saúde
erradicada cidadãos por incapacidade de
Pública;
Apresente gravidade elevada resposta das direções estadual,
Evento que supere a capacidade de
Extrapole a capacidade de resposta distrital e municipal do SUS.
resposta do nível local.
da direção estadual do SUS
121
e m e rgênci a s em saúde (Figura 33). Na dete cção de aval i ação de mu dan ça do s ce n ár i o s da s d o en ça s ,
p ote nci ai s eventos de eme rgência e m saúde re al i za agravo s para e mi s s ão de al e r ta e co mu n ica çã o a t i va
a ident i f i ca çã o i mediata de potenciais ame aças , co m a Re de Ci evs , ge s to re s e P F R S I do s Pa í s es e O M S .
a t u a n do 24/ 7/ 3 65, por meio da adoção de intel i gê n c i a
e p id em i ol ógi ca, que oportuniza a captura de r u mo re s ,
Identificação imediata
Informação-
de potenciais ameaças,
ação-resposta
24/7/365
MONITORA-
Inteligência DETECÇÃO MENTO E
Planos de Respostas
epidemiológica DE EVENTOS RESPOSTA
REDE
CIEVS
Tempo de verificação VERIFICAÇÃO, COMUNICA- Emissão de alertas
oportuna AVALIAÇÃO DE ÇÃO DE nacionais e internacionais
EVENTOS RISCO
122
E ssas est rut uras são essenciais na oportu n i dade de ○ Capacitar os profissionais na construção dos
d etecçã o de al teração no padrão epide mio l ó gi co para seus fluxos de notificação, elaboração e ma-
a s doença s e agravos de notificação co mpu l s ó r i a, nutenção dos sistemas de busca ativa e passi-
p oi s são espaços altame nte e specia l i zado s e va, investigação e monitoramento.
e s t ra teg i ca m ente localizados para essa dete cção.
○ Capacitar os profissionais na organização do
E st udos i ndi cam que e ssas unidades são capaze s
processo de trabalho integrado aos setores
d e a nteci p ar de duas a três se manas o al e r ta de
estratégicos da unidade hospitalar e aos de-
o corrênci a d e doe nças e agravos num dad o te r r i tó r i o.
mais setores externos ao ambiente hospitalar.
No âmb i to d o Termo de Cooperação n.º 6 9/ 2011, fo i
○ Desenvolver metodologia que permita o trei-
rea l i zad o o I S i mulado Nacional de Surtos e m âmbi to
namento dos profissionais dos NHEs em de-
Hosp i ta l a r, cuj o objetivo primordial foi o tre i n ame nto
tectar e responder imediatamente e adequa-
d e col ab orad ores da Renaveh de todas as 26 U F e o
damente eventos de saúde pública no âmbito
Dist ri to Fed era l . A intenção do treiname nto e m ce nt ro s
hospitalar.
d e si mul açã o realística dos colaboradores d a Re n ave h
foi escl arecer e de senvolve r o conhecime nto e a prát i ca Pú bl i co - al vo : co o rde n ado re s e ap o i a d o res dos
d a Vi g i l ânci a Epidemiológicas e m âmbito Ho s pi tal ar NH E qu e de s e mpe n h am as at i v i dade s d e v i g i l â n c i a
( V E H), tend o por objetivos espe cíficos: e pi de mi o l ó gi ca h o s pi tal ar n o s h o s pi ta i s v i n c u l a d os
à Re n ave h . Para e s ta at i v i dade, fo ram co nt ra ta d o s ,
també m n o âmbi to do TC, profi s s i o n a i s q u a l i f i ca d o s
○ Capacitar os profissionais das NHEs na res- para exe c u ção, aco mpan h ame nto e d el i n ea m ento
posta imediata a eventos de âmbito hospita- do s e s t u do s de cas o a s e re m t ratado s d u ra nte s u a
lar. exe c u ção. O s e s t u do s de cas o e nvo l ve ra m os s eg u i ntes
cas o s : di fte r i a, s rag, me n i n gi te e s aram p o.
Estabelecer a Rede
de Núcleos Hospitalares
Realizar Investigação e busca Epidemiológicos, por meio de
Fortalecer a RENAVEH com
ativa de Doenças e Agravos de Unidades Sentinela, para apoiar
Unidades Sentinelas
Notificação Compulsória na detecção, monitoramento e
resposta imediata às
potenciais ESP
123
Eq u i p es de Pronta Resposta: Pro grama de Tre in am e nto A s e qu i pe s de pro nta re s po s ta s ão co n s t i t u í d a s p o r
e m Epidemiologia de Campo – EpiSUS profi s s i o n ai s al tame nte qu al i fi cado s , co m co m p etên c i a
para i nve s t i gação de campo de eve nto s d e s a ú d e
pú bl i ca qu e po s s am ge rar s i t u ação de pe r ig o i m i n ente
O programa de Treinamento em Epidemiologia de
à s aú de o u s i t u ação de e me rgê n c i a e m s aúd e p ú b l i ca .
Campo – Field Epidemiology Training Program (FETP),
D e s s a man e i ra, a qu al i fi cação de s s as e qui p es d á - s e,
foi implantado pelo Centers for Disease Control
pr i n c i pal me nte, po r me i o do Pro grama de Trei n a m ento
and Prevention (CDC) para atender as crescentes
e m Epi de mi o l o gi a A pl i cada ao s S e r v i ço s d o S i s tem a
necessidades de investigar doenças infecciosas e outros
Ún i co de S aú de (Epi S U S), qu e é ofe r tado e m n o s s eu s
eventos de saúde pública nos Estados Unidos, bem como
t rê s n í ve i s , co m di fe re n ças e nt re aprofu n d a m ento d e
fortalecer a capacidade de resposta rápida e eficaz
co nte ú do, e te mpo de de di cação.
às ameaças de saúde, através de um treinamento de
epidemiologia de campo, fornecendo habilidades aos O Epi S U S fu n dame ntal , n a bas e da pi râm i d e, p o s s u i
seus treinandos, na coleta, análise e interpretação de a du ração de t rê s me s e s . A o fi n al do c u rs o, n o s
dados de maneira a embasar com evidências concretas ú l t i mo s mó du l o s o t re i n an do t rabal h a n a p ro d u çã o
a tomada de decisões sobre o evento investigado. No de re l ató r i o s té c n i co s de v i gi l ân c i a e m s a ú d e, com
mundo, até março de 2021, 86 Países e um total de bas e n a s u a pro po s ta de i nve s t i gação e a n á l i s e d e
75 programas são membros do Training Program in dado s re al i zada du rante o pe r í o do te ó r i co. O Ep i S U S
Epidemiology and Public Health (TEPHINET) global. i nte r me di ár i o po s s u i 56 4 h o ras , co m a du ra çã o d e 8
me s e s e é ofe r tado e m n í ve l de e s pe c i al iza çã o. Já o
No Brasi l , a est ratégia é o Programa de tre iname nto
Epi S U S avan çado é 100% pre s e n c i al , co m d ed i ca çã o
em ep i d emi ol og i a aplicada aos se rviços do SUS
i nte gral de 2 an o s (F i gu ra 3 5). O prof i s s i on a l é
( Ep i SUS), ond e se us profissionais tre inan do s e
fo r mado co mo e pi de mi o l o gi s ta de cam p o e p od e
su p e rvi sores, com põe as equipes de pronta- re s po s ta
co mpo r o s gr u po s de e s pe c i al i s tas para rea l i za r a p oi o
p a ra a i nvest i g ação de surtos. Para compo r e s s as
n as i nve s t i gaçõ e s de campo, qu an do n e ces s á r i o.
e q u i pes, os p rof i ssionais passam por 3 n í ve i s de
fo r m açã o, com base na oferta dos cursos. São e l e s : Fi g u ra 3 5 – Ní ve i s do Epi S U S
o Ep i S US f und ame ntal, o EpiSUS inte rmediár i o e o
Grupos de
Ep i SUS a vança do (Figura 35 ). A e stratégia bras i l e i ra,
Resposta
co m o out ras no mundo, possui um conceito pi rami dal Equipe
EpiSUS multiprofissional
d e trei namento e um nível de e specialistas, mante n do
Avançado
u m a est rut ura essencialme nte prática, e todos p o s s u e m 2 anos
EpiSUS
Dedicação
a p roxi m ad amente 75 % da sua carga horária de di cada Exclusiva
Intermediário
8 meses
à s a ti vi da des de campo (Figura 35 ). A e straté gi a de 544 horas
fo r m açã o dos G rupos e specializados de Res po s ta à
E S P – no topo d a e straté gia piramidal, cons i s te e m
u m a i nova çã o p ro posta no Brasil em 2 02 1, o n de o
o b j et i vo é reuni r os e gressos das turmas do Epi S U S EpiSUS
p a ra com por uma re de de e quipe s de pronta re s po s ta Fundamental
3 meses
m u lt i p rof i ssi ona l para atuar em diversas situaçõ e s de 180 horas
1 24
O Programa de Fo rmação e m Eme rgências e m Sa úd e A s fo r maçõ e s fo ram defi n i das co m i n i c i a t i va s em
Pública – Profe sp c u r to, mé di o e l o n go prazo, s e n do d es envol v i d a s
em fo r mato à di s tân c i a e pre s e n c ia l . Os c u rs o s
s ão grat u i to s e a ce r t i fi cação s e rá rea l i za d a p el a
Visando preparar os profissionais de saúde que atuam
S e c retar i a de Vi gi l ân c i a e m S aú de (SVS) d o M i n i s tér i o
diretamente ou indiretamente em Emergências em
da S aú de (MS). A pro du ção de s te s c u rs o s , b em co m o
Saúde Pública, buscando a melhoria da capacidade
a e s t r u t u ração da pl atafo r ma qu e o s al b erg a , ta m b ém
de detecção, verificação, avaliação, monitoramento,
t i ve ram apo i o pe l o Te r mo de Co o pe raçã o n . º 6 9 / 2 0 1 1 ,
comunicação de risco imediata, e resposta adequada
n a v i abi l i zação de co nt ratação de profi s s i o n a i s p a ra o
e integrada às emergências em saúde pública, no ano
s e u de s e nvo l v i me nto, be m co mo de prof i s s i o n a i s q u e
de 2020 foi estabelecida a proposta de Programa de
at u am n a mo n i to r i a, t u to r i a e co nte u di s ta s d o s c u rs o s .
Formação em Emergências em Saúde Pública (Profesp).
As fo r maçõ e s de ensino à di s tâ n c i a fo ra m
Essa iniciativa surgiu para compartilhar e atualizar
de s e nvo l v i das adotan do o fo r mato au to i n s t r u c i o n a l e
conceitos, metodologias e as melhores práticas para o
co m t u to r i al pe r mi t i n do qu e o s profi s s i o n a i s p o s s a m
fortalecimento e ampliação das ações de vigilância,
par t i c i par do s c u rs o s , n o me l h o r mo m ento ou co m
alerta e resposta aos profissionais envolvidos na vigilância
c ro n o grama pré - defi n i do, para re al i za rem os c u rs o s
relacionada às emergências em saúde em consonância
ofe r tado s . O s c u rs o s au to i n s t r u c i o n ai s p os s i b i l i ta rã o
com a Política Nacional de Vigilância em Saúde.
al can çar u m n ú me ro mai o r de profi s s i o na i s e for m a çã o
O s ob j et i vos espe cíficos do Programa de Fo r mação co nt i n u ada. O s c u rs o s co m t u to r i a s ão ofer ta d os a o
e m Em erg ênci as em Saúde Pública incluem : l o n go do an o, co m mo me nto s s í n c ro n o s e a s s í n c ron o s .
O s mo me nto s s í n c ro n o s e nvo l ve m at i v i da d es m ed i a d a s
po r fac i l i tado re s de apre n di zage m d i s t r i b u í d a s em
○ Compartilhar os conhecimentos básicos em e n co nt ro s pré - defi n i do s . O s mo me nto s a s s í n c ron o s
emergências em saúde pública (ESP). e s tão di s t r i bu í do s co nfo r me a di s po n i b i l i d a d e d os
al u n o s . O s co nte ú do s e s tarão di s po n í ve i s to d o s o s d i a s
○ Aprimorar o conhecimento da dinâmica
da s e man a, 24 h o ras , l o go o s par t i c i p a ntes p o d erã o
da gestão das ESP, que inclui a respos-
pl an e j ar s u a rot i n a de e s t u do s da fo r ma q u e a c h a rem
ta, reabilitação, reconstrução, mitigação,
mai s co nve n i e nte.
prevenção e resposta.
A e l abo ração do s co nte ú do s de fo r m a çã o p a r te
○ Elaborar Planos de contingência relacionados
de refe rê n c i as bi bl i o gráfi cas di s po n í vei s , a l ém d e
com riscos, mitigação e resposta.
refe rê n c i as i nte r n ac i o n ai s co mo a Org a n i za çã o
125
e n si n o e a prendizage m favore cendo uma po s t u ra Cu rs o B ás i co de Vi gi l ân ci a Epi dem i o l ó gi ca Ho s p i ta l a r
c r í ti ca ref l exi va durante a re alização dos curso s .
126
A plataforma ColaboraDSASTE é um grande avanço na
disponibilização de treinamento para todos os profissionais
de saúde que atuam nas áreas de Vigilância em Saúde
Ambiental, Saúde do Trabalhador e Emergências em
Saúde Pública. O objetivo é capilarizar conhecimentos,
práticas e saberes em um espaço colaborativo e de livre
acesso aos profissionais do SUS. É esperado que este
espaço forneça treinamento e informações que possam
impactar nos processos de trabalho dos profissionais
contribuindo para a institucionalização e aprimoramento
das práticas da vigilância em de forma integrada à rede
de serviços de saúde nas suas localidades onde atuam
e, em última instância, que estas práticas qualificadas
possam melhorar, em alguma medida, a saúde da
população brasileira. Em total atenção ao princípio
da descentralização do SUS, os cursos e conteúdos
seguem a orientação de serem disponibilizados em
formato que qualquer unidade de gestão do SUS, seja
estadual ou municipal, a qualquer tempo, dentro do seu
planejamento, possam organizar turma locais e aprimorar
os conhecimentos de seus profissionais de saúde.
127
SAÚDE DO
TRABALHADOR
HISTÓRICO, NORMATIVAS E POLÍTICA
129
D o i s a n o s d e p o i s , a Le i Fe d e ra l n . º 8 .0 8 0 / 9 0, a Le i s e nvo l v i me nto de di fe re nte s abo rdage n s p a ra t ra ta r a
O rg â n i ca d a S a ú d e , d e f i n i u a s a ú d e d o t ra b a l h a d o r co mpl ex i dade do s at u ai s pro bl e mas de s aúd e n o Pa í s .
co m o u m
A Po r tar i a n . º 3 . 908 de 1998 e s tabe l e ce os p roce-
di me nto s para o r i e ntar e i n s t r u me ntal i zar a s a çõ es e
13 0
O s C e n t r o s d e R e f e r ê n c i a e m S a ú d e d o Tr a b a l h a d o r d e v e m s e r c o m p r e e n d i d o s c o m o p o l o s i r-
radiadores, no âmbito de um determinado território, da cultura especializada subentendida na
r e l a ç ã o p r o c e s s o d e t r a b a l h o / p r o c e s s o s a ú d e /d o e n ç a , a s s u m i n d o a f u n ç ã o d e s u p o r t e t é c n i c o
e científico, deste campo do conhecimento. Suas atividades só fazem sentido se articuladas
aos demais serviços da rede do SUS, orientando-os e fornecendo retaguarda nas suas práticas,
de forma que os agravos à saúde relacionados ao trabalho possam ser atendidos em todos os
níveis de atenção do SUS, de forma integral e hierarquizada. Em nenhuma hipótese, os CRST
poderão assumir atividades que o caracterizem como porta de entrada do sistema de atenção.
Este suporte deve ainda se traduzir pela função de supervisão da rede de serviços do SUS, além
d e c o n c r e t i z a r- s e e m p r á t i c a s c o n j u n t a s d e i n t e r v e n ç ã o e s p e c i a l i z a d a , i n c l u i n d o a v i g i l â n c i a e
a formação de recursos humanos.
Po r tar i a n . º 1 .67 9 / 2 0 0 2
1 31
trabalhadores, envolvendo a promoção de ambientes fo r m a e fe t i va n a p re s e r va çã o d o s d i re i to s s o c i a i s e d e
e processos de trabalho saudáveis, o fortalecimen- a çõ e s q u e g a ra n ta m s a ú d e , s e g u ra n ça e a m b i e n te s
to da vigilância de ambientes, os processos e agra- d e t ra b a l h o s a u d á ve i s .
vos relacionados ao trabalho, a assistência integral à
Em 2012 foi instituída a Política Nacional de Saúde
saúde dos trabalhadores e a adequação e ampliação
do Trabalhador e da Trabalhadora PNSTT (Portaria n.º
da capacidade institucional; a articulação intra e in-
1.823, de agosto de 2012). A PNSTT têm como finalidade,
tersetorial; o apoio a pesquisa e desenvolvimento de
a definição de princípios, diretrizes e as estratégias a
capacitações e recursos humanos, bem como a parti-
serem observados pelas três esferas de gestão do SUS
cipação da comunidade da gestão das ações de ST e
para “o desenvolvimento da atenção integral à saúde do
estruturação da Rede de informações em ST (BRASIL,
trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a pro-
2005c). Neste mesmo ano, a Renast foi ampliada tendo
moção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a re-
como principal objetivo a integração a rede de serviços
dução da morbimortalidade decorrente dos modelos de
do SUS, voltados à assistência, vigilância e desenvolvi-
desenvolvimento e dos processos produtivos”, a partir da
mento das ações de Saúde do Trabalhador.
identificação de trabalhadores e grupos vulneráveis por
Em 20 0 9, a p ortaria n . º 2 .7 2 8 trouxe nova am pl i ação meio de análise da situação de saúde do trabalhador.
d a Renast, p el a necessidade de ade quação a o Pac to
Pe l a Vi d a e em D efesa do SUS. Desde então, a Re n as t
p a ssou a i nteg rar a re de de serviços do SUS, po r me i o Para o SUS, a definição de trabalhador(a)
d e Cent ros d e Refe rência em Saúde do Trab al h ado r é: “homens e mulheres, independentemente
(Ce re st ) (G O ME Z; VASCONCELLOS; MACH ADO, 2018), de sua localização, urbana ou rural,
co m g estã o d a Coorde nação de Saúde do Trab al h ado r de sua forma de inserção no mercado
(Co sat ). Ai nd a em 2 009, a COSAT passou a inte grar a de trabalho, formal ou informal, de seu
e strut ura da S ecretaria de Vigilância em Saúd e co m a vínculo empregatício, público ou privado,
e strut uraçã o d o DSAST, passando a ser deno mi n ada assalariado, autônomo, avulso, temporário,
de Coordenaçã o-Ge ral de Saúde do Trab al h ado r cooperativados, aprendiz, estagiário,
(CG SAT), com sua s competências e açõe s estabe l e c i das doméstico, aposentado ou desempregado."
n a Portari a G M / MS n° 3.2 5 2 /2 009, posterio r me nte
su b sti t uí da pel a Portaria GM/MS n.° 1.378/2 013 .
