2005 - Conforto Termico, Ovinos, Diferentes Estruturas de Acondicionamento
2005 - Conforto Termico, Ovinos, Diferentes Estruturas de Acondicionamento
2005 - Conforto Termico, Ovinos, Diferentes Estruturas de Acondicionamento
631-635, 2005
Campina Grande, PB, DEAg/UFCG - http://www.agriambi.com.br
Parâmetr os de conf
arâmetros ort
confort o térmico
orto
e fisiológico de ovinos Sant
ovinos Santaa Inês
Inês,, sob
diferentes sistemas de acondicionamento
Francisco M. M. Oliveira1, Renilson T. Dantas2, Dermeval A. Furtado3,
Jose W. B. Nascimento3 & Ariosvaldo N. Medeiros4
1
Freelance. Rua Melões de São Caetano, 185, CEP 58109-440. Campina Grande, PB. Fone: (83) 3339-6060. (Foto)
2
DCA/UFCG. Av. Aprígio Veloso, 882. CEP 58109-930. Campina Grande, PB. Fone: (83) 3310-1201 E-mail:
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3
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4
DZ/UFPB. Campus II da UFPB. Fone: (83) 3362-2504 E-mail: [email protected]
Palavr
alavr as-cha
vras-chave: bioclimatologia, ruminantes, ambiência
as-chav
Par ameter
arameter
ameterss o
off thermal and ph
phyysiological comf ort
comfort
of Santa Inês sheep in different conditioning systems
Abstract: The objetive of this work was to determine physiological and productive parameters
and the thermal comfort indices in “Santa Inês” breed of sheep created in two different shelters,
one being covered with clay tile (TBA) and the other covered with cement fiber tiles (TFC), in the
municipality of São João do Cariri, Paraíba State, Brazil, during the months of August to October
2003. Twenty castrated male sheeps were distributed in individual bays. The environmental
indices analyzed were the temperature and humidity of the black globe index and the thermal
charge of radiation index. The data used were the air temperature, black globe temperature,
relative humidity and wind velocity. The physiological indices reffered were the rectal temperature
(TR) and the respiratory frequency (FR) and the production indices refered were the weight gain,
food conversion and the dry matter consumption. The shelters with TBA and TFC did not present
significant differences in indices of thermal comfort, neither in the morning nor in the evening
periods. There was a little increase in the indices during the evening period. The animals could
maintain a TR within the normal limits and during the evening period the FR was higher than
that in the morning. The production indices did not vary between the systems analyzed and
were considered satisfactory.
Key wor
words
ords
ds: thermal comfort, air temperature, environment
632 F. M. M. Oliveira et al.
Para obtenção da temperatura superficial utilizou-se o entre os turnos manhã e tarde. Segundo a classificação citada
termômetro infravermelho, cujas leituras foram realizadas a cada por Mota (2001) o ambiente, tanto da manhã como o da tarde,
duas horas, das 7 às 17 h, na cabeça, no costado e nas pernas pode ser classificado como regular, já que a situação crítica
dos animais. Os índices produtivos analisados foram: ganho pode ser considerada com a Tgn acima de 35 oC. Essas
de peso total (GPT), ganho de peso diário (GPD), conversão temperaturas foram idênticas às apresentadas por Souza et al.
alimentar (CA) e o consumo de matéria seca (CMS). O GPT foi (2005) que, em trabalhos no sertão paraibano, encontram valores
calculado pela diferença entre o peso final e o peso dos animais médios de Tgn de 24,7 e 32,4 oC para os turnos da manhã e
no inicio do experimento. O GPD foi encontrado dividindo-se o tarde, respectivamente. Os valores encontrados pela manhã
GPT pelo número de dias do experimento. A CA é a relação foram semelhantes aos apresentados por Silva et al. (2004)
entre a quantidade de ração consumida e o ganho de peso mas, no periodo da tarde, foram inferiores aos valores
correspondente. O consumo de matéria seca é a relação entre o encontrados por esses autores.
consumo de matéria seca e o ganho de peso correspondente. Em relação à velocidade do vento, esta não diferiu
O delineamento experimental utilizado para análise da estatisticamente dentro dos sistemas nem dentro dos turnos,
temperatura da telha foi o inteiramente ao acaso, em arranjo ficando esses valores acima da velocidade mínima recomendada
fatorial 2 x 3 x 3 (2 sistemas de acondicionamento, 3 posições por McDowel (1972), que é de 1,9 m s-1, e abaixo da faixa máxima
na face interna e externa do telhado, 3 horários). As análises recomendada.
