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Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, Centro
EPAP – Ensino Profissional Avançado e Pós-graduado
DEDICATÓRIA
Para todos os meus atuais e futuros pacientes, que contribuem diariamente para o meu
crescimento pessoal e profissional, para que possam usufruir de cuidados de saúde
mais especializados.
Agradeço a todos os que ajudaram a tornar este trabalho possível e que me apoiaram
em mais esta etapa da minha vida,
ao meu pai e à minha mãe por serem uma constante inspiração e pela ajuda
incondicional, dedicando-me todo o amor e carinho,
à Isabel pelo companheirismo em toda esta jornada e pela amizade que sempre me
dedicou,
The palliative care (PC) are indicated to patients considering his needs. Thus,
there is a prevalence of some pathologies, as cancer and neurologic diseases. These
pathologies, especially in terminal stages, have some symptoms, which oropharyngeal
dysphagia is included. The oropharyngeal dysphagia is a swallowing disorder that
causes discomfort and can also trigger pneumonia, malnutrition and dehydration. In this
way, it appears to be important to understand what the relationship between
oropharyngeal dysphagia and PC is. Objective: verify what the prevalence of
oropharyngeal dysphagia in patients interned in palliative care units (UCPs) is.
Methodology: To make the investigation it will be done a direct evaluation of the
swallowing of the patients interned in UCPs with clinic diagnosis of neurologic diseases
and/or head and neck cancer. To do that, it will be used the two first parts of the
protocol of swallowing functional evaluation, proposed by Santoro et al. (2011). Final
considerations: In Portugal there are few studies that relate de dysphagia and the PC,
so does not disclose this fact in Portuguese territory. In England, literature suggests that
the prevalence of dysphagia in PC is 68% for cancer patients and 48% for non-cancer
patients (Addington-Hall et al, 1998, cit in Roe, 2004, and in Eckman & Roe, 2005).
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9
ANEXOS
ÍNDICE DE SIGLAS
CP – Cuidados Paliativos
DP – Doença de Parkinson
INTRODUÇÃO
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
diagnósticos que são mais predominantes nestas unidades, tais como, patologias
oncológicas, SIDA, doenças cardiovasculares, doenças neurológicas e insuficiências
terminais de órgãos rapidamente progressivas.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
A disfagia pode ocorrer por diversas etiologias, sendo as mais comuns agrupadas
em neurológicas e mecânicas. Entre as causas neurológicas encontram-se patologias
como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), a Doença de Parkinson (DP), Alzheimer
(Humbert et al., 2010), Esclerose Múltipla, Traumatismo Crânio-encefálico (TCE)
(Karagiannis et al., 2011), Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e Miastenia Gravis
(Santamato et al., 2009). As causas mecânicas mais frequentes relacionam-se com o
cancro de cabeça e pescoço e tratamentos adjacentes, intubação prolongada,
traqueostomia e ventilação mecânica (Skoretz, Flowers, & Martino, 2010).
Então, torna-se necessário efetuar uma anamnese e avaliação detalhada para poder
diagnosticar a disfagia. A anamnese é uma entrevista detalhada sobre o quadro clínico
do paciente e seus antecedentes. Já a avaliação constitui, essencialmente, numa
observação detalhada indireta e direta da deglutição. Na avaliação indireta a observação
é realizada sem introdução de alimento. Na direta há oferta de alimento em diferentes
consistências com progressivo grau de complexidade para a deglutição (Santoro et al.,
2011).
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
sofrida pelos cuidadores (Roe, 2004). Neste sentido, Eckman e Roe (2005) descrevem a
necessidade do terapeuta da fala nas equipas de CP. Este profissional, juntamente com a
restante equipa de intervenção em disfagia, devem ponderar qual a via mais adequada
de nutrição e hidratação destes pacientes (Pessini, 2006). Muitos pacientes em fase
terminal têm redução de apetite e dificuldades de digestão, o que diminui muito a
ingestão alimentar, mesmo sem a presença de disfagia (Macmillan, Hopkinson, Peden,
& Hycha, 2000). No entanto, através de algumas estratégias, este padrão pode ser
parcial ou totalmente revertido, aumentando a qualidade de vida. Na pesquisa
bibliográfica foram encontrados poucos estudos que relacionem a disfagia com os CP e,
principalmente, que descrevam as características desta patologia nos pacientes
integrados nestas unidades.
Portanto, este trabalho pretende ser uma mais-valia no âmbito dos CP, uma vez
que, apesar de estar provada a prevalência de disfagia nas patologias referenciadas para
estes serviços, não foram encontrados estudos que sustentem concretamente esta
prevalência nos CP em Portugal, bem como, que descreva as características da disfagia
nesta população.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
1. CUIDADOS PALIATIVOS
Mais tarde, em 1879, abriu o Our Lady’s Hospice for the Dying em Dublin, 21
anos após a morte de Maru Aikenhead (fundadora da congregação irlandesa das Sisters
of Charity) no convento onde faleceu, derivado a uma ambição sua (Clark, 2004, citado
por Magalhães, 2009). Na Inglaterra, a primeira instituição fundada para doentes em fim
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
de vida foi em 1885, pelo francês Davidsonm. Era conhecida como «The Friedenheim:
um lugar de paz para os que estão no fim da vida» e baseou-se numa ideia desenvolvida
na Alemanha, que acolhia doentes terminais vítimas de tuberculose (Clark & Symour,
1999, citados por Magalhães, 2009). Simultaneamente, outras instituições foram
fundadas na Inglaterra, entre as quais o, atualmente conhecido por, Trinity Hospice, que
é serviço de CP oficial mais antigo do Reino Unido. Mais tarde, surgiu o St. Luke’s
House em Regent’s Park, em Londres, que iniciou o uso da palavra Hospice no sentido
contemporâneo (Magalhães, 2009). Este caracteriza-se pelas suas preocupações
religiosas, filantrópicas, morais e médicas, demonstrando a importância do esforço do
voluntariado enquanto dever cristão e como forma de controlo social, impondo aos
pobres comportamentos e normas da classe média (Clark & Symour, 1999, citados por
Magalhães, 2009).
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
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No âmbito dos CP, consideram-se familiares ou família como a(s) pessoa(s) com quem o
paciente tem uma relação mais próxima, mesmo não havendo graus de parentesco (Lei n .o 52/
2012).
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Paliativo que, segundo Magalhães (2009) e Melo e Figueiredo (2006), vem de Palliare,
palavra latina, que significa proteger, amparar, cobrir, abrigar.
O conceito dos CP modernos vai no sentido da proteção. No entanto, este pode ser
alvo de diversas interpretações e contradições. Antes dos anos 80 os CP eram cuidados
terminais associados às unidades de oncologia e ao período imediatamente antes de
morrer. Associação que ainda é feita até aos dias de hoje (Magalhães, 2009; Neto,
2010). Talvez se deva ao facto de que, apesar dos avanços tecnológicos da medicina, a
incidência e a mortalidade do cancro continuam a aumentar. Segundo a OMS, citada por
Melo e Figueiredo (2006), a previsão para 2015 é de 15 milhões de novos casos por
ano, havendo um maior número de mortes nos países em desenvolvimento. No caso da
SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), por exemplo, a previsão é de mais de
10 milhões, sendo que 90% das mortes ocorrerão em países emergentes.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
momento em que se verifica que o paciente está “num estado progressivo de declínio.”
Este estado refere-se a doenças ativas e progressivas para as quais o tratamento curativo
não é adequado ou possível.
Então, a morte é aceite como inevitável. Esta perspetiva vem contrapor o que, na
sociedade ocidental, se acredita ser o objetivo dos serviços de saúde: a cura da doença
(Matsumoto, 2009). Assim sendo, segundo Cardoso et al. (2010) e Gonçalves (2009) a
incurabilidade e a morte inevitável pela doença são consideradas como “fracassos da
medicina”. Tal como já foi referido, Gonçalves (2009) afirma que a morte é um
processo natural e acrescenta que não reconhecer quando se deve deixar de lutar contra
ela é tão prejudicial para o doente como não ter consciência das situações em que é
possível atuar para curar ou prolongar a vida. Magalhães (2009) caracteriza o percurso
até morrer com períodos de agudização, possivelmente reversíveis, de curta duração,
que vão sendo cada vez mais frequentes e difíceis de tratar. Neste período o paciente
vai-se adaptando às circunstâncias em que se encontra. Segundo Melo e Figueiredo
(2006), a adaptação depende de vários fatores, nomeadamente a idade, o estagio do
desenvolvimento familiar, do quadro clínico, da experiência prévia individual e familiar
relativamente à doença e à morte, da forma como reagem a situações de stress, da
condição socioeconómica do paciente e da família e do contexto cultural envolvente.
Como não é possível saber o tempo em que a morte vai ocorrer, a distinção entre
cura e paliação torna-se algo complexo (Clark & Seymour, 1999, citados por
Magalhães, 2009). Ahmedzai, citado por Clark e Seymour (1999), citados por
Magalhães (2009) a transição entre os CP e os cuidados curativos é um momento
crítico, dado que estes últimos, em muitos casos, não se destinam à recuperação, mas ao
prolongamento da vida. Contudo, em algum momento é necessário interromper as
tentativas de prolongar a vida ou administrar terapias intensivas para recorrer apenas a
terapias paliativas. Por outro lado, Pessini, citado por Pacheco (2002), citado por Neto
(2010), refere que os CP são, com frequência, iniciados quando se assume que já se
esgotaram as hipóteses terapêuticas com intuito curativo. No entanto, não é este o
objetivo dos CP, dado que é importante iniciar precocemente estes cuidados de modo a
promover a maior qualidade de vida ao paciente, indo de encontro às suas necessidades
e das respetivas famílias (Doyle, 2004, citado por Neto, 2010). Portanto, ambos os tipos
de cuidados devem ser interligados, na medida em que, mesmo quando não há
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
É neste sentido que surge a primeira definição de CP, publicada pela OMS, em
1990, que descrevia estes cuidados da seguinte forma: “cuidado ativo e total para
pacientes cuja doença não é responsiva a tratamento de curso. O controlo da dor, de
outros sintomas e de problemas psicossociais e espirituais é primordial. O objetivo dos
CP é proporcionar a melhor qualidade de vida possível para pacientes e familiares”
(Matsumoto, 2009; Melo & Figueiredo, 2006).
