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CAPA_MODELAG3_VERT

10/11/07
PROGRAMA REVIZEE

9:22 AM
PROGRAMA REVIZEE

Modelo de equilíbrio de biomassas do ecossistema marinho da Região Sudeste-Sul do Brasil entre 100-1000 m de profundidade
Maria de los Angeles Gasalla

SÉRIE DOCUMENTOS REVIZEE – SCORE SUL

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Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo,
Praça do Oceanográfico, 191 – São Paulo – SP Modelo de equilíbrio de biomassas
“N enhum peixe é uma ilha”. Esta frase deriva de uma outra famosa que diz “nenhum
CEP 05508-900 – Brasil
e-mail: [email protected] homem é uma ilha”, ou seja, que o Homo sapiens é um ser gregário por excelência. do ecossistema marinho da
Gonzalo Velasco No caso presente, esta afirmação procura mostrar que quando falamos em pesca, nossa visão
Deptº. Ecologia, Instituto de Biociências, deve ser holística e integradora nos aspectos biológico, oceanográfico, social e econômico. Região Sudeste-Sul do Brasil
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro, SP Em relação aos elementos presentes em um ambiente, a dinâmica espaço-temporal e as inter-
e-mail: [email protected] relações existentes entre eles, levam à necessidade de assumir que uma dada população pesqueira
é parte da complexa gama de fatores, interações e processos que ali ocorrem.
entre 100-1000 m de profundidade
Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski
Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo, Hoje, muitas são as críticas à forma sobre a qual vinha se pautando a ciência pesqueira, tendo-
Praça do Oceanográfico, 191 – São Paulo – SP se intensificado as discussões sobre o porquê do declínio do rendimento das pescarias e sobre o
CEP 05508-900 – Brasil impacto delas sobre os ecossistemas. Há um novo conceito embasando a avaliação de estoques: o
e-mail: [email protected] de que devem ser levadas em consideração as inter-relações entre os componentes do ecossistema,
para que se possa compreender a dinâmica dos recursos pesqueiros, estimar seu tamanho, sua
Manuel Haimovici
Deptº. de Oceanografia, Fundação Universidade
Federal do Rio Grande (FURG); Rio Grande, RS
capacidade de reposição, seu bem estar e, portanto, sua produtividade.
Por outro lado, é de conhecimento geral que a estrutura de alguns ecossistemas foi significati-
Maria de los Angeles Gasalla N a ultima década do século XX, com o
evidente declínio e sobre-pesca da
Gonzalo Velasco maioria dos estoques pesqueiros, passou-
e-mail: [email protected] vamente alterada pela pesca, passando esta a ser considerada um elemento “perverso”. A visão de se a levar em consideração, na avaliação
Lauro Saint-Pastous Madureira
que uma determinada pescaria afeta outros componentes do ecossistema torna-se, portanto, a Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski dos mesmos, fatores como a interação en-
forma de alcançar um melhor nível de qualidade do mesmo, mantendo-se sua sustentabilidade, com tre os recursos e os demais componentes
Deptº. de Oceanografia, Fundação Universidade
diretas conseqüências sobre o rendimento dos recursos pesqueiros e seu manejo. Manuel Haimovici dos ecossistemas.
Federal do Rio Grande (FURG); Rio Grande, RS
e-mail: [email protected] Para avaliar as causas e conseqüências desses processos, é necessária uma metodologia que Lauro Saint-Pastous Madureira Acompanhando esta tendência, a pre-
analise os sistemas de forma holística e, na atualidade, o uso de modelos tem sido implementado. sente publicação apresenta uma visão
Um modelo é uma representação geral simplificada do ecossistema, sendo que os modelos denomi- holística da estrutura e funcionamento do
nados “ecotróficos” informam sobre os níveis de energia (biomassa) que passam entre os principais ecossistema de plataforma continental
elementos de um ecossistema. externa e do talude da Região Sudeste-Sul
O modelo aqui aplicado propiciou uma visão geral das relações entre os componentes biológi- do Brasil, entre 100 e 1000 m de profun-
cos que ocorrem na Região Sudeste-Sul entre 100e 100m de profundidade, e também com a pescaria didade, com base na qual será possível
gerenciar adequadamente a extração dos
ali atuante, possibilitando sua utilização em futuros programas de manejo pesqueiro e de conser-
recursos ali presentes.
vação da biodiversidade.
Os resultados mostram um sistema complexo, diversificado e pouco produtivo, que já vem sentin-
do efeitos da pesca intensiva que sobre ele está ocorrendo. Dessa forma, a intensificação da explo-
ração do mesmo deve ser feita de forma cuidadosa, levando em conta as interações presa/predador
que nele ocorrem.

Ministério do Meio Ambiente


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SÉRIE DOCUMENTOS REVIZEE – SCORE SUL


Modelo de equilíbrio de biomassas
do ecossistema marinho da
Região Sudeste-Sul do Brasil
entre 100-1000 m de profundidade

Maria de los Angeles Gasalla


Gonzalo Velasco
Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski
Manuel Haimovici
Lauro Saint-Pastous Madureira
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Comitê Executivo do Programa REVIZEE


Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM
Ministério do Meio Ambiente – MMA
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
Ministério de Minas e Energia - MME
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA
Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT
Marinha do Brasil – MB
Ministério da Educação – MEC
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca – SEAP
Ministério das Relações Exteriores – MRE

Programa REVIZEE – Score Sul


Coordenador: Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski - IOUSP
Vice Coordenador: Lauro Saint Pastous Madureira – FURG

Série Documentos REVIZEE – Score Sul


Responsável – Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski

Comissão Editorial
Jorge Pablo Castello – FURG
Paulo de Tarso Cunha Chaves – UFPR
Sílvio Jablonski – UERJ

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Modelo de equilíbrio de biomassas do ecossistema marinho da Região


Sudeste-Sul do Brasil entre 100-1000 m de profundidade / Maria
de los Angeles Gasalla… [et al.]. — São Paulo : Instituto
Oceanográfico - USP, 2007. — (Série documentos Revizee : Score
Sul / responsável Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski)

Outros autores: Gonzalo Velasco, Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-


Wongtschowski, Manuel Haimovici, Lauro Saint-Pastous Madureira
Bibliografia.
ISBN 85-98729-21-3

1. Biodiversidade marinha 2. Biomassa 3. Ecossistemas 4.


Equilíbrio 5. Ecologia marinha 6. Fundo marinho – Exploração 7. Peixes
marinhos 8. Zona Econômica Exclusiva (Direito do mar) – Brasil
I. Gasalla, Maria de los Angeles. II. Velasco, Gonzalo III. Rossi-
Wongtschowski, Carmen Lúcia Del Bianco. IV. Haimovici, Manuel. V.
Madureira, Lauro Saint-Pastous. VI. Série.

07-7958 CDD-551.460709162

Índices para catálogo sistemático:


1. Biomassa : Equilíbrio : Modelo : Ecossistema marinho
551.460709162
2. Região Sudeste-Sul : Zona Econômica Exclusiva : Direito do
mar : Brasil 551.460709162

Impresso no Brasil – Printed in Brazil 2007

SÉRIE REVIZEE SUL


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SUMÁRIO

Apresentação do Programa Revizee . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

Resumo, Abstract e Palavra-chave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13

Características do Ecossistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

Materiais e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23


Grupos funcionais do modelo ecotrófico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
Descrição dos parâmetros adotados para cada grupo, e as adaptações
realizadas para a estruturação do modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25

Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
Ajuste dos parâmetros e “balanceamento” do modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

Discussão e Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55

SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL


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APRESENTAÇÃO DO
PROGRAMA REVIZEE

Rudolf de Noronha
Diretor do Programa de
Gerenciamento Ambiental
Territorial – SQA/MMA

Os ambientes costeiros e oceânicos contêm a maior parte da biodiversidade dispo-


nível no planeta. Não obstante, grande parte desses sistemas vem passando por algum ti-
po de pressão antrópica, levando populações de importantes recursos pesqueiros, antes
numerosas, a níveis reduzidos de abundância e, em alguns casos, à ameaça de extinção.
Observam-se, em conseqüência, ecossistemas em desequilíbrio, com a dominância de es-
pécies de menor valor comercial, ocupando os nichos liberados pelas espécies sobreexplo-
tadas, o que representa uma séria ameaça ao desenvolvimento sustentável.
Tal situação levou a comunidade internacional a efetuar esforços e a pactuar nor-
mas para a conservação e exploração racional das regiões costeiras, mares e oceanos,
plataformas continentais e grandes fundos marinhos, destacando-se a Convenção das
Nações Unidas sobre o Direito do Mar e o Capítulo 17 da Agenda 21 (Proteção dos
Oceanos, de Todos os Tipos de Mares e das Zonas Costeiras, e Proteção, Uso Racional e
Desenvolvimento de seus Recursos Vivos), além da Convenção da ONU sobre Diversidade
Biológica. O Brasil é parte desses instrumentos, tendo participado ativamente da elabo-
ração de todos eles, revelando seu grande interesse e preocupação na matéria.
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – CNUDM, ratificada por
mais de 100 países, é um dos maiores empreendimentos da história normativa das rela-
ções internacionais, dispondo sobre todos os usos, de todos os espaços marítimos e oceâ-
nicos, que ocupam mais de 70% da superfície da Terra. O Brasil assinou a CNUDM em 1982
e a ratificou em 1988, além de ter incorporado seus conceitos sobre os espaços marítimos
à Constituição Federal de 1988 (art. 20, incisos V e VI), os quais foram internalizados na le-
gislação ordinária pela Lei N-o 8.617, de 4 de janeiro de 1993. A Convenção encontra-se em
vigor desde 16 de novembro de 1994.
A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) constitui um novo conceito de espaço marítimo
introduzido pela Convenção, sendo definida como uma área que se estende desde o limi-
te exterior do Mar Territorial, de 12 milhas de largura, até 200 milhas náuticas da costa, no
caso do nosso país. O Brasil tem, na sua ZEE de cerca de 3,5 milhões de km2, direitos exclusi-
vos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos re-
cursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito e seu
subsolo, bem como para a produção de energia a partir da água, marés, correntes e ventos.
Ao lado dos direitos concedidos, a CNUDM também demanda compromissos aos
Estados-partes. No caso dos recursos vivos (englobando os estoques pesqueiros e os de-
mais recursos vivos marinhos, incluindo os biotecnológicos), a Convenção (artigos 61 e 62)
estabelece que deve ser avaliado o potencial sustentável desses recursos, tendo em conta
os melhores dados científicos disponíveis, de modo que fique assegurado, por meio de me-

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didas apropriadas de conservação e gestão, que tais recursos não sejam ameaçados por
um excesso de captura ou coleta. Essas medidas devem ter, também, a finalidade de resta-
belecer os estoques das espécies ameaçadas por sobreexploração e promover a otimiza-
ção do esforço de captura, de modo que se produza o rendimento máximo sustentável dos
recursos vivos marinhos, sob os pontos de vista econômico, social e ecológico.
Para atender a esses dispositivos da CNUDM e a uma forte motivação interna, a Co-
missão Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM aprovou, em 1994, o Programa RE-
VIZEE (Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva),
destinado a fornecer dados técnico-científicos consistentes e atualizados, essenciais para
subsidiar o ordenamento do setor pesqueiro nacional.
Iniciado em 1995, o Programa adotou como estratégia básica o envolvimento da
comunidade científica nacional, especializada em pesquisa oceanográfica e pesqueira,
atuando de forma multidisciplinar e integrada, por meio de Subcomitês Regionais de Pes-
quisa (SCOREs).Em razão dessas características, o REVIZEE pode ser visto como um dos pro-
gramas mais amplos e com objetivos mais complexos já desenvolvidos no País, entre aque-
les voltados para as ciências do mar, determinando um esforço sem precedentes, em ter-
mos da provisão de recursos materiais e da contribuição de pessoal especializado.
Essa estratégia está alicerçada na subdivisão da ZEE em quatro grandes regiões, de
acordo com suas características oceanográficas, biológicas e tipo de substrato dominante:
1. Região Norte – da foz do rio Oiapoque à foz do rio Parnaíba;
2. Região Nordeste – da foz do rio Parnaíba até Salvador, incluindo o arquipélago de
Fernando de Noronha, o atol das Rocas e o arquipélago de São Pedro e São Paulo;
3. Região Central – de Salvador ao cabo de São Tomé, incluindo as ilhas de Trindade e
Martin Vaz;
4. Região Sul – do cabo de São Tomé ao Chuí.
Em cada uma dessas regiões, a responsabilidade pela coordenação e execução do
Programa ficou a cargo de um SCORE, formado por representantes das instituições de pes-
quisa locais e contando, ainda, com a participação de membros do setor pesqueiro regional.
O processo de supervisão do REVIZEE está orientado para a garantia, em âmbito na-
cional, da unidade e coerência do Programa e para a alavancagem de meios e recursos, em
conformidade com os princípios cooperativos (formação de parcerias) da CIRM, por meio
da Subcomissão para o Plano Setorial para os Recursos do Mar – PSRM e do Comitê Execu-
tivo para o Programa. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente, esse fórum é com-
posto pelos seguintes representantes: Ministério das Relações Exteriores (MRE), Secretaria
Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), Ministério da Educação (MEC), Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT), Marinha do Brasil (MB/MD), Secretaria da Comissão Interministerial
para os Recursos do Mar (SECIRM), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), Bahia Pesca S.A. (empresa vinculada à Secretaria de Agricultura,
Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, coordenador operacional do REVIZEE.
A presente edição integra uma série que traduz, de forma sistematizada, os resul-
tados do Programa REVIZEE para as suas diversas áreas temáticas e regiões, obedecendo às
seguintes grandes linhas:caracterização ambiental (climatologia,circulação e massas d’água,
produtividade, geologia e biodiversidade); estoques pesqueiros (abundância, sazonalidade,
biologia e dinâmica); avaliação de estoques e análise das pescarias comerciais; relatórios
regionais, com a síntese do conhecimento sobre os recursos vivos; e, finalmente, o Sumário
Executivo Nacional, com a avaliação integrada do potencial sustentável de recursos vivos na
Zona Econômica Exclusiva.

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A série, contudo, não esgota o conjunto de contribuições do Programa para o co-


nhecimento dos recursos vivos da ZEE e das suas condições de ocorrência. Com base no
esforço de pesquisa realizado, foram, e ainda vêm sendo produzidos, um número significa-
tivo de teses, trabalhos científicos, relatórios, apresentações em congressos e contribuições
em reuniões técnicas voltadas para a gestão da atividade pesqueira no país, comprovando
a relevância do Programa na produção e difusão de conhecimento essencial para a ocupa-
ção ordenada e o aproveitamento sustentável dos recursos vivos da ZEE brasileira.

