A Fórmula de Um Assassino
A Fórmula de Um Assassino
A Fórmula de Um Assassino
A Fórmula de
Um Assassino
Caccá Leal
Informações
É uma tragicomédia dividida em três cenas. A cobiça e a sede de dinheiro podem cegar as pessoas
deixando-as totalmente frágeis. Foi escrita em 2006 e esta é a segunda versão revisada.
Billy Fernandes é um empresário que é assassinado na poltrona de sua sala. Então Joana, a viúva,
prefere que a investigação da morte dele seja sigilosa e recebe a opinião do advogado do marido para
contratar uma pessoa qualificada para investigar o caso. Só que a detetive além de estranha coloca em
dúvida vários fatores, a começar por sua verdadeira identidade. Quando ela começa a interrogar os
possíveis suspeitos de terem matado o empresário, as revelações que ninguém imagina começam a
surgir criando um leve clima de suspense. Porém a presença da empregada Ana quebra em alguns
momentos o clima de mistério com seu jeito atrapalhado e afobado, desviando a atenção da platéia que
precisa juntar este quebra-cabeça desde a cena de abertura.
Na cena um, os personagens acabam de chegar do velório e são apresentados para a platéia. Mirella
chega e começa a investigá-los. A viúva quer a todo custo justiça. É colocado em pauta a herança, que
segundo o advogado é apenas em dívidas. O temperamento de Karen e a espontaneidade de Ana
começam a traçar um rumo complexo nas cenas, seguido da serenidade de Erick, da prontidão do
advogado Henry e da gentileza de Alessandra, a fiel secretária de Billy. Mirella se mostra distraída e até
aproveita uma oportunidade para assediar Erick.
Na cena dois, Henry recebe uma misteriosa ligação que o faz mudar a expressão, Mirella percebe essa
mudança, mas não comenta nada, e dá início há uma reunião onde confronta pistas e últimos
acontecimentos antes da morte de Billy e busca uma possível declaração falsa. Júlio, um colega de
trabalho do mesmo departamento de Mirella vem a casa para apimentar a investigação e nessa cena ela
dá mais indícios de que é uma farsante. Karen levanta as primeiras suspeitas dela ser louca e ainda estar
interessada em Erick, o que a deixa furiosa.
Na cena três, logo no início Ana vai embora escondida deixando um bilhete. Também há a revelação de
Mirella, que conta a Joana toda a verdade sobre sua estadia ali, suas intenções e sua verdadeira
identidade. Quando a detetive falsa se declara e ameaça matar Joana e seu irmão, Henry, Erick
acompanhado por Karen e Júlio chegam a tempo de evitarem o pior e a levam para a delegacia, porém a
fórmula do assassino está apenas no início e quem fala a mais pura verdade, pode também estar
mentindo.
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Elenco ( por ordem de entrada em cena)
Billy, 36 anos, marido de Joana, é assassinado na sala de estar, foi um homem determinado e gentil
enquanto vivo. Empresário do ramo de investimentos. Amante de viagens e boas bebidas.
Joana, 32 anos, viúva recentemente, pois seu marido (Billy Fernandes) é assassinado na sala de estar da
casa com veneno num copo de rum, é nervosa, às vezes confusa. Estilosa e convincente.
Erick, 24 anos, irmão de Joana e namorado de Karen, é atencioso, deixa se levar pela namorada. É
descolado e não é fiel.
Ana, 27 anos, empregada de Joana, é meio atrapalhada, e nunca consegue servir café decentemente.
Vive em pé de guerra com a patroa. É destrambelhada e enxerida. E odeia policiais.
Henry, 39 anos, advogado da família Fernandes, é de confiança total, atencioso, mas rude.
Alessandra, 27 anos, secretária file de Billy, sabe bem mais do que aparenta. Não tolera acusações sem
provas. É objetiva e misteriosa.
Mirella/Michele, 26 anos, detetive escolhida por Joana para cuidar do caso de homicídio envolvendo
todos da casa. É uma mulher intrépida e misteriosa, porém atrapalhada também.
Abertura
(As cortinas se abrem e Billy está sentado na poltrona morto. A luz vermelha geral especificando segundo
plano, um clima de suspense, e soa uma voz gravada)
Billy: “O que corre no sangue não é apenas o laço de uma união que se findou, mas é a cobiça que tem
como conseqüência e recompensa, a morte que se conquista”. (apagam-se todas as luzes, deixando um
foco vermelho somente na poltrona com o corpo de Billy, o sino toca três vezes, apaga-se a luz vermelha
e no centro um foco branco em Joana que começa a cantar)
CENA 1
Música: Tema Amor
Composição: Júnior Almeida
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No tempo da maldade/ Eu conheci o amor/ E descobri/ Que o que tinha era nada/ E foi assim/ Na companhia desse amor
Me fiz o que sou/ Uma deusa, uma fada/ Uma fortaleza, uma fábula (...)
