Caderno de Questoes Cebraspe Multipla Escolha
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PORTUGUESA
Caderno de Questões – Cebraspe
(Múltipla Escolha)
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
LÍNGUA PORTUGUESA
Caderno de Questões – Cebraspe (Múltipla Escolha)
Sumário
Bruno Pilastre
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Caderno de Questões – Cebraspe (Múltipla Escolha)
Bruno Pilastre
Obs.: https://questoes.grancursosonline.com.br/
1. Compreensão e interpretação
129 32%
de textos
2. Equivalência, substituição,
reorganização e transformação de 82 20%
palavras ou trechos do texto
4. Pontuação 31 8%
5. Coesão 26 6%
6. Correção 20 5%
7. Semântica 20 5%
8. Morfossintaxe do período 19 4%
Outros - 3%
Tabela – Top 10 dos conteúdos mais recorrentes de Língua Portuguesa nas provas da banca CEBRASPE nos
anos de 2019, 2020 e 2021
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Gráfico – porcentagem de cada conteúdo de Língua Portuguesa cobrado nas provas da banca CEBRASPE nos
anos de 2019, 2020 e 2021
Obs.: Ah, é bom lembrar que o Gran Cursos oferece um ótimo espaço de diálogo entre nós: o
Fórum de Dúvidas. Nele, você pode registrar uma dúvida, um pedido de esclarecimen-
to, uma observação etc. Faça uso dessa ferramenta, ok? Faça também uso do espaço
de Avaliação do material, apresentando seu elogio/crítica/sugestão. Eu sempre ouço
as demandas dos alunos, e muito do que pude aperfeiçoar neste curso (em relação à
primeira edição) foi resultado da interação com você, candidatoa).
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EXERCÍCIOS
Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades densamente povoadas sejam
um sinal de “excesso de população”, quando de fato é comum, em alguns países, que mais
da metade de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só — enquan-
to existem vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas nas zonas rurais. Até mesmo em
uma sociedade urbana e industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área
são urbanizados — e apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes
maior do que a de todas as grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de fa-
velas densamente povoadas em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de que
o “excesso de população” é a causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da
concentração de pessoas que não conseguem arcar com os custos do transporte ou de um
espaço amplo para viver, mas que, mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefí-
cios de viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado, quando as populações na-
cionais e mundial eram bem menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a popu-
lação urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúr-
bios se desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próxi-
mos, em termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias
físicas sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros
de distância de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que,
vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).
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c) pessoas que não tem condições de arcar com os custos do transporte ou de um espaço
amplo para viver, mas que, mesmo assim, não tem disposição pra dispensar os benefícios de
viver na cidade
d) pessoas que não estão dispostas a arcar com os custos do transporte ou de um espaço
amplo para viver, mas que, mesmo assim, querem usufruir dos benefícios de viver na cidade
e) pessoas que não dão conta de arcar com os custos do transporte ou de um espaço amplo
para viver, nem tão pouco estão dispostas à abrir mão dos benefícios de viver na cidade
Texto 15A2-I
Quando se indaga sobre a diferença entre epidemia e endemia, surge, imediatamente, a
ideia de que a epidemia se caracteriza pela incidência, em curto período de tempo, de grande
número de casos de uma doença, ao passo que a endemia se traduz pelo aparecimento de
menor número de casos ao longo do tempo.
A distinção entre epidemia e endemia não pode ser feita, entretanto, com base apenas na
maior ou menor incidência de determinada enfermidade em uma população. Se o elevado nú-
mero de casos novos e sua rápida difusão constituem a principal característica da epidemia, já
não basta o critério quantitativo para a definição de endemia. O que define o caráter endêmico
de uma doença é o fato de ela ser peculiar a um povo, a um país ou a uma região. A própria
etimologia da palavra endemia denota esse atributo: endemos, em grego clássico, significa
“originário de um país”, “referente a um país”, “encontrado entre os habitantes de um mesmo
país”. Esse entendimento perdura na definição de endemia encontrada nos léxicos especializa-
dos em terminologia médica de várias línguas.
Pandemia, palavra de origem grega, formada com o prefixo neutro pan e pelo morfema de-
mos (povo), foi pela primeira vez empregada por Platão, em seu livro Das Leis. Platão a usou no
sentido genérico, referindo-se a qualquer acontecimento capaz de alcançar toda a população.
Com esse mesmo sentido, foi também utilizada por Aristóteles.
O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia de grandes proporções, que se es-
palha por vários países e por mais de um continente. Exemplo tantas vezes citado é o da gripe
espanhola, que se seguiu à I Guerra Mundial, nos anos de 1918 e 1919, e que causou a morte
de cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo.