Mai s re ce nte me nte, e m 2018, a Po l í t i ca Na c i o n a l d e
A CG S AT é re s p o n s á ve l p e l a : i . fo r m u l a çã o e i m p l a n -
Vi gi l ân c i a e m S aú de e s tabe l e ce u o co n ce i to d e Vi g i -
ta çã o d a s p o l í t i ca s e s ta b e l e c i d a s d e fo r m a p a r t i c i p a -
l ân c i a e m S aú de do Trabal h ado r e Trabal h a d o ra :
t i va e d e m o c rá t i ca p e l o C o n s e l h o Na c i o n a l d e S a ú d e ;
i i . i m p l e m e n ta çã o d a s re s o l u çõ e s d a s C o n fe rê n c i a s
Na c i o n a i s d e S a ú d e d o Tra b a l h a d o r, e m co o p e ra çã o conjunto de ações que visam
co m o s e s ta d o s e m u n i c í p i o s ; e i i i . n o r m a t i z a çã o d a promoção da saúde, prevenção
da morbimortalidade e redução
á re a d e S a ú d e d o Tra b a l h a d o r. Te m p o r m i s s ã o i n s t i -
de riscos e vulnerabilidades na
t u c i o n a l co o p e ra r co m o s e s ta d o s e m u n i c í p i o s n a ca - população trabalhadora, por
p a c i ta çã o té c n i ca d e g e s to re s , p ro f i s s i o n a i s d a re d e meio da integração de ações que
intervenham nas doenças e agravos
d e s e r v i ço s d o S U S e d e p rove r o s m e i o s p a ra ca p a -
e seus determinantes decorrentes
c i ta r o s m e m b ro s d o C o n t ro l e S o c i a l , d a s o c i e d a d e dos modelos de desenvolvimento, de
o rg a n i za d a e d a p o p u l a çã o e m g e ra l p a ra a t u a r d e processos produtivos e de trabalho.
13 2
A P N STT preconiza garantir a inte gralidad e n a ate n - de do t rabal h ado r n a as s i s tê n c i a e n as es t ra tég i a s e
ção à sa úde do trabalhador, que pressupõ e a i n s e r- di s po s i t i vo s de o rgan i zação e fl u xo s da red e.
ção d e ações de saúde do trabalhador em to das as
Para fo r tal e c i me nto da Re n as t, a P NST T p rop õe q u e
i n stâ nci a s e p o ntos da Re de de Ate nção à S aú de do
s e j am re al i zadas açõ e s de ST, n o te r r i tó r i o co r res p on -
S U S, medi ante articulação e construção co n j u nta de
de nte, e m cada n í ve l de ate n ção :
p rotocol os, l i nha de cuidado e matriciamento da s aú -
○ reconhecer e mapear as atividades produtivas, identificando a população trabalhadora e seu perfil sócio ocupacional;
○ priorizar grupos de maior vulnerabilidade, identificando a relação com o trabalho nos problemas de saúde;
○ emitir relatórios e atestados médicos, incluindo o laudo de exame médico da Comunicação de Acidente do Trabalho
(CAT) quando pertinente;
○ realizar articulação com as equipes técnicas e os Cerest para apoio matricial sempre que necessário;
○ realizar capacitação e educação permanente em saúde do trabalhador para as equipes da atenção primária em saúde.
○ identificar e registrar a situação de trabalho, da ocupação (CBO) e do ramo de atividade econômica dos usuários
(CNAE);
○ identificar a relação com o trabalho e notificar o agravo no Sinan e no Sistema de Informações Hospitalares do SUS
(SIH) para os casos que requererem hospitalização;
○ encaminhamento para a rede de referência e contrarreferência, para fins de continuidade do tratamento, acompa-
nhamento e reabilitação conforme fluxo estabelecido;
○ articular com as equipes técnicas e os Cerest, sempre que necessário, para apoio matricial;
1 33
Q uand o ava l i amos o caminho percorrido, n o s ú l t i - ca evo l u i u para a pro mo ção e prote ção da s a ú d e d os
m o s 3 0 a nos, desde o estabe lecime nto da saú de do t rabal h ado re s e t rabal h ado ras . A F i gu ra 36 m o s t ra os
t ra b al had or com o uma das áre as prioritárias do S U S, pr i n c i pai s marco s da S aú de do Trabal h ad or d es d e a
o b se rva m os com o essa relevante áre a da saúde pú bl i - pu bl i cação da Co n s t i t u i ção Fe de ral de 198 8 .
Fi gura 36 – Li nha do te mpo conte ndo norma t i vas de i nte re s s e para a S aú de do Trabal h ado r n o Bra s i l
13 4
Portaria GM/MS nº
2.728: Dispõe sobre a
Renast – Revogada
pela Portaria GM/MS
nº 1.378/2013; Portaria
GM/MS nº 3.252:
Diretrizes para
execução e financia-
mento das ações de
Vigilância em Saúde;
Portaria 2.728, de 11 Portaria Nº 1.823:
de novembro de 2009 Dispõe sobre a
(Consolidação Nº 3, Política Nacional de
2017), Instituídos os Saúde do Trabalhador
Cerest Municipais e da Trabalhadora
1 35
Im porta nte ressaltar que o trabalho (ou sua au s ê n - n ante s S o c i ai s da S aú de pro po s ta e m 199 1 p o r Da h l -
c ia ) s ão determ i nantes e condicionantes para a s aú de gre n e W h i te h e ad de mo n s t ra o qu anto o t ra b a l h o es tá
e b e m-estar da população. A Figura 37 dos D ete r mi - n a ce nt ral i dade da s aú de h u man a.
Redes sociais
e comunitárias
Habitação
13 6
Para q ue as açõe s de ST sejam organizad as n o te r r i - A s s i m, a s aú de do t rabal h ado r deve s er u m a á rea
tó ri o, i ncl ui ndo o planejame nto, exe cução e aval i ação, t ran sve rs al e m to do s o s po nto s da R AS . Nã o o b s ta nte
é necessá ri o conside rar: ao s avan ço s , mu i to s s ão o s de s afi o s e nco nt ra d os p el a
ST n e s s e pe r í o do. A re l ação da Re n as t co m a s d em a i s
re de s do S U S ai n da n e ce s s i ta de fo r tal ec i m ento, b em
○ Construção social do processo saúde-doença co mo o pape l do s Ce re s t o u do s n ú c l e o s d e s a ú d e d o
dos trabalhadores. t rabal h ado r n o mat r i c i ame nto das açõ es e p l a n ej a -
Cobertura de um
Regional conjunto de municípios
Coordena os
Cerest estaduais
CEREST
Estadual Municipal
Cobertura de um
município
1 37
COMPONENTES DA SAÚDE DO prego e na precarização de vínculos empregatícios, am-
bientes e processos de trabalho, a premência pelo en-
TRABALHADOR tendimento do processo de saúde-doença nas relações
com trabalho se tornam essenciais de serem abordadas
por meio do fortalecimento na prevenção das doenças e
sa ú de como ori entadora do modelo de atenção n o s de s tacar qu e a fo r ma de o rgan i zação da CGSAT ref l e-
te rri tóri os. E ssa re orientação conduz a CGSAT a re di - te a n e ce s s i dade de e s tabe l e c i me nto s de p roces s os d e
m e n si ona r sua s co mpetê ncias para ce ntrar suas açõ e s t rabal h o n o âmbi to Fe de ral , bu s can do poten c i a l i za r a
e m el a bora çã o d e políticas de saúde do trabal h ado r ate n ção para o s pro bl e mas e de s afi o s co ntem p o râ n e-
a s p rát i cas pa ra além da medicina do trabal h o e da e sfe ra de ge s tão do S U S s e o rgan i ze, o i m p o r ta nte é
CGSAT
13 8
“ A saúde do trabalhador no SUS tem como base os preceitos da
Saúde Coletiva , que busc a explic ar o pr ocesso saúde-doenç a a parti r
do enfoque nos determinantes sociais da saúde, no qual as c ausas
sociais incidem nas condições de vida , de trabalho, de saúde e de
adoecimento. Nesse modelo as ações de pr omoç ão, pr oteç ão, vigilância
e assistência c aminham juntas na per spectiva da integralidade, da
interdisciplinaridade e da construç ão de ambientes de trabalho
saudáveis e segur os, c apazes de pr omover saúde e qualidade de vida aos
t rabalhadores. E é nesta per spectiva que foram estruturadas a Rede
Nacional de Atenç ão Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) e a
Polític a Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT).
1 39
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA
DA SAÚDE DO TRABALHADOR
GESTÃO DA RENAST
REDE NACIONAL DE
ATENÇÃO INTEGRAL À
SAÚDE DO TRABALHADOR
O p ro ce s s o d e co n s t r u çã o d a Re d e Na c i o n a l d e
Ate n çã o I nte g ra l à S a ú d e d o Tra b a l h a d o r ( Re n a s t ),
i n i c i a d a e m 2 0 0 2 , re p re s e n to u o a p ro f u n d a m e n to d a
açõ e s e m S aú de do Trabal h ado r prev i s tas n a Ren a s t,
deve m s e r de s e nvo l v i das de fo r ma de s ce nt ra l i za d a e
h i e rarqu i zada, e m to do s o s n í ve i s de ate n çã o d o S U S,
i n s t i t u c i o n a l i z a çã o e d o fo r ta l e c i m e n to d a s a ú d e d o abran ge n do açõ e s de as s i s tê n c i a, v i gi l ân c i a , p reven -
t ra b a l h a d o r n o â m b i to d o S U S , re u n i n d o a s co n d i çõ e s ção, pro mo ção e de re abi l i tação, i nte gran d o a red e d e
p a ra o e s ta b e l e c i m e n to d e u m a p o l í t i ca d e E s ta d o e s e r v i ço s do S U S . A co mpo s i ção da R E NAST p od e s er v i -
o s m e i o s p a ra s u a exe c u çã o, a r t i c u l a n d o : s u al i zada de fo r ma e s qu e mát i ca n a F i gu ra 40 a b a i xo :
142
d o a s a çõ e s n o s m u n i c í p i o s d o Pa í s . A t u a l m e n te , n o S e c re ta r i a s d e S a ú d e d o s e s ta d o s , d o D i s t r i to Fe d e ra l
B ra s i l , e s tã o i m p l a n ta d o s 2 7 C e re s t e s ta d u a i s e 1 8 2 e d o s M u n i c í p i o s , q u e te m co m o e s t ra té g i a a g a ra n t i a
C e re s t re g i o n a i s e m u n i c i p a i s , q u e a b ra n g e m 3 1 1 re - d a a te n çã o i n te g ra l à s a ú d e d o s t ra b a l h a d o re s , m e s -
g i õ e s d e s a ú d e . A Re n a s t é u m a re d e d e s e nvo l v i d a m o e m re g i õ e s d e s a ú d e q u e n ã o s e j a m co b e r ta s p o r
d e fo r m a a r t i c u l a d a e n t re o M i n i s té r i o d a S a ú d e , a s C e re s t ( F i g u ra 41 ) e q u a d ro 1 .
1 43
O s Cerest p odem se r classificados de acordo co m a s u a abran gê n c i a, co nfo r me de s c r i to a s e gu i r.
Ti pologia Ge stão Ab ra ng ê nc i a
Competências comuns aos CEREST: tação das equipes para aplicação de proto-
colos e orientações técnicas para a atenção à
saúde do trabalhador.
○ Realizar ações de ST em seu âmbito de atua-
○ Prestar apoio matricial e institucional e reali-
ção (estadual, municipal ou regional).
zar, de forma complementar, ações de vigilân-
○ Participar do processo de planejamento do cia epidemiológica em saúde do trabalhador
SUS, inclusive na programação orçamentária e de vigilância de ambientes e processos de
financeira. trabalho, de maior complexidade, em articu-
○ Realizar análise de situação de saúde do tra- lação com as demais áreas da Vigilância em
e análise de normas técnicas e legais de inte- temas de informação em saúde do SUS e ou-
14 4
vistas ao fortalecimento da participação e ○ Participar de estágios e pesquisas com insti-
do controle social. tuições de ensino, representações dos traba-
lhadores e outras organizações.
○ Elaborar Plano de Trabalho Anual, identifican-
do ações, indicadores e metas para ser inse- ○ Realizar ações de prevenção de DART e pro-
rido na Programação Anual de Saúde dos es- moção em saúde do trabalhador.
tados, DF e municípios a ser desenvolvido em
○ Apoiar e participar de fóruns e instâncias in-
seu território de abrangência.
tersetoriais e de controle social.
○ Realizar ações de saúde do trabalhador, de
○ Capacitar os profissionais de saúde da Rede
vigilância epidemiológica de doenças e agra-
de Atenção à Saúde para identificar e atuar
vos relacionados ao trabalho e vigilância de
nas situações de riscos à saúde relacionados
ambientes e processos de trabalho em articu-
ao trabalho e no diagnóstico de DART em to-
lação com os componentes de vigilância em
dos os pontos da Rede de Atenção à Saúde.
saúde do respectivo estado e municípios.
○ Facilitar o desenvolvimento de estágios, tra-
○ Realizar inspeções sanitárias em saúde do
balho e pesquisa com as universidades locais,
trabalhador em situações de maior comple-
as escolas e os sindicatos, entre outros.
xidade, em caráter complementar, aplicando
nos casos necessários os procedimentos ad- ○ Participar, acompanhar e apresentar as ações
ministrativos (Vigilância/Fiscalização Sanitá- e situação de saúde do trabalhador nas reu-
ria, Termos de Visita, Notificação, Intimação, niões da Comissão Intergestores Regionais –
Auto de Infração, entre outros). CIR ou Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
de sua área de abrangência.
lhadores e os riscos de seus processos produ- ria, Termos de Visita, Notificação, Intimação,
1 45
d a d es d a p opul ação e conomicame nte ativa do campo
e d a f l oresta em re lação às açõe s de saúde. Fo ram
2. Novas al te r n at i vas de ate n ção à s a ú -
h a b il i tad os 1 0 novos Ce rest regionais, de ge stã o mu n i -
de do s t rabal h ado re s
c ip a l , q ue ab rang em dive rsos municípios de carac te -
rí sti ca econôm i ca r ural, possuindo dentre suas co mpe - 3. Po l í t i ca n ac i o n al de s aú de e s e g u ra n -
tê n c i a s e p ri ori da de s as ações de promoção, preve n - ça do s t rabal h ado re s
çã o, vi gi l â nci a , d i agnóstico, tratamento e re abi l i tação
d a sa úde dos t ra balhadore s do campo e da fl o re s ta.
A 2 ª C N S T, o c o r re u e m m a rç o d e 1 9 9 4 , p o r re -
c o m e n d a ç ã o d a I X C o n f e rê n c i a N a c i o n a l d e S a ú -
d e / 1 9 9 2 , e t e v e c o m o t e m a c e n t ra l “ C o n s t r u i n d o u m a
Instrumentos da Gestão da RENAST P o l í t i c a d e S a ú d e d o Tra b a l h a d o r ” e c o m o t e m a s
c o m p l e m e n t a re s : D e s e n v o l v i m e n t o , M e i o - A m b i e n t e
e S a ú d e ; C e n á r i o d e S a ú d e d o Tra b a l h a d o r d e 1 9 8 6
Conferências Nacionais de Saúde do Trabalhador a 1 9 9 3 e P e r s p e c t i v a s ; e E s t ra t é g i a s d e A v a n ç o n a
C o n s t r u ç ã o d a P o l í t i c a N a c i o n a l d e S a ú d e d o Tra -
b a l h a d o r. E s t e s t e m a s f o ra m a p re s e n t a d o s p o r m e i o
A s Conferênci a s Nacionais de Saúde do Trabal h ado r de exposição ampla e diversificada, contando com
(C NST) exercem um importante papel na form u l ação a e x p re s s ã o d e re p re s e n t a n t e s d e g r u p o s e c l a s s e s
d e p ol í t i cas púb l i cas e na articulação de órg ão s go - d e p o d e r d i v e r s o s . N e s s e e v e n t o f o ra m d e f i n i d a s a s
ve rn amenta i s e não- gove rname ntais, possibi l i tan do l i n h a s e e s t ra t é g i a s d e i m p l e m e n t a ç ã o d a P o l í t i c a
d e b ates nortea res e a concretização de propos tas i n o - N a c i o n a l d e S a ú d e d o Tra b a l h a d o r.
va d ora s, em esp ecial no âmbito da formação, capac i -
A 3 ª C N S T, re a l i z a d a e m n o v e m b ro d e 2 0 0 5 , t e v e
ta çã o e i mp l em entação de políticas e açõe s no âmbi to
c o m o d e s t a q u e t e r s i d o c o n v o c a d a p o r t rê s M i n i s -
d a S aúd e do Trab alhador, com protagonismos de par-
t é r i o s : S a ú d e , d o Tra b a l h o e E m p re g o e d a P re v i -
t i c i p açã o do cont role social.
d ê n c i a S o c i a l . O t e m a d a C o n f e rê n c i a f o i : “ Tra b a -
A 1 ª C N ST, foi realizada em dezembro 19 86 e mar- l h a r s i m ! A d o e c e r n ã o ! ”. Ta l t e m a p ro c u ra re s g a t a r
ca d a pel o aug e do proce sso de re de mocratização do a p o s i t i v i d a d e d o t ra b a l h o e d e s c o n s t r u i r a re l a ç ã o
Pa ís e i medi ata m ente após a 8ª Confe rência Nac i o n al t ra b a l h o /s o f r i m e n t o . Trê s e i x o s t e m á t i c o s o r i e n t a ra m
d e Sa úde, q ue con struiu as base s nece ssárias para a o d e b a t e : E i x o I - C o m o g a ra n t i r a i n t e g ra l i d a d e e a
e strut ura çã o do q ue hoje é o Siste ma Único de S aú de. t ra n s v e r s a l i d a d e d a a ç ã o d o E s t a d o e m s a ú d e d o s
(a s ) t ra b a l h a d o re s (a s ) ? ; E i x o I I - C o m o i n c o r p o ra r
a S a ú d e d o s (a s ) t ra b a l h a d o re s (a s ) n a s p o l í t i c a s
de desenvolvimento sustentável no País?; Eixo III -
C o m o e f e t i v a r e a m p l i a r o c o n t ro l e s o c i a l e m s a ú d e
Temas da 1 ª CNST:
d o s (a s ) t ra b a l h a d o re s (a s ) ?
