Prometeu

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O fardo de Prometeu

Rodrigo Pontes

Minha imortalidade é uma dádiva que deve ser protegida a qualquer custo. Por isso
eu me isolei do mundo, mas também por isso agora envio esse pedido de ajuda.
Vocês podem me chamar de Prometeu e, apesar do que diziam, eu sei que fui o
primeiro ser humano a ser curado do envelhecimento. Eu tive que fugir, mas agora
preciso que alguém venha me ajudar. Quando fugi, dirigi por centenas de
quilômetros, subi a serra até onde o carro conseguia ir. Ser imortal me permitiu
maratonar por trilhas esquecidas em indas e vindas trazendo todo o equipamento
até essa caverna esquecida no meio da Chapada que tornou-se meu lar. Vivo aqui,
há décadas, com a mesma aparência de quando tinha vinte e cinco anos. Mas
agora alguém me persegue e eu tenho que sair logo daqui. Tenho medo. Eu não
envelheço, mas posso morrer assassinado como qualquer um. Tenho medo de não
conseguir fugir de quem me persegue e, caso essa catástrofe aconteça, preciso
dizer ao mundo como é ser imortal. Sei que outros me invejam e querem ter um
pequeno lampejo que seja de como é ser eu. Vou enviar minha mensagem ao
mundo antes que o mundo me esqueça.

***

Abrir diário de pesquisa. Assunto. Cura do envelhecimento. Início da nota. Retomo


esse diário pois recebi uma notícia das mais extraordinárias. O Centro de
Monitoramento Multimodal da universidade identificou uma transmissão na antiga
rede de satélites. Era uma mensagem de áudio em uma voz rouca, com um modo
de falar jovial. Era uma mensagem, veja só, do homem imortal. O quão espetacular
não é isso? Eu nunca esqueci esse rumor desde a primeira vez que o escutei no
meu primeiro ano do curso de epistemologia arqueológica. Era algo tido como lenda
e usado, por alguns professores, como exemplo de como não escolher um campo
de pesquisa na área. Eu entendo o lado deles. A nossa faculdade vem ganhando
prestígio nos últimos anos com algumas redescobertas impressionantes. Antes
mesmo da guerra, com a digitalização e a banalização das inteligências artificiais, o
epistemicídio começou a ocorrer sistematicamente. Antigos saberes e tecnologias
perdiam-se quase na mesma medida que novas eram criadas. Isso abriu um mar de
oportunidades para arqueólogos do conhecimento, como eu, mas também para toda
a sorte de pesquisas infrutíferas, sem saída, desperdiçando carreiras inteiras de
pesquisadores em ilusões criadas pela ficção de tempos antigos. O resumo do
argumento dos colegas é que rumores não são suficientes para justificar pesquisas
de epistemo-arqueologia, é preciso evidências concretas, sejam físicas ou digitais.
O que faz sentido. Mas o rumor da cura do envelhecimento era sedutor e, enquanto
racionalmente eu decidi escolher o promissor campo de medicamentos fitoterápicos,
com muitas evidências de que realmente existiram, intimamente, eu sempre sonhei
em ganhar fama por redescobrir a fórmula da juventude eterna, caso ela tenha
existido. Agora, sem que ninguém procurasse, ou sequer esperasse, surge uma
evidência da real existência dessa tecnologia. Mais que isso, uma possível prova
viva. Nesse momento estou a caminho do comitê com um projeto de pesquisa
nesse tópico. Tempos excitantes esse que vivemos!

