40 PDMP ECD Ocup Solo
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Setembro 2018
Ocupação do Solo
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................. 7
2. Notas metodológicas............................................................................................................. 8
3. Breve nota sobre a evolução da estrutura urbana do Porto .............................................. 10
4. Unidades Morfotipológicas ................................................................................................. 34
5. Carta da Ocupação do Solo Atual ........................................................................................ 64
6. Parcelas Municipais ............................................................................................................. 89
7. Parâmetros Urbanísticos das Unidades Morfotipológicas .................................................. 93
8. Diagnóstico das dinâmicas urbanísticas por Unidade Morfo Tipológica ............................ 97
9. Síntese Conclusiva ............................................................................................................. 106
10. Bibliografia .................................................................................................................... 109
11. Anexos ........................................................................................................................... 110
ANEXO 1 – Matriz de Ocupação do Solo ............................................................................... 111
ANEXO 2 – Carta de Ocupação do Solo Atual ....................................................................... 113
Índice Figuras
Figura 1 – Planta do Porto Medieval, séc. XV ............................................................................................ 11
Figura 2 – Cidade do Porto, gravura de Teodoro de Sousa Maldonado, 1759 ........................................... 14
Figura 3 – Planta Redonda da Cidade do Porto, George Balck, 1813 ........................................................ 16
Figura 4 – Extrato da Carta Topográfica da Cidade do Porto, de Gerardo Telles Ferreira, 1892, com os
principais arruamentos rasgados a partir de 1891 segundo diretrizes de Corrêa de Barros ...................... 17
Figura 5 – Renovação das Áreas Centrais, Barry Parker, 1915 ................................................................. 20
Figura 6 – Traça das Ruas Primárias, Ezequiel de Campos, 1932............................................................. 21
Figura 7 – Remodelação da Zona Central .................................................................................................. 21
Figura 8 – Planta de Zonamento Plano Regulador da Cidade do Porto, Antão de Almeida Garrett, 1952 . 23
Figura 9 – Plano de Melhoramentos para a Cidade do Porto, José Albino Machado Vaz- 1956-1966 ...... 24
Figura 10 – Planta de Síntese do Plano Diretor da Cidade do Porto, Robert Auzelle, 1962 ....................... 26
Figura 11 – Plano Geral de Urbanização, Planta de Síntese, Gabinete de Planeamento Urbanístico / ..... 27
Figura 12 – Plano Diretor da Cidade do Porto, Zonamento e Hierarquização do Sistema Viário, .............. 29
Figura 13 – Plano Diretor da Cidade do Porto, Plano Estratégico Vale Campanhã ................................... 30
Figura 14 – Plano Diretor da Cidade do Porto Disposições, Fundamentais sobre Edificação Urbana, Coord.
Duarte Castel-Branco, 1993 ....................................................................................................................... 30
Figura 15 – Plano Diretor da Cidade do Porto, Referenciação dos Quarteirões, Coord. Duarte Castel-Branco,
1993 ............................................................................................................................................................ 31
Figura 16 – Planta de Ordenamento, PDM; 2006 ....................................................................................... 32
Figura 17 – Unidade A (Ruas da Bainharia, Escura e Pena Ventosa) ........................................................ 34
Figura 18 – Unidade A (Campo do Rou, Ruas da Fonte de Massarelos e da Flora e Travessa do Campo do
Rou) ............................................................................................................................................................ 35
Figura 19 – Unidade A (Ruas do Montebelo e do Sacramento) ................................................................. 35
Figura 20 – Unidade B – Tipo I (Ruas do Breiner, de Miguel Bombarda, do Rosário, de Cedofeita e Torrinha)
.................................................................................................................................................................... 36
Figura 21 – Unidade B – Tipo I (Ruas de Faria Guimarães, Paraíso, Bonjardim, Olivença) ....................... 37
Figura 22 – Unidade B – Tipo II (Ruas de Padre António Vieira e de MiraFlor) .......................................... 37
Figura 23 – Unidade B – Tipo II (Bairro do Leal) ........................................................................................ 38
Figura 24 – Unidade B – Tipo III (Ruas de Costa Cabral e de Silva Tapada) ............................................. 38
Figura 25 – Unidade B – Tipo III (Ruas dos Montes Burgos, Senhora do Porto e Estrada da Circunvalação)
.................................................................................................................................................................... 39
Figura 26 – Unidade C – Tipo I (Ruas de Sá da Bandeira, de Santa Catarina e do Bolhão) ...................... 40
Figura 27 – Unidade C – Tipo I (Ruas de Ferreira Cardoso, de António Granjo, do Conde Ferreira, Av. de
Rodrigues de Freitas e Largo de Soares dos Reis) .................................................................................... 40
Figura 28 – Unidade C – Tipo II (Praça do Exército Libertador, e Ruas da Natária, de António Enes e de
Freire de Andrade) ...................................................................................................................................... 41
Figura 29 – Unidade C – Tipo II (Rua de Santa Catarina) .......................................................................... 41
Figura 30 – Unidade D – Tipo I (Bairro de Costa Cabral) ........................................................................... 42
Figura 31 – Unidade D – Tipo I (Bairro de Marechal Gomes da Costa)...................................................... 43
Figura 32 – Unidade D – Tipo II (Bairro de Contumil) ................................................................................. 43
Figura 33 – Unidade D – Tipo II (Urbanização de Pinhais da Foz) ............................................................. 44
Figura 34 – Unidade D – Tipo II (Ruas de Mota Pinto, Arqº Cassiano Branco e de S. João de Brito) ........ 44
Figura 35 – Unidade E – Tipo I (Rua das Areias) ....................................................................................... 45
Figura 36 – Unidade E – Tipo II (Ruas da Macieirinha e de Entre Quintas) ............................................... 46
Índice Gráficos
Gráfico 1 – Área da Unidade A nas freguesias e UF 65
Gráfico 2 – Área da Unidade B nas freguesias e UF 68
Gráfico 3 – Área da Unidade C nas freguesias e UF 70
Gráfico 4 – Área da Unidade D nas freguesias e UF 72
Gráfico 5 – Área da Unidade E nas freguesias e UF 74
Gráfico 6 – Área da Unidade F nas freguesias e UF 76
Gráfico 7 – Área da Unidade G nas freguesias e UF 78
Gráfico 8 – Área da Unidade H nas freguesias e UF 80
Gráfico 9 – Área da Unidade I nas freguesias e UF 82
Gráfico 10 – Área da Unidade J nas freguesias e UF 84
Gráfico 11 – Área da Unidade K nas freguesias e UF 86
Gráfico 12 – Áreas das Unidades na Cidade do Porto 87
Gráfico 13 – % de área das Unidades na Cidade do Porto (%) 88
Gráfico 14 – Incidência das parcelas municipais disponíveis nas freguesias 91
Gráfico 15 – Incidência das Parcelas Municipais disponíveis na COS (%) 91
Gráfico 16 – Distribuição percentual das Unidades Morfotipológicas 97
Gráfico 17 – Áreas das Unidades Morfotipológicas na Cidade do Porto 98
Gráfico 18 – Distribuição percentual das Unidades Morfotipológicas por Freguesia 100
Gráfico 19 – Número de Licenças por Unidade Morfo Tipológica 101
Gráfico 20 – Número de Licenças por Freguesia 102
Gráfico 21 – Área de Solo por Unidade Morfo Tipológica 102
Gráfico 22 – Nº de Licenças por Tipo de Operação Urbanística e Unidade Morfo Tipológica 103
Gráfico 23 – ABC por Tipo de Operação Urbanística e Unidade Morfo Tipológica 103
Gráfico 24 – Número de Licenças por Tipo de Uso e Unidade Morfo Tipológica 104
Gráfico 25 – ABC por Tipo de Uso e Unidade Morfo Tipológica 104
Gráfico 26 – Índices Médios das Licenças e da Amostra 105
Índice Quadros
Quadro 1 – Pontos fracos e pontos fortes 108
Quadro 2 – Matriz de Ocupação do Solo 111
1. Introdução
Este relatório está estruturado segundo diversos temas que abordam a matéria em análise,
designadamente a evolução da estrutura urbana da cidade, bem como a caracterização da atual
forma urbana da cidade, com base numa matriz das unidades morfotipológicas, da qual resultou
a Carta de Ocupação do Solo (COS) atual.
Tendo em vista a organização do futuro modelo territorial para o município, foram assinaladas
as parcelas municipais disponíveis, assim como aferidos alguns parâmetros urbanísticos médios
das unidades morfotipológicas definidas na COS, numa lógica de transformação do solo.
Por fim, apresenta-se um diagnóstico ao modo de ocupação do solo presente nas operações
urbanísticas realizadas nos últimos anos, para cada uma das unidades morfotipológicas.
2. Notas metodológicas
• Recensão dos diferentes Planos Urbanísticos elaborados para a cidade durante o século
XX e XXI com recurso às bases de dados já referidas.
• Identificação nas bases cartográficas dos tecidos urbanos que compõem o território,
definindo as unidades morfotipológicas.
• Levantamento e seleção das parcelas do domínio privado municipal, com área igual ou
superior a 2000m 2,e sua distribuição nas diversas unidades morfotipológicas da COS.
• Seleção de uma série de áreas representativas das unidades morfotipológicas, com uma
área aproximada de 5 ha, para medição de indicadores urbanísticos e cálculo de índices
de ocupação do solo.
Desde os finais da Idade do Bronze que o espaço hoje ocupado pela cidade do Porto tem sido
quase ininterruptamente povoado. O morro da Pena Ventosa é uma saliência granítica coroada
por uma plataforma de cotas máximas na ordem dos 78 metros, rodeada de vertentes de
acentuado declive que descem para o rio Douro e para o rio da Vila. Estas características da
topografia e da hidrografia constituíram boas condições defensivas e foram decisivas para que o
alto da Pena Ventosa tivesse sido o sítio original da urbe portuense. Durante as décadas de 1980
e 1990, as investigações arqueológicas realizadas no Bairro da Sé, nomeadamente na Casa da
Rua D. Hugo, permitiram por a descoberto e identificar um perfil estratigráfico que ilustra a
evolução do núcleo primitivo da cidade. Destes estudos concluiu-se ter existido uma ocupação
quase contínua do local desde finais da Idade do Bronze. Estes vestígios arqueológicos
documentaram, do século VIII a.C. até 500 a. C, a existência de contactos com o Mediterrâneo
de populações que viviam no morro da Pena Ventosa; Entre 500 e 200 a. C., a presença de um
povoado castrejo de casas de planta redonda e a continuação dos contactos com povos
mediterrânicos; do século II a. C a meados do século I d. C, uma fase de romanização durante a
qual o povoado adquire crescente importância, que se revela na função organizativa em relação
aos territórios circundantes. O povo romano criou aqui uma primeira estrutura urbana,
reorganizando o traçado das ruas, implantando casas de planta retangular e criando instalações
portuárias nas imediações do local onde mais tarde se ergueu a Casa do Infante (antiga
alfândega do Porto).