dos dados obtidas dos índices de conforto térmico, produtivos Observa-se, no que diz respeito à umidade relativa do ar
e fisiológicos, foram realizadas pelo teste t de Student, de acordo (UR) diferença apenas entre os turnos, enquanto no período
com Ferreira (1996). da tarde esteve abaixo do recomendado por Baeta & Souza
(1997), cuja UR deve situar-se entre 40 e 70%. Esses valores
RESULTADOS E DISCUSSÃO foram semelhantes aos encontrados por Souza et al. (2005)
que, em trabalhos no sertão paraibano, descrevem valores
As médias das variáveis ambientais analisadas estão médios de 61,0 e 41,0% de UR, para os turnos da manhã e tarde,
apresentadas na Tabela 1, na qual se observa que nos períodos respectivamente. Os valores de UR, encontrados no período
da manhã e da tarde, a temperatura do ar não apresentou da manhã e no da tarde, foram superiores aos relatados por
diferença significativa (P > 0,05) entre os sistemas mas, sim, Silva et al. (2004) e Santos et al. (2005).
entre o período da manhã e o da tarde, em ambos os sistemas, Analisando-se o ITGU, nota-se que, à semelhança da TA e
a nível de 5% de probabilidade. Analisando-se a temperatura Tgn, tanto no sistema TBA como no TFC, ocorreu diferença
da manhã, nota-se que ela esteve, nos dois sistemas, dentro da significativa a nível de 5% de probabilidade, entre os turnos
zona de conforto térmico, porém no período da tarde a manhã e tarde. Os valores da manhã podem, em ambos os
temperatura esteve nos dois sistemas, fora da zona de sistemas, ser caracterizados como situação de conforto, mas
termoneutralidade sem, no entanto, ultrapassar a temperatura os índices encontrados no período da tarde podem sê-lo como
crítica efetiva superior, que é de 35 °C (Baêta & Sousa, 1997). situação de alerta (Baeta & Sousa, 1997). Os valores
Esses valores foram semelhantes aos encontrados por Souza encontrados no período da manhã foram semelhantes aos
et al. (2005) ou seja, valores dentro da zona de conforto térmico indicados por Silva et al. (1993) e Souza et al. (2005), porém os
no período da manhã e desconforto no período da tarde, embora valores encontrados no período da tarde foram superiores aos
inferiores aos valores indicados por Silva et al. (2004) e Santos mostrados pelo último autor. Comparando-se os valores
et al. (2005) em trabalhos na região semi-árida nordestina. encontrados com os relatados por Silva et al. (2004), em
Com vistas à temperatura do globo negro (Tgn), observa- trabalhos na região semi-árida paraibana, nas épocas quente e
seca, os valores de ITGU, tanto da manhã como da tarde, foram
se, à semelhança da TA, tanto no sistema TBA ou TFC,
inferiores aos relatados pelos autores, de 79,5 e 84,9, para o
diferença significativa a nível de 5% de probabilidade apenas
período da manhã e da tarde, respectivamente.
Vê-se que a CTR apresentou, nos sistemas TBA como no
Tabela 1. Médias* das variáveis ambientais internas, no horário TFC, diferença significativa a nível de 5% de probabilidade
das 9:00 e 15 h, nos dois sistemas de acondicionamento entre os turnos manhã e tarde. Tomando-se por base os valores
térmico da CTR, citados por Rosa (1984), conclui-se que os valores
Sistemas encontrados nos dois sistemas e nos dois horários analisados
Telha de Telha de foram superiores aos recomendados, caracterizando situação
Variáveis ambientais
barro fibrocimento de desconforto térmico, os valores da manhã e os da tarde
Manhã Tarde Manhã Tarde foram superiores aos encontrados por Rosa (1984) e Furtado
Temperatura do ar, oC 25,4 a 29,5 b 25,8 a 31,1 b et al. (2002) em trabalhos com frango de corte, seja em telhas de
Temp. do globo negro, oC 28,8 a 32,4 b 29,6 a 35,6 b barro como de fibrocimento.
Velocidade do vento, m s-1 1,9 a 2,0 a 2,0 a 2,0 a A temperatura média interna das telhas nos diferentes
Umidade relativa UR, % 59,8 a 38,4 b 62,2 a 39,8 b sistemas de acondicionamento térmico, está apresentada na
Índice de temperatura de Tabela 2, na qual se observa que não houve diferença
77,1 a 82,2 b 76,2 a 81,3 b
globo negro e umidade significativa em nível de 5% de probabilidade, entre os dois
-2
Carga térm. radiante, W m 556,9 a 596,0 b 529,8 a 575,9 b tipos de cobertura mas, sim, entre os turnos da manhã e tarde.