Joffre M. de Rezende. Epidemia, endemia, pandemia, epidemiologia. In: Revista de Patologia Tropical, v. 27, n.º
1, p. 153-155, jan.-jun./1998 (com adaptações).
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a) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “línguas” é acentuado porque sua última síla-
ba contém um ditongo crescente átono, ao passo que “países” é acentuado porque sua sílaba
tônica forma um hiato com a vogal da sílaba anterior.
b) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “línguas” é acentuado porque sua última
sílaba contém um ditongo decrescente átono, ao passo que “países” é acentuado porque sua
última sílaba termina com “s”.
c) Ambos os vocábulos são paroxítonos, contudo “línguas” é acentuado porque sua última
sílaba termina com “s”, ao passo que “países” é acentuado porque sua sílaba tônica forma um
hiato com a vogal da sílaba anterior.
d) Ambos os vocábulos são oxítonos, contudo “línguas” é acentuado porque tem três sílabas,
ao passo que “países” é acentuado porque sua sílaba tônica contém um ditongo crescente.
e) Ambos os vocábulos são proparoxítonos, contudo “línguas” é acentuado porque tem duas
sílabas, ao passo que “países” é acentuado porque tem três sílabas.
Texto 5A2-I
Socorro
Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração,
que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido,
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em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.
Alice Ruiz. Socorro, 1986.
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Texto CB3A2BBB
Texto CB1A1AAA
1 Na Idade Média, durante o período feudal, o príncipe era detentor de um poder conhecido
como jus politiae — direito de polícia —, que designava tudo o que era necessário 4 à boa ordem
da sociedade civil sob a autoridade do Estado, em contraposição à boa ordem moral e religio-
sa, de competência exclusiva da autoridade eclesiástica. 7 Atualmente, no Brasil, por meio da
Constituição Federal de 1988, das leis e de outros atos normativos, é conferida aos cidadãos
uma série de direitos, entre os quais 10 os direitos à liberdade e à propriedade, cujo exercício
deve ser compatível com o bem-estar social e com as normas de direito público. Para tanto,
essas normas especificam limitações 13 administrativas à liberdade e à propriedade, de modo
que, a cada restrição de direito individual — expressa ou implícita na norma legal —, correspon-
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Texto 25A1-I
1 Quando Osório Duque-Estrada assumiu, em 1915, a cadeira que fora do poeta sergipano
Sílvio Romero, Coelho Neto reconstituiu uma fala que, supostamente, seria de Romero 4 e que
se refere à poesia popular e ao espírito sertanejo:
Ninguém imagina como eu quero bem a isto, como acho isto bonito! Este sol que não se
cansa de nos dar beleza e 7 fartura e dengue às nossas mulheres, palavra que, às vezes, tenho
vontade de o adorar porque é verdadeiramente um deus! Qual literatura! Se vocês querem po-
esia, mas poesia de 10 verdade, entrem no povo, metam-se por aí, por esses rincões, passem
uma noite no rancho, à beira do fogo, entre violeiros, ouvindo trovas de desafio. Chamem um
cantador sertanejo, um 13 desses caboclos distorcidos, de alpercatas e chapéu de couro, e pe-
çam-lhe uma cantiga. Então sim. Poesia é no povo. Poesia para mim é água em que se refresca
a alma e esses versinhos 16 que por aí andam, muito medidos, podem ser água, mas de chafa-
riz, para banhos mornos em bacia, com sabonete inglês e esponja. Eu, para mim, quero águas
fartas — rio que corra ou 19 mar que estronde. Bacia é para gente mimosa e eu sou caboclo,
filho da natureza, criado ao sol.
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Alexei Bueno. Uma história da poesia brasileira. Rio de Janeiro: Germakoff Casa Editorial, 2007, p. 409 (com
adaptações).
Texto CG1A01BBB
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de consumo de energia elétrica no horário entre dezoito e vinte horas. A redução no consumo
simultâneo, considerando-se os vários usos possíveis, prolonga esse 7 período de maior con-
sumo até as vinte e duas horas, diminuindo o seu valor máximo, chamado de demanda. Esse
fato leva a um menor carregamento de energia nas linhas de 10 transmissão, nas subestações
e nos sistemas de distribuição, reduzindo o risco de não atendimento às cargas no horário de
ponta, em uma época do ano em que o sistema é normalmente 13 submetido às mais severas
condições operacionais, uma vez que esse é um período de grande consumo. A redução da
demanda máxima impacta também a necessidade de novos 16 investimentos em geração e
transmissão de energia elétrica, que diminui.
Assim, a redução dos picos máximos nos horários de 19 demanda por energia, propor-
cionando uma utilização mais uniforme durante o dia, é uma medida de eficiência energética.
Quanto mais uniforme é a utilização da energia nos períodos 22 diário, mensal e anual, mais
bem aproveitados são o sistema elétrico disponível, os recursos energéticos e os naturais.