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PREFÁCIO

Desde 2004, a coordenação do Programa REVIZEE Score Sul vinha se empenhando


para que um modelo do ecossistema marinho, que representasse e sintetizasse os co-
nhecimentos adquiridos sobre a área coberta pelas pesquisas do Programa, fosse elabora-
do. Em 2006, com essa finalidade, foi formada uma equipe composta por pesquisadores de
diversas especialidades que haviam atuado no Programa e, em particular, de dois especia-
listas em modelagem ecológica que, juntos, puderam contribuir com seus respectivos co-
nhecimentos e experiências para a elaboração do referido modelo. O trabalho geral foi
coordenado a partir do Laboratório de Ecossistemas Pesqueiros (LabPesq), no Instituto
Oceanográfico da Universidade de São Paulo.
Foi, assim, realizada uma primeira modelagem do ecossistema correspondente à
área entre as isóbatas de 100 e 1000 m, entre Cabo Frio (RJ – 22°52’S) e Chuí (RS – 33°41’S),
utilizando não só as informações obtidas pelas diversas áreas do Programa REVIZEE, mas
também dados constantes na literatura correlata, cujos resultados são aqui apresentados.
A modelagem de um ecossistema vai muito além da simples compilação de
parâmetros e estimativas produzidas de modo independente por diferentes trabalhos de
pesquisa: ela implica em recalcular e interpretar informações sobre biologia populacional,
interações tróficas, ecologia de comunidades, variáveis ambientais e funcionamento do
ecossistema, de modo que elas se tornem compatíveis e forneçam uma representação
adequada e coerente dos processos que ocorrem na natureza. Ao compatibilizar infor-
mações de diferentes fontes e componentes do ecossistema, incluindo a pesca, pode-se
obter uma imagem inédita do mesmo. Contudo, a modelagem só se torna possível após
serem realizados numerosos estudos, trabalhos de campo, embarques, triagem de
amostras e diversas contribuições ao conhecimento sobre o ecossistema em análise.
Nesse sentido, o presente trabalho só foi possível graças à contribuição de
inúmeros pesquisadores, alunos e estagiários participantes do Programa REVIZEE. A todos
eles nosso profundo reconhecimento.
Os autores

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RESUMO, ABSTRACT E
PALAVRAS-CHAVE

RESUMO
Este trabalho apresenta o primeiro modelo trófico do ecossistema da plataforma
continental, talude e região oceânica adjacente do Sudeste/Sul do Brasil, entre o Cabo Frio
(22°52’S) e o Chuí (33°41’S), correspondente à área entre os 100 e os 1000 metros de pro-
fundidade, durante o período 1996-2002. O modelo se baseia em informações inéditas
sobre a Zona Econômica Exclusiva, coletadas por cruzeiros oceanográficos do Programa
REVIZEE, e disponibilizadas através desta série de documentos técnicos e informações
inéditas, não publicadas. Informações adicionais foram compiladas da literatura especiali-
zada em biodiversidade de áreas marinhas profundas. O sistema é o mais produtivo da ZEE
brasileira e atualmente sustenta pescarias importantes, tais como aquelas destinadas aos
bonitos, atuns e afins, tubarões, peixe-sapo, caranguejos e camarões de profundidade, e
peixes demersais. Foi utilizado o software Ecopath com Ecosim para descrever as inte-
rações tróficas, biomassas, taxas de produção e consumo e exportações dos grupos fun-
cionais do ecossistema através de uma abordagem de equilíbrio de biomassas. Os resulta-
dos obtidos pelos métodos hidroacústico e de área varrida para estimativa de abundância
e as relações presa-predador dos recursos orientaram a definição de trinta grupos fun-
cionais selecionados para a modelagem. Treze deles representam peixes demersais, dos
quais quatro deles são recursos pesqueiros explotados, sete representam peixes pelágicos,
dos quais três são explotados comercialmente, e quatro são grupos de peixes forrageiros,
além de três grupos de peixes bento-pelágicos. O modelo também inclui um grupo de
cefalópodes e três de invertebrados bentônicos, dos quais dois são recursos pesqueiros
explotados; um grupo de produtores primários e um de secundários, além de um grupo de
detrito. Os resultados mostram um sistema produtivo porém imaturo, com importância
significativa do bentos e de comedores bentônicos, com reciclagem de matéria orgânica
originada no pelagial. O peixe-lanterna e os mesopelágicos, como os mictofídeos, mais
abundantes na borda da plataforma, apresentaram valores de biomassa maiores do que os
da anchoíta, ambos representando o cerne da via de energia pelágica, alimentando tuba-
rões pelágicos e demersais, merluzas, atuns e afins, e o calamar-argentino, entre outros
organismos. Os níveis tróficos mais altos foram representados por abundantes tubarões
pelágicos e pelo peixe-sapo,este último apresentando baixos valores de biomassa para o total
da área modelada. Tanto os camarões-de-profundidade como os caranguejos-de-profundi-
dade e o peixe-sapo demonstraram baixa produtividade apesar de que sustentam pescarias
recentes importantes. Através da combinação e avaliação cruzada dos parâmetros popula-
cionais, o presente modelo descritivo do ecossistema da plataforma Sul/Sudeste do Brasil,
talude e zona oceânica adjacente poderá servir de base para futuras simulações dinâmicas,
permitindo aconselhamento a medidas de manejo pesqueiro com enfoque ecossistêmico.

ABSTRACT
A first ecosystem model of the South Brazilian shelf, slope and oceanic area
between Cape Frio (22°52’S) and Chuí (33°41’S), corresponding to isobaths from 100 to
1000 m is presented for the period 1996-2002. The model was based on unprecedented
information on the Brazilian Economic Exclusive Zone collected by oceanographic surveys
of the National Research Program REVIZEE and available through this series of technical

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documents and still unpublished information. Additional information was compiled from
literature focused on continental shelves and deep-sea biodiversity.The system is the most
productive area of Brazil EEZ and presently hosts important fisheries, such as the ones
targeting bonitos, tunas, sharks, monkfish, red crabs, deep-shrimps and abundant demersal
fishes. The Ecopath with Ecosim software was used to describe trophic interactions,
biomass, consumption and production rates and exports of system’s functional groups
through a food-web mass-balance approach. Results from swept-area and hydroacoustic
methods for abundance estimate and predator-prey relationships of resources oriented
the definition of thirthy functional groups selected for modeling purposes.Thirteen of them
represent demersal fish, from which four are exploited fishery resources, seven represent
pelagic fish, from which three are commercially exploited, and four are forage fish, and
three bentho-pelagic fish groups. The model also included one cephalopods plus three
invertebrates groups, from which two are exploited fishery resources, one primary and one
secondary producers, and one detritus group. Results showed a productive but immature
system with a significant importance of benthic fauna and benthic feeders groups with
pelagic-source organic matter recycling. Lantern-fish and mesopelagics such as
myctophids, which are more abundant in the shelf-break area, showed biomass values
higher than the shelf anchovies, both representing the core of the pelagic pathway, feeding
pelagic and demersal sharks, hakes, tuna-like fishes, and the Argentine-shortfin-squid,
among other organisms. Highest trophic levels were represented by abundant pelagic
sharks and monkfish, the last showing low biomass values for the modelled area as a
whole. Both deep shrimps and crabs and the monkfish showed low productivity although
these stocks sustain important recent fisheries.Through the combination and cross-evaluation
of populations parameters, the present descriptive model of the South Brazilian shelf, slope
and oceanic ecosystem might be the basis for future fishery dynamic simulations, allowing
the counseling for ecosystem-based fishery management.

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INTRODUÇÃO

M
odelos são representações simplificadas de um sistema ou processo e, em
geral, abrangem os componentes mais característicos ou essenciais dos mes-
mos (Odum, 1988; Jørgensen, 1994; Pauly & Christensen, 2002). Na atualidade,
os modelos de equilíbrio de biomassa, ou de “massas balanceadas”, são amplamente uti-
lizados para avaliar o grau de conhecimento adquirido sobre um dado ecossistema
aquático, ou como base para explorar hipóteses ou simulações dinâmicas dos efeitos de
alterações específicas em algum dos seus componentes (Christensen & Pauly, 1993;
Jørgensen, 1994; Christensen et al., 2004). Tais modelos são baseados em informações,
medições e parâmetros desses componentes, dentre eles, biomassa, mortalidade, inter-
ações tróficas, taxas de consumo, produção e perda de biomassa, que, ao serem cruzados,
propiciam a compreensão ou a formulação do conhecimento a respeito do funcionamen-
to do ecossistema. Permitem, também, avaliar a coerência das informações disponíveis e
verificar possíveis falhas ou inconsistências e, dessa forma, os modelos também auxiliam
na orientação e planejamento de pesquisas futuras (Odum, 1988; Jørgensen, 1994).
Os trabalhos desenvolvidos no âmbito do Programa REVIZEE, na região Sudeste-Sul
do Brasil, cujos objetivos centrais foram proceder ao levantamento dos recursos vivos da
Zona Econômica Exclusiva (ZEE), suas distribuições e abundâncias em relação à dinâmica
das condicionantes ambientais e determinar seus potenciais sustentáveis de explotação,
resultaram em uma série de novas informações que vieram contribuir para o conhecimen-
to do ecossistema marinho que abrange a plataforma continental externa, o talude e a
área oceânica adjacente (entre 100 e 1000 m de profundidade).
Visando utilizar essas informações, que vêm sendo disponibilizadas em esta série
de documentos técnicos, o presente trabalho procurou descrever e analisar a dinâmica do
fluxo energético do ecossistema de profundidade na região entre Cabo Frio (RJ – 22°52’ S)
e Chuí (RS – 33°41’ S), durante o período 1996-2002. Este modelo descritivo poderá servir
também para, no futuro, propiciar a investigação de possíveis respostas do ecossistema à
atuação das frotas pesqueiras e às mudanças na abundância das espécies nele presentes,
bem como avaliar as variações nas relações tróficas decorrentes.
No momento, o modelo permite uma visão global, holística desse ecossistema, a
formulação de hipóteses a respeito da estrutura e funcionamento do mesmo, a identifi-
cação de eventuais lacunas no conhecimento e a consistência dos parâmetros das popu-
lações marinhas na área de estudo, tais como, biomassa, taxas de mortalidade, produção,
consumo, interações tróficas e com a pesca. Podemos considerá-lo como uma primeira
tentativa de, com base em resultados inéditos gerados pelo Programa REVIZEE, apresentar
uma visão integrada das relações entre a abundância, produção, consumo e extração de
recursos no ambiente da plataforma externa e talude da região Sudeste-Sul do Brasil.

A base do modelo
Para a modelagem, foi utilizada a rotina ECOPATH do programa Ecopath with Ecosim
(Christensen & Pauly, 1992;Walters et al., 1997; Christensen et al., 2004), versão 5.1.0.180. A base do
modelo é o equilíbrio dinâmico ou balanço de biomassa de cada elemento no ecossistema,ou seja,
a biomassa de um determinado componente ao final de um período é igual ao valor da biomassa
no começo desse período mais a produção de nova biomassa menos o que foi consumido.

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As equações básicas utilizadas no ECOPATH são:

Consumo  produção  respiração  alimento não assimilado


(Equação 1)

Isso expressa que a energia consumida por uma população deve ser igual aos gas-
tos em produção de nova biomassa (crescimento, reprodução), o que é gasto em metabo-
lismo e o que não é assimilado biologicamente e, então, excretado.
No caso de uma população de um recurso pesqueiro qualquer, temos:

Produção  pesca  predação  saldo da emigração/imigração 


acúmulo de biomassa  outras causas de mortalidade
(Equação 2)

A Equação 2 pode ser escrita como:

Pi  Yi  Bi * M2i  Ei  BAi  Pi* (1  EE)


(Equação 3)

Onde:
Pi é a taxa total de produção da espécie ou grupo i,
Yi é a taxa de pesca total,
B i é a biomassa,
M2 i é a taxa de mortalidade total por predação,
E i é o saldo de (emigração-imigração),
BA i é a taxa de acúmulo de biomassa, que pode ser igual, menor ou maior que zero,
Pi * (1  EE) equivale às outras causas de mortalidade do grupo i que não aquelas
explicadas pela predação e a pesca ( MOi*Bi), sendo MOi , a mortalidade natural por ou-
tras causas, e
EE a eficiência ecotrófica, que representa a porção da produção de uma população,
espécie ou grupo do sistema que é aproveitado dentro do ecossistema.
A Equação 3 pode ser reescrita como:

n
 B i* (P/B)*EEi   B j* (Q/B)j *DCji  Yi  Ei  BAi  0
j 1
(Equação 4)

Onde: P/B é a razão produção/biomassa, Q/B é a razão consumo/biomassa e DCji é


a proporção da presa i na dieta do predador j.
Numa situação de equilíbrio, ou seja, quando a biomassa da espécie se mantém rela-
tivamente constante ao longo do tempo, a razão P/B é aproximadamente igual à taxa instan-
tânea de mortalidade total Z (Allen, 1971; Christensen & Pauly, 1992; Christensen et al., 2004).
Todos esses parâmetros descritos acima (B, P/B, Q/B ou P/Q), mais a dieta expressa
em porcentagem por peso, devem ser inseridos para cada espécie ou grupo de espécies
incluídas no momento de construir o modelo ecotrófico no programa Ecopath.
Em geral, trabalha-se com as principais espécies do ecossistema, ou seja, as mais
abundantes, que geralmente são aquelas sob explotação comercial e/ou das quais se têm
mais informações científicas sobre sua abundância, parâmetros populacionais de cresci-
mento, mortalidade, dieta, etc. Essas espécies normalmente são elos fundamentais na
trama trófica, tanto como presas, quanto como predadores.

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Espécies que também são elos importantes da trama trófica, mas para as quais não
se têm informações, são agrupadas seguindo-se o princípio da similaridade ecológica (isto
é, admitindo-se que apresentam hábitos alimentares ou características biológicas simi-
lares), sendo tratadas como um único componente. Dados da bibliografia também podem
ser utilizados, assumindo-se que espécies similares, do mesmo ou de outros ecossistemas,
terão características e parâmetros populacionais semelhantes (Christensen & Pauly, 1992;
Gasalla, 2004a; Velasco, 2004).
Quando não existem alguns parâmetros-chave disponíveis para uma dada popu-
lação, mas se conhecem, por exemplo, estimativas dos parâmetros de crescimento e da
relação peso-comprimento, podem ser utilizadas equações empíricas para estimar a mor-
talidade natural (M) e a taxa de consumo/biomassa (Q/B), tais como as de Pauly (1980) e
Palomares & Pauly (1998), entre outras.

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CARACTERÍSTICAS
DO ECOSSISTEMA

A
área representada pelo modelo abrange parte da Zona Econômica Exclusiva da
Região Sudeste-Sul do Brasil, entre o Cabo Frio, RJ (22°15’ S) e o Chuí, RS (34° 40’ S),
entre as profundidades de 100 e 1000 m. A região tem cerca de 2 000 km de
extensão e área estimada de 168.330 km2 (Ferreira & Madureira, com. pess.1) (Figura 1).

Cabo Frio
Santos

100 m

Rio Grande 1000 m

Figura 1 - Mapa do relevo oceânico da área plataforma continental externa, talude e região oceânica adja-
cente do Sudeste-Sul do Brasil. Em azul a área relativa ao modelo ecotrófico (100 – 1000 m de profundidade).

Segundo Zembruscki (1979), nessa região, a margem continental brasileira é com-


posta por oito províncias fisiográficas: plataforma continental, quebra da plataforma,
talude continental, cone do Rio Grande, leque submarino de São Tomé, elevação ou sopé
continental, platô de São Paulo e platô do Rio Grande.
A largura da plataforma continental é variável; o valor máximo é de 250 km no
embaiamento de São Paulo (que vai da Ilha de São Sebastião até o Cabo de Santa Marta
Grande) e no cone do Rio Grande; o valor mínimo é de 50 km ao largo de Cabo de São
Tomé (RJ). A quebra da plataforma situa-se, em média, em torno dos 200 m de profundi-
dade, mas no Cabo de São Tomé está em 100 m e na área ao largo de São Paulo nos 400 m.