1. Di a gnóstico da situação de saúde e
E s te pro ce s s o fo i fu n dame ntal dev i do à g ra n d e d e-
segura nça dos trabalhadores
man da s o c i al para qu e as di s c u s s õ e s n a c i o n a i s em
to r n o da s aú de do t rabal h ado r gan h as s e m con c ret u d e
14 6
p or mei o de reso luções, e impleme ntação na exe c u ção, e sfe ras n ac i o n al , e s tadu ai s e mu n i c i pa i s . O p r i n c i p a l
a val i a çã o e controle social, formando o p ro ce s s o de o bj et i vo é pro move r a i n s e rção da s o c i e d a d e n a s d ef i -
d evol uçã o em 2 006 , ano que a Área Técnica de S aú de n i çõ e s das po l í t i cas pú bl i cas de s aú de, p r i n c i p a l m en -
d o Tra ba l ha dor do Ministé rio da Saúde po r me i o do te, n o co nt ro l e da qu al i dade do s s e r v i ços p ú b l i cos , n o
Ce nt ro d e Referê ncias e m Saúde do Trabal h ado r (Ce - mo do de i mpl e me ntação e fi s cal i zação d a a p l i ca çã o
rest ) e j unto a o controle social, re uniu nos e s tado s e m do s re c u rs o s de s t i n ado s à s aú de.
p l enári as repre se ntante s de sindicatos, cent rai s s i n di -
N o â m b i t o d a s a ú d e d o t ra b a l h a d o r a i m p l a n t a ç ã o
cai s, d os conselhos de saúde, I NSS, DRT e e nt re o u t ro s
d a C o m i s s ã o I n t e r s e t o r i a l d e S a ú d e d o Tra b a l h a d o r e
ó rgã os com rel ação com a saúde do trabal h ado r co m
d a Tra b a l h a d o ra (C I S T T ) , d e s e m p e n h a p a p e l f u n d a -
o obj et i vo de aprese ntar o resultado da 3ª Co nfe rê n -
m e n t a l n o q u e s e re f e re à c o n s t r u ç ã o e à i m p l e m e n -
c ia Na ci ona l d e Saúde do Trabalhador.
t a ç ã o d a s a ç õ e s e m s a ú d e d o t ra b a l h a d o r e t a m b é m
A úl t i ma Confe rência Temática - 4 º CNST - o co r re u c o n t r i b u e m p a ra a c o n s o l i d a ç ã o d a R e n a s t. Te n d o
e m 20 1 4, e teve como objetivo propor diret r i ze s para e m v i s t a q u e s ã o c o m i s s õ e s v i n c u l a d a s d i re t a m e n t e
a i mp l em entação da re cém- publicada PNST T. O te ma aos Conselhos de Saúde, tornam-se a principal ins-
foi “S aúd e d o trabalhador e da trabalhado ra, di re i to t â n c i a d e c o n t ro l e s o c i a l e m s a ú d e d o t ra b a l h a d o r.
d e tod os e todas e deve r do Estado”, e leva ntan do di s - A C I S T T t e m a f i n a l i d a d e d e a r t i c u l a r p o l í t i c a s e p ro -
c u ssões sob re o dese nvolvime nto sócio- e co n ô mi co e g ra m a s d e i n t e re s s e p a ra a S a ú d e d o Tra b a l h a d o r
seus ref l exos na s aúde do t rabalhador. e d a Tra b a l h a d o ra , c u j a e x e c u ç ã o e n v o l v a o u n ã o
á re a s c o m p re e n d i d a s n o â m b i t o d o S i s t e m a Ú n i c o d e
O forta l ecer da p articipação dos t rabalhado re s , da
Saúde (SUS), mas que zelam ou têm interface com a
com uni d ad e e do controle social nas açõ e s de saú -
S a ú d e d o Tra b a l h a d o r.
d e d o t ra ba l ha dor; efetivação da p olítica n ac i o n al de
sa úde e d o trabalhador e da trabalhadora, co n s i de - A s CI ST T e s tão i n s t i t u í das n o âmbi to m u n i c i p a l , es ta -
rand o os pri ncípios da inte gralidade e inte rs eto r i al i - du al e fe de ral e s e gu e m o re gi me nto i nter n o d o Con -
d a de na s t rês esferas de governo; e o finan c i ame nto s e l h o de s aú de ao qu al e s tão v i n c u l a d a s e, a p es a r
d a P N STT, nos municípios, estados e União. de n ão s e r u m ó rgão de l i be rat i vo, é u m i n s t r u m ento
fu n dame ntal para a e l abo ração e i mpl e m enta çã o d a s
Conform e d eterminado nas Le is Orgânica s do S i s te -
açõ e s de S aú de do Trabal h ado r.
ma Úni co de S aúde, a áre a de saúde do trabal h ado r
sem pre p autou a elaboração das políticas p ú bl i cas po r
mei o d as d el i b eraçõe s das confe rências tem át i cas .
Jornada Nacional de Saúde do Trabalhador e da Tra-
balhadora
Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora
D e s de 2017, a CG SAT te m re al i zado eventos p a ra a
di s c u s s ão s o bre a s i t u ação de s aú de d o t ra b a l h a d or
Consel hos d e S aúde e das Confe rências de S aú de, n as t u bro de 2017, e m Bras í l i a, j u ntan do do i s evento s q u e
o co r re r i am s e parado s : o En co nt ro Nac i on a l d a Ren a s t
1 47
e o Encont ro Nacional das CI ST T, onde parti c i param Plano Nacional de Saúde 2020 - 2023
ce rca de 40 0 p essoas. O objetivo foi tratar de te mas
d e i mp ortânci a p ara o fortalecime nto da PNST, a i nte -
g ra ção ent re os compone ntes da Renast, o m o n i to ra- O P l an o Nac i o n al de S aú de 2020/ 2023 , co ntem p l o u
m e nto e execuçã o das ações de vigilância e se u fi n an - a Meta para a S aú de do Trabal h ado r : “Percent u a l d e
c ia mento, al ém do fortalecime nto do papel da CI ST T Ce re s t re gi o n ai s e mu n i c i pai s co m at u açã o s a t i sfa tó-
e n q uanto atores es tratégicos da Re nast. r i a”, co m a fi n al i dade de co nt r i bu i r co m a q u a l i f i ca çã o
do s Ce re s t e s u a at u ação n o âmbi to da Ren a s t. A s -
Em 20 1 8 ocorreu a 2 ª Jornada, que proporcio n o u u m
s i m, a CG SAT ve m re al i zan do as s e s s o r i a e a p oi o a o s
e sp aço pa rt i ci pa t i vo e de mocrático de troca de ex pe -
Ce re s t para o r i e ntaçõ e s e aco mpan h ame nto d o s i n d i -
ri ê n c i a s e d i scussão sobre temas e straté gicos para o
cado re s . A l é m di s s o, pu bl i co u a Nota Info r m a t i va n . º
fo r tal eci m ento d a Re nast, com cerca de 300 par t i c i -
6 1/ 2018- D SAST/ SVS / MS, s o bre o s In di cado res d e S a ú -
p a nte s. O s tema s abordados foram a Saúde do Tra-
de do Trabal h ado r a s e re m mo n i to rado s p el o s Ceres t
b a l h ad or na Atenção Básica; Vigilância e Estraté gi as
qu adr i me s t ral me nte :
d e Enf renta m ento do Cânce r re lacionado ao Trabal h o ;
Vig i lânci a em S aúde do Trabalhador do Cam po, da
○ Coeficiente de incidência de doenças e agra-
Flo re sta e Água s; Informação e m Saúde do Trabal h a-
vos relacionados ao trabalho.
d o r como Ferra m enta Transformadora; Saúde Me ntal
re l a ci onad o a o Trabalho; Informalidade e Mi c ro e m- ○ Coeficiente de incidência por intoxicação exó-
p re e n dori sm o; Ind ú stria 4.0 e Populaçõe s Vuln e ráve i s . gena relacionada ao trabalho.
A l é m di sso, foi a prese ntado o proce sso de revi s ão da ○ Coeficiente de incidência de acidente de tra-
L i sta Rel aci onad o ao Trabalhado e realizado o l an ça- balho grave.
m e nto do At l a s do Cânce r Relacionado ao Tra bal h o e
○ Coeficiente de mortalidade por acidente de
d o Cad erno d e Ate nção Básica n.º 41 – Saúde do Tra-
trabalho.
b a l h ad or e d a Tra balhadora.
○ Proporção de preenchimento do campo aci-
Em 20 1 9 foi realizada a 3ª Jornada que teve co mo
dente de trabalho nas declarações de óbito
p ri n ci pa l ob j et i vo promove r a oficina de avalia ção do s
(DO).
Ce re st, ba sea do no questionário de avaliação qu e e l e s
re sp onderam p reviamente. Além disso, essa Jo r n ada ○ Proporção de preenchimento do campo ocu-
a i n d a t rouxe a d i scussão sobre a proposta de re e s t r u - pação nas declarações de óbito (DO).
t u ra çã o dos Cerest, os resultados parciais do pro j eto
○ Proporção de preenchimento do campo ocu-
Ca rex Brasi l e as expe riências bem- sucedidas n a VA P T.
pação nas notificações de agravos e doenças
Em 20 20, em f un ção da pande mia de Covi d-19 fo - relacionadas ao trabalho.
ra m rea l i za da s at ividade s de forma on- line e e m 2021
fo i rea l i za do o Renastão e m formato híbrido, co m a Além disso, em 2019, a CGSAT orientou, por meio da
p a rt i ci p açã o p resencial e on- line de forma simu l tân e a Nota Informativa n.º 94/2019-DSASTE/SVS/MS, sobre
p a ra ma i s de 2 mil profissionais da saúde do t raba- as novas definições dos agravos e doenças relaciona-
l h a d or, ga rant i d o a se gurança sanitária de todo s e a dos ao trabalho do Sistema de Informação de Agra-
a m p l a p art i ci p ação. vos de Notificação (Sinan), as quais são: acidente de
trabalho, acidente de trabalho com exposição a ma-
14 8
terial biológico, transtornos mentais relacionados ao
trabalho, câncer relacionado ao trabalho, dermatoses
A s fo nte s de dado s s ão : S I NA N, SIA / S U S e
ocupacionais pneumoconioses, perda auditiva induzida
Q UA L I F I CA CE R E ST/ R E D CA P
por ruído (PAIR) e lesão por esforço repetitivo/distúr-
bios osteomusculares relacionadas ao trabalho (LER/
“
DORT). Essas orientações visam atualizar a Renast so-
bre as novas definições previstas no Guia de Vigilância
em Saúde e sobre procedimentos de notificação.
20% 60%
rurais agregados à rede de mais de
200 Cerest no pais, experiência que
se ainda não totalmente consolidada
Fo nte: CG SAT/D SASTE/ SVS / MS . abriu uma frente ou horizonte de
ações possíveis a
O s o b j e t i vo s d o i n d i ca d o r s ã o : s u b s i d i a r p ro ce s s o s populações que
d e p l a n e j a m e n to, g e s tã o, m o n i to ra m e n to e a va l i a çã o merecem um
d e p o l í t i ca s e a çõ e s d e s a ú d e d i re c i o n a d a s p a ra a olhar especial
q u a l i f i ca çã o d a a t u a çã o d o s C e re s t re g i o n a i s e m u -
n i c i p a i s ; a p e r fe i ço a r a g e s tã o d o c u i d a d o i n te g ra l à
“
s a ú d e d o s t ra b a l h a d o re s p o r m e i o d e b e n s e s e r v i -
ço s e q u i ta t i vo s e d e q u a l i d a d e ; re d u z i r e co n t ro l a r
a o co r rê n c i a d e d o e n ça s e a g ra vo s re l a c i o n a d o s a o
t ra b a l h o ; fo r ta l e ce r a i m p l e m e n ta çã o d a Po l í t i ca N a -
c i o n a l d e S a ú d e d o Tra b a l h a d o r e d a Tra b a l h a d o ra e
d a Po l í t i ca N a c i o n a l d e V i g i l â n c i a e m S a ú d e ; fo r ta l e -
ce r a i m p l e m e n ta çã o d a Po r ta r i a S AS / M S n . º 1 . 2 0 6 , Roq u e Man oe l Pe r u s s o
d e 2 4 d e o u t u b ro d e 2 0 1 3 , m e l h o ra n d o o s re g i s t ro s d e Ve i g a
p ro ce d i m e n to s n o S I A / S U S . CG SAT/ D SAST E / SVS / MS
1 49
i n di cado re s de aco mpan h ame nto da Re n a s t ; tem a s
Ações destaque 2011-2021
pr i o r i tár i o s para o fo r tal e c i me nto da Vi s at ; res u l ta d os
da CG ST n a age n da e s t raté gi ca da SVS e re s u l ta d o s d o
qu e s t i o n ár i o de aval i ação da Re n as t.
Relatório Final - 4ª Conferência Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora, 2015 – Versão impres- Bu s co u - s e pro move r o de bate co m o s pa res i n s t i t u -
150
Pub l i ca çã o d e Nota informativa n.º 6/2 0 21- CG SAT/
D SASTE / SVS / M S, onde orienta a realização das açõ e s
p ara atender aos critérios contidos no In di cado r de
S aúd e d o Tra balhador no Plano Nacional de S aú de –
P N S 20 20 / 20 23 “Percentual de Ce re st regio n ai s e mu -
n ici p ai s com at uação satisfatória”.
Relatório Final - 4 ª
Conferência Nac i o n al
de Saúde do Traba-
lhador e da Trab a-
lhadora
Relatório da Re n as t
2 016
Boletim Epidemi o l ó -
gico v.4 8, n. 18, 2 017
1 51
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA
DA SAÚDE DO TRABALHADOR
VDART
VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS
E AGRAVOS RELACIONADOS
AO TRABALHO
A saúde do trabalhador e um ambiente de tra-
balho saudável são valiosos bens individuais,
comunitários e dos Países. A saúde ocupacional é
das Dart passa a classificar os acidentes de tra-
balho como de notificação compulsória universal e
não mais de forma sentinela.
uma importante estratégia não somente para ga-
Em 2016, duas portarias revisaram o elenco de
rantir a saúde dos trabalhadores, mas também
doenças e agravos de notificação, sendo a Porta-
para contribuir positivamente para a produtivida-
ria n.o 204 dedicada à notificação compulsória, sem
de, qualidade dos produtos, motivação e satisfa-
a l t e r a ç õ e s p a r a a s a ú d e d o t r a b a l h a d o r, e a P o r t a -
ção do trabalho e, portanto, para a melhoria geral
ria n.o 205, de notificação sentinela, apresentando
na qualidade de vida dos indivíduos e da socieda-
a lista nacional de doenças e agravos a serem mo-
de como um todo.
nitorados pela Estratégia de Vigilância Sentinela:
Considerando a necessidade de obtenção de in- câncer relacionado ao trabalho, dermatoses ocu-
formações sobre a situação de saúde e perfil dos p a c i o n a i s , L E R / D O R T, PA I R r e l a c i o n a d a a o t r a b a l h o ,
trabalhadores, a Portaria no 777 de 28 de abril de pneumoconioses relacionadas ao trabalho e trans-
2004, do Ministério da Saúde, estabeleceu a noti- tornos mentais relacionados ao trabalho. Atualmen-
ficação compulsória, em rede de serviços sentine- te, essas portarias foram albergadas pelas Portaria
la específica, dos seguintes agravos relacionados de Consolidação n.º 4 e Portaria de Consolidação
a o t r a b a l h o : I . A c i d e n t e d e Tr a b a l h o Fa t a l ; I I . A c i - n . º 5 , d e 0 3 d e o u t u b r o d e 2 0 1 7.
d e n t e s d e Tr a b a l h o c o m M u t i l a ç õ e s ; I I I . A c i d e n t e
O s t rê s pr i n c i pai s agravo s n ot i fi cado s qu e a com etem
c o m E x p o s i ç ã o a M a t e r i a l B i o l ó g i c o ; I V. A c i d e n t e s
o t rabal h ado r n o Bras i l s ão as i ntox i caçõ es exó g en a s ,
d o Tr a b a l h o e m C r i a n ç a s e A d o l e s c e n t e s ; V. D e r m a -
o s ac i de nte s de t rabal h o grave e o s ac i d entes com
toses Ocupacionais; VI. Intoxicações Exógenas (por
mate r i al bi o l ó gi co.
substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases
tóxicos e metais pesados); VII. Lesões por Esforços C o m re l a çã o a a n á l i s e d a s d o e n ça s e a g ra vo s re -
Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Re- l a c i o n a d o s a o t ra b a l h o ( D a r t ) , n o p e r í o d o d e 2 0 1 1 a
l a c i o n a d a s a o Tr a b a l h o ( D O R T ) ; V I I I . P n e u m o c o n i o - 2 0 2 1 ( F i g u ra 4 3) , o b s e r va - s e i m p o r ta n te a u m e n to a o
s e s ; I X . P e r d a A u d i t i v a I n d u z i d a p o r R u í d o ( PA I R ) ; X l o n g o d a s é r i e h i s tó r i ca , re p re s e n ta n d o a i m p o r tâ n -
. Tr a n s t o r n o s M e n t a i s R e l a c i o n a d o s a o Tr a b a l h o ; e c i a d e q u e a s D a r t s e j a m d e n o t i f i ca çã o co m p u l s ó r i a
X I . C â n c e r R e l a c i o n a d o a o Tr a b a l h o . e m to d o s o s s e r v i ço s d e s a ú d e p ú b l i co s e p r i va d o s ,
e n ã o a p e n a s d e n o t i f i ca çã o p e l a re d e d e s e r v i ço s
E m 2 0 0 7, a I n t o x i c a ç õ e s E x ó g e n a s ( p o r s u b s t â n -
s e n t i n e l a . D e s ta q u e d eve s e r d a d o a o s a n o s d e 2 0 2 0
cias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos
e 2 0 2 1 , p o r s e re m a n o s p a n d ê m i co s e n ã o re p re s e n ta -
e metais pesados) passa a ser de notificação com-
re m q u e d a re a l n o s re g i s t ro s .
pulsória universal.