Nos últimos anos, a redução média da demanda tem 25 se situado em torno de 5% nas
regiões onde foi aplicada a medida. As análises também demonstram que essa redução da de-
manda de ponta tem evitado novos investimentos da ordem 28 de dois bilhões de reais a cada
ano na construção de usinas geradoras de energia. A economia que se obtém no consumo de
energia, cerca de 0,5%, em MWh, é considerada um ganho 31 decorrente, ou marginal, mas não
pode ser desprezado.
Internet: (com adaptações).
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1 Que tipo de gente joga lixo na rua pela janela do carro ou deixa a praia emporcalhada
quando sai? Uma das respostas corretas é: um tipo que está se tornando mais raro. Sim. A
atual 4 geração de adultos foi criança em um tempo em que jogar papel de bala ou caixa vazia
de biscoitos pela janela do carro quase nunca provocava uma bronca paterna. Foi adolescente
7 quando amassar o maço vazio de cigarros e chutá-lo para longe não despertava, na audiên-
cia, nenhuma reação especial, além de um “vai ser perna de pau assim na China”. Chegou à
idade 10 adulta dando como certo que aquelas pessoas de macacão com a sigla do serviço de
limpeza urbana estampada nas costas precisam trabalhar e, por isso, deve contribuir sujando
as ruas. 13 Bem, isso mudou. O espírito do nosso tempo pode não impedir, mas, pelo menos,
não impele mais ninguém com algum grau de conexão com o atual estágio civilizatório da
humanidade a se 16 livrar de detritos em lugares públicos sem que isso tenha um peso, uma
consequência. É feio. É um ato que contraria a ideia tão prevalente da sustentabilidade do
planeta e da preciosidade 19 que são os mananciais de água limpa, as porções de terra não
contaminadas e as golfadas de ar puro. E, no entanto, as pessoas ainda sujam, e muito, as
cidades impunemente.
Veja, 9/3/2011, p. 72-3 (com adaptações).
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O balanço da empresa, que será publicado pela primeira vez, mostrará que 2010 foi um
bom ano para os 10 Correios. O faturamento chegou a R$ 13 bilhões, e a receita líquida, a R$
800 milhões. O resultado positivo ajudará a engordar um caixa robusto, que atualmente conta
com cerca de 13 R$ 4 bilhões livres para investimento. O presidente dos Correios adverte que
os recursos serão utilizados conforme os interesses da empresa e sob regras de governança
típicas de 16 companhias de capital aberto. Lançar-se no mercado, no entanto, está fora de
cogitação.
Correio Braziliense, 20/2/2011 (com adaptações).
Onde mais?
1 A gente não se dá conta, mas existe um outro vício (eu diria: vírus) de linguagem infectan-
do indiscriminadamente brasileiros de todas as idades, sexos e estratos sociais.
Falo do insidioso “onde”. Sim: insidioso. À primeira vista, “onde” parece uma palavra ino-
cente e inofensiva. Mas, sem 4 fazer alarde, o danado do “onde” foi se imiscuindo na nossa
vida, invadindo frases que não lhe dizem respeito e diminuindo consideravelmente as oportuni-
dades de emprego para palavras honestas como “que”, “o qual” e “das quais”.
Todos os momentos em que deveríamos usar “em que”, muitas situações nas quais anti-
gamente se usava “nas quais” e 7 uma série de casos “onde” pedem nada além de um simples
“que”, de repente, viraram momentos “onde”, situações “onde” e casos “onde”. Casos “onde” ?!!
Esse maldito “onde” é ainda mais perigoso, porque, na maioria das vezes, a gente nem nota
que ele está ali, apodrecendo 10 uma frase inteira. Tem vezes “onde” a gente consegue perce-
ber, mas existem construções mais elaboradas “onde” até os ouvidos mais sensíveis acabam
engambelados.
É diferente do irritante “com certeza”, que tem uma melancia pendurada no pescoço e não
esquece de se anunciar a cada 13 aparição. Não é como a praga do gerundismo, que sempre
vai estar chamando a atenção de todos os que não suportam estar ouvindo quem insiste em
estar falando desse jeito. O “onde”, não. O “onde” é discreto. Vai chegar um momento “onde”
você e eu vamos passar a falar assim e vamos achar normal.
16 Confesso que eu não tinha me dado conta do problema até conversar com o professor
Eduardo Martins em seu programa na Rádio Eldorado, o “De palavra em palavra”. (Parênteses.