1 Christian S. Ferreira e Lauro S. P. Madureira, Lab. de Hidroacústica, Depto. de Oceanografia, FURG.

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No talude, entre 100 e 1000 m de profundidade, destacam-se cones e platôs de diversas


dimensões na altura de Rio Grande, ao largo de Torres, de Florianópolis, de Paranaguá, ao
norte de Paranaguá, de Cabo Frio e de São Tomé. Irregularidades no talude, indicando a
presença de canyons e cicatrizes de deslizamento, são encontradas ao sul do cone do Rio
Grande, no platô de Rio Grande, na face norte do cone de Rio Grande e ao norte de
Paranaguá (Figueiredo & Tessler, 2004).
De Rio Grande ao norte de Santos, sobre a plataforma, predominam sedimentos
arenosos, enquanto na área de Cabo Frio predominam cascalho e areia cascalhosa. Bolsões
de areia lamosa e lama arenosa ocorrem na plataforma média na porção sul da área do
estudo e nas proximidades da baía da Ilha Grande. A parte norte é a que apresenta maior
variabilidade granulométrica dos sedimentos. Aí, a extensa faixa de areia que recobre toda
a plataforma é pontilhada por províncias isoladas de sedimentos de diversas granulome-
trias. Na porção central, a lama predomina em toda a extensão da plataforma interna e
média, com exceção da área ao largo de Paranaguá, onde existe uma ampla faixa de areia
lamosa, e em frente à Lagoa dos Patos, onde predomina lama arenosa. O talude, de modo
geral, apresenta-se com predomínio de lama, ocorrendo lama arenosa em áreas próximas
da quebra da plataforma, como na porção central (Figueiredo & Madureira, 2004).
Com relação à composição dos sedimentos, ao sul da desembocadura da Lagoa dos
Patos, a plataforma contém sedimentos com baixo teor de carbonato de cálcio, estando
recoberta por sedimentos litoclásticos e pontilhada por pequenas províncias com per-
centual variável de carbonato. A plataforma ao sul da Ilha de São Sebastião é caracterizada
por sedimentos litoclásticos passando a biolitoclásticos nas partes mais profundas.
Sedimentos bioclásticos estão distribuídos em faixas maiores e contínuas ao norte da ilha
de São Sebastião, recobrindo a plataforma interna e estendendo-se em direção à platafor-
ma média e externa. Ao norte de Cabo Frio, os sedimentos bioclásticos aparecem como
extensas províncias isoladas (Figueiredo & Madureira, 2004).
Quanto às características hidrológicas, estrutura termohalina e circulação, a região
em questão apresenta fenômenos que atuam em diferentes escalas temporais e espaciais:
variações sazonais na composição das massas de água, passagens de frentes, ressurgência
costeira e formação de vórtices.Tais fenômenos condicionam mudanças na composição da
flora e da fauna presentes ao longo e ao largo da mesma. Ao longo do talude de toda a
região Sudeste-Sul, flui a Corrente do Brasil (CB), porção oeste do giro subtropical, originada
da bifurcação da Corrente Sul Equatorial (em aproximadamente 8° S), que segue em direção
sul até aproximadamente 42° S, onde, ao encontrar águas costeiras e da corrente das
Malvinas, que fluem para o norte, se desvia para leste. A CB transporta águas com elevada
temperatura e salinidade (T  20° C; S  36,00) (Garcia, 1997; Castro et al., 2006).
Especificamente na Região Sul, convergem massas de água com origens e carac-
terísticas contrastantes: com origem subantártica (ASA) ocorre um ramo costeiro de águas
provindas das Malvinas, rico em nitrato, nitrito e fosfato, que, provindo de grandes profun-
didades da quebra da plataforma, alcança a zona eufótica sobre a plataforma.
Essa região, na faixa mais costeira, recebe, ainda, uma importante contribuição da
descarga de água doce do Rio da Prata e das Lagoas dos Patos e Mirim (T  20° C; S 
35,00) (Garcia, 1997; Piola et al., 2000). Em decorrência do encontro entre a Corrente do
Brasil e águas das Malvinas, aproximadamente na latitude de 42° S, forma-se a Conver-
gência Subtropical, que se desloca para o norte, no inverno, e para o sul, no verão. Desse
encontro forma-se a Água Central do Atlântico Sul – ACAS, que nas camadas mais profun-
das realiza um giro anti-horário, volta-se para norte e pode penetrar na plataforma ao
norte de Rio Grande, em Santa Marta, em algumas ocasiões. Ressurgências na quebra da
plataforma ocorrem o ano todo, com maior intensidade no inverno e primavera quando
há formação de vórtices ciclônicos frontais entre o ramo costeiro da Corrente de Malvinas
e a Corrente do Brasil (Garcia, 1997).
A disponibilidade de nutrientes determina altas taxas de produtividade primária,
com aumento da concentração de organismos fitoplanctônicos e, em conseqüência,

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elevação da biomassa de organismos zooplanctônicos (Odebrecht & Castello, 2001; Gaeta


& Brandini, 2006).
No embaiamento que forma a plataforma da Região Sudeste, e que vai de Cabo Frio
ao Cabo de Santa Marta Grande, ocorrem três massas de água com características distintas:
• Água Tropical (AT), que flui na porção superior da Corrente do Brasil em direção sul e que
se caracteriza por elevados valores de temperatura e salinidade, baixa concentração de
nutrientes e alta concentração de oxigênio dissolvido;
• Água Central do Atlântico Sul (ACAS), que flui em direção sul na porção inferior da
Corrente do Brasil e apresenta valores de temperatura baixos, salinidade média, é rica em
nutrientes e pobre em oxigênio dissolvido;
• Água Costeira (AC), que apresenta baixa salinidade e alta quantidade de material em sus-
pensão devido à influência da descarga de águas continentais (Castro et al., 2006). Sua
influência atinge os 28° S e sua importância sobre a área deste estudo se destaca pelo
fato de estar, possivelmente, associada a altos valores de produção (Madureira, dados
não publicados2).
Especialmente nos meses de verão, devido à prevalência de ventos nordeste, ocor-
rem ressurgências da ACAS na plataforma sudeste, principalmente na região de Cabo Frio,
estendendo-se até a Ilha de São Sebastião, as quais podem chegar a aflorar na superfície.
Esse afloramento traz nutrientes à região eufótica, promove aumento da produção
primária fitoplanctônica, a qual passa a sustentar uma maior biomassa de zooplâncton
herbívoro, que, por sua vez, é alimento para larvas de peixes e larvas de organismos ben-
tônicos que ali se reproduzem no verão (Gaeta & Brandini, 2006; Katsuragawa et al., 2006).
Outra característica do talude da Região Sudeste é a formação de meandros e vór-
tices pela Corrente do Brasil, ao longo do ano. Essas formações são causadas pela mudança
de direção dessa Corrente na região próxima a Cabo Frio. Os vórtices promovem a ascen-
são de águas profundas frias e ricas em nutrientes e, segundo alguns autores, permitem
que a ACAS penetre e permaneça na borda da plataforma durante o ano todo. Esses fenô-
menos influenciam diretamente no aumento da produção primária no talude e borda da
plataforma (Campos, 1995).
Na plataforma externa da Região Sudeste, as densidades de picoplâncton, formado
por cianobactérias e algas eucariontes, variam entre 1,5  102 e 5,0  105 células/litro. Na
Região Sul, em águas oceânicas, o picoplâncton autotrófico de superfície chega a valores
máximos de 108 células/litro (Mesquita & Fernandes, 1995; Odebrecht & Castello, 2001).
Máximos subsuperficiais de clorofila a, na plataforma intermediária, na externa e no talude
são encontrados quando da presença de ressurgências e vórtices, sendo que acúmulos de
larvas de peixes pelágicos e mesopelágicos como a anchoíta (Engraulis anchoita) e o peixe-
lanterna (Maurolicus stehmanni) estão aí presentes (Gaeta & Brandini, 2006).
Quanto ao zooplâncton, os valores do picoplâncton encontrados na área oceânica
da Região Sudeste, estão entre 5,1  105 e 3,6  106 cel/litro; para o nanoplâncton, as den-
sidades variam entre 0,5 e 3,2  103 cel/litro. O mesozooplâncton é dominado pelos
copépodos, mas cladóceros, quetognatos, taliáceos e apendiculárias são também abun-
dantes na região sul (Dias, 1996; Montú et al., 1997; Lopes et al., 2006). Segundo Lopes et al.
(op. cit.), acredita-se que a produção secundária do zooplâncton nas águas mesotróficas e
eutróficas da região sudeste-sul seja tão alta quanto em outros ecossistemas considerados
produtivos. Para os copépodos, valores de produção de 2,08 até 44,76 mg carbono/m3/dia,
foram encontrados por De la Rocha (1998) e Lopes et al. (op. cit.).
A composição, abundância e freqüência do ictioplâncton da região apresentam
grandes variações espaciais e temporais. Larvas das famílias Engraulidae e Clupeidae, espe-
cialmente de Sardinella brasiliensis, predominam na região da plataforma interna, enquanto
larvas de Engraulis anchoita concentram-se na plataforma externa. Outros grupos impor-

2 Dr. Lauro Saint Pastours Madureira (Depto. de Oceanografia, FURG) destaca a observação e detecção massiva de cardumes de peixes
em cruzeiros costeiros sob domínio da AC e da ASA da Plataforma, em 2005.

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tantes de larvas são: Carangidae, Paralichithydae e Scombridae.Nas regiões nerítica e oceâni-


ca predominam larvas de Myctophidae e Sternoptychidae (Katsuragawa et al., 2006).
Itagaki (1999) identificou uma associação de larvas na isóbata de 100 m,a qual denomi-
nou oceânica, e na qual predominaram larvas de peixes mesopelágicos como Maurolicus
stehmanni, Pollichthys mauli, Diaphus dumerelli, Paralepidae e Nomeidae, associadas à AT, e
enfatizando o papel fundamental da CB na distribuição e abundância do ictioplâncton da costa
sudeste. Outra assembléia, associada aos locais da plataforma externa sob influencia da ACAS,
é formada por Engraulis anchoita, Auxis spp. e Saurida brasiliensis (Katsuragawa et al., 1999). O
papel da ACAS, além de aportar nutrientes, é importante no transporte de ovos e larvas, o que
pode ser exemplificado com a ocorrência de Maurolicus stehmanni,que utiliza o movimento de
ressurgência para ampliar a área de distribuição de seus ovos e larvas (Ribeiro,1996), as quais,
após a eclosão, seriam transportadas do talude para a plataforma (Weiss et al. , 1988).
No Sul, a influência dos processos físicos sobre o ictioplâncton foi demonstrada por
Lima & Castello (1995), que relataram a estabilidade da coluna de água, o transporte e
retenção larval, bem como o enriquecimento ambiental na seleção do hábitat da anchoí-
ta. Esses autores sugerem que o enriquecimento causado por vórtices e meandros na que-
bra da plataforma sul, associado ao transporte de Ekman, seria um mecanismo de retenção
e acumulação de ovos e larvas, propiciando a manutenção da anchoíta em águas da pla-
taforma. A frente determinada pela presença da Água Subtropical de Plataforma, caracte-
rizada por acentuado gradiente termohalino, condiciona maior estabilidade dos ovos e lar-
vas das famílias Engraulididae, Synodontidae, Bregmacerotidae, Clupeidae e até de grupos
mesopelágicos como Myctophidae. Por outro lado, a presença de vórtices na plataforma
externa e talude força águas de origem tropical para a plataforma interna, reduz a diversi-
dade e a abundância de larvas neríticas e permite a ocorrência de grupos mesopelágicos
(Myctophidae e Scombridae) em áreas mais costeiras (Franco et al., 2005).
Quanto ao bentos, as pesquisas anteriores ao Programa REVIZEE se restringiam à
plataforma interna (Lana et al., 1996). Amaral et al. (2004) mostraram que entre os 100 e os
500 m de profundidade, nos sedimentos não consolidados, predominam moluscos bival-
ves, poliquetas, crustáceos, ofiuróides, briozoários e braquiópodos, sendo que o talude
revela uma riqueza e diversidade de espécies muito maior do que se previa anteriormente.
A complexidade da cadeia alimentar, que inclui uma grande quantidade de elos,
apresenta um número elevado de níveis até que a energia resultante da produção primária
chegue ao topo da cadeia. Assim, as águas da região, ainda que ricas em diversidade, não
permitem a ocorrência de grande biomassa de peixes como ocorre em outras áreas mais
ao sul (Brandini, 2006).
Madureira et al. (2005) mostram que os grupos nectônicos dominantes em biomas-
sa no pelagial são Engraulis anchoita, Trichiurus lepturus, Illex argentinus, Maurolicus
stehmanni e outros peixes mesopelágicos planctívoros. O peixe-lanterna (M. stehmanni)
apresentou distribuição fortemente associada ao talude, no limite entre a ACAS e a Água
Tropical (AT), penetrando sobre a plataforma média e externa nos locais de menor profun-
didade. Os denominados “mesopelágicos planctívoros” ocupam preferencialmente os limi-
tes mais externos da área prospectada, em áreas com predomínio de AT, mas freqüente-
mente contornando os limites da AT e da ACAS. Esse grupo também foi registrado sobre a
plataforma média, associado às intrusões da AT. O peixe-espada (T. lepturus) predominante-
mente ocupa águas com temperatura inferiores a 20° C, e o calamar-argentino (I.argentinus)
foi mais freqüentemente localizado em águas frias (entre 5 e 14° C).As espécies mais oceâni-
cas, como o peixe-lanterna e o grupo de mesopelágicos planctívoros tiveram uma ampla
distribuição latitudinal, enquanto que a anchoíta (E. anchoita) e o peixe-espada apresen-
taram uma distribuição descontínua (Madureira et al., 2005).
Quanto aos grandes peixes pelágicos, são mais abundantes na área do estudo o
tubarão-azul (Prionace glauca), o tubarão-noturno (Carcharhinus signatus), o tubarão-
martelo (Sphyrna zygaena), o dourado (Coryphaena hippurus) e a albacora-laje (Thunnus
albacares). A albacora-branca (Thunnus alalunga) também é importante, assim como o