Outro ponto de destaque foi a regulamentação
Em 2014, a Portaria n.º 1.271 estabelece novo
d a P N S T T, o c o r r i d a e m 2 0 1 2 , q u e f o r t a l e c e u a i n d a
elenco de doenças e agravos de notificação pas-
mais as atividades de vigilância no âmbito da saú-
sando a ser de notificação compulsória de saúde
d e d o t r a b a l h a d o r.
do trabalhador: a. Acidente de trabalho com ex-
posição a material biológico e b. Acidente de tra-
balho: grave, fatal e em crianças e adolescentes,
relacionadas ao trabalho. Essa importante revisão
154
“ A S aú d e d o Tr abal h ad o r, como um c ampo de co nh e cime nto e prátic as, tomo u
um c ami nh o d e d e s e n vo lvi me n to e institucio nal izaç ão único no Bras il . I sso fo i
p ossí ve l p e lo co nt e xto h i stó r ico de s e u s ur gime nto, a dé c ada de 1 9 80, q uando
fo r ç as p r o gr e ss i stas d e mo c r át i c as s e o r ganizaram para o e nfre ntame nto das graves
i n i q ui da d e s so c i ai s e m s aú d e e a c aótic a e strutura da o fe rta de cuidado, co nce be nd o
a saú d e como um d i r e i to d o c idadão e da cidadã e de v e r do Estado. Avanços na
S aú de d o Tr abal h ad o r e d o s e u pr otago nismo de v e m-s e , so bre tudo, à e xistê ncia e
r e levâ n c i a so c i al d o SUS, r e co nh e cido como uma das mais impo rtante s po l ític as
so c i a i s no mu n d o. Di f e r e nt e me nte de o utr os País e s, cuja re de de pr ote ç ão e cuidad o
à saú d e d os t r abal h ad o r e s é re strita a e mpre gados fo rmais, o S US s upe ra e ss e
a pa rt he i d com a co nc e p ç ão da univ e r s al idade do dire ito a ambie nte s de trabal h o
saudáve i s e s e gu r os, par a fo r mais e info rmais. A Po l ític a Nacio nal da S aúde do
Tr a ba l h ad o r e da Tr abal h ad o r a , de 201 2, de u co rpo a e ss e princípio, de l ine ando
est r at ég i as e d i r e t r i z e s. S e u s ava nços s ão notó rios ao impl e me ntar uma v igil ância
e m saú d e d o t r abal h ad o r, q u e s u pe ra a ló gic a do v igiar-punir, e mpe nh ando -s e e m
açõ es pautadas n o co nh e c i me nto, comunic aç ão, diálo go, ne go ciaç ão e participaç ão
do t rabal h ad o r, art i c u l and o s abe re s, a ciê ncia e a inovaç ão te cno ló gic a , na
p esp ect i va da i nt r a e i n t e r s e to r ial idade , transv e r s al idade e inte rdiscipl inarie dade.
I nv est i me ntos n a fo r maç ão d e pe ssoas na pe r s pe ctiva da auto nomia das unidade s
e stad uai s e lo c ai s na vi gi l ância , ampl iaç ão das articul açõ e s com ce ntr os de
p e sq u i sa c i e n t í f i c a , e da me l h o r ia da co be rtura , q ual idade , e ace sso
à i nfo r m aç ão e p i d e mi o ló gi c a t ê m co lo c ado o País e m um lugar
si n g u l ar no mu nd o e na Amé ric a L atina . A articul aç ão
da S aú d e d o Tr abal h ad o r com a Ate nç ão Bás ic a v e m s e
to r n a n d o c ada ve z mai s só l i da e re co nh e cida . Não faltam
d esa f i os, mas q u e não falt e m a co rage m e a e s pe ranç a
d e ava nç ar p o r me l h o r e s co nd i çõ e s de v ida , s aúde e be m
e star par a t r abal h ad o r e s e trabal h ado ras. “
V i l ma S o u s a S antan a
UF B A
1 55
Fi gura 4 3 – G rá f ico das doenças e agravos re l ac i o n ado s ao t rabal h o, n o pe r í o do de 2011 a 2021
400.000 379.459
359.512
334.307
350.000
303.324
300.000 281.764
260.485 255.410 257.712
247.423 251.130
250.000
214.378
200.000 177.046
150.000
100.000
50.000
0
Linha de 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021*
base
○ Boletim Epidemiológico, ed. 8, ano VI, 2016 - Agravos à saúde em grupos de trabalhadores
da indústria de carnes no Brasil, 2006 - 2013.
In strumentos pactuado s:
○ Carta acordo: Título: “Estudo sobre a magnitude da morbidade e mortalidade relacionada ao trabalho no Brasil”.
156
ACIDENTES DE TRABALHO O Brasil ocupa a segunda colocação mundial com
maior quantidade de ocorrência de acidentes de tra-
balho. As notificações de acidente de trabalho, assim
O s acidentes de trabalho são divididos em: aci- como as demais Dart, tem registrado aumento i na sé-
dente de trabalho falta ou com mutilações, rie histórica de 2006 a 2021, sendo o ano de 2021 com
acidente de trabalho em crianças e adolescente e dados parciais (Figura 44). Diferente do que tem sido
acidente de trabalho com material biológico. Para observado para as doenças e agravos no Brasil, os aci-
a notificação das doenças e agravos relacionados dentes de trabalho mantiveram a consistência em nú-
ao trabalho (Dart), os acidentes foram organiza- meros de ocorrência elevados, mesmo quando avaliado
dos em duas tipologias, visando a potencialização o ano pandêmico de 2021. Esse resultado nos leva a crer
da estratégia de notificação, sendo que o acidente que mesmo com a redução do registro de outras doen-
de trabalho grave abrange os fatais e envolvendo ças, a crise econômica levou o trabalhador informal a
crianças e adolescentes. situações mais insalubre, aumentando os acidentes de
trabalho.
200.000 168
117 121
150.000 108 159.444
93,9 101
91,4 83,9 92
78,5
100.000 64,3
110.990 108.692
38,2 47,7 92.585
33,5 88.440 87.756 85.242
100.267
21,7 75.481 83.495
50.000 1,71 60.971
44.767
31.317 35.465
1.535 19.725
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
1 57
Q uand o se ob serva a distribuição das notifi caçõ e s t rabal h am e m o bras v i ár i as (F i gu ra 4 5). Co n s i d era n -
co n siderand o a classificação nacional de ati v i dade s do a an ál i s e po r agr u pan do pe l a o c u paçã o (C BO), a
e co n ômi cas (CN AE), os acidente s em ambie nte s h o s - gran de mai o r i a do s cas o s o co r re m n o s p rof i s s i on a i s
p i ta la res sã o os mais re corrente s, seguido de t raba- de pro du ção de be n s e s e r v i ço s i n du s t r i ai s , rep a ra çã o
l h a d ores d as at i vidade s sociais e culturais e o s qu e e man u te n ção e té c n i co s de n í ve l mé di o (F i g u ra 46) .
100%
95,3%
25.000 89%
82,8%
20.907 74,9%
20.000
66%
% acumulado
Número de acidentes
56,9%
15.000
12.558 47%
10.298
36%
10.000 9.141
8.489 8.292
7.319
22,4% 5.845 5.807
5.000 4.298
Atendimento Regulação Obras viárias Administração Aquicultura Atendimento Lanchonetes Atividades Transporte Comércio
hospitalar das atividades pública em a urgências e e similares fotográficas rodoviário de varejista
sociais e geral emergências produtos
culturais perigosos
158
Figu ra 46 – Núme ro e coeficie nte de Acide nte s de Trabal h o s e gu n do CB O, Bras i l , 2006 a 2021
750,000 3.000
621.511 2.616
500,000 2.000
1209
Trabalhadores de serviços
administrativos (4)
Profissionais das ciências
e das artes (2)
Agropecuários, florestais
e da pesca (6)
Serviços, vendedores do
comércio (5)
Serviços, vendedores do
comércio (5)
Produção de bens e serviços
industriais, reparação e
manutenção (7/8/9)
U m d a d o i m p o r ta n te p a ra a a n á l i s e d a V i g i l â n c i a ca p a c i ta çã o e o r i e n ta çã o d e e m p re g a d o s e e m p re -
e m S a ú d e d o Tra b a l h a d o r é e m re l a çã o à s p r i n c i p a i s g a d o re s , a s s i m co m o a i m p o r tâ n c i a d a V i g i l â n c i a d e
ca u s a s d e s s e s a c i d e n te s d e t ra b a l h o. D e s d e 2 0 0 6 , a A m b i e n te s e P ro ce s s o s d e Tra b a l h o ( Va p t ) , re a l i za n -
p r i n c i p a l ca u s a d e a c i d e n te d e t ra b a l h o e s tá re l a c i o - d o o r i e n ta çõ e s q u e v i s e m a p ro m o çã o e p ro te çã o d a
n a d a à s co n d i çõ e s d e t ra b a l h o ( F i g u ra 4 7 ) , re s s a l - s a ú d e d o t ra b a l h a d o r e a re a l i z a çã o d a s i n s p e çõ e s
ta n d o a i m p o r tâ n c i a d a s a çõ e s d e V i s a t e m re l a çã o a n o a m b i e n te d e t ra b a l h o.
1 59
Fi gura 47 – Ca us as mais freque ntes de acide nte s de t rabal h o n o Bras i l , po r s exo e di s t r i bu i ção etár ia p o r ra ça /
co r. Perí odo d e 20 06 a 2 02 1
Masculino Feminino
160
Por Raça/Cor Por faixa etária
Feminino
DE 70 OU MAIS 0.2%
50 46%
DE 60 A 69 ANOS 2.6%
40
30% DE 50 A 59 ANOS 13.4%
30
DE 40 A 49 ANOS 22.5%
20 15%
DE 30 A 39 ANOS 29%
10 6.5%
0.9% 0.2% DE 20 A 29 ANOS 26.4%
0
DE 15 A 19 ANOS 4.9%
DE 10 A 14 ANOS 0.08%
ca
na
do
rd
et
el
an
ge
ra
ar
Pr
Pa
no
Br
dí
Am
In
Ig
Masculino
0.5% DE 70 OU MAIS
50
41% 3.6% DE 60 A 69 ANOS
40 35%
11.5% DE 50 A 59 ANOS
30
19.1% DE 40 A 49 ANOS
20 14%
26.4% DE 30 A 39 ANOS
10 7.1%
0.6% 0.2% 30.6% DE 20 A 29 ANOS
0
7% DE 15 A 19 ANOS
0.1% DE 10 A 14 ANOS
ca
na
do
rd
et
el
an
ge
ra
ar
Pr
Pa
no
Br
dí
Am
In
Ig
161
Fi gura 4 8 – Fl uxograma de Vigilância e m Sa ú de do Trabal h ado r para ac i de nte s de t rabal h o
SIM NÃO
Paciente estava no trabalho ou trabalhando?
Ignorado
SIM NÃO
Há indícios de que estava trabalhando?
SIM
Paciente apresentava lesão Paciente estava indo para
corporal ou perturbação funcional? ou voltando do trabalho?
SIM NÃO
NÃO
A relação do acidente com o Não notificar
trabalho foi confirmada?
SIM
Notificar no SINAN Realizar análise, elaborar Realizar inspeção sanitária Monitorar, acompanhar e
relatório final da em saúde do trabalhador para fiscalizar as intervenções
investigação, comunicar aos os acidentes de trabalho fatais recomendadas no
envolvidos e interessados documento técnico
Emitir CAT, se
trabalhador
segurado pelo
INSS SINAN: Sistema de Informação de Agravos de Notificação
CAT: Comunicação de acidente de trabalho
162
Publicações da Coordenação Geral de Saúde do Tra- lho infantil, os problemas de saúde que essa atividade
balhador e da Trabalhadora, para o subcomponente pode gerar nessa população e a necessidade de políti-
acidentes de trabalho cas de erradicação do trabalho infantil e a proteção e
promoção da saúde de jovens em situação de trabalho.
Boletim Epidemi o l ó -
gico, e d. 9, ano VI A pre s e nta a di s t r i bu i ção do s ó bi to s e d o coef i c i ente
de mo r tal i dade po r ac i de nte s de t rabal h o ent re m oto-
r i s tas do t ran s po r te de carga n o Bras i l , com d a d o s d o
S i s te ma de Info r mação s o bre Mo r tal i da d e, S IM , a l ém
de i n di cado re s al te r n at i vo s do n í ve l de p er i g o enf ren -
tado co mo as razõ e s do ac i de nte : frota d e ca m i n h õ es
Boletim Epidemiológico, ed. 10, ano VII, 2017 - Aciden- e ac i de nte s : ex te n s ão da mal h a ro dov i á r i a m ed i d a em
anos no Brasil, 2000 - 2014. Colaboração com a Uni- Ainda, neste boletim, para os acidentes de tra-
versidade Federal da Bahia. balho não fatais, são apresentadas as caracterís-
ticas dos casos notificados no Sistema Nacional de
Agravos de Notificação (Sinan), da Secretaria de
Esse boletim apresenta os dados nacionais de aci-
Vigilância em Saúde (SVS), ainda pouco registrados
dentes de trabalho fatais ocorridos em crianças e jo-
devido a sua etapa de implantação para os agravos
vens, realizando uma importante abordagem do traba-
relacionados ao trabalho.
163
c i o n ado s ao t rabal h o, de s c reve n do - s e s eu s p a d rõ es
s o c i o de mo gráfi co s , n o Bras i l , e nt re 2007 e 2 0 1 6 .
B o l et i m Epi de mio l ó -
gi co v. 4 9, n . 26, 2 0 1 8
164
Boletim epidemiológico, v. 51, n. 26, 2020 - Perfil de ACIDENTES DE TRABALHO COM
morbimortalidade por acidentes de trabalho com
crianças e adolescentes no Brasil. MATERIAL BIOLÓGICO
165
Estes acidentes podem causar infecção por patógenos de trabalho por material biológico especialmente até
que causam doenças, tais como: hepatites B e C, Aids, o ano 2019, passando de 708 (no ano de 2006), para
tuberculose, meningites, leptospirose, síndrome gripal, 65.298 (no ano de 2019) registros (Figura 49). Os profis-
síndrome respiratória aguda (SRA), síndrome respirató- sionais de saúde, sobretudo aqueles que trabalham com
ria aguda grave (SRAG), febre tifóide, febre maculosa, a assistência direta à saúde, são os que mais notificam,
febre do Nilo Ocidental, raiva, peste e tétano acidental, principalmente àqueles que atuam em unidades de ur-
criptococose, malária, gonorreia, sífilis, brucelose, ebo- gência e emergência e atividades laboratoriais (Figura
la, e, mais recentemente, Covid-19 (BRASIL, 2006 b; CEN- 50) (DONATELLI et al., 2015; SARDEITO et al., 2019; GO-
TERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2008). MES; CALDAS, 2019). A análise das notificações de ma-
neira regionalizada aponta que as regiões com maiores
A análise da série histórica das notificações re-
incidências são: sudeste, centro-oeste, sul, e os estados
ferentes aos acidentes de trabalho com material bioló-
do Amapá, Amazonas e Acre, na região norte (Figura 51).
gico entre 2006 e 2021, mostra o aumento dos acidentes
Figura 49 – Série histórica das notificações de acidentes de trabalho com material biológico, período de 2006 a 2021
69,7 68,9
66,4
75.000 62,6
58,1
54,5 56,4
52
64368 65291
47,8
60533
42,7 53451
55459 56883
37,2 54277 37,6
50.000
33 50331
45959
26,4
40476 33752
17,3
34883
30663
25.000 0,78
24704
15735
708
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
166
Figu ra 50 – Núme ro de notificações e pe rce nt u al ac u mu l ado de ac i de nte s co m mate r i al bi o l ó gi co n o Bra s i l , p or
C N AE , p el o período de 2 006 a 2 02 1
95,3% 100%
56.120 89%
60.000 82,8%
74,9%
66%
56,9%
47%
40.000 34.119 % acumulado
22,4%
20.000
9.684 9.077 8.346 7.827 6.297 5.441 3.187 1.894
0
Atendimento Atividades de Atividades Administração Aquicultura Outras Atividades de Serviços Atividades de Educação
a urgências e atendimento de atenção pública em e serviços atividades serviços de veterinários outros superior -
emergências hospitalar ambulatorial geral relacionados relacionadas complementa- profissionais Graduação e
com a aten- ção diagnóstica área de pós-graduação
ção à saúde ou terapêutica saúde
1 - 24
24 - 47
47 - 69
69 - 92
92 - 1,14
167
DERMATOSES OCUPACIONAIS bientes ou processos de trabalho, em decorrência da ati-
vidade ocupacional desenvolvida pelo trabalhador. As
dermatoses ocupacionais podem ocorrer quando as
Inconclusivo
História clínica O indivíduo apresenta quadro clínico Encaminhar o indivíduo
e exame físico compatível com dermatoses? para o especialista
SIM
SIM NÃO
Anamnese Ocupacional É caso de dermatose?