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Sim, existe ALGUÉM nesse país que leva “Xongas” a sério. E esse alguém é ninguém menos
que o professor Eduardo Martins. Não, leitor, você não precisa mais ler “Xongas” escondido, ou
19 fingindo que está com os olhos no resto da página. O Eduardo Martins também lê! — obri-
gadíssimo pela audiência, Professor.) Depois do programa do professor Eduardo, vi o assunto
sendo discutido no programa de TV do professor Pasquale, e ainda recebi várias newsletters
pela Internet que tocavam no problema do “onde”. Ou seja: os estudiosos já estão há muito
tempo cientes do 22 problema. Agora é preciso envolver o resto da população no combate a
essa epidemia. Aliás, aqui vai uma sugestão à produção da próxima “Casa dos Artistas”: va-
mos fazer da Tiazinha, da Feiticeira e dos Gêmeos os garotos-propaganda de uma campanha
pela erradicação do “com certeza”, do “eu vou estar transferindo a sua ligação” e do “tem casos
onde”. O absurdo maior é que 25 o “onde” está deixando de ser usado justamente nos momen-
tos em que deveria, ou seja, quando é relativo a lugares.
Quase ninguém mais diz “o lugar onde nasci” ou “as cidades onde morei”. Agora é o lugar
“que” eu nasci, as cidades “que” eu morei. Se essa troca de função entre o “onde” e o “que” for
mais longe, aonde (a quê?) vamos parar? Já pensou? Em 28 vez de “a mulher que eu amo”,
você vai dizer “a mulher onde eu amo”. (Às vezes as duas coisas coincidem, mas outras vezes
o objeto do desejo está inacessível ou com enxaqueca.) Mas o pior vai ser quando “por que”
virar “por onde”. “Por que você não foi?” vai virar “Por onde você não foi?”, o que vai suscitar
múltiplas interpretações.
31 Além do que (do onde?), aprender de novo quando o poronde é junto, quando o por onde
é separado e quando o porônde leva acento vai ser complicado demais nessa idade.
Ricardo Freire. Época, 25/12/2001 (com adaptações).
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de acordo social, não, pois são ações animalescas, 13 que deveriam sofrer severa punição.
Sócrates. Na idade da pedra.
In: CartaCapital, “Pênalti”, 6/12/2006, p. 53 (com adaptações).
Texto 1A11-I
1 Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
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Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma 4 peça do (hoje) desconhecido compo-
sitor, junto com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui
podem ser verdadeiros, mas — como se 7 verá — relativos). A plateia, formada por um público
refinado, culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava
com impaciência.
10 Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do
obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos 13 mais sen-
síveis, depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do
teatro, incapazes de suportar música de má qualidade.
16 Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres
em reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.
19 Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto,
os nomes de Pixis e Beethoven...
22 A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e
paixão, e a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
25 Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos
arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.
28 Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de
aplaudir Pixis como se fosse Beethoven. Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis.
In: Para ser escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).
1 Com 97% das crianças alfabetizadas aos sete anos de idade, a rede municipal de educa-
ção pública de Sobral – CE aparece com destaque no mapa do Índice de Desenvolvimento 4
da Educação Básica (IDEB). A cada edição, o município registra avanços — em 2005, chegou a
4 pontos; em 2007, a 4,9; em 2009, a 6,6; em 2011, a 7,3. Ao obter tal pontuação, 7 ultrapassou
a meta final prevista somente para 2021, de 6,1 pontos.
Tais resultados, de acordo com o secretário municipal 10 de educação, constituem a soma
de onze anos de política de alfabetização e de investimentos nas crianças e na formação
continuada de professores da rede de ensino. Em 2001, 48% 13 dos alunos, aos oito anos de
idade, não conseguiam ler palavras. Hoje, 97% dos estudantes, aos sete anos, têm fluência,
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1 Segundo o INMETRO, novas tomadas elétricas passam a ser obrigatórias a partir de 2010
e o Brasil concluirá em 2011 todas as etapas do processo de criação 4 do padrão brasileiro
de plugues e tomadas, que passarão a estar em conformidade com as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
7 A padronização tornou-se obrigatória por meio de uma portaria do instituto publicada em
2000, quando foram estabelecidos diferentes prazos para que os vários 10 segmentos da in-
dústria adotem as novas regras a partir de janeiro de 2010, com todo o processo de conversão
concluído, inclusive por parte do comércio, a partir de julho 13 de 2011, quando os aparelhos
elétricos e eletrônicos à venda terão que estar adaptados.
Segundo o chefe da Divisão de Programa de 16 Avaliação da Conformidade do INMETRO,
Gustavo Kuster, hoje o Brasil tem mais de doze tipos diferentes de plugues e oito de tomadas.
“Essa diversidade toda causa 19 uma série de situações de riscos. A incompatibilidade levava
a que o consumidor adotasse uma série de opções sem qualquer segurança, como lixar o pino
do plugue”.