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anequim (Isurus oxyrinchus) e a raia-violeta (Pteroplatytrygon violacea antes Dasyatis violacea),


no inverno e o agulhão-vela,(Istiophorus albicans),no verão (Vooren et al.,1999).Estes autores
encontraram maior freqüência numérica nas capturas de Istiophorídeos durante a prima-
vera/verão, enquanto para as albacoras essa relação se deu no inverno, quando é maior a
influência da Corrente das Malvinas na área Sul, e as lulas, principal alimento das albacoras e
espadartes, são mais abundantes.
Kotas et al. (2005) mostram que Sphyrna lewini se distribui até os 560 m de profun-
didade, sobre a plataforma continental, o talude e a região oceânica adjacente, ocorrendo
maiores concentrações no talude. As maiores capturas acontecem durante o verão, associ-
adas com a corrente do Brasil, em temperaturas acima de 21° C. Por sua vez, sua congênere,
S. zygaena, habita águas mais temperadas (em torno de 15° C), ocorrendo principalmente
no inverno e primavera, associada à penetração da Água Subantártica (ASA) na superfície,
a qual se posiciona sobre a Água Central Atlântico Sul (ACAS).
Com relação à fauna demersal, prospecções com arrasto-de-fundo, realizadas entre
100 e 600 m de profundidade, revelaram 173 espécies de teleósteos, 40 de elasmobrânquios,
22 de cefalópodes, além de 35 de crustáceos (Haimovici et al., 2006). As espécies mais abun-
dantes foram o peixe-galo-de-profundidade (Zenopsis conchifera),o barbudo (Polymixia lowei),
o calamar-argentino (Illex argentinus), merluza (Merluccius hubbsi), peixe-espada (Trichiurus
lepturus), abrótea-de-profundidade (Urophycis mystacea),Antigonia capros,peixe-sapo (Lophius
gastrophysus), Caelorinchus marinii e o sarrão (Helicolenus lahillei). Na plataforma externa, as
densidades foram maiores ao sul do Cabo de Santa Marta e ao longo de todo o talude.
O batata (Lopholatillus villarii), a abrótea-de-profundidade, o cherne-poveiro
(Polyprion americanus), os tubarões do gênero Squalus, o cherne-verdadeiro (Epinephelus
niveatus) e os tubarões do gênero Carcharhinus foram as espécies mais capturadas pelos
espinhéis-de-fundo entre 100 e 500 m de profundidade. Nesse caso, as áreas mais piscosas
foram localizadas ao sul de Tramandaí (Haimovici et al., 2004). Na região sul, o gradiente de
profundidade é marcante sendo que Polymixia lowei, Polyprion americanus, Helicolenus
lahillei, Urophycis mystacea e o congro-rosa Genypterus brasiliensis estiveram associados ao
talude superior, enquanto que Epinephelus niveatus, o pargo-rosa Pagrus pagrus, a cabrinha
Prionotus punctatus e o namorado Pseudopercis numida estiveram associados à região da
quebra de plataforma. Na região sudeste, Polyprion americanus, Urophycis mystacea,
Helicolenus lahillei e Merluccius hubbsi ocorreram em maiores profundidades. Na quebra da
plataforma Epinephelus niveatus, os cações-gato Mustelus spp. e Caulolatilus chrysops foram
mais abundantes nas menores latitudes, enquanto os cações Squalus spp., Heptranchias
perlo e as moréias Gymnothorax spp., nas maiores.Lopholatillus villarii foi a espécie que apre-
sentou a mais ampla distribuição batimétrica e latitudinal (Ávila-da-Silva & Haimovici, 2004).
Operações de pesca na plataforma externa e talude são efetuadas com redes de
arrasto-de-fundo, sobre os estoques de peixe-sapo (Lophius gastrophysus), abrótea-de-pro-
fundidade (Urophysis mystacea), merluza (Merluccius hubbsi), chernes (Epinephelus niveatus
e Polyprion americanus), namorados (Pseudopercis spp.), batata (Lopholatilus villarii), galo-
de-profundidade (Zenopsis conchifera), camarão-listrado (Aristeus antillensis), camarão-
carabineiro (Aristaeopsis edwardsiana), moruno (Aristaeomorpha foliacea) e caranguejos-
de-profundidade (Chaceon ramosae e C. noctialis). Essas pescarias são recentes, tendo
começado em 1998 (Pérez et al., 2003; Pérez et al., 2005).
Com relação aos grandes peixes pelágicos, destacam-se, nas pescarias com espi-
nhel de superfície, o bonito-listrado (Katsuwonus pelamis), a albacora-bandolim (Thunnus
obesus), a albacora-laje (T. albacares),a albacora-branca (T. alalunga), os agulhões
(Istiophorus albicans, Tetrapturus albidus e Makaira nigricans), o cação-anequim (Isurus
oxyrinchus), o tubarão-azul (Prionace glauca), o espadarte (Xiphias gladius), e o dourado
(Coryphaena hippurus). A pesca de emalhe-de-superfície é dirigida aos tubarões martelo
(Sphyrna lewini e S. zygaena), mas ocorrem capturas dos tubarões galha-preta (Carcatinus
brevipinna e C. limbatus), do galha-branca (Carcharhinus longimanus), do cabeça-chata (C.
obscurus), do machote (C. signatus), e outros citados por Kotas et al. (2005).

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A pesca com espinhel-de-superfície ocorre ao longo de toda a Região Sudeste-Sul


e tem como enfoque a captura dos atuns e afins, e dos tubarões supra-citados. A área de
pesca delimitada pelas latitudes de 27° S e 34° S e longitudes 52° W e 36° W, situa-se na
região da Convergência Subtropical. Nessa zona de mistura, são encontradas ressurgências
de borda da plataforma que dão suporte a importantes estoques de peixes pelágicos dos
quais se alimentam os atuns (Castello & Habiaga, 1988).
Os desembarques pesqueiros anuais registrados para a Região Sudeste-Sul são da
ordem de 240.000 toneladas, valor que representa quase a metade das capturas anuais
brasileiras (498.500 toneladas (IBAMA, 2002, 2003, 2004; Valentini & Pezzuto, 2006)) .

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MATERIAIS E MÉTODOS

Grupos funcionais do modelo ecotrófico


Os grupos funcionais, ou compartimentos do ecossistema, considerados para a
elaboração do modelo, foram selecionados com base em diversas publicações da Série
Documentos REVIZEE e na estrutura de modelos anteriormente construídos (Vasconcellos
& Gasalla, 2001; Gasalla, 2004a;Velasco, 2004;Velasco & Castello, 2005). Para a definição dos
grupos foi dada ênfase à importância, em termos de biomassa, das espécies de peixes,
seguindo as estimativas inéditas que constam em Madureira et al. (2005) e Haimovici et al.
(2006).Também foram incluídas espécies que foram importantes na composição dos con-
teúdos estomacais das espécies mais abundantes, mesmo não tendo alta representativi-
dade nas amostragens.
Assim, como elementos do modelo, foram consideradas as espécies de maior
importância na área do estudo, de forma individual, ou em grupos compostos de espécies
que representam importantes recursos pesqueiros, sendo estas, espécies que comparti-
lham funções ecológicas, hábitats e apresentam características demográficas similares. A
maioria dos grupos foi estudada no Programa REVIZEE (Amaral et al., 2004; Cergole et al.,
2005; Madureira et al., 2005; Haimovici et al., 2006), mas outros foram definidos com base
em estudos em andamento ou informações que constam da literatura disponível. No caso
específico da biomassa de alguns grupos demersais, como os levantamentos cobriram a
área de 100 a 600 m de profundidade e o presente modelo representa a área até os 1000
m, foi estimada uma proporção adicional de biomassa para essa área complementar,
segundo o conhecimento dos especialistas que trabalharam nos levantamentos.
A Tabela 1 apresenta os 30 grupos funcionais considerados no presente modelo.
Para a construção da matriz de dieta que relaciona os grupos do modelo entre si, foram uti-
lizadas as referências bibliográficas que constam da Tabela 2.

Tabela 1 – Composição dos grupos funcionais considerados no modelo ecotrófico do ecossistema da


plataforma continental externa, talude e região oceânica adjacente (100-1000 m) do Sudeste-Sul do Brasil.

Nome do grupo trófico Espécies principais Espécies secundárias


1 Peixe-sapo Lophius gastrophysus
2 Cações pelágicos Sphyrna spp.
Prionace glauca
Carcharias taurus
Isurus oxyrinchus
3 Grandes peixes demersais Lopholatilus villarii
Polyprion americanus
Pseudopercis numida
4 Merluza Merluccius hubbsi
5 Peixe-galo Zenopsis conchifera
6 Atuns e afins Thunnus obesus
Thunnus albacares
Thunnus alalunga
Thunnus thynnus
Xiphias gladius
Istiophorus albicans
Makaira nigricans

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Tabela 1 – Continuação.
Nome do grupo trófico Espécies principais Espécies secundárias
7 Calamar-argentino Illex argentinus
8 Cações demersais Mustelus schmitti Carcarhinus signatus
Squalus spp.
Squatina spp.
9 Sarrão Helicolenus lahillei
10 Raias Atlantoraja platana Sympterygia bonapartii
Atlantoraja cyclophora
11 Peixe-espada Trichiurus lepturus
12 Bonito-listrado Katsuwonus pelamis
13 Abrótea-de-profundidade Urophycis mystacea
14 Outros peixes demersais Beryx splendens
Thyrsitops lepidopoides
Mullus argentinae
Synagrops spp.
Genypterus brasiliensis
Bassanago albescens
Malacocephalus occidentalis
Bembrops heterurus
Caelorinchus marinii
15 Linguados Paralichthys spp.
16 Antigonia capros Antigonia capros
17 Polymixia lowei (barbudo) Polymixia lowei
18 Cabrinha Prionotus punctatus
19 Sciaenidae Umbrina canosai Outros sciaenidae
20 Peixe-lanterna Maurolicus stehmanni
21 Mesopelágicos planctófagos Lobianchia dofleini Notoscopelus resplendes
Lobianchia gemellarii Vinciguerria spp.
Diaphus brachycephalus Pollichthys sp.
Diaphus garmani Higophum spp.
Diaphus mollis Argyropelecus sp.
Diaphus holti Lepidophanes sp.
Diaphus taaning Scopelopsis sp.
Diaphus perspicillatus Lampichthys sp.
Diaphus metopoclampus Gymnoscopelus sp.
Diaphus dumerilii Xenodermichthy sp.
Diaphus bertelseni Cubiceps spp.
Diaphus problematicus Bolinichthys sp.
Myctophum affine Diplophos spp
Myctophum selenops Symbolophorus sp.
Ceratoscopelus warmingii Gonastomatidae
Manducus sp.
Argentina sp.
Trachipterus sp.
22 Ariomma bondi Ariomma bondi
23 Outros peixes forrageiros Trachurus lathami Scomber japonicus
Bregmaceros atlanticus
Bregmaceros cantori
24 Anchoíta Engraulis anchoita
25 Caranguejos Chaceon spp. Chaceon notialis
C. ramosae
26 Camarões-de-profundidade Aristaopsis edwardsiana
Aristaemorpha foliacea
Aristeus antillensis
27 Bentos Outros invertebrados
bentônicos
28 Zooplâncton Zooplâncton
29 Fitoplâncton Fitoplâncton
30 Detrito Detrito

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Tabela 2 – Estudos consultados para a construção da matriz de dietas.

Grupo funcional Fonte


Antigonia capros Browman et al., 2000; Martins, 2000
Trichiurus lepturus Muto et al., 2005; Martins et al. 2005
Zenopsis conchifera Muto et al. 2005
Illex argentinus Santos & Haimovici, 1997; Martins, 2000
Merluccius hubbsi Martins, 2000; Muto, 2004
Polymixia lowei Muto et al., 2005; Nascimento, 2006
Lophius gastrophysus Muto et al., 2005
Ariomma bondi Martins, 2000
Sciaenidae Martins, 2000
Urophycis mystacea Martins, 2000
Prionotus punctatus Martins, 2000; Tubino, 1999; Soares, 1992
Linguados Ignácio & Haimovici, 2005
Raias Soares et al., 1993; Capítoli et al., 1995; Cousseau
& Perrota, 1998; Skjæraasen & Bergstad,
2000; Paesch, 2000; Morato et al., 2003
Cações demersais Vaske & Rincon 1998
Helicolenus lahillei Muto et al., 2005
Engraulis anchoita Schwingel, 1998; Martins, 2000
Maurolicus stehmanni Browman et al., 2000
Mesopelágicos planctívoros Froese & Pauly, 2006
Myctophidae Browman et al., 2000
Atuns e afins Vaske & Castello, 1998; Browman et al.,
2000; Hassani et al., 1997; Allain, 2001;
Okey & Pugliese, 2001
Katsuwonus pelamis Vilela, 1990
Grandes demersais Martins, 2000
Outros peixes demersais Muto et al., 2005
Cações pelágicos Cousseau & Perrota,1998; Vaske & Rincon,1998;
Avsar, 2001.
Outros peixes forrageiros Carvalho, 2000; Froese & Pauly, 2006; Chavez-
Solano, 1976; Mendo, 1984
Caranguejos Chaceon spp Domingos et al., 2003;
Cartes, J. (com. pess.); Hastie, L.
(com. pess.)
Camarões-de-profundidade Gasalla, 2004a; Velasco, 2004 (outras espécies)

Descrição dos parâmetros adotados para cada grupo, e as


adaptações realizadas para a estruturação do modelo

1. Lophius gastrophysus (Peixe-sapo)


A biomassa considerada no modelo foi calculada segundo as estimativas realizadas
por Perez et al.(2005), expandidas para a área do modelo.Ao total de 13 379 toneladas, esti-
madas para a área entre 100 e 600 m de profundidade, foram adicionados 10% para repre-
sentar a área total, até os 1000 m. O valor do parâmetro P/B foi obtido como sendo
o Z que consta em Perez et al. (2005).
A razão Q/B foi estimada através da equação empírica de Palomares & Pauly (1998),
a partir dos parâmetros populacionais de Perez et al. (2005) e da relação peso-comprimen-
to (Haimovici & Velasco, 2000).

2. Cações pelágicos
Neste grupo, foram avaliados diversos parâmetros para o cálculo de P/B e Q/B e
adotadas as estimativas de Velasco (2004), com base em Froese & Pauly (2003). O valor de
biomassa total para o grupo foi estimado pelo próprio modelo.

3. Grandes peixes demersais


Os valores de biomassa do grupo foram aproximados, com base nos valores citados
em Ávila-da-Silva (2002) e Haimovici (dados não publicados). Considerou-se que na área e

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no período do estudo, os estoques de cherne, namorado e batata, juntos, estariam na


ordem das 9 000 toneladas. Para definir o valor de P/B, foi considerado o valor máximo de
Z obtido em Ávila-da-Silva & Haimovici (2005). Para o cálculo de Q/B, a partir dos parâme-
tros de Ávila-da-Silva & Haimovici (op. cit.), foi utilizada a equação empírica de Palomares &
Pauly (2006), e o valor foi ajustado para uma eficiência bruta compatível.

4. Merluccius hubbsi (Merluza)


O valor de biomassa de entrada (0,185 ton/km2) foi obtido considerando-se as esti-
mativas que constam em Haimovici et al. (2006), para a área do levantamento. Assim, ao
valor estimado de 20 715,5 toneladas, para a área até 600 m, foram adicionados 50% do
mesmo, como correção para a área até 1000 m de profundidade. O P/B foi estimado com
base em Vaz-dos-Santos & Rossi-Wongtschowski (2005), e o Q/B utilizando-se a equação de
Palomares & Pauly (1998) e os parâmetros de crescimento de Vaz-dos-Santos & Rossi-
Wongtschowski (2005).

5. Zenopsis conchifera (Peixe-galo-de-profundidade)


Foram considerados os valores de biomassa que constam em Haimovici et al.(2006)
e adequados à área do modelo.Ao valor de 32 938 toneladas estimadas para a área até 600 m,
foi acrescentado um valor de 10% do original, necessário para estimar a biomassa da área
até 1000 m. O valor de M obtido por Duarte-Pereira et al. (2005) foi considerado como
sendo equivalente a Z e, portanto, ao P/B do grupo. Para o cálculo de Q/B da espécie, foi uti-
lizado um valor de eficiência bruta (P/Q) de 20%.

6. Atuns e afins
O valor de P/B para o grupo dos atuns e afins foi estimado a partir da média pon-
derada dos valores de Z encontrados em Arfelli (1996),Vasconcellos (2002), Cox et al. (2002)
e Froese & Pauly (2006). A ponderação foi realizada com base na importância de cada espé-
cie nos desembarques pesqueiros da Região Sudeste-Sul (IBAMA, 2002, 2003, 2004).O valor
de Q/B foi estimado considerando uma eficiência bruta de 0,05 para o grupo, sendo o
resultado compatível com valores encontrados em outros modelos para as espécies com-
ponentes do grupo (Cox et al. 2002; Vasconcellos, 2002).
Foi utilizada uma eficiência ecotrófica de 0,07, considerando que apenas parte da
biomassa do grupo permanece na área do estudo, devido à migração que estas espécies
apresentam.

