Gestão Qualidade e Segurança Do Paciente
Gestão Qualidade e Segurança Do Paciente
Gestão Qualidade e Segurança Do Paciente
Unidade 1
Seção 1
Qualidade
É um dos termos mais complexos quando analisamos sua definição. De modo geral, “qualidade
é a capacidade de um produto ou serviço de corresponder ao objetivo a que se propõe”
(CROSBY, 2000, p. 40). Em outras palavras, é realizar aquilo que foi proposto com excelência,
sem falhas ou danos.
Qualidade em saúde
É um termo bastante amplo, discutido por muitos teóricos, porém adotaremos o conceito de
Donabedian (1990), que define qualidade em saúde como a possibilidade de conseguir
melhores resultados aos seus pacientes/clientes, ao menor risco para eles.
Gestão de qualidade
Quando uma organização trabalha e se empenha em todas as suas esferas para assegurar a
melhoria permanente do seu produto ou serviço, a fim de atender os seus pacientes/clientes
de forma assertiva, com precisão e excelência.
Segurança do paciente/cliente
De acordo com a Classificação Internacional de Segurança do Paciente (ICPS), proposta pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), “é a redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano
desnecessário associado ao cuidado de saúde” (OMS, 2005, [s.p.]).
Estima-se que 421 milhões de pessoas são hospitalizadas por ano ao redor do mundo e que,
em média, uma em cada dez internações resulta em eventos adversos (EAs), definidos como
um incidente que resultou em dano ao paciente (OMS, 2011).
1,4 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de uma infecção relacionada à assistência à
saúde (IRAS) em uma instituição de saúde.
Vamos sintetizar alguns pontos importantes para todas as profissões da área da saúde:
Você, como profissional de saúde, precisa conhecer esses riscos inerentes a cada área e atuar
para que não levem a incidentes com danos aos seus clientes.
TAXONOMIA EM SEGURANÇA DO
PACIENTE – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL
DE SAÚDE (OMS)
Para padronização dos termos, a OMS lançou, em 2005, a Classificação Internacional de
Segurança do Paciente (ICPS). Essa classificação permite a uniformidade dos conceitos, a qual
assegura que os profissionais tenham uma comunicação mais assertiva sobre cada
terminologia e consigam aplicar em seu cotidiano.
Como você percebeu, não usamos mais o termo “erro médico”, e sim incidentes.
E no Brasil? A iniciativa mais importante foi a Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, a qual
estabeleceu o Programa Nacional de Segurança do Paciente, um marco para o país, pois
regulamentou e tornou compulsório que as instituições de saúde tenham uma política de
segurança interna para melhoria da qualidade e segurança do paciente/cliente. Vale ressaltar
que as políticas públicas são essenciais, mas é necessário que haja uma cultura de segurança
em toda a instituição de saúde e que todos os colaboradores sejam capacitados para evitar
incidentes.
PESQUISA EM SEGURANÇA DO
PACIENTE
A pesquisa científica é o caminho mais seguro para tornar tangíveis os conhecimentos
provindos dela e transpô-la para melhoria da prática profissional. Desse modo, a OMS, em
2017, lançou um desafio aos pesquisadores de todo o mundo e definiu alguns temas de
investigação científica prioritários em segurança do paciente: (1) medir o dano; (2)
compreender as causas; (3) identificar as soluções; (4) avaliar o impacto e (5) transpor a
evidência em cuidados mais seguros.
Você sabia que, ao realizar um cuidado de saúde, podemos também causar infecção no nosso
paciente/cliente? Durante muito tempo, isso foi chamado de infecção hospitalar, mas era um
termo muito genérico e com foco apenas em hospitais. A partir do conhecimento das causas
dessas infecções, originou-se um novo termo, denominado Infecção Relacionada à Assistência
à Saúde (IRAS), que se deve ao fato de que existe o risco de infecção durante um
procedimento ou intervenção de saúde. Onde estão esses riscos? Eles estão embutidos em
todos os aspectos, desde a não higiene correta da mão até o uso incorreto de dispositivos
médico-hospitalares, seja na inserção ou manutenção. Dentre as principais IRAS conhecidas,
estão:
o 1º Desafio global vem ao encontro dessa necessidade com o objetivo de reduzir os índices
de IRAS em todo o mundo, a partir de práticas mais seguras de assistência à saúde. Uma
dessas propostas que tem surtido efeito é conhecida como bundles, que podemos traduzir
como “pacotes de medidas”. Observe que interessante: trata-se de uma hierarquia de ações
para realizar um determinado procedimento, por exemplo, para inserção de um cateter
venoso central, é necessário que o profissional de saúde siga as seguintes etapas:
Durante esta fase, um outro profissional de saúde faz uma auditoria, ou seja, ele confere se o
profissional em campo está seguindo os passos dos procedimentos; caso não esteja, ele é
avisado e corrige-se a falha. Chamamos isso de auditoria de inserção, a qual é muito
importante, pois assegura a qualidade do procedimento.
Na Figura 1.2, você observará, de forma sistemática, as áreas prioritárias para intensificação de
ações para melhoria contínua dos serviços de saúde e segurança do paciente (SP) propostas
pela Organização Mundial da Saúde (OMS):
Desafio global.
O termo “cultura” é muito amplo e pode ser aplicado em diferentes situações, contudo, nesta
disciplina, o enfatizaremos como o pensamento coletivo de uma equipe ou instituição de
saúde. Em outras palavras, as crenças acerca sobre o cuidado e a saúde que prestam aos seus
pacientes/clientes e ao seu time de profissionais de saúde.
Você percebe o quanto a cultura de um serviço pode influenciar no cuidado à saúde? Um dos
maiores desafios dos líderes é mudá-la, e são muitos os motivos, sendo a resistência dos
profissionais e seus líderes à mudança um dos mais impactantes. Há, também, uma questão
histórica que reforça essa cultura: a ideia de que o profissional que “erra” o fez por não ser
bom. Essa concepção desconsidera os processos e coloca o indivíduo como único responsável
pelo incidente. Esse tipo de visão não avança, não muda e não melhora os processos,
simplesmente porque não há o reconhecimento da necessidade de transformação.
Conforme avançamos no termo cultura de segurança, observamos que ela só pode ser
desenvolvida em um ambiente de sincronia entre os gestores, líderes, colaboradores e
pacientes/clientes, desse modo, uma boa ideia pode apenas ficar no mundo da teoria e não se
tornar prática, devido à inexistência de uma cultura de segurança e qualidade. Você, em posse
desse conhecimento, poderá fomentar esses conceitos em sua equipe e ajudar a desenvolver
ou mudar a cultura da sua organização ou serviço.
Na prática, governança clínica significa gestão clínica. Pode parecer algo natural ou até mesmo
óbvio, no sentido de a gestão ser algo inerente à clínica, ou seja, como é possível uma atenção
clínica ao paciente/cliente sem uma boa gestão? Essa pergunta é muito importante até para
fazermos um questionamento mais amplo, por exemplo: será que as organizações de saúde
precisam de mais recursos, ou de mais gestão? Prosseguiremos para que você possa
compreender melhor do que se trata a governança clínica.
Todo processo tem uma entrada, o processo em si e, por fim, uma saída.
O sucesso da governança clínica está também na ideia de não haver uma hierarquia vertical,
na qual a alta gestão delega as ações sem qualquer conexão com a área operacional. De outro
modo, existe uma hierarquia, mas ela se apresenta de modo horizontal, ou seja, todos os
colaboradores podem e devem participar das mudanças de melhoria da instituição, todos são
considerados coparticipantes. Em suma, não existe governança clínica sem colaboração e
integração de todo o time de gestores, líderes, colaboradores e pacientes.
toda mudança de melhoria, para ser sustentável, precisa ser implantada em conjunto, com
a participação de todos que atuam direta ou indiretamente naquele processo.
Segunda etapa:
A fase “planejar” consiste nas ações que serão realizadas para o alcance do objetivo. Serve,
basicamente, para definir o que se pretende fazer. Para tanto, utilizamos estas cinco
perguntas para o planejamento:
O quê?
Quem?
Quando?
Onde?
Na fase “verificar”, almeja-se a análise dos dados e a verificação dos resultados obtidos.
E, por fim, na fase “agir”, espera-se o refinamento das mudanças, tendo como norte o que
foi apreendido na fase de teste.
Na Figura 2.2, você verá um resumo dessas etapas do processo de melhoria da qualidade.
Perceba que o método adotado é o mais amplamente utilizado na área da saúde. Ele é
claro e objetivo, basta seguir os passos para conseguir realizá-lo.
No nosso contexto, utilizaremos a auditoria, que também pode ser interpretada como
supervisão do processo, porque ela tem mais significado quando pensamos em mudança
de melhoria. Auditoria tem a conotação de identificar “furos” no processo implementado
para refinar as ações e manter o processo novo sustentável. Já supervisão é algo mais
rígido, inflexível e não focado no refinamento necessariamente, além de ter mais enfoque
na cobrança de que as etapas do processo sejam seguidas rigorosamente. Desse modo, a
auditoria faz muito mais sentido, pois buscamos a consciência do colaborador em realizar
aquilo por ser importante, e não porque existe alguém supervisionando.
ESTRUTURA DE UM POP
O POP ajuda na padronização dos procedimentos, dos fluxos e das atividades do serviço de
saúde. Por exemplo, um POP de punção venosa periférica é um documento que direciona o
profissional a realizar o passo a passo do procedimento e que tem como finalidade a
padronização. Todo e qualquer procedimento, fluxo ou atividade, seja qual for a área, pode e
deve criar um POP.
Todos os serviços de saúde são obrigados, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), a terem um manual de normas e rotinas, ou um manual de boas práticas. O POP é o
documento que compõe este manual.
ESTRUTURA DE UM PROTOCOLO
FUNDAMENTOS DO PROTOCOLO
CLÍNICO
o protocolo clínico tem como premissa direcionar o profissional para uma conduta assertiva,
mas não substitui o raciocínio clínico e a expertise profissional.
DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO
DE PROTOCOLOS CLÍNICOS
O protocolo clínico tem como objetivo normatizar e padronizar a
conduta clínica de uma doença ou condição. Neste documento, constam
as ações para condução do tratamento, da reabilitação, enfim, do manejo
da doença ou condição. A princípio era um documento médico, no qual
havia somente as condutas médicas, porém isso tem evoluído, tanto que,
agora, devem constar também as ações de todos os profissionais
envolvidos no contexto assistencial, afinal não é só o médico que atende
o paciente. A organização de saúde deve fornecer uma estrutura que
viabilize o desenvolvimento, a distribuição, a implantação e o
gerenciamento de protocolos clínicos.
LINHAS DE CUIDADO
IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
Unidad4 seção 4
O sistema de notificação adotado precisa ser independente, confidencial e não
punitivo, além de ser visto como uma oportunidade de melhoria e sempre
focado na solução dos problemas. Essa reflexão é importante, pois é comum o
foco ser o problema, e não as soluções.
INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DE EA