22 Para ele, o mérito da padronização que está sendo adotada pelo INMETRO é exatamen-
te o aumento da segurança. “A tomada e o plugue, como hoje são feitos, 25 permitem o que
chamamos de inserção parcial. A finalidade da padronização que vem sendo discutida desde
o final da década passada objetiva a segurança”.
Nielmar de Oliveira. Novo padrão de plugues e tomadas chega ao comércio em 2010. I n: Agência Brasil. Internet:
(com adaptações).
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1 Uma crise de paradigmas caracteriza-se como uma mudança conceitual, ou uma mu-
dança de visão de mundo, consequência de uma insatisfação com os modelos 4 anteriormen-
te predominantes de explicação. A crise de paradigmas leva geralmente a uma mudança de
paradigmas, sendo que as mudanças mais radicais consistem em 7 revoluções científicas.
Há causas internas e externas dessas mudanças. As internas são o resultado de desenvolvi-
mentos teóricos e metodológicos dentro de uma mesma teoria e 10 também do esgotamento
dos modelos tradicionais de explicação oferecidos pela própria teoria, o que leva à busca de
alternativas. Causas externas são mudanças na sociedade 13 e na cultura de uma época, que
fazem com que as teorias tradicionais deixem de ser satisfatórias, perdendo assim o poder
explicativo. Devem, portanto, ser substituídas por 16 novas teorias, mais adequadas a essas
ulteriores condições. Frequentemente ambos os tipos de causa vêm juntos em um contexto de
revolução científica. Danilo Marcondes. A crise de paradigmas e o surgimento da modernidade.
In: Zaia Brandão (Org.). A crise dos paradigmas e a educação. São Paulo: Cortez, 1999, p. 15-6 (com adaptações)
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d) No trecho ‘precisam olhar com atenção quando temos chamados de emergência’ (l.28-29),
a substituição do termo ‘quando’ por se manteria a correção gramatical e o sentido do texto.
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e) Nas orações “colaborando com jornais e revistas, participando ativamente dos círculos lite-
rários” (Ll.22-24), ambos os verbos estão empregados sem complemento.
1 “Por que não pensei nisso antes?” Sempre que nos deparamos com essa indagação,
estamos diante de uma idéia criativa. A espontaneidade para solucionar problemas é uma 4
capacidade sempre invejada. Há quem garanta que entrar nesse time seleto é uma questão
de treino e informação. Entre pesquisadores e pessoas reconhecidas pelo caráter inovador, 7
existe um consenso: a criatividade é muito menos divina do que se imagina.
Grandes inovadores, como Leonardo da Vinci e Albert 10 Einstein, parecem raros na atua-
lidade, porque é normal dentro do processo criativo que muitos só sejam reconhecidos depois
de mortos.
13 O processo criativo varia de pessoa a pessoa. Nas artes, por exemplo, a capacidade
de retratar o cotidiano dos fidalgos e plebeus de uma forma original fez de Molière um 16 gê-
nio da comédia. Mozart se destacou pela ousadia de suas composições. Os heterônimos de
Fernando Pessoa renderam obras com diferentes nuanças: do sarcasmo ao lirismo. Todos 19
souberam trabalhar os elementos que tinham à disposição de uma forma que não havia sido
pensada anteriormente.
João Rafael Torres. Revista do Correio, 9/4/2006, p. 23-4 (com adaptações).
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b) Os vocábulos “humana”, “melhores” e “atuais”, todos na linha 17, “injustiça” (l.18), “social”
(l.19) e “amadurecida” (l.20) estão empregados no texto como adjetivos.
c) Na linha 22, a palavra “que” exerce a função gramatical de sujeito de “percebem” e refere-se
a “outras pessoas” (l.21).
d) Os conectores “sobre” (l.38) e “através” (l.39) estão utilizados, respectivamente, com sentido
de a respeito de e por intermédio.
Texto CB1A1-I
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Texto 1A1-I
Não sei quando começou a necessidade de fazer listas, mas posso imaginar nosso ante-
passado mais remoto riscando na parede da caverna, à luz de uma tocha, signos que indica-
vam quanto de alimento havia sido estocado para o inverno que se aproximava ou, como so-
mos competitivos, a relação entre nomes de integrantes da tribo e o número de caças abatidas
por cada um deles.
Se formos propor uma hermenêutica acerca do tema, talvez possamos afirmar que existem
dois tipos de listas: as necessárias e as inúteis. Em muitos casos, dialeticamente, as necessá-
rias tornam-se inúteis e as inúteis, necessárias. Tomemos dois exemplos. Todo mês, enumero
as coisas que faltam na despensa de minha casa antes de me dirigir ao supermercado; essa
lista arrolo na categoria das necessárias. Por outro lado, há pessoas que anotam suas metas
para o ano que se inicia: começar a fazer ginástica, parar de fumar, cortar em definitivo o açú-
car, ser mais solidário, menos intolerante... Essa elenco na categoria das inúteis.