7. Illex argentinus (Calamar argentino)


Inicialmente foi adotada a estimativa de biomassa apresentada em Haimovici et al.
(2006), por se tratar de valores superiores aos obtidos pela prospecção hidroacústica
(Madureira et al., 2005). Porém, como esse valor representa apenas a área até 600 m e sabe-se
que concentrações da espécie ocorrem em maiores profundidades, ao valor de 26 471
toneladas, foram adicionados 75% do mesmo, para representar a área total do modelo. No
entanto, de acordo com as restrições do método de área varrida para o caso da avaliação dos
calamares, considera-se que o valor obtido de 0,275 toneladas/km2 pode estar subestimado.
Com relação ao P/B, foi utilizado um valor de Z entre 3 e 3,5, com base em Basson
et al.(1996), que estimaram valores de mortalidade natural semanal de 0,06, para o estoque
da região das ilhas Malvinas.Quanto ao Q/B, foi considerada a eficiência bruta (P/Q) de 10%
compatível com cefalópodes oceânicos (Christensen et al., 2004).

8. Cações demersais
Inicialmente, os valores de biomassa apresentados por Haimovici et al. (2006)
para Mustelus schmitti, Squalus spp. e Squatina spp. foram somados e divididos pela área
do modelo, obtendo-se o valor de 0,101 toneladas/km2. Considerando que na área do

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estudo ocorrem ainda outros cações como Galeorhinus galeus e Carcharhinus spp., esse
valor inicial foi considerado subestimado.
O valor de P/B foi calculado como a média dos valores de Z encontrados em Froese
& Pauly (2006), Mackinson (2001) e Velasco (2004). O valor de Q/B foi obtido através da
equação de Palomares & Pauly (1998) para Carcharhinus signatus, usando parâmetros de
crescimento de Lessa (com. pess.3).

9. Helicolenus lahillei (Sarrão)


A biomassa desta espécie foi calculada, inicialmente, com base nas estimativas
realizadas pelo método da área varrida apresentados por Haimovici et al. (2006), e que cor-
responderam a 0,041 toneladas/km2, quando padronizados para a área do modelo. Para
esse cálculo, considerou-se que mais 25% da biomassa que ocorre até os 600 m estaria pre-
sente na região entre 600 e 1000 m de profundidade, valor que foi adicionado ao original
de 5 546,5 toneladas.
O valor de P/B inicial foi estimado através do uso da fórmula empírica de Pauly
(1980) para mortalidade natural (0,083) e um F aproximado. Considerando que a pesca
atua, mesmo que indiretamente, sobre o estoque, o valor de entrada de Z  0,1 foi consi-
derado uma aproximação razoável. A razão Q/B foi estimada através da equação de
Palomares & Pauly (1998), segundo dados de Bernardes et al. (2005).

10. Raias
Utilizando as estimativas de biomassa encontradas por Haimovici et al. (2006) para
Atlantoraja platana (6 783,5 t) e A. cyclophora (9 097,5 t), foram encontrados, para este
grupo, valores de 0,094 toneladas/km2. Porém, ao considerar a presença de outras espécies
de raias na área do estudo (Myliobatis spp. e A. castelnaui, por exemplo), considerou-se que
o valor inicial estaria subestimado. Utilizando o valor de F  0,13, encontrado em Casarini
(2006), e os valores de desembarque reportados pelo IBAMA (2004), a biomassa estimada
atingiria algo em torno de 0,12 toneladas/km2, sendo esse o valor considerado para entra-
da no modelo, porém com a ressalva de constituir provável subestimativa.
O valor inicial de P/B de 0,15 foi adotado com base em Casarini (2006) e a Q/B foi
obtida considerando-se uma eficiência bruta de 20% para o grupo.

11. Trichiurus lepturus (Peixe-espada)


A biomassa do peixe-espada foi calculada com base nas estimativas realizadas
através de prospecção hidroacústica (Madureira et al. 2005), resultando em 189 243,8
toneladas, valor que foi compatibilizado para a área do modelo. O valor de P/B adotado foi
a média de valores de Z encontrados por Magro (2006), resultantes do uso de diversos
métodos. A razão Q/B foi estimada a partir da equação de Palomares & Pauly (1998), segun-
do parâmetros de Haimovici & Velasco (2000) e Magro (2005).

12. Katsuwonus pelamis (Bonito-listrado)


As estimativas de biomassa para a espécie apresentam níveis elevados de incerteza
para o estoque do Atlântico Sudoeste como um todo (Andrade, com. pess.4). Para fins de
modelagem, e considerando que o estoque é pescado somente nessa região, foi assumido
que na área do modelo estariam presentes 50 % da biomassa total do estoque no Oceano
Atlântico Sudoeste (Andrade, 2006).
O valor de P/B utilizado foi obtido de Vasconcellos (2002) (1,35), sendo que Vilela &
Castello (1993) apresentam valores um pouco inferiores (1,25), mas relativos ao período
1980-86. A razão Q/B foi obtida de Cox et al. (2002).

3 Dra. Rosângela Lessa, Lab. de Biologia Pesqueira, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife, PE.
4 Dr. Humber A. Andrade, Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Itajaí, SC.

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13. Urophycis mystacea (Abrótea)


Para esta espécie, o cálculo da biomassa foi feito com base nas informações cons-
tantes em Haimovici et al. (2006). Ao valor original de 10 522 toneladas, estimadas até os 600
m de profundidade,foi acrescentado 25%,na tentativa de corrigir os valores para a área total.
Para a razão P/B foi adotado um valor de Z compatível com Haimovici et al. (2006).
A estimativa de Q/B foi realizada usando a fórmula de Palomares & Pauly (1998), e os
parâmetros de Haimovici et al. (2005).

14. Outros peixes demersais


Para o cálculo da biomassa deste grupo, foram somadas as estimativas de biomas-
sa de cada espécie componente (ver Tabela 1), estimadas por Haimovici et al. (2006),
tendo-se obtido o valor de 0,24 toneladas/km2. Foram adotados os valores de P/B e Q/B
de Gasalla (2004a).

15. Paralichthys spp. (Linguados)


Assim como para as demais espécies demersais, o cálculo da biomassa foi feito com
base em Haimovici et al. (2006). As estimativas de biomassa para Paralichthys isosceles
estariam próximas às 8300 toneladas.
O valor adotado para P/B foi aquele de M  F, usando valores de Haimovici & Araújo
(2005) obtidos para P. patagonicus.
A estimativa de Q/B foi realizada empiricamente, segundo Palomares & Pauly (1998).

16. Antigonia capros


Para esta espécie foi adotada também a estimativa de biomassa apresentada por
Haimovici et al. (2006), de 44 235 toneladas.
Foi considerado um valor de M segundo Froese & Pauly (2006), para P/B, e fixada
uma eficiência bruta de 20% para cálculo de Q/B.

17. Polymixia lowei (Barbudo)


Para a compatibilização do cálculo de biomassa, foram utilizadas as estimativas de
biomassa por área varrida que constam em Haimovici et al.(2006).Ao valor original de 19 944
toneladas, para a área até 600 m, foram adicionados 25% desse valor, corrigindo-se a estima-
tiva até os 1000 m de profundidade. Foi adotado um valor de M, segundo Froese & Pauly
(2006), para espécie congênere, e o Q/B foi estimado usando a fórmula de Palomares & Pauly
(1998) e parâmetros de Haimovici & Velasco (2000) e Froese & Pauly (2006).

18. Prionotus punctatus (Cabrinha)


Foram utilizadas as estimativas de biomassa por área varrida de Haimovici et al.
(2006) para cálculo compatível com a área do modelo. O valor de Z estimado em Andrade
et al. (2005) foi considerado como P/B para o grupo, e o Q/B calculado fixando-se a eficiên-
cia bruta da espécie conforme considerações ecofisiológicas compatíveis.

19. Sciaenidae
Este grupo está representado essencialmente por Umbrina canosai. Foram uti-
lizadas as estimativas de biomassa por área varrida obtidas por Haimovici et al. (2006)
para a espécie. Para a área do modelo, esse valor atinge 0,063 toneladas/km2.
Considerando que possa haver outras espécies de Sciaenidae na área (possivelmente
oriundos da plataforma interna), foi considerada inicialmente uma biomassa de 0,07
toneladas/km2.
O valor de P/B seguiu estimativa de Z obtida de Haimovici et al. (2005). A razão Q/B
foi estimada usando a fórmula empírica de Palomares & Pauly (1998).

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20. Maurolicus stehmanni (Peixe-lanterna)


A biomassa desta espécie foi calculada com base nas estimativas realizadas através
da prospecção hidroacústica que constam em Madureira et al. (2005). A biomassa da espé-
cie na área do estudo atingiria 666 804 toneladas.
Para estimativa de P/B e Q/B, foram adotados respectivamente valores de M e Q/B,
segundo Froese & Pauly (2006), para espécie congênere, mas utilizando na equação empíri-
ca a temperatura do ambiente onde vive o recurso, segundo consta em Velasco (2004).

21. Mesopelágicos planctófagos


Foram utilizadas as estimativas de biomassa realizadas através de prospecção
hidroacústica e que constam em Madureira et al. (2005). Em média, um total de 549 747
toneladas destes peixes estariam disponíveis na área de estudo, sendo que 61% da bio-
massa deste grupo é composto por espécies da Família Myctophidae (Madureira, dados
não publicados).
O valor de P/B seguiu a estimativa de M realizada para Diaphus spp. através da
equação de Pauly (1980), utilizando-se os parâmetros que constam em Gartner (1991). O
valor de Q/B foi obtido com base em Froese & Pauly (2006).

22. Ariomma bondi


Foram considerados os valores de biomassa que constam em Haimovici et al.
(2006), atingindo 10 716,5 toneladas e adequados à área do modelo. Foi estimado um valor
de M, segundo Pauly (1980), e de Q/B, usando a fórmula de Palomares & Pauly (1998) e
parâmetros de Madureira & Rossi-Wongtschowski (2005) e Froese & Pauly (2006).

23. Outros peixes forrageiros


Para este grupo foi calculada a média entre os valores de M para as espécies com-
ponentes do grupo (ver Tabela 1), segundo Froese & Pauly (2006) e fórmula empírica de
Pauly (1980).
Para estimar o valor de Q/B usou-se a média entre valores de Froese & Pauly (2006),
Okey et al. (2004), e estimativas realizadas usando Palomares & Pauly (1998). A estimativa
da biomassa do grupo foi realizada pelo modelo.

24. Engraulis anchoita (Anchoíta)


Os valores médios das estimativas de biomassa obtidos pela prospecção hidroacús-
tica do Programa REVIZEE (Madureira et al., 2005) foram divididos pela área total do mod-
elo e resultaram em um valor em torno de 0,95 toneladas/km2. Porém, é provável que
esses valores estejam bastante subestimados. Estimativas posteriores, de outros projetos,
indicam a existência de concentrações de biomassa mais elevadas em áreas localizadas na
Região Sul, podendo chegar a 1 000 000 de toneladas (Madureira & Castello, com. pess.5).
Com base nessas observações, foi considerada a existência de uma biomassa de 500 000
toneladas de anchoíta para a área representada pelo modelo.
O valor de P/B segue estimativa de Z de Castello (2005). Para Q/B foi utilizada a fór-
mula de Palomares & Pauly (1998) e os parâmetros de Castello (2005) e Madureira & Rossi-
Wongtschowski (2005).

25. Caranguejos Chaceon spp.


Neste compartimento foram incluídos Chaceon notialis (caranguejo-vermelho) e C.
ramosae (caranguejo-real), também de interesse pesqueiro, reportados em Pezzuto et al.
(2005) e em Athiê & Rossi-Wongtschowski (2004).

5 Dr. Lauro S. P. Madureira e Dr. Jorge P. Castello, Depto. de Oceanografia, FURG, Rio Grande, RS.

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Os valores de biomassa e desembarque pesqueiros seguiram Pezzuto et al. (op. cit.).


Para estimativa de P/B foi considerado um valor de M da literatura (em torno de 0,15)
(Defeo et al., 1992) e assumido um F de 0,45, segundo Pezzuto et al. (op. cit.). Rocha et al.
(2003) estimaram um P/B de 0,6 para Brachyura. Nesse sentido, o valor adotado pareceu
razoável também do ponto de vista bioecológico.
Para a estimativa da razão Q/B, foi considerado que o grupo tem uma eficiência
bruta (P/Q) de 9%.
Embora Domingos et al. (2003) considerem este grupo como de predadores pis-
cívoros, foi considerado, neste modelo, que os peixes encontrados na dieta dos carangue-
jos-de-profundidade eram peixes mortos ou provenientes dos descartes da pesca (Cartes,
com. pess.6; Hastie, com. pess.7).

26. Camarões-de-profundidade
Neste compartimento foram incluídos os grupos de interesse pesqueiro, reporta-
dos por Pezzuto et al. (2005), como sendo os camarões da família Aristeidae: Aristaeopsis
edwardsiana (camarão “carabineiro”), Aristaemorpha foliacea (camarão “moruno”), e Aristeus
antillensis (camarão “listrado”).
Para estimativa do P/B, foram utilizados valores de M da literatura (em torno de
0,65) (Papaconstantnou & Kapiris, 2001) e um F de 0,3.
Para estimativa da Q/B, foi considerado que o grupo deva ter uma eficiência bruta
(P/Q) de 9%.

27. Bentos
Os diversos grupos faunísticos bentônicos da área de estudo foram agrupados em
um único compartimento, com base na literatura (i.e. Amaral et al., 2005, principalmente,
além de Pérez & Wahrlich, 2005). A metodologia utilizada para coletar organismos bentôni-
cos não permite uma adequada estimativa e comparação da biomassa bentônica, conse-
qüência da utilização de diferentes amostradores (dragas, pegadores e box-corer), privile-
giando mais o levantamento faunístico propriamente dito. Para a composição do modelo,
foram utilizadas as tabelas apresentadas por Amaral et al. (2005) para o cálculo de biomas-
sa por área coberta pelos diferentes amostradores. Através desse cálculo, foi obtido um
valor médio de biomassa bentônica de 41 g/m2 para a área entre 100 e 500 m de profun-
didade. Por considerar que esse valor estaria subestimado, foi assumido arbitrariamente
um aumento de 10% desse valor, para a área toda.
Foi considerado um valor de P/B equivalente a 2,5/ano, com base nas estimativas
encontradas em Vasconcellos (2002) e em Gasalla (2004a), e uma eficiência bruta (P/Q) de
12%, para o cálculo de Q/B.

28. Zooplâncton
Embora estimativas de produção secundária para a área do estudo ainda não estejam
disponíveis, Muxagata (1999) e Lopes et al. (2006) apresentam estimativas de biomassa zoo-
planctônica para algumas zonas, com grande amplitude de variação. Por essa razão, optou-se
por seguir Lopes (com. pess.8 dados obtidos por Matsuura, Projetos FINEP, TS, Salps) para se
obter uma proporção entre o volume médio zooplanctônico encontrado na área de platafor-
ma interna (até 100 m) e aquele na área entre 100 e 1000 m. O valor assumido para a mode-
lagem foi calculado com base nessa proporção em relação à estimativa realizada por Gasalla
(2004a) (área até 100 m), baseada na mesma fonte de dados de Matsuura (op.cit.).
Foram adotados os valores de P/B de Gasalla (2004a) e uma eficiência bruta (P/Q)
de 30% para o cálculo de Q/B.

6 Dr. Joan Cartes, Institut de Ciències del Mar, Barcelona, España.


7 Dr. Lee Hastie, Univ. De Aberdeen, Escócia, Reino Unido.
8 Dr. Rubens M. Lopez, Lab. De Zooplâncton, Intituto Oceanográfico, USP, São Paulo.