(O sino troca três vezes novamente e a luz geral se acende. Entra Erick preocupado)
Erick: Joana, não há mais o que fazer, tente manter a calma, ele nem deve ter sofrido, morreu tão
rapidamente...
Joana: Envenenado?! E nem sofreu? Você só pode estar brincando... (toca campainha, Erick busca com
os olhos Ana) Assim eu não vou me acalmar, mas obrigada pelo apoio.
Erick (gritando): Ana! Você não está ouvindo, tem alguém na porta! Há tempos que venho dizendo pra
arrumar uma empregada mais eficiente... Nunca vi tanta incompetência! (sai para quarto)
Ana: Esse aqui? “A senhora não me deixou ir no velório do patrão” eu decidi ficar aqui em casa fazendo
luto comigo mesma. E o traste? Deixo entrar ou não?
Joana: Ana, não me chame de senhora! Ele já havia avisado que viria e mesmo assim quer deixá-lo lá
fora?
Ana: Bem, eu não recomendo, está um frio de lascar que arrepia até os cabelos, mas se a senhora quiser
que o estrupício fique lá fora tremendo feito vara verde eu bato a porta na cara dele. Quer ver? (vai indo
em direção a porta)
Joana: Ana eu sei que você está abalada pela morte de Billy, e que não vai com a cara do Henry de jeito
nenhum, eu entendo, só não queira começar a ter crises de loucura agora.
Ana: Acho que entendi, vou me segurar (prende o ar, e vai até Henry mandando-o entrar)
Joana: Essa é boa... Agora terei que cuidar das crises da empregada também...
Henry: Joana... Sempre elegante; mesmo com os terríveis acontecimetos. Sinto pela morte de seu
marido, éramos grandes amigos.
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Henry: Notícias sim, boas não. Queria poder poupá-la disto, mas os rumores e boatos caem sobre você,
as evidencias indicam que no momento do ocorrido estariam apenas você e ele na mansão.
Joana: Diga se de passagem que eu seja complicada, nervosa, indelicada... Que eu morria de ciúme pelo
meu marido, mas qual intenção teria eu de matá-lo?
Henry: Em dívidas.
Joana: Como?
Henry: Billy havia investido em ações no exterior e foi recentemente descoberto que se tratava de uma
empresa fantasma infelizmente chegou-se a conclusão de que perdemos o dinheiro aplicado. O
testamento ainda não foi liberado.
Joana: Esse é mais um motivo pelo qual eu não o mataria (tira o óculos), mas e este testamento
bloqueado agora sem motivo... Dr. Olhe pra mim, eu tenho cara de assassina?
Henry (a encara): Claro que não. Nessa situação você é tão vítima quanto ele, mas entenda: Billy foi
encontrado envenenado na poltrona dessa sala, é natural que você seja uma suspeita, não concorda?
Joana: Liguei para “a detetive” que encontrei na agenda de Billy. Disse que passaria por aqui hoje, assim
que pudesse. Eu preciso tanto de ajuda e claro... (campainha toca, Ana atende e vem com Alessandra, a
secretária de Billy, e retorna para cozinha) Preciso de você. Me diga de quanto é essa dívida?
Alessandra: Joana, meus sentimentos. O detetive me ligou e quis alguns documentos para incluir no
inquérito, eu não liguei para avisar porque realmente seria necessário e de qualquer forma, não quis te
importunar...
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Alessandra: No momento não.
Henry: Sem problemas, eu já estava de saída. Nos vemos pela manhã na empresa. Joana. (sai para rua)
Alessandra: Desculpe o mau jeito, mas, eu gostaria de saber, como vai ser daqui em diante, se serei
mantida na minha função, não posso perder o emprego. Não consigo dormir desde ontem...
Joana: Fique tranqüila, meu marido confiava muito em você e sempre deu ótimas referências a seu
respeito.
Alessandra: Sabe Joana, eu tenho um fato estranho pra contar... (A campainha toca, todos aparecem na
sala na expectativa de alguém inesperado, entra Mirella ao som de seu tema)
Música: Tema de Mirella
Composição: Júnior Almeida
“Coro Feminino”
Voluptuosa, mulher maravilha/ Toda suntuosa, é uma armadilha/ Pode ser banida, pode ser fogosa/ Pode ser bandida mas é toda amistosa.
“Solo Mirella”
Eu não tenho medo de morrer/ Também não tenho medo de viver/ Sou feita do silêncio da noite/ Sou veneno, sou bebida
Sou a noite, sou o dia/ Posso ser às vezes quente/ Mas maior parte do tempo sou fria (continua)
Mirella: Imagino que você seja “a viúva”. Estou maravilhada com sua casa, deixo minhas condolências
pela morte de seu marido. Prometo ser concisa.
Joana: É muita gentileza sua comparecer em minha casa. (chama Ana) Ana!
Joana: Traga café. Temos visita. (para Mirella) Como é seu nome mesmo?