***

Primeiro eu quero que entendam o motivo de meu ostracismo. O tratamento que me


impediu de envelhecer não foi intencional. Foi um feliz acidente, como a penicilina.
Eu iria fazer um implante biônico nos nervos óticos. Não me lembro mais o motivo
de precisar desse implante, mas isso não importa. O implante não importa. O que
importa é que nos exames pré-operatórios me ofereceram participar de um
tratamento experimental de uma nova droga para controlar a reação do corpo ao
implante. Ao contrário dos tradicionais imunossupressores, que enfraquecem seu
sistema imunológico para que ele não ataque o implante, essa nova droga atuava
apenas no cérebro e convencia seu corpo que não havia nada estranho ali para ser
atacado. Eu aceitei, pois eles cobririam o custo de todo o procedimento e
tratamento. Comecei a tomar a droga duas semanas antes da operação e tudo
ocorreu bem. Bem além do previsto. Por algum efeito colateral imprevisto, a droga
também inibiu os processos de envelhecimento das minhas células. Como que
destinado a isso, eu me tornei imortal por acaso. Eu mesmo só fui notar o efeito uns
bons anos depois, quando eu já passava dos trinta e tantos anos e ainda parecia ter
vinte e cinco. No final, eu acabei nem colocando o implante, mas quando notei o
efeito do tratamento preparatório na minha aparência fui atrás da equipe médica
responsável pelo procedimento. Com eles eu entendi mais do funcionamento da
droga e aprendi que a mesma habilidade não se repetiu em mais ninguém do grupo
de tratamento. O meu caso estava chamando atenção, fui chamado a voltar no dia
seguinte para alguns exames. Quando voltei, três médicos e uma cientista
esperavam por mim. O que despertou minha desconfiança é que todos eles
estavam sendo excessivamente simpáticos comigo. Concordavam com tudo o que
eu falava, faziam um esforço artificial para soarem acolhedores. Isso era evidente
no tom da voz, na postura corporal, nos olhos atentos. Quando a cientista tocou
meu braço gentilmente e sugeriu que talvez fosse melhor eu ficar internado para
mais exames o alarme tocou de vez. Ser único no mundo nunca é impune. Eles
queriam me transformar em uma cobaia. Destrinchar meu corpo, meu DNA, minhas
células, para descobrir o que me tornou imortal. Arranjei uma desculpa e saí
daquele hospital para nunca mais voltar. No mesmo dia eu já sabia que teria que
fugir. Eles tinham meu endereço. Eu precisava me preservar.

***

Abrir diário de pesquisa. Assunto. Cura do envelhecimento. Início da nota. O comitê


rejeitou meu projeto. Babacas! Eu podia ver os risinhos debochados deles enquanto
eu fazia a minha defesa. A argumentação deles é que uma mensagem de áudio
apenas não constitui evidência suficiente para justificar verba de projeto. Eu já vi
pesquisas de sucesso começarem com menos que isso! E é claro que a mensagem
é meio estranha, o homem está isolado há décadas! Eu também ficaria com medo
de qualquer um que chegasse perto de mim a essa altura. É uma reação
perfeitamente normal. Pois bem, irei eu mesmo buscar as evidências. A mensagem
foi triangulada e a localização da origem é suficientemente precisa. É no meio da
Chapada, longe, mas não é muito difícil de chegar não. Nada que alguns dias de
preparo e um bom carro não resolva. Vou ter que tirar a verba da viagem do meu
bolso, mas que seja. Depois eles irão me agradecer. Irão me louvar, isso sim!
Malditos burocratas. Já pedi a licença temporária e prometo a mim mesmo que só
volto quando encontrar esse Prometeu, o homem imortal.
***

A fuga foi às pressas, mas eu me preparei. Comprei equipamentos de


sobrevivência, extrator de água do ar, ferramentas, painéis solares, baterias e,
felizmente, lembrei de comprar um comunicador via satélite para emergências,
como essa que me atinge agora. Coloquei tudo no carro e vim procurar um lugar
ermo no meio do Brasil. Algo precioso que lembrei de levar foi alguns espelhos.
Naquela época eu não tinha certeza que meu envelhecimento seria interrompido
para sempre. Eu precisava acompanhar como minha aparência estaria ao longo dos
anos. Hoje, após décadas me olhando no espelho todo dia, posso garantir que
nenhuma nova ruga se formou, nenhum cabelo branco, nenhuma deterioração da
pele. Não há como ter dúvidas que a cura do envelhecimento foi definitiva e por isso
sou tão categórico ao dizer que sou imortal. Isolado aqui na chapada, posso dizer
que fui feliz. Sempre foi solitário, mas a dádiva que recebi me animava o espírito
toda manhã. Criei uma estrutura de subsistência bastante robusta. Uma horta
abundante. E costumava caçar, apesar de ter cansado dessa parte nos últimos
anos. Tudo ia bem até o dia da tempestade.