Esta definição foi atualizada em 2002, pela OMS, segundo a qual, se entende por
CP a “abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias
que enfrentam problemas associados a uma doença incurável e/ou grave e com
prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, avaliando e tratando
precocemente e de forma adequada a dor e outros problemas físicos, psicossociais e
espirituais.” (Organização Mundial de Saúde [OMS], 2002, p. 84). É a definição
utilizada até hoje e enfatiza a importância que os CP têm em promover o conforto do
paciente (Cardoso et al., 2010).
Os CP, tal como indica a definição supramencionada, devem ser iniciados desde o
diagnóstico da doença “potencialmente mortal” até ao momento da sua morte,
acompanhando os diferentes momentos da evolução da mesma e assistindo a família do
paciente, mesmo após a morte do mesmo (Cardoso et al., 2010; Matsumoto, 2009). Os
familiares são um dos alvos de intervenção dado que também eles precisam de
compreender e aceitar as condições e ajustes da doença, colaborando assim nos
cuidados ao doente e sendo também objeto de cuidados tanto durante a doença como no
luto. No que respeita à informação fornecida, esta deve ser sempre verdadeira, mas
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Para Gonçalves (2009) a ideologia dos CP pode ter três modelos de assistência. O
modelo mais comum é o modelo em que, após o diagnóstico da doença, se procede ao
tratamento curativo até ao momento em que este já não resulta e o paciente passa para o
tratamento paliativo até à morte. O modelo de integração de modalidades de tratamento
é um modelo que se caracteriza pela incorporação do paciente em ambos os tratamentos
desde o diagnóstico até à morte, sendo que numa fase inicial o tratamento mais presente
é o curativo e na final o paliativo. O terceiro modelo corresponde à situação ideal, em
que apenas difere do anterior por dar suporte à família após a morte do paciente, no seu
processo de luto, sempre que necessário.
Comparativamente, a OMS, citada por Capelas e Neto (2010), sugere que que
existem cinco modelos de atuação em CP, sendo que uns são mais atualizados do que
outros. Do modelo mais desadequado para o mais adequado podemos enumerar os
seguintes: modelo de obstinação terapêutica, modelo de abandono, modelo separado,
modelo integrado, modelo cooperativo com intervenção nas crises (Gómez-Batiste, et
al, 2005, citados por Capelas & Neto, 2010). O primeiro modelo caracteriza-se pela
aplicação de tratamentos específicos desde o diagnóstico até à morte do paciente, não
sendo contemplados os CP. O modelo de abandono, também negativo, está relacionado
com duas fases de intervenção. A primeira é a fase da busca incessante da cura até se
verificar que “já não há mais nada a fazer” e o utente é abandonado, passando, muitas
vezes, para unidades de cuidados intensivos, onde as terapêuticas não são adequadas a
estes casos, o que é eticamente reprováveis e aumenta o uso de recursos desnecessários.
O terceiro modelo, o separado, surgiu com o aparecimento dos primeiros hospices e é
um modelo dicotómico, utilizado até aos dias de hoje. Assemelha-se ao “modelo mais
comum” citado anteriormente por Gonçalves (2009), em que há uma separação entre o
tratamento curativo e o tratamento paliativo, suscitando dúvidas de qual o limite de cada
um dos tratamentos. Relativamente ao modelo integrado, é em todo idêntico ao modelo
de situação ideal referido por Gonçalves (2009). Por fim, o modelo cooperativo com
intervenção nas crises vai de encontro às necessidades dos doentes. É um modelo que
parece ser o ideal, pois incorpora os dois tipos de tratamento, de forma semelhante ao
modelo anterior. Contudo, os tratamentos articulam-se e estão em colaboração
permanente no sentido de aliviar o sofrimento e aumentar a qualidade de vida.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Face ao exposto, a OMS, citada por Cardoso et al. (2010), considera que os CP
são uma prioridade da política de saúde, dado que constituem uma necessidade para os
doentes em fase avançada e no final de vida. O mesmo autor cita o Conselho da Europa
que refere que a existência deste tipo de cuidados são especialmente importantes para
prevenir a solidão e sofrimento destes doentes, bem como prestar-lhes cuidados num
ambiente apropriado, respeitando, assim os direitos fundamentais do ser humano.
Neste sentido, pode-se dizer que os principais objetivos dos CP, de acordo com
Maciel (2009), são: resolução ágil das intercorrências decorrentes da doença avançada;
prestar cuidados pertinentes na fase final da vida; cuidar de doentes incapacitados por
doença prolonga; reabilitação de doentes incapacitados após Acidente Vascular
Cerebral (AVC) ou traumatismo recente, após fase crítica, mas vulnerável; cuidar de
doentes com falência funcional avançada, com períodos de instabilidade clínica e
necessidade de intervenções. Por outro lado, Magalhães (2009) e Melo e Figueiredo
(2006) sugerem que os CP pretendem: proporcionar o alívio da dor e de outros
sintomas; assumir a vida e encarar a morte como um processo natural, não acelerando
nem protelando este processo; cuidar dos aspetos psicológicos e espirituais dos
pacientes; auxiliar os pacientes a viveram o mais ativamente possível no fim da vida;
apoiar a família no seu processo de aceitação da doença e do luto; e, promover a
qualidade de vida, melhorando a aceitação da doença. Para cumprir estes objetivos é
necessário o trabalho em equipa que dê respostas às necessidades dos pacientes e
respetivas famílias.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
não pode antecipar nem atrasar a morte, contrariando a eutanásia, o suicídio assistido e a
futilidade diagnóstica e terapêutica; (8) abordar de forma integrada o sofrimento físico,
psicológico, social e espiritual do doente; (9) acompanhar o doente com humanidade,
compaixão, disponibilidade e rigor científico; (10) procurar constantemente o bem-estar
do doente, ajudando-o a viver o mais intensamente possível até ao fim; (11) ajudar,
apenas, quando o doente e família aceitam; (12) permitir ao doente escolher o local
onde deseja viver e ser acompanhado até ao fim da vida; (13) e, por fim, basear-se na
diferenciação e interdisciplinaridade.
Por seu turno, a Lei de Bases dos CP (Lei n.o 52/2012) descreve que os CP
acentuam nos seguintes princípios: (1) valorização de cada indivíduo e afirmação da
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
vida, reconhecendo que a morte é um processo natural, pelo que se deve evitar a
obstinação terapêutica; (2) aumentar a qualidade de vida do paciente e família; (3)
atuação de forma individualizada, humanizada e tecnicamente rigorosa; (4) prestação de
cuidados multi e transdisciplinares; (5) “conhecimento diferenciado da dor e dos demais
sintomas”; (6) atuação ao nível das necessidades de cada paciente; (7) consideração
pelos valores, crenças e práticas pessoais, culturais e religiosas de cada paciente; e (8)
manutenção dos cuidados aos longo da doença.
Ambos os relatórios são unânimes no que diz respeito às localizações das equipas
serem no norte e centro, pelo que as regiões do Alentejo e Algarve apresentavam uma
grande lacuna neste âmbito. No entanto, é necessário salientar que as Unidades de Dor
complementavam a atividade dos CP, atuando na dor crónica.
Mais tarde, o estudo realizado em 2008 pelo Parlamento Europeu, Palliative Care
in the Europe Union, veio mostrar que, em três anos, Portugal teve um crescimento
muito positivo de 296%. Neste sentido, face aos outros países europeu, Portugal
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
A RNCCI, tal como já foi mencionado, foi criada em 2006, pelo Ministério da
Saúde e do Trabalho e da Solidariedade Social, pelo Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de
Junho, com o intuito de prestar cuidados continuados integrados, incluindo paliativos,
considerando os níveis e diferenciação definidos no Programa Nacional de CP (Cardoso
et al., 2010).
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Assim sendo, a ação paliativa é o nível mais básico e caracteriza-se pela prestação
de ações paliativas sem recurso a equipas ou estruturas diferenciadas, que dão resposta à
maioria das situações menos complexas apresentadas pelos doentes e/ou famílias. Este
tipo de cuidado pode ser prestado em internamento, ambulatório ou domicílio, por
qualquer profissional clínico e em qualquer instituição de cuidados de saúde, sendo
necessário nos serviços onde há uma elevada frequência e prevalência de pacientes com
idade avançada ou prognóstico de vida limitado, tal como nos cuidados de saúde
primários, nos serviços de oncologia e de medicina interna, em unidades de dor e em
unidades e equipas da RNCCI (EAPC, citada por Cardoso et al., 2010). Este nível é
comparável ao primeiro nível do National Council of Hospice and Specialist Care
Services, citado por Clark e Seymour (1999), citados por Magalhães (2009), que se
refere aos CP nos serviços de âmbito geral ou em contexto de instituições de cuidados a
longo prazo, tal como lares.
