Paisagismo Historia Do Paisagismo
Paisagismo Historia Do Paisagismo
Paisagismo Historia Do Paisagismo
SUMÁRIO
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3.2.15 A experiência de Curitiba.........................................................................................................45
3.2.16 Os parques de São Paulo..........................................................................................................46
3.3 CONTEMPORÂNEO ............................................................................................................... 47
3.3.1 A Nova Ruptura: Introdução ..................................................................................................... 47
3.3.2 Influencia e Referencias ...........................................................................................................49
3.3.3 Ecologismo/ambientalismo .......................................................................................................50
3.3.4 Cenarização................................................................................................................................51
3.3.5 Formalismo gráfico e irreverencia ............................................................................................ 52
3.3.6 Reforma e reconfigurações ....................................................................................................... 53
3.3.7 Figurações ................................................................................................................................. 54
3.3.8 Obras e autores .........................................................................................................................56
3.3.9 Rio Cidade: Requalificação urbana .......................................................................................... 57
3.3.10 Rio Cidade: Vocações e símbolos .......................................................................................... 58
3.3.11 Realidades ............................................................................................................................... 59
3.3.12 Os primeiros anos do século XXI ........................................................................................... 60
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1.0 INTRODUÇÃO:
Neste pequeno resumo didático, optamos por fazer uma divisão. Na primeira parte
serão abordados assuntos relativos a ideia geral do que constitui a história do paisagismo
mundial e na segunda parte entraremos numa etapa mais elaborada e aprofundada
relacionada a História do Paisagismo no Brasil, que é nosso foco de estudo, apresentando a
estrutura evolutiva do paisagismo brasileiro que, originado no século XVIII com a obra marco
do Passeio do Público do Rio de Janeiro (1783), é consolidado durante o século XIX com o
processo de urbanização nacional, em especial no Segundo Império. Esse período é marcado
pelo surgimento de figuras urbanas como o boulevard, o parque, a praça ajardinada, o jardim
privado, a promenade, os terraços, mirantes e a arborização de rua.
O século XX é claramente dividido por três tipos de ação: dos paisagistas ecléticos
os quais serviram as elites da Velha República, dos paisagistas modernos nacionalistas, que
têm na obra de Roberto Burle Marx a expressão máxima dos anos 40 a 70 e, finalmente, a
ação dos paisagistas contemporâneos, que vão acrescentando novas formas ao léxico urbano,
rompendo com os padrões paisagísticos modernistas vigentes, com nítidas influências dos
novos paradigmas americanos, europeus e asiáticos.
No Brasil, até a década de 80, o paisagista em geral era pouco valorizado, tendo atuação
apenas em grandes espaços e obras públicas. Em prédios e residências predominava o profissional
jardineiro, sem muito conhecimento estético e técnico, pois as crianças brincavam nas ruas e não havia
necessidade de grandes áreas de lazer dentro dos prédios. Mas mudanças sociais ocorreram e
acabaram beneficiando o paisagismo. Quem está na faixa dos 40 anos sente bem estas mudanças. Na
década de 70, os muros eram baixos e as crianças brincavam na rua, não havia tantos carros e tanta
violência, além disso, a maioria das mães era dona de casa.
A partir daí, muita coisa mudou, os muros ganharam altura e as mães foram à luta no
mercado de trabalho, e as crianças passaram a ficar confinadas dentro das casas e prédios, iniciando-
se então um movimento de valorização das áreas de lazer de prédios e residências, que continua
crescente até hoje. É desta época também o surgimento dos grandes condomínios residenciais.
Com a necessidade de projetar áreas de lazer cada vez maiores e mais bonitas,
houve uma procura muito grande por profissionais mais qualificados que o
jardineiro, valorizando a profissão de paisagista. Atualmente as atividades de jardineiro e
paisagista já não se confundem mais, cada um é responsável por determinadas etapas do
paisagismo, que são: projeto, implantação e manutenção. O paisagista é responsável
principalmente pela elaboração do projeto e pelo planejamento e gerenciamento da
implantação e manutenção. Já o jardineiro é responsável direto pela implantação e
manutenção, coordenando o trabalho de outros auxiliares no preparo de solo, plantio, poda,
controle de pragas e doenças, corte de grama, etc.
O paisagista de maior destaque ainda hoje no Brasil foi com certeza Roberto Burle
Marx, que nasceu em SP em 1909, mudou-se para o RJ ainda menino e aos 19 anos foi
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estudar na Alemanha, onde iniciou contato com a escola alemã Bauhaus. De volta ao Brasil,
estudou Artes Plásticas e iniciou seus trabalhos de paisagismo com os arquitetos Lúcio Costa e
Oscar Niemeyer, tornando-se mundialmente conhecido. Sendo assim, fechamos este guia com
o Anexo 02, trazendo um texto sobre este paisagista que até hoje é uma grande referência.
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2.0 - 1ª PARTE: HISTÓRIA DO PAISAGISMO MUNDIAL
2.1 ANTIGUIDADE
2.1.1 Mesopotâmia:
Situada entre os rios Tigre e Eufrates, a história das civilizações relata que os
assírios foram os mestres das técnicas de irrigação e drenagem, criando vários pomares e
hortas formados pelos canais que se cruzavam. Mas este trabalho foi abandonado em razão da
invasão árabe. Sendo assim, a forma e a distribuição do jardim se identificavam inicialmente
com a prática da agricultura, onde a horta rodeada por um muro podia ser um protótipo de
jardim.
Os textos mais antigos sobre jardins datam do terceiro milênio a.C., escritos pelos
babilônicos, descrevendo os "jardins sagrados", onde os bosques sagrados eram plantados
sobre os zigurats. É na própria Babilônia que se encontra a obra mais marcante da jardinagem
nesta época, sendo considerada pela humanidade como uma de suas maravilhas: os Jardins
Suspensos da Babilônia que se caracterizavam pela supremacia dos elementos arquitetônicos
sobre os naturais.