SIM
168
A séri e hi stórica das de rmatoses ocupa c i o n ai s , n o e s tão n o e s tado do To cant i n s , n a Re g i ã o Cent ro- O -
p erí odo de 20 0 6 a 2 02 1, de monstra que as n ot i fi caçõ e s e s te (F i gu ra 53). A mai o r i n c i dê n c i a da d o en ça n es s e
a presentara m maiores re gistros nos anos de 2012 e e s tado n ão i n di ca n e ce s s ar i ame nte ma i or o co r rên c i a
20 1 3 , e depoi s desse pe ríodo, demonstram qu e da (F i - n e s s a Re gi ão, mas po de re pre s e ntar u m a m a i or s en s i -
g ura 53). Ao analisar os dados por UF, obse r va- s e qu e bi l i dade da v i gi l ân c i a e m s aú de do t ra b a l h a d or p a ra
o s m ai ores coeficie ntes de incidê ncia para o agravo bu s ca at i va de cas o s e s e u re gi s t ro.
10,5
1.250 10,2
9,0
7,3
1.000
1.016
991
6,9 6,2
5,4 863
4,9
4,5
750 4,2
3,6
4,0
3,2
692 693
0 - 2,5
1,4 1,6
500 563 2,5 - 5
507
472 5 - 7,6
0
418
374 7,6 - 10,1
392
343
10,1 - 12,6
250
299
145
128
4
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Geralmente as dermatoses ocupacionais (DOs), ocor- pela não disponibilização desse material aos trabalha-
rem nos profissionais que estão expostos a riscos físicos, dores. Além da subnotificação e subdiagnóstico, muitos
químicos e ambientais durante seus processos de traba- trabalhadores não procuram os serviços de saúde para
lho. Além disso, um ponto muito importante a ser consi- tratamento adequado. Nos Países industrializados, as
derado na ocorrência de dermatoses nos trabalhadores é DOs correspondem a 60% das doenças ocupacionais, ten-
a falta do uso de EPI, a depender de sua ocupação, seja do como causas mais relevantes, a utilização de agentes
pelo desconhecimento de sua utilização ou até mesmo químicos (ALCHORNE, A.; ALCHORNE , M.; SILVA, 2010).
169
No B ra s i l , j á é re l a ta d o e m d i ve r s o s e s t u d o s re fe - s i o n a l d e s a ú d e e m e s ta b e l e ce r a re l a çã o d a d o e n ça
re n te à e s ca s s e z d e i n fo r m a çõ e s s o b re p reva l ê n c i a co m a o c u p a çã o d o p a c i e n te ( M I R A N D A e t a l . , 2 0 1 8) .
d e d e r m a to s e s o c u p a c i o n a i s , p r i n c i p a l m e n te d ev i d o
A análise do coeficiente de incidência de DO no Brasil,
a s u a s u b n o t i f i ca çã o, p o i s d i ve r s a s ve ze s o p ro f i s -
mostra que os profissionais de produção de bens e servi-
s i o n a l a ca b a t ra ta n d o a d e r m a to s e s e m o a u x í l i o o u
ços, reparação e manutenção são mais acometidos pelo
d i a g n ó s t i co m é d i co o u a i n d a , a d i f i c u l d a d e d o p ro f i s -
agravo, seguido de técnicos de nível médio (Figura 54).
4.000 3.735 20
15,7
3.000 15
12,23
2.000 1.853 10
6,83
6,59
944
1.000 804 5
3,04
269 1,94
190
22 0,34 0,44
3
0 0
Técnicos de nível médio (3)
Trabalhadores de serviços
administrativos (4)
Profissionais das ciências
e das artes (2)
Agropecuários, florestais
e da pesca (6)
Serviços, vendedores do
comércio (5)
Serviços, vendedores do
comércio (5)
Produção de bens e serviços
industriais, reparação e
manutenção (7/8/9)
1 70
As medidas de prevenção nas DO são extremamente s e re s t r i n g e m a p e n a s à s i n d ú s t r i a s . Tra b a l h a d o re s
importantes. Medidas coletivas para proteção, devem q u e m a n i p u l a m c o m p o s t o s q u í m i c o s e m o u t ro s s e t o -
ser adotadas em diversos setores. Medidas como exa- re s d a a t i v i d a d e e c o n ô m i c a , c o m o n a a g r i c u l t u ra e
mes médicos periódicos e orientações ao trabalhador, s a ú d e p ú b l i c a p o d e m s o f re r i n t o x i c a ç õ e s p ro v o c a d a s
servem de apoio para evitar recidivas e o aparecimen- p o r a g ro t ó x i c o s e i n s e t i c i d a s .
to de novos casos de DO, pois estas geram desconfor-
Como descrito anteriormente, a Portaria 777, de 28 de
to para o trabalhador, incapacidade para a profissão,
abril de 2004 foi a primeira a regulamentar a notificação
mudança de função, diminuição da produção e, con-
compulsória das intoxicações exógenas (por substâncias
sequentemente, dos rendimentos do trabalhador e da
químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais
empresa, e aumento dos custos médicos e previdenciá-
pesados) para trabalhadores na rede de serviços senti-
rios (ALCHORNE, A.; ALCHORNE , M.; SILVA, 2010). Ações
nela. Em 2010 a intoxicação exógena foi incluída como
de sensibilização dos trabalhadores sobre sua causa
retirar notificação compulsória por meio da Portaria n.º
e sua prevenção, ressaltando a necessidade de sem-
2.472/2010 e passou a ser inserido de forma universal
pre utilizar EPI e, quando ocorrer, buscar o diagnóstico
no Sinan, por meio de Fichas de Notificação específica.
médico para realizar o tratamento também são fun-
damentais para prevenção e minimização de recidivas. Todos os indivíduos estão ambientalmente e/ou ocu-
pacionalmente expostos, em diferentes proporções, a
múltiplas substâncias químicas potencialmente perigo-
sas que podem causar danos à saúde humana. Como
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS (POR consequência, os casos de intoxicação aguda têm au-
mentado substancialmente e figuram entre os princi-
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS, INCLUINDO pais problemas de saúde pública em todo o mundo, es-
AGROTÓXICOS, GASES TÓXICOS E pecialmente nos Países de baixa e média renda, onde
elas ocorrem em maior escala. Já a intoxicação crôni-
METAIS PESADOS) ca, de baixa dose e longo prazo, permanece como um
desafio para diagnóstico, apresentando, consequente-
mente, expressiva subnotificação.
171
Figura 55 – Série histórica das intoxicações por agrotóxicos relacionadas ao trabalho no Brasil, período de 2006 a 2021
88,4
80,8
10.000 73,2
64,8 68,3
63,7 62,9
58,8
47,1 8372
7.500 42,9
7463
32,8 33,4 6670 33,6
6515
27,5 6273 6336
22,7 5716 5574
5.000
4529
4073
0.1
3132
3045 3018
2.500 2576
2017
13
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Fi gura 56 – Di st ribuição do coeficie nte de in c i dê n c i a de i ntox i cação exó ge n a po r 100 mi l t rabal h ad ores
0,1 - 3,7
3,7 - 7,3
7,3 - 11
11 - 14,6
14,6 - 18,2
17 2
Grande parte dos casos de intoxicação exógena ocorre H á d é ca d a s q u e i n ú m e ro s e s t u d o s re l a c i o n a m a g ra -
em trabalhadores agropecuários (Figura 57), principalmen- vo s à s a ú d e h u m a n a co m a ex p o s i çã o p ro l o n g a d a
te devido à exposição aos agrotóxicos, geralmente acom- a o s a g ro tóx i co s , e n t re o s q u a i s , o câ n ce r, a s d o e n ça s
panhado da falta do uso de EPI adequados ou por sua ine- n e u ro l ó g i ca s , h e p á t i ca s , re n a i s , re s p i ra tó r i a s , i m u -
xistência no ambiente de trabalho. Dentre as substâncias n o l ó g i ca s e e n d ó c r i n a s , a s a l te ra çõ e s m u ta g ê n i ca s ,
químicas mais comumente responsáveis por quadros de in- te ra to g ê n i ca s e g e n o tóx i ca s ( M U R A K A M I e t a l . , 2 0 1 7 ) .
toxicação aguda estão os agrotóxicos de uso agrícola e do-
A çõ e s co mo o fo r tal e c i me nto da Vi gi l â n c i a em S a ú d e
méstico, medicamentos, produtos saneantes e de limpeza,
de Po pu l açõ e s E x po s tas a A grotóx i co s ( VS P EA), s en s i -
as plantas tóxicas, entre outros. Alguns grupos, como crian-
bi l i zação do s t rabal h ado re s n o co r reto m a n u s ei o d os
ças, idosos e gestantes são mais vulneráveis à intoxicação
agrotóx i co s , be m co mo u t i l i zação de E P I e q u a l i f i ca -
exógena, porém os trabalhadores, com ênfase aos rurais,
ção n o s di agn ó s t i co s de i ntox i caçõ e s s ã o a çõ es p r i -
merecem atenção especial pois possuem exposições mais
mo rdi ai s para a di mi n u i ção do n ú me ro d e i ntox i ca -
frequentes e de maior intensidade a esses agentes tóxicos,
çõ e s , be m co mo a di mi n u i ção de re c i di va s .
resultando em quadros de intoxicação aguda.
Figura 57 – Frequência absoluta de intoxicações exógenas por 100 mil trabalhadores no período de 2006 a 2021
20.000
18.108
16.283
15.000
10.000
7.564
5.000
2.356
2.046
1.408
256 351
0
Membros das Dirigentes do Profissionais Ténicos de Trabalhadores Serviços, Agropecuários, Produção de
forças poder público das ciências e nível de serviços vendedores florestais e da bens e serviços
armdas, e de empresas, das artes (2) médio (3) administrativos do comércio pesca (6) industriais,
policiais e gerentes (1) (4) (5) reparação e
bombeiros (0) manutenção
(7/8/9)
173
Ações destaque Publicações sobre intoxicações exógenas
D e nt re as a ções transversais que a saúde d o t raba- Boletim Epidemiológico, ed. 4, ano II, 2012 - Acidentes
l h a d or real i za conjuntame nte à vigilância e m s aú de de trabalho devido à intoxicação por agrotóxicos en-
a m b i enta l , no ap oio e discussões para fortale c i me n - tre trabalhadores da agropecuária 2000-2011. Cola-
to d a VS P E A, há a iniciativa do Brasil, por par te da boração com a Universidade Federal da Bahia.
CG SAT no proj eto CAREX Brasil (Carcinogen E x po s u -
re ), em pa rceri a com o Instituto Nacional do Cân ce r,
o M i ni stéri o d o Trabalho (por me io da Fundace nt ro). Nesse boletim são apresentados os dados nacionais de in-
Co l a boram tamb ém grupos de pesquisa em s aú de do toxicação exógena em trabalhadores da agropecuária. Esses
t ra b al had or com experiê ncia e m e stimativas po pu l a- trabalhadores desenvolvem atividades reconhecidas como
c io n ai s, toxi col ogi a, vigilância e m saúde do trabal h a- de elevado risco de acidentes de trabalho, destacando-se
d o r, ep i d emi ol og i a e estatísticas. como causa imediata os envenenamentos por agrotóxicos.
174
Capítulo 12 - Intoxicações exógenas, Vigilância em LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS –
Saúde do Trabalhador e Violência Interpessoal/Auto-
provocada, do Guia de Vigilância em Saúde, 2017. LER, DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES
RELACIONADAS AO TRABALHO – DORT
E sse cap í t ul o conté m informações sobre a çõ e s de Vi -
g i l ânci a em S aúde do Trabalhador, espe cial me nte n o
Le s õ e s po r E sfo rço s Re pet i t i vo s (L E R) e Di s t ú r b i os
to cante a a ci d ente de trabalho grave e a c i de nte de
O s te o mu s c u l are s Re l ac i o n ado s ao Traba l h o ( Dor t ) s ã o
t raba l ho com exposição a material biológico.
s í n dro me s c l í n i cas qu e afetam o s i s te m a m u s c u l o es -
qu e l ét i co as qu ai s po de m s e r cau s ada s , m a nt i d a s ou
agravadas pe l o t rabal h o e at i n gi r di ve rs a s ca teg or i a s
profi s s i o n ai s . Em ge ral , e s s e s agravo s s e m a n i fes ta m
po r me i o de vár i o s s i nto mas (co n co mi ta ntes ou n ã o),
Capítulo 12 do G u i a
co mo do r, e de ma, pare s te s i a, s e n s ação d e p es o, p erd a
de Vigilância em
de fo rça e s e n s i bi l i dade, e nt re o u t ro s (B RAS IL , 2 0 1 2 a ) .
Saúde, 2 017
A l gu mas o c u paçõ e s , e m fu n ção do s fa to res d es c r i to s
ante r i o r me nte, e s tão mai s co mu me nte rel a c i o n a d a s
às L E R / D o r t, tai s co mo t rabal h ado re s d o tel ea ten d i -
me nto, o pe rado re s de cai xas , di gi tadores , es c r i t u rá -
r i o s , mo ntado re s de pe qu e n as pe ças e com p o n entes ,
Manual sobre medidas de proteção à saúde dos agen- t rabal h ado re s da co nfe cção de cal çado s , co s t u rei ros ,
tes de combate às endemias, 2019. te l efo n i s tas , pas s ade i ras , coz i n h e i ro s e a u x i l i a res d e
coz i n h a, t rabal h ado re s de l i mpeza, au x i l i a res d e od on -
to l o gi a, co r tado re s de can a, profi s s i o n a i s d e cont ro l e
Esse manual é norteado pela linha do cuidado integral de qu al i dade, o pe rado re s de máqu i n as e d e ter m i n a i s
e busca apontar os fatores de riscos presentes nas ativi- de co mpu tado r, au x i l i are s e té c n i co s a d m i n i s t ra t i vo s ,
dades, organização e processos de trabalho, bem como au x i l i are s de co ntabi l i dade, pe dre i ro s , s ec retá r i os ,
descrever as medidas de proteção coletiva e individual co pe i ro s , e l et r i c i s tas , ban cár i o s , t rabal h a d ores d a i n -
e as ações de promoção e proteção à saúde a serem dú s t r i a, de nt re o u t ras (B R AS I L , 2012a). A a l ta d em a n -
observadas pelas três esferas de gestão do SUS. da de mov i me nto s o u e sfo rço s re pet i t i vo s , a u s ên c i a e
i mpo s s i bi l i dade de pau s as e s po ntân e a s , n eces s i d a d e
de pe r man ê n c i a e s tát i ca e m dete r mi n a d a s p os i ções
po r te mpo pro l o n gado, ate n ção para s e ev i ta r er ros
e a s u bmi s s ão ao mo n i to rame nto de ca d a eta p a d os
pro ce di me nto s , al é m do mo bi l i ár i o, e q u i p a m entos e
Manual Agente d e
fe r rame ntas qu e n ão pro pi c i am co nfo r to e fa c i l i ta çã o
Ende mias
para a exe c u ção das tarefas s ão al gu n s d os fa to res
e nvo l v i do s n a cau s a de L E R / D o r t. A F i g u ra 5 8 m o s t ra
o e s qu e ma de i de nt i fi cação de t rabal h a d or co m L ER/
D o r t e açõ e s a s e re m exe c u tadas .
1 75
Fi gura 58 – E sq u e ma de ide ntificação e açõ e s para t rabal h ado re s co m s u s pe i ta de L E R / D O RT
SIM
SIM É caso de distúrbio NÃO
musculoesquelético
Encaminhar para Anamnese Ocupacional
ou do sistema nervoso
tratamento, reabilitação periférico
e orientação
SIM
Inconclusivo
É caso de LEr/Dort?
SIM
1 76
Análise de série histórica do período de 2007 a cuidado na análise dos dados dos anos pandêmicos,
2 0 2 1 p a ra L E R / D O R T, m o s t ra ra m q u e o m a i o r n ú m e - e s p e c i a l a t e n ç ã o d e v e s e r d e d i c a d a a re d u ç ã o n o s
ro d e n o t i f i c a ç õ e s p a ra e s s e a g ra v o , a p re s e n t a ra m anos citados, pois a ausência de formalização de
d i m i n u i ç ã o e m 2 0 1 8 , m a n t e n d o a re d u ç ã o d o s re g i s - vínculo aliada à crise econômica pode impactar no
t ro s n o s a n o s s e g u i n t e s ( F i g u ra 5 9) . P a ra a l é m d o re g i s t ro d e s s e s a g ra v o s .