A arqueologia permitiu também encontrar indícios da ocupação da Pena Ventosa nos séculos I
e II d. C. e vestígios de uma primeira cintura de muralha construída no século III, com traçado
em tudo idêntico ao da Cerca Velha ou Românica reconstruída no século XII. No século IV
assiste-se a uma fase de expansão da cidade em direção ao vizinho Morro da Cividade e à zona
ribeirinha. Em 716, deu-se a invasão muçulmana e a destruição da cidade. Foi um período breve
tendo a região ficado quase desabitada durante um século até à presúria de Portucale pelo
Conde Vímara Peres em 868, quando se dá uma nova fase de repovoamento e de renovação
urbana.
A partir daqui Portucale assume grande protagonismo político com a criação do respetivo
condado. Em 1096 dá-se a concessão do governo de Portucale ao Conde D. Henrique de
Borgonha.
No século XII a cidade possuía uma só paróquia, a da Sé. Era um burgo episcopal organizado
em função da Catedral, que começou a ser construída neste século no local das fundações de
uma pequena ermida. Em redor, um conjunto de ruas, vielas, pequenos largos e becos ocupavam
a plataforma superior da Pena Ventosa seguindo as curvas de nível e adaptadas à topografia.
Outro elemento importante que condicionou a estrutura da malha urbana do burgo medieval foi
a Cerca Velha ou Românica reconstruída no século XII sobre fundações de muros anteriores.
O século XIII representou um período de expansão em que o Porto cresceu para fora da Cerca
Velha em várias direções: em redor da Pena Ventosa, terrenos antes de quintais, hortas,
pomares, soutos e matas passam a ter casas ligadas por ruas e vielas; no sopé da escarpa que
dava acesso à Porta das Verdades, próximo da zona ribeirinha, também se desenvolve casario,
ruas, escadas e vielas; na margem direita do Rio da Vila o povoado cresce pela beira-rio de S.
Nicolau, pela Rua da Reboleira acabando por chegar até à zona de Miragaia, pequeno núcleo
de pescadores. Assim foram surgindo dois polos de povoamento – um na zona alta, no morro da
Pena Ventosa em redor da Sé catedral, e outro na zona baixa, na Ribeira, na margem do Douro
próximo da foz do Rio da Vila – ligados por uma malha urbana que se foi adensando. As duas
Cercas, a Românica em torno do Morro da Sé e a Fernandina são visíveis na (Figura 1) que
representa a cidade no séc. XV e a sua expansão.
Fonte: C.M.P.
Na encosta do Morro do Olival, na margem direita do Rio da Vila e ainda pouco ocupada,
começou a ser povoada sobretudo depois da instalação dos mosteiros das Ordens mendicantes,
o de S. Francisco em 1233 e o de S. Domingos em1238, que para além das casas conventuais,
possuíam extensas cercas com jardins, hortas, pomares e vinhas. Em 1521, por iniciativa do rei
D. Manuel I é rasgada a Rua das Flores, eixo viário fundamental que conduz ao aumento do
povoamento e adensamento da malha urbana local.
Ao longo do século XIV o Porto teve uma grande expansão do povoamento ao longo da margem
ribeirinha do Douro, refletindo a crescente importância das atividades marítimas e comerciais. A
cidade começa a sentir necessidade de um espaço amuralhado mais vasto que o da Cerca
Velha. Em meados desse século, no tempo de D. Afonso IV, começou a ser erguida uma nova
cintura de muralhas que ficou praticamente concluída por volta de 1370. A Cerca Nova ou
Muralha Gótica ou Muralha Fernandina, em virtude de ter sido concluída no reinado de D.
Fernando. Este muro, de traçado geométrico, com uma altura de 30 pés (9 metros) e de grande
robustez era recortado de ameias salientes, tendo vários cubelos e torres elevadas a ainda
numerosas portas e postigos (17 no total). Com um perímetro de cerca de 2.600 metros limitava
uma área de 44,5 hectares. O traçado da Cerca Nova seguia pela margem ribeirinha do Douro
até ao limite com Miragaia, subia pelo Caminho Novo e São João Novo até ao Cimo do Morro do
Olival; depois tomava a direção leste passando junto às hortas do bispo e do cabido e continuava
para Cimo de Vila, a seguir contornava os morros da Cividade e Sé por nascente e descia pela
escarpa dos Guindais até à Ribeira, próximo da saída do tabuleiro inferior da atual Ponte Luís I.
Entre as suas portas existiam as de Cimo de Vila, de Carros (em frente à atual estação de S.
Bento), de Santo Elói, do Olival (ao lado do edifício da Cadeia e Tribunal da Relação), das
Virtudes, de Miragaia, do Sol, entre outras. Em 1386, D. João I decidiu criar uma judiaria, e
invocando motivos de segurança, mandou transferir os judeus para os concentrar dentro de
muros no topo do Morro do Olival. Esta judiaria condicionaria a evolução da malha urbana deste
local.
Na última década do século XIV e ainda por iniciativa de D. João I, começou a ser rasgada a Rua
Nova, uma rua que contrastava por completo com o labiríntico orgânico do Porto Medieval. Foi
considerado o primeiro caso de planeamento do país. De traçado retilíneo, considerada na época
comprida e larga, foi local de prestígio que atraiu a construção de edifícios de luxo para habitação
da elite burguesa e do clero e centralizou a vida e os negócios dos mercadores. A Rua Nova
(hoje do Infante D. Henrique) efetuava a ligação da Rua dos Mercadores ao Convento de S.
Francisco, constituindo um importante eixo de circulação paralelo à margem ribeirinha. No início
do século XVI a malha urbana inclusa pela Muralha Fernandina era uma rede apertada de ruas
e ruelas irregulares, estreitas e íngremes que se desenvolviam em redor de três núcleos: o alto
da Sé sede do burgo dos bispos até 1406, onde não permaneciam monges ou fidalgos, a Ribeira,
que fervilhava de gentes ligadas ao comércio e ao rio e na qual sobressaía a Praça da Ribeira e
ainda o Morro do Olival, núcleo mais periférico e tardiamente ocupado.
Dois eixos ligavam estes 3 núcleos: da Praça da Ribeira à Porta de Cimo de Vila (atual Praça da
Batalha), passando pelas Ruas dos Mercadores e Bainharia, Cruz do Souto e as Ruas Escura,
Chã e Cimo de Vila; da Reboleira à Porta do Olival, através das Ruas da Alfândega (Velha), das
Congostas e da Bainharia, Cruz do Souto e Rua do Souto (que na época incluía a atual Rua dos
Caldeireiros).
Os finais do século XVII e inícios do século XVIII vão trazer à cidade do Porto uma intensa
atividade arquitetónica, tanto religiosa como civil. Realizam-se obras públicas como fontes e
chafarizes, constroem-se grandes edifícios de arquitetura barroca e de aspeto monumental.
Muitos destes importantes edifícios têm a traça ou a influência de Nicolau Nazoni, artista italiano
que chegou ao Porto em 1725 e que aqui desenvolveu uma notável obra no domínio da pintura
e da arquitetura.
Fonte: C.M.P.
Até meados do século XVIII a vida urbana portuense ficou quase confinada aos limites da
muralha gótica estendendo-se ainda ao longo das vias de ligação aos pequenos núcleos das
paróquias rurais e dos centros piscatórios da margem do Douro. A segunda metade de
setecentos irá trazer novas transformações urbanísticas e arquitetónicas que irão alterar
profundamente a paisagem da urbe. Foram fatores decisivos para o desencadear desta nova
fase, o crescimento rápido da população citadina, uma conjuntura económica favorável ligada à
atividade mercantil, nomeadamente ao comércio e à exportação do Vinho do Porto como
resultado da crescente importância da produção vinícola e da criação da Companhia da
Agricultura do Alto Douro, e ainda a nomeação de João de Almada e Melo como comandante
militar. A data de 1763, representa a criação da Junta de Obras Públicas, presidida por João de
Almada, que incluía membros da Câmara apoiados por engenheiros militares, e mais tarde por
arquitetos encarregados dos trabalhos.
O plano Almadino pretendia renovar a cidade antiga e ordenar o crescimento para fora da Cerca
Fernandina que, sobretudo desde meados do século XVII, se estava a realizar de forma
espontânea e caótica. Visava ainda redefinir as principais vias de acesso tornando-as
desafogadas. São exemplos desse ideal as Ruas de Cedofeita, de Santa Catarina, a Calçada da
Natividade (atual Rua dos Clérigos), a Rua Nova das Hortas (troço inicial da Rua do Almada) e
o Passeio das Virtudes. O rasgamento da Rua do Almada, marca a expansão da cidade para
norte e o início do ordenamento territorial em moldes modernos.
O plano urbanístico de João de Almada e Melo para a cidade do Porto – um dos primeiros planos
de conjunto a aparecer na Europa – criou um importante eixo citadino que partia da Praça da
Ribeira, seguia pela rua de S. João, Largo de S. Domingos, Rua das Flores, Rua Nova das Hortas
e Rua do Almada até ao Campo de Santo Ovídio (atual Praça da República). A segunda metade
deste século foi de igual modo época da construção de grandes edifícios representativos da
arquitetura neoclássica de influência inglesa, que se prolongaria pelo século seguinte. Como
exemplares do Neoclássico foram erguidos o Hospital de Santo António, a Feitoria Inglesa, o
edifício da Antiga Academia da Marinha e Comércio (hoje a Reitoria do Porto) entre outros.