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Algumas espécies utilizadas eram a tamareira (com a finalidade de fornecer um
microclima favorável a outras espécies), o jasmim, as rosas, as malva-rosas, as tulipas e
também álamos e pinos que não suportariam viver num clima tão árido e quente,mas só foi
possível devido ao complexo sistema de irrigação desenvolvido. O sentimento religioso estava
presente e intrinsicamente ligado à arte dos jardins, onde se acreditava que os jardins
dependiam da vontade dos deuses.
2.1.2 Egito
As características dos jardins egípcios seguiram os mesmos princípios utilizados na
arquitetura deste povo. Eles só surgiram quando as condições de prosperidade no antigo
império permitiram às artes (arquitetura e escultura) um notável desenvolvimento.
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Nilo era constituído de grandes planos horizontais, sem acidentes naturais ou artificiais. As
características dos monumentos egípcios - com a rigidez retilínea e a geometria - fizeram com
que os jardins tivessem uma simetrização rigorosa. Tudo de acordo com os 4 pontos cardeais.
As plantas utilizadas eram: palmeiras, sicômoros, figueiras, videiras e plantas aquáticas.
O jardim regular era símbolo da fertilidade, sintetizava as forças da natureza e era a
imagem de um sistema racional e arquitetural baseado no monoteísmo. Osíris para os egípcios
era o deus da vegetação.
2.1.3 Pérsia
Os persas não criaram no mundo das artes monumentos originais. A sua arquitetura
foi, nas suas grandes manifestações, obra de gregos. Os jardins dos antigos persas estavam,
como as demais produções artísticas, condicionados à influências estranhas e revelavam, nos
caracteres essenciais da composição, elementos retirados dos jardins gregos e egípcios, uma
espécie de estilo "misto". Nos jardins eles introduziam árvores e arbustos de flores perfumadas.
Os jardins persas procuravam recriar uma imagem do universo, constituindo-se de
bosques povoados por animais em liberdade, canteiros, canais e elementos monumentais,
formando os "jardins-paraísos" que se encontravam próximos aos palácios do rei.
A introdução de espécies floríferas no jardim criou um novo conceito na arte de
construí-los, passando a vegetação a ser estimada pelo valor decorativo das flores, sempre
perfumadas, do que pelo aspecto de utilidade que possuíam anteriormente. A associação dos
reinos animal e vegetal completava a ideia do paraíso.
O jardim era dividido em quatro zonas por dois canais principais em formato de cruz
e na intersecção deste se elevava uma construção que podia ser o pavilhão ou uma fonte,
representando as 4 moradas do universo. O jardim persa cercado de altos muros feitos de
tijolos, estritamente formal, era um lugar de retiro privado, destinado ao prazer, ao amor, à
saúde e ao luxo.
Tapete persa utilizando como referência um jardim persa dividido por rios.
2.1.4 Grécia
As raízes fundamentais da cultura ocidental se encontram, não há dúvida alguma, na
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civilização desenvolvida na Grécia Antiga. O cuidado com as plantas provavelmente foi fruto do
amor à vida em pleno ar livre, obrigando a uma constante aproximação com a natureza. Os
jardins gregos, apesar de fortemente influenciados pelos jardins egípcios, apresentaram
diferenças notáveis em razão da topografia acidentada da região e o tipo de clima.
2.1.5 Roma
O império romano se estendia da Espanha (oeste) até a Mesopotâmia (leste) e do
Egito (sul) até a Inglaterra (norte). Compreendia variedade de paisagens, climas e raças. Os
romanos não podiam ser incluídos no grupo dos povos que tiveram a arte como forma de
expressão. Eles se encaminharam para a história, o Estado e o Direito.
A casa romana repetiu basicamente o modelo grego, sendo construída no nível da
rua, com as habitações voltadas para dentro, comunicando-se por uma coluna, e abertas a
uma praça anterior. Os jardins foram objetos de atenção, mas apesar disso, são falhos quanto
à originalidade. Como características de tais jardins pode-se ressaltar a grandiosidade e a
magnificência da composição, as perspectivas vastas, que empregaram como prioridade, a
decoração pomposa, a valorização para fins exclusivamente recreativos.
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Vila Romana Chedworth (Inglaterra) combinando elementos: jardim, pátio e corredores (ao centro), gruta com
estatuárias (no topo), horta e pomar (no topo esquerdo)
O topiárius moldando arbustos em figuras de variados formatos. O arbusto passou a ser um elemento escultórico e essencial
num Jardim Romano por despertar o olhar .
A maioria dos jardins romanos também possuíam uma pequena horta. Talvez por
isso, a irrigação era planejada. A interpenetração casa-jardim podia ser visualizadas nas vilas
romanas localizadas nas proximidades de Roma. Dentre elas, destacou-se a "Vila Laurentina",
situada a 30 Km de Roma, construída por Plínio, o Jovem, onde plantou-se predominantemente
figueiras e amoreiras, havia também uma horta e terraço com flores perfumadas, próximo das
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águas para assim se conseguir temperaturas mais agradáveis.
Outra de semelhante importância foi a "Vila Adriana", construída em Tívoli para o
Imperador Adriano, que perdurou até antes da guerra de 1939. Estas vilas darão um impulso
definitivo para o grande estilo italiano.
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O Jardim Islâmico era dividido por canais de água e possuía plantas de potencialidades ornamentais e olfactivas
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2.1.7 China e Japão
Pode datar de 2.000 a.C. o início das atividades de jardinagem na China. A
jardinagem chinesa tem sua origem numa paisagem de rara beleza e flora riquíssima. Os
parques das casas dos antigos imperadores não eram mais do que uma porção da paisagem
cercada, onde a tarefa do jardineiro limitava-se a ordenar o já existente.