Joana (entre risos): Eu sou uma suspeita e todos os mais próximos, claro. Mesmo se soubéssemos o que
tem no testamento não dariam pistas para um possível suspeito.
Mirella: Inclusive o próprio Billy... Afinal, uma empresa que é referencia mundial estar à beira da falência,
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isso poderia deixar qualquer homem louco. Já tenho os relatórios. São bastante complexos... Quem
encontrou o corpo?
Joana: Eu, oh... Foi horrível... Ao notar que Billy nunca voltava para a cama, me levantei e o procurei pela
casa, aquele cheiro de seu charuto ainda pairava no ar quando entrei na sala de estar e... Ele jamais se
mataria... (chora).
(Ana traz o café, serve Erick, Joana, Alessandra e ao servir Mirella derruba sobre ela, que ainda ao beber
nota estar sem açúcar).
Ana: Ai socorro, já estou me vendo amanhã antes do sol espreguiçar com a carteira na porta do
Ministério do Trabalho dando entrada no seguro-desemprego. Eu juro pelo meu décimo terceiro que nem
deu tempo de falar pra senhora que o açúcar estava do outro lado da bandeja. (volta para cozinha
desesperada).
Joana: Desculpe por isso, ela ainda está abalada pela morte de meu marido tanto quanto eu.
Mirella: Não foi nada, já devia ter imaginado. (seca com o guardanapo) preciso saber quem são as
pessoas que tiveram contato com ele nas duas últimas semanas?
Joana: Bom... Eu, meu irmão, Alessandra a secretária dele e o Dr. Henry, que é o advogado da empresa.
Erick: E a empregada, não se esqueça e, aliás, é ela quem cozinha nesta casa. Pra mim, é a culpada.
Mirella: Isso é intrigante. Começo com a empregada, a senhorita poderia chamá-la e nos deixar a sós,
por um tempo?
Joana: Você disse que tinha uma coisa importante pra contar, a melhor pessoa pra isso é a detetive,
fique, aguarde com os outros...
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Ana: Ai meu Deus era só o que faltava, quando não tem mordomo sobra pra empregada. Eu não tenho
culpa de nada, sempre servi ao meu patrão com muita boa vontade. Aliás, D. Joana vive dizendo que não
sirvo pra nada e agora é hora de concordar com ela. (Joana vai para cozinha)
Mirella: Não estou te acusando, são apenas algumas perguntas que quero fazer. (Mirella coloca Ana
sentada numa cadeira) por enquanto, quero apenas conversar...
Ana: Não vai doer? (Mirella acena que não) então está bom, mas se apertar eu grito!
Ana: Ora, muito bem. Toda manhã ele gostava de ter seu café bem quente, com torradas, leite e biscoitos
franceses. Era um homem sensato, muito justo, justíssimo. De vez em quando me chamava aos berros
(sussurrando), aliás, característica de família, creio eu.
Mirella: Entendo. Srta. Ana, o que tem a dizer sobre o crime cometido aqui? (mostrando o local do crime)
Ana: Foi uma terrível experiência... Ver meu patrão morto. Mas não sei dizer quem poderia ter feito isso
(suspira, filosofando) a vida é tão cheia de surpresas, quando pensamos que vamos levar uma vida simples,
um evento acontece e altera todos os planos... Já aconteceu alguma coisa assim com a senhora?
Mirella (em devaneio, mostrando mão esquerda): Eu mencionei que sou casada?
Ana: Isso nem é da minha conta... É tudo que tenho pra falar. Preciso retornar ao meu serviço.
Ana: Eu no lugar dele, com a D. Joana de mulher teria me matado sim! E agora dá licença que eu vou cuidar
da minha vida.
Mirella (sobressalto): Sinta-se a vontade. (recobra o os modos) Pois bem, como secretária você pode ter
informações precisas dos últimos dias de Billy. Caso tenha algo importante para contar peço que não faça
média, sabe que se esconder algo e isso futuramente for descoberto, te complica.
Alessandra: Sei perfeitamente dos meus deveres, estou no segundo ano de Direito.
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Mirella: Interessante... Diga-me, você é daquelas que fantasiam algo com o patrão?
Mirella: Muito compreensível de sua parte, mas a pergunta é sobre “você” ter tido esse desejo.
Alessandra: Claro que não. Respeito a Família e tudo que fizeram por mim até hoje. (muda comportamento)
olha o que tenho pra falar é muito básico, pode ter importância ou não. Ele entrou dois dias antes de morrer
com um pacote no escritório. E não o vi sair de lá com ele. Havia também uma caixa de presente e cá entre
nós, não veio parar aqui com a Joana. Não estou querendo insinuar nada, mas são os únicos fatos que não
tirei da memória.
(entra Erick).
Mirella: Estou investigando o caso da morte de Billy Fernandes. Sou a detetive Mirella Balter.
Karen (se apavora): Detetive? Detesto, me dá arrepios, só de pensar em ter que prestar depoimentos...