Desde finais do século XVIII que a Muralha Fernandina foi sendo demolida como resposta à
expansão urbana crescente. Apesar de todas as mudanças, o Porto de finais do século XVIII
manteve-se uma cidade virada para o Douro, vivendo em função do rio, com o centro económico
e social nas suas proximidades – Praça da Ribeira, Rua Nova dos Ingleses, Rua de S. João e
Largo de S. Domingos.
O século XIX portuense ficou marcado, pela instabilidade política das Invasões Francesas na
primeira década, e as guerras liberais que culminaram com o Cerco do Porto, em 1832-33, que
provocaram destruição na cidade antiga, sobretudo na parte ribeirinha e nas encostas
circundantes. Em 1813 é elaborada a primeira planta da cidade no âmbito das Invasões
Francesas, (Figura 3).
Fonte: C.M.P.
Ainda nesse ano foi aberto à navegação o Porto de Leixões, retirando fulgor ao velho porto fluvial
do Douro.
No casco antigo da cidade dentro do perímetro da muralha fernandina, o centro da vida social,
política e de negócios portuense situado na área da Ribeira - São Domingos deslocou- se
progressivamente para a Praça Nova (atual Praça da Liberdade) e suas imediações. Em meados
do século já o verdadeiro polo da vida social, intelectual, cultural e política e administrativa
estavam localizados na chamada “Baixa”. No centro histórico, na segunda metade de oitocentos,
dá-se uma importante reorganização dos eixos viários com a abertura de novas ruas que cortam
e se sobrepõem à malha urbana pré-existente. São exemplos a Rua Ferreira Borges (iniciada
em 1838), a Rua de Mouzinho da Silveira (1872) e a Rua Nova da Alfândega (1869-1871). Um
novo eixo mais largo, retilíneo e menos íngreme seria criado para distribuição do tráfego e
circulação das mercadorias fazendo a ligação da Rua Nova dos Ingleses (atual Rua do Infante
D. Henrique) ao Convento de S. Bento de Avé - Maria (local onde hoje se situa a Estação de S.
Bento). Esta nova artéria seria a Rua de Mouzinho da Silveira.
A freguesia do Bonfim noutros tempos longínqua, cresceu ao longo dos antigos caminhos de
Gondomar, Valongo e Penafiel. A geografia do local foi sendo alterada, sobretudo no século
XIX, o que levou à criação da Freguesia do Bonfim, por decreto de Costa Cabral, de 11 de
Dezembro de 1841, desmembrada das vizinhas Santo Ildefonso, Campanhã e Sé. A partir da
segunda metade do século XIX surgiram inúmeras fábricas e manufaturas, que fixaram a
população em bairros operários, rasgando-se novas ruas, sobre antigas quintas como as de
Sacais (atual zona da Rua António Granjo, Bonfim) ou do Poço das Patas (hoje em dia área do
Campo de 24 de Agosto).
Em 1891 com o Plano de Melhoramentos da Cidade da autoria de Corrêa de Barros são rasgadas
numerosas artérias por iniciativa municipal (Figura 4).
Figura 4 – Extrato da Carta Topográfica da Cidade do Porto, de Gerardo Telles Ferreira, 1892, com
os principais arruamentos rasgados a partir de 1891 segundo diretrizes de Corrêa de Barros
Fonte: C.M.P.
Campanhã passa a ser o término da linha ferroviária de Lisboa, reconhecendo-se cada vez mais
o eixo Bonfim-Campanhã como polo industrial, desencadeando processos de urbanização na
sua envolvente. Arruamentos são rasgados como consequência da construção da Estação de
Campanhã. As “ilhas “, um novo tipo de habitação operária, foram a resposta à Revolução
Industrial e à migração para a cidade de gentes que vinham trabalhar nas fábricas propriedade
da burguesia capitalista. Constata-se que até à década de 50/60 do século XX Campanhã
permaneceu em parte uma freguesia rural.
Em 1895, com o início da abertura da Estrada da Circunvalação e a inclusão das últimas três
freguesias, Aldoar, Nevogilde e Ramalde, ficaria definido o atual território do Porto.
3.4. O Século XX
Na Baixa a abertura da Avenida dos Aliados, em 1916, implicou a demolição do edifício do antigo
palacete Monteiro Moreira (localizado na antiga Praça Nova, atual Praça da Liberdade) e o
desaparecimento do Bairro do Laranjal na zona da rua do Almada) desencadeando a
transferência da Banca e das empresas seguradoras do antigo centro do Largo de São Domingos
- Rua do Infante, para a zona da Praça Nova, que se tornou também polo financeiro.
Mais tarde, a partir de 1957, com a transferência da Câmara Municipal do Paço Episcopal, onde
funcionava desde 1916, para o atual edifício, esta área passou a ser centro do poder local. No
início do século XX salientam-se grandes edifícios na Baixa, representativos da influência do
estilo francês que inspirou os projetos de José Marques da Silva, formado na Escola de Paris.
São exemplos a Estação de S. Bento, o quarteirão das Carmelitas, o Teatro de S. João e várias
fachadas de edifícios da Avenida dos Aliados.
Surgem novas acessibilidades como a Ponte da Arrábida (inaugurada em1963), a via rápida de
ligação a Leixões e novas zonas como a zona industrial de Ramalde. Infraestruturas de
circulação mais recentes como a Via de Cintura Interna (VCI), as novas pontes de S. João (1991),
Logo nos primórdios do século XX, surge após o Plano de Melhoramentos e Ampliação da
Cidade de Elísio de Melo, a aprovação do Projeto de Barry Parker (1915) para a abertura da
Avenida dos Aliados cujo objetivo seria ligar a Praça da Liberdade ao Largo da Igreja da
Trindade. Nos anos seguintes e até ao final da centúria de novecentos inúmeros planos e
propostas seriam ventiladas e apresentadas sempre com o intuito de melhorar a cidade.
Alguns não passariam do papel, outros seriam implementados. Neste capítulo apenas os mais
relevantes serão alvo de breve nota.
O Arquiteto britânico Barry Parker elaborou um projeto para a reformulação do centro da cidade
constituindo a primeira síntese pós - Almadina sobre as transformações a realizar introduzindo
noções de modernidade na estrutura urbana. As suas propostas visavam articular uma extensa
trama de novos espaços urbanos que haveriam de caraterizar todo o centro da cidade.
A coerência pretendida para o traçado proposto, a partir da nova avenida que ligaria a Praça D.
Pedro IV aos futuros Paços do Concelho, traduzia-se pela preocupação de articular os novos
espaços a criar com outros pontos importantes da cidade. A intenção era criar uma vasta zona
monumental, num jogo de ruas e amplos espaços cuja finalidade seria a visualização da Sé
Catedral como peça chave na definição do cenário urbano, (Figura. 5).
Fonte: C.M.P.
O “Prólogo ao Plano da Cidade do Porto”, por Ezequiel de Campos, é publicado em 1932, ano
politicamente decisivo, já que termina o período da Ditadura Militar, saída do golpe de 28 de Maio
de 1926 e se institui o Estado Novo. Este estudo era uma publicação de 50 páginas, com uma
introdução ao tema e dividida em V partes: I Questão Prévia do Plano da Cidade do Porto; II O
Ambiente Natural do Porto; III Traça Geral da Cidade do Porto; IV Como se poderá elaborar o
Plano da Cidade do Porto; V Como se poderá realizar as obras do Plano da cidade do Porto.
Este ”Prólogo” tinha anexas duas plantas: “TRAÇA DAS RUAS PRIMÁRIAS DA CIDADE DO
PORTO” à escala 1: 25 000, com a cidade cartografada nos seus limites administrativos e
englobando o porto de Leixões cartografado no seu projeto global. (Figura 6).
Fonte: C.M.P.
Fonte: C.M.P.
Ezequiel de Campos, expõe o que seria pioneiro no planeamento do Porto, uma metodologia
para a execução de um Plano, que compreenderia três partes: a elaboração da planta atualizada
da cidade; o plano geral da cidade; e o plano final.
Na primeira fase “elaboração da planta atualizada” “ era efetuado o estudo do ambiente natural,
económico e social da cidade, do seu valor urbano em si e no seu relacionamento regional; a
avaliação do seu destino futuro, da sua grandeza de expansão e do rumo que deveria levar
dentro de si e em relação com as zonas periféricas, tudo enquadrado na política geral e própria
do país e da região.”1
Na segunda fase “o plano geral” visava o estudo cuidado da traça da cidade e do seu arranjo —
ruas, caminhos-de-ferro, estações ferroviárias, veículos, estradas, campos de aviação, jardins,
parques e centros urbanos, e ao mesmo tempo o estudo dos recursos financeiros para a
realização das obras, segundo o plano de prioridade e de sequência das mesmas.
Finalmente, na terceira fase, organizava-se o plano final, traçado na planta definitiva da cidade,
e elaborando-se os pormenores de execução para cada fase de obras.
O Plano Regulador aprovado no ano de 1954, constitui o primeiro documento global que a cidade
do Porto possuiu sob a ótica do planeamento do território. A preocupação de ordenar e permitir
trajetos que resolvessem as ligações nascente-poente servindo o centro comercial da cidade,
1
CAMPOS, Ezequiel de - Prólogo ao Plano da Cidade do Porto, Empresa Industrial Gráfica do Porto, Ldª
1932,pág. 8
Nas zonas verdes e rurais eram demarcados espaços agrícolas e manchas de arvoredo para os
futuros parques, vinculando os logradouros dos edifícios públicos e assistenciais que ainda os
possuíam, bem como certas propriedades que pela sua situação e beleza mereciam ser
integradas no património estético da cidade.(Figura 8)
Figura 8 – Planta de Zonamento Plano Regulador da Cidade do Porto, Antão de Almeida Garrett,
1952
Fonte: C.M.P.
Plano de Melhoramentos para a Cidade do Porto, 1956-1966 - José Albino Machado Vaz
O “Plano de melhoramentos para a Cidade do Porto” de 1956, estabelecia como objetivo principal
a extinção das ilhas, criando bairros com melhores condições de salubridade (Figura. 9).
O propósito era a eliminação de todas as ilhas e zonas insalubres no Porto. Apesar das boas
intenções, o plano não foi concretizado na sua totalidade e hoje ainda subsistem na cidade ilhas
e outros edifícios degradados. Os objetivos do Plano no campo do urbanismo eram: a criação de
zonas de expansão que permitissem a realização das construções previstas para facilitarem o
desenvolvimento normal da cidade e atendessem à necessidade de descongestionamento das
suas zonas centrais.