Acreditava-se que no norte da China havia um lugar para os imortais. Como o Imperador Wu
não conseguiu encontrá-lo na realidade, decidiu então criá-lo na fantasia. Dessa maneira surgiu
o jardim "lago-ilha".
No final do século VI, com o surgimento de um novo imperador, um novo jardim
"lago-ilha" foi criado: o Parque Ocidental, com perímetro de 113 km e contendo 4 imensos lagos
cobertos de lótus e rodeados de chorões. Trabalharam na sua construção 1 milhão de pessoas.
Monumentais palácios de cor vermelha se ergueram no meio das rochas.
Este cenário foi encontrado pelos japoneses em 607 d.C. e, em poucos anos, o
Japão tinha o seu primeiro jardim "lago-ilha". Em 1894, para comemorar os 1100 anos da
capital Kioto, construiu-se um desses jardins, ficando conhecido como Santuário Heian. Trata-
se de uns dos jardins mais alegres e de melhor traçado do mundo, com hortos de cerejeira,
maciços imensos de azaléias e lírios, rochas cobertas por flores e pinus, traduzindo o amor dos
japoneses pela natureza.
A arte na jardinagem japonesa consiste em concentrar a atenção sobre o essencial,
seja das formas precisas ou a sutileza das matizes; todas as plantas são extremamente
valorizadas. São usadas comumente plantas perenes, criando um quadro estável seja qual for
a estação do ano.
O Jardim Medieval era um jardim de lazer, enclausurado com altas paredes protectoras e rodeado de plantas aromáticas e
árvores de fruto
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O estilo de jardim desenvolvido nesta época constitui da mistura desordenada e
fragmentária dos estilos anteriores. O que era bem característico era a estrutura crucial da
composição. A interseção ortogonal das alamedas e caminhos, nos jardins construídos nos
pátios internos das grandes construções medievais, lembravam a cada momento o símbolo da
religião dominante. O estilo gótico retratava bem os jardins medievais. Os dois estilos básicos
de jardim foram os monacais e mouriscos.
2.2.1 Monacais
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Usavam-se materiais e elementos imutáveis (plantas de folha persistente, esculturas
de santos ou divindades mitológicas, escadarias e pérgolas em pedra) e semi-imutáveis (água
parada ou em movimentoprovenientes de fontes, cascatas ou repuxos)
2.3.1 Itália
Os jardins italianos desta época se inspiraram nos jardins da Roma Antiga que possuíam
muitas estátuas e fontes monumentais. Na Itália, os sítios se encontravam nas colinas e nas
encostas, em razão das vistas panorâmicas e também do clima. Sendo assim, foi proposto que
para o aproveitamento das irregularidades do terreno, se fizesse uso de escadarias e terraços
acompanhados de corredeiras de água. Tais jardins deveriam unir-se à casa por meio de
galerias externas e outras prolongações arquitetônicas.
Os jardins eram tidos como centros de retiro intelectual onde sábios e artistas podiam trabalhar
e discutir no campo, longe do calor e das moléstias do verão da cidade. A vegetação era
considerada secundária e se caracterizava por receber cortes adquirindo formas determinadas,
conhecidas anteriormente nos jardins romanos por topiárias. Em seguida esta mesma
vegetação era distribuída pelos terraços e, no plano mais elevado do jardim, dominando a
composição, se encontrava o palácio.
Os vegetais mais utilizados foram: o louro, o cipreste, o azinheiro e o pinheiro entre outros
vegetais característicos dos jardins-italianos do Renascimento. O buxo era muito utilizado para
as formas recortadas. Nestes jardins a paisagem era desenhada com régua e compasso,
caracterizando a simetria de linhas geométricas. Havia também muito contraste entre as formas
naturais e as criadas pelo homem.
2.3.1 França
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Os países da Europa seguiram a França no século XVII, período no qual teve sua
maior riqueza e poder, no que dizia respeito a estética. A princípio, o estilo francês se baseou
nos jardins medievais, que utilizavam canteiros com flores e ervas medicinais, sendo que havia
também a horta que lhes concedia o abastecimento. Mas, com o passar do tempo, novas idéias
foram sendo introduzidas por arquitetos italianos que trabalhavam na corte francesa. Com isso,
pode-se dizer que os jardins franceses tiveram características semelhantes aos jardins
italianos.
2.3.2 Inglaterra
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Um dos objetivos deste estilo descrito era que as pessoas percebessem como jardim, toda a
natureza que estava ao seu redor. As primeiras características do jardim inglês são as
seguintes:
· Linhas graciosas;
· Amplas extensões verdes (gramados);
· Ruas amplas; cômodas, em pequeno número;
· Terreno acidentado e possibilitando a visão de belas perspectivas;
· Pequenos bosques, compostos de plantas da mesma ou de espécies diferentes, com ou sem
divergência nas colorações;
· Grupos de árvores não muito numerosas;
· Plantas isoladas;
· Plantação de árvores mortas;
· Construção de ruínas;
Este estilo foi utilizado na Inglaterra e em alguns locais da Europa, por quase dois séculos e
depois entrou em decadência, dando lugar ao estilo misto. Os ingleses acabaram dando origem
aos parques e jardins públicos que tiveram por finalidade refrescar as áreas urbanas.
2.3.1 Holanda
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Os holandeses, no início, também não fugiram das influências francesas e italianas.