No que respeita aos CP de nível I da EAPC, citada por Cardoso et al. (2010),
caracterizam-se por serem equipas intra-hospitalares ou domiciliárias de suporte em CP,
que prestam CP diferenciados a doentes internados, em ambulatório ou no domicílio.
Neste nível, a equipa deve ser multidisciplinar com formação diferenciada em CP, que
prestam diretamente os cuidados ou exercem funções de apoio técnico a outras equipas.
De forma semelhante, no segundo nível do modelo do National Council of Hospice and
Specialist Care Services, citado por Clark e Seymour (1999), citados por Magalhães
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Por outro lado, Arantes (2009) afirma que este é um dos critérios mais debatidos e
baseia-se no modelo do Medicare americano. Para tal, a indicação de CP obedece aos
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
É neste sentido que os pacientes vítimas de cancro são frequentes nestas unidades,
uma vez que a sua esperança média de vida é mais facilmente calculada do que a de
uma doença neurológica, cuja evolução é bastante mais lenta e imprevisível (Neto,
2010). O critério do prognóstico do tempo de vida é bastante frágil, dado que pode
desencadear a “morte social” antes da “morte física,” isto é, estabelecendo uma
expectativa de vida pequena pode levar a subestimar as necessidades do paciente e sua
família e negligenciar a possibilidade de conforto real dentro da avaliação. Para realizar
este prognóstico é necessário ter em atenção a capacidade funcional e a capacidade para
as atividades de vida diária (AVDs). No entanto, mais uma vez, é necessário ter em
consideração alguns aspetos, nomeadamente na ligação que existe entre a capacidade
funcional e o sofrimento intenso do paciente. Este último pode levar a uma limitação da
funcionalidade, apesar do individuo ser capaz de realizar as AVDs. Se estes aspetos não
forem considerados, a avaliação pode ser demasiado otimista ou subestimarem o tempo
de sobrevida (Arantes, 2009).
Apesar dos CP não serem indicados de acordo com o diagnóstico clínico, mas sim
de acordo com as necessidades de cada pessoa, há alguns diagnósticos mais frequentes
de encontrar nestas unidades (Cardoso et al., 2010). Então, por questões éticas e pelo
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
princípio da justiça, há vários diagnósticos que devem ser considerados para indicação
de CP (Neto, 2010): insuficiência avançada de órgãos rapidamente progressiva
(cardíaca, renal, hepática, respiratória), SIDA em fase terminal, doenças
neurodegenerativas (Cardoso et al., 2010; Gomes & Higginson, 2008, citados por
Carneiro et al., 2011; Neto, 2010), demências em fase muito avançada, fibrose quística
(Neto, 2010), doenças cardiovasculares (Cardoso et al., 2010; Gomes & Higginson,
2008, citados por Carneiro et al., 2011), doenças oncológicas (Cardoso et al., 2010),
entre outros. De entre as doenças oncológicas, pode destacar-se a indicação do cancro
de cabeça e pescoço em estado avançado, que apresentam um impacto negativo da
doença ao nível da localização do tumor na via aérea, do trato gastrointestinal superior,
pelo que experimentam com frequência dor, perda de peso, alterações da alimentação,
disfagia, xerostomia, entre outros sintomas (Forbes, 1997). Pelo facto de apresentarem
com frequência disfagia, este é o cancro mais importante a ser estudado no presente
trabalho. A Lei n.o 52/2012 e Roe (2004) contemplam, ainda, a exaustão dos cuidados
informais como um critério de internamento. Apesar da gravidade do estado clínico
destes pacientes, os mesmos podem ter alta. Esta justifica-se quando promove o
aumento dos objetivos propostos por CP, recorrendo ao serviço de equipas mais
adequadas às suas necessidades e consequentemente regresso ao domicílio.
Naturalmente, esta alta é preparada e comunicada atempadamente e de forma adequada
e humanizada, garantindo todo o apoio necessário ao paciente e família (Lei n.o
52/2012).
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60% dos profissionais tenham formação básica. Deve, também, ser considerado o
número de profissionais, que se deve adequar às características, dimensão e nível de
diferenciação de cada unidade. De acordo com este plano e com a Lei n.º 52/2012
podemos ter mais dois tipos de equipas locais integradas na RNCP, para além das
referidas UCP: equipas intra-hospitalares de suporte e equipas comunitárias de suporte.
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Estes três tipos de equipas locais devem ser coordenados entre si e com a
coordenação regional. Até há pouco tempo estas estavam integradas na RNCCI, pelo
que estão ainda em fase de adaptação à nova Lei de Bases. A sua intervenção é baseada
no plano individual de CP (Lei n.º 52/2012).
Por outro lado, Pinto (2009a) e Dahlin, Cohen e Goldsmith (2010) acrescentam a
importância da existência de um terapeuta da fala na equipa. Os autores salientam que
este profissional pode melhorar a qualidade de vida destes pacientes e familiares, na
medida em que avalia e intervém ao nível da via de alimentação mais segura, evitando
problemas pulmonares decorrentes de aspiração de alimento e na linguagem,
nomeadamente, na compreensão e expressão do paciente. O objetivo do terapeuta da
fala em doentes integrados nos CP é, essencialmente, aliviar os sintomas, aumentar o
conforto e a qualidade de vida, diminuir o sofrimento, proporcionar satisfação, prazer e
segurança ao paciente e família, aumentar a funcionalidade da comunicação,
diminuindo as frustrações do paciente e dos seus familiares. O terapeuta da fala deve
também esclarecer a o paciente e a família das implicações e consequências da disfagia
(Dahlin et al., 2010). Então, Eckman e Roe (2005) corroboram, afirmando que a
intervenção do terapeuta da fala é importante ao nível da comunicação e deglutição. No
entanto, os objetivos que consideram mais importantes na intervenção deste profissional
é a manutenção máxima da funcionalidade e independência dos pacientes, retirando
alguma sobrecarga aos cuidadores. Os objetivos do tratamento devem ser sempre
estabelecidos de forma individualizada, pois em alguns casos a intervenção promove a
melhoria da função da deglutição, mas noutros visa otimizar as funções ainda existentes
(Dahlin et al., 2010). Roe (2004) salienta que a presença do terapeuta da fala nos CP no
Reino Unido é recente, mas já reconhecido como essencial. Muitas vezes, a intervenção
do terapeuta da fala nos CP é indicada numa fase tardia, o que impossibilita o benefício
desta intervenção.
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citado por cap1-neto
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Mais tarde, Kemp e Rendtorff (1998), citados por Antunes (1998), consagraram o
princípio da vulnerabilidade. Este baseia-se na constatação de que algumas pessoas,
como os doentes mentais, em coma ou crianças, estão especialmente frágeis do ponto de
vista físico e psicológico. Deste modo, colocam-se alguns limites no exercício da
autonomia, privilegiando a beneficência na atuação clínica (Antunes, 1998).
Taboada (2000), citado por Pessini (2006), por sua vez, sugere cinco referenciais
éticos essenciais na prática dos CP: referencial da verdade (o paciente tem o direito de
saber toda a verdade sobre o seu estado de saúde, através de uma comunicação prudente
e em condições adequadas, privilegiando os princípios da beneficência e da autonomia),
referencial da proporcionalidade terapêutica (ao recorrer a uma medida terapêutica deve
considerar-se os riscos e benefícios dos mesmos de modo a recorrer apenas a
intervenções adequadas a cada caso clínico, promovendo a qualidade de vida),
referencial do duplo efeito (a utilização de medidas terapêuticas com efeitos colaterais
mortais devem ser ponderadas de forma proporcional aos sintomas do paciente),
referencial de prevenção (o médico tem a responsabilidade de prever as possíveis
complicações e/ou sintomas de determinada condição clínica, tentando minimizá-las), e
referencial do não abandono (o clínico não pode abandonar o paciente, mesmo que este
tenha recusado algumas medidas terapêuticas em desacordo com o médico).
A própria lei que regula estes cuidados estabelece os direitos que estes pacientes e
familiares têm, bem como os seus deveres. Assim sendo, “o doente tem direito a: (a)
receber CP adequados à complexidade da situação e às necessidades da pessoa,
incluindo a prevenção e o alívio da dor e de outros sintomas; (b) escolher o local de
prestação de CP e os profissionais, exceto em casos urgentes, nos termos dos princípios
gerais da Lei de Bases da Saúde; (c) fazer-se acompanhar, nos termos da lei; (d) ser
informado sobre o seu estado clínico, se for essa a sua vontade; (e) participar nas
decisões sobre CP que lhe são prestados, nomeadamente para efeitos de determinação
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2. DISFAGIA OROFARÍNGEA
Apesar de estar provado que as patologias acima referidas têm como uma das suas
manifestações a disfagia (Kang et al., 2011), após pesquisa bibliográfica foram
encontrados poucos estudos que relacionem a disfagia orofaríngea com os CP. Neste
sentido, parece importante verificar se, de facto, é uma realidade a existência de disfagia
no contexto dos CP.
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Por outro lado, Silva (1997), citada por Silva et al. (2010), e Santoro et al. (2011)
classificam a disfagia de acordo com o grau de severidade: leve, moderada e grave. A
disfagia leve caracteriza-se por “alteração do esfíncter labial, incoordenação da língua,
atraso para desencadear o reflexo de deglutição, ausência de tosse, sem redução
acentuada da elevação da laringe, sem alteração da qualidade vocal após a deglutição e
auscultação cervical sem alteração” (Silva 1997, citada por Silva et al., 2010, p. 77).