Figura 9 – Plano de Melhoramentos para a Cidade do Porto, José Albino Machado Vaz- 1956-1966
Fonte: C.M.P.
2
http://doportoenaoso.blogspot.com/2011/02/os-bairros-sociais-no-porto-iv-parte-2.html
Este Plano foi o instrumento urbanístico que mais marcou a cidade no século XX. Reflete um
momento do Porto na transição entre o crescimento verificado até ao início da década de 60 e a
crise económica e política, com o início da guerra colonial e o surto de emigração, que conduziria
à Revolução do 25 de Abril.
O primeiro Plano Diretor da cidade do Porto elaborado por Auzelle sistematiza e organiza o
trabalho iniciado por Almeida Garrett tendo como perspetivas a modernização da cidade e a
construção baseadas num regime apoiado por um esquema de vias rodoviárias funcionais.
Este Plano Diretor definiria as funções essenciais da cidade e a sua provável evolução.
Problemas económicos na concretização das infraestruturas rodoviárias e a pressão de certos
investidores conduziram à não concretização total deste Plano, caso contrário parte do centro
histórico teria desaparecido.
No âmbito da qualificação do solo foi elaborada uma Planta de Síntese à Escala 1:5000 (Figura.
10)
Nela ficariam definidas uma Zona Central, zonas de atividade Terciária, Zonas de Interesse
Arquitetónico, Zonas Residenciais, Zonas Industriais, Zonas Mistas, Zonas Verdes, Zonas
Desportivas, Zona Universitária, Zona Ferroviária e Portuária, Zonas Rurais e Zonas Non
Aedificandi, e ainda, perfeitamente identificadas pelas letras do alfabeto, as áreas de indústria,
comércio, administração, religião, ensino, cultura, espetáculos, desporto, saúde, segurança e
comunicações.
Figura 10 – Planta de Síntese do Plano Diretor da Cidade do Porto, Robert Auzelle, 1962
Fonte: C.M.P.
A criação de um novo Centro Direcional na cidade do Porto constituiria o núcleo de toda a Área
Metropolitana do Porto constituído por edifícios necessários ao desenvolvimento das atividades
do setor terciário público ou privado. A justificação e finalidade deste Centro, que se apresentava
como Unidade de Ordenamento de estatuto específico, com áreas destinadas a conter edifícios
necessários ao desenvolvimento das atividades terciárias públicas e privadas. Este Centro,
Dado que a mobilidade na cidade era preocupação constante, foi de igual modo proposto um
“sistema rádio-concêntrico definido a partir do centro tradicional da cidade” com a conclusão da
construção da Via de Cintura Interna e do Nó Ferroviário do Porto. Ao mesmo tempo, o
crescimento da cidade seria fortemente controlado com a limitação das volumetrias e das novas
construções.
Relativamente à ocupação do solo, dentro do seu projeto de alcance social e humano, o Plano
pretendia contribuir na área específica da sua intervenção, para qualificar a vida urbana no Porto.
A ação versava duas frentes: travar a valorização especulativa e irreal do solo urbano e orientar
os investimentos públicos e privados para novas realidades suscetíveis de virem a produzir
benefícios quer do lado da oferta quer do lado da procura.
As medidas principais que o P.G.U., representadas na (Figura 11), desenvolveu para dar
conteúdo à transformação que o executivo tinha perfilhado, foram a introdução do Coeficiente de
Ocupação do Solo (C.O.S.) e a criação das Unidades de Ordenamento Habitacional enunciadas
nas “Opções do Plano“
Fonte: C.M.P.
Foram tratados aspetos sobre: definição das zonas de vocação terciária e das áreas centrais;
identificação e delimitação de áreas de intervenção prioritária; regulamentação específica do uso
e transformação de todo o território municipal para permitir uma gestão das unidades operativas
de planeamento; integração no âmbito do Plano dos estudos e propostas setoriais em curso;
definição de prioridades para a elaboração de planos de pormenor e estabelecimento de prazos
para a realização de estudos para áreas especiais (beira rio; orla marítima; zona do
Freixo/Campanhã)
Em 1993, foi publicado o Plano Diretor Municipal “ Porto Projeto Cidade Nova “, publicado no
Diário da República – II Série – nº 27 de 2 de Fevereiro de 1993.Foi alterado por Resolução do
Conselho de Ministros nº 73/97, de 8 de Maio, deliberado pela Assembleia Municipal de 20 de
Julho de 1998 e publicada no Diário da República, 2ºsérie, nº301, de 31 de Dezembro de 1998.
A ação municipal sublinhará eixos de intervenção fazendo particular referência à VCI, à divisão
da cidade em 19 unidades de ordenamento e ao Regulamento do Plano, que definiria os
parâmetros volumétricos para a construção, Coeficiente de Ocupação do Solo (COS) de modo a
permitir uma expansão controlada do solo (Figura 12).
Fonte: C.M.P.
Este Plano previa uma articulação da cidade com os municípios vizinhos ao nível das
infraestruturas viárias e de saneamento básico tendo como propósito as propostas para a Área
Metropolitana do Porto e a criação e localização de equipamentos ao nível regional.
Quanto ao Zonamento, o Artº 15º do Regulamento indica 8 zonas para a área do Plano, deixando
para os Planos de Pormenor e unidades de ordenamento as respostas às situações pontuais.
Era visível o desequilíbrio desta zona comparada com o resto da cidade. Correspondia
basicamente às freguesias de Bonfim e Campanhã e a uma parte da Sé.
Fonte: C.M.P.
Relativamente ao Sistema Viário foi dada a atenção às Auto Estradas: A1, A3 e A4; às Vias
Rápidas Urbanas (nível 1); às Vias em Anel (nível 2) e às Vias fundamentais de ligação (nível 3).
Figura 14 – Plano Diretor da Cidade do Porto Disposições, Fundamentais sobre Edificação Urbana,
Coord. Duarte Castel-Branco, 1993
Fonte: C.M.P.
Uma outra planta foi elaborada com referência aos quarteirões (Figura 15).
Figura 15 – Plano Diretor da Cidade do Porto, Referenciação dos Quarteirões, Coord. Duarte
Castel-Branco, 1993
Fonte: C.M.P.
Plano Diretor Municipal, 2006 - Coord. Manuel Fernandes de Sá; José Lameiras
Foi aprovado em 2 de junho 2005, ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros nº 19/2006
de 26 de Janeiro de 2006 e publicado no Diário da República – I Série B nº 25 de 3 de Fevereiro
de 2006;
O Plano Municipal Diretor do Porto, à data, elaborado ao abrigo do Regime Jurídico dos
Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT) em vigor estabelece as regras e orientações a que
devem obedecer a ocupação, o uso e a transformação do solo para o território do concelho do
Porto. Visa os seguintes objetivos:
1 - Regulamento
3 – Planta de Condicionantes
Fonte: C.M.P.
Execução do Plano Intermunicipal; A4- Bairros Sociais - Programa de Reconversão; A5- ACCRU
(Programa de Revitalização) e as Ações Executórias: Avenida Nun'Álvares; Ligação da R.
Bartolomeu Velho com Campo Alegre; Ligação entre a R. das Condominhas e a R. das Arrábida
- Via Panorâmica; VCI – Cobertura na zona do nó de Ciríaco Cardoso; Reformulação da Av.
A.E.P; Alameda da Prelada Sul e Norte; Novo nó do Regado e estrutura viária adjacente entre
outras.
4. Unidades Morfotipológicas
O presente capítulo refere-se á análise morfológica dos tecidos urbanos que compõem a cidade,
segundo os diversos elementos que os caraterizam, designadamente, as ruas, os quarteirões,
as parcelas e os edifícios, e o modo como os mesmos se combinam para formarem determinados
padrões-tipo.
1. Uma malha viária irregular, adaptada á topografia do terreno, com lotes estreitos e de
geometria variada, densamente ocupados por edifícios que apresentam diferentes
alinhamentos e alturas, e uma ocupação intensa dos respetivos logradouros (Figuras 17, 18
e 19).
2. Os edifícios de maior importância e significado, situados nos pontos de confluência das vias
mais importantes, encontram-se rodeados por logradouros públicos, geralmente de forma
irregular e com pendentes acentuadas.
3. Nos locais de maior declive, os edifícios são acessíveis através de escadas ou ladeiras.
1. Uma malha larga de vias que irradiam do centro e intersetam as vias de ligação entre os
núcleos periféricos, constituindo quarteirões regulares, em geral, com lotes estreitos e
compridos, total ou parcialmente ocupados por edificações à face das ruas, de tipologia
uniforme e desenho de fachadas contínuo.
2. No interior dos quarteirões verificam-se logradouros ajardinados ou hortas para consumo
próprio, que no seu conjunto por vezes apresentam dimensões relevantes e, em geral, são
ocupados por anexos ou habitações de tipo “ilhas”.
3. A enquadrar edifícios públicos ou no intervalo entre os quarteirões, encontram-se por vezes
estrategicamente localizados largos ou jardins de utilização pública.
Esta unidade é subdividida em três tipos, de acordo com especificidades de ocupação do interior
do quarteirão:
Figura 25 – Unidade B – Tipo III (Ruas dos Montes Burgos, Senhora do Porto e Estrada da
Circunvalação)
1. Introdução de novas tipologias de habitação, comércio e serviços, nas zonas mais centrais
da cidade e ao longo dos eixos urbanos de expansão mais antigos, com ou sem alteração do
cadastro pré-existentes, assim como, nas áreas novas de expansão em zonas periféricas da
cidade e nos eixos urbanos mais recentes, onde o cadastro permite lotes de maiores
dimensões.
2. Quarteirões fechados ou semifechados, consoante os edifícios novos encostam às empenas
dos edifícios vizinhos, ou interrompem a continuidade das respetivas frentes urbanas,
mantendo o mesmo alinhamento face aos arruamentos confinantes e as cérceas não
ultrapassando a largura do espaço público confinante.
3. Separação entre o espaço privado e o espaço público, com os lotes bem individualizados e o
logradouro próprio ou comum das edificações com acesso condicionado.