(senta) sou uma mulher frágil... Frágil demais, não suporto ter que ser alvo da polícia e ter meu nome como
suspeita de um crime.
Karen (nervosismo) Ora, eu apenas cumprimentava o Billy, era um homem sério e muito trabalhador. Eu
namoro o cunhado dele, e por isso nunca conversei diretamente com... com...
Ana: Mas o que é isso, já não basta o clima de defunto por aqui... Agora essa lesma de jardim de inverno
gritando? Grita mais uma vez que esfrego essa bucha na sua cara!
Karen: É uma pena que você ainda esteja aqui, gosto mais da Mirella do que de você. E tem mais, só me
interesso pelos assuntos de meu namorado, quero sair daqui (vai saindo) Por hoje chega (aos berros)
Chega! (sai furiosa para o quarto).
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Erick: Melhor não. Aproveitando, vai querer fazer perguntas pra mim ?
Ana: Adivinha... A “senhora” acha que ele pode ter alguma ligação com o crime? Porque eu também tenho
um motivo razoável para desconfiar dele. Essa cara que ele tem de burro quando foge pode enganara a D.
Joana que tende a ser feita de tonta, mas eu não.
Mirella: Até agora você estava se negando a conversar, super aflita, e agora resolveu entrar no meio da
nossa conversa, sugiro que saia. (Ana vai para cozinha)
Erick: Desculpe, eu sou Erick, irmão de Joana, Billy nunca me promoveu na empresa mas ele era um grande
homem.
Mirella: Você é um rapaz muito atraente Erick, já deu uma olhada a sua volta para ver como o mundo dá (...)
oportunidades e aventuras... Diferentes?
Mirella: Imaginei que não entenderia (se aproxima sensual) Diga-me, quem poderia ter matado Billy
Fernandes?
Erick: Uma boa pergunta, que tal alguém interessado em sua fortuna?
Mirella: Composta por dívidas? Ele não deixou nenhum bem, está tudo penhorado. (exausta) Preciso
descansar...
Erick: Pode repousar no quarto de hospedes, a casa é grande. Você precisa ir embora? Já é tarde.
Mirella: Não, Joana quer que eu fique até descobrir algo. A situação se complica a cada depoimento, e você
bem que poderia esquecer tudo isso por um momento e pensar naquelas oportunidades ou quem sabe nas
aventuras...
Mirella: Quero que faça um favor pra mim, Erick... Vou te contando no caminho... (eles saem para o quarto,
diminuição de luz em tons de azul, é o fim da primeira noite, em sequência a luz geral branca indicando dia).
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CENA 2
(Ana entra pra fazer sua faxina matutina, liga o rádio e sua música preferida toca)
Música : Gostos e desgostos
Composição: Júnior Almeida
Gosto do bom gosto/ E do gosto da manhã/ Gosto de apreciar/ O sol do meu divã/ Gosto de dizer ao dia
Um bom dia com alegria/ Gosto da simpatia/ Dessa fina brisa fria
Gosto do aroma/ E o frescor de um café/ Só não gosto mesmo/ “as do falecido”/ Das meias sujas com chulé
Queria ser granfina/ Das mais finas e arrasar/ Dar ordens e desordens/ O meu sonho é mandar (continua)
Ana: Mais já cedo, inferno! Se eu ganhasse pra cada vez que abro essa porta, já estava mais rica que a D.
Joana (atende) Ah... É o senhor... (irônica) Que bom que apareceu... Que surpresa agradável...
Ana: Entre e se acomode, ela já deve estar se levantando (Ana continua espanando os móveis).
Henry: Você é uma excelente empregada, manter essa casa limpa deve deixar qualquer um maluco.
Ana: Ah, maluca, o senhor acha que sou maluca, está certo, nem vou discutir, o senhor é Doutor
formado, mas sabe que ontem vi uma reportagem que me fez lembrar o senhor na hora, o jornalista dizia
que o maior erro de quem comete um crime “o que não é o seu caso” é não prestar atenção em volta, de
repente tem alguém observando.
(Joana vem da cozinha e cumprimenta Henry).
Joana: Henry, que bom que você veio, assim a detetive que esta cuidando do caso ganha mais tempo.
Henry: É sempre um prazer imenso colaborar, Billy era um grande cliente e um amigo excepcional. (Joana
dá instruções para Ana se retirar, o telefone de Henry toca) Sim... (tempo) como se chama? Não ouvi nada
sobre o assunto. No jornal de hoje? (se levanta e vai até o jornal, onde vê a foto de Michele e esconde em
seu paletó, Mirella entra)
Mirella: Bom dia, eu estou com sono ainda. (ri, esta comendo uma maça) Você?
Henry: Sou Henry Belardini, advogado de Billy e agora estou dando uma força a Joana.
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Henry: No que posso ajudar?
Mirella: Olhe, isso está deixando a Joana irritada, o humor dela piorou nas últimas horas, serei breve, e
aproveito sua presença para reunir todos onde irei encontrar os possíveis mentirosos. Só um momento, vou
chamar o resto do pessoal...(anima-se) Ah, isso será divertido...(sai feliz).