Feitas as compras, a lista do supermercado, necessária, torna-se então inútil. A lista con-
tendo nossos desejos de sermos melhores para nós mesmos e para os outros, embora inútil,
pois dificilmente a cumprimos, converte-se em necessária, porque estabelece um vínculo com
o futuro, e nos projetar é uma forma de vencer a morte.
Tudo isso para justificar o que se segue. Ninguém me perguntou, mas resolvi organizar
uma lista dos melhores romances que li em minha vida — escolhi o número vinte, não por mo-
tivos místicos, mas porque talvez, pela amplitude, alinhave, mais que preferências intelectuais,
uma história afetiva das minhas leituras. Enquadro-a na categoria das listas inúteis, mas, quem
sabe, se consultada, municie discussões, já que toda escolha é subjetiva e aleatória, ou, na
melhor das hipóteses, suscite curiosidade a respeito de um título ou de um autor. Ocorresse
isso, me daria por satisfeito.
Luiz Ruffato. Meus romances preferidos. Internet: <brasil.elpais.com> (com adaptações).
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b) proporemos.
c) propusermos.
d) proporíamos.
e) propúnhamos.
Texto 15A2-II
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade;
advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o con-
traste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar
os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e
o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si
mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia,
que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como
a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se,
desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há
vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O olhar
da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte;
não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se
nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como
o desdém dos finados.
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ciranda Cultural, 2018. p. 49.
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Quino. Mafalda.
Texto 5A2-I
Socorro
Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração,
que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.
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Texto 1A1-II
1 Não se sabe ainda se o mundo acabou realmente no sábado, como fora anunciado. Pode
ser que sim, e não seria a primeira vez que isso acontece. A falta de sinais estrondosos e 4
visíveis não é prova bastante da continuação. Muitas vezes o mundo acaba em silêncio, ou
fazendo um barulho leve de folha. Tempos depois é que se percebe, mas já então vivemos em
7 outro mundo, com sua estrutura e seus regulamentos próprios.
Pessoas que aí estão vivas assistiram à morte do mundo em agosto de 1914, mas estavam
lendo jornal e não 10 compreenderam no momento. Era apenas mais uma guerra na Europa,
mas acabou com a belle époque, a respeitabilidade vitoriana, a supremacia da libra, os sus-
pensórios, os conceitos 13 econômicos, políticos e éticos do século XIX — mundo que parecia
eterno. Pedaços dele andam por aí, vagando, como o colonialismo, a opressão de grupos finan-
ceiros, a servidão civil 16 da mulher, mas pertencem a um contexto liquidado, rabo de lagartixa
vibrando depois que o corpo foi abatido.
É possível que a previsão dos astrólogos indianos não 19 tivesse base, e que o mundo atu-
al dure muitos anos. Acredito mesmo que é cedo para ele morrer, se apenas está nascendo, e
nem se sabe ao certo como é ou será.
22 Aos sete anos de idade, imaginei que iria presenciar a morte do mundo, ou antes, que
morreria com ele. Um cometa mal-humorado visitava o espaço. Mas o cometa de Halley 25
airosamente deslizou sobre nossas cabeças sem dar confiança de exterminar-nos.
Carlos Drummond de Andrade. Fim do mundo. In: A bolsa e a vida. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.
64-5.
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a) primeiramente.
b) melhor.
c) pelo contrário.
d) outrora.
e) até.
Texto CG1A1-I
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nas 49 setores tradicionais como agricultura, silvicultura e pesca, mas também setores como
as biotecnologias e bioenergias. Ao que tudo indica, o futuro será definitivamente bio.
Marina Santos Chiapetta. Internet: (com adaptações).
Texto 1A1BBB
1 Quando nos referimos à supremacia de um fenômeno sobre outro, temos logo a impres-
são de que se está falando em superioridade, mas, no caso da relação entre oralidade e escrita,
4 essa é uma visão equivocada, pois não se pode afirmar que a fala seja superior à escrita ou
vice-versa. Em primeiro lugar, deve-se ter em mente o aspecto que se está comparando e, em
7 segundo, deve-se considerar que essa relação não é nem homogênea nem constante. A pró-
pria escrita tem tido uma avaliação variada ao longo da história e nos diversos povos.
10 Existem sociedades que valorizam mais a fala, e outras que valorizam mais a escrita. A
única afirmação correta é a de que a fala veio antes da escrita. Portanto, do ponto de 13 vista
cronológico, a fala tem precedência sobre a escrita, mas, do ponto de vista do prestígio social,
a escrita tem supremacia sobre a fala na maioria das sociedades contemporâneas.