108
94,6 96 96,3
88 84,6 86,2
10.000 76,8 73,3
64,1 9886
50,4 9408 9160
7.500 36 38 8343 8341 8774 43,2
8134 28,6
7205
6775
5.000 5951
4713
4093
2.500 3474
3228
2707
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
100%
93,4%
86,8%
79,7%
1209 1165 72,5%
40.000 64,2%
965 54,4%
20.000
755
20.000 30,9% 635 559
835 543 507 506
15,7% 43,5%
20.000
20.000
0
Atividades de Cabeleireiros e Reparação e Atividades Atividades de Clubes sociais, Serviços de Atividades de Atividades de Atividades de
serviços outras manutenção associativas não associações esportivos e assistência fornecimento de assistência atenção à saúde
pessoais não atividades de de especificadas de defesa similares social sem infra-estrutura prestadas em humana não
especificadas tratamento equipamentos anteriormente de direitos alojamento de apoio e residências especificadas
anteriormente de beleza eletroeletrônicos sociais assistência a coletivas e anteriormente
paciente no particulares
domicílio
% acumulado Número de notificações
A idade, o sexo, o tempo de trabalho na profissão e WEHRMEISTER; OLIVEIRA, 2012), com maior ocorrên-
a escolaridade podem ser fatores associados a LER/ cia dos distúrbios osteomusculares relacionados ao
Dort, considerando também a atividade econômica trabalho, especialmente os que atingem os mem-
(C N A E ) e a o c u p a ç ã o (C B O) d e s e n v o l v i d a ( S C O P E L ; bros superiores
177
Na ab orda gem dos casos de LER/DORT o profi s s i o n al
PNEUMOCONIOSES
d e saúd e, afora o acolhimento humanizado e qu al i fi -
ca d o nos servi ços assiste nciais, deve atentar para as
P
a çõ es d e p revenção possíveis de se rem dese nvo l v i das . n e u mo co n i o s e s s ão do e n ças pu l mo n a res rel a c i o -
Pa ra ca da ca so diagnosticado deve m ser defi n i das n adas à i n al ação de po e i ras mi n e rai s em a m b i en -
e im p l em entad as ações de vigilância e inter ve n ção, te s de t rabal h o, i n de pe n de nte do pro ce s so f i s i o p a to-
v isa ndo evi tar a ocorrê ncia de novos adoe c i me nto s . gê n i co e nvo l v i do. S ão exc l u í das de s s a de n o m i n a çã o a s
Na vi gi l â nci a d os ambie ntes e processos de t raba- al te raçõ e s n e o pl ás i cas e o u t ras re açõ e s de v i a s a ére-
l h o deve ser enfa t izada a observação das ati v i dade s , as , co mo as ma, bro n qu i te e e nfi s e ma (B R AS IL , 2 0 1 6 h) .
o p e rações, tarefa s , postos de trabalho, organi zação e Co mo exe mpl o s de pn e u mo co n i o s e s , tê m- s e: a s b es to-
a sp ectos p si cossociais re lacionados ao risco de L E R / s e, s i l i co s e, s i de ro s e, e s tan o s e, bar i to s e e p n eu m oco-
D O RT, semp re se valorizando o conhe cimento e a ex- n i o s e do t rabal h ado r do car vão.
p e r i ênci a d os próprios trabalhadore s.
O s pr i n c i pai s fato re s de r i s co para a o co r rên c i a d e
pn e u mo co n i o s e s s ão re l at i vo s às c i rc u n s tân c i a s e co n -
di çõ e s pre s e nte s n o s ambi e nte s e pro ce s s o s d e t ra b a -
Publicação no tema l h o, te n do e m v i s ta as o c u paçõ e s qu e ex põem os t ra -
bal h ado re s ao r i s co de i n al ação de po e i ra s m i n era i s ,
pr i n c i pal me nte e m ce r to s ramo s de at i v i da d es eco n ô-
Protocolo de Complexidade Diferenciada – LER/DORT mi cas , co mo mi n e ração e t ran sfo r mação d e m i n era i s
Relacionada ao trabalho, 2012 e m ge ral , i n dú s t r i a de fi bro c i me nto, metalu rg i a , cerâ -
mi ca, v i dro s , co n s t r u ção c i v i l (fabr i cação d e m a ter i a i s
co n s t r u t i vo s e o pe raçõ e s de co n s t r u ção), a g r i c u l t u ra e
Te m com o ob j etivo orie ntar os profissionai s qu e
i n dú s t r i a da made i ra (po e i ras o rgân i cas ), ca r vo a r i a ,
p re sta m assi stência a trabalhadores no sent i do de
e nt re o u t ro s (B R AS I L , 2006 h).
i d e nti f i car e not i f i car os casos de LER/Dort, co nfo r me
d ete rmi na a Portaria GM/MS n. º 104 , de 2 5 de j an e i ro O u t ro s i mpo r tante s fato re s de r i s co i n c l u em a s d o-
d e 20 1 1 , bem como no se ntido de ofere cer s u bs í di o s e n ças pu l mo n are s prév i as , defi c i ê n c i a i mu n o l ó g i ca i n -
a o s órgã os de vi gilância para interve nçõe s no s am- di v i du al , fato re s ambi e ntai s co mo po l u i ção a t m o sfér i -
b i e ntes d e t rab al ho. ca e h ábi to s co mo o tabagi s mo (B R AS I L , 20 0 6 h) .
178
Figu ra 60 – Número de notificaçõe s e coefi c i e nte de i n c i dê n c i a cal c u l ado para pn s e u mo co n i o s es n o p er í o d o
d e 20 07 a 20 21
10,1
10.000
8,2
919
5,9
7.500 5,4
750
3,3 5,2
2,7
2,2 2,3
5.000 561 2,1
1,1 501
1,9 2,3 2,4 482
1,0
333
2.500 265
228 237
205 223 207
182
104 95
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
0 - 0,14
0,14 - 0,29
0,29 - 0,43
0,43 - 0,57
0,57 - 0,72
179
Os pri nci p ai s t rabalhadores acometidos s ão da para a v i gi l ân c i a e m s aú de do t rabal h ador, co n s i d e-
co n struçã o ci vi l , fabricação de produtos ce râ mi co s e ran do qu e n ão h á l i mi te s e gu ro para ex po s i çã o à f i b ra
d a i nd úst ri a em g eral (Figura 6 1). de ami anto, s e n do ape n as u ma fi bra capa z d e d es en -
cade ar a do e n ça n o s ex po s to s . A l é m di s s o, a l a tên c i a
Ca be enfat i za r, que no Brasil, e m função da mu l -
da do e n ça po de c h e gar h á mai s de 3 0 a n o s , o q u e
t i p li ci da de d e a t i vidade s extrativistas e ind u s t r i ai s ,
di fi c u l ta ai n da mai s a re l ação de cau s al i d a d e ent re o
ex i ste um número e levado de trabalhadores ex po s to s
ado e c i me nto e a ex po s i ção.
à s p oei ras m i nerais capazes de produzir esse agravo,
co n sti t ui nd o um proble ma de saúde pública. A pr i n c i - D e n ota- s e a i mpo r tân c i a da pre s e n ça d e s er v i ços
p a l pneum oconi ose no País, do ponto de vista e pi de - e s pe c í fi co s e m do e n ças o c u pac i o n ai s co mo os C EREST,
m i o l ó gi co e d e S aúde Pública, é a silicose, cau s ada be m co mo açõ e s de co n s c i e nt i zação e s en s i b i l i za çã o
p e la exp osi çã o à poeira de sílica livre ou dióx i do de do s t rabal h ado re s n a u t i l i zação de E P Is , e a a m p l i a çã o
si lí c i o (S IO2) em sua forma cristalina (ALGRANT I, 2001). e o fo r tal e c i me nto das açõ e s de i n s pe ção em a m b i en -
A a sbestose é out ra pne umoconiose caracte rizada po r te s de t rabal h o. Cabe de s tacar, qu e e s te é u m a g ra vo
p ro d uzi r ag ravos importantes. Tem orige m mi n e ral , é de di fí c i l e s tabe l e c i me nto de n exo cau s al , um a vez q u e
i n co m bust í vel , resiste nte à ge ração de calor e fr i cção, as etapas da i nve s t i gação da do e n ça deve m es ta r a s -
à co rrosão e à maior parte dos ácidos e outras pro - s o c i ado s ao h i s tó r i co de ex po s i ção o c u pa c i o n a l . Is s o
p ri e d ad es q ue g arantem sua utilização em mai s de acaba ge ran do a s u bn ot i fi cação de s s a doen ça , p r i n -
t rê s mi l (3 .0 0 0) p rodutos (GI ANNASI.; T H ÉBAUD- MO NY, c i pal me nte dev i do ao de s pre paro do prof i s s i o n a l d e
19 97). O ami anto é uma das substâncias pri o r i tár i as s aú de para e s tabe l e ce r e s s a re l ação.
1.000
60,1%
441
500
275
58 52 49 36 24 23 21
0
Fabricação de Extração de Estração de Extração de Extração de Fabricação de Extração de Fabricação de Fabricação de Britamento,
produtos minério de minerais minério de minerais para artefatos de pedra, areia instrumentos produtos aparelhamento
cerâmicos não- metais radioativos alumínio fabricação de concreto, e argila musicais cerâmicos e outros
refratários para preciosos adubos, cimento, refratários trabalhos em
uso estrutural fertilizantes e fibrocimento, pedras - não
na construção produtos gesso e associados a
civil químicos estuque extração.
180
Figu ra 62 – Fluxograma de Vigilância e m S aú de do Trabal h ado r para Pe rda A u di t i va In du z i da p o r Ru í d o
NÃO SIM
Há evidências de exposição Há sintomas
a ruído no trabalho? auditivos?
NÃO
NÃO
NÃO
Acompanhamento
Investigação diagnóstica sugere Pair?
clínico
Inconclusivo SIM
NÃO
Encaminhar Preencher ficha de investigação Há relação com
Reavaliação Não notificar
para o CEREST Investigar o caso o trabalho?
SIM
CEREST: Centro de Referência em Saúde Notificar no SINAN Realizar a vigilância Tratamento e Realizar ações
do Trabalhador do ambiente e reabilitação de controle
processo de trabalho e prevenção
CAT: Comunicação de Acidente de Trabalho
1 81
PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR o u s ú b i t a a n í v e i s e l e v a d o s d e p re s s ã o s o n o ra d e
origem ocupacional.
RUÍDO – PAIR
O Proto co l o de Co mpl ex i dade Di fe re n ci a d a Perd a
A u di t i va In du z i da po r Ru í do (PA I R ) do M i n i s tér i o d a
P
S aú de (B R AS I L , 2006 d), co n s i de ra o n í ve l d e p res s ã o
e rd a A u d i t i v a I n d u z i d a p o r R u í d o ( P a i r ) c a ra c-
s o n o ra, qu an do ac i ma do s l i mi te s de to l e râ n c i a d eter-
t e r i z a - s e p e l a p e rd a d a a u d i ç ã o p o r e x p o s i ç ã o
mi n ado s pe l o Mi n i s té r i o do Trabal h o, co m o fa tor d e-
p ro l o n g a d a a r u í d o , a s s o c i a d o o u n ã o a s u b s t â n c i a s
te r mi n ante da pe rda au di t i va.
q u í m i c a s , n o a m b i e n t e d e t ra b a l h o , s e n d o d o t i p o
n e u ro s s e n s o r i a l , g e ra l m e n t e b i l a t e ra l , i r re v e r s í v e l A F i gu ra 6 2 apre s e nta o Fl u xo grama de Vi g i l â n c i a
e p ro g re s s i v a c o n f o r m e o t e m p o d e e x p o s i ç ã o . A l - e m S aú de do Trabal h ado r para Pe rda A u di t i va In d u z i -
guns termos podem ser utilizados como sinônimos de da po r Ru í do (Pai r).
PA I R , t a i s c o m o : p e rd a a u d i t i v a p o r e x p o s i ç ã o a o r u - A s s i m co m o o u t ro s a g ra vo s d e ST, a n o t i f i ca çã o d e
í d o n o t ra b a l h o , p e rd a a u d i t i v a o c u p a c i o n a l , s u rd e z PA I R a p re s e n to u co m p o r ta m e n to c re s ce n te , s e n d o o
p ro f i s s i o n a l , d i s a c u s i a o c u p a c i o n a l , p e rd a a u d i t i v a p e r í o d o d e 2 0 1 3 a 2 0 1 6 , o d e m a i o r a s ce n d ê n c i a d a
i n d u z i d a p o r n í v e i s e l e v a d o s d e p re s s ã o s o n o ra , p e r- c u r va , co m o p i co d e n o t i f i ca çõ e s o b s e r va d o n o a n o
d a a u d i t i v a i n d u z i d a p o r r u í d o o c u p a c i o n a l , e p e rd a d e 2 0 1 6 ( F i g u ra 6 3) .
a u d i t i v a n e u ro s s e n s o r i a l p o r e x p o s i ç ã o c o n t i n u a d a
12,7
10,9
1.250
9,4 9,7
1216
7,4 7,2
1.000
5,9 968 997
914
750 6,6
3,5 2,9
2,2 2,7 712 2,5
4,3 667
1,2 609
500 560
414
250 329
260 280
113 204 242
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
182
100%
92,5%
84,8%
76,7%
100
68,7%
87
83 60%
51%
75 67
58
29,7% 52 49
50 41,4% 36 24 23 21
15,2%
25
0
Atividades Aluguel de Obras Viárias Usinas de Fabricação de Obras de Atividades Aqüicultura e Abate de aves Fabricação de
auxiliares aos equipamentos açúcar motores acabamento auxiliares dos serviços e outros móveis com
transportes de construção estacionários transportes relacionados pequenos predominância
aquaviários e demolição de combustão terrestres animais e de metal
com operários prepração de
produtos de
carna
O s p rof i ssi onais que trabalham diariame nte co m r u - Proto co l o de s t i n ado a to da re de de a ten çã o à s a ú -
í dos i ntensos, como profissionais das indús t r i as de re - de do S U S, qu e deve rá i n i c i ar u m t raba l h o d e i d ent i -
p aro e m anutenção, são os que mais apre s e ntam n o - fi cação e n ot i fi cação do s cas o s de pe rd a s a u d i t i va s
t i fi caçã o d e PAIR. A se nsibilização para a preve n ção e re l ac i o n adas ao t rabal h o, o pto u - s e po r res t r i n g i r es -
a correta cond uta fre nte ao risco, como a ut i l i zação de s e s cas o s à Pai r, ac re di tan do qu e i s s o i rá v i a b i l i za r o
E P I, sã o os m ei o s mais eficaze s para preve n i r o ado e - pro ce s s o de n ot i fi cação
c im ento d o t rabalhador.
1 83
TRANSTORNOS MENTAIS
RELACIONADOS AO TRABALHO
Protocolo de Perda
O
auditiva induzida p o r
s Tran s to r n o s Me ntai s Re l ac i o n ado s a o Tra b a l h o
ruído (Pair)
(TMRT ) i nte gram a re l ação de agravos d e n ot i -
fi cação co mpu l s ó r i a s e nt i n e l a de s aú de d o t ra b a l h a -
do r. O te ma de S aú de Me ntal Re l ac i o n ada a o Tra b a -
l h o co mpõ e u m do s e i xo s e s t raté gi co s da P N ST T e d a
e s t r u t u ração das açõ e s da G e s tão Nac i o n a l d a Ren a s t.
A de mai s , o s t ran s to r n o s me ntai s tê m s i do v i s to s com o
Boletim Epidemiológico, ed. 7, ano III, 2013 - A PAIR re-
u ma pr i o r i dade gl o bal da s aú de, dev i do a o s el eva d o s
lacionada ao trabalho no Brasil, 2007-2012.
n ú me ro s de i n capac i dade de co r re nte s da ocor rên c i a
de t ran s to r n o s me ntai s e ao s e u ô n u s e co n ô m i co, a l ém
184
No Brasi l , os t ranstornos mentais são a te rce i ra cau s a to n o re gi s t ro e s tá v i n c u l ado à i n c l u s ão d o TM RT com o
d e l ong os a fastame ntos do trabalho por do e n ça (F E R- u ma DA RT de n ot i fi cação co mpu l s ó r i a, to d a v i a , d eve-
N AN D E S et a l . , 2 018), pode ndo ser observado po r me i o - s e l evar e m co n s i de ração a s e n s i bi l i za çã o d os p ro -
d os da dos d as n otificações extraídas no Sin an , a par t i r fi s s i o n ai s de s aú de, s e n do e s te u m i mpo r ta nte a g ra vo
d e 20 07, dem on strando um aume nto na inc i dê n c i a de qu e deve s e r aco mpan h ado co m ate n çã o, d ev i d o à s
TMRT, sendo o ano de 2 019 àque le com ma i o r n ú me ro c re s ce nte s mu dan ças de co r re nte s do s p roces s os d e
d e not i f i cações identificadas (Figura 64). Es s e au me n - de s e nvo l v i me nto e co n ô mi co e te c n o l ó gico.
Figu ra 64 – Núme ro e coeficie nte de incid ê n c i a de t ran s to r n o me ntal re l ac i o n ado ao t rabal h o n o Bra s i l , p er í od o
d e 20 07 a 20 21
23,7
2,500
21,1
19,8
15,2
2,000 2.190
11,9 13,2
1.921
7,6 7,1 7,5 9,2 1.810 9,6
1,500
3,8 4,3 1.456
1,3 1.189 1.251
1,000 2
891 917
500 713 674 723
189 407
122 361
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Im porta nte relatar sobre o de cré scimo d as n ot i fi ca- mai s afetado s pe l a pan de mi a, pr i n c i palm ente a q u el es
çõ es nos úl t i mos anos estarem relacionado s à pan - qu e at u aram n a l i n h a de fre nte ao com b a te d a Co-
d emi a de COV ID 19, onde, as unidade s de s aú de s ão v i d-19, s ofre n do u m gran de i mpac to ps ico l ó g i co.
p rocurad as a penas e m casos de e mergê n c i a, reve r-
Algumas ocupações estão mais vulneráveis ao desen-
b era ndo a ssi m nas notificaçõe s de diverso s agravo s .
volvimento do TMRT, tendo em comum fatores de risco
Há de se ressal tar també m os efe itos da pa n de mi a de
psicossociais como: pressão por produção, trabalhos
COV ID -1 9, a i nd a não detectados na anális e e m qu e s -
desvalorizados e mal remunerados, precariedade das
tão, p oderão apare cer nos próximos ano s , u ma vez
condições e relações de trabalho, jornadas extensas,
q ue os p rof i ssi onais de saúde foram um do s gr u po s
medo de perderem o emprego, entre outros. Também
1 85
é possível identificar que a ocorrência de TMRT é mais
frequente entre as mulheres, o que sugere que estas
estejam ainda mais expostas a condições de trabalho
mais precárias, a riscos psicossociais dos ambientes e B o l et i m Epi de mio l ó -
processos de trabalho, condições desiguais de inserção gi co, e d. 13 , an o IX ,
no mercado de trabalho e sobrecarga de atividades 2019
domésticas e laborais, quando comparada aos homens.