***

Novo lembrete. Data. Quando voltar para casa. Recado. Pesquisar jornais
científicos mais abertos à publicação de estudos independentes. Fim do lembrete.
Abrir diário de pesquisa. Assunto. Cura do envelhecimento. Início da nota. Mudança
de planos no prosseguimento da pesquisa. Ter pedido demissão não deve ser um
problema se eu voltar com evidências incontestáveis. O chefe de departamento já
estava rindo de mim no comitê, era óbvio que não ia aprovar minha licença. Quão
burros eles tem que ser para arriscar não fazerem parte da redescoberta da cura do
envelhecimento por causa de uma mísera licença? Acharam que eu estava blefando
quando disse que pediria demissão se não recebesse a licença. Mais uma vez, se
enganaram sobre mim. Eu prefiro assim, para ser honesto. Sem amarras, sem
gente no meu pé. Quando voltar com o Prometeu, as universidades vão brigar para
me ter. Isso se eu não for direto para alguma empresa privada. Hmmm… pode ser
uma boa, hein? Pagam bem mais. Bom, de qualquer modo, essa viagem é um
caminho sem volta. Ou encontro o homem imortal ou eu tô completamente fudido.

***

Foi a pior tempestade de todas as décadas que vivi aqui. Ao meio-dia, anoiteceu.
Nuvens pretas cobriram o céu de horizonte a horizonte. O vento vinha cada vez
mais forte, causava estragos na horta e balançava o poste de madeira que eu fiz
para o painel solar principal. Logo começou a chover. Não houve garoa, de um
segundo para o outro, a água começou a entornar em gotas grossas. O vento era
tão forte que eu podia ver as gotas de chuva serem jogadas de um lado para o outro
em ondas aéreas. Eu observava a horta de longe com a dor resignada de perder
tudo. Eu já estava encharcado com os respingos que o vento trazia para dentro da
caverna quando o chão começou a alagar. Corri para mover tudo que estava no
chão para uma mesa de pedra que havia montado no fundo da caverna justamente
para essas ocasiões. Não era a primeira vez que a caverna alagava uns dedos. Mas
aquela tempestade prometia mais que isso. O estrondo de um trovão inundou a
caverna junto com a luz de seu raio. Minha preocupação foi imediatamente para o
painel solar. Ele seguia inteiro mas, com algum azar, o próximo raio poderia vir nele.
Eu não podia correr o risco de perder a energia. Corri para fora com a ferramenta
para desmontar o painel do poste e o trazer para dentro. Por algum motivo, não tive
forças para subir no poste. Minhas pernas cederam. Estava cansado. O vento era
muito forte. Não conseguia enxergar direito com a chuva. Ao tentar subir pela
terceira vez, escorreguei e caí deitado no chão que era pura lama. Antes que
pudesse me recuperar um raio caiu bem no poste. Uma explosão bateu no meu
corpo caído, nos meus ouvidos, nos meus olhos. Eu sabia o que tinha acontecido,
mas não conseguia enxergar nada. Meus olhos só me transmitiam a escuridão.
Também não ouvia mais o vento ou a chuva, apenas um zunido estático. Arrastei-
me de volta à caverna. Protegido da chuva, fiquei de pé pois a água já estava na
canela. Tateando a parede, cheguei à mesa de pedra no fundo. Me encolhi lá,
cansado. Sem ouvir ou ver nada, lá, entre minhas tralhas, me senti protegido, longe
do perigo da tempestade e adormeci.

***
Abrir diário de pesquisa. Assunto. Cura do envelhecimento. Início da nota. Nada de
muito relevante aconteceu nessas últimas semanas sem novas notas. Teve só a
preparação da viagem e começar a dirigir. Já estou quase chegando. A estrada está
abandonada, mas transitável. Não sabia que ninguém mais morava nessa região.
Não vejo uma cidade desde que subi a serra. Não à toa o homem conseguiu
permanecer décadas sem ser encontrado. Fico me perguntando de onde veio esse
velho que acabou o encontrando, aliás. Estou ouvindo a mensagem repetidamente
nessas últimas horas antes de chegar no ponto indicado pela triangulação. Estou
ansioso para o encontro. Não tenho informação nenhuma sobre sua aparência, mas
imagino que não vá encontrar nenhum outro homem com uma aparência de vinte e
cinco anos morando em uma caverna por aqui.