Henry: Parece que a detetive é meio desequilibrada... Gostaria de saber onde arrumaram essa figura, “deve
ter vindo do hospício”.
(entram todos: Karen e Erick, pelo visto foram tirados a força da cama estão acompanhados por Mirella).
Joana (profunda tristeza): Por favor, Mirella, vamos acabar logo com isso.
Karen(Para Erick): Estou com sede, isso vai demorar um século. (campainha toca)
Karen:Mas...
(Erick fecha a boca de Karen, Ana atende e Henry fica surpresa com a chegada de Alessandra)
Henry: Alessandra?
Mirella: Agora podemos começar. Viram algo de estranho, ou se lembram de um fato que talvez possa
parecer anormal?
Ana: Na última vez que eu vi o patrão, ele carregava um “embrulho”, parecia um presente...
Joana: A agenda!...
Mirella: Não deixa de ser um fato estranho. Mas talvez ele quisesse te poupar de passar a agenda a limpo,
não?
Alessandra: Bem, não era uma agenda. Eu saberia distinguir uma perfeitamente.
Ana: Lembrei que um dia antes dele morrer, ao limpar as gavetas do quarto, não encontrei a arma que ele
guardava sempre no mesmo lugar. Ela ainda não está lá, desapareceu...
Mirella: Ele morreu envenenado, que diferença faria estar ou não uma arma na gaveta?
(Mirella anota tudo atenciosamente.).
Karen (nervosa): Eu lembrei que há umas duas semanas eu o vi numa lanchonete distante dos lugares que
ele costumava freqüentar. Depois de ouvir a historia da agenda, ele carregava um pacote também.
Ana: Improvável. Que cor era? Quantas páginas? Como era a capa?
Mirella: Quem analisa os fatos aqui ainda sou eu. (Ana sorri amarelo, Joana disfarça).
Karen: Alessandra, a impressão que tenho é que você vivia bisbilhotando o que Billy carregava na mão ou
na maleta...
Alessandra: Eu era a secretária dele, quase tudo o que ele levava pra empresa me mostrava, o que ele não
mostrava isso sim era um mistério.
Erick: Nos últimos três dias antes dele morrer ele demorava mais no banho.
(todos o encaram).
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Ana: O chulé dele aumentou também. Andei lavando algumas meias que precisei usar tampão no nariz...
Parece que ele estava sentindo a morte chegar.
(Joana se encolhe de vergonha).
Henry: Na noite anterior ao dia de sua morte, ele perdeu uma partida de sinuca pra mim e bebeu rum puro
sem gelo. Nunca tinha visto isso antes.
Ana (em crise): Imagine, ele detestava beber rum puro, ainda mais sem gelo. Ele só bebia com suco ou
refrigerante, vocês estão ficando doidos.
Henry: Era uma aposta que ele tinha perdido, o que você tem com isso?
Mirella: Os três últimos relatos, não me serviram pra nada, me desculpem. Mais alguma lembrança, srta.
Joana?
Joana: Na manhã que antecedeu o crime, ele estava eufórico, fez tudo diferente de como costumava fazer.
Henry: Silêncio!
Mirella: Pois bem, Sr. Henry, e quanto ao senhor, alguma coisa a declarar? Quando entrei na sala, o senhor
falava ao telefone, e escondeu um jornal no paletó.
Henry: Nada importante. Ia ler o jornal, você entrou e resolvi dar-lhe atenção.
Mirella: Por que o que Erick? (Henry sai para rua, acompanhado de Alessandra)
Mirella: Sou uma detetive. Fui treinada para ver a mentira e eles demonstraram verdade no que falaram.
Joana: Não vi resultado algum até agora, nem sei como estamos. Se está indo bem...
Mirella: Paciência é uma virtude Srta, saiba que já tenho uma carta na manga, estou chegando perto.
Karen:Tenho que te amar muito mesmo, pra ter que aturar certas situações constrangedoras.
Erick: Ah, Karen, não exagere. Existem coisas piores. Entre ser testemunha e a vítima com qual papel você
ficaria?
Karen: Com a de assass(...) (Erick tampa a boca de Karen novamente).(Ana disfarça e vai para o interior da
cozinha).
Mirella: Erick salvou Karen de dizer besteiras duas vezes. Pode ir embora, Karen, você não seria capaz de
matar nem uma mosca tonta.
Mirella (ri): De fato, mas “não tenha tanta certeza assim”. Erick, você pode acompanhar ela se quiser, você
também está dispensado.
(eles saem para o quarto, campainha, Ana atende).
Ana (vem até Joana): Só por Deus, já tem outro homem atrás da senhora D. Joana. Mas não foi nem a
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missa de sétimo dia. Ele disse que é investigador e se chama Júlio.
Joana: Receba-o.
