Luiza Gomes Labes VERSÃO FINAL
Luiza Gomes Labes VERSÃO FINAL
Luiza Gomes Labes VERSÃO FINAL
Florianópolis
2023
Luiza Gomes Labes
Florianópolis
2023
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração
Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Luiza Gomes Labes
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
“Cirurgiã-Dentista” e aprovado em sua forma final pelo curso de graduação em Odontologia
da UFSC.
________________________
Prof.ª Gláucia Santos Zimmermann, Dr.ª
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof. Murillo José Nunes de Abreu Junior, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof.ª Letícia Ruhland, Dr.ª
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Juliana Silva Ribeiro de Andrade, Dr.ª
Universidade Federal de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS
À minha família, minha mãe Morgana Borges Gomes, meu pai Alexandre Labes,
minha irmã Mariana Labes, meu cunhado André Alexandrino, e meu namorado Gustavo
Osório, por proporcionarem a realização da minha graduação, por serem os melhores
companheiros, conselheiros, encorajadores e amigos que eu poderia ter, muito obrigada!
Durante todos esses anos, choraram meus choros, vibraram intensamente minhas conquistas e,
em todos os meus sonhos, sonharam e traçaram, detalhadamente, os caminhos junto comigo.
Eu tenho certeza de que não há, no mundo, união tão bonita e forte quanto a nossa. Vocês são
tudo pra mim, o nosso lar é solo fértil e meu porto seguro! Um agradecimento especial à
minha irmã que dedicou seu tempo na produção das imagens e plantas presentes neste
trabalho.
Aos professores que estiveram ao meu lado, também, meu coração cheio de gratidão.
Ao meu orientador, Murillo, que há quatro anos vem me incentivando, tanto no âmbito
pessoal, quanto acadêmico. Esteve sempre de portas abertas para me ouvir e me ajudar,
aceitou orientar este trabalho, e foi um grande amigo durante essa caminhada. Às professoras
de Radiologia Odontológica também, Inês Vilain e Letícia Ruhland, que sempre se
mostraram disponíveis e foram muito presentes durante a minha graduação. Aos meus
orientadores e coorientadores de pesquisa, às equipes do CEPID e da “EndoFamily”, que
estiveram comigo em três anos de pesquisas, para o Programa Institucional de Iniciação
Científica e Tecnológica/PIBIC UFSC, e dividiram muito conhecimento durante esses
momentos.
A todo o corpo docente que, de alguma forma e durante todos esses anos, me
inspirou, segurou a minha mão, guiou, esteve presente, dedicou seu tempo, meu eterno
agradecimento! Aos professores que ficarão marcados no meu coração por olharem e
trabalharem com empatia, por terem me ensinado gentilmente e com amor, me escutado com
atenção (muitas vezes, olhando nos olhos), oferecido abraço nos momentos difíceis,
valorizado e incentivado o meu trabalho, mostrando compreensão: professoras Renata
Gondo, Daniela Carcereri, Carolina Barcelos, Dayane Machado Ribeiro, Beatriz
Dulcinéia Mendes de Souza, Juliana Silva Ribeiro de Andrade, Thaís Mageste Duque,
Etiene de Andrade Munhoz e professores Nelson Makowiecky, Gerson Ulema Ribeiro,
Henrique José Ferrari, Augusto Bodanezi e Thalisson Saymo de Oliveira Silva.
À minha dupla, Luiz Fernando, que foi um anjo que apareceu na minha vida,
obrigada pela parceria e cumplicidade todos os dias! Aos amigos que fiz na Universidade
Federal de Santa Catarina e foram o que de mais valioso vou levar daqui e pra sempre no meu
coração. Muitas pessoas cruzaram meu caminho e tornaram essa trajetória mais fácil, alegre e
inesquecível, mas deixarei aqui os nomes que me fizeram chamar Florianópolis de lar:
Bárbara Azevedo, Camila Freitas, Gustavo Ramon, João Vitor Amorim, Juan Cassol,
Kauanne Pacheco, Lucas Hoffmann, Marcos Magoga, Urbano Martins, Vitor Cruz e
Weslim Zancanaro. Eu não teria sido cinquenta por cento feliz do que fui se não tivesse
essas pessoas ao meu lado, aguentamos e suportamos muitas coisas juntos, a fidelidade existiu
desde o início, fomos colo, abraço e família durante toda a graduação. Que a gente conquiste
tudo que um dia sonhamos juntos, vocês foram muito melhores do que sempre sonhei! Meus
futuros e, os melhores, colegas de profissão.