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29. Fitoplâncton
Os dados de produção primária e biomassa fitoplanctônica foram obtidos de
Odebrecht & Garcia (1997), Gaeta (1999), Gaeta & Brandini (2006). Gaeta & Brandini (2006)
sugerem que a produção primária média na área do estudo estaria em torno de 0,5
gC/m2/dia. Embora os valores de produção decresçam com o aumento da profundidade, a
existência de vórtices frontais, com eventos de alta produtividade (2,4 gC/m2/dia), expli-
cariam os valores médios bastante elevados para a área.
Assim, foi calculado um valor médio, segundo as estimativas de Gaeta (1999) para
aqueles estratos entre 100 e 2400 m de profundidade, que atinge uma produção de 182,5
gC/m2/ano.
Foram estimados também valores médios de biomassa fitoplanctônica, com base
nos dados de Gaeta & Brandini (2006) para Clorofila a integrada na camada eufótica, para
as diferentes massas d’água e profundidades. Segundo Gaeta (com. pess.9) seria razoável
adotar para a área do modelo uma ponderação das massas d’água, em importância de
70% de Água de Plataforma (AP), e 30% de Água Tropical (AT). Com esses valores, foi obti-
da uma biomassa média de 39,9 mg/cl-a/m2.
Para converter biomassa de clorofila em carbono, foi usado um fator de conversão de
1:25,e de biomassa de carbono para peso úmido,de 1:10 (Browder,1993;Lalli & Parsons,1993).

30. Detrito
Na área do estudo, as fontes de matéria orgânica são fitoplâncton e outros fitode-
tritos pelágicos, carcaças e fezes dos animais, além de materiais oriundos do transporte
que ocorre no sentido plataforma-talude.
No presente modelo,o grupo detrito inclui,também,os descartes realizados pela pesca.

9 Dr. Salvador Airton Gaeta, Lab. de Produção Primária, Instituto Oceanográfico da USP São Paulo.

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RESULTADOS

Ajuste dos parâmetros e “balanceamento” do modelo


A estratégia utilizada para equilibrar o modelo foi, na medida do possível, a de não
alterar as estimativas independentes de biomassa, P/Bs e Q/Bs. Isso significa que o balan-
ceamento consistiu primariamente em ajustes na matriz de dieta para conseguir que o sis-
tema pudesse suportar as estimativas de biomassa e fluxos entre os grupos (elos de
predação) estabelecidos. Esse procedimento foi realizado de forma a evitar alterar os elos
fundamentais que caracterizam as relações entre os grupos, como é praxe no processo de
equilibrar os modelos (Christensen et al., 2004).
No entanto, algumas exceções ocorreram com relação aos valores de biomassa ini-
ciais dos grupos anchoíta, bonito, sarrão, dos grupos “mesopelágicos planctívoros” e “ou-
tros demersais”, que foram ajustados dentro da faixa de variação das estimativas
disponíveis (detalhadas na seção anterior).
No caso da anchoíta, foi necessário adotar os valores superiores da faixa de estima-
tivas disponíveis, para que a mesma pudesse suportar a predação descrita pelo modelo. No
caso da biomassa dos mesopelágicos planctívoros, a modelagem sugere que, pelo fato de
o grupo ser composto por diversas espécies, poderia ter havido uma sub-estimativa inicial
desse parâmetro. No entanto, um aumento da biomassa dos “outros demersais” (de 0,24 a
0,34 t/km2) foi necessário para que o grupo suportasse a grande predação. Da mesma
forma, a biomassa do sarrão foi aumentada de 0,04 para 0,08 t/km2, considerando que as
estimativas com rede de arrasto-de-fundo devem subestimar sua abundância, sendo que
o grupo mostrou-se importante na pesca com pargueiras, armadilhas e espinhel de fundo
(Haimovici et al., 2004; Bernardes et al., 2005). No caso do calamar Illex argentinus, também
foi necessário um pequeno ajuste no valor de entrada inicial (de 0,275 para 0,30 t/km2).
Com relação aos valores de P/B, o modelo se ajustou melhor ao se adotarem os va-
lores superiores da faixa de Z disponíveis para os grupos Sciaenidae (Umbrina canosai) (0,8)
e a abrótea-de-profundidade (Urophycis mystacea) (0,9). O P/B do sarrão (Helicolenus
lahillei), baseado em valores de Z, revelou-se também subestimado.
Quanto aos valores de desembarque iniciais (segundo dados do IBAMA, 2002, 2003,
2004), foram reduzidos para o grupo Sciaenidae (em 90%), considerando que o desembar-
que de Umbrina canosai, que foi efetivamente capturada, na área do modelo, é apenas uma
fração do total. Da mesma forma, os valores iniciais para Prionotus punctatus foram reduzi-
dos para 0,004 t/km2, já que com os valores reportados pela estatística pesqueira, e que
representam a pesca na área costeira, o modelo calculava um valor de F  0,1, que não
seria realista para representar a área modelada.
Inicialmente, o presente modelo do ecossistema da plataforma continental externa,
talude, e região oceânica adjacente (100-1000 m) do Sudeste/Sul do Brasil mostrou-se des-
balanceado para os grupos “peixe-galo”,“raias”,“merluza”,“Sciaenidae”,“anchoíta”,“calamar” e
“sarrão”. Foi detectada a relação triangular entre merluza, calamar e anchoíta (Tabela 4)
como sendo um ponto de estrangulamento do processo de balanceamento.
A parametrização do modelo e os valores finais para cada grupo funcional constam da
Tabela 3, estando grifados aqueles calculados iterativamente pelo programa de modelagem.
Os ajustes necessários na matriz de dieta que foram implementados podem ser obser-
vados na Tabela 4, onde constam os valores finais considerados na construção do modelo.

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Tabela 3 – Parâmetros finais do modelo ecotrófico do ecossistema da plataforma continental externa, talude
e região oceânica adjacente (100 – 1000 m ) do Sudeste-Sul do Brasil.
Os valores sublinhados foram estimados iterativamente pelo modelo.

Nome do grupo Nível Biomassa P/B Q/B Eficiência Prod./ Desembarques


trófico (t/Km2) (/ano) (/ano) ecotrófica Cons. (t)
1 Lophius Gastrophisus 4,66 0,087 0,30 2,30 0,566 0,130 0,0137
2 Cações pelágicos 4,35 0,255 0,30 4,00 0,900 0,075 0,0275
3 Grandes peixes demersais 4,15 0,056 0,24 3,00 0,685 0,080 0,0092
4 Merluccius hubbsi 4,11 0,250 0,95 2,96 0,976 0,321 0,0069
5 Zenopsis conchifera 4,11 0,215 0,30 1,50 0,853 0,200 –
6 Atuns e afins 3,96 0,513 0,50 9,00 0,700 0,056 0,0408
7 Ilex argentinus 3,95 0,340 3,50 20,00 0,990 0,175 0,0155
8 Cações demersais 3,94 0,180 0,30 1,89 0,995 0,159 0,0275
9 Helicolenus lahillei 3,84 0,080 0,30 2,75 0,965 0,109 0,0000
10 Raias 3,65 0,200 0,15 0,75 0,439 0,200 0,0130
11 Trichiurus lepturus 3,65 1,124 0,72 2,46 0,466 0,293 0,0064
12 Katsuwonus pelamis 3,54 0,500 1,35 20,00 0,446 0,068 0,1450
13 Urophycis mystacea 3,54 0,078 0,95 4,35 0,996 0,218 0,0200
14 Outros peixes demersais 3,51 0,340 1,00 4,00 0,992 0,250 –
15 Paralichthys spp. 3,49 0,049 1,10 5,30 0,213 0,208 0,0111
16 Antigonia caprus 3,41 0,263 0,61 3,05 0,429 0,200 –
17 Polimixia lowei 3,38 0,148 0,82 5,09 0,845 0,161 –
18 Prionotus punctatos 3,16 0,059 0,38 2,00 0,665 0,191 0,0040
19 Scianidade 3,15 0,070 0,80 4,67 0,976 0,171 0,0044
20 Maurolicus stehmanni 3,05 3,961 1,30 20,10 0,471 0,065 –
21 Mesopelágicos planctófagos 3,00 3,600 1,00 12,66 0,716 0,079 –
22 Ariomma bondi 3,00 0,060 0,84 4,09 0,219 0,206 –
23 Outros peixes forrageiros 3,00 1,992 1,20 10,97 0,950 0,109 –
24 Engraulis anchoita 2,95 2,970 1,29 11,70 0,971 0,110 –
25 Carangueijo Chaceon spp. 2,23 0,150 0,50 5,55 0,841 0,090 0,0113
26 Camarões-de-profundidade 2,23 1,243 0,90 10,00 0,950 0,090 0,0070
27 Bentos 2,11 45,000 2,50 20,83 0,884 0,120 –
28 Zooplâncton 2,05 3,800 104,00 248,00 0,571 0,419 –
29 Fitoplâncton 1,00 9,970 182,96 – 0,495 – –
30 Detrito 1,00 – – – 0,558 – –

Na Figura 2 temos uma representação dos diferentes grupos organizados por nível
trófico. Estes são representados por caixas de tamanho proporcional ao logaritmo da bio-
massa e as flechas mostram o fluxo de biomassa (relações de predação). Nota-se que estas
inter-relações se dão de forma intrincada, através de uma complexa trama, revelando as
interdependências entre os diversos organismos componentes desse ecossistema.
Em relação ao fitoplâncton (grupo #29), uma das bases da trama trófica, o que se
verifica é uma biomassa importante dentro dos padrões da costa brasileira, porém relati-
vamente pequena (9,97 t*km–2), com valor sete vezes menor ao apresentado por um ecos-
sistema altamente produtivo como o de ressurgência de Benguela, na costa Atlântica
Oeste, no Sul da África (Shannon et al., 2003).
Chama a atenção o alto valor de biomassa encontrado para os organismos bentôni-
cos (grupo #27) de 45 t*km–2, a qual sustenta, direta ou indiretamente, praticamente todos
os níveis superiores da trama trófica. Isso, de certa forma, seria esperado para um sistema
de plataforma onde o material produzido no ambiente pelagial, que não é aproveitado na
coluna d’água, é direcionado para o fundo, passando pelos componentes bentônicos. Por
outro lado, a quantidade de organismos nectônicos com hábitos majoritariamente ben-
tófagos confirma a importância e abundância do bentos no ecossistema. Observa-se que
os organismos deste compartimento são fonte de alimento para 17 grupos tróficos.
O modelo mostra que os camarões (#26) e caranguejos-de-profundidade (#25) não
apresentam grandes biomassas (1,2 e 1,15 t*km–2, respectivamente). Particularmente, os
caranguejos Chaceon spp. apresentam baixos valores de produtividade (representada,

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Tabela 4 – Matriz de dietas utilizada para a modelagem das interações tróficas entre os componentes do ecossistema da plataforma continental externa, talude e região oceânica adjacente (100 - 1000 m) do
Sudeste-Sul do Brasil.
9:37 AM

Presa/Predador 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

1 Lophyus gastrophysus – – 0,0058 – – – – – – – – – – – – – – 0,0008 – – – – – – – – – –


2 Cações pelágicos – 0,0405 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
3 Grandes peixes demersais – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
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4 Merluccius hubbsi 0,1651 0,0069 0,1775 0,03 0,0752 – 0,0081 0,049 0,0499 0,0578 0,0019 – – – 0,0471 – – – – – – – – – – – – –
5 Zenopsis conchifera – – – – – – – – – – 0,0043 – – – – – – – – – – – – – – – – –
6 Atuns e afins – 0,1091 – – – 0,006 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
7 Illex argentinus 0,2091 0,0297 0,1168 0,097 0,003 0,017 0,0894 0,0458 0,1999 0,0444 – – 0,0751 0,0407 – 0,1688 0,0333 – – – – – – – 0,0049 – – –
8 Cações demersais – 0,014 0,0117 – – – – 0,0213 – – 0,0005 – – – – – – – – – – – – – – – – –
9 Helicolenus lahillei – – 0,0236 – 0,0251 – – – – – – – – 0,0081 – – – – – – – – – – – – – –
10 Raias – – – – – – – – – 0,0011 – – – – – – – – – – – – – – – – – –
11 Trichiurus lepturus – – – 0,0679 – 0,033 – – – – 0,0085 – – 0,1011 0,0331 – – – – – – – – – – – – –
12 Katsuwonus pelamis – 0,0708 – – – 0,018 – – – – – 0,0001 – – – – – – – – – – – – – – – –
13 Urophycis mystacea 0,055 – 0,0592 0,0101 – – – 0,032 – – – – – 0,0051 0,0292 – – – – – – – – – – – – –
14 Outros peixes demersais 0,2201 0,035 0,1044 0,0405 0,0501 – – 0,1811 0,05 0,2222 – – 0,1248 0,0183 0,0787 – – 0,002 – – – – – – – – – –
15 Paralichthys spp. – – – – – – – – – – – – – – – – – 0,003 – – – – – – – – – –
16 Antigonia capros – – – – – – – – – – – – – 0,0507 – – – – – – – – – – – – – –
17 Polymixia lowei 0,1873 – – – 0,1804 – – – 0,0313 – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
18 Prionotus punctatos – – – – – – – – – – – – – 0,0051 0,0158 – – – – – – – – – – – – –
19 Sciaenidae – 0,005 – 0,012 0,015 – – 0,032 0,03 – 0,0053 – – – – – – 0,001 – – – – – – – – – –
20 Maurolicus stehmanni – 0,04 – 0,005 0,2405 0,055 0,1918 0,0053 0,0066 – 0,0533 0,05 0,025 0,0509 0,0058 – 0,032 – – – – – – – – – – –
21 Mesopelágicos planctófagos – 0,0607 – 0,0202 0,0701 0,11 0,1716 – 0,019 – 0,0529 0,05 0,0012 0,1011 0,0158 – 0,0256 – – – – – – – – – – –
22 Ariomma bondi 0,0441 – – – – – – 0,01 – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –
23 Outros peixes forrageiros – 0,0809 – 0,0506 0,1002 0,11 0,1316 0,0117 0,0417 – 0,074 0,04 0,0012 – – – 0,0922 – 0,0278 – – – – – – – – –
24 Engraulis anchoita – 0,0303 – 0,1944 – 0,033 0,1998 0,1898 – 0,0378 0,2132 0,12 – – 0,0032 – – – – – – – – – – – – –
25 Caranguejos Chaceon spp. – – 0,1276 – – 0,0001 – – 0,01 – – – – 0,0203 – – – – – – – – – – – – – –
26 Camarões-de-profundidade 0,0094 0,001 0,0825 – 0,0701 0,011 – 0,2848 0,0671 0,4778 0,0317 0,01 0,7638 0,0809 0,0629 – 0,096 0,4501 0,0794 – – – – – – 0,005 – –
27 Bentos – – 0,1635 0,0588 0,0701 – – 0,063 0,3047 0,1033 – – 0,0088 0,3641 0,3148 0,2697 0,4008 0,3001 0,8333 – 0,0306 – – – 0,1945 0,201 0,1 –
28 Zooplâncton – – – 0,0192 – 0,055 0,1114 – 0,1099 – 0,4264 0,23 – – – 0,5056 0,064 0,1 – 1 0,9184 0,95 0,95 0,9 – – – 0,05
29 Fitoplâncton – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – 0,051 0,05 0,05 0,1 – – – 0,95

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30 Detrito – – – – – – – – – 0,0556 – – – 0,1011 0,0787 – – 0,013 – – – – – – 0,8006 0,794 0,9 –
Importação 0,022 0,4846 0,0214 0,2917 0,0323 2,5493 0,6611 0,0287 0,0154 – 0,3537 4,999 – 0,0715 0,0818 0,0448 0,1929 0,0153 0,0195 – – – – – – – – –

35
5 nível trófico

36
pesca (dirigida)

1 pesca (bycatch)
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fluxos

3 5 4
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4 6
7 8
9

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11 10
12 14 13
15
16 17
Page 36

