Fonte de Pesquisa
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Introdução
Desde a sua concepção, o indivíduo adquire, ou aprende diversas funções motoras, as quais
farão com que o organismo alcance sua maturidade. Por meio do seu próprio movimento, a
criança desenvolve seus processos motores. Os movimentos surgem muitas vezes porque a
criança tende a imitar os adultos que a rodeiam ou inspiram-se em outras crianças para executar
suas provas práticas (DIEM,1980).
A Educação Infantil é o primeiro e decisivo passo para se atingir a continuidade no ensino com
produção e eficiência desejáveis, tendo como objetivo principal o desenvolvimento da atividade
global que é caracterizado pelo prolongamento de experiências de movimentos básicos,
facilitando a escolaridade da criança e incorporando-se diretamente em outras fases do
desenvolvimento ao longo da vida (NANNI, 1998).
Com o avanço da idade cronológica, a criança passa a ser integrante de mais um grupo social:
a escola. O seu ingresso exige modificações e adaptações das estruturas afetivas, cognitivas,
motoras e sociais.
Para Gallahue e Ozmun (2002) o desenvolvimento motor sofre grande influência, do meio
social e biológico, podendo sofre alterações durante seu processo. Sabe-se que a escola é um
dos locais de oferta de espaço adequado para o desenvolvimento motor da criança, visto que o
brincar significa o meio mais importante para as aprendizagens dos pequenos.
2. Educação infantil
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases (LEI N°9394/96), em seu artigo 21, inciso I, a Educação
Infantil compreende a primeira etapa da Educação Básica, a qual, integra o desenvolvimento da
criança até os 6 anos de idade, sendo, um complemento da ação da família. Salienta-se que
atualmente, a educação básica compreende as crianças com até os 5 anos de idade.
Para Pereira (2002), um dos objetivos da educação infantil é o de ensinar a criança a observar
fatos cuidadosamente, em especial, quando estes são contrários aos previstos por ela.
Desenvolver habilidade de comunicação, também significa realizar ações, mas é preciso falar
sobre elas, sistematizá-las por meio de narrativas das experiências.
Segundo Wallon (1975), em uma de suas teorias, o ser humano é biologicamente social, visto
como totalidade considerando indissociáveis os aspectos emocionais, físicos e intelectuais.
Para Vasconcellos (1995) a educação infantil tem um papel muito importante na formação da
criança e, em especial, com relação à avaliação, pois é onde socialmente se tem hoje maior
espaço de se fazer um trabalho mais democrático e significativo, em função das menores
cobranças formais. A Educação Infantil não deve ceder às pressões das séries posteriores, uma
vez que sua forma de avaliar representa o futuro do processo de avaliação de todo o sistema
educacional, quando não haverá mal notas ou reprovações.
As creches e/ou pré-escolas surgiram não só a partir de mudanças sociais que ocorreram na
sociedade, mas, pela inclusão das mulheres ao trabalho assalariado, pela organização das
famílias, pelo novo papel da criança na sociedade e de como torná-la, através da educação, um
indivíduo produtivo e ajustado às exigências desse conjunto social (CRAIDY; KAERCHER, 2001).
Os interesses da criança, até os três anos de idade, estão sobretudo concentrados no mundo
exterior e, em especial sobre o aspecto prático do movimento (BATISTELLA, 2001).
Estudiosos da educação defendem que as experiências motoras que se iniciam na infância são
de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo, principal meio pelo qual a criança
explora, relaciona e controla seu meio ambiente. O movimento se relaciona com o
desenvolvimento cognitivo, no sentido de que a integração das sensações provenientes de
movimentos resulta na percepção e toda aprendizagem simbólica posterior depende da
organização destas percepções em forma de estruturas cognitivas.
Por meio da exploração motora a criança desenvolve consciência do mundo que a cerca, e de
si própria. O controle motor possibilita à criança experiências concretas, que servirão como base
para a construção de noções básicas para o seu desenvolvimento intelectual (ROSA NETO, 2002).
O que vai diferenciar a presença de um professor de Educação Física dos demais atendentes
na Educação Infantil é a comunicação, a compreensão, a leitura, a interação e o envolvimento, a
promoção da evolução da criança por intermédio das manifestações corporais, do movimento, do
jogo e das atividades lúdicas. Essas capacidades são exercitadas pelos profissionais que,
conscientes da importância das primeiras comunicações não verbais – através do tônus – entram
em comunicação corporal com as crianças.
4. Desenvolvimento motor
Nos primeiros anos de vida a criança explora o mundo que a rodeia com os olhos e as mãos,
através das atividades motoras. Ela estará, ao mesmo tempo, desenvolvendo as primeiras
iniciativas intelectuais e os primeiros contatos sociais com outras crianças. É em função do seu
desenvolvimento motor que a criança se transformará numa criatura livre e independente
(BATISTELLA, 2001).