Aos amigos de Araranguá que me acompanham desde o Ensino Fundamental e
Médio e são minha segunda família, essa vai pra nós! Vocês que cresceram junto comigo, que
ouviram muitos desabafos sobre a UFSC sem nem entender do que se tratava, muitos choros,
que foram companhias nos finais de semana de descanso, que construíram as melhores
histórias ao meu lado, que sonharam comigo a aprovação no vestibular e que estarão ao meu
lado para comemorar o título de cirurgiã-dentista: André Crippa, Ângela Wernke, Bárbara
Rabello, Bruna Scarpari, Gabriel C. Costa, Iandria Martins, Matheus Ramos e Victória
Cipriano.
Aos meus pacientes, pela confiança e por possibilitarem a minha formação em uma
das melhores universidades do país, muito obrigada! A todos os funcionários e técnicos, por
serem nossas companhias diárias, proporcionarem o bom funcionamento do curso, e se
tornarem nossos amigos, aliviando a rotina, em especial aos que me fizeram companhia no
Estágio no Departamento em 2022: Matheus, Day, Rô, Nil, Fátima, Batista, Luiz e
Fernando, vocês são demais! Nunca os esquecerei.
À UFSC, por proporcionar um ensino público, gratuito e de qualidade a todos que
aqui se dedicam a estar. Foi uma das melhores experiências da minha vida! Serei eternamente
grata por todos os anos que estive aqui dentro, só quem vive pra saber o que é estar aqui. Foi
minha segunda (ou primeira) casa durante seis anos, será impossível não sentir saudades.
Muito obrigada a todos que, de alguma forma, me apoiaram, incentivaram e estiveram
comigo!
RESUMO
The development and advancement of Digital Radiology has been conquering space gaining
ground for more than 40 years in the dental universe. During this period, direct and indirect
image capture techniques were developed, in addition to other digital methods, such as Cone
Beam Computed Tomography. Although digitalization has provided more agility and ease of
service, some professionals and academic environments have not yet adapted to the technique,
including the Federal University of Santa Catarina (UFSC). The present work was developed
with the objective of making a survey of the needs, through the evaluation of the
environments, aiming to stimulate the digitalization of the Dental Radiology of the UFSC, in
order to make the services faster and more effective, facilitate laboratory disciplines, in
addition to familiarizing students with the current dental radiology of the job market and
scientific development. For this project, all the environments occupied by the Department of
Dentistry for practical subjects were individually evaluated, and the needs related to image
capture were defined. With this tabulated data, it was possible to define which and how many
equipment will be needed to digitize all environments.
1 JUSTIFICATIVA………………………………………………………………. 14
2 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………14
3 REVISÃO DE LITERATURA…………………………………………………16
3.1 SENSORES CCD/CMOS……………………………………………………….. 16
4 OBJETIVOS…………………………………………………………………….27
4.1 OBJETIVO GERAL…………………………………………………………….. 27
5 METODOLOGIA……………………………………………………………… 28
5.1 DEFINIÇÃO E ANÁLISE DOS AMBIENTES A SEREM DIGITALIZADOS..28
6 RESULTADOS…………………………………………………………………. 29
6.1 ANÁLISE DAS PLANTAS BAIXAS…………………………………………... 29
6.3.4 CEPID…………………………………………………………………………... 38
7 DISCUSSÃO…………………………………………………………………… 48
8 CONCLUSÃO…………………………………………………………………. 51
REFERÊNCIAS………………………………………………………………... 52
14
1 JUSTIFICATIVA
Há mais de trinta anos que a radiografia digital vem sendo desenvolvida e utilizada.
A rápida evolução dos equipamentos digitais facilitou e trouxe melhorias à prática
odontológica clínica e laboratorial. Ao mesmo tempo, filmes radiográficos e soluções
químicas utilizadas no processamento radiográfico convencional vêm ficando, cada vez mais,
obsoletos e difíceis de serem encontrados no mercado.
Projetos para digitalização da Radiologia Odontológica na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) foram desenvolvidos, anteriormente, pelo corpo docente responsável
pela disciplina, embora não tenham sido levados adiante pelos gestores da Administração
responsável.