O
A d otar medi da s coletivas e individuais de preve n ção, cân ce r re pre s e nta u m gran de de s afi o p a ra a s a ú -
a m p l i ar a cap aci dade de e nfrentame nto dos t raba- de pú bl i ca. Trata- s e da s e gu n da pr i n c i p a l ca u s a
l h a d ores aumenta ndo se u controle sobre suas tarefas , de mo r te n o Paí s . E s t i mat i vas de i n c i dê n c i a p a ra o b i -
m e lhorar a com un icação organizacional pe rmi t i n do a ê n i o 2018-2019 apo ntam para a o co r rê n c i a d e 6 0 0 m i l
p a rt i ci pa çã o d os trabalhadores na tomada de de c i - cas o s n ovo s para cada an o n o Bras i l (I NST IT U TO N A -
sã o, const ruçã o de siste mas de apoio social para t ra- CI O NA L D E CÂ NCE R , 2017).
b a l h a dores no l ocal de trabalho levando em co n s i de -
A l é m das de s i gu al dade s s o c i ai s i de nt i f i ca d a s n a s
ra çã o a i ntera ção e ntre as condiçõe s de trabal h o e de
an ál i s e s da di s t r i bu i ção de s s a do e n ça, u m a vez q u e
v id a , m el horar o valor colocado e m se gurança e s aú -
aprox i madame nte 6 0% do s cas o s o co r re m em es ta d o s
d e d ent ro da orga nização são medidas recome n dáve i s
e mu n i c í pi o s de bai xa e mé di a re n da (B R AS IL , 2 0 1 8 a ),
p a ra a prevençã o de sofrime nto/adoecime nto me ntal
ex po s i çõ e s ambi e ntai s , i n c l u i n do o s ambi e ntes e p ro -
re l a c i ona do a o t rabalho.
ce s s o s de t rabal h o, co nt r i bu e m s i gn i fi ca t i va m ente
para n ovo s cas o s da do e n ça, ev i de n c i an d o d es i g u a l -
dade s n o s fato re s de ex po s i ção e n o s r i s co s d e a d o e-
Publicações no tema ce r o u mo r re r e nt re gr u po s po pu l ac i o n ai s e oc u p a c i o-
n ai s di s t i nto s .
186
Ai nda q ue o cânce r relacionado ao tra bal h o s e j a Análise da série histórica de câncer relacionado ao
u ma rea l i da de no Brasil e no mundo, base s de dado s trabalho no Brasil, através do número de notificações e
n aci ona i s e i nternacionais possue m dificu l dade s e m coeficiente de incidência de câncer no Brasil, de 2007
mensurar esta realidade para fins de preven ção e pl a- a 2021 mostra um pico de notificações no ano de 2019
n ej a m ento em saúde pública, o que também pre j u di ca (Figura 65). Todavia, apesar de existirem evidências
o conheci m ento sobre o pape l do trabalho n a cau s al i - científicas que demonstram que exposições no trabalho
d ad e d o câncer. Os ambie ntes e processo d e t rabal h o podem causar câncer, o número de notificações ainda
sã o consi d erad o s os locais de maior expos i ção a pro - é pequeno, devido à dificuldade de se estabelecer nexo
d utos e sub stâncias químicas carcinogênicas . D u rante causal, bem como a falta de investigações profundas
o sécul o XX houve aumento na identificação de di ve r- no histórico de vida e ocupação do paciente.
sa s substâ nci a s canceríge nas prese ntes e m di fe re nte s
a m bi entes d e t rabalho (CH AGAS et al., 2 013).
8,4
800
4,3 781 4,7
600 2,6
1,9 2,1 452
1,3 1,5 1,7
400 0,1 0,3 0,2
0,7 399 12
0
255
200
73 196 191
146 169
5 12 30 26 126 118
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ta m bém é i mportante conside rar que o cân ce r e a comprovadamente cancerígenos, principalmente aque-
morta l i da de por cânce r re lacionado ao trabal h o au - las que envolvam fabricação de produtos de uso na
menta m em ra zão do crescimento da exp e c tat i va de construção civil e atividades relacionadas à agricultura
v ida e d a red ução gradual de outras causa s de mo r te, (INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER,
co m o as d oenças transmissíveis e acidente s . 2020). A Figura 66 mostra uma análise de frequência ab-
soluta de casos em diversas ocupações, por sexo. Pode-
Alguns ambientes de trabalho são locais onde ocor-
-se visualizar que as atividades dos setores agropecuá-
rem as maiores concentrações de agentes cancerígenos,
rios, florestais e pesca, bem como serviços de produção
quando comparados a outros ambientes, assim, algu-
de bens, serviços industriais, reparação e manutenção
mas ocupações possuem contato com diversos agentes
possuem as maiores frequências de casos (Figura 66).
1 87
Fi gura 66 – Núme ro e coeficie nte de incidênc i a de cân ce r re l ac i o n ado ao t rabal h o n o Bras i l po r 100 m i l t ra b a -
l h a d ores, p or ocupação, no período de 2 006 a 2021
1.500
1368
1039
1.000
500
310
70 105
7 23 42
0
Membros das Dirigentes do Profissionais Ténicos de Trabalhadores Serviços, Agropecuários, Produção de
forças poder público das ciências e nível de serviços vendedores florestais e da bens e serviços
armdas, e de empresas, das artes (2) médio (3) administrativos do comércio pesca (6) industriais,
policiais e gerentes (1) (4) (5) reparação e
bombeiros (0) manutenção
(7/8/9)
9,9
100
75
50 4,3
25
1,5
1,1
0,8 0,7
0,4 0,4
0
Membros das Dirigentes do Profissionais Ténicos de Trabalhadores Serviços, Agropecuários, Produção de
forças poder público das ciências e nível de serviços vendedores florestais e da bens e serviços
armdas, e de empresas, das artes (2) médio (3) administrativos do comércio pesca (6) industriais,
policiais e gerentes (1) (4) (5) reparação e
bombeiros (0) manutenção
(7/8/9)
Frequência absoluta de casos (número absoluto) Coeficiente de incidência por 100 mil trabalhadores
188
Publicações no tema cientificamente a relação entre ocupação, ambiente e
câncer no contexto brasileiro. O intuito da publicação é
induzir estados e municípios a olharem para os dados
Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao de exposição a possíveis agentes causadores de câncer.
trabalho (2013) Recentemente, em novembro de 2021, foi publicado o
Atlas do câncer relacionado ao trabalho no Brasil: Aná-
lise regionalizada (2021). Esta publicação apresenta
A Di ret ri z pa ra a Vigilância do Câncer Re l ac i o n ado
evidências técnico-científicas referentes às exposições
a o Tra ba l ho p u blicada pe lo I NCA, e m parce r i a co m a
ocupacionais associadas ao câncer e baseadas na lite-
CGSAT em 20 1 3, configurou uma contribuição té c n i ca
ratura nacional e internacional, bem como análise re-
p ara a a bord agem do cânce r de corre nte da ex po s i ção
gionalizada do câncer no País e recomendações gerais
a ag entes cance rígenos prese ntes no amb i e nte e n o s
do Câncer relacionado ao trabalho (CRT). O objetivo do
p rocessos d e t rabalho.
documento é subsidiar as ações de vigilância, preven-
ção e controle do CRT, que priorizem os trabalhadores
de setores e atividades econômicas mais vulneráveis à
ocorrência dessas doenças, indiferentemente do víncu-
lo empregatício e forma de inserção no mercado de
trabalho, conforme definido na PNSTT.
Diretrize s para v i gi -
lância do câncer
Investimentos em pesquisas
Atlas do câncer re l a-
cionado ao trabal h o
1 89
PROJETO CAREX BRASIL
si t ua çã o em saúde, que ge rou as pub l i -
cações aci ma listadas, no âmbito do TC
69/ 20 1 1 , foi pactuada, uma carta acordo
i nt i t ul ad a Avaliação de risco e conscie n - C onforme mencionado no tópico intoxicações exóge-
nas, o DSASTE/SVS/MS, em conjunto com o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), Fundação Jorge Duprat Fi-
t i zaçã o do cânce r ocupacional e m tra-
ba l ha dores rurais da re gião de Barreto s , gueiredo, de Saúde e Medicina do Trabalho (Fundacen-
conj untamente ao Hospital do Amor –Bar- tro), e o Ministério do Trabalho, iniciaram a implantar a
Co m ba se nos resultados desta carta aco rdo, o censitárias e registros administrativos das populações de
D SASTE / SVS / M S, e m parceria com o Hospital do A mo r trabalhadoras e suas inserções no processo produtivo.
– Barretos, f i rm aram um convênio, e m 2 02 0, para a Coordenado pela CGSAT, o projeto CAREX Brasil visa
re a l izaçã o d e um estudo de Coorte intitulado: Cân ce r identificar as atividades econômicas e ocupações poten-
e t rab al had ores rurais: um e studo de coorte (R U CA N cialmente expostas a substâncias cancerígenas e estimar
St u d y). A exposi çã o ocupacional a vários tipos de fato - o número de trabalhadores expostos no País. Para o de-
re s amb i enta i s e age ntes químicos está intrinse came n - senvolvimento do projeto, foram criados diferentes grupos
te l ig ad a à ocorrência de cânce r. A determin ação do de trabalho para estudar substâncias específicas, sendo:
p ote nci a l ri sco de câncer frente exposição a age nte s
ca rc i nogêni cos pode m contribuir com ações preve nt i - ○ CAREX Brasil - Agrotóxicos
va s e p ol í t i ca s p úblicas. De ssa forma, nosso gr u po v i s a
○ CAREX Brasil - Benzeno
i d e nti f i car ca sos de câncer e sua possível re la ção co m
ex p osi çã o ocup acional atravé s de que stionár i o s e pi - ○ CAREX Brasil - Sílica
d e m iol ógi cos. Al ém de avaliar as populações ex po s tas ○ CAREX Brasil - Amianto
a a gentes q uí mi cos ou fatores de natureza ambi e ntal
○ CAREX Brasil - Radiação Ionizante
u ti li za ndo a ep i g enômica e biomarcadore s ge n ét i co s
p a ra aná l i se, a f i m de revelar as interações ge n e - am-
Especificamente os grupos realizam três objetivos:
b i e nte, no contexto do exposoma. També m tem o fo co
identificar fontes de informação relevantes para a
e m aná l i ses i n vi t ro para elucidar mecanismo s mo l e -
quantificação de exposições cancerígenas no trabalho;
c u l a res f rente a ex posição ce lular a agente s qu í mi co s .
levantar informações existentes, qualitativas e quanti-
O e stud o tem p revisão de té rmino e m 2 024 e e s pe ra-
tativas, sobre os agentes cancerígenos selecionados;
- se a pri m orar aná lise de situação e m saúde d o t raba-
estimar o número de trabalhadores expostos por ativi-
l h a d or a f i m de g erar re spostas oportunas das açõ e s
dade econômica e ocupação. Como resultado, espera-
d e se ncad ea da s no setor saúde, bem como o e s tabe l e -
-se um fortalecimento da vigilância do câncer em saú-
c im ento de pol í t i cas públicas que propiciem pro ce s s o s
de do trabalhador e da Renast, bem como as demais
d e tra ba l hos ma i s saudáve is.
políticas públicas voltadas para a prevenção do câncer
relacionado ao trabalho no Brasil, reduzindo os enor-
mes custos sociais e financeiros e a carga da doença.
19 0
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA
DA SAÚDE DO TRABALHADOR
VAPT
VIGILÂNCIA DE
AMBIENTES E PROCESSOS
DE TRABALHO
O d esenvol vi m ento de açõe s de vigilância e m S aú -
d e do Tra ba l hador conte mpla, alé m do l evanta-
m e nto epi dem i ol ógico, a investigação da relação de
A pro du ção co n j u nta de meto do l o gi as d e a çã o, d e
i nve s t i gação, de te c n o l o gi as de i nte r ve n çã o, d e a va -
l i ação e de mo n i to rame nto s ão açõ e s de v i g i l â n c i a n o s
d ete rm i na da d oença ou agravo com o trabalh o. Para ambi e nte s e s i t u açõ e s e pi de mi o l ó gi cas dos a g ra vos e
a re a l i za çã o da i nve stigação, de senvolve- se a VA P T do e n ças re l ac i o n ado s ao t rabal h o.
co m o uma d as açõe s e stratégicas preconizadas pe l a
A VAPT é a essência da ação de vigilância em saúde
P N STT, nas q uai s i nse rem- se as inspeçõe s san i tár i as .
do trabalhador e é desenvolvida por análises de do-
Dentre as ações realizadas, podem-se citar: Inspe- cumentos, entrevistas com trabalhadores e observação
ções sanitárias em locais de trabalho; Investigação direta nos ambientes e processo de trabalho. Corres-
epidemiológica de casos de Pair; Elaboração de pro- ponde ao modo de olhar do sanitarista para o trabalho
tocolos e referências técnicas para os serviços de saú- na tentativa de destacar seus impactos na saúde e ao
de; Acompanhamento e monitoramento do acesso aos meio ambiente. É a observação da forma de trabalhar,
direitos sociais e seguimento na rede. Tomando como da relação trabalhador com os meios de produção e da
ponto de partida os apontamentos normativos descri- relação dos meios de produção com o ambiente. É a
tos na PNSTT, a vigilância de ambientes e processos ação geradora de uma intervenção de redução dos ris-
de trabalho é descrita como uma de suas finalidades, cos à saúde dos trabalhadores relacionados a um am-
e orienta para a sua implementação a articulação de biente, a uma atividade ou a um processo de trabalho.
ações individuais e coletivas, de promoção, prevenção,
Ne s te s e nt i do, a VA P T bu s ca i nte r v i r n o s fa to res d e-
de vigilância, planejamento, avaliação, integração do
te r mi n ante s do ado e c i me nto re l ac i o n ado a o t ra b a l h o,
conhecimento técnico e os saberes, experiências e sub-
v i s an do e l i mi n ar, o u n a s u a i mpo s s i bi l i dade, m i n i m i za r
jetividade dos trabalhadores, com vistas à intervenção
e co nt ro l ar tai s fato re s . A F i gu ra 6 7 e s quem a t i za os
sobre os determinantes da saúde dos trabalhadores.
e i xo s de t rabal h o e ate n ção de s ta Vi gi l ân c i a .
Controles administrativos
Mudança da forma de trabalho
Maior eficiência
Menor eficiência
19 4
“
Publicações no tema
Dra El i za b et h
Co sta Di as Este boletim apresenta o perfil produtivo e epidemio-
lógico das mulheres trabalhadoras no Brasil, apontando
UFMG
1 95
as desigualdades e dificuldades vivenciadas por elas Boletim epidemiológico v. 52, n. 24, 2021 - Vigilância em
na inserção no mercado de trabalho, quando compara- saúde de crianças e adolescentes em situação de tra-
das aos homens. Esse Boletim faz uma menção especial balho: Sinan/Violência e Sinan/Acidentes de trabalho
às mulheres, mães e trabalhadoras, que mesmo com a
sobrecarga das jornadas de trabalho, ainda enfrentam,
com brilhantismo, um outro turno de trabalho dentro Este boletim busca analisar os dados informados no
de casa quando, em sua maioria, assumem sozinhas a Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Si-
educação e os cuidados com os filhos nan), em seus componentes sobre violências e acidentes
de trabalho, no período de 2011 a 2019, considerando os
casos cujo tipo de violência relatada foi o trabalho in-
fantil e as vítimas tinham de 5 a 17 anos de idade.
Boletim e pidemioló-
gico v. 51, n. 2 0, 2 020
B o l et i m e pi de miol ó-
gi co v. 52, n . 24 , 2 0 2 1
19 6
A exp osi çã o ao amianto ocorre principal me nte re -
l aci ona da ao t rabalho e m atividades econô mi cas qu e
u ti l i za m sua s f i bras no processo produtivo, co mo : mi -
n era ção, i ndúst ria de cimento- amianto ou f i bro c i me n -
to, pa ra p rodução de telhas e caixas d’águ a, co n s -
Publicações sobre amianto
t ruçã o ci vi l , carvoarias, automobilística, refo r mas de
e di f i ca ções, fabricação de produtos quími co s , e nt re
Boletim Epidemiológico, ed. 5, ano II, 2012
o u t ros (B E LL; MAZ UREK , 2 02 0; NOONAN, 2 017).
- Morbimortalidade de agravos à saúde
Assim, além de se alinhar às diretrizes internacionais, a relacionados ao amianto no Brasil, 2000-2011
proposição e execução de um plano de ação que orga-
nize os serviços locais para identificação oportuna, diag- O bo l et i m apre s e nta a an ál i s e do s ca s o s d e m or b i -
nóstico precoce das doenças consequentes da exposição mo r tal i dade o cas i o n ado s pe l o ami anto, p r i n c i p a l m en -
e cuidado integral à população exposta ao amianto é es- te n o s t rabal h ado re s das i n dú s t r i as .
sencial para diminuir a morbimortalidade e proporcionar
melhor qualidade de vida às vítimas desta exposição.