Porém, devido à sua topografia plana, o hábito de cultivo das plantas bulbosas (especialmente
a tulipa) e o seu gosto pelas cores, criaram jardins mais compactos e graciosos. São divididos
em múltiplos recintos e apresentam túneis sombreados por trepadeiras. As partes centrais são
formadas por intrincados grupos florais; fontes douradas baixas que jorram suas águas em
pequenos tanques rodeados de cercas vivas de bordadura baixa. Os ciprestes recebiam podas,
formando círculos sobrepostos. Portões de ferro fundido fechavam os jardins.
Plano e perspectiva do Jardim de Versalhes projetado por Le Nôtre e encomendado por Luís XIV. São evidentes as
grandes formas e amplas perspectivas constituindo um cenário espectacular criado para o deleite dos sentidos e
evidenciar
o poder real.
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2.5 JARDINS DO SÉCULO XIX
Em Inglaterra, surge no jardim o conceito de bordadura vivaz (mixed-border) – no
qual o elemento flor se assume importante, utilizando-se mistura entre espécies de épocas de
floração diferentes e de fácil manutenção (herbácea, de bolbo ou rizomas). O ritmo de
plantação associa-se ao contraste flores–folhas-cor-forma (prímulas, lírios, rododendros,
peónias, etc.) em maciços e bordaduras, dentro de um traçado bem definido. Neste contexto,
destacaram-se os trabalhos de William Robinson e Gertrude Jekyll.
É no Séc. XIX que surgem os grandes parques urbanos abertos ao público, fruto da
necessidade de lazer, educação e de hábitos higienistas que se faziam sentir nos grandes
centros industriais urbanos e desempenhando um importante papel terapêutico por
promoverem o bem-estar do indivíduo. O Central Park, em Nova Iorque, projetado por Olmsted
e Vaux, terá sido o precursor de muitos destes parques até à presente época.
Bordadura vivaz em Wakehurst (Inglaterra), plantado à maneira de Gertrude Jekyll, usando principalmente rosas
e púrpuras estimulando a visão num jardim
Vista aérea para o Central Park (Nova Iorque, EUA), projectado por Olmsted e Vaux, em 1858, e que surgiu da
necessidade de o indivíduo citadino usufruir de espaços verdes para a promoção do seu bem-estar.
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3.0 - 2ª PARTE: HISTÓRIA DO PAISAGISMO NO BRASIL
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3.1 O ECLÉTICO:
Cenário recriado, pois o modelo europeu, ao passar para a cidade tropical, sofre
adaptações expressivas, refletidas tanto na configuração dos lugares, como no comportamento
social. Na Paris do século XIX, por exemplo, não existiam os escravos, nem as plantas nativas
se expandindo de um modo luxuriante ao sabor do cálido clima tropical.
1. Clássica: tem como referências os jardins franceses dos séculos XVI e XVII o espaço é
tratado a partir de um parcelamento geométrico do solo, favorecendo-se a criação de pisos e
caminhos estruturados por eixos, que convergem para um ponto principal e que o conectam
aos diversos acessos. A vegetação é disposta de uma maneira expositiva e entremeada por
objetos pitorescos, como fontes e esculturas.
O Passeio Público, primeiro espaço público tratado do país, foi construído na capital
carioca durante os anos de 1779 a 1783. As características clássicas presentes em seu
desenho predominam durante toda a primeira parte do século XIX, tanto na concepção do
jardim privado, como na dos espaços públicos. Alguns espaços, entre eles os Jardins Botânicos
do Rio de Janeiro e de São Paulo (atualmente Jardim da Luz) e os Passeios Públicos em
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diversas cidades, são ajardinados e parcelados em
canteiros geometrizados que utilizam-se de simetrias e
traçados ortogonais, onde se valoriza sempre pontos focais
como marco, seja ele fonte, escultura ou coreto.
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3.1.2 Glaziou. O paisagista do Império e seus projetos:
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3.1.3 O Palacete, Chácaras e jardins;
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O bairro de Higienópolis, conhecido inicialmente como Boulevard Burchard, foi todo
concebido, como a Avenida Paulista, de modo a configurar a imagem de um bairro residencial
francês, cortado por ruas e calçadas largas e arborizadas.
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Os projetos dos Dieberger caracterizam-se por explorar todas os nuances da
arquitetura paisagística da época, ora elaborando projetos romântico - paisagísticos, como os
da residência de Antônio Prado Júnior, na Avenida Higienópolis, ou o parque da Residência de
Dona Georgina de Rego Freitas, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, dotados de amplos
gramados, que emolduravam a fachada principal dos palacetes ou os jardins da família Nagib
Salem na Avenida Higienópolis em estilo "romântico".
Outros projetos foram concebidos dentro de linhas clássicas rígidas, como a Praça
Pública de Rio Claro, a praça da Liberdade de Belo Horizonte e os jardins das Termas de
Poços de Caldas, em Minas Gerais, mas, com certeza, foram as variações estilísticas
desenvolvidas nos projetos criados pela firma Dieberger & Cia., por meio da sua seção de
ajardinamentos, que mais caracterizavam os projetos dos dois paisagistas.
O trabalho de Reynaldo Dieberger foi bastante intenso, como o de seu pai, e são de
sua autoria muitos dos mais importantes projetos desenvolvidos pela empresa da família, no
Parque da Água Branca em São Paulo, nos jardins das estações d'água Mineral de Araxá, São
Pedro e Poços de Caldas, trabalhos de excelente qualidade e porte e para os quais a sua
formação de arquiteto paisagista possibilitou a finalização de excelentes resultados.
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exemplo curitibano, as mudanças ficam por conta das linhas curvas que aparecem nos
canteiros, porém a força dos eixos longitudinais, dos três estares centrais e da simetria remete
claramente à lógica do Ecletismo.