Santoro et al. (2011) acrescentam que, face aos resultados da videoendoscopia da
deglutição (VED), este grau de disfagia acontece quando há ligeira estase pós-
deglutição com menos de três tentativas de propulsão para limpeza do bolus, ausência
de regurgitação nasal e penetração laríngea. A disfagia moderada, para Silva (1997),
citada por Silva et al. (2010), para além das quatro primeiras características do grau
anterior, apresenta tosse antes, durante ou após a deglutição. Para Santoro et al. (2011)
este grau reflete-se uma estase de saliva moderada, maior estase pós-deglutição do que
na fase anterior, com mais de três tentativas de propulsão do bolus, regurgitação nasal,
diminuição da sensibilidade laríngea com penetração no vestíbulo, mas sem aspiração
laringotraqueal. O grau mais grave constitui-se por atraso ou ausência do reflexo de
deglutição, redução na elevação laríngea, ausência de tosse ou presença antes, durante
ou após a deglutição, alteração da qualidade vocal pós-deglutição, deglutição
incompleta e auscultação cervical alterada com alteração respiratória evidente (Silva
1997, citada por Silva et al., 2010). Santoro et al. (2011) salientam a grande estase
salivar, com elevado número de resíduos pós-deglutição, sem propulsão ou com
propulsão fraca, com regurgitação nasal e aspiração traqueal.
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lábios são importantes para definir a inclinação dos dentes incisivos, uma vez que,
quando incompetentes, promovem uma inclinação anterior destes dentes e até uma
localização do lábio inferior entre as arcadas dentárias. O movimento dos lábios é
realizado com muitos músculos da expressão facial (Seeley et al., 1997), sendo o
orbicular dos lábios o principal músculo que o compõe (Standring, 2006). A enervação
é, no lábio superior, da responsabilidade do ramo labial superior do nervo infraorbitário
e, no lábio inferior, do ramo mentoniano da divisão mandibular do trigémeo (Standring,
2006). Relativamente à região malar, Seeley et al. (1997) refere que é constituída pelo
músculo bucinador, que ajuda a mantê-la contra os dentes, e pela almofada adiposa. A
função dos lábios e da região malar na mastigação é de manipular e manter os alimentos
na posição certa, enquanto os dentes os esmagam e desfazem.
Após estas duas estruturas está o vestíbulo oral que, quando as arcadas dentárias
estão ocluídas, apenas comunica com a cavidade oral propriamente dita através do
espaço existente posteriormente ao último molar. De seguida, a delimitar a cavidade
oral propriamente dita, estão as duas arcadas dentárias, que num adulto normal devem
conter 32 dentes, 16 na arcada superior ou maxilar e 16 na inferior ou mandibular, que
contactam entre si através das cúspides dos dentes. A sua distribuição é simétrica e,
assim, dividida em quatro quadrantes: superior direito, superior esquerdo, inferior
direito e inferior esquerdo. Em cada um existem dois dentes incisivos, um canino, dois
pré-molares e três molares (Seeley et al., 1997; Standring, 2006). Os dentes têm como
papel principal a mastigação (Seeley et al., 1997).
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língua apresenta um sulco medial longitudinal na sua mucosa dorsal, que é coberta pelas
papilas filiformes, fungiformes e circunvaladas.
Relativamente à função da língua para a deglutição o mesmo autor sugere que este
órgão movimenta os alimentos dentro da cavidade oral, mantendo-os na posição correta
durante a mastigação, em conjunto com os lábios e as gengivas, permitindo, também, a
sensação de paladar. No momento da deglutição a língua empurra o bolus contra o
palato duro, propulsionando-o para a parede posterior da boca e para a orofaringe.
Constitui, assim, um elemento fundamental para a fase oral da deglutição.
Imediatamente acima da língua encontra-se o palato, que tem uma parte óssea,
anterior, que se denomina palato duro e uma parte posterior não óssea, denominada
palato mole ou véu palatino (Seeley et al., 1997). O palato duro é formado pelos
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processos palatinos da maxila e por placas horizontais dos ossos palatinos (Standring,
2006) e o seu revestimento é de uma mucosa espessa, que, por sua vez, é revestida de
epitélio escamoso estratificado queratinizado. Esta parte do palato é enervada pelos
ramos palatino e nasopalatino do nervo maxilar. Já o palato mole é uma prega de
mucosa espessa (Standring, 2006), constituída por músculo esquelético e por tecido
conjuntivo. No seu bordo posterior apresenta uma projeção, constituindo a úvula
(Seeley et al., 1997), que dá continuidade à base da cavidade nasal. O palato mole é
encerrado por uma aponevrose, e constituído por tecido muscular, vasos, nervos, tecidos
linfóides e glândulas mucosas e constitui a fronteira entre a cavidade oral e a faringe.
Associado ao palato mole estão as aponevroses palatinas e os pilares das amígdalas. Os
primeiros fortalecem o palato mole e localizam-se imediatamente após o palato duro. Os
pilares constituem a parede lateral da orofaringe e caracterizam-se por pregas
proeminentes anteriores (arco palatoglosso, que, como o nome indica, liga o palato à
língua) e posteriores (arco palatofaríngeo, ou pilar posterior, que liga o palato à faringe).
O palato mole é enervado, essencialmente, pelo nervo palatino menor, mas também tem
uma contribuição do nervo petroso maior e do nervo glossofaríngeo. Entre os dois arcos
encontram-se as amígdalas palatinas (Standring, 2006). A função do palato na
deglutição é impedir que o bolus penetre na cavidade nasal (Seeley et al., 1997).
Ainda na cavidade oral existem as glândulas salivares que estão dividas em três
grandes pares de glândulas multicelulares: parótidas (localizadas ao lado do ouvido),
submaxilares (na região submandibular) e as sublinguais (que, como o nome indica,
localizam-se abaixo da língua). Contudo, existem outras glândulas distribuídas pela
cavidade oral. Estas glândulas têm como objetivo libertar secreções (Seeley et al.,
1997), através dos ductos (canais que ligam à cavidade oral) (Standring, 2006) que
permitem manter a cavidade oral e o bolus lubrificados, e iniciar o processo de digestão
(Seeley et al., 1997), através da segregação das enzimas digestivas. Ainda de acordo
com o mesmo autor, as secreções da cavidade oral, isto é, a saliva, são de extrema
importância. Para além das funções já descritas, a saliva lava a cavidade oral,
prevenindo a infeção bacteriana da boca. Quando existe uma diminuição desta secreção
há um aumento da probabilidade de ulceração, infeção da mucosa oral e cáries
dentárias. A estimulação da saliva é realizada pelo sistema nervoso simpático e
parassimpático essencialmente através das fibras parassimpáticas dos nervos facial e
glossofaríngeo, que são pares cranianos, a partir de diversos estímulos, tais como,
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Para além da cavidade oral, a fase oral da deglutição depende dos músculos da
mastigação, nomeadamente, os músculos pares que permitem o movimento mandibular,
a saber: temporal, masseter, pterigóideos lateral e externo. O músculo temporal tem a
função de elevar (fechando) e retrair a mandíbula. É enervado pelo ramo mandibular do
nervo trigémeo. O masseter eleva e projeta a mandíbula e é enervado pela terceira
divisão mandibular do nervo trigémeo. Já os pterigóideos projetam a mandíbula, o
externo também a deprime (abrindo-a) e o interno eleva-a. Ambos são enervados pela
mesma divisão do trigémeo. Todos os movimentos realizados por estes músculos
permitem rasgar, esmagar e triturar os alimentos (Seeley et al., 1997).
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Como a faringe, também a laringe é muito importante na segunda fase, visto ser
responsável pela proteção das vias aéreas superiores. A anatomia desta estrutura é
complexa, uma vez que tem vários músculos, cartilagens, ligamentos e o osso hióide.
As funções da laringe são a de proteção (que será referida mais à frente neste capítulo),
respiração e fonação (Marchesan, 2004). Nela incluem-se as cartilagens tiróide,
cricóide, aritnóides, cuneiformes, corniculadas e epiglote, os músculos intrínsecos
(aritenóideo oblíquo, músculo ariepiglótico, cricotiróideo, tiroaritnóideo,
cricoaritnóideo lateral, cricoaritnóideo posterior, interaritnóideo, tiroepiglótico), os
ligamentos tirohióideo e cricotiróideo (Standring, 2006). A cartilagem tiróide é ímpar e
é a maior e com localização mais superior incluída na laringe (Seeley et al., 1997). Logo
abaixo está a cartilagem cricóide, que tem a forma de um anel e constitui a base da
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laringe e das restantes cartilagens (Seeley et al., 1997; Standring, 2006). De acordo com
Standring (2006), esta cartilagem é mais espessa e mais forte que a cartilagem tiróidea.