Esta unidade é subdividida em dois tipos, de acordo com o tipo de quarteirão e a ocupação do
respetivo interior:
Figura 27 – Unidade C – Tipo I (Ruas de Ferreira Cardoso, de António Granjo, do Conde Ferreira,
Av. de Rodrigues de Freitas e Largo de Soares dos Reis)
Figura 28 – Unidade C – Tipo II (Praça do Exército Libertador, e Ruas da Natária, de António Enes e
de Freire de Andrade)
Figura 34 – Unidade D – Tipo II (Ruas de Mota Pinto, Arqº Cassiano Branco e de S. João de Brito)
1. Ocupação relativamente densa com construção, sobre uma estrutura fundiária antiga e de
desenho irregular, ou em loteamentos geométricos, de traçado regular e hierarquia das vias
de circulação, com especiais necessidades de afetação e organização do espaço urbano
destinado á instalação de atividades económicas do setor secundário e /ou terciário, de que
se destacam: as unidades industriais, armazéns, estabelecimentos comerciais de grande
dimensão, centros de serviços, unidades hoteleiras, postos de abastecimento e oficinas de
automóveis.
2. Ressaltam dois conjuntos de áreas empresariais:
a. Na parte oriental da cidade, a existência de várias unidades dispersas de comércio,
industria e armazéns, a maior parte de menores dimensões, mas existem outras de maior
desenvolvimento, sobretudo na proximidade do caminho-de-ferro (linhas do norte e
estações ferroviárias de Campanhã e de Contumil);
b. Na zona da Avenida da Associação Empresarial de Portugal (antiga Via Rápida), a
moderna Área Empresarial do Porto que, pelas suas dimensões e planificação prévia dos
loteamentos, pressupunha já a instalação de unidades industriais e de armazenagem, que
foram progressivamente convertidas para comércio e serviços, com uma componente
muito importante ligada ao comércio e oficinas de reparação automóvel.
Áreas cujo funcionamento biofísico é independente da ação humana que em virtude da sua
génese natural e das suas características biofísicas assumem uma função principal de proteção
e de valorização dos valores e sistemas fundamentais indispensáveis à utilização sustentável do
território. Na cidade do Porto, apesar de existirem várias tipologias de áreas com valor ambiental
a ter em atenção no futuro modelo territorial, nesta fase apenas vamos considerar e identificar
as praias e as escarpas.
Áreas verdes de uso diverso, com função de equilíbrio ambiental e de valorização paisagística,
caraterizadas por:
1. Espaços exteriores, não edificados, dominados por vegetação com valor ecológico e/ou
paisagístico, cuja sua génese humana, ao introduzir uma elevada heterogeneidade para um
conjunto muito diverso de variáveis a eles associados, tais como a acessibilidade, a relação
com o edificado, a função predominante, a presença ou ausência de traçado planimétrico e a
permeabilidade, determina a sua complexidade tipológica.
2. Os espaços verdes de acesso público combinam, em contexto urbano, valores ecológicos
com os benefícios sociais, para a saúde, bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos
urbanos.
1. Espaço entre edifícios de utilização pública, com configurações muito distintas, consoante as
suas dimensões, escala e outros elementos caraterizadores (monumentos, arborização,
mobiliário urbano, etc.), que lhe imprimem a sua identidade e adequação ao uso social da
vida urbana, dando apoio físico às atividades coletivas e nas funções simbólicas pelo
intercâmbio e diálogo entre os membros da comunidade.
2. Sob regulação e gestão da administração pública, sendo em termos de direito o oposto do
espaço privado.
3. Em geral com mobiliário urbano que permite a estadia ou permanência no local e o acesso
ou ligação entre locais, podendo existir infraestruturas enterradas (I) (Figuras 54 e 55).
4. De entre os espaços públicos de vivência coletiva, destacam-se aqueles que, pela sua
centralidade, configuração e uso, têm um papel relevante na vida coletiva da cidade ou do
bairro, nomeadamente:
Praças e largos, lugares vazios de forte centralidade, para onde convergem
diversos arruamentos, rodeados por edifícios que lhes conferem um maior (Praça)
ou menor (Largo) caráter de encerramento e/ou regularidade.
Pracetas, espaços híbridos de menor dimensão, acessibilidade e permeabilidade
em relação à sua envolvente (ex. situações sem saída, também na variante
impasse).
Terreiros e recintos monumentais, espaços públicos singulares, tanto do ponto de
vista da sua envolvência monumental como paisagística, podendo acolher
periodicamente atividades públicas, como festas, comemorações e mercados ao
ar livre.
Ruas pedonais, espaços lineares destinados fundamentalmente à circulação e
permanência de pessoas, atendendo ao seu forte caráter comercial e de serviços.
Figura 54 – Unidade J (Avenida dos Aliados e Praças de Carlos Alberto e de Gomes Teixeira)
i. Os que são exteriores à malha urbana consolidada (Figuras 56, 57, 58, e 59),
constituídos por:
a. Espaços vagos, sem limites bem definidos na sua grande maioria, misturados com
as pré-existências rurais e a ocupação dispersa das periferias.
Esta carta permitiu uma leitura cruzada das formas de que se revestiu o crescimento urbano da
cidade do Porto ao longo da sua história, desde o seu centro histórico até às periferias.
A unidade A surge com maior incidência na União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso,
Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória, onde se localiza o primitivo casco medieval e junto às suas
antigas portas exteriores, assim como na União das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde, junto á embocadura do rio Douro, dado aí se terem localizado as principais atividades
ligadas ao comércio marítimo e com o hinterland (Figura 62 e Gráfico 1).
Verifica-se que coincide com as áreas de expansão inicial da cidade, a partir dos assentamentos
populacionais remotos, no cruzamento de vias terrestres ou fluviais (Ribeira e Foz do Douro) e
em sítios defensivos (morro da Sé).
Estas áreas caraterizam-se genericamente por terem uma malha viária irregular, de ruas
principais (chamadas “ruas direitas” ou que ligam diretamente aos locais mais importantes) e de
ruas secundárias mais estreitas (que se ramificam em travessas e becos), adaptadas às
características topográficas dos locais, com lotes estreitos e de geometria variada, densamente
ocupados por edifícios que apresentam diferentes alinhamentos e alturas, e uma ocupação
intensa dos respetivos logradouros.
Nos pontos de confluência das vias mais importantes encontram-se os edifícios de maior
importância e significado, rodeados por logradouros públicos, geralmente de forma irregular e
com pendentes.
A partir de finais do séc. XIV, verifica-se uma maior intervenção reguladora da Coroa na
expansão do tecido urbano existente, dentro do casco antigo medieval, de que se destacam: a
Judiaria do Olival (em 1386), a rua Nova ou Formosa (iniciada em 1394), que ia desde a Rua
dos Mercadores até ao Convento de S. Francisco e, mais tarde, a Rua das Flores (após 1521),
que se dirige para Norte, desde S. Domingos a S. Bento da Ave-Maria, na proximidade da Porta
de Carros e da estrada de Guimarães. Estas intervenções adotam novos princípios de
ordenamento, onde se evidencia uma nova conceção do espaço urbano, traduzida numa malha
regular de ruas, compridas, retas e largas.
Figura 62 – Unidade A
Freguesia de Campanhã 0
Freguesia de Paranhos 0
Freguesia de Ramalde 0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000 450000 500000
Área (m2)
A unidade B surge com maior incidência na área de expansão do centro histórico, que medeia
entre o casco medieval, o eixo de ligação este-oeste da rua da Constituição (União das
freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória) e o extremo
nascente da freguesia do Bonfim, bem como na Zona da Foz Nova (União das freguesias de
Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde). É de referir, ainda, a existência desta unidade ao longo das
vias principais de ligação do centro urbano com o hinterland (Ruas de S. Roque da Lameira, de
Costa Cabral, do Carvalhido-Monte dos Burgos, de Serralves-Vilarinha). (Figura 63 e Gráfico 2).
Verifica-se que coincide com as áreas de expansão dos núcleos urbanos mais antigos, formando
como que uma primeira coroa edificada e urbanizada em seu redor, em simultâneo com a
deslocação do centro de negócios tradicional para uma cota mais alta e apresentando outras
formas de ocupação ao longo dos principais eixos que saem da área mais antiga da cidade
(Figura 64).
Para fazer face a estes novos desafios, a Câmara adotou a nova figura de planeamento instituída
em 1864 - Planos Gerais de Melhoramentos. Tinha como objetivos melhorar as condições de
tráfego, de criar condições favoráveis à ação da livre iniciativa no desenvolvimento imobiliário e
dar resposta ao referido crescimento populacional.
A par das obras públicas de iniciativa municipal (abertura de novas, melhoramento de outras,
construção de mercados e instalação de infraestruturas básicas), foram levadas a cabo outras
urbanizações de iniciativa privada, nomeadamente, a da Quinta do Reimão (1883) na zona
oriental, cuja conceção, rompe com o modelo anteriormente utilizado pela extinta Junta de Obras
Públicas. Influenciada pelo Plano de Haussmann de Paris, na forma como utiliza no desenho
urbano a linguagem clássica do” tridente”, esta urbanização cumpre um papel funcional de ligar
pontos importantes do espaço urbano e amplia a oferta de solo urbanizável com a divisão em
lotes dos quarteirões para o aproveitamento da área construída. A separação entre as fases de
urbanização e de edificação, espaçadas no tempo, vai permitir uma grande diversidade da
arquitetura ao gosto eclético da época e de espaços ajardinados nos logradouros que, no seu
conjunto, por vezes apresentam áreas com dimensões relevantes, apesar de, no geral, terem
vindo a ser ocupados com anexos.
Este somatório de intervenções pontuais com abertura de novas ruas ao longo da segunda
metade do séc. XIX, é bem retratado na “Carta Topográfica da Cidade do Porto” (1892) da autoria
de Telles Ferreira, apesar dos esforços da Câmara para travar a sua progressão sem qualquer
plano estruturado (sendo de referir como exemplos as avenidas do Marechal Gomes da Costa,
dos Combatentes da Grande Guerra e a atual Antunes de Guimarães).
Figura 63 – Unidade B
Área (m2)
Figura 64 – Unidades A + B
A unidade C surge com maior incidência na coroa envolvente da nova área central (ou Baixa),
bem como no prolongamento da Foz Nova para norte (União das freguesias de Aldoar, Foz do
Douro e Nevogilde). É de referir, ainda, a existência desta unidade em algumas zonas periféricas
no exterior da VCI (Freguesias de Ramalde e de Paranhos) (Figura 65 e Gráfico 3).