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3.1.7 Projetos Urbanos. Rio de Janeiro e São Paulo
O núcleo antigo da cidade de São Paulo passa, na primeira década do século, por
inúmeras mudanças como alargamento de ruas, ajardinamento de praças e a construção de
um sem números de novos edifícios; mas a grande transformação se dá na segunda década,
quando após numerosos estudos são, finalmente, transformadas as grandes várzeas que
cercavam o centro antigo em dois parques, com a idéia deral de Joseph Antoine Bouvard.
Ainda na área vizinha ao centro paulistano foi construída, em 1905, praticamente um pequeno
parque, em área não distante do Parque Anhangabaú, a Praça da República. Essa área era, na
época, totalmente residencial e ao seu redor construíram-se inúmeros palacetes, como os da
Avenida São Luís, então, uma das mais elegantes vias da cidade.
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3.1.8 Projetos Urbanos. Belém, Manaus e Belo Horizonte
Por todo país, ao final do século XIX e no começo do século XX, são feitas
importantes reformas urbanísticas junto às áreas centrais e aos principais bairros vizinhos. O
Intendente Antônio José de Lemos, por exemplo, na sua longa gestão à frente da
Administração Municipal de Belém do Pará constrói um dos mais expressivos conjuntos de
áreas livres do início do século. Durante os anos de 1898 a 1911, foi o responsável pela
modernização da estrutura urbana da capital paraense, que enriquecida pelo ciclo da borracha,
transforma-se em um dos mais importantes centros do país, priorizando o embelezamento
urbano, simbolizado pela criação de parques e praças, além do ajardinamento de logradouros
já existentes, formando um dos mais completos sistemas de áreas verdes públicas para lazer
do período.
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Novembro, os Jardins da Igreja Matriz, e a Praça Heliodoro Balbi, conhecida como Praça da
Polícia.
O parque então denominado de Municipal, e hoje Américo Renné Gianetti, com uma
área de 180.000 m2, foi inaugurado em 12 de dezembro de 1897 e chega ao final do século XX
com sua estrutura morfológica e funcional bastante íntegra, apesar de ter sofrido algumas
intervenções importantes para a construção do edifício do centro cultural Paço das Artes.
3.2 MODERNO
Esse novo programa provoca uma forte ruptura formal entre os projetos ecléticos e
modernos, derivada da alteração da função de espaço, uma vez que, no parque ou praça
modernos, os espaços são criados para serem usados para a permanência dos
frequentadores, ao passo que, no Ecletismo, os espaços eram concebidos como trajetos e
caminhos para passar ou passear.
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3.2.1 Nascionalismo e Ruptura. Antecedentes.
A partir dos anos 40 chega ao país o playground, criação típica norte-americana, que
consiste basicamente na concentração de conjuntos de brinquedos industrializados, em
determinados locais dos espaços livres, em geral público, para lazer infantil. A crescente
carência de espaços livres para lazer infantil populariza esse tipo de equipamento que se torna
obrigatório nas escolas e pré-escolas de então, particularmente nos jardins de infância, nas
praças públicas e parques. Essa carência é o resultado direto do aumento de custo do solo
urbano e dos aluguéis, que inviabiliza grandes quintais e jardins, espaços antes ocupados por
atividades infantis ao ar livre.
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anos 40 e 50 o arquiteto paisagista dos novos projetos arquitetônicos de Pampulha, subúrbio
de Belo Horizonte, concebido para ser o palco da modernidade urbana das novas elites locais.
Seus projetos arquitetônicos encomendados por Juscelino Kubitschek para valorizar o entorno
da represa de mesmo nome, inaugurados em 1942, possuem caráter arquitetônico de
vanguarda. Com eles Oscar Niemeyer chegou à criação de alguns de seus mais marcantes
projetos de início de carreira: os edifícios do Iate Tênis Clube, Cassino ( hoje Museu de Arte
Moderna), da Capela de São Francisco de Assis, e da Casa do Baile.
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sobre os espaços livres dos lotes residenciais urbanos apontam nessa direção.
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princípios modernos de concepção arquitetônica, que exige o prédio isolado, disposto sobre
pilotis, por entre os quais devem fluir pessoas e vegetação.
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3.2.5 Roberto Burle Marx
O trabalho de Burle Marx sempre esteve ligado ao poder e às elites: são seus os
jardins dos Palácios do Itamaraty(Relações Exteriores), do Exército em e outros mais Brasília,
o Aterro do Flamengo(Rio de Janeiro) e o Parque das Mangabeiras(Belo Horizonte) e inúmeros
outros jardins
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3.2.6 Roberto Burle Marx Projetos
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3.2.7 Roberto Coelho Cardozo e Waldemar Cordeiro
Trabalhou, a princípio, com sua mulher Suzana Osborn Coelho. Teve um trabalho
importante com Luciano Fiaschi, com Antônio Augusto Neto, arquiteto e paisagista, que como
Cardozo também desempenhou, por alguns anos, importante trabalho docente na FAUUSP, na
disciplina, então existente, de Paisagismo,e com o arquiteto Marcos Souza Dias, entre os quais
a Praça Roosevelt, em São Paulo.
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A atividade dos dois Robertos não foi isolada, pois trabalharam em um período em
que houve de fato, uma extrema expansão das oportunidades no campo do paisagismo. No
mesmo período que Cardozo atuou em São Paulo, outro paisagista, Valdemar Cordeiro,
também artista plástico como Burle Marx, desenvolveu um trabalho bastante intenso.
3.2.8 Os seguidores
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Durante os anos 50, e especialmente nas três décadas seguintes, consolidam-se os
princípios projetuais modernistas, como pode ser atestado pelo surgimento de centenas de
projetos seguindo seus preceitos, tanto em São Paulo como em Curitiba, Porto Alegre,
Salvador e Recife.