A última cartilagem ímpar e singular existente na laringe é a epiglote, já mencionada
por estar em contacto com a língua, que serve de “tampa” para fechar a laringe durante
a deglutição (Seeley et al., 1997; Standring, 2006). Localiza-se acima da glote (espaço
existente entre as pregas vocais) e está ligada à cartilagem tiróidea. A sua constituição
distingue-se das demais cartilagens por ser elástica e não cartilagem hialina (Seeley et
al., 1997). As restantes cartilagens (aritnóides, corniculadas e cuneiformes) são pares e
localizam-se no bordo póstero-superior da cricóide (Seeley et al., 1997; Standring,
2006). Entre as cartilagens aritnóides e a tiróide estão dois pares de ligamentos: as
pregas ventriculares ou falsas cordas vocais (mais superiormente) e as pregas vocais ou
verdadeiras cordas vocais (mais inferiormente). Tal como a epiglote, estas pregas têm
uma ação muito importante na proteção das vias aéreas durante a deglutição (Seeley et
al., 1997). A laringe, juntamente com a traqueia (localizada inferiormente), estão
suspensas no pescoço pela musculatura supra-hióidea (superior e anterior ao osso
hióide, nomeadamente, o milohióideo, geniohióideo, digástrico e tiro-hióideo). A
delimitação da laringe é feita, superiormente, pela epiglote e, inferiormente, pela
traqueia. Ainda relativamente à anatomia desta estrutura importa localizar o vestíbulo
laríngeo, que se encontra entre a face laríngea da epiglote (superiormente) e entre as
cartilagens tiróides e suas demais estruturas (lateralmente) (Marchesan, 2004).
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fase faríngea e fase esofágica (Logemann, 1998; Marchesan, 2004; Oda & Chiappetta,
2006). Alguns autores (Seeley et al., 1997; Standring, 2006; Yamadura et al., 2010) não
distinguem as primeiras duas fases, denominando-as apenas por fase oral ou fase
cefálica. Assim sendo, Yamadura et al. (2010) referem-se à fase oral, como a fase da
formação do bolo alimentar na cavidade oral e na ejeção do mesmo para a faringe,
desencadeando o reflexo de deglutição, que se caracteriza por uma sequência de eventos
viscerais.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
estão abertas. Durante esta fase, a faringe e a laringe estão em repouso (Logemann
1998). No fim desta fase, o bolus é colocado sobre a língua, abaixo do palato duro para
dar início à deglutição voluntária e, assim, à fase seguinte: fase oral propriamente dita
(Marchesan, 2004). O tempo que o bolus deve permanecer na cavidade oral é calculado
para 10 a 20 segundos (Seeley et al., 1997).
A fase oral propriamente dita inicia com propulsão do bolus pela língua que
desencadeia o reflexo de deglutição. Nesta fase o ápex da língua encosta-se nos alvéolos
dos incisivos superiores e o dorso acomoda o bolo (Marchesan, 2004) e inicia
movimentos posteriores para a sua propulsão, conduzindo o bolus para a orofaringe
(Logemann, 1998, 2007; Oda & Chiappetta, 2006). Neste momento, o palato mole
eleva-se para impedir a passagem do bolus para a nasofaringe. Continua a ser uma fase
voluntária (Marchesan, 2004; Oda & Chiappetta, 2006). Porém quando se trata da
deglutição de saliva considera-se automática, visto que também ocorre durante o sono
(Marchesan, 2004). Alguns autores defendem que a propulsão do bolus e o reflexo
ocorrem por pressão negativa criada por um ligeiro movimento para o interior e
aumento sequencial da tensão oral (Logemann, 1998, 2007; Oda & Chiappetta, 2006),
para além do encerramento labial (Oda & Chiappetta, 2006). Os músculos envolvidos
nesta fase são o elevador do véu palatino, o tensor do véu e o palatofaríngeo. A duração
desta fase é de menos de um segundo (Marchesan, 2004). Por seu turno, Logemann
(1998) defende que a duração pode chegar ao 1,5 segundo, mas não mais, sendo que
este tempo aumenta proporcionalmente à viscosidade do bolus.
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(Marchesan, 2004). Durante este processo, há uma pausa respiratória, que permite a
proteção das vias aéreas, evitando a aspiração de alimento sólido ou líquido (Camargo
et al., 2010; van der Kruis et al., 2011). De acordo com Martin, Logemann, Shaker e
Dodds (1994), citados por Logemann (1998), esta pausa pode durar cerca de cinco
segundos ou mais, no caso da deglutição de líquido por um copo. A aspiração pode
causar alterações pulmonares que comprometem as provas de endurance e a capacidade
de integrar programas de reabilitação (Duncan et al., 2005; Santamato et al., 2009), por
isso, nesta fase é muito importante haver coordenação entre a respiração e a deglutição
(Oda & Chiappetta, 2006). Neste sentido, há uma relação temporal e fisiológica entre a
respiração e as componentes que estão envolvidas na proteção das vias aéreas durante a
deglutição, podendo estar na base da ocorrência de pneumonia (Terzi et al., 2007),
particularmente, em pacientes integrados em unidades de cuidados intensivos (Camargo
et al., 2010). Ainda durante a elevação laríngea, a porção posterior da língua desce,
mantendo o contacto com a parede posterior da faringe. É após este momento que
ocorre a onda peristáltica descendente (Marchesan, 2004). De acordo com Seeley et al.
(1997), a fase faríngea tem a duração de um a dois segundos. Já Logemann (1998)
considera que a fase dura apenas um segundo ou menos. No seu artigo de 2007, a autora
afirma que este percurso leva cerca de dois a três segundos.
Toda esta fase faríngea é considerada uma resposta reflexa (Steele & Miller,
2010) e involuntária (Oda & Chiappetta, 2006), sendo controlada maioritariamente pelo
hemisfério direito (Hannig, et al., 1989, citados por Teismann, et al., 2011a). Por outro
lado, Marchesan (2004) e Steele e Miller (2010) acreditam que esta fase envolve um
controlo neurológico decorrente do input sensorial e dos nervos sensoriais descendentes.
Este input aferente relativo à deglutição percorre as fibras sensoriais do nervo trigémeo,
do nervo glossofaríngeo (Marchesan, 2004; Seeley et al., 1997; Steele & Miller, 2010)
até ao centro da deglutição na medula, que, consequentemente, gera os potenciais de
ação dos neurónios motores conduzidos pelo trigémeo, glossofaríngeo, vago e espinal
até ao véu palatino e faringe (Seeley et al., 1997). Steele e Miller (2010) acrescentam,
ainda, que o ramo interno do nervo laríngeo superior também integra este input. O
controlo neurológico tem, também, uma componente motora que é da responsabilidade
dos nervos trigémeo, facial, glossofaríngeo, vago e hipoglosso e de algumas
contribuições dos plexos cervicais C1-3 (Marchesan, 2004). A autora descreve
detalhadamente qual a participação de cada par craniano em cada uma das diferentes
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partes da fase faríngea. A fase inicia-se com a participação dos nervos trigémeo, facial e
acessório na deslocação posterior da língua no sentido do palato mole. O movimento
contrário é enervado pelo nervo trigémeo. O mesmo nervo, juntamente com o
glossofaríngeo e o vago, provocam a elevação do palato e a constrição da parede
posterior da faringe e dos constritores faríngeos. Em seguida, dá-se a elevação do osso
hióide e da língua, para a qual são necessários os nervos facial, acessório e plexo espinal
C1-3. No momento da proteção das vias aéreas, em que a epiglote desce e a laringe
eleva, há a participação dos nervos glossofaríngeo e vago. Este último enerva, também,
a abertura do EES, finalizando a fase faríngea. Posteriormente, as estruturas regressam à
sua posição de repouso, sendo que o nervo trigémeo enerva esta ação no palato mole, o
acessório e o C1-3 enervam-na na língua e o glossofaríngeo, o vago e o C1-3 enervam a
reabertura e descida da laringe.
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Por fim, a fase esofágica caracteriza-se pelo trânsito do bolo para o estômago, a
partir de uma onda peristáltica do esófago (Logemann, 1998; Marchesan, 2004;
Standring, 2006), desencadeada pelo plexo intramural, que é estimulado pela presença
de alimento neste tubo, através da estimulação dos recetores tácteis que enviam
impulsos aferentes ao bulbo, através do nervo vago (Seeley et al., 1997). Neste sentido,
a fase esofágica inicia-se no EES (Logemann, 1998; Marchesan, 2004; Oda &
Chiappetta, 2006; Standring, 2006), que abre para a passagem do alimento, e termina na
junção esofagogástrica. O EES é constituído por vários músculos, sendo predominante o
cricofaríngeo (Logemann, 1998; Marchesan, 2004; Standring, 2006), que relaxa à
passagem do alimento (Logemann, 1998; Standring, 2006) e depois retorna ao seu certo
nível de contração de repouso (Logemann, 1998). No entanto, também o músculo
constritor inferior da faringe e as fibras do músculo esofágico proximal são
determinantes (Marchesan, 2004). Posteriormente, a musculatura estriada e lisa do
esófago, inicia uma contração coordenada, que provoca ondas peristálticas prevenindo o
refluxo gastoesofágico (Oda & Chiappetta, 2006). O mesmo autor defende, ainda, que
esta fase tem um controlo do córtex e tronco cerebral. Segundo Seeley et al. (1997), esta
fase tem a duração de apenas cinco a oito segundos e de acordo com Dodds, Hogan,
Reid, Stewart e Arndorfer (1973) e Mandelstam e Lieber (1970), citados por Logemann
(1998), varia entre os oito e os vinte segundos.
Assim como as fases anteriores, também esta fase tem um controlo neurológico
motor e sensorial. O controlo motor é realizado através do nervo vago que estimula os
sinais inibitórios e excitatórios descendentes, que permitem a abertura dos esfíncteres.
Já o controlo sensorial é realizado através do nervo vago (para o peristaltismo) e do
nervo laríngeo recorrente (que enerva a parte inferior do esófago) (Marchesan, 2004).
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faríngea que fica mais afetada, o que significa que há maior risco de aspiração. Se a
lesão for bilateral, as alterações são mais acentuadas (Santini, 2004).