19 18
20
3 22 21 23
24

26 25
27
28
2

1 29 30

Figura 2 - Diagrama do fluxo energético no ecossistema da plataforma continental externa, talude e região oceânica adjacente (100 – 1000 m) do Sudeste-Sul do Brasil.
1 - Lophius gastrophysus; 2 - Cações pelágicos; 3 - Grandes peixes demersais; 4 - Merluccius hubbsi; 5 - Zenopsis conchifera; 6 - Atuns e afins; 7 - Illex argentinus; 8 - Cações demersais; 9 - Helicolenus lahillei;
10 - Raias; 11 - Trichiurus lepturus; 12 - Katsuwonus pelamis; 13 - Urophycis mystacea; 14 - Outros peixes demersais; 15 - Paralichthys spp.; 16 - Anfigonia capros; 17 - Polimixia lowei; 18 - Prionotus punctatus;
19 - Sciaenidae; 20 - Maurolicus stehmanni; 21 - Mesopelágicos planctófagos; 22 - Ariomma bondi; 23 - Outros peixes forrageiros; 24 - Engraulis anchoita; 25 - Caranguejos Chaceon spp.; 26 - Camarões-de-pro-
fundidade; 27 - Bentos; 28 - Zooplâncton; 29- Fitoplâncton; 30 - Detrito
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indiretamente, pelas razões P/B e P/Q, esta última indicadora da proporção de material
consumido que é transformado em biomassa própria) o que pode significar uma maior
propensão à sobrepesca.
No ecossistema analisado, a anchoíta Engraulis anchoita (grupo #24) apresenta uma
biomassa de 2,97 t*km–2.Esta espécie é presa fundamental de vários grupos importantes,den-
tre eles, espécies que já são alvo de pescarias como os cações pelágicos, a merluza, os atuns e
afins, os cações demersais, o peixe-espada, o bonito-listrado, e o linguado, por exemplo.
Já em maiores profundidades, estariam disponíveis para os predadores os peque-
nos peixes pelágicos do grupo de peixes forrageiros (#23), os mesopelágicos planctófagos
(#21) e o peixe-lanterna Maurolicus stehmannii (#20), cujas biomassas totalizam 9 t*km–2.
Esses organismos são a base da alimentação para importantes espécies comerciais, dentre
elas os cações pelágicos, a merluza, o galo-de-profundidade, os atuns e afins, o calamar-
argentino e o sarrão. O peixe-lanterna, por exemplo, tem sua biomassa utilizada por 13 ou-
tros grupos.
O grupo Sciaenidae (#19),composto basicamente pela castanha Umbrina canosai,não
se mostra particularmente importante a partir da plataforma externa;no entanto,ele é um elo
entre a produção bentônica e predadores,como o cações pelágicos,a merluza,o galo-de-pro-
fundidade, o calamar-argentino, os cações demersais, o sarrão, o peixe-espada e a cabrinha.
Para o grupo dos outros peixes demersais (#14), que inclui aproximadamente 20
espécies encontradas nos cruzeiros de arrasto-de-fundo (Haimovici et al., 2006) e apresenta
uma biomassa alta, o conhecimento da sua distribuição, abundância e importância trófica
no plano específico, ainda é insuficiente para avaliar sua importância nesse ecossistema.
Um pouco mais acima na escala de níveis tróficos, a abrótea-de-profundidade,
Urophycis mystacea (#13) apresentou um valor de biomassa baixo, mas tendo importância
na dieta do peixe-sapo, dos grandes peixes demersais, da merluza, dos cações demersais e
dos linguados, assim como para a pesca.
Os grupos dos grandes peixes pelágicos migradores (#12 e 6) apresentaram altos
valores de biomassa e baixos valores de eficiência ecotrófica, mas são grupos mais difíceis
de se representar pela sua dinâmica, migrações eventualmente transoceânicas, sazonali-
dade e desconhecimento da sua real disponibilidade na área do estudo.
O peixe-espada (Trichiurus lepturus) (#11), com sua biomassa relativamente elevada
(1,124 t*km–2), tem papel relevante na dieta da merluza, dos atuns e afins, dos peixes de-
mersais, dos linguados e da própria espécie (apresenta canibalismo). Essa espécie realiza
migrações verticais diárias e tem ampla distribuição batimétrica, desde a costa até os 1000
m de profundidade. Também é explotada comercialmente e há indícios de que o estoque
já esteja sobrepescado, devido à grande incidência da pesca sobre os juvenis, até recente-
mente descartados (Magro, 2005, 2006).
O sarrão Helicolenus lahillei (#9), por sua vez, estoque que se supunha ter algum
potencial pesqueiro, mostra uma biomassa baixa (0,08 t*km–2) e uma eficiência ecotrófica
alta (EE  0,965), o que indicaria pouca margem para explotação (ver seção Discussão).
O calamar-argentino Illex argentinus (#7) tem uma biomassa importante neste ecos-
sistema (0,34 t*km–2), servindo de alimento para a maioria dos consumidores secundários,
tanto demersais quanto pelágicos.
A merluza Merluccius hubbsi (#4) apresenta uma biomassa significativa, sendo com-
partilhada por vários predadores como o peixe-sapo, os grandes cações pelágicos e os
demersais, outros grandes peixes demersais, o peixe-espada, os linguados, o calamar e
ainda apresenta canibalismo. Também é uma espécie importante na pesca da região.
O grupo dos grandes peixes demersais (#3), como os chernes, batata e namora-
dos, apresentou uma biomassa baixa, e é composto por espécies consideradas sobreexplo-
tadas, como evidenciado por Ávila-da-Silva (2002), Haimovici et al., (2004), Haimovici &
Peres (2005), Ávila-da-Silva & Haimovici (2005) e Valentini & Pezzuto ( 2006).
Os predadores com maior nível trófico, segundo a representação do modelo, são os
cações pelágicos (#2) e o peixe-sapo (#1), ambos os grupos com nível trófico maior que 4,3.

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Os cações pelágicos (várias espécies de tubarões de grande porte) apresentaram biomas-


sa alta (0,255 t*km–2), mas esse não foi o caso do peixe-sapo Lophius gastrophysus, (0,087
t*km–2). Este último é alvo de uma intensa pescaria específica bastante recente e já apre-
senta claros sinais de declínio (Perez et al., 2005). Ainda, os cações apresentaram um valor
de EE mais alto, condizente com sua menor produtividade (por serem espécies de grande
porte e crescimento lento), o que indica que a maior parte da sua biomassa já estaria sendo
aproveitada dentro do ecossistema.
Na Figura 3, complementando a visão apresentada na Figura 2, mas sem detalhar a
abundância de cada grupo, ilustra-se a conectância entre os grupos tróficos do modelo,
constatando-se de forma evidente a intrincada gama de conexões entre os mesmos. Essa
imagem é condizente com o esperado para os ecossistemas de águas subtropicais, onde
existe uma grande diversidade, em detrimento da presença de poucos grupos com eleva-
da abundância e dominância ecológica.

Lophius gastrophysus
Cações pelágicos
Merluccius hubbsi Zenopsis conchifera Grandes peixes demersais
4 Illex argentinus Atuns e afins
Cações demersais
Helicolenus lahillei
Polymixia lowei Trichiurus lepturus
Katsuwonus pelamis Outros peixes demersais Raias
Paralichthys spp.
Urophycis mystacea Antigonia capros
Maurolicus stehmanni Sciaenidae Prionotus punctatus
nível trófico

3 Engraulis anchoita Ariomma bondi


Mesopelágicos planctófagos
Outros peixes forrageiros

Caranguejos Chaceon spp.


Zooplâncton Bentos
Camarões-de-profundidade
2 inclinação = 0,3744
intercepto = 3,3135
r 2 = 0,5180
N = 29
Fitoplâncton
1
–6,0 –5,0 –4,0 –3,0 –2,0 –1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
longevidade (biomassa/produção; log ano)

Figura 3 – Representação da conectância entre os grupos tróficos do modelo, por nível trófico.

Na Figura 4, apresenta-se a posição dos diferentes componentes do modelo,


organizados por nível trófico e um índice denominado “longevidade”, que relaciona, em
escala logarítmica, o tamanho corporal, a produção e a biomassa dos organismos compo-
nentes do modelo, partindo da suposição de que organismos de maior tamanho, que apre-
sentam maior biomassa, são em geral os mais longevos (Christensen et al., 2004). Essa
representação proporciona uma imagem da organização trófica do ecossistema em
função do tamanho corporal médio e indiretamente, de outras características ecológicas
dos componentes (estratégias de vida r e K,resiliência,tempo de duplicação da população,etc.).
A reta que representa esta relação tem valor de inclinação 0,37, intercepto 3,31 e r2  0,51.
Esses valores servem para comparar a representação atual do ecossistema com futuras
representações, possibilitando a verificação de mudanças na sua estrutura. Isso significaria,
por exemplo, que se a abundância de um determinado componente do ecossistema dimi-
nuísse drasticamente (por razões naturais ou por efeito da pesca), os seus predadores se-
riam obrigados a se alimentar de outras presas, em diferentes proporções, o que mudaria
seus níveis tróficos médios (para valores que não são possíveis de prever), e, como resultado,
mudaria a relação e estrutura descrita por essa reta de regressão.

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Lophius gastrophysus
Cações pelágicos
Merluccius hubbsi Zenopsis conchifera Grandes peixes demersais
4 Illex argentinus Atuns e afins
Cações demersais
Helicolenus lahillei
Polymixia lowei Trichiurus lepturus
Katsuwonus pelamis Outros peixes demersais Raias
Paralichthys spp.
Urophycis mystacea Antigonia capros
nível trófico

Maurolicus stehmanni Sciaenidae Prionotus punctatus


3 Engraulis anchoita Ariomma bondi
Mesopelágicos planctófagos
Outros peixes forrageiros

Caranguejos Chaceon spp.


Zooplâncton Bentos
Camarões-de-profundidade
2 Reta de regressão:
a = 0,3744
b = 3,3135
r 2 = 0,5180
N = 29
Fitoplâncton
1
–6,0 –5,0 –4,0 –3,0 –2,0 –1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
longevidade (biomassa/produção; log ano)

Figura 4 – Relação entre o nível trófico dos diversos compartimentos considerado no modelo e o parâmetro
“longevidade” (detalhes no texto).

Alguns índices calculados para o ecossistema são apresentados na Tabela 5. Pode-


se observar que a quantidade total de matéria orgânica que flui pelo ecossistema, tal como
representado pelo modelo é de 5 472,0 t * km–2 * ano-1 e a biomassa total é de 77,553 t *
km–2 (reunindo todo o material que flui entre a superfície e o fundo). O nível trófico médio
das espécies capturadas pela pesca é de 3,64, equivalente aquele apresentado por con-
sumidores ictiófagos tais como o peixe-espada, o bonito-listrado, as raias, a abrótea-de-
profundidade e outros peixes demersais.

Tabela 5 – Alguns índices estimados pelo programa Ecopath para o ecossistema da plataforma continental exter-
na, talude e região oceânica adjacente (100-1000 m) do Sudeste-Sul do Brasil, a partir do presente modelo.

Parâmetro valor Unidade

Soma do total consumido 2106,354 t/km2/ano


Soma de todas as exportações 677,312 t/km2/ano
Soma de todos os fluxos de respiração 1156,883 t/km2/ano
Soma de todos os fluxos para o detrito 1531,233 t/km2/ano
Total do material que flui pelo sistema 5472,000 t/km2/ano
Soma de toda a produção 2351,000 t/km2/ano
Nível trófico médio da captura 3,640
Eficiência bruta da pesca (Capt/PPl.) 0,000216
2
Produção Prim. total calculada (PP) 1824,111 t/km /ano
Produção Prim. total/Respiração total (PP/R) 1,577
Produção líquida do sistema 667,229 t/km2/ano
Produção Prim total/Biomassa total (PP/B) 23,521
Biomassa total/Material manejado total 0,014
Biomassa total (excluindo o detrito) 77,553 t/km2
Capturas totais 0,394 t/km2/ano
Índice de conectância 0,230
Índice de onivoria do sistema 0,337
Ascendência total 6947,8 (flowbits)
Ascendência total (%) 36,2
Capacidade total 19209,3 (flowbits)
Capacidade total (%) 100
Overhead total (capacidade-ascendência) 12261,5 (flowbits)
Overhead total (capacidade-ascendência) (%) 63,8

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A conectância e a onivoria, dois índices que revelam o grau de inter-relação entre


os diversos grupos em termos de conexões tróficas, resultaram em valores de 0,23 e 0,337
respectivamente. A conectância estaria expressando a razão entre o número de conexões
tróficas que existem no ecossistema em relação ao número total possível dessas conexões.
A onivoria que é definida como o índice médio de onivoria de todos os consumidores, pon-
derada pelo logaritmo do consumo de cada predador, estaria medindo como estão dis-
tribuídas as interações alimentares entre os níveis tróficos. Aqui, valores maiores que zero
indicam uma diversificação da dieta dos predadores, enquanto zero equivale à especializa-
ção para um só tipo de presa.
Quanto aos índices ecológicos, derivados das teorias de Odum, Ulanowicz e outros
ecólogos (descritas em Christensen et al., 2004), para a relação entre a produção primária e
a respiração, foi obtido o valor de 1,577. Em ecossistemas maduros, espera-se que este valor
seja igual a um, e para ecossistemas imaturos, maior que um. O valor da relação entre a bio-
massa do sistema e o total dos fluxos também foi pequena ( 0,014), o que também carac-
terizaria o ecossistema analisado como imaturo. Porém, os valores de ascendência ( 43%)
(uma medida da informação média do sistema) e o “overhead”( 56,6%) (a diferença entre
a capacidade total máxima do sistema e a ascendência, que é uma medida do que o sistema
apresenta de “força em reserva” e de onde poderia obter energia para superar uma pertur-
bação) indicaram que o ecossistema da plataforma externa, talude e região oceânica adja-
cente da Região Sudeste-Sul brasileira tem capacidade de desenvolvimento e/ou de resistir
a perturbações.