A atuação dos novos paisagistas pode ser observada nos primeiros planos e estudos
de áreas verdes do país: em São Paulo, 1967-1968, por Miranda Magnoli, Rosa Kliass e
Madalena Ré, em Salvador - 1977, por Rosa Kliass, Jamil J. Kfouri e Vanusa Oliveira, nas
centenas de projetos de pátios e jardins de prédios de apartamento, nas novas praças e
parques, nos jardins de fabricas, etc., e muitos deles como Benedito Abbud, Rosa Kliass,
Fernando Chacel, Luis Vieira, José Tabacow e Isabel Duprat, atuam em diversos centros,
levando a arquitetura paisagistica gestada no sul para diversas partes do país.
O parque moderno tem um caráter mais popular do que o parque do passado, que
no Brasil era o cenário de desfrute das elites, redirecionando as políticas públicas de
construção de novos parques, passaram ao final dos anos 70 e início dos anos 80 a serem
construídos também em bairros populares.
O Parque Rogério Python de Faria, depois Sarah Kubitschek, projetado por Burle
Marx (1974), possui uma área extensa, que corre paralelamente a todas as quadras
habitacionais da Asa Sul, tem todos os equipamentos e atrações diversas de um parque urbano
convencional moderno, atraindo milhares de usuários todos os fins de semana.
Nos espaços da nova praça só são aceitos uns poucos elementos decorativos como
murais e esculturas, de preferência de artistas da época e os tradicionais espelhos d'água e
fontes adaptados aos novos princípios projetuais.
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3.2.1 Calçadões a beira mar
Pode-se dizer que a praia é o palco de parte importante dos encontros sociais ao ar
livre no cotidiano de tais cidades, assumindo portanto as funções de parque urbano, apesar de
não apresentar sua conformação espacial típica, sempre estruturada por vegetação de porte.
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3.2.2 A experiência de Curitiba
45
3.2.3 Os parques de São Paulo
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3.3 CONTEMPORÂNEO:
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O projeto paisagístico contemporâneo e
típico dos anos 90, ainda é uma exceção, uma
vanguarda em meio a onipresente tradição
modernista, e absorve os programas de uso, as
formas e partidos modernos e vai muito mais além.
Basicamente, evolui-se do conceito moderno de
liberdade, abrindo possibilidades formais antes
impensáveis. A base morfológica dos projetos
obedece a mesma da lógica espacial moderna, com
estares, esplanadas e patamares que fundem-se e se
entrelaçam criando ambientes e sub-espaços, porém
a liberdade de programas, formas, desenhos, cores e
materiais permite a criação de projetos com variadas
linguagens e elementos, como por exemplo no Centro
Empresarial Itaú Conceição, em São Paulo.
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3.3.2 Influencia e Referencias
Os novos projetos têm como fonte de
inspiração duas bases: a literatura especializada e as
experiências isoladas de cada projetista. A difusão de
conceitos e da produção paisagística de alguns países
como França, Espanha, Estados Unidos e Japão, por
meio da publicação de livros, revistas e material
editorial, aproximou dos profissionais brasileiros a
forma de concepção e construção do espaço livre
urbano contemporâneo internacional. A expressividade
de algumas propostas influenciou a produção nacional
e suas características podem ser notadas em projetos
por todo o país.
3.3.3 Ecologismo/ambientalismo
49
Os novos princípios ecológicos em voga
desde os anos 70 funcionaram como crítica aos
extensivos danos ambientais do pós-guerra e
influenciaram de um modo extremo o projeto
paisagístico urbano internacional/ocidental, que
passou a sobrevalorizar a conservação dos
remanescentes dos ecossistemas nativos ainda
existentes dentro da cidade. Essas idéias rapidamente
chegaram ao país, identificando-se com posturas já
praticadas, especialmente em Curitiba, nos seus
parques em meio a bosques nativos, e foram
absorvidas principalmente na concepção e
implementação dos novos parques urbanos como, por
exemplo, o Parque Cidade de Toronto, em São Paulo
(1992), e o Parque Professor Mello Barreto, no Rio de
Janeiro (1994). O Parque Cidade de Toronto, projetado
por uma equipe mista das prefeituras das cidades de
São Paulo e de Toronto (Canadá), conserva um
pequeno charco pelo qual se pode passear, ao passo
que no Parque Professor Mello Barreto conservam-se
os manguezais remanescentes da Lagoa da Tijuca, no
trecho do parque (projeto de Fernando Chacel e
Sidney Linhares).
3.3.4 Cenarização
50
A evocação de signos anacrônicos e de
imagens simbólicas também é uma das características
inovadoras que caracterizam projetos de espaços
livres contemporâneos nacionais. Apropriando-se de
partidos temáticos, históricos ou simplesmente
simbólicos, os projetos paisagísticos passam a ter
incorporados elementos e estruturas cênicas para
valorizar o ambiente criado.
51
Relógio foi concebida para atender às solicitações da Reitoria da Universidade de criar uma
praça de caráter estritamente contemplativo.
52
3.3.6 Reforma e reconfigurações
Os processos de revitalização e
reconfiguração de trechos urbanos são expressão de
uma tendência vanguardista do urbanismo e
paisagismo contemporâneos. A valorização de antigos
ícones e de ideais do passado é uma postura que não
cabia plenamente na ideologia moderna que rejeitava
muitos dos padrões tradicionais clássicos e românticos
da cidade oitocentista.
53
contemporânea como nas praças Nova York em Belo Horizontee Saens Peña no Rio de
Janeiro.