Por outro lado, González-Fernández e Daniels (2008) sugerem que já na fase oral
da deglutição os pacientes com DP apresentam limitações, nomeadamente no que se
refere a um atraso na organização do bolo alimentar e redução dos movimentos de
língua devido à rigidez e bradicinésia características desta patologia e que são fatores
percursores de alterações do funcionamento das estruturas orofaciais durante o processo
de deglutição (Leopold & Kagel, 1996). Ainda na sequência destas características, o
paciente com DP pode apresentar aumento do tempo de trânsito orofaríngeo e
diminuição da mobilidade esofágica (Ali et al., 1996; Bayés-rusiñol et al., 2011;
González-fernández, Prieto-tedejo, Velasco-palacios, Jorge-roldán, & Cubo-delgado,
2010). De um modo mais específico, Bayés-rusiñol et al. (2011) acrescentam que nos
pacientes com esta patologia é frequente encontrarem-se alterações ao nível do
reconhecimento do bolo alimentar na cavidade oral, do seu controlo e dos movimentos
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Teismann, et al. (2011b) salientam que a disfagia é mesmo uma das maiores
alterações dos pacientes com ELA. As alterações encontradas nestas pessoas dependem
da predominância da doença. Nos pacientes com dominância no trato corticobulbar,
geralmente a disfagia reflete-se em: (1) diminuição da mobilidade lingual, o que
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Gonçalves e César (2006) não fazem esta distinção dentro da ELA. No geral, os
autores referem que, citando Yorkston, Miller e Strand (1995), inicialmente as maiores
dificuldades prendem-se com a deglutição de sólidos, o aumento de tempo de refeição e
necessidades de realizar refeições com porções menores. Gonçalves e César (2006, p.
269) continuam, descrevendo que, de um modo geral, os pacientes com ELA
apresentam: “fadiga durante a alimentação, fraqueza oral e faríngea com
comprometimento da movimentação e forças dos órgãos fonoarticuladores 3, escape
extra-oral de saliva, alteração da função respiratória com sinais de fadiga, redução da
loudness4, aumento do tempo de alimentação, perda de peso, redução de elevação
laríngea, risco de aspiração pulmonar.” Também Chiappetta e Oda (203), citados por
Oda e Chiappetta (2006), não fazem distinção dos tipos de ELA. Portanto, referem que,
no geral, estes pacientes apresentam dificuldades no controlo oral do bolus, permitindo
o escape para a faringe devido à diminuição da funcionalidade dos lábios, língua e
bochechas. Esta dificuldade está mais presente quando a deglutição é de um líquido. No
que concerne aos pastosos e sólidos, as alterações mais frequentes são resíduos após a
3
Estruturas oro-faciais que participam na mastigação, deglutição e fala
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Perceção auditiva da intensidade vocal
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deglutição, tanto na cavidade oral como na faringe. Os mesmos autores sugerem que há,
ainda, uma ausência de coordenação entre as várias etapas da deglutição.
Outra doença que pode estar associada à disfagia é a MG, e a disfagia pode
mesmo ser o primeiro e único sintoma da patologia com uma incidência de 30 a 40%
(Carpenter, McDonald, Howard, 1979, citados por Oda & Chiappetta, 2006). A grande
característica desta doença é a elevada fraqueza e fadiga. Esta também se manifesta no
momento da alimentação. É comum estes pacientes sentirem diminuição de tónus, força
e excursão da movimentação da língua e fraqueza facial (Gonçalves & César, 2006).
Neste sentido, o paciente pode iniciar a alimentação sem dificuldades e depois começar
a ficar fraco, afetando os músculos mastigatórios. Outras alterações que se relacionam
com a disfagia na MG são a hipernasalidade com ocorrência de regurgitação nasal,
alterações na fase oral (diminuição do controlo oral, escape anterior de alimento,
resíduos após a deglutição na cavidade oral, escape posterior prévio à deglutição) e na
fase faríngea (resíduos faríngeos e penetração e/ou aspiração laríngea) (Kahrilas, 1994,
citado por Oda & Chiappetta, 2006). Todas estas alterações estão também relacionadas
com a fadiga muscular apresentada pelos pacientes.
No que respeita à EM, como as lesões podem ser em variados locais do cérebro e
afetam múltiplos nervos cranianos, as alterações evidenciadas podem ser muito variadas
(Logemann, 1998). Zanoteli e Oliveira (2006) acrescentam que o comprometimento dos
nervos cranianos pode resultar, entre outras alterações, parésia facial e nevralgia do
trigémeo, que são fatores que interferem a deglutição (como já foi descrito nos
subcapítulos anteriores). Portanto, as alterações da deglutição nestes casos clínicos estão
relacionadas com os pares cranianos alterados, inibindo a sua ação no processo de
deglutição (Logemann, 1998). Em 1983, Logemann, citada por Gonçalves e César
(2006), escreveu que as alterações da deglutição nesta patologia estavam
maioritariamente relacionadas com a diminuição da peristalse faríngea e atraso do
reflexo de deglutição. Num estudo realizado em 1987, por Fabiszak, a maioria dos
pacientes com EM (de um grupo de 150) apresentou atraso do reflexo de deglutição,
diminuição da retração da base da língua e da contração das paredes faríngeas e
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presença de resíduos na valécula. Mais tarde, Kirshner (1989), citado por Gonçalves e
César (2006), concordou com a presença de atraso do reflexo da deglutição e referiu
engasgos com líquidos e estase de sólidos, porém menos frequente. No entanto, estas
características não estão sempre presentes, mesmo nas fases mais avançadas da doença
(Logemann, 1998). Já Yorkston, Miller e Strand (1995), citados por Gonçalves e César
(2006), sugerem que as alterações ocorrem principalmente na fase final da doença,
geralmente associadas ao tremor manual. Gonçalves e César (2006) salientam também
que muitos destes pacientes negam a presença de disfagia orofaríngea, apesar de serem
relatadas alterações pelos familiares. É, ainda, importante salientar que é comum estes
pacientes apresentarem incoordenação motora (Zanoteli & Oliveira, 2006), o que pode
afetar as etapas motoras do processo de deglutição.
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sido eficaz, o autor concluiu que 77 pacientes desenvolveram disfagia entre os graus
zero e dois, apesar de não ter havido episódios de pneumonia de aspiração. Na mesma
linha de pensamento van der Molen et al. (2011) sugerem que a quimioterapia curativa
no cancro de cabeça e pescoço em fase avançada provoca alterações nas estruturas
anatómicas envolvidas na deglutição, bem como na função da deglutição, nutrição e nas
funções do aparelho digestivo em geral e do aparelho respiratório superior, que podem
ser persistentes e severas. De entre as alterações anatomofisiológicas, vários autores
(Eisbruch et al., 2004; Kotz, Costello, Li, & Posner, 2004; Newman et al., 2002; N. P.
Nguyen et al., 2004) afirmam que as mais frequentes são a diminuição da retração de
língua, da elevação laríngea, levando a dificuldades no transporte do bolo, causando
estase e consequente aspiração. Está, ainda, descrita uma elevada incidência de dor,
edema, xerostomia, fibrose com trismo e alterações da mastigação e deglutição. Os
músculos envolvidos no processo da deglutição, muitas vezes, atrofiam por desuso
(Eisbruch et al., 2004), uma vez que muitos destes pacientes já recorreram à SNG antes
do tratamento. Para Eisbruch et al. (2002) e Levendag et al. (2007), as alterações da
deglutição nesta patologia prendem-se com a presença de xerostomia, odinofagia (dor
ao deglutir), mucosite ou fibrose por radiação.
De acordo com McClave (2002), citado por Romero et al. (2010), há também uma
pré-disposição para desenvolver alteração da deglutição em indivíduos com intubação
translaríngea prolongada. É neste sentido que Romero et al. (2010) mencionam a
importância de avaliar a deglutição de todos os pacientes sujeitos a traqueostomia
cirúrgica. Para confirmar estas afirmações e dissociar as consequências da
traqueostomia das consequências neurológicas, estes autores realizaram um estudo em
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Ghidini et al. (2010), no seu artigo, também abordam a avaliação funcional, sendo
constituída pela avaliação da deglutição através da VED e da videofluoroscopia da
deglutição (VFD) e acrescenta, ainda, a avaliação da respiração e do discurso, por
considerar que são funções intervenientes na qualidade de vida destes pacientes.
Também van der Kruis et al. (2011) consideram a avaliação da deglutição através da
VFD.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Neste sentido, vários autores são unânimes no que respeita à equipa envolvida na
elaboração do exame, afirmando que é necessário a presença do otorrinolaringologista e
do terapeuta da fala durante a realização do mesmo (Ghidini et al., 2010; Santoro et al.,
2011; Sordi et al., 2009). O papel do otorrinolaringologista no exame é interpretá-lo do
ponto de vista anatómico e funcional, contribuindo para o estabelecimento do
diagnóstico, enquanto o terapeuta da fala pode sugerir a realização de estratégias
terapêuticas, avaliando a sua eficácia (Sordi et al., 2009).
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Portanto, face ao exposto, Perry e Love (2001), citados por Takahata et al. (2011),
afirmam que vários estudos excluem a avaliação da disfagia orofaríngea em pacientes
inconscientes após AVC, pelo que estas formas de avaliação não se aplicam nestes
pacientes. Este facto deve-se à dificuldade em executar algumas das provas de avaliação
da deglutição.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Watando et al. (2004) sugerem ainda que, para estimular a deglutição deve usar-se
alimentos a uma temperatura diferente à do corpo humano (que varia entre os 30º e os
40ºC). Steele e Miller (2010) no seu estudo falam também da estimulação através do
input sensorial, que conduz a uma estimulação das fibras sensoriais. Entre a estimulação
sensorial podemos encontrar estímulos tácteis, químicos, térmicos e combinados dos
três tipos. Os estímulos tácteis constituem estimulação com pressão leve e pesada,
sopros de ar, diferentes volumes e viscosidades de alimentos. Enquanto os estímulos
químicos incluem água, outras soluções, catiões e aniões. A estimulação sensorial pode,
contudo, ser afetada por vários fatores individuais, nomeadamente os hábitos tabágicos.