Este projeto visa estimular a digitalização da Radiologia Odontológica da UFSC para
uma melhor e mais eficiente formação dos alunos dos cursos de graduação e de
pós-graduação em Odontologia, bem como dar mais praticidade e conforto aos pacientes
atendidos.
2 INTRODUÇÃO
Oito de novembro de 1895 é a data considerada de nascimento da Radiologia no
mundo. O professor alemão Wilhelm Conrad Rontgen, ao trabalhar com raios catódicos,
constatou um novo tipo de raios, denominando-os “raios X” (LANGLAND; LANGLAIS,
1997). Para testar sua teoria, expôs a mão esquerda da sua esposa, Anna Bertha Rontgen, em
um filme fotográfico por, aproximadamente, 15 minutos. Após a revelação da imagem, sua
teoria estava correta. Seis anos depois, com a medicina diagnóstica revolucionada, Rontgen
recebe seu prêmio Nobel de Física em reconhecimento à descoberta dos raios X (BOLNER,
2011). Ainda em 1895, 20 dias após a descoberta de Rontgen, o professor Giesel e o dentista
Otto Walkhoff, na Alemanha, expuseram a boca de Otto por, aproximadamente, 25 minutos e
obtiveram a primeira radiografia dental da história (PASLER, 1999; ALVARES; TAVANO,
2000).
Em 1898, o Doutor Carlos José Ferreira Pires adquiriu o primeiro aparelho de Raios
X no Brasil, em Minas Gerais. Em 1913, a empresa americana Eastman Kodak produzia o
primeiro filme intrabucal de raios X. Seguindo o desenvolvimento, em 1932, o pioneiro da
Radiologia Odontológica no Brasil, que se chamava Cyro Silva, implantou a disciplina de
Radiologia no currículo acadêmico e prático na Faculdade de Farmácia e Odontologia na
15
cidade de São Paulo. Nos anos 2000, após muito estudo e evolução, a empresa Kodak lançava
o filme radiográfico intrabucal Insight (grupo E/F de sensibilidade) o qual é utilizado até hoje,
inclusive, em aulas práticas na Universidade Federal de Santa Catarina (BOLNER, 2011).
Nas últimas décadas, o desenvolvimento da informática atingiu todas as camadas da
vida em sociedade. Os avanços, não inesperadamente, geraram grandes mudanças na área da
saúde, especialmente, no que diz respeito à digitalização das imagens diagnósticas. O método
convencional de obtenção de imagem por meio de revelação, fixação, lavagem e secagem de
filmes radiográficos tornou-se um procedimento muito lento se comparado à nova tecnologia
digital. A radiografia convencional foi ficando, cada vez mais, obsoleta devido a suas
principais desvantagens como a manutenção e a adequação da câmara escura, necessidade de
manuseio dos produtos químicos e frequentes erros de processamento (DIWAKAR;
KAMAKSHI, 2015). Em contrapartida, os sistemas de radiografia digital possibilitam, além
de menor tempo de trabalho, manipulação das configurações e das características da imagem
radiográfica após o processamento, menor dose de radiação ao paciente e fácil
armazenamento (QUEIROZ et al., 2020).
Os sistemas radiográficos digitais contam, hoje, com métodos diretos e indiretos para
formação da imagem, podendo ser utilizados tanto em exames intrabucais como extrabucais.
Para imagens diretas, tem-se: Dispositivos Semicondutores de Óxido Metálico Complementar
(CMOS) e Dispositivos de Carga Acoplada (CCD). Em contrapartida, para a formação das
imagens indiretas utilizam-se Placas de Fósforo Fotoestimulável (PSP) (DIWAKAR;
KAMAKSHI, 2015). A Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC) também é
uma opção nos ambientes clínicos e hospitalares, possibilitando a visualização de imagens
tridimensionais (3D), não visualizadas nas técnicas citadas anteriormente (CAVALCANTI,
2014). A TCFC é, muitas vezes, o equipamento de escolha devido ao tamanho compacto e
valor reduzido se comparado à Tomografia Computadorizada Convencional (TC)
(VENKATESH; ELLURU, 2017).