3.3.7 Figurações
Paralelamente, ao incremento da
verticalização urbana, em grande parte destinada à
habitação, observa-se o surgimento em grande
escala de condomínios horizontaisdestinados à
moradia das classes média e alta, situadas por muitas
vezes em áreas distantes das áreas centrais ou, até
mesmo, totalmente fora da malha urbana
convencional. Geralmente protegidos por guaritas,
com administração própria e sua imagem é
construída como um reflexo direto dos subúrbios
americanos. Compõe-se de residências isoladas,
construídas em lotes muitas vezes de grande porte,
com recuos frontais ajardinados, sem muros,
calçadas gramadas, arborização de rua e uma
arquitetura bastante diversa, que apresenta formas
extremamente opostas, como a de chalés suíços e
palacetes normandos, até obras assinadas por
arquitetos expoentes do modernismo ou do pós-
modernismo nacional. Para seu morador, como no
passado recente, para o mesmo público de classe
média alta e alta, são executados projetos de
paisagismo que expressam, a seu modo, a vanguarda
do projeto paisagístico brasileiro.
54
novos com pinheiros, tuias e palmeiras, gramados e podas topiárias influenciam o novo
imaginário popular chique que se configura.
55
3.3.8 Obras e autores
56
3.3.9 Rio Cidade: Requalificação urbana
O sucesso real do projeto Rio Cidade I, que contou inclusive com o apoio da opinião
pública, conduziu à execução de um segundo concurso: o Rio Cidade II, que possibilitou a
inclusão de muitos subúrbios distantes, anteriormente preteridos em função de áreas centrais e
das zonas sul e norte da cidade, criando-se uma abertura para o projeto e para a renovação
urbana.
57
O programa Rio Cidade caracteriza-se na
última década do século XX como o mais amplo
programa de renovação urbana utilizando-se
amplamente recursos paisagísticos, levado a cabo na
país. Outros vários foram feitos em Salvador, Recife e
João Pessoa, mas vinculados à renovação urbana, ou
então se limitaram a simples ajardinamentos.
3.3.11 Realidades
58
Parques temáticos, jardins neo-ecléticos ou
tropicais, calçadões e piscinões são figuras urbanas
comuns na cidade brasileira que, somadas aos
parques e praças do passado, respondem as
demandas urbanas em voga.
59
3.3.12 Os primeiros anos do século XXI
https://www.seduc.ce.gov.br/wp-
content/uploads/sites/37/2011/10/paisagismo_historia_do_paisagismo.pdf
60
Anexo 01 – Cronologia do Paisagismo Brasileiro
Século VIII
Projetos:
1801 - 1860
Contexto Nacional: Vinda da família real portuguesa para o Brasil. 1816: Brasil na condição
de Reino Unido; Missão Artística Francesa. Quatro grandes cidades: Rio de Janeiro, Salvador,
Recife e Belém.
1822:Brasil Império.
1840:Início do II Império. Ciclo do café no Estado do Rio.
Influência cultural francesa
Influência econômica inglesa.
Ciclo da Borracha: Belém e Manaus modernizam-se.
Projetos:
1861-1900
61
Contexto Nacional: Proclamação da República. Capital: Rio de Janeiro.
Projetos:
1901-1930
Projetos:
62
1915:Abertura do Bosque dos Jequitibás o primeiro parque de Campinas.
1922:Exposição do Centenário, Rio de Janeiro e reconstrução dos jardins do Ipiranga, São
Paulo, por Reynaldo Dierberger, o paisagista da elite do café.
1929:Início da construção do Jardim Botânico de São Paulo.
1931-1967
Contexto Nacional: 1937 :Estado Novo: nova política sócio-econômica; influência econômica
dos Estados Unidos. O cinema americano como elemento de definição de
padrões culturais e, portanto, urbanísticos e paisagísticos.
Criação do primeiro Parque Nacional em Itatiaia.
1939 a 1945:II Guerra Mundial, industrialização e expansão habitacional; novos hábitos,
declínio da influência européia. Expandem-se as fronteiras urbanas nos Estados de São Paulo
e Paraná. São implementadas novas cidades ferroviárias com praças centrais e traçado em
xadrez. No pós-guerra, cresce a influência cultural dos EUA.
1947:Fim do Estado Novo, forte nacionalismo.
A indústria automobilística começa a ser implantada. Programas habitacionais de massa.
Expansão das fronteiras urbanas do país. Implantação da TV nas grandes cidades. As estradas
de rodagem são construídas em massa e há o declínio do transporte ferroviário.
São Paulo e Rio de Janeiro configuram-se como as duas grandes metrópoles do país.
63
vezes minimizados. Muda o programa de parques e praças, agora nitidamente voltados para o
lazer ativo. Expansão urbana. Metropolização. Grandes obras urbanas: terminais, praças,
calçadões, viadutos, etc.
Projetos:
1937:Projeto dos Jardins de Alá Rio de Janeiro, em moldes clás-sicos, por José Silva de
Azevedo Neto.
1938:Jardins do MES (Ministério da Educação e Saúde) e Praça Salgado Filho, no Rio de
Janeiro, projetos de Burle Marx.
Oficialização do Jardim Botânico de São Paulo.
1939:Parque 13 de maio - Recife.
1942:Construção da Pampulha com os modernos jardins de Burle Marx.
Criação do Departamento de Parques do Rio de Janeiro.
Projeto definitivo do Parque da Redenção por Arnaldo Gladosh.
1942-1943:Abertura da Avenida Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.
Durante toda a década de 40, Burle Marx produz projetos modernistas trabalhando junto com
arquitetos modernos. Torna-se o paisagista oficial do Estado.
1954:Abertura do Parque Ibirapuera, São Paulo.
1954:Projeto do Parque do Flamengo, por Affonso Reidy, Burle Marx e equipe.
1957:Concurso de Brasília. Durante a década de 50, Roberto Coelho Cardozo, radicado em
São Paulo. Influência de paisagistas da costa oeste americana como Eckbo e outros.
Os dois Robertos (Cardozo e Burle Marx) possuem um denominador comum: a valorização da
vegetação nativa. Influenciam a obra dos arquitetos que se formam em São Paulo.
1960: Inauguração de Brasília, o ideal da cidade no meio do verde.