Portanto, o clínico que avalia deve verificar qual a estratégia mais indicada para a
intervenção no caso, isto é, se as manobras posturais são suficientes ou há necessidade
de outro tipo de intervenção (Logemann, 2007).
van der Kruis et al. (2011), no estudo que realizaram, referem que muitos
pacientes que apresentam disfagia orofaríngea têm melhorias quando se estimula a
mobilização do osso hióide. Uma técnica que melhora esta mobilização é a deglutição
supersupraglótica. No que se refere às manobras de intervenção Gonçalves e Vidigal
(2004) sugerem algumas que podem ser testadas durante o exame de VFD. Os autores
dividem-nas em manobras facilitadores, posturais, de proteção e limpeza. Entre as
manobras posturais estão descritas: cabeça rebaixada, cabeça para trás, cabeça virada
para o lado comprometido, cabeça virada e abaixada, cabeça inclinada para o lado não
comprometido e inclinação corporal lateral ou para trás. Estas manobras, como
voluntárias, são pouco eficazes em pacientes com problemas mentais, cujo estado
cognitivo está rebaixado. O seu principal contributo é direcionar o bolus para o canal
adequado (Logemann, 2007).
Welch et al. (1993), citados por Gonçalves e Vidigal (2004) e por Furkim (2004),
e Logemann (2007) descreveram que a manobra de cabeça abaixada estreita a entrada
da via aérea, empurrando a base da língua e a epiglote para trás, no sentido da parede
posterior da faringe (Welch et al. (1993), citados por Gonçalves e Vidigal (2004) e por
(Furkim, 2004). Gonçalves e Vidigal (2004) acrescentam que estas modificações
permitem um aumento do espaço valecular, dando mais tempo para desencadear o
reflexo de deglutição e impedindo a entrada de alimento na via aérea inferior. O
abaixamento da cabeça é indicado para pacientes com atraso no disparo do reflexo
faríngeo e com fechamento laríngeo durante a deglutição pouco eficiente. É
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A manobra de cabeça para trás foi descrita por Logemann (1998) por facilitar o
movimento gravitacional do bolus em direção à faringe, diminuindo o tempo de trânsito
oral (Logemann, 1983, citados por (Logemann, 2007). Está indicada para pacientes com
diminuição do controlo de língua ou com remoção parcial de língua e contraindicada
para pacientes com diminuição do controlo oral do bolus (Gonçalves & Vidigal, 2004;
Logemann, 1998). Pode ainda ser complementada com a manobra de cabeça abaixada,
de acordo com a necessidade do paciente (Furkim, 2004; Gonçalves & Vidigal, 2004)
ou com a manobra supraglótica para proteger as vias aéreas.
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sucessivas. Esta manobra tem a contraindicação de não poder ser usada em pacientes
com refluxo gastroesofágico ou outro problema gástrico ou esofágico, devido ao retorno
de alimento para a faringe (Gonçalves & Vidigal, 2004).
As manobras posturais podem, no entanto, não ser eficazes, quando, por exemplo,
o problema do paciente é na fase oral. Nestes casos trata-se de uma alteração sensorial
que deve ser melhorada com diferentes tipos de texturas e características do alimento
(Logemann, 2007).
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
aritnóide (Gonçalves & Vidigal, 2004). Esta manobra provoca um apertamento da via
aérea (Logemann, 2007).
Por fim, as manobras voluntárias de limpeza dos recessos faríngeos são: (1)
intercalar deglutição de sólidos com líquidos (mais usada em pacientes cuja deglutição
de saliva não cumpre a sua função de limpar a faringe após a deglutição); (2) deglutição
com esforço (que aumenta o movimento posterior da base da língua, permitindo uma
melhor limpeza valecular); (3) deglutições múltiplas (consiste em deglutir várias vezes
consecutivas, que aumenta a abertura do segmento faringoesofágico); (4) estalos de
lábios protruídos (provoca o estiramento da musculatura facial e do pescoço, movendo
os resíduos na valécula), e deglutição em seguida; (5) lateralização da cabeça (que é
realizada para ambos os lados e associada a posterior deglutição, pois há a
movimentação do bolus presente nos seios piriformes); (6) emissão de fonemas guturais
(que provoca um movimento posterior de língua, como na emissão “ri ri ri”,
favorecendo a limpeza da valécula, pelo que deve deglutir em seguida); (7) escarro (que
permite fazer uma limpeza das vias aéreas e/ou seios piriformes por força gutural); e (8)
valsalva modificado (que também tem a função de limpar o resíduo existente nos seios
piriformes através das instruções de inclinar a cabeça para trás, insuflar as bochechas e
soprar com esforço e, por fim, deglutir) (Gonçalves & Vidigal, 2004).
Gielow (2004), por seu turno, especifica alguns exercícios para reabilitar a
disfagia decorrente da cirurgia de cabeça e pescoço. Assim quando o cancro se localiza
na cavidade oral, a autora sugere: exercícios envolvendo mobilidade de língua;
movimentação da mandíbula, exercícios de controlo de bolo alimentar, exercícios para
estimular o disparo do reflexo de deglutição, manobras de proteção voluntária das vias
aéreas inferiores, seleção da consistência alimentar, posicionamento do alimento na
cavidade oral, identificação da postura mais adequada e limpeza da faringe após
deglutição.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Destas manobras mencionadas apenas quatro ainda não foram explicadas. Neste
sentido, a tosse voluntária consiste numa manobra de proteção laríngea, uma vez que o
paciente deve tossir após deglutir. A língua entre os dentes implica uma maior contração
dos músculos constritores da faringe e, por isso, é usada em casos de fraqueza, paresia
ou hipotonia dos músculos da faringe. Outra manobra de proteção é a tosse seca, que,
como o próprio nome indica, consiste em deglutir sem alimento após a deglutição, de
modo a limpar os resíduos faríngeos. No que concerne à técnica de valsalva, a autora
descreveu como uma força de contração semelhante à usada na defeção. Esta técnica
permite abrir o EES, promovendo a contração muscular dos grupos adjacentes, mas não
pode ser usada por pacientes com problemas cardíacos, pulmonares ou intestinais.
5
Sistema cujas estruturas estão relacionadas com as funções de fala, respiração, sucção,
mastigação e deglutição.
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com consciência diminuída, onde não é possível a terapia oral, através da aromoterapia.
Apesar de ainda não estar provada a sua eficácia, Ebihara et al. (2006) verificaram que o
uso de óleo de pimenta preta parece ter estimulado o reflexo de deglutição em
estagiários de enfermagem. Através de um estudo de tomografia constatou-se que, com
a aromoterapia, há um aumento do fluxo sanguíneo cerebral no córtex cingulado
anterior do lado direito e no córtex insular do lado esquerdo (Ebihara et al., 2006), onde
se encontram alterações quando há pneumonia de aspiração (Okamura et al., 2004). Por
outro lado, Munakata et al. (2008) concordou, verificando melhores resultados em
idosos e crianças.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Tal como já foi explicado no capítulo anterior, Pinto (2009b) descreve que o papel
do terapeuta da fala nos CP inclui a intervenção em disfagia orofaríngea, pelo que
sugere a existência desta patologia neste âmbito. Porém, apesar de já se evidenciar a
disfagia nos CP em geral, a maioria das vezes fala-se em pacientes com cancro de
cabeça e pescoço, o que não é representativo de toda a população presente nestes
cuidados com disfagia. A etiologia da disfagia em caso de cancro esofágico ou de
cabeça e pescoço, geralmente, relaciona-se com a presença do tumor, a recessão
cirúrgica e as limitações provocadas pela radiação e citotoxicidade (Roe, 2005). Roe et
al. (2007) acrescenta que a disfagia pode associar-se também a outros tipos de cancro, a
saber: pulmonar, mamário, pancreático, colonorrectal e hematológico. No entanto, os
sintomas apresentados pelos indivíduos foram variáveis. Muitos pacientes, por exemplo,
apresentam disfonia, o que pode sugerir uma diminuição da coaptação glótica e
consequente diminuição da proteção da via aérea inferior. Para Langmore, Grillone,
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
De acordo com Pinto (2009b) nos últimos dias de vida, o metabolismo do paciente
fica alterado, aumentando as dificuldades de digestão. O paciente começa, então, a fazer
jejum, que desencadeia a cetonemia (uso de cetonas como fonte energética por parte do
cérebro). Esta, por sua vez, provoca um estado de euforia que proporciona alívio da dor.
Por outro lado, Pessini (2006) refere que a tentativa de forçar o paciente a alimentar-se
por via oral pode desencadear vómitos, seguido de aspiração e até morte. Mesmo os
fluidos intravenosos, que podem ajudar os doentes com desidratação, podem também
causar edema, náusea e dor.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Pode, então, ser considerada a intervenção com terapia direta, tendo sempre em
consideração a fadiga que o indivíduo apresenta (Roe, 2005). É, ainda, necessário
considerar que o paciente pode ter náuseas e vómitos durante a alimentação, pelo que se
deve estar atento para o ajudar a regurgitar se for necessário, isto é, é necessário ter
alguma bacia disponível para apresentar ao paciente no caso de ele precisar (Macmillan
et al., 2000). Por seu turno, Roe (2004) sugere que o objetivo da reabilitação nestes
pacientes prende-se sem a manutenção da função e aumento da independência o maior
tempo possível, aliviando também a sobrecarga sofrida pelos cuidadores.