Segundo Oliveira (2001), toda seqüência básica do desenvolvimento motor está apoiada na
seqüência de desenvolvimento do cérebro, visto que a mudança progressiva na capacidade
motora de um indivíduo, desencadeada pela interação desse indivíduo com seu ambiente e com
a tarefa em que ele esteja engajado. Em outras palavras, as características hereditárias de uma
pessoa, combinada com condições ambientais específicas (como por exemplo, oportunidade para
prática, encorajamento e instrução) e os próprios requerimentos da tarefa que o indivíduo
desempenha, determinam a quantidade e a extensão da aquisição de destrezas motoras e a
melhoria da aptidão (GALLAHUE; OZMUN, 2002).
A coordenação fina diz respeito à habilidade e destreza manual ou pedal constituindo-se como
um aspecto particular na coordenação global.
Habilidades motoras finas requerem a capacidade de controlar os músculos pequenos do
corpo, a fim de atingir a execução bem-sucedida da habilidade (MAGILL, 1984). Conforme
Canfield (1981), a motricidade fina envolve a coordenação óculo-manual e requerem um alto
grau de precisão no movimento para o desempenho da habilidade específica, num grande nível
de realização. Podemos citar exemplo da necessidade desta habilidade que seria na realização de
tarefas como escrever, tocar piano, trabalhar em relógios etc.
A coordenação viso manual representa a atividade mais freqüente utilizada pelo homem, pois
atua para inúmeras atividades como pegar ou lançar objetos, escrever, desenhar, pintar, etc
(ROSA NETO, 1996). Velasco (1996, p. 107) destaca que “a interação com pequenos objetos
exigem da criança os movimentos de preensão e pinça que representam a base para o
desenvolvimento da coordenação motora fina”.
Segundo Batistella (2001), a motricidade global tem como objetivo a realização e a automação
dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num certo período de tempo e que
exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares.
A motricidade global envolve movimentos que envolvem grandes grupos musculares em ação
simultânea, com vistas à execução de movimentos voluntários mais ou menos complexos.
Dessa forma, as capacidades motoras globais são caracterizadas por envolver a grande
musculatura como base principal de movimento. No desempenho de habilidades motoras globais,
a precisão do movimento não é tão importante para a execução da habilidade, como nos casos
das habilidades motoras finas. Embora a precisão não seja um componente importante nesta
tarefa, a coordenação perfeita na realização deste movimento é imprescindível ao
desenvolvimento hábil desta tarefa (MAGILL, 1984).
5.3. Equilíbrio
O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos membros superiores. Quanto
mais defeituoso é o movimento mais energia consome, tal gasto energético poderia ser canalizado
para outros trabalhos neuromusculares. Nesta luta constante, ainda que inconsciente, contra o
desequilíbrio resulta numa fatiga corporal, mental e espiritual, aumentando o nível de stress,
ansiedade, e angustia do indivíduo.
A postura é a atividade reflexa do corpo com respeito ao espaço. O equilíbrio considerado
como o estado de um corpo, quando distintas e encontradas forças que atuam sobre ele se
compensam e se anulam mutuamente. Desde o ponto de vista biológico, a possibilidade de
manter posturas, posições e atitudes indica a existência de equilíbrio.
O equilíbrio tônico postural do sujeito, seu gesto, seu modo de respirar, sua atitude, etc., são
o reflexo de seu comportamento, porém ao mesmo tempo de suas dificuldades e de seus
bloqueios. Para voltar a encontrar seu estado de equilíbrio biopsicossocial, é necessário liberar os
pontos de maior tensão muscular (couraças musculares), isto é, o conjunto de reações tônicas
de defesa integradas a atitude corporal. No plano da organização neuropsicológica, se pode dizer
que o equilíbrio tônico postural constitui o modelo de auto-regulação do comportamento (ROSA
NETO, 1996).
A criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa.
Sua personalidade se desenvolverá a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de
seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta. Ela se sentirá bem na
medida em que seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que o utiliza não só para
movimentar-se, mas também para agir (PEREIRA, 2002).
As atividades tônicas, que está relacionada à atitude, postura e a atividade cinética, orientada
para o mundo exterior. Essas duas orientações da atividade motriz (tônica e cinética), com a
incessante reciprocidade das atitudes, da sensibilidade e da acomodação perceptiva e mental,
correspondem aos aspectos fundamentais da função muscular, que deve assegurar a relação com
o mundo exterior graças aos deslocamentos e movimentos do corpo (mobilidade) e assegurar a
conservação do equilíbrio corporal, infra-estrutura de toda ação diferenciada (tono). A função
tônica se apresenta em um plano fisiológico, em dois aspectos: o tono de repouso o estado de
tensão permanente do músculo que se conserva inclusive durante o sono; o tono de atitude,
ordenado e harmonizado pelo jogo complexo dos reflexos da atitude, sendo estes mesmos,
resultado das sensações proprioceptivas e da soma dos estímulos provenientes do mundo exterior
(ROSA NETO, 1996).
A imagem corporal como resultado complexo de toda a atividade cinética, sendo a imagem do
corpo a síntese de todas as mensagens, de todos os estímulos e de todas as ações que permitam
a criança se diferenciar do mundo exterior, e de fazer do “EU” o sujeito de sua própria existência.
O esquema corporal pode ser definido no plano educativo, como a chave de toda a organização
da personalidade (PEREIRA, 2002).