1961:Inauguração do Aterro do Flamengo Rio de Janeiro.
1967:Centro Cívico de Santo André, projeto de Burle Marx.
1967:É feito o primeiro e único estudo de áreas verdes da cidade de São Paulo por Rosa
Kliass, Miranda Magnoli e equipe.
1968-1980
Contexto Urbano: Década de 70:instala-se a primeira linha de metrô de São Paulo. Consolida-
se em São Paulo e Porto Alegre uma linha de projeto fortemente influenciada por paisagistas
da Califórnia / EUA.
1971:É promulgada em São Paulo a lei que favorece a criação de espaços livres nos lotes
verticalizados, voltadas sobretudo para áreas de lazer. São concebidos os primeiros
condomínios fechados Alphaville, em São Paulo, como Alphaville, e na Barra da Tijuca, Rio de
Janeiro. O desenho das praças modernas é muito elaborado, com programas complexos ao
passo que o projeto de parques tende a uma grande simplificação em relação aos do período
do Ecletismo. Surgem as praças-edifício, muitas delas derivadas da construção do metrô, em
São Paulo. O maior exemplo é a Praça da Sé. Uma legislação mais abrangente referente ao
64
patrimônio histórico urbano é criada, incentivando a presença de "monumentos" de todas as
épocas, inclusive parques e jardins. Proliferação dos calçadões de área central e de praia.
Todas as grandes cidades
têm um planejamento centralizado e as leis de zoneamento são estabelecidas por todo país.
Programas habitacionais em massa.
Projetos:
1981-1990
Contexto Urbano: Proliferação dos calçadões de área central e de praia. Surgem os padrões
ecológicos, volta a idéia dos contatos com a vegetação. Expansão dos condomínios horizontais
e verticais. Segregação. Estabelece-se uma forma desconstrutivista de projeto.
Projetos:
Em São Paulo e por todo o Brasil, centenas de projetos de paisagismo são feitos.
1981:Largo da Carioca projeto de Burle Marx.
1983:Lei nº 506 de 17/01/84 aprova o corredor cultural, como zona especial do Centro
Histórico do Rio de Janeiro, que preserva 1300 edificações do centro da cidade.
1987;Projeto do Parque Villa Lobos, São Paulo: um parque de lazer ativo, contemplativo e
cultural , projeto de Décio Tozzi.
1989:Lei 1989, do estado do Rio de Janeiro, cria a Fundação de Parques e Jardins.
65
1991-2002
Projetos:
1991:Jardim Botânico, Curitiba a volta do Ecletismo revisto em uma posição pós- moderna.
1992:Parque Cidade de Toronto, São Paulo.
1992:Vale do Anhangabaú, São Paulo.
Projeto Rio Orla: a orla do Rio é toda reformada, com a criação de um sistema de ciclovia
costeira.
1992-1996:Centenas de novos projetos são feitos para espaços livres nas cidades de Belo
Horizonte, Fortaleza, Campo Grande, Curitiba, Recife. A Praça do Ferreiraé destruída e no seu
lugar constrói-se um projeto totalmente contemporâneo. Parques são
inaugurados em Belo Horizonte. Renovação do Pelourinho em Salvador e do centro do Rio de
Janeiro.
66
1995:Rua da Cidadania Boqueirão, Curitiba.
2000: Jardins do Shopping "Cittá América", Rio de Janeiro, de forte inspiração tropical -
cenográfica do paisagista Sérgio Santana.
Reforma de praças em Campo Grande, entre elas a do Rádio Clube. Inauguração da 1a fase
da Praça da Sé em Salvador
2001:Recuperação, abertura e tratamento paisagístico de parte na área das docas de Belém do
Pará; Piscinão de Ramos (Rio de Janeiro): projeto que visa compensar a perda da
balneabilidade das águas da Baía de Guanabara. Inauguração do novo calçadão de Fortaleza
em lugar do projeto anterior, que é substituído em função de uma idéia de modernização.
Recuperação paisagística do Mercado de Ver-o-Peso em Belém.
2002:Projeto dos Jardins do Banco de Boston, São Paulo. Paisagismo de Isabel Duprat
Ajardinamento das calçadas centrais da Avenida Faria Lima em São Paulo, com um caráter
cenográfico-tropicalista. Inauguração da 2a fase da praça da Sé em Salvador.
67
Anexo 02 – Roberto Burle Marx
68
Do trabalho conjunto com Oscar Niemayer e Lúcio Costa nascem o
Parque da Pampulha, Minas Gerais, e os famosos jardins de Brasília. Entre suas
obras mais expressivas estão os jardins do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Em 61 anos de carreira, Burle Marx assina mais de dois mil projetos e
recebe inúmeras honrarias. Mas a homenagem que mais o sensibiliza é ver seu
nome designando uma espécie de plantas tropicais: "Burle Marxii".
Em 1972, Burle Marx muda-se para o sítio Santo Antônio da Bica, nos
arredores do Rio de Janeiro. Dedica-se à pintura, coleciona obras de arte e cultiva,
ao longo de mais de vinte anos, três mil e quinhentas espécies de plantas do mundo
inteiro, criando um verdadeiro Éden Tropical.
Em 1985, doa a propriedade ao governo federal. Seu grande sonho é
criar ali uma escola para jardineiros e botânicos, e abrir o sítio à visitação pública.
Mas é somente após a sua morte, ocorrida em 1994, aos 82 anos de idade, que os
seus últimos projetos florescem. Graças ao empenho de sua equipe, o sítio, agora
batizado com o seu nome, recebe visitantes do Brasil e do mundo.
E ecologistas, paisagistas e jardineiros podem freqüentar cursos
regulares,ministrados em meio às plantas que o próprio Roberto Burle Marx cultivou.