As grandes vantagens dos sistemas de radiografia digital são a possibilidade de
visualização da imagem radiográfica mais rapidamente do que com o sistema convencional
baseado em filmes (também chamado de sistema analógico), a possibilidade de manipulação
da imagem com finalidade diagnóstica, a redução da dose de exposição dos pacientes aos
raios X, a facilidade de armazenamento das imagens e a desnecessidade de um processamento
químico. Essas são as principais bases para a produção deste trabalho. Embora não se omitam
16
aqui as desvantagens dos sistemas digitais, também já bastante conhecidas - a dificuldade que
alguns profissionais ainda podem ter em lidar com computadores e tecnologia, a rigidez dos
sensores, a falta de padronização dos softwares de gerenciamento das imagens e a necessidade
que pode haver de impressão das imagens –, essas são bem menos impactantes do que suas
vantagens (WATANABE; ARITA, 2012).
A UFSC foi fundada em 1960, tendo suas instalações construídas no Centro da
cidade de Florianópolis. O curso de Odontologia foi transferido para o Campus na Trindade
em 1981, após pedidos e luta por professores, alunos e funcionários (ROSA et al., 1982).
Ainda assim, mesmo depois de 42 anos e algumas reformas nos prédios ocupados pelo curso,
e após várias tentativas empreendidas pelos docentes da área, a Radiologia Odontológica da
UFSC ainda não passou por um processo de digitalização, mesmo com a maioria das
disciplinas práticas e laboratoriais (pré-clínicas e clínicas) do curso sendo dependentes do
Ambulatório de Radiologia. Esse atraso implica na limitação de experiências aos discentes,
tempo maior de atendimento ao paciente, além de dificultar o desenvolvimento de práticas e
pesquisas coerentes com o mercado de trabalho e com o desenvolvimento científico atuais.
Este trabalho foi desenvolvido, então, com objetivo de estimular a digitalização da Radiologia
Odontológica da UFSC.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 SENSORES CCD/CMOS
O primeiro sistema de radiografia digital, desenhado para obtenção de imagens
intrabucais, foi apresentado pelo francês Dr. Francis Moyen, em 1989, na França, operando
com a tecnologia de Carga Acoplada. O sistema ficou conhecido como Radiovisiography
(RVG) (Trophy Radiologie, Marne la Vallee, França), e foi divulgado como uma alternativa à
prática convencional, possibilitando a visualização da imagem, imediatamente, após a
exposição com uma quantidade menor de radiação ao paciente (MOUYEN et al., 1989).
Os sensores para captação de imagens radiográficas diretas denominam-se também
de detectores “do estado sólido”. A captação pode ser feita por dois sistemas: os Dispositivos
de Carga Acoplada e os Dispositivos Semicondutores de Óxido Metálico Complementar
(AUSTIN, 2012) – ambos funcionam de forma semelhante, do ponto de vista técnico, e
diferem na transferência do sinal eletrônico ao receptor de imagem (AZIMAN;
HELLÉN-HALME; SHI, 2019). Além disso, os CMOS, por vezes, são mais baratos e podem
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detector de imagem localizado ao lado oposto à fonte – ambos girando em torno do centro de
rotação (a área anatômica de interesse) (WHITE; PHAROAH, 2015). Vale ressaltar que, para
essa técnica radiográfica, os raios X são capturados por um intensificador de imagens e por
um sensor sólido – geralmente, CCD - não sendo utilizados filmes radiográficos. Com as
projeções sequenciais durante a rotação do equipamento, é obtido um conjunto de dados que
será reconstruído por programas (softwares) de processamento responsáveis pela formação
dos voxels – unidade de imagem tridimensional - para análise e exibição da imagem desejada.
As imagens finais poderão, então, ser reconstruídas nos planos axial, coronal, sagital e
oblíquo, permitindo, assim, a visualização das estruturas anatômicas nas três dimensões e,
ainda, em formato tridimensional (CAVALCANTI, 2014; PATEL et al., 2007).
O equipamento pode fazer uma rotação de 360° ou de 180°, que será responsável
pela detecção sequencial e pela produção da imagem da área irradiada (WATANABE;
ARITA, 2012). O tempo de varredura dessa técnica depende de cada fabricante do
equipamento (VENKATESH; ELLURU, 2017). A TCFC permite uma única rotação para
captura completa da imagem, se comparada à TC. Nesta são necessárias várias fatias em
movimento, em sequência, para a visualização completa da imagem final (KAU et al., 2005).