***

Algumas horas depois acordei de frio. Estava de noite, mas minha visão parecia
estar voltando. Encontrei uma roupa quase seca, vesti, entrei no saco de dormir e
fiquei lá encolhido até adormecer novamente. Acordei só no dia seguinte, com a luz
do sol. Meu olhos demoraram um pouco para se adaptar à claridade, mas fiquei feliz
de notar que havia recuperado a visão. A audição também, apesar de um baixo
zunido ainda se fazer presente. Ouço ele até agora, mas acostumei. Saí da caverna
para verificar o estrago. A horta estava dizimada. Não fosse a pequena cerca, nem
parecia já ter havido algo plantado lá. Era só lama. Mas meu coração despencou ao
olhar para o painel solar. Estava no chão, amassado, queimado, imprestável. Assim
como o poste, que agora era só carvão. Provavelmente passou a noite queimando
em uma fogueira iniciada pelo raio. Toda essa destruição ainda não foi o pior que a
tempestade trouxe. Eu tenho dois painéis auxiliares. São menores, então precisaria
racionar energia, manter o mínimo apenas, como extração de água, refrigeração de
comida e aquecimento no inverno, mas nada que não pudesse lidar. Tinha como me
alimentar até que a horta voltasse a dar sustento também. Pode ter parecido, mas
não foi essa a emergência que me levou a enviar essa mensagem. Algo mais grave
se passa. Eu não pensei nisso na hora, mas acredito que o fogo chamou a atenção
de alguém. Alguém que agora ronda a minha casa e, soturnamente, me persegue.
Eu o vi, de relance, naquele mesmo dia. É um velho horrendo.
***

Abrir diário de pesquisa. Assunto. Cura do envelhecimento. Início da nota. Encontrei


a caverna do Prometeu, mas não o homem. Está tudo em frangalhos, mas é
evidente que ele morava aqui até pouco tempo. O que corrobora a parte da
mensagem que diz que ele estava de saída. Vejo que o painel solar que ele
mencionou realmente está irrecuperável. É bom ver tudo isso. Agora já posso
afirmar aliviado que não tenho nenhuma dúvida da existência desse homem e de
que ele é quem diz ser. Todo o equipamento deixado aqui é tecnologia de muitas
décadas atrás. Coisas obsoletas, fora de linha faz muito tempo. Nem os antiquários
da universidade devem ter acesso a essas coisas, quanto mais um charlatão.
Apenas alguém que realmente vive desde aquela época teria tudo isso. E está tudo
bem usado também. Vejo a tal mesa de pedra. É só uma pedra mais alta. Cheia de
roupa apodrecida e bastante fedida. Esse homem não vivia bem aqui não. Estou
deixando registros visuais de tudo, mas queria deixar anotado um comentário sobre
os espelhos. Eu lembro dele ter mencionado na mensagem, mas não imaginava
algo assim. Tem espelho por todos os lados. Não só espelhos propriamente ditos,
mas toda superfície metálica de todos os equipamentos está exaustivamente polida
para refletir a luz. Quase todo lugar que olho consigo ver meu reflexo. Acredito que
foi a solução desse homem para o isolamento extremo. Não ter contato com
nenhum outro ser humano por décadas cobra seu preço. Essa caverna é uma
tentativa desesperada de ter uma companhia em si mesmo. E explica o medo que
ele teve quando finalmente outro alguém o encontrou.

***

Esse velho covarde passou a me bisbilhotar todos os dias desde a tempestade.