Verifica-se que coincide com a área de expansão e/ou transformação da Baixa, no respeitante
ao tipo de tecido urbano e à sua organização territorial (ruas), e ocorre numa fase posterior no
tempo em territórios imediatamente vizinhos da área central, formando como que uma segunda
coroa edificada e urbanizada em redor daquela área. Apresenta também outras formas de
ocupação em algumas zonas periféricas no exterior da VCI (Figura 66).
Durante a primeira metade do séc. XX, foram elaborados diversos estudos e planos que
introduziram alterações na imagem urbana das áreas histórica e central da cidade,
nomeadamente, os traçados monumentais propostos no Plano de Renovação do Centro da
Cidade de 1915 (Barry Parker) para a Avenida dos Aliados, ligando a Praça de D. Pedro V á
futura Câmara Municipal, e nos estudos do Plano Geral de Urbanização de 1938-1942 (Piacentini
e Muzio) para a renovação da zona da Sé, demolindo as construções e criando um amplo Terreiro
envolventes da Catedral.
Figura 65 – Unidade C
Figura 66 – Unidades A + B + C
A Unidade D surge com maior incidência na União das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde, e na coroa periférica exterior à VCI (União das freguesias de Lordelo do Ouro e
Massarelos, freguesias de Ramalde, de Paranhos e de Campanhã) (Figura 67 e Gráfico 4).
Verifica-se que coincide com as áreas de expansão da segunda coroa envolvente à área central
(Baixa), e em algumas zonas periféricas no exterior da VCI, embora constitua uma morfologia
Na segunda metade do séc. XX, assiste-se à introdução de um novo modelo de cidade moderna
e funcional, protagonizado pelas orientações do Plano Diretor da Cidade, iniciado em 1957
(Robert Auzelle), que procedeu à “revisão” do Plano Regulador de 1954 (Almeida Garrett), visto
este encontrar-se desatualizado face às propostas do Plano de Melhoramentos do Porto, de
1956-1966, para a construção de diversos conjuntos habitacionais na coroa periférica da cidade,
destinados ao realojamento das famílias provenientes das construções a demolir, sobretudo das
“Ilhas” operárias.
O novo Plano Diretor vai ter uma influência determinante na transformação da cidade durante as
três primeiras décadas da 2ª metade do séc. XX, nomeadamente: na estruturação viária, com o
sistema de Vias Radiais de Penetração Exterior à VCI e de Eixos Principais (Norte-Sul e Este-
Oeste) interiores à VCI, que permitem a circulação contínua, sem impasses ou pontos de conflito,
de modo a melhorar a circulação e o estacionamento; no zonamento funcional extensivo a toda
a cidade, com a implementação da Zona de Atividade Terciária que abrange o centro tradicional
até á Rua de Gonçalo Cristóvão, das Zonas Residenciais da Pasteleira e a Sul das Antas, que
preveem a implantação das diferentes tipologias edificadas (entre bandas e torres isoladas),
orientadas pela incidência solar e libertas do alinhamento das vias; na especial atenção dada
aos vazios urbanos, sobretudo, nos espaços verdes (Parque da Cidade) e nos cemitérios (Aldoar
e Campanhã).
- Os bairros de casas económicas de iniciativa estatal (1ª metade do séc. XX), ou de moradias
de baixa densidade de iniciativa privada (sobretudo a partir da 2ª metade do séc. XX),
apresentam-se geralmente recuadas e alinhadas em relação aos arruamentos confrontantes,
sendo que o seu afastamento aos limites laterais e de tardoz dos lotes dependem da altura e das
aberturas nas respetivas fachadas.
Figura 67 – Unidade D
Área (m2)
Figura 68 – Unidades A + B + C + D
A Unidade E surge com maior incidência na linha da cumeada entre os vales do rio Tinto e do
rio Torto, na Freguesia de Campanhã, e em outras áreas periféricas exteriores á VCI (Freguesias
de Ramalde e Paranhos) (Figura 69 e Gráfico 5).
Verifica-se que coincide com as áreas de expansão da cidade tradicional que se foram alastrando
em “mancha de óleo” ao longo do espaço rural, ou que foram sendo envolvidas pela expansão
da cidade tradicional e que hoje constituem vestígios de um mundo rural abandonado (Figura
70).
Figura 69 – Unidade E
Freguesia de Bonfim 0
UF de Cedofeita, Santo Ildefonso,
Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória 12 391
Área (m2)
Figura 70 – Unidades A + B + C + D + E
A unidade F surge com maior incidência nas freguesias de Ramalde (Área Empresarial do Porto)
e de Campanhã (na proximidade do caminho-de-ferro) (Figura 71 e Gráfico 6).
Verifica-se que coincide com as áreas de expansão da atividade económica na segunda metade
do século XX, aproveitando as boas comunicações, inicialmente perto do caminho-de-ferro em
Campanhã e posteriormente junto às rodovias em Ramalde (Figura 72).
Se numa primeira fase, estas áreas não requeriam especiais necessidades de afetação e
organização do espaço urbano, implantando-se sobre a estrutura fundiária antiga, aquando da
elaboração dos planos foram tratadas como áreas vocacionadas para a instalação de unidades
industriais e de armazenagem, o que pode justificar o desenho geométrico dos lotes, o traçado
regular e hierarquia das vias de circulação.
A cidade do Porto apenas apresenta uma área territorial com um tamanho significativo,
concentrando um elevado número de lotes específicos para esta atividade (Área Empresarial do
Porto). Existem também, espalhadas por todo o território do Porto, um significativo número de
pequenas áreas com esta função.
Figura 71 – Unidade F
Área
Figura 72 – Unidades A + B + C + D + E + F
A unidade G surge com maior incidência na União das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde (área de praia) e nas Uniões das freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, e das
freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória, bem como, na
freguesia do Bonfim (áreas das escarpas) (Figura 73 e Gráfico 7).
Verifica-se que coincide com as áreas de génese natural, que devido à intervenção humana se
apresentam de forma residual no contexto atual de toda a área no território do Porto, e se
localizam ao longo da costa oceânica, escarpas nos territórios ao longo se alguns trechos do Rio
Douro e nas margens das restantes linhas de água descobertas (Figura 74).
Ao nível dos planos e em virtude das suas caraterísticas biofísicas, assumem uma função
principal de proteção e de valorização dos valores e sistemas fundamentais indispensáveis à
utilização sustentável do território.
Figura 73 – Unidade G
Freguesia de Campanhã 0
Freguesia de Ramalde 0
Área (m2)
Figura 74 – Unidades A + B + C + D + E + F + G
A Unidade H surge com maior incidência na freguesia de Campanhã, seguida pelas Uniões das
freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, e das freguesias de Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde, somando um total de 14,1% do território cidade do Porto, considerando todas as
tipologias de áreas verdes encontradas (Figura 75 e Gráfico 8).
Verifica-se que coincide com a expansão das áreas residenciais para ocidente, com
aproveitamento de antigas quintas e baldios para espaços verdes de utilização pública (Jardim
Botânico no Campo Alegre, Parque de Serralves, Passeio Alegre e Parque da Cidade em
Aldoar), assim como, nas margens do rio Tinto em Campanhã (Parque Oriental) e os jardins
históricos integrados no tecido urbano mais antigo (S. Lázaro, Cordoaria, Palácio de Crista, Arca
de Água) (Figura 76).
Pela definição dos vários planos ao longo dos tempos, as áreas verdes na sua maioria de génese
humana, apresentam formas e dimensões diferentes, pensados de forma a serem integrados na
composição do desenho urbano que a cidade apresenta, e outras com um forte impacte no
território devido à sua dimensão e atratividade metropolitana, como no caso dos Parques da
Cidade e Oriental, sendo um fator fundamental na valorização dos benefícios sociais, da saúde,
bem-estar das populações.
Figura 75 – Unidade H
Área (m2)
Figura 76 – Unidades A + B + C + D + E + F + G + H
A Unidade I surge com maior incidência na freguesia de Paranhos, com uma área muito superior
a todas as outras freguesias e união de freguesias, devido fundamentalmente à localização do
Hospital de S. João (equipamento regional) e do Pólo II da Universidade do Porto (Pólo da
Asprela), somando um total de 15,2% do território do Porto afeto a áreas de equipamento e de
infraestruturas territoriais, distribuídas por toda a cidade (Figura 77 e Gráfico 9).
Verifica-se que coincide com as áreas de expansão ao longo das principais comunicações
rodoviárias de ligação com os concelhos limítrofes (A1, Via Norte, Circunvalação e VCI) e linhas
de caminho-de-ferro (Figura 78).
Ao nível dos planos, estas áreas foram sendo dotadas, ao longo do tempo, com equipamentos e
infraestruturas, de forma a dar resposta adequada às necessidades das populações e tendo
sempre em atenção os estudos realizados para o efeito. Apresentam áreas distintas umas das
outras, muito devido à tipologia do equipamento e muitas das vezes de acordo com a sua área
de influência, que pode ir desde a influência local à regional.
Figura 77 – Unidade I
Área (m2)
Figura 78 – Unidades A + B + C + D + E + F + G + H + I
Verifica-se que coincide com as áreas de expansão inicial da cidade, onde se encontram por
vezes estrategicamente localizadas praças ou jardins para o uso público das populações, a
enquadrar os edifícios públicos ou no intervalo entre os quarteirões, sendo apenas identificadas
as mais emblemáticas ou que envolvem edifícios de valor arquitetónico da cidade (Figura 80).
Ao nível dos planos, foi tratada como espaços de estadia ou de circulação pedonal, de que se
destacam aqueles que, pela sua centralidade, configuração e uso, têm um papel relevante na
vida coletiva da cidade ou do bairro.
Figura 79 – Unidade J
Figura 80 – Unidades A + B + C + D + E + F + G + H + I + J
A Unidade K surge com maior incidência na freguesia de Campanhã, e menor expressão na área
central, território mais consolidado e funcionalmente diversificado (Figura 81 e Gráfico 11).
A nível dos Planos foi tratada como área que necessita de intervenção, muitas vezes com
necessidade de definição da respetiva organização territorial ao nível da estruturação do sistema
viário e das formas de ocupação, ou renovação das suas estruturas edificadas que foram
abandonadas e necessitam de ser atualizadas para novos tipos de ocupação e utilização.