Se comparados aos aparelhos de TC, os tomógrafos de feixe cônico têm tamanhos
mais compactos, custo reduzido, menor tempo de varredura e menor exposição ao paciente à
radiação ionizante (VENKATESH; ELLURU, 2017). Um estudo relatou que a radiação total
utilizada em uma tomada radiográfica de TCFC é de, aproximadamente, 20% da radiação
liberada pela TC (KAU et al., 2005). Além disso, a técnica de feixe cônico comprovou alta
eficácia diagnóstica em tecidos mineralizados maxilofaciais (GARIB et al., 2007). Além
dessas vantagens, a disponibilidade de cortes sagitais, coronais e axiais para reconstruções
multiplanares, bem como a reconstrução 3D, tornam a TCFC um método crucial para
diagnósticos e planos de tratamentos em áreas da Odontologia como implantodontia,
ortodontia, cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial (KRZYŻOSTANIAK et al., 2015).
Entretanto, o Campo de Visão (Field of view - FOV) de alguns tomógrafos pode ser
maior do que o ideal, resultando em maior produção de feixes secundários e expondo, dessa
forma, o paciente a maiores doses de radiação (JAIN et al., 2019). A quantidade de raios X
fornecidos também irá depender das configurações de miliamperagem (mA) e de
kilovoltagem (kVp) determinadas no aparelho. A redução da dose de radiação está
diretamente ligada à qualidade da imagem: se o operador reduzir os valores de mA e kVp para
22
uma menor exposição, poderá prejudicar a qualidade da imagem final (KAU et al., 2005).
Além disso, a impossibilidade do diagnóstico de alterações dos tecidos moles e a existência
de artefatos são pontos que contam como desvantagem para essa técnica, se comparada à TC
que, em sua maioria, produz menos ruído, apresentando uma imagem mais limpa. No entanto,
os benefícios da TCFC tendem a superar tais inconvenientes (JAIN et al., 2019;
VENKATESH; ELLURU, 2017).
Apesar de todas as vantagens citadas, é importante lembrar que as indicações para
tomografias sejam todas clinicamente justificadas, além de entender que essa técnica não é
uma substituta das radiografias periapicais e panorâmicas – é uma modalidade complementar
para aplicações específicas. Além disso, deve-se sempre utilizar o princípio da dose de
radiação “tão baixa quanto razoavelmente exequível” (ALARA) (JAIN et al., 2019).
4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Estimular a digitalização da Radiologia Odontológica na Universidade Federal de
Santa Catarina.
ambientes;
5 METODOLOGIA
5.1 DEFINIÇÃO E ANÁLISE DOS AMBIENTES A SEREM DIGITALIZADOS
Para que seja realizada a digitalização de toda a Radiologia Odontológica, foi feita
uma análise individual das disciplinas dependentes de imagens radiográficas e dos espaços
laboratoriais e clínicos que igualmente as utilizam. A análise foi realizada com base na
demanda e na disponibilidade atual dos equipamentos, visando listar quais e quantos seriam
necessários para cada ambiente.
6 RESULTADOS
6.1 ANÁLISE DAS PLANTAS BAIXAS
.
Figura 2 - Planta baixa do 1° pavimento, Bloco D, CCS. Com destaque em: A) Clínica de Pós-Graduação; B)
Ambulatório de Radiologia; C) Centros Cirúrgicos; D) Laboratório de Ortodontia
Figura 3 - Planta baixa do 2° pavimento, Bloco D, CCS. Com destaque em: A) CEPID; B) Clínica I; C)
Laboratório I
Figura 3 - Planta baixa do 3° pavimento, Bloco D, CCS. Com destaque em: A) Laboratório II; B) Clínica II
o utilizam, além dos pacientes que descem das Clínicas I e II, da Clínica de Pós-Graduação e
do Laboratório de Ortodontia para tomadas radiográficas;
Figura 8 - A) Sala 1 onde, atualmente, possui um aparelho de raios X panorâmico sem funcionamento, e um
aparelho novo encaixotado que ainda não foi instalado; B) Sala 2, usada, atualmente, apenas para guardar
materiais
36
Figura 9 - A) Bancada com tanques de processamento radiográfico; B) Acúmulo de resíduos para descarte; C)
Tanque de processamento com as três divisórias – revelador, água, fixador
Figura 10 - Box de atendimento clínico passível de colocação de um monitor para visualização de imagens
radiográficas
37
6.3.3 Clínicas I e II
As Clínicas possuem, atualmente, cinquenta boxes individuais para atendimento aos
pacientes e apenas um box para obtenção de radiografias. Enquanto, as radiografias são
reveladas e fixadas em aparatos e potes de plástico próprios para processamento radiográfico.