*Letras iguais na mesma linha identificam que não houve diferença significativa a nível de 5% de
probabilidade, pelo teste “t” de Student Em todas as situações, a temperatura da superfície interna do
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.9, n.4, p.631-635, 2005
634 F. M. M. Oliveira et al.
Tabela 3. Médias* da temperatura retal (TR) e freqüência Tabela 4. Médias* do ganho de peso total (GPT), ganho de
respiratória (FR) dos ovinos Santa Inês nas duas coberturas: peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e consumo de
telha de barro e telha (TBA) e de fibrocimento (TFC) matéria seca (CMS) dos animais, para os dois sistemas de
Temperatura retal Freqüência Respiratória acondicionamento térmico
Sistemas (oC) (movimentos por min) Sistemas GPT (Kg) GPD (g) CA CMS (%)
Manhã Tarde Manhã Tarde
Telha de barro 7,34 a 0,175 a 7,45 a 4,26 a
Telha de barro 39,3 aA 39,5 aA 42,1 aA 51,3 bA
Telha de fibrocimento 39,5 aA 39,6 aA 44,8 aB 53,9 bA Telha de fibrocimento 7,87 a 0,187 a 8,86 a 4,30 a
* Letras minúsculas iguais nas mesmas colunas e maiúsculas nas linhas, identificam que não houve * Letras iguais na mesma coluna identificam que não houve diferença significativa a nível de 5%
diferença significativa a nível de 5% de probabilidade, pelo teste t de Student de probabilidade, pelo teste “t” de Student
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.9, n.4, p.631-635, 2005
Parâmetros de conforto térmico e fisiológico de ovinos Santa Inês, sob diferentes sistemas 635
Magalhães et al. (2001) trabalhando com o efeito do Furtado, D.A.; Azevedo, P.V.; Azevedo, M.A.; Vieira, L.G.
estresse climático em ovinos, concluíram que animais mantidos Temperatura interna da telha de cimento amianto em aviários
em ambientes parcialmente sombreados apresentaram ganho com e sem pintura na sua face externa. In. Congresso
de peso superior àqueles que receberam radiação direta, Brasileiro de Meteorologia, Foz do Iguaçu, 2003. Anais ....
destacando-se a importância das instalações para alcançar boa Foz de Iguaçu : SBMET, 2003, CD-Rom.
produtividade. A conversão alimentar e o consumo de matéria Furtado, D.A.; Santos J.T.; Nascimento, J.W.B.; Azevedo, M.A.;
seca, também podem ser considerados boa, para ovinos Santa Azevedo, P.V. Temperatura da telha de cimento amianto em
Inês permanecendo, portanto, dentro da média nacional para aviários com diferentes sistemas de acondicionamento. In:
este tipo de animal. Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 31, 2002.
Salvador, Anais ... Salvador: SBEA, 2002. CD-Rom.
CONCLUSÕES Hafez, E.S.E. Reprodução animal. 6.ed. Barueri: Editora Manole
Ltda. 1995. 598p.
1. Os apriscos cobertos com telha de barro foram mais Kolb, E. Fisiologia veterinária. 4.ed. Rio de Janeiro, Guanabara
eficientes na redução da temperatura interna da telha, mas não Koogan. 1987. 1115p.
se mostraram eficientes na redução dos índices de conforto Magalhães, J.A.; Costa, N.L.; Pereira, R.G.A.; Townsend, C.R.
térmico, em nível do centro de massa dos ovinos, que foram Desempenho produtivo e reações fisiológicas de ovinos
semelhantes nos dois galpões, ocorrendo elevação nesses deslanados mantidos sob seringal (Havea brasiliensis).
índices, no período da tarde. Revista Cientifica de Produção Animal, Teresina, v.3, n.1,
2. Os animais conseguiram manter a temperatura retal dentro p.77-82, 2001.
dos limites normais, sendo que aqueles criados no aprisco McDowell, R.G. Improvement of livestock production in war
com telha de fibrocimento apresentaram, no período da tarde, climates. San Francisco: W.H. Freeman and Company, 1972,
771p.
freqüência respiratória superior à dos animais criados no aprisco
Mota. F.S. Climatologia zootécnica. Pelotas: Edição do autor,
com telha de barro.
104p. 2001.
3. O confinamento de ovinos Santa Inês é economicamente
Nääs, I.A. Princípios de conforto térmico na produção animal.
viável na região semi-árida nordestina, já que o ganho de peso São Paulo:Editora Ícone, 1989. 183p.
dos animais foi satisfatório durante o período do experimento. Perez, J.R.O.; Furusho, I.F.; Oliveira, M.V.M. Avaliação do
desenvolvimento de cordeiros Santa Inês e cruzas Texet x
LITERATURA CITADA Santa Inês e Texet x Bergamácia, até o desmame. In: Manejo
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