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DISCUSSÃO E
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O
presente modelo reflete, de forma simplificada mas abrangente, a estrutura e
funcionamento do ecossistema da plataforma continental externa, talude e área
oceânica adjacente do Sudeste-Sul do Brasil. Alguns aspectos da composição
dessa estrutura foram evidenciados, separadamente, por diversos estudos específicos
(sobre plâncton, bentos, nécton pelágico e demersal, dinâmica populacional e alimentação
das espécies). No presente trabalho, essas informações foram compiladas, combinadas e
cruzadas, i.e., avaliada e ajustada sua coerência mútua, resultando em um modelo descriti-
vo do ecossistema em termos de seus diversos fluxos de matéria e energia.
Quanto à precisão das estimativas dos parâmetros de entrada do modelo, como é
esperado, para alguns grupos, ela apresentou um grau maior de incerteza do que para ou-
tros. Por exemplo, a interpretação dos valores de biomassa de organismos nectônicos, cita-
dos na literatura, deve sempre levar em conta alguma margem de erro relativa ao método
de sua avaliação (Hilborn & Walters, 1992), e destacamos especialmente os seguintes casos:
a. Para espécies de importância secundária, quando não foram consideradas como espé-
cies-alvo no esquema de amostragem, os valores podem não refletir sua real abun-
dância. Isso é comum em prospecções de peixes, visto que é praticamente impossível
planejar estudos que sejam apropriados simultaneamente para diferentes espécies
com hábitats, áreas de distribuição e padrões de migração sazonal ou nictimeral dife-
rentes. No entanto, estima-se que os valores, encontrados em cada caso, estejam próxi-
mos a um valor coerente, ao menos em termos de ordem de magnitude.
b. Para espécies cuja estimativa de abundância não cobriu a área total do modelo. Neste
caso, foi necessária uma extrapolação da biomassa para assumir valores mais realistas
para o grupo, com base no conhecimento disponível, principalmente dos chefes de
campanha, a exemplo do que é comumente realizado em outros estudos oceanográfi-
cos e ecológicos (Bakun, 1996; Pauly & Christensen, 2002).
c. Para espécies altamente migratórias, as estimativas disponíveis correspondem a amplas
áreas do oceano onde se distribuem e dificultam uma precisão quanto à biomassa
disponível na região e época coberta por modelos regionalizados (Christensen, com.
pess.10). Nesse sentido, avaliamos que a biomassa do grupo “Atuns e afins” estimada
pelo modelo possa estar superestimada.
d. Para algumas espécies de ocorrência irregular ou de distribuição vertical mista (semi-
pelágicas ou semi demersais), é ainda bastante difícil a determinação exata de sua
abundância. Até que métodos, como os hidroacústicos, sejam amplamente testados,
calibrados e o “vigor de alvo” (“target strength”), ajustado para cada espécie avaliada,
esse problema será recorrente. Neste caso, poderíamos incluir as incertezas quanto às
estimativas para o calamar-argentino, por suas migrações diárias entre fundo e meia-
água, para o peixe-espada, por aspectos referentes à sua posição de natação e resposta
acústica, e para os diversos pequenos peixes pelágicos oceânicos, por sua alta diversi-
dade (Madureira et al., 2006).
Já os valores de biomassa estimados pelo modelo (valores de saída) representam,
como resultados, os níveis de abundância mínimos necessários para sustentar a produção,
consumo, predação e pesca representados pelo modelo. Devido à estrutura das relações

10 Dr. Villy Christensen, Fisheries Centre, Universidade da Columbia Britânica, Vancouver, Canadá

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tróficas e à “compartimentação” dos grupos na construção do modelo, é provável que


alguns grupos estejam sofrendo alguma predação adicional por conta da ausência de ou-
tras espécies (não incluídas no modelo), o que faz com que parte da dieta dos predadores
deva ser atribuída a espécies similares nele incluídas. Isso parece inevitável quando faze-
mos representações de um ecossistema, já que, por definição, nenhum modelo é comple-
to (Odum, 1988; Jørgensen, 1994).
A importação, incluída na dieta de vários componentes do modelo, poderia estar
demonstrando elos não detectados entre os mesmos ou ainda entre componentes dos
ecossistemas contíguos, da plataforma interna e oceano adjacente.
Quanto à utilização de parâmetros de crescimento e mortalidade de peixes, molus-
cos e crustáceos, para a estimativa dos dados de entrada deste modelo, em alguns casos,
os dados originais provinham de estudos baseados na estrutura de tamanho (classes de
comprimento da captura) (ver Série Docs. Técs. REVIZEE) e não de idades (determinadas
através da leitura de estruturas de aposição, como otólitos, escamas, etc.). Esses métodos,
embora muito úteis e freqüentemente eficazes, apresentam uma série de limitações que
podem levar a uma estimação menos precisa dos parâmetros em questão (Mathews, 1987;
Isaac, 1990). Nesses casos, uma criteriosa avaliação da literatura disponível foi sempre leva-
da a cabo para interpretar os valores disponíveis.
Os estudos de alimentação podem apresentar uma proporção variável de dados de
conteúdo estomacal, não identificados até o nível de espécie. Na construção de um mode-
lo ecotrófico, essa porcentagem é distribuída entre os grupos considerados no mesmo,
seguindo as informações disponíveis de hábitos alimentares, distribuição dos predadores
e das eventuais presas. Embora isso possa parecer, a princípio, pouco preciso, é necessário
considerar que a alimentação de uma espécie não é algo rígido e imutável, apresentando
flexibilidade, variações sazonais e interanuais dependentes da disponibilidade das presas,
fato este que pode ou não ser refletido eficientemente nos trabalhos sobre a dieta dos
organismos (Christensen et al., 2004).
Em média, foram verificadas maiores biomassas dos grupos “Maurolicus stehmanni”
e de peixes “mesopelágicos planctófagos” do que do recurso “anchoíta”. Esses 3 grupos de
peixes foram evidenciados como os principais elos de base da cadeia trófica nectônica
pelágica, sendo os primeiros associados principalmente às áreas de borda de plataforma e
o último, à área da plataforma continental costeira e intermediária
A espécie Maurolicus stehmanni apresentou uma eficiência ecotrófica (porcentagem da
biomassa de um componente que é utilizada dentro do ecossistema, segundo o modelo)
baixa (EE  0,47). Isso se deveu, provavelmente, ao pouco conhecimento que se tinha sobre
a espécie,e especialmente ao pobre registro em estudos de hábitos alimentares das espécies
de predadores incluídos no modelo, fazendo com que este, como foi estruturado, explicasse
apenas 47% da eficiência ecotrófica desta espécie.Por outro lado,na medida em que tais esti-
mativas estejam corretas,isto pode representar algum potencial pesqueiro para esta espécie,
embora seja ela de tamanho reduzido e, no presente, sem valor comercial. Neste caso, estu-
dos específicos de determinação de abundância e distribuição ao longo do ano e sua varia-
bilidade em diferentes anos são necessários para poder definir a realidade de tal potencial.
Já no caso da anchoíta, espécie que chega a ser muito abundante em áreas menos
profundas, fora da área modelada neste estudo, e cuja abundância é regida por fatores não
previsíveis (Castello, 1997; 2005), constata-se que é item alimentar de muitas espécies
importantes no ecossistema, que já estão fortemente explotadas pela pesca comercial. A
remoção de quantidades muito grandes de anchoíta poderia ter efeitos indiretos negativos
nessas espécies de interesse comercial, como foi sugerido por Velasco (2004) e Velasco &
Castello (2005).Também as análises de Vasconcellos & Gasalla (2001) alertam para esse fato,
destacando os possíveis riscos de uma exploração não quantificada e desordenada de
organismos de base da cadeia trófica, como a anchoíta. Por outro lado, a eficiência ecotrófi-
ca desta espécie obtida no presente modelo (cobrindo a plataforma externa, talude e área
oceânica adjacente) resultou alta (EE  0,97), mostrando que a espécie já está sendo

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aproveitada de maneira eficiente neste ecossistema e que não há uma produção excedente
tão elevada como se poderia supor analisando sua abundância de forma isolada.
Em contraste, na plataforma continental, sobretudo média e interna, a situação
desta espécie é outra. Velasco (2004) e Velasco & Castello (2005) descreveram valores de
biomassa maiores (na ordem de 12 t * km2) e um valor de EE menor (0,69), para a platafor-
ma continental Sul, o que indica que, nessa área, há maior possibilidade de explotação
desta espécie. Os estudos que permitirão definir limites sustentáveis de extração ainda
encontram-se em andamento.
No caso do calamar-argentino Illex argentinus, também de interesse para explo-
tação, o modelo permite afirmar que, em caso de extração dirigida, os seguintes grupos
seriam afetados indiretamente: o peixe-sapo, os cações pelágicos, os grandes peixes de-
mersais, a merluza, o galo-de-profundidade, os atuns e afins, os cações demersais, o batata,
as raias, o peixe-espada, a abrótea-de-profundidade, outros peixes demersais, os linguados
e eventualmente os grandes caranguejos-de-profundidade.Trata-se de uma espécie chave
na trama trófica, cuja eficiência ecotrófica no ecossistema analisado é muito elevada (EE 
0,99), mostrando que a biomassa existente já está sendo aproveitada quase que integral-
mente na manutenção do mesmo.
Mais estudos de determinação de biomassa para esta espécie, assim como de bioe-
cologia das várias espécies de predadores e presas do calamar-argentino, ainda pouco
estudadas, são necessários para poder reparametrizar o modelo de forma mais precisa, e
elucidar se essa situação de alta EE é realista ou se os valores de pressão de predação sobre
esta espécie são menores do que os aqui encontrados.
Da mesma forma, este exercício de modelagem mostrou a necessidade de se esti-
mar, de forma mais precisa, a intensidade da mortalidade natural dos recursos, já que este
parâmetro é usado direta ou indiretamente na modelagem, no cálculo de outros parâme-
tros populacionais importantes (Velasco et al., 2003). Inclusive para as espécies pouco
explotadas, M pode ser um estimador-chave da razão P/B, fundamental para a modelagem
ecotrófica (Christensen et al., 2004).
Por último, o modelo irá melhorar significativamente quando se tornarem dispo-
níveis estimativas mais aprofundadas do valor de F (mortalidade por pesca) exercida pela
pesca sobre as populações explotadas comercialmente na área do estudo. Isso é ainda
mais crítico para as espécies menos estudadas, mas que são alvo (direto ou não) de diver-
sas frotas. Os diferentes valores de F, estimados independentemente através de métodos
de avaliação de estoques, poderão ser utilizados para uma calibração mais adequada do
modelo quanto aos padrões de explotação que ocorrem, de fato, no ecossistema.
Os diversos índices estimados mostram um ecossistema produtivo, porém de baixa
maturidade. A relação entre produção primária e respiração (PP/R), em ecossistemas
maduros, se aproxima de 1,0; nos ecossistemas imaturos (em desenvolvimento), a pro-
dução excede a respiração (PP/R  1,0) e, nos ecossistemas impactados por poluição, por
exemplo, ocorre o inverso (PP/R  1,0) (Christensen et al., 2004). No estudo realizado, a
relação entre a biomassa do sistema e o total dos fluxos, que é maior quanto maior for a
maturidade de um ecossistema, apresentou um valor baixo.
Por outro lado, a relação entre a ascendência e a capacidade de reserva (“overhead”)
indica se tratar de um sistema com capacidade de resistir a impactos, o que seria uma ca-
racterística de maturidade. As interconexões tróficas (representadas pela onivoria e a
conectância) com valores acima de zero indicam certa complexidade e diversidade,
mostrando a dominância de predadores não especializados, o que favorece a estabilidade
e a maturidade do ecossistema, já que a redução de abundância de uma presa, em parti-
cular, não desestruturaria o sistema como um todo.
Resultados similares aos obtidos foram encontrados por Velasco (2004) para a
região da plataforma continental e do talude ao sul do Cabo de Santa Marta Grande, que
interpretou os resultados de baixa maturidade como sendo efeitos da pesca intensa, o que
também seria o caso no ecossistema analisado no presente estudo.

SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL


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É preciso esclarecer que algumas considerações feitas sobre a “maturidade” dos


ecossistemas não são aceitas de forma unânime e merecem apropriada contextualização.
No entanto, Christensen & Pauly (1998) afirmam que a pesca remove (primeiro) os pre-
dadores de topo do sistema, causando, em longo prazo, uma subutilização da energia que
passa pela cadeia do detrito (característica de sistemas mais maduros que reaproveitam
grande parte da produção) e uma menor produtividade global do sistema.
Em todos os casos, os resultados dos índices sistêmicos são dependentes de como
os modelos são construídos, mas acredita-se que fornecem uma imagem de como os siste-
mas estão estruturados e da sua maturidade. Futuras comparações com outros ecossis-
temas poderão orientar a discussão dos pontos apresentados, na medida em que outros
autores obtenham novos parâmetros.
Por último, o presente modelo do ecossistema da plataforma continental externa,
talude e área oceânica adjacente do Sudeste-Sul do Brasil propicia uma visão geral das
relações entre componentes biológicos que ocorrem na área e também com a pesca, pos-
sibilitando sua utilização em futuros programas de manejo pesqueiro ou de conservação
da biodiversidade.
Para Pitcher (2001), Pauly & Maclean (2003) e Christensen & Pauly (2004), o manejo
pesqueiro deve procurar compreender como os ecossistemas funcionam, pois, para man-
ter o rendimento de um estoque, pode-se estar afetando outros elementos da cadeia tró-
fica, reduzindo a biodiversidade e transformando esse sistema de tal forma que a abun-
dância de outras espécies, também importantes economicamente, seja afetada.
Até o momento, foram realizados diversos estudos sobre os recursos pesqueiros
mais importantes da plataforma da Região Sudeste-Sul do Brasil, área onde se concentra
uma parcela significativa das pescarias brasileiras, e cujos estoques vêm mostrando sinais
inequívocos de sobrexplotação (Haimovici, 1998; Brasil, 2006). Tais estudos utilizaram
metodologias clássicas aplicadas dentro do enfoque “monoespecífico”, e, apesar de impres-
cindíveis e de apresentarem importantes diagnósticos e recomendações sobre os mes-
mos, não permitem avaliar os impactos da atividade pesqueira sobre o ecossistema como
um todo, nem sobre a fauna acompanhante da espécie-alvo da pesca.
Apenas na última década, os efeitos diretos e indiretos da pesca sobre os ecossis-
temas da plataforma continental brasileira (até os 250 m de profundidade), começaram a
ser investigados, destacando-se os trabalhos de Vasconcellos (2000),Vasconcellos & Gasalla
(2001), Gasalla (2004a), Gasalla (2004b), Gasalla & Rossi-Wongtschowski (2004), Velasco
(2004) e Velasco & Castello (2005), Freire (2005), Velasco et al. (2006).
Acompanhando a evolução atual desse tipo de estudos, espera-se que o modelo
aqui apresentado, através da incorporação de novos parâmetros específicos e outros
dados necessários, permita a realização de simulações dinâmicas do ponto de vista
pesqueiro, permitindo apresentar cenários de manejo da pesca.

44 SÉRIE REVIZEE – SCORE SUL


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à 4ª Sessão Ordinária do Subcomitê Científico do Comitê. Consultivo Permanente de Gestão


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AGRADECIMENTOS

O
s autores agradecem o trabalho e a colaboração da colega Gabriela R. Vera,
cuja ajuda foi fundamental na coleta e preparação dos dados utilizados no
modelo.
Somos muito gratos, também, aos colegas Salvador Gaeta, Rubens Lopes, Cecília
Amaral, Christian S. Ferreira, Omar Defeo, Arianna Masello, Joan Cartes, Lee Hastie, Luis
Miguel Casarini, Jorge Pablo Castello, Maria Cristina Oddone, Paulo Pezzuto, Humber
Andrade, Rosangela Lessa, Marcelo Vasconcellos, Carlos A. Arfelli, Roberto A. Bernardes,
Nilamon O.Leite Jr., Julio N.Araújo, Luciano G.Fisher e Villy Christensen, pelos esclarecimen-
tos e informações fornecidas.
Nosso reconhecimento e agradecimento a todos os demais participantes do pro-
grama REVIZEE e de outros programas de pesquisa anteriores, que geraram dados funda-
mentais para este trabalho.
M. A. Gasalla agradece ao Programa INCOFISH (European Union INCO N. 003739) e
ao CNPq a bolsa BSP-Fomento Tecnológico, Professor Visitante, para realizar estágio no
Instituto Politécnico Nacional (IPM, México) e na University of Britisch Columbia (UBC,
Canadá).

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Editor: Carmen Lúcia Del Bianco Rossi-Wongtschowski


Supervisor de editoração: Roberto Ávila Bernardes
Gerenciamento administrativo: Aparecida Martins Vaz dos Santos
Administração Financeira: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo
Patrocinador deste volume: PETROBRAS
Projeto gráfico e editoração: Ulhôa Cintra Comunicação Visual e Arquitetura
Revisão: Cleyde Romano de Ulhôa Cintra
Fotos: Luciano Gomes Fischer

Assessoria técnica da Coordenação Geral do Programa REVIZEE (SQA/MMA)


Oneida Freire
Altineu Pires Miguens
Álvaro Roberto Tavares
Carlos Alexander Gomes de Alencar
José Luiz Jeveaux Pereira
Ricardo Castelli Vieira

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