16 Não se trata, porém, de algum critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos, e sim
de postura ideológica. São valores que podem variar entre sociedades e grupos sociais ao
19 longo da história. Não há por que negar que a fala é mais antiga que a escrita e que esta
lhe é posterior e, em certo sentido, dependente. Mesmo considerando a enorme e inegável
22 importância que a escrita tem nos povos e nas civilizações ditas “letradas”, continuamos
povos orais.
Luiz Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Princípios gerais para o tratamento das relações entre a fala e
a escrita. In: Luiz Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Fala e escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p.
26-7 (com adaptações).
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b) a expressão “sobre a”, nas linhas 13 e 15, tem o sentido de a respeito da.
c) o trecho “Quando nos referimos” (l.1) tem o mesmo sentido de Caso nos refiramos.
d) o vocábulo “logo” (l.2) tem o sentido adverbial de imediatamente.
e) o termo “lugar” (l.5) foi empregado para delimitar parte de um espaço ou região.
Texto CG2A1BBB
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a) Na linha 34, o termo “o sistema eleitoral” exerce a função de sujeito da locução verbal “é
escolhido” (l. 34 e 35).
b) A expressão “com o surgimento de governos representativos na Europa e na América do
Norte” (l. 33 e 34) exprime uma consequência.
c) O vocábulo “disciplinadamente” (l.8) exprime circunstância de modo.
d) O uso do acento indicativo de crase nas expressões “à formação de um corpo eleitoral”
(l.15) e “à fixação de processos de votação” (l. 15 e 16) é facultativo, pois as palavras “forma-
ção” e “fixação” estão empregadas de modo impreciso.
e) Na linha 17, o adjetivo “germânicas” expressa um atributo negativo de “monarquias”.
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Texto CG1A1-II
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Texto CG3A1-I
1 No século 21, eu acredito que a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) será
definida por uma consciência nova e mais profunda da santidade e da dignidade 4 de cada vida
humana, independentemente de raça ou religião. Isso irá requerer que levemos o nosso olhar
para além da estrutura dos Estados, ou da simples superfície de nações ou 7 comunidades.
Devemos enfocar, como nunca, a melhoria das condições de vida de homens e mulheres, indi-
vidualmente, que dão ao Estado ou à nação a sua riqueza e o seu caráter.
10 Neste novo século, devemos começar pela compreensão de que a paz pertence não
somente aos Estados ou povos, mas também a cada um e a todos os membros dessas 13
comunidades. A soberania dos Estados não mais deverá ser utilizada como um escudo contra
grandes violações aos direitos humanos. A paz deve ser real e tangível no dia a dia de cada 16
indivíduo que dela necessite. Devemos buscá-la, acima de tudo, pelo fato de ser a condição
para que cada membro da família humana possa levar uma vida de dignidade e segurança.
19 A lição do século passado nos fez entender que ameaçar ou atropelar a dignidade do
indivíduo — como naqueles países onde o cidadão não desfruta do direito básico 22 de esco-
lher o seu governo, ou do direito de o escolher regularmente — resultou em conflitos, perdas de
civis inocentes, vidas abreviadas e comunidades destruídas.
25 Com efeito, os obstáculos à democracia têm muito pouco a ver com cultura ou religião,
e muito mais com o desejo daqueles que se encontram no poder e querem manter sua 28 po-
sição a qualquer custo. Não se trata de um fenômeno novo nem restrito a uma parte específica
do mundo. As pessoas de todas as culturas prezam por sua liberdade de escolha e sentem 31
a necessidade de ter direito de voz nas decisões que afetam suas vidas.
Kofi Annan [secretário-geral das Nações Unidas], 10 dez. 200Questão 51 In: Jerzy Szeremeta. Participação genu-
ína na era da tecnologia de informação e comunicação (TIC). Fundação Luís Eduardo Magalhães. Gestão pública
e participação. Cadernos da FLEM. 20.ª ed. Salvador: FLEM, 2005, cap. III, p. 105-6 (com adaptações).
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tabilidade está em pauta. Empresas que antes pensavam só em lucro agora otimizam seus
processos por meio da sustentabilidade empresarial. Outro campo de estudos voltado 7 para
o consumo consciente e equilibrado com o meio ambiente é a bioeconomia, ou economia sus-
tentável, cujo objetivo é promover a utilização de recursos de base biológica, recicláveis 10 e
renováveis, e consequentemente mais sustentáveis.
Hoje, a sustentabilidade é um imperativo para o sucesso das empresas, que precisam cada
vez mais entregar ao 13 cliente valor agregado e estilo de vida, e não somente mercadorias. A
preocupação com o meio ambiente converte-se, portanto, em vantagem competitiva, notada-
mente em mercados 16 cada vez mais exigentes e desafiadores. Isso amplia a perenidade da
marca, em virtude do fortalecimento de sua reputação e credibilidade.