B o l et i m Epi d em i o-
l ó gi co, e d. 5, a n o II,
2012
197
“ A v ig il ânc ia d e amb ie n t e s e p r o c e ssos de t r a ba l h o ( VA PT) é um dos com p o ne n t e s da
vi gi l ânc ia e m saú d e d o t rabal hado r ( Vi s at ) q u e a p r e s e n ta m a i o r com p l e x i da de e m s ua
aç ão; d e manda p rát ic as e açõe s i n t e r di sc i p l i n a r e s, a rt i c u l aç ão i n t r a e i n t e r s e to r i a l ,
alé m da comp re e nsão d o t rabalh o como c at e go r i a f u ndam e nta l n o p r o c e sso s aú de
do e nç a , o e stab e l e c ime nto d e re l açõ e s é t i c as e nt r e t é c n i cos e t r a ba l h a do r e s e a r e s -
po ns ab il idad e san itária d e g e sto r e s e t é c n i cos de mo do a g a r a nt i r q u e a i nt e rv e nç ão
san i tária d e fato p r omova a me l h o r i a das co ndi çõ e s de t r a ba l h o e s aú de dos t r a ba l h a-
dore s. É uma d isc ip l ina que se ap r e nde co nst r u i ndo co l e t i vam e n t e n a p r át i c a e no di a a
di a . Como p rime ir o avan ço p od e - s e m e nc i o n a r a p r ó p r i a i nc lu s ão do fo rta l e c i m e nto da
Vi gi lânc ia e m S aúd e d o Trabal hado r, s ua i nt e g r aç ão com os de m a i s com p o ne n t e s da Vi -
gi lância e m S aúd e e a p r omoç ão da s aú de e am b i e n t e s e p r o c e ssos de t r a ba l h o s au dáv e i s
de nt r e os obj e t ivos da Pol ít ic a N ac i o na l de Saú de do Tr a ba l h a do r e da Tr a ba l h a do r a ,
e xpli c itad os tamb é m e m suas e st rat é g i as. Ao ass um i r e ss a l i nh a o f i c i a lm e nt e , passo u -s e
a i nv e st ir e m sua in corp oraç ão e c a pac i taç ão das e q u i p e s n a r e de de c e n t r os de r e f e -
rê n c i a e m saúd e d o t rabal had or ( C e r e st ) q u e e stavam s e ndo i m p l a n ta dos e m to do o Pa í s.
I sso p r op ic iou a amp l iaç ão das açõ e s, e x p e r i ê nc i as e p r át i c as de VA PT pa r a e sta dos e r e -
gi õ e s que ant e s não e xe c utavam ess as açõ e s. O ut r o ava n ço i m p o rta n t e fo i a c r i aç ão da
C âmara Té c n ic a d e Vig il ân c ia e m S aú de do Tr a ba l h a do r do Co ns e l h o N ac i o n a l de Se c r e -
tári os d e S aú d e ( Con ass) , qu e p e rm i t i u a di sc u ss ão, r e f l e x ão e t r o c a de e x p e r i ê nc i as so -
bre as p ot e n c ial idad e s e n ós c rít i cos pa r a o ava n ço da Vi s at e VA PT n o Pa í s. De stac a-s e
também a con st ruç ão e ap r ovaç ão da Po l í t i c a N ac i o na l de Vi g i l â n c i a e m Saú de e m 201 8,
com a incorp oraç ão e xp l íc ita da Vi s at e m s e u s com p o ne nt e s, p r e ss u p ostos e e st r at é g i as,
destac and o- se o p l an e jame nto e e x e c u ç ão de açõ e s i nt e gr a das e a r e v i s ão e h a r mo ni -
zaç ão d os cód ig os d e saú d e , com i ns e r ç ão de di s p os i çõ e s so b r e a v i g i l â n c i a e m s aú de
e at ri b u iç ão da comp e t ê nc ia d e auto r i da de s a ni tá r i a às e q u i p e s de v i g i l â n c i a e m s aú de ,
nos Estad os, Munic íp ios e D ist rito Fe de r a l . O s i nv e st i m e ntos r e c e n -
t e s da Coord e naç ão- Ge ral d e S aú de do Tr a ba l h a do r ( CG SAT) na
pr oduç ão, re v isão e p ub l ic aç ão d e o r i e n taçõ e s t é c ni c as pa r a a
VAPT g e ral e VAPT ag rícol a , para ut i l i zaç ão p o r to da a R e de
Nac ional d e At e nç ão In t e g ral e m Saú de do Tr a ba l h a do r,
são mu ito imp ortant e s para a harmo n i zaç ão, q ua l i f i c aç ão e
avan ço das açõe s d e VAPT e m âm b i to nac i o na l . “
Let i c i a Co e l h o da Costa Nob re
Di reto r i a d e Vi g i l â n c i a e Ate nçã o à
S a ú d e d o Tra b a l h a d o r - Ca m a ça ri / BA
19 8
1 99
COMPONENTES DA VIGILÂNCIA
DA SAÚDE DO TRABALHADOR
ECISTT
EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO
E INFORMAÇÃO EM SAÚDE
DO TRABALHADOR
200
201
D esd e feverei ro de 2 02 1, um novo eixo fo i i mpl e -
m entad o na Coorde nação- Ge ral de Saúde do Tra-
b a l h ad or: a ed ucação, comunicação e informa ção e m
tização do processo de trabalho em saúde, promoven-
do o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo
sobre os processos de trabalho objetivo a transforma-
sa ú de do t ra ba l hador (ECI ST T ). ção das práticas profissionais e da própria organização
do trabalho, tomando como referência: as necessida-
Uma est ratég i a que visa principalme nte ate n de r as
des de saúde das pessoas e das populações, a reorga-
d e m anda s de capacitação para os profissio n ai s da
nização da gestão setorial e a ampliação dos laços da
re d e, d e forma a mantê - los atualizados e m i n i mi zar
formação com o exercício do controle social em saúde.
o s imp actos da rotatividade de profissionais qu e o s
se r v iços de sa úde possuem e, de ssa forma, fo r tal e ce r A Mi s s ão do ECI ST T é a de pro move r a for m a çã o e
a fo r ma çã o, com u nicação e informação em s aú de do a capac i tação e m s aú de do t rabal h ado r d o s p rof i s -
t ra b al ha dor em âmbito nacional. s i o n ai s de s aú de qu e at u am n as Re de s d o S U S, em
co n s o n ân c i a co m a P NST T, co m o s s e u s pro p ó s i to s re-
A educação permanente em saúde é baseada na
s u mi do s n a F i gu ra 6 8.
construção de ações educativas baseada na problema-
Fi gura 68 – Propósitos do e ixo Educação, comu n i cação e i nfo r mação e m s aú de do t rabal h ado r – EC IST T
Apresentação Construção
da Vigilância em conjunta e
Saúde do disponibilização
Trabalhador, do
suas ações e conhecimento
diretrizes
Formação
Aplicabilidade das
ações de Saúde do
Ampliação do
trabalhador na
conhecimento
perspectiva da
transversalidade
202
Com o EC ISTT, é espe rada a construção e exe c u ção Me s mo co m o po u co te mpo de i mpl anta çã o, o ei xo j á
d o Progra m a de Educação Permanente e m S aú de do pro po rc i o n o u di ve rs o s avan ço s para cap a c i ta r a Vi s a t,
Trab al had or e da Trabalhadora (PEPSAT ), at ravé s da co mo a e l abo ração de qu at ro c u rs o s e u m s em i n á -
p roduçã o d e Cursos de exte nsão e aperfe i ço ame nto r i o i nte r n ac i o n al : Cu rs o de Inte gração d a s A çõ es d e
e m S aúd e d o Trabalhador e da Trabalhado ra v i s an do ST n a Ate n ção Pr i már i a à S aú de ; Cu rs o d e A n á l i s e d e
a q ual i f i caçã o do proce sso de trabalho e ampl i ação s i t u ação de ST; Cu rs o B ás i co e Inte r med i á r i o em ST e
d os conheci mentos dos profissionais que atu am n a Re - o S e mi n ár i o Inte r n ac i o n al s o bre Ate n çã o à S a ú d e d a s
n ast e na R AS e m todo te rritório nacional. E s te s c u rs o s Po pu l açõ e s E x po s tas ao A mi anto.
serão di sponi bilizados gratuitamente atravé s da pl a-
taform a col ab o ra.dsaste @saude.gov.br.
203
“
A educ aç ão, comunic aç ão e in fo r m aç ão e m saúde do
tra ba lha dor e da tr abal h ado r a são ne ce ssár ias par a a
pr omoç ão de pensamento cr ítico e aç ão de ste c amp o da saúde
coletiva no SUS. Neste se n tido, a CGSAT, ve m tr abal h ando
na estruturaç ão da e duc aç ão p e r mane nte e m saúde do
trabalhador de forma a q ual if ic ar o p r o ce sso de tr abal h o dos
pr o fissiona is qu e atuam n a ár e a da saúde , n o co ntr o l e so cial
par a pr omover a atenç ão in te g r al à saúde dos tr abal h ado r e s
em âm b ito n acio nal
“
Fl ávi a Fe r re i ra d e Sou za
Co o rd en a çã o-G e ra l d e S a úd e d o Tra b a l ha d or
204
205
LIÇÕES
APRENDIDAS,
CONCLUSÕES E
PERSPECTIVAS
FUTURAS
206
O
relacionamento estratégico entre a OPAS/ ○ O apoio realizado na qualificação profissional,
OMS – UT Determinantes Sociais e Riscos para seja no desenvolvimento ou realização de cur-
Saúde, Doenças Crônicas Não Transmissíveis e sos, fortaleceu o processo de aperfeiçoamen-
Saúde Mental e o Departamento de Saúde Ambiental, to nas áreas de análise de situação em saúde
do Trabalhador e Vigilância das Emergências em Saúde ambiental e saúde do trabalhador desenvolvi-
Pública/SVS, já articulado por meio de TCs anteriores, do pelos profissionais do SUS.
proporcionou o espaço e cenário favoráveis para o de-
○ O apoio à realização de agendas estratégi-
senvolvimento das atividades previstas no TC 69/2011.
cas como água e saneamento, qualidade
S end o a ssi m, as principais oportunidad e s d e d e s - do ar como uma questão de direito humano,
taque a serem me ncionadas a partir da ex pe r i ê n c i a gênero e desigualdades, segurança química,
d epreend i d a no TC 69 /2 011, tanto pela aná l i s e do s re - contaminantes químicos e emergências em
l atóri os técni cos, quanto pe la realização de qu e s t i o - saúde pública, tanto em nível nacional, quanto
n ári o d i reci ona do aos principais exe cutore s do refe r i - e em nível internacional, proporcionou trocas
d o TC ao l ongo dos dez anos de sua impleme ntação, de experiências e saberes, estabelecimento
p od em ser l i stados como: de parcerias e o desenvolvimento de progra-
mas, projetos e políticas públicas de grandes
impactos para a saúde pública não apenas
Nacional como também Internacional.
○ Atuação conjunta entre a OPAS e o Ministério
da Saúde, visando o fortalecimento do setor ○ A divulgação de evidências sobre os efeitos
çaram agendas mais amplas e estruturantes a participação do setor saúde na revisão dos
ser apresentado ao longo dessa publicação. de da Água para Consumo Humano, que é
o grande referencial Nacional para promo-
○ O desenvolvimento e aperfeiçoamento da or-
ção da saúde por meio da água de con-
ganização da resposta às Emergências em
sumo e modelo para diversos Países que
Saúde Pública no contexto de desastres e o
ainda buscam aperfeiçoas seus modelos e
apoio à estruturação da Coordenação-Geral
normativas do tema.
de Emergências em Saúde Pública no DSASTE.
2 07
○ A apoio na implementação da Política Nacional ○ A oportunização das cooperações internacionais
de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e e o aperfeiçoamento dos processos de trabalho
análise de situação de saúde do trabalhador, pro- nos diversos temas tratados: Saúde Ambiental
porcionou a expansão das ações de execução da Infantil, Gestão das Emergências em Saúde Pú-
política de forma transversal e intersetorial. blica, Segurança Química, Qualidade do Ar e
Saúde Humana, Água, Saneamento e Higiene,
○ O apoio à realização das conferências como
Saúde do Trabalhador, dentre outros temas.
etapas preparatórias para a Conferência Na-
cional de Vigilância em Saúde, definindo as ○ O fortalecimento no processo de identificação
diretrizes para a Política Nacional de Vigilân- de situações de risco de exposição humana à
cia em Saúde, bem como a discussão e con- poluição atmosférica.
solidação das políticas de VSA e ST.
○ A Introdução do tema de gestão preventiva de
○ O apoio às ações para construção do Plano riscos e abordagem do tema de Segurança
Setorial da Saúde de Mitigação e de Adap- da Água na revisão da atual portaria sobre
tação às Mudanças Climáticas (PSMC), e sua padrões de potabilidade de água para consu-
posterior inserção no planejamento estratégi- mo humano de acordo com as guias da OMS.
co da SVS.
○ O fortalecimento no processo de análise de
○ O suporte técnico e especializado, bem como a situação em saúde da temática câncer rela-
viabilização na produção e publicação de nor- cionado ao trabalho.
mativas, diretrizes, pareceres, cartilhas, manuais
○ O apoio na realização de agendas para a
e orientações gerais a técnicos do setor saúde,
discussão das readequações nas áreas de Vi-
gestores e população nos temas de Vigilância
gilância em Saúde Ambiental e Saúde do Tra-
em Saúde Ambiental, Saúde do Trabalhador e
balhador, propiciando espaço de trocas entre
Emergências em Saúde Pública por Desastres.
academia, corpo técnico, gestores e técnicos
○ O bom relacionamento entre os profissionais dos estados e municípios, de forma a enten-
da OPAS/OMS e do DSASTE/SVS/MS propor- der as diversas necessidades do território em
cionou espaço e o cenário adequados para o diversas temáticas que o DSASTE atua, de for-
desenvolvimento da cooperação técnica pre- ma a direcionar encaminhamentos e ações
vista com o TC 69. assertivas para atuação do setor saúde.
208
pareceres com dados de análise de situação ○ A ocorrência da pandemia de COVID-19 fez
em saúde ambiental e saúde do trabalhador com que diversas atividades previstas fossem
disponibilizadas nas páginas oficiais da OPAS canceladas ou readequadas à nova realidade.
e Ministério da Saúde. Dessa forma, muitas ações tiveram impactos
positivos ou negativos em sua execução, ten-
○ Apoio na cooperação técnica internacional, em
do como resultado a necessidade da elabo-
especial com Países da América do Sul, para o
ração de Termos Simplificados de Ajuste para
compartilhamento de experiência entre Países.
remanejamento de recursos entre as rubricas
○ Apoio nas respostas às emergências por do projeto. Esse tramite, apesar de ser essencial
desastres. e definido pelas normativas que regem os ter-
mos de cooperação, são morosos e dependem
de articulação política para viabilização.
O s pri nci p ai s de saf ios de destaque a s e re m me n -
c i ona dos a pa r tir da expe riência depre e n di da n o TC ○ Revisão dos processos de contratação de pessoa
6 9/ 20 1 1 , ta nto pela análise dos re latórios té c n i co s , jurídica e aquisição de passagens - fluxos, pra-
a os pri nci p ai s exe cutore s do refe rido TC, po de m s e r ○ Sistema de informações contendo todos os
li s ta dos org ani zados em dois grandes e ixos : produtos gerados por Termos de Cooperação.
Houve dificuldade na consolidação de dados
administrativos.
1. Aprimoramento da relação DSASTE/
OPAS
2. Programas/projetos descontinuados
○ Fortalecer na OPAS/OMS o apoio técnico para
as atividades relacionadas à Saúde do Traba- ○ A descontinuação de instrumentos de dispo-
lhador e Vigilância em Saúde de Populações nibilização de dados integrados e oportunos,
Expostas a Substâncias Químicas. tais como o Painel de Informações em Saúde
○ O acompanhamento periódico entre OPAS e SVS cificamente voltado para o VIGIAR. O IIMR
das ações previstas no Plano de Trabalho Anual. disponibilizava informações ambientais sobre
as indústrias de extração e de transformação,
○ Fortalecimento do processo de planejamen-
frota veicular, e focos de calor, e ainda infor-
to, incluindo revisão periódica dos planos de
mações de saúde com as taxas de mortali-
trabalho, com maior envolvimento das áreas
dade e internações por doenças do aparelho
técnicas no processo de planejamento e re-
respiratório. Permitia a identificação de muni-
planejamento das ações do TC.
cípios prioritários, bem como a caracterização
○ Prazos para solicitação de passagens e con- dos grupos populacionais efetiva ou poten-
tratação de serviços de pessoa jurídica por cialmente expostos aos poluentes atmosféri-
vezes inviabilizam agendas e ações. cos, propiciando a caracterização dos muni
209
cípios e avaliação do risco a que a população e ganham potência política na gestão do Ministério
está exposta. Os dados contribuiam para o d a S a ú d e . Fa t o i m p o r t a n t e d e s t a c o o p e ra ç ã o t é c n i c a
planejamento de ações preventivas e auxilia- foi o fortalecimento e continuidade na formulação
va na adoção de medidas corretivas, além de de políticas ações de Vigilância em Saúde Ambiental
abrir espaço para discussão com os órgãos e S a ú d e d o Tra b a l h a d o r, q u e a n t e s e ra m a ç õ e s t í m i -
ambientais locais. d a s d o s e t o r s a ú d e e , h o j e s ã o g ra n d e s t e m a s e s t r u -
t u ra d o s e c o m n o r m a t i v a s o r i e n t a d o ra s d e f i n i d a s e
○ Recomenda-se ampliar a comunicação e a
c o n c re t i z a d a s n a S V S .
disseminação de diagnósticos e evidências
científicas referentes aos danos e riscos à saú-
de causados pela poluição do ar e pela con-
taminação química e das ações importantes
para prevenção dos riscos.
O p ro c e s s o d e p l a n e j a m e n t o , m o n i t o ra m e n t o e
a v a l i a ç ã o d a s p o l í t i c a s p ú b l i c a s d e s a ú d e o c o r re , n a
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), há pelo
menos 30 anos por meio da utilização de concei-
tos, metodologias, e dos mais diversos instrumentos.
P l a n e j a r, m o n i t o ra r, e a v a l i a r, a i n d a q u e c o m p e r s -
p e c t i v a s , m o m e n t o s e d i m e n s õ e s d i f e re n c i a d o s , s ã o
e s s e n c i a i s p a ra a c o n s e c u ç ã o d a s p o l í t i c a s p ú b l i c a s ,
210
211
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