Figura 11 - Box de atendimento clínico passível de colocação de um monitor para visualização de imagens
radiográficas
6.3.4 CEPID
CEPID possui nove boxes para atendimento, um ao lado do outro, e nenhum box
com aparelho de raios X.
Figura 13 - Box de atendimento clínico
Figura 13 - Box de atendimento clínico passível de colocação de um monitor para visualização de imagens
radiográficas
Figura 17 - Mesa em U para colocação de monitores, CPUs e scanner do sistema de PSP para
processamento das imagens
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Além dessas reformas, este projeto transforma a sala de raio x panorâmico e uma das
salas dos técnicos em quatro ambientes para radiografias extrabucais. A proposta é que se
divida as duas salas em quatro ambientes, como mostram as imagens a seguir:
Figura 19 - Duas salas com aparelhos panorâmicos e cefalométricos e duas salas com tomógrafos de
feixe cônico
44
Figura 20 - A) Sala 1 com aparelho panorâmico e cefalométrico B) Sala 1 com Tomógrafo de Feixe
Cônico
6.5.2 Clínicas I e II
Figura 21 - Um box para tomadas radiográficas e sete bases para processamento e visualização das
imagens
Figura 22 - Box de atendimento com monitor para visualização das imagens, tanto para o operador,
quanto didaticamente ao paciente
46
6.5.4 Laboratórios I e II
A grande área dos laboratórios possibilita a reforma para colocação de uma sala para
tomadas radiográficas. O projeto adiciona, no fundo da sala, um equipamento de raios X, um
sistema de PSP, dois monitores e duas CPUs devido à alta demanda de radiografias realizadas,
principalmente, nas aulas de Endodontia. Além disso, pensando em otimizar as aulas e
aprendizado dos alunos, o projeto também adiciona um monitor e uma CPU por mesa do
laboratório, para facilitar explicações de professores, e para que os alunos possam visualizar
suas radiografias durante um procedimento quando se fizer necessário.
47
7 DISCUSSÃO
O Brasil é o país com maior quantidade de faculdades de Odontologia e,
consequentemente, mais cirurgiões-dentistas do mundo, a maioria destes, operando com
auxílio de diagnóstico por imagem, o que resulta em alta concentração de aparelhos
radiográficos funcionais em todo o território nacional. Nesse contexto, o projeto
encaminhado, em 2013, por Watanabe e seus colaboradores (WATANABE, 2013) teve como
enfoque a digitalização da Radiologia na USP relacionado ao impacto ambiental consequente
à prática da radiologia convencional. Da mesma forma, o trabalho desenvolvido pelos alunos
de graduação em Odontologia da UFSC, em 2022, para a Semana do Meio Ambiente teve o
mesmo objetivo. Ambos trazem à tona a sustentabilidade em relação ao fim dos resíduos
líquidos e sólidos resultantes do processamento radiográfico convencional. Além disso, os
dois projetos apresentam a radiografia digital como opção mais consciente e tecnológica para
a Odontologia.
Na mesma vertente sustentável, uma tese elaborada na USP infere sobre a alta
concentração de efluentes de prata consequente da prática da radiologia convencional. Entre
os elementos provenientes desse processamento, estão hidroquinona e glutaral. Estes dois
elementos são tóxicos à saúde humana e estão ligados a estudos de leucemia mieloide,
bronquite crônica e propriedades mutagênicas. Por esta razão, torna-se tão importante a
fiscalização e o gerenciamento desses resíduos, bem como e ainda mais, o incentivo à
transição analógica-digital na prática da Radiologia Odontológica. Este recurso não gera
efluentes radiográficos, diminuindo riscos ambientais e à saúde humana (GRIGOLETTO et
al., 2011).
Já em relação à utilidade da radiografia digital, uma revisão de literatura realizada
em 2011 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (DE SOUZA, 2011) sobre os
receptores de imagem digital indiretos para Odontologia observou que, em relação à dose de
exposição ao paciente, os sensores de estado sólido (CCD/CMOS) são mais favoráveis;
entretanto, as PSP possuem maior flexibilidade e área ativa, além de maior conforto ao
paciente se comparados ao CCD/CMOS, por não possuírem um cabo de ligação. Não se omite
suas desvantagens como a necessidade da fase de escaneamento e das possíveis ranhuras que
decorrem com o tempo de uso da placa e que se refletem na imagem obtida. Torna-se digno
de nota que a escolha do sistema utilizado, além de ter um custo-benefício condizentes com as
49
possibilidades de uma universidade federal, deve ser feita com base no conhecimento da
técnica e seus equipamentos, bem como das necessidades apresentadas pelos pacientes.