Para pacientes com disfagia orofaríngea, Leal e Carvalho (2010) sugerem que o
tratamento pode ser por corticoterapia, quando há “compreensão extrínseca” ou
disfunção dos pares cranianos. Quando o problema é um aumento da produção de saliva
que pode conduzir à aspiração, o tratamento pode ser por anticolinérgico. Há ainda
algumas estratégias importantes a ter em atenção no momento da alimentação, a saber:
comer sentado, fazer refeições fracionadas e frequentes, mastigar bem os alimentos e
deglutir devagar, não ingerir alimentos secos e gelatinosos, não fazer extensão de
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
cabeça na deglutição de líquidos, ingerir bebidas com gás durante e após a refeição e
aumentar a ingestão de líquidos.
O clínico deve estar sempre atento aos sinais e sintomas que permitem avaliar a
continuidade ou desistência da terapia tradicional. Deve considerar os seguintes fatores:
queixas de pigarro, tosse, dificuldades de respiração e sonolência persistentes durante o
processo de alimentação, estado mental alterado, alterações no diagnóstico médico,
como surgimento de novas patologias, introdução de novos medicamentos, pneumonias
de aspiração repetidas, perda de peso ou desidratação significativas, que justifique o uso
de alimentação enteral, acúmulo de saliva na região laríngea e dificuldade de proteção
das vias aéreas, e verificação radiológica de dificuldades de deglutição (Langmore et al.,
2009).
De acordo com Waller e Caroline (1996), citados por Leal e Carvalho (2010), no
Handbook of Palliative Care in Cancer, o tratamento da disfagia pode ainda ser
diretamente nos sintomas etiológicos. Neste sentido, os autores consideram o uso dos
seguintes medicamentos/orientações: (1) analgesia +, cetoconazol, fluconazol e
nistatina, para o tratamento da candidíase; (2) dieta mole e abster-se de comidas
quentes, para o tratamento da mucosite pós-quimioterapia; (3) indometacina, para o
tratamento da mucosite posterior a radioterapia; (4) dexametasona, para o tratamento da
inflamação perineural; (5) dexametasona, radioterapia, quimioterapia e stent extensível
de metal, para o tratamento da obstrução mecânica; e (6) redução de secreções,
associada a escopolamina, para o tratamento da obstrução total.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
4. HIPÓTESE DE TRABALHO
Posto isto, como forma de responder a esta questão, serão colocadas as seguintes
hipóteses:
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
5. MATERIAIS E MÉTODOS
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
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A Escala de Coma de Glasgow tem a finalidade de avaliar os doentes com lesões cranianas,
mas é também utilizada para uma grande variedade de doentes neurológicos. O valor total
obtido é o somatório de três escalas: abertura dos olhos, resposta verbal e resposta motora
(Anexo C). Permite, assim, saber qual a capacidade de resposta do utente (Bruegge & Forsyth,
1999).
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
(Santoro et al., 2011) (anexo B). A escolha deste protocolo de avaliação deveu-se ao
facto de já ter sido testado e, consequentemente, publicado, bem como por ter sido
elaborado recentemente, o que sugere que se adequa mais aos parâmetros atuais, é de
simples aplicação, pouco dispendioso e facilmente replicável. É, ainda, um protocolo
bastante completo, do ponto de vista do estudado na literatura, facilitando o diagnóstico
de disfagia. As duas partes utilizadas do protocolo, como já foi mencionado, são
constituídas por uma anamnese e avaliação clínica subjetiva. A anamnese contempla o
registo dos dados clínicos do paciente, tais como diagnósticos, exames, medicação e
outros tratamentos, as dificuldades sentidas e descritas pelo paciente no âmbito da
deglutição e o meio de alimentação de que usufrui. A avaliação consiste na análise dos
seguintes parâmetros: estado geral, linguagem oral, respiração, morfologia e mobilidade
dos órgãos fonoarticuladores, dentição, sensibilidade oral, reflexos, voz, fala e avaliação
de deglutição de saliva e alimento.
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Como tal, será utilizada a classificação proposta por Silva (1997), citada por Silva
et al. (2010, p. 77), que divide a disfagia em três graus de comprometimento,
considerando a avaliação clínica:
A fim de realizar esta investigação será necessário utilizar algum material, a saber:
Protocolo de avaliação
Água engarrafada
Espessante alimentar
Seringas graduadas
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
Estetoscópio neonatal
Oxímetro de pulso
Após a recolha dos dados da amostra, irá proceder-se ao tratamento dos mesmos
através da utilização do programa de análise estatístico SPSS 21.0 (Statistical Package
for the Social Sciences). Para a caracterização da amostra e cálculo da prevalência das
variáveis, será utilizada a estatística descritiva. A única medida de tendência central
calculada nesta investigação é a moda, uma vez que é o valor que ocorre mais
frequentemente. A fim de relacionar as variáveis com os dados sociodemográficos,
serão calculados os respetivos coeficientes de correlação. Como a distribuição dos
valores não se realiza normalmente, de forma simétrica, numa curva tipo sino, o nível
de mensuração das variáveis desta investigação é nominal, pelo que os testes estatísticos
utilizados serão testes não-paramétricos, nomeadamente, o teste do qui-quadrado e o
coeficiente . (Levin & Fox, 2009; Ribeiro, 2010).
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2013 2014
Trimestres
Interpretar os resultados
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
É com este propósito que o presente trabalho é pertinente. Partindo dos resultados
deste estudo, será possível conhecer melhor algumas das necessidades destes pacientes e
assim melhorar a sua qualidade de vida. Esta melhoria não se deve apenas ao facto da
melhoria da deglutição ser impactante na qualidade de vida, mas também porque
permite aos cuidadores conhecerem cada vez melhor os sintomas presentes nestes
pacientes e, assim, promover uma intervenção mais especializada.
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Prevalência de disfagia orofaríngea em adultos integrados em UCPs, por causas neurológicas e/ou CCP
A realização deste trabalho está proposta para dois anos, tendo tempo para pedir
autorização às instituições e aos pacientes envolvidos e para proceder à recolha dos
dados. Esta é realizada nas UCPs em que os participantes estão integrados.
Este estudo apresenta, ainda, algumas limitações, referentes aos escassos recursos
materiais, que não permitem uma investigação completa da deglutição, isto é, a ausência
de VED. Este exame permite a observação direta da anatomofisiologia da fase faríngea
da deglutição, mas requer a utilização de material específico de difícil transporte e
acesso nas UCPs.
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104
ANEXOS
ANEXO A
4 Abertura espontânea
1 Ausência de abertura
1 Ausência de resposta
6 Obedece a instruções
1 Ausência de resposta
Fonte: Bruegge, M. V., & Forsyth, L. W. (1999). Intervenções junto de pessoas com traumatismo,
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- Edições Técnicas e Científicas, Lda., p. 1927
ANEXO B
II) ANAMNESE
Diagnóstico:
Ambulatório de Origem:
Queixa:
H.P.M.A.:
Medicações:
Hábitos
DEGLUTIÇÃO
1
( ) dor na cavidade oral L / P / S ( ) dificuldade para engolir L / P / S
( ) sialorreia
Consistência……………………………….……….. Quantidade………………………..
( ) alteração do apetite
( ) alteração do paladar
Outros
Alimentação
2) Linguagem Oral
Recetiva:
Expressiva:
2
3) Respiração (modo, tipo e coordenação)
Traqueostomia
4) Órgãos Fonoarticulatórios
4.3. Voz
3
Grau de Alteração 1 discreto 2 moderado 3 grave 4 extremo
Outros
FALA
Inteligibilidade de fala:
PA TA KA (nº pal/seg)
5) Avaliação da Deglutição
5.1. Saliva
Engasgo/tosse: S ( ) N ( )
Voz molhada: S ( ) N( )
5.2. Alimento
4
Consistência Líquido Líquido Engrossado Pastoso Sólido
Quantidade
Utensílio
Tempo Trânsito Oral nl alt nl alt nl alt nl alt nl alt nl alt nl alt
Engasgo/tosse não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Pigarro não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Resíduo em Cavi oral não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Limpeza do resí oral não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Saída de alim por tqt não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Voz molhada não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Sensação de ali parad não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Dispnéia não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Refluxo nasal não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Aumen de secreções não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Manobras Posturais não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Manob. Prote de V.A. não sim não sim não sim não sim não sim não sim não sim
Nº de deglutições
5
( ) disartria ( ) apraxia ( ) afasia ( ) disfonia ( ) disartrofonia ( ) outros:………………
CONDUTA:……………………………….. Avaliador:………………………………………..
Fonte (conforme o original): Santoro, P. P., Furia, C. L. B., Forte, A. P., Lemos, E. M., Garcia, R. I.,
Tavares, R. A., & Imamura, R. (2011). Otolaryngology and speech therapy evaluation in the assessment
of oropharyngeal dysphagia: a combined protocol proposal. Braz J Orothinolaryngol, 77(2), 201–213.
6
ANEXO C
BIOÉTICA
Código ID: ______________
Data: _____/_____/________
Estado civil:
Solteiro(a) Divorciado(a) ou separado(a)
Habilitações académicas:
9.º ano Mestrado
Licenciatura
Profissão: ___________________________________________