Ana: Mesmo sem ir com a cara dele? (Joana afirma que sim)
(Ana vai e volta com Júlio que encara Mirella e ela tem um sobressalto)
Júlio: Mirella. É um prazer conhecê-la... (olha para Joana) Olá, você deve ser Joana... Prazer, eu sou o Júlio
do departamento de polícia.
Joana: Prazer em conhecê-lo, achei que não mandariam um policial para acompanhar o caso.
Júlio: Claro que não. Estava perto e resolvi fazer uma visita.
Joana: Entendo. Mirella tem me ajudado bastante, está investigando algo por aqui também?
Júlio: Não, sua casa fica a caminho do departamento onde trabalho interinamente analisando provas e
emitindo laudos.
Joana: Vamos deixar vocês a sós, venha Ana. (Ana vai para cozinha, Joana para o quarto, Mirella fica
desconcertada)
Júlio (sempre irônico): Digamos que eu fiquei surpreso quando cheguei ao departamento e vi que o caso que
estava sobre minha mesa havia sido repassado. Estou me certificando de que tudo está correndo bem, que
você está tendo êxito nas investigações. Mas você não deveria estar de férias?
Júlio: Mas que funcionária exemplar. Cancelar férias porque gostou do caso... Digna de honra ao mérito.
Júlio: Acalme-se. Já vou embora. Só queria mesmo ver se você faz um bom trabalho. Você conhecedora das
leis deve saber que um perito criminal tem por obrigação acesso a cena de um crime, eu só quis aproveitar a
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oportunidade para conhecê-la, você sabia que esse seria meu primeiro caso de investigação forense...
Mirella: Isso está me parecendo inveja, você queria estar aqui no meu lugar.
Júlio: Eu já estou satisfeito com suas respostas, até mais. (vai saindo) como já disse, foi um prazer.
Mirella (se contorcendo): Aleluia, vai, vai embora logo, me deixe trabalhar em paz (Joana entra)
Joana: Mirella, com licença, ah ele já se foi? Ia oferecer um café... Enfim, qual a conclusão da sua reunião?
Mirella: Estou entre duas pessoas. Nas próximas duas horas terei certeza.
Joana: Se você diz, bom... Vou decidir o que Ana fará de almoço. (vai para a cozinha)
Mirella(se levantando) Fique a vontade. (olha por todos os lados) Eu vou me entregar naquela banheira
afinal, esta sala está com um clima pesado. (sai, entram Erick e Karen).
Karen: Ela é estranha, não se comporta como os outros. Ela passou a noite aqui, não foi?
Erick: Evidente...
Erick: No quarto de hóspedes, e onde você queria que ela dormisse? No meu quarto?
Erick: Amor, relaxe, ela deve estar passando por algum problema, essa vida de ter que investigar tudo não é
fácil.
Karen: Não mude de assunto Erick, eu não posso suportar a idéia de você ter deixado ela dormir aqui, ora é
só prestar mais atenção... Ela está de olho em você e eu também. (vai saindo para rua)
Erick: Ela está fazendo o trabalho dela amor. Volta aqui...! (saem para rua).
CENA 3
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(Luz branca abaixa e cria-se um fundo com luzes laranja, período da tarde. Ana sai escondida com malas,
deixando um bilhete em cima da mesa)
(Mirella entra e carrega uma pequena bolsa de pano, está segurando um envelope pardo. Coloca ele em
cima da mesa, retira a arma da bolsa e aponta em direção ao local que Joana entra, esta se arrepia toda).
Mirella: Não sabe o quanto esperei por esse momento, vale lembrar que menti só um pouquinho. Seu marido
e eu tínhamos um caso. Convenci ele em passar toda a fortuna em seu nome, e aí mataríamos você,
quando faltou a última parte do plano... Ou seja, te matar, ele desistiu. Isso me deixou muito furiosa.
Mirella: Agora você tem toda fortuna em seu nome. Mas por pouco tempo, você vai assinar esses
documentos, você foi ingênua. Aquela dívida foi uma farsa. Billy tinha que manter a pose já pensou se a
sociedade descobrisse que ele mantinha caso extraconjugal? Ah, você quer saber como passei por detetive
autorizada? (ri). Minha irmã é detetive, e está de férias, nem me chamo Mirella, e sim Michele. Michele
Balter. Ele ficou com medo de você contratar um detetive para segui-lo.
Joana: Você e meu marido compraram a agenda de caso pensado, e trocaram os números, (Michele sorri,
pega a agenda velha e joga no colo de Joana) mudaram os nomes, mesmo que eu ligasse pra outro
detetive, sempre seria você a atender... Bem que a Ana estava desconfiada...
Michele: E falando no diabo, onde esta aquela empregada de araque, se está desconfiada deve morrer
também. Não serve nem pra servir café.
Joana: Foi tudo que você descobriu? Como foi a sensação de ser queimada por café, se eu soubesse teria
eu mesma te queimado inteira.
Joana: Você quer que eu assine (pega os documentos e a caneta, assina) Vou assiná-los.