Figura 81 – Unidade K
Área (m2)
A Carta da Ocupação do Solo Atual (Figura 82) elaborada segundo os critérios morfo tipológicos
e usos, anteriormente explanados (capítulo quatro) permite decompor o território da cidade em
diferentes unidades representativas das diversas formas urbanas com as caraterísticas de cada
fase de crescimento urbano ao longo da história da formação da cidade nas diferentes épocas e
o seu peso relativo na cidade (Gráficos 12 e 13), podendo ser agrupadas em quatro grandes
tipos:
4. Áreas não integráveis nas área urbanas anteriormente estabelecidas, sendo espaços
desocupados ou abandonados, designadamente a unidade K.
Figura 82 – Unidades A + B + C + D + E + F + G + H + I + J + K
Área (m2)
10 000 000
8 769 742 8 853 570
9 000 000
8 000 000
7 000 000
5 709 788
6 000 000
4 641 093 4 584 118
5 000 000 4 135 210
4 000 000
3 000 000
1 958 275
2 000 000
638 582 557 613
1 000 000 346 548 287 010
0
Unidade A Unidade B Unidade C Unidade D Unidade E Unidade F Unidade G Unidade H Unidade I Unidade J Unidade K
Unidades Morfotipológicas
Unidade I; 21,9%
Unidade J; 0,7%
Unidade K; 10,2%
Unidade H; 14,1%
Unidade A; 1,6%
Unidade G; 0,9%
Unidade E; 1,4%
Unidade C; 11,3%
Unidade D; 21,7%
6. Parcelas Municipais
O Município do Porto tem no seu território um conjunto de prédios urbanos que constituem o seu
património imobiliário, e que no contexto da cidade perfazem uma parte significativa da sua área
territorial. As áreas em questão estão identificadas como Cadastro Municipal, sendo geridas
pelos serviços da gestão do património municipal, e são importantes para possibilitar a
implementação de políticas territoriais de transformação do solo.
Como suporte da análise ao cadastro municipal, foi utilizada a informação disponível à data de
fevereiro de 2018 na plataforma do Geoporto, da responsabilidade dos serviços da gestão do
património, organizada em formato SIG, com a seguinte organização:
Dos dados disponíveis, não foram considerados o Cadastro Municipal – Inicial e o Cadastro
Municipal – Saídas, visto os mesmos referirem-se às parcelas que foram adquiridas e às parcelas
que foram alienadas pela Câmara respetivamente.
O conjunto das áreas consideradas, que estão sob o domínio público e domínio privado,
perfazem cerca de 11,1% da área total do território municipal, sendo 8,6% do domínio privado e
2,5% do domínio público, como exemplificado na Figura 83.
Tendo em vista o aproveitamento das parcelas municipais disponíveis, numa lógica de uso e
transformação do solo como forma de concretização de políticas de ordenamento do território,
apenas foram consideradas as parcelas do domínio privado municipal que reúnam as seguintes
condições:
O conjunto das parcelas municipais disponíveis que cumprem as anteriores condições cobrem
cerca de 0,86% (34,9 ha) do território municipal (Figura 84).
6%
2%
UF Aldoar, Foz do Douro e
Nevogilde
28%
Ramalde
UF Lordelo do Ouro e
Massarelos
Paranhos
Campanhã
43%
Bonfim
12%
Fonte: CMP/DMPOT
Unidade K 78,3%
Unidade J 0,0%
Unidade I 2,0%
Unidade H 14,1%
Unidade G 0,7%
Unidade F 0,0%
Unidade E 0,0%
Unidade C 1,5%
Unidade B 1,4%
Unidade A 0,0%
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0%
Fonte: CMP/DMPOT
Considerando que a Unidade K corresponde aos vazios urbanos, e que numa logica de
transformação do território serão as áreas com maior possibilidade de sofrer transformações,
aferiu-se que a sua percentagem no total da cidade se situa em 0,67%.
Com os dados expostos, podemos concluir que a dimensão do Cadastro de Domínio Privado
Municipal disponível, incide na sua larga maioria em áreas de vazios urbanos, em especial na
freguesia de Campanhã e na UF de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.
Esta fase da linha de investigação, que aborda o tema da caraterização dos tecidos urbanos
através da leitura do retrato atual da ocupação do solo, tem como missão ajudar ao conhecimento
de indicadores/parâmetros urbanísticos que contribuam para a definição de critérios subjacentes
à regulação da ocupação do solo, das formas e das capacidades edificatórias.
As áreas territoriais selecionadas têm como objetivo funcionarem como uma amostra
representativa das unidades morfológicas anteriormente identificadas, cobrindo um largo espetro
dos diversos tecidos urbanos com edificação que compõem a cidade. Pretende-se com isso,
recolher informação exaustiva de indicadores e índices, de modo a caraterizar as tipologias de
ocupação do solo atual.
Índice Liquido de Implantação: Quociente entre a área total da implantação dos edifícios
pela área total dos quarteirões;
Índice Bruto de Implantação: Quociente entre a área total da implantação dos edifícios
pela área total da unidade;
Índice Liquido de Construção: Quociente entre a área total de construção dos edifícios
pela área total dos quarteirões;
Índice Bruto de Construção: Quociente entre a área total de construção dos edifícios
pela área total da unidade;
Índice de Ocupação dos Logradouros: Quociente entre a área total de ocupação com
edificação acima de solo dos logradouros (implantações de edifícios anexos, incluindo
piscinas) pela área total dos logradouros do quarteirão;
Índice Bruto de Impermeabilização: Quociente entre a área total de impermeabilização
(implantações de edifícios e arruamentos) pela área total da unidade.
Apresentam-se de seguida os valores médios dos índices obtidos para cada uma das amostras
das unidades morfotipológicas:
De referir ainda, que o diagnóstico vai incidir principalmente nas Unidades Morfotipológicas que
contribuem genericamente para a edificação e urbanização da cidade para as funções de
habitação, comércio e serviços, nomeadamente as Unidades A, B, C, D e E.
Unidade A
Unidade K
1,6% Unidade B
10,2%
Unidade J 11,5%
0,7%
Unidade C
11,4%
Unidade I
22,1%
Unidade D - Tipo I
11,8%
Unidade H
Unidade D - Tipo II
13,9%
9,7%
Unidade GUnidade FUnidade E
0,9% 4,9% 1,4%
O Gráfico 17, apresenta os valores em hectares da área absoluta de cada unidade morfo
tipológica. As unidades J, G, E e A apresentam os valores com menores dimensão que
conjuntamente correspondem a apenas 183,9 há, o que corresponde a apenas 4,6 % do total da
área da cidade.
Área (ha)
1000,0
894,4
900,0
800,0
700,0
600,0 564,0
300,0
197,7
200,0
Pela observação do Gráfico 18, podemos tirar para cada Unidade Morfo Tipológica algumas
ilações, nomeadamente, a Unidade A, área histórica, tem uma localização muito própria,
situando-se nas áreas de génese mais antiga da cidade, geralmente na frente fluvial,
destacando-se a localização da sua maior área no centro da cidade, na UF de Cedofeita, Santo
Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória.
A Unidade D – Tipo I apresenta áreas com dimensões semelhantes nas freguesias de Ramalde,
Paranhos e Campanhã, bem como na UF de Lordelo do Ouro e Massarelos, que correspondem
às áreas exteriores à coroa da VCI. Destaca-se a UF de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde com
a área de maior dimensão, correspondendo a cerca de 25% da UF.
Relativamente à Unidade D – Tipo II, esta apresenta pouca expressão territorial na área central
da cidade, designadamente na UF de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e
Vitória e na freguesia do Bonfim. As freguesias de Ramalde e Paranhos bem como na UF de
Lordelo do Ouro e Massarelos, são as que apresentam mais área desta unidade.
A unidade E apenas na freguesia de Campanhã apresenta uma área com alguma dimensão.
Nas freguesias de Ramalde e Paranhos e nas UF de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde e Lordelo
do Ouro e Massarelos os valores são muito residuais.
A Unidade G é uma área com pouca expressão territorial, devido às suas características físicas,
tratando-se principalmente de áreas de praias e escarpas.
A Unidade H, áreas verdes constituídas por 4 tipos, tem uma representatividade relevante em
todas as freguesias e UF, destacando-se a freguesia de Campanhã (Vale do Tinto e Torto), a UF
de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (Parque da Cidade) e a UF de Lordelo do Ouro e
Massarelos (Parque de Serralves, Parque urbano da Pasteleira e Polo Universitário do Campo
Alegre).
A unidade K, espaços vazios, tem uma expressão territorial significativa em praticamente toda a
cidade com exceção na área central da cidade (cerca de 2% da UF e Cedofeita, Santo Ildefonso,
Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória), o que demonstra a necessidade de intervenções macro para
o ordenamento destes espaços, destacando-se as freguesias de Campanhã. Ramalde e a UF
de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde com valores entre os 61ha e os 135 ha.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
UF de Aldoar, Foz Freguesia de UF de Lordelo do Freguesia de UF de Cedofeita, Freguesia de Freguesia de
do Douro e Ramalde Ouro e Massarelos Paranhos Santo Ildefonso, Bonfim Campanhã
Nevogilde Sé, Miragaia, São
Nicolau e Vitória
O presente diagnóstico aborda também uma análise espacial onde se cruza a informação das
unidades morfotipológicas à freguesia com a emissão de títulos de licenciamento ocorridos entre
os anos de 2011 e 2017. O objetivo desta análise prendeu-se com a necessidade de identificar
quais as dinâmicas urbanísticas com maior impacto na transformação da cidade durante este
período de tempo.
Da informação fornecida pela gestão urbanística, aferiu-se para cada unidade morfo tipológica
alguns indicadores do licenciamento, nomeadamente o número de licenças, a área de solo
intervencionada, o número de licenças e a Área Bruta de Construção (ABC) para o tipo de uso e
o tipo de operação urbanística, calculando também o índice de construção resultante do
licenciamento.