Covarde porque ele não me enfrenta, não fala comigo, não me olha nos olhos. Ele
se esconde e só aparece quando estou distraído. Eu não acho que ele quer me
roubar, porque nunca levou nada meu. Eu acho que ele quer me matar. Eu nunca
consegui enfrentá-lo frente a frente. Eu acabaria com a raça dele e ele sabe disso,
por isso se esgueira nas sombras. Eu o vejo se arrastando em suas pernas
cansadas por trás de mim pelo espelho, mas quando olho para trás ele já sumiu.
Uma manhã eu vi seus olhos no espelho quando ele já estava a centímetros de
mim. Eram olhos esbranquiçados de terror. Pálpebras caídas, manchas por toda a
pele do rosto, decrépito a ponto de eu achar que ele estava se decompondo vivo.
Ele estava tão perto que tentei virar para trás num movimento rápido para agarrá-lo
pelo pescoço, mas escorreguei e caí de joelhos, dando chance para que ele
escapasse novamente. Desde então meus joelhos doem. Eu entendi que não
conseguiria enfrentá-lo e, cedo ou tarde, ele me alcançaria e poria fim à minha vida.
Por isso agora fujo uma segunda vez. Agora, de volta à civilização. Falando nisso, já
está na hora de encerrar a minha mensagem. Finalizarei a transmissão e partirei em
minha jornada de volta à cidade. Meu carro já não funciona há muitos anos, então
não poderei levar o comunicador, nem mesmo as baterias que ele demanda para
funcionar. Mas com esse pedido de ajuda exponho, pela primeira vez, a minha
localização. Busquem-me! Se vivo, encontrem-me no caminho e contarei tudo sobre
minha vida e me colocarei à disposição de quaisquer pesquisas que queiram fazer
comigo. Se morto, é porque o velho horrendo me alcançou e deu cabo de mim.
Nesse caso, também autorizo que estudem meu corpo e torço para que consigam
replicar a cura do envelhecimento em outros. É uma dádiva e um privilégio. Fui feliz
por toda a minha vida como imortal como nunca havia sido antes. Espero que meu
legado seja levar esse presente à humanidade e que nunca mais ninguém precise
se sujeitar à terrível sina de envelhecer.

***

Abrir diário de pesquisa. Assunto. Cura do envelhecimento. Início da nota. Nada do


Prometeu, mas encontrei o velho, ou melhor, o corpo dele. Está morto, mas não faz
muito tempo. Virei seu rosto frio e vi claramente o que assustou Prometeu. É
realmente um velho horrendo. Deve ter passado dos noventa anos. Era raquítico,
diversas feridas na pele por todo o corpo. O cabelo ralo e branco. Seus olhos,
brancos de catarata. Bordeando o olho esquerdo, vi algo escuro e metálico. Com
algum nojo, removi o globo ocular e puxei um implante biônico conectado por fios
aos nervos óticos de ambos os olhos. Pesquisei o modelo, é antigo, de quando os
implantes começaram a usar inteligência artificial em seu software. Quando usada
em implantes óticos, a IA geralmente era para aprimorar a visão, dar visão noturna,
hiper resolução, essas coisas úteis para militares. Mas eu chequei a marca dos
implantes do velho e era uma empresa da indústria de beleza. Cosméticos
tecnológicos, implantes estéticos, coisas assim. O slogan era “Humanidade
aumentada para aumentar sua autoestima”. Não consigo imaginar que tipo de
processamento esse implante fazia em cima da visão do velho que aumentasse sua
autoestima. De qualquer modo, o implante não devia funcionar mais. O processador
estava queimado, provavelmente algum curto-circuito ou uma descarga elétrica o
fritou. Guardei para levar pra universidade, alguém lá deve se interessar. Após a
investigação, não consegui identificar a causa da morte, mas imagino que Prometeu
finalmente conseguiu encará-lo frente a frente e o matou. Na mão do velho, havia
um espelho, mas esse eu deixei lá. Preciso seguir buscando Prometeu.

Biografia

Meu nome é Rodrigo Pontes e sou autor iniciante de ficção especulativa. Meu
primeiro romance é uma ficção científica contemporânea chamado “As
neurofiandeiras de Val”. Também escrevo contos que se alternam entre realismo,
realismo mágico, fantasia e ficção científica.
Você pode ler meus outros contos através da minha página no site Confabulistas,
onde você também encontrará links para a compra do meu livro em formato digital e
físico. Eu não mantenho redes sociais, mas pelo Confabulistas você pode
acompanhar novidades de minha criação literária.

www.confabulistas.com.br/rodrigo-pontes

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