Michele: Por favor, tenho que matar vocês , já era tempo de você assinar logo mesmo. E Ana que não vem
logo! Ana!
(entram Erick, Henry, Júlio e Karen)
Joana: Ela é uma fraude, se passou pela irmã para roubar a gente.
Henry: Recebi uma ligação sobre isso, não dei importância a princípio, foi por isso que levei o jornal comigo
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havia uma foto dela na primeira página. E essa é a Michele que fugiu do hospício há três meses.
Júlio: Esse caso era pra ser meu, mas foi repassado para Mirella, trabalhamos no mesmo departamento mas
isso não significa que nos vemos. Foi por isso que vim a sua casa mais cedo...
Michele: As roupas dela ficaram ótimas em mim, brinquei de detetive por um bom tempo. Ah, sabe advogado
de merda, (faz pouco caso) o falecido ia me dar uma casa de presente, mas deu tudo errado.
Michele: Não! Tenho saudade dos presentes, jantares em que você achou que ele estava em reuniões,
lembra da viagem a negócios para Nova York? Os negócios eram comigo e em Veneza, Nova York era só
fachada.
Joana (avançando pra cima dela): Desclassificada! (senta e chora) quase nunca jantávamos fora e nunca fui
a Veneza.
Michele: Você quer mais? Ele me deu esta aliança nessa mesma viagem, íamos nos casar... (Henry tampa a
boca dela, e tira a arma dele jogando a Erick, ela morde a mão de Henry e sai correndo, cai).
Erick: Não sei mexer com isso Henry. (Michele deitada ri sem parar, Erick leva a arma para Júlio).
Michele: Não diga. Júlio, porque você não presta concurso pra outra área. Investigação te deixa fechado
naquela sala medíocre... (Henry pega os documentos)
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Michele: Vocês são uns babacas. Quando ele desistiu de matar Joana, fiquei furiosa (senta), mas não o
matei, iria tentar convencê-lo ainda. . Eu o queria vivo. Quem o matou? Sabe que eu não sei...
Júlio: Henry, vamos levá-la logo para a delegacia. (Michele olha para Joana, Erick abraça a irmã)
Henry: Claro, (para Joana) você quer que eu dê um jeito nisso pra você? (Júlio pega os documentos)
Michele: Eu o amava mesmo, ele me completava, me satisfazia, me tornei assim por causa dele. Ele não
morreu. Ele não morreu... Ele vive dentro de mim.
Joana (senta e lê, vencida pelo cansaço): Mas porque isso agora, Por que Ana nos deixaria? Meu Deus o
que há de errado nisso tudo? E meu marido quem matou?
Erick: Calma, ainda vamos descobrir isso. Preciso levar Karen embora, mais tarde eu volto.
Joana: Não demore, preciso reorganizar meus pensamentos. (Erick sai. Então é mostrada a cena de
lembrança em que Henry envenena Billy)
Quando chegou a noite / Eu pensei em desistir / Pensei em não prosseguir / Na minha mente existia um plano a cumprir.
Mas não sou fracassado / Sou valente e faço o que quiser / Penso alto, penso grande / Passo por cima de quem vier.
Mesmo que seja um amigo / O meu melhor amigo / Se tentar me humilhar / Eu posso te matar / “Aceita um copo de rum?” (continua)
Henry: A cena dele morto na poltrona ainda continua gravada na minha memória...
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(acende terceiro foco a direita onde estão Júlio e Michele)
Júlio: Foi um risco muito grande dar essa tarefa pra Michele. Ela quase colocou tudo a perder. Você tinha
que ter tirado os jornais da casa. Está reconhecendo essa foto, sua idiota. Se não fosse o Henry...
Henry: Pessoal, já está assinado, eu já tenho as senhas do banco, é só fazer a divisão do dinheiro. (o
telefone de Henry toca) alô, Alessandra? Sim... Estamos... Mas Alessandra... (desliga) merda, a Alessandra
arrumou um outro cúmplice e disse que era pra gente voltar na casa da Joana que ela está lá nos
esperando, só que não podemos chegar juntos, então façamos assim ... (todos reclamam e blackout)
(Erick entra)
Joana: Só peguei dentro do armário. Estou sem rumo. Pode pegar mais uma garrafa na adega, por favor?
Joana: (Joana recebe uma ligação no celular): Alessandra? Sim, mas... Eles garantiram isso? Um cúmplice,
recém descoberto? Mas que loucura... Sim pode ajudar para descobrir quem matou o Billy, eu te aguardo...
Prepare um café, por favor.(desliga).
Joana: Você não vai acreditar... Alessandra ligou dizendo que havia mais um cúmplice e pediu para o Henry
e o Júlio voltarem inclusive com aquela desequilibrada. Porque ela pode desmascarar o tal cúmplice. Talvez
seria melhor ligar para a polícia. (pega o celular e disca).
Erick: Espere Joana, você mesma disse que ia preferir uma investigação mais sigilosa. Agora que já
sabemos que Michele é uma farsa você vai colocar tudo a perder?