A noção do espaço é uma noção ambivalente, ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e
infinita. Na vida cotidiana utilizamos constantemente os dados sensoriais e perceptivos relativos
ao espaço que nos rodeia. Estes dados sensoriais contêm as informações sobre as relações entre
os objetos que ocupam o espaço, porém, é nossa atividade perceptiva baseada sobre a
experiência do aprendizado a que lhe dá um significado. A organização espacial depende
simultaneamente da estrutura de nosso próprio corpo (estrutura anatômica, biomecânica,
fisiológica, etc.), da natureza do meio que nos rodeia e de suas características (ROSA NETO,
1996).
A percepção relativa à posição do corpo no espaço e de movimento tem como origem estes
diferentes receptores com seus limites funcionais, enquanto que a orientação espacial dos objetos
ou dos elementos do meio, necessita mais da visão e audição. Está praticamente estabelecido
que da interação e da integração destas informações internas e externas provem nossa
organização espacial (OLIVEIRA, 2001).
Segundo as características das nossas atividades, podemos utilizar duas dimensões do espaço
plano distância ou profundidade. A pele apresenta receptores táteis onde a concentração modifica
de uma região a outra no corpo. A separação dos pontos de estimulação permite fazer diferenças
entre o contínuo e o distinto. Os índices táteis, associados aos índices sinestésicos resultam da
exploração de um objeto que permite o reconhecimento das formas (esterognosia) em ausência
da visão (sentido háptico). Os deslocamentos de uma parte do corpo sobre uma superfície plana
podem ser apreciados pela sinestesia tanto no caso dos movimentos lineares como angulares. As
sensações vestibulares abastecem índices sobre certos dados espaciais (orientação, velocidade e
aceleração). Chegam aos núcleos vestibulares, ao cerebelo e ao lóbulo frontal, porém só
contribuem muito debilmente a percepção dos deslocamentos. Não obstante, durante os
deslocamentos passivos onde a visão e a sinestesia não intervêm, a orientação espacial diminui,
geralmente se existe lesão do sistema vestibular (RIGAL, 1988).
5.6. Organização temporal
5.7. Lateralidade
O corpo humano está caracterizado pela presença de partes anatômicas pares e globalmente
simétricas. Esta simetria anatômica se redobra, não obstante, por uma assimetria funcional no
sentido de que certas atividades que só intervêm numa das partes. Por exemplo, escrevemos
com uma só mão; os centros de linguagem se situam na maioria das pessoas no hemisfério
esquerdo. A lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo:
mão, olho, ouvido, perna; a lateralização cortical é a especialidade de um dos dois hemisférios
enquanto ao tratamento da informação sensorial ou enquanto ao controle de certas funções
(OLIVEIRA, 2001).
6. Avaliação motora
O padrão de crescimento e comportamento motor humano que se modifica por meio da vida
e do tempo; e a grande quantidade de influência que os afetam, constituem basicamente por
diferentes teorias científicas e sustentam a evolução de estudos que se caracterizam pelas
técnicas de pesquisa e pelos meios utilizados na obtenção de dados, que são elaborados e
discutidos, como forma de elucidar os diferentes vieses que perfazem a existência do homem e
sua evolução física, orgânica, cognitiva e psicológica. Os conceitos, ilustrações e teorias adicionam
ao contexto, a estrutura necessária para que tais estudos possam legitimar-se e oferecer
fundamentos fidedignos sobre as hipóteses que pretendem estabelecer e discutir. É importante
lembrar que o caráter estatístico de nível normal de referência dos testes não engloba o mesmo
valor para todas as populações, tendo em conta os aspectos afetivos e sociais (ROSA NETO,
1996).
Para que tenhamos estas informações devemos lançar mão de meios auxiliares que como já
comentamos anteriormente seria a utilização de testes. É importante destacar que para esta
avaliação não são utilizados somente um único teste e sim um conjunto de testes, a fim de
examinarmos a criança em todas as dimensões do desenvolvimento humano (ROSA NETO, 1996).
Testes padronizados, que embora bastante antigos, mas que freqüentemente são revisados
destacam-se na avaliação física, afetiva, cognitiva e motora dos seres humanos.
De acordo com Rigal et al. (1993), existe uma grande quantidade de testes, que por sua
facilidade de utilização e sua relação com as diferentes aprendizagens escolares, são muito úteis
para medir o comportamento humano, entre eles, destacamos a Escala de Desenvolvimento
Motor - EDM (ROSA NETO, 1996).
Considerações finais
Acredita-se que para ensinar eficientemente é preciso acompanhar às crianças e analisar suas
necessidades e interesses.
Dessa forma, entender a relação entre a idade da criança com a fase e característica motora
pelas quais passam, constitui-se para um melhor acompanhamento do desenvolvimento motor.
Assim, destacamos a importância do conhecimento dos profissionais de Educação Física, no que
tange a avaliação motora da criança, como forma de melhor acompanhar seu desempenho e
detectar possíveis problemas de ordem motora, além de poder influenciar no processo de
desenvolvimento que ocorre desde a concepção.
Referências