Amaral e colaboradores (2020) reconhecem que o sistema convencional continua
sendo muito utilizado, apesar de todas as vantagens apontadas para a radiografia digital. Isso
vai ao encontro da conclusão de Watanabe e Arita (2012), quando relacionaram o alto custo
da digitalização à não aderência dessa prática, apesar de defenderem a implementação do
sistema com o argumento da formação de um cirurgião-dentista generalista. Assim como tem
acontecido na USP, a UniEvangélica (AMARAL et al., 2020) concorda que a
transição/substituição dos sistemas tem sido lenta e gradual. Além disso, cita a recomendação
da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, sobre a necessidade de intervenções
digitais para o fortalecimento do sistema de saúde (OMS 2019). Ainda em defesa da
digitalização da Radiologia, Candeiro e colaboradores (2009) listaram doze vantagens do
uso dessa técnica, entre elas, diversas já mencionadas no presente trabalho, tais como:
ausência de processamento químico, redução da dose de exposição, diminuição do tempo de
atendimento, elimina o custo de filmes e soluções de processamento, melhor interpretação das
imagens, capacidade de ajustes nas imagens e possibilidade de exibir as imagens ao paciente.
Em seu livro “Imaginologia e Radiologia Odontológica”, Watanabe & Arita (2012)
ainda comentam sobre como a falta de uma prática real com a radiografia digital nas
faculdades de Odontologia no Brasil diverge dos princípios dos Planos Políticos Pedagógicos
existentes nos cursos de graduação. Os referidos planos se comprometem em formar
cirurgiões-dentistas generalistas com sólidas formações técnico-científicas. É fundamental
que, em tempos de altas performances tecnológicas e digitais no mercado e pesquisas
científicas atuais, os profissionais tenham em seus currículos, como parte obrigatória, o
conhecimento prático e a possibilidade de manusear equipamentos que, em teoria, aprendem
em suas disciplinas – principalmente, em um curso de natureza teórico-prática. As ideias
apresentadas por Watanabe & Arita vão ao encontro dos principais objetivos do presente
trabalho: tornar os estudantes (futuros profissionais) confiantes (mais que isso:
formados/ensinados com tecnologias mais modernas) em suas rotinas de atendimento nos
consultórios odontológicos.
No entanto, apesar de terem em seus Planos de Ensino o embasamento teórico do
funcionamento da radiologia digital, os estudantes de Odontologia da UFSC não possuem
ligação prática com este conteúdo. Suas práticas, em contrapartida, estão atreladas somente à
50
2015). Outro ponto abordado nesta nota da FOA, mas não incrementado no presente projeto
da UFSC, foi o desenvolvimento de um prontuário digital dos pacientes. Deixa-se em aberto,
então, este tópico, de suma importância e diretamente ligado à prática digital, como incentivo
a futuros projetos para implementação nas clínicas da UFSC.
8 CONCLUSÃO
Reconhece-se que a digitalização da Radiologia de todo o Curso de Odontologia da
UFSC é um processo custoso, tanto burocraticamente, quanto financeiramente. Entretanto,
tudo que dele há de se beneficiar – atendimentos otimizados, inovação e projetos – deve ser
visto com muito zelo. A disciplina de Radiologia é parte imprescindível para o currículo de
um cirurgião-dentista, uma vez que, na ausência de um diagnóstico de qualidade, o
prognóstico do tratamento pode não ser favorável. Além disso, entende-se que a radiologia
convencional não deixa a desejar na capacidade diagnóstica, mas a falta de tecnologias
condizentes com o mercado de trabalho e com o desenvolvimento científico atuais atrasam
projetos de pesquisa e extensão que poderiam estar sendo desenvolvidos por discentes e
docentes do curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina, além da
otimização dos atendimentos clínicos e em disciplinas laboratoriais.
52
REFERÊNCIAS
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radiographic errors performed by dental students in intraoral radiographic techniques.
Arquivos em Odontologia, v. 46, p. 2, 2010.
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protocolo do fluxo digital na redução dos resíduos na clínica odontológica. Revista
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