(Joana fica olhando pra ele, desliga o celular).
Joana: Verdade. Mas eu não entendo... (Karen entra assustada) O que foi Karen, por que está assustada?
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Karen: Por nada. Vim atrás do Erick. (abraça ele).
Joana: Não tem problema algum, Alessandra deve chegar logo (Joana está indiferente em relação à
Michele, que está cabisbaixa).
Erick: Bom, eu vou trazer café, não sei por que vocês voltaram... (sai, Karen senta ao lado de Joana
apreensiva).
Joana: Aproveitando, eu quero um novo detetive Júlio. E de preferência um homem, porque são mais
centrados.
Júlio: Faz bem Joana, são seus direitos. (Erick entra com a bandeja e serve a todos e a si mesmo).
Karen: (começa a passar mal): O café não está bom. Está muito amargo (passa mal) gente, está me dando
um aperto na garganta, um calafrio...
Joana: Deve ser difícil aceitar a morte, olhem pra vocês, estão péssimos (para Karen) Karen, o pacote que
você viu na mão do Billy era veneno, não agenda. Era da mesma fonte sigilosa que você comprou o veneno
da bebida. O café que vocês beberam possui o tal veneno e os matará em poucos minutos. A propósito,
você precisa de regime sim.
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(para todos)
Aliás, se saíram muito bem, quase me convenceram da dívida do meu marido. Não se preocupem, quando
esse caso for averiguado verão que vocês se mataram e o caso será arquivado. Afinal tanta grana em jogo.
(para Michele)
Sabe qual é a primeira pergunta que um investigador criminal faz? Onde você estava na hora do crime?
Tenho pena de você, deve ser muito triste terminar os restos de seus anos num sanatório. Não pense que
faço isso por vingança, estou apenas libertando você de tal castigo.
(para Júlio)
Aprendeu a ser investigador de que maneira? Pesquisando no Google? Ou comprou mesmo um distintivo.
Incompetente. Definitivamente... Você foi um trouxa, se deixou iludir por um dinheiro que já estava destinado
a mim.
(para Erick)
Mas de todos você foi minha maior decepção, meu próprio irmão me apunhalando pelas costas. Te acolhi na
minha casa, te coloquei na empresa do meu marido e é assim que me retribui?
(Ana entra).
Ana: Ué, parece que ninguém mais vai querer café por aqui...
Ana: Mas quem disse que eu viria te buscar, vim pegar meu combinado no acordo!
(entra Billy)
Joana: Quando você descobriu o golpe, não me explicou direito, pode agora?
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Billy: Há um ano descobri uma conta secreta dele na Suíça e comecei a investigá-lo. Ele já havia desviado
uma quantia bem alta da empresa, e claro Ana com todo seu faro investigativo acabou descobrindo que ele
fez com que Michele fosse minha amante. E claro você meu amor insistindo tanto, me convenceu a dançar
conforme a música dele. (para Henry) Henry, tem certeza que você prestou atenção se eu bebi da taça
certa? Será que você não se distraiu nenhum momento? Tente recordar...
Joana: Tivemos sorte, não se esqueça. Você podia estar morto realmente. Mas fomos mais rápidos. Trocar
um copo envenenado por outro com soníferos foi muita agilidade sua. A propósito, sobre Veneza não me
falou nada... É para lá que vamos...
Billy: Para onde você quiser meu amor... (se beijam apaixonadamente, mas Ana corta o clima)
Ana: A senhora não está se esquecendo de nada não? (vai saindo) vou esperar no carro.
Joana: Que cabeça a minha... (chama por Alessandra) Alessandra! Pode trazer...!
(Alessandra entra com a jarra de café onde estava o veneno, quando entra e vê todos com repugnância e ao
perceber que Billy está na cena, quase derruba e fica pasma)
Joana: Alessandra, você precisa escolher um lado, ficar indecisa te trouxe o prêmio de pagar pela morte
deles. Você ajudou os dois lados, porém qual conceito você tem sobre ambos? Pedi que me garantisse que
eles retornassem até aqui. Pedi que me trouxesse mais café quando eu te chamasse, essa foi sua última
tarefa. Obrigada. A polícia já está a caminho e suas impressões na jarra que está segurando. Você vai para
a cadeia pela morte de todos. (Alessandra treme e fica sem reação)
“Solo de Alessandra”
Não há dor como a dor da morte/ Não há dor como a dor da sorte
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(Alessandra se vê acuada em meio aos cúmplices que se arrastam em direção a ela, pega a arma que está
na mesa e tenta se defender, mas escolhe atirar em si mesma, todos caem. Black-out, luzes vermelhas se
acendem.)
Fim.
“O autor e o diretor só são bons na medida em que dão margem à grandes interpretações. Mas o ator deve
se conscientizar de que é um Cristo da humanidade; seu talento é muito mais uma condenação do que uma
dádiva”.
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