Da análise do número de licenças por unidade morfo tipológica, verifica-se que a Unidade B
apresenta o maior número de licenças emitidas (877), seguida das unidades D – Tipo I e C, com
657 e 546 licenças respetivamente. A Unidade D – Tipo II e a Unidade E apresentam um valor
diminuto de licenças emitidas, com 79 e 29 respetivamente, como se pode verificar pelo Gráfico
19. Constata-se também que a distribuição espacial das licenças emitidas acentua-se na área
mais central da cidade (UF de Cedofeita, St Ildefonso, Sé, Miragaia, S. Nicolau e Vitória) e na
área da frente marítima (UF de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde), áreas urbanas que
apresentam uma composição principalmente pelas Unidades B, C e D Tipo I, como se verifica
pela Figura 86 e Gráfico 20.
1000
877
900
800
700 657
600 546
500
400
300
192
200
79
100 29
0
Nº Licenças
900
826
800
700
600
500
422
400
0
Aldoar, Foz do Lordelo do Cedofeita, Bonfim Campanhã Paranhos Ramalde
Douro e Ouro e Ildefonso, Sé,
Nevogilde massarelos Miragaia,…
Foi também elaborada a análise da área de solo afeta ao licenciamento por unidade morfo
tipológica, verificando-se que as unidades B, C, D – Tipo I e Tipo II, apresentam valores próximos
entre si, entre os 45 ha e os 52 ha. As unidades A e E apresentam valores pouco significativos,
entre os 7 ha e os 3 ha, de acordo com o Gráfico 21.
60,0
51,9
49,6
50,0 47,9
45,1
40,0
30,0
20,0
10,0 6,8
3,0
0,0
Da análise do tipo de operação urbanística por unidade morfo tipológica, constata-se que a
“Alteração/Ampliação” é a que predomina em todas as unidades, com destaque para as unidades
B, C e D – Tipo I que apresentam valores muito díspares em relação aos restantes tipos de
operações urbanísticas em análise (Gráfico 22).
900
817
800
700
571
600
500 452
400
300
178
200
100 45 47 62
35 17
6 5 1 2 4 4 4 1 4 2 4 25 16 0 0 10 25 3 0 0 1
0
Unidade A Unidade B Unidade C Unidade D I Unidade D II Unidade E
ABC (m2)
410 711
450 000
400 000
328 213
350 000
300 000
250 000
165 850
200 000
108 527
150 000
57 695
100 000
44 477
21 127
14 924
14 308
11 799
10 928
4 881
7 777
50 000
4 979
4 800
4 097
2 807
2 728
2 424
2 003
1 587
1 237
397
178
206
0
0
0
0
0
0
Unidade A Unidade B Unidade C Unidade D I Unidade D II Unidade E
De igual forma, procurou-se obter uma outra relação do licenciamento, ou seja, perceber qual o
número de licenças e ABC afetos aos diferentes usos licenciados por unidade morfo tipológica.
Verifica-se pelo Gráfico 24, que o número de licenças para “Habitação” é o que predomina em
todas as unidades, com destaque para as unidades B, C e D – Tipo I que apresentam valores
muito superiores em relação aos restantes tipos de uso em análise. O tipo de uso que apresenta
o segundo maior número de licenças é o que se destina a “Comércio e Serviços” em todas as
unidades.
700
594
600 550
500
400
311
300
200 147
126
104
100 61 49 50
25 39 25
15 20 6 16 16 6 19 2 15 2 1 15 4 2 0 4 0 0
0
Unidade A Unidade B Unidade C Unidade D I Unidade D II Unidade E
De acordo com o Gráfico 25, verifica-se que o ABC destinado a “Habitação” é o que apresenta
maior valor em todas as unidades, com destaque para as unidades B, C e D – Tipo I. O segundo
tipo de uso com maior ABC é o que se destina a “Comércio e Serviços” em todas as unidades
com exceção da unidade D – Tipo I.
300 000
201 650
250 000
186 748
200 000
150 000
92 348
82 986
100 000
43 439
41 501
28 986
23 150
21 583
21 583
21 491
21 396
18 386
18 013
10 746
50 000
8 539
5 695
4 229
3 501
2 039
2 039
1 551
344
0
0
0
Unidade A Unidade B Unidade C Unidade D I Unidade D II Unidade E
Pretende-se nesta fase apresentar uma comparação entre o índice de Construção (IC) médio da
Amostra, apurado das áreas territoriais selecionadas e o IC médio obtido nas operações
urbanísticas licenciadas no período de 2011 a 2017.
Comparando os valores dos IC médios obtidos da amostra com os das licenças, verifica-se que
as unidades C e D – Tipo I e Tipo II apresentam valores superiores na amostra (2,4, 0,8 e 2,0
respetivamente), em relação aos das licenças (1,9, 0,7 e 0,8 respetivamente), como se pode
verificar pelo Gráfico 26. No respeitante às unidades A, B e E verifica-se uma relação inversa,
ou seja, o IC médio das licenças é superior ao da amostra.
3,0
2,5 2,4
2,0
2,0 1,9 1,9
1,6
1,5
1,2 1,1
1,0 0,7 0,8 0,8 0,8
0,5 0,4
0,0
Unidade A Unidade B Unidade C Unidade D TI Unidade D TII Unidade E
IC Licenças IC Amostra
9. Síntese Conclusiva
Nos capítulos anteriores foi explanada uma caraterização do estado atual da ocupação do solo
com base numa matriz morfo tipológica e funcional dos tecidos urbanos,
apresentam áreas com mais de 78 ha. Apresenta uma baixa dinâmica urbanística, tendo
somente 79 licenças emitidas, com uma área de território intervencionada de 45 ha. No
respeitante ao IC, verifica-se uma grande disparidade entre o IC do licenciamento e o da
amostra, 0,8 e 2,0 respetivamente.
A Unidade E (Áreas de edificação dispersa) corresponde às áreas de ocupação dispersa
em espaço rural, que se desenvolveram sobretudo a partir de meados do século XX,
localizando-se preferencialmente nas freguesias periféricas da cidade, Campanhã,
Ramalde e Paranhos, apresentando uma ocupação de cerca de 1,4% da área da cidade.
Tendo a freguesia de Campanhã a maior área com esta unidade morfo tipológica (38
ha). Esta unidade apresenta a menor dinâmica urbanística na cidade, tendo somente 29
licenças emitidas, com uma área de território intervencionada de 3 ha. No respeitante ao
IC, verifica-se o valor do licenciamento é o dobro do valor da amostra, de 0,8 e 0,4
respetivamente.
A Unidade F (Atividades Económicas) corresponde a uma área urbana que apresenta
necessidades específicas para o seu desenvolvimento, nomeadamente a dimensão dos
seus lotes e às acessibilidades à rede de transportes, apresentando cerca de 4,9 % da
área da cidade, destacando-se a Área Empresarial do Porto na freguesia de Ramalde.
A Unidade G (Áreas de valor ambiental) corresponde a uma área de génese natural com
importância para o funcionamento biofísico do território, apresentando cerca de 0,9 % da
área da cidade, destacando-se as praias e as escarpas, localizando-se na frente
marítima e fluvial respetivamente.
As áreas funcionais e complementares para a qualidade de vida urbana, destacam-se a
Unidade I (Equipamentos e Infraestruturas) com cerca de 22,1 %, com destaque para a
freguesia de Paranhos e a Unidade H (Áreas Verdes) com 13,9 % na freguesia de
Campanhã.
A Unidade J (Áreas de estadia e de circulação pedonal) corresponde a espaços públicos
de vivência coletiva, apresentando cerca de 0,7 % da área da cidade, destacando-se a
sua presença no centro da cidade (UF de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São
Nicolau e Vitória)
A Unidade K (Vazios Urbanos ou abandonados) corresponde às áreas desocupadas e
abandonadas, apresentando na cidade um valor de cerca de 10,2 %, com uma dispersão
semelhante nas freguesias e UF exteriores à VCI.
Face a esta realidade, a análise à ocupação do solo atual do Porto pode contar simultaneamente
com Ponto Fortes e Pontos Fracos, sistematizados no Quadro 1.
10. Bibliografia
ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira – O Porto na Época dos Almadas. Arquitectura. Obras
Públicas. Edição da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Vol. I e II, 1988
FERNANDES, José A. Rio; MARQUES, Hélde ; MARTINS, Luís Paulo – Porto Percursos nos
Espaços e Memórias. Edições Afrontamento, Porto, 1990
PIMENTA, Manuel; FERREIRA, José António; FERREIRA, Leonor – As “ ilhas do Porto. Estudo
socioeconómico. Porto: Câmara Municipal do Porto / Pelouro da Habitação e Ação Social, 2001
PINTO, Jorge Ricardo – O Porto Oriental no Final do Século XIX. Um retrato urbano (1875-1900.)
Edições Afrontamento, Porto, 2007
Pinto, Jorge Ricardo – Bonfim Território de Memórias e Destinos, Edição da Junta de Freguesia
do Bonfim, 2011
RAMOS, Luís A. de Oliveira (dir.) - História do Porto (2ª Edição). Porto: Porto Editora, 1995
Fontes Internet:
http://doportoenaoso.blogspot.pt/2010/09/os-planos-para-o-porto-dos-almadas-aos.html
11. Anexos
Tra Unidades e
ma/ Sub- Definição
Cor Unidades
Áreas ou núcleos urbanos antigos, caraterizados pela sua malha irregular, com lotes estreitos e
Unidade A de geometria variada, densamente ocupados por edifícios que apresentam diferentes
alinhamentos e alturas e com uma ocupação intensa dos logradouros.
Áreas de desenvolvimento linear, caraterizadas por uma malha larga de vias constituindo
quarteirões regulares, com lotes estreitos e compridos, total ou parcialmente ocupados por
Unidade B edificações à face das ruas, de tipologia uniforme e desenho de fachadas contínuo. No interior
dos quarteirões dispõem-se logradouros ajardinados, em geral ocupados por anexos, e por vezes
com habitações de tipo “ilhas”.
Com ocupação contínua das frentes edificadas à face da rua e com alguma construção de apoio
Tipo I nos respetivos logradouros.
Áreas novas ou em processo de transformação das frentes urbanas, em que se verifica uma
Unidade C alteração do cadastro e a introdução de novas tipologias de habitação coletiva, de comércio e
serviços.
Apresenta características de quarteirão fechado ou semifechado, no qual os edifícios alinham face
Tipo I aos arruamentos, e as cérceas não ultrapassam a largura do espaço público confinante.
Isabel Carvalho
José Bento
Paulo Costa
Rúben Santos
Data
Setembro de 2018