19 Para o desenvolvimento sustentável, os negócios devem estar amparados em boas prá-
ticas de governança, com benefícios sociais e ambientais. Essa metodologia influencia os 22
ganhos econômicos, a competitividade e o sucesso das organizações.
Qual é o motivo de a sustentabilidade ser tão 25 importante para a economia? A população
cresce em número e em capacidade de consumo; com isso, a demanda pela utilização de re-
cursos naturais recrudesce de forma quase 28 insustentável. A utilização de matrizes não re-
nováveis tende ao esgotamento e à poluição progressiva do meio ambiente. Para quebrar esse
paradigma, mobilizam-se conceitos econômicos 31 que propõem um novo modo de gestão da
sociedade, como a economia circular e a bioeconomia.
A bioeconomia está ligada à melhoria de nosso 34 desenvolvimento e à busca por novas
tecnologias que priorizem a qualidade de vida da sociedade e do meio ambiente em seu eixo
de elaboração. Ela, agora, reúne todos os setores 37 da economia que utilizam recursos bioló-
gicos. Assim, a bioeconomia surgiu para possibilitar soluções eficazes e coerentes para os pro-
blemas socioambientais contemporâneos: 40 mudanças climáticas, crise econômica mundial,
substituição do uso de energias fósseis, saúde, qualidade de vida da população, entre outros.
43 O objetivo é criar uma economia inovadora com baixas emissões de poluentes, que
concilie as exigências para a agricultura sustentável e a pesca, a segurança alimentar e o 46
uso sustentável dos recursos biológicos renováveis para fins industriais, e que assegure, ao
mesmo tempo, a biodiversidade e a proteção ambiental. A bioeconomia contempla não ape-
nas 49 setores tradicionais como agricultura, silvicultura e pesca, mas também setores como
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Texto CB1A1-I
1 Candeia era quase nada. Não tinha mais que vinte casas mortas, uma igrejinha velha,
um resto de praça. Algumas construções nem sequer tinham telhado; outras, 4 invadidas pelo
mato, incompletas, sem paredes. Nem o ar tinha esperança de ser vento. Era custoso acreditar
que morasse alguém naquele cemitério de gigantes.
7 O único sinal de vida vinha de um bar aberto. Duas mesas de madeira na frente, um ca-
minhão, um homem e uma mulher na boleia ouvindo música, entre abraços, 10 beijos e carí-
cias ousadas. Mais desolado e triste que Juazeiro do Norte aquele povoado, muito mais. Em
Juazeiro tinha gente, a cidade era viva. E no meio daquele povo todo 13 sempre se encontrava
uma alma boa como a de sua mãe, uma moça bonita, um amigo animado. Candeia era morta.
Samuel ao menos ficou um pouco feliz por ouvir 16 a música do caminhoneiro. Quase
sorriu. O esboço de alegria durou até aparecer pela porta mal pintada de azul uma mulher
assombrosa, praguejando com uma vassoura na mão 19 e mandando desligar aquela música
maldita. O caminhoneiro a chamou pelo nome:
— Cadê o café, Helenice? Deixa de praguejar, 22 coisa-ruim!
Pela mesma porta saiu uma moça, bem jovem, com uma garrafa térmica vermelha e duas
canecas. Foi 25 e voltou com rapidez, agora trazendo dois pratos, quatro pães pequenos, duas
bananas cozidas e um pote de margarina.
— Cinco reais — ordenou Helenice, com a mão 28 na garrafa térmica.
— Só come se pagar.
O homem pagou, sempre rindo da cara de Helenice, visivelmente bêbado.
31 Samuel invejou o caminhoneiro. Não tinha tanto dinheiro para comer naquele fim de
tarde, fim de vida.
Socorro Acioli. A cabeça do santo. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 17-8 (com adaptações).
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Texto CG1A1CCC
1 Alguns nascem surdos, mudos ou cegos. Outros dão o primeiro choro com um estrabis-
mo deselegante, lábio leporino ou angioma feio no meio do rosto. Às vezes, ainda há 4 quem
venha ao mundo com um pé torto, até com um membro já morto antes mesmo de ter vivido.
Guylain Vignolles, esse, entrara na vida tendo como fardo o infeliz trocadilho 7 proporcionado
pela junção de seu nome com seu sobrenome: Vilain Guignol, algo como “palhaço feio”, um
jogo de palavras ruim que ecoara em seus ouvidos desde seus primeiros passos 10 na existên-
cia para nunca mais abandoná-lo.
Jean-Paul Didierlaurent. O leitor do trem das 6h27. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015 (com adaptações).
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1 O sistema de votação manual pode ser vulnerável, favorecendo a prática de atos que
têm por objetivo fraudar a manifestação da vontade do eleitor. Entre essