Consagração A Jesus Cristo, Pelas Mãos de Maria - Primeiras Reflexões

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Consagração a Jesus Cristo,

pelas mãos de Maria


(segundo o método de S. Luís Grignion de Montfort)

CAP. I. - Necessidade da devoção à Santíssima Virgem

O próprio S. Luis explica o que, há de se reconhecer, como um


princípio fundamental da devoção à Santíssima Virgem, qual seja, o de
que se compararmos a Virgem Maria com Deus, ela é um nada diante de
Deus 1. O Capítulo I, nº 14 do Tratado nos dá a noção disso, ao dispor que

"(...) Maria é uma pura criatura saída das mãos do Altíssimo. Comparada,
portanto, à Majestade infinita ela é menos que um átomo, é antes, um nada,
pois que só Ele é 'Aquele que é (Ex 3,14) (...)".

Diante disso, podemos verificar ao fazermos a leitura do referido


capítulo que Deus é independente, bastando-se a si mesmo, não
necessitando da Santíssima Virgem para a realização de suas vontades e
manifestação de sua glória. Entretanto, é importante compreender que
esta é uma visão partindo de Deus para Maria.

De outro modo, naturalmente, se olharmos para a Virgem


Santíssima em direção a Deus, facilmente veremos que ela está muito
acima de nós, embora seja, como nós, uma simples criatura 2. Sim, claro. A
Anunciação inaugura a “plenitude dos tempos” (Gl 4,4) 3, ou seja, ela é
convidada a conceber aquele em quem habitará “corporalmente a
plenitude da divindade”. 4
Sua grandiosidade é fundamental para par compreendermos o seu
papel no mistério de Nosso Senhor Jesus Cristo e no mistério do Espírito,
tendo ela também, lugar no mistério da Igreja 5.

1
Ademais, a própria Maria reconhece sua “pequenez” diante de Deus, conforme está escrito nas
sagradas escrituras: “(...) Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus meu
Salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva.” Lucas 1,46-47.
2
“Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez
grandes coisas em meu favor.” Lucas 1, 48-49.
3
Catecismo da Igreja Católica, nº 484. Além disso, a expressão denota a chegada dos tempos
messiânicos, que levam a termo a longa espera dos séculos, como medida finalmente plena (Bíblia de
Jerusalém, nota a Gl 4,4).
4
Idem.
5
Catecismo da Igreja Católica, nº 964: O papel de Maria para com a Igreja é inseparável de sua união
com Cristo, decorrendo diretamente dela (dessa união).
No que tange à supremacia de Deus em não necessitar de Maria, o
nº 15 do tratado preconiza que, “(...) Deus quis começar e acabar suas
maiores obras por meio da Santíssima Virgem (...)”. Ou seja, Deus quis
precisar de Maria e pediu o seu consentimento por meio do anjo Gabriel,
um dos primeiros ministros da corte celestial. Ora, Deus tem seus
escolhidos e Maria é uma eleita! Outrossim, “depois que a formou, é de
crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois é Deus,
imutável em sua conduta e em seus sentimentos.”6 Eis o primeiro
princípio: Deus quis servir-se de Maria na encarnação. Só ela mereceu e
alcançou graça diante de Deus.
Tão importante a Virgem Santíssima que nos diz S. Luís que “Jesus
Cristo deu mais glória, a Deus, submetendo-se a Maria durante trinta
anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais
estupendos milagres.”. Tal condição talvez possa ser percebida na mais
tradicional imagem da Virgem, uma mulher com uma criança nos braços e
pisando sobre o globo terrestre, ou seja, ela a escolhida, em distinção das
demais criaturas.
E agora, podemos nos perguntar: qual o propósito de Deus ao
escolher Maria? Eis o segundo princípio! 7 Deus quis servir-se de Maria na
santificação das almas. Santificação das almas tem relação com a nossa
salvação e, se Deus deseja nos salvar, deseja fazer “frutificar” Cristo em
nós. Significa que, uma vez salvos, possamos dizer como nos legou São
Paulo que “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.” 89
Mas não é fácil, pois a obra não está acabada. Cristo foi gerado,
mas, como igreja, somos o corpo de Cristo que está sendo frutificado em
nós. E a minha reflexão é a seguinte: qual é a ligação que eu quero ter
com Cristo? Há os que possuíram uma relação íntima com Ele como Padre
Pio de Pietrelcina, quem sofreu na carne as chagas de Jesus, ou mesmo
Madre Teresa de Calcutá que dedicou parte de sua vida a cuidar de
leprosos e excluídos da sociedade local, lavando feridas e visitando
famílias. Sigo a busca, com fé. Salve Maria!

Totus Tuus
Mariae
6
Tratado da verdadeira devoção à Virgem Santíssima, nº15. Romanos 11,29.
7
Tratado da verdadeira devoção à Virgem Santíssima, nº22.
8
Gl 2,20.
9
Padre Zezinho: “Amar como Jesus amou; Sonhar como Jesus sonhou; Pensar como Jesus pensou; Viver
como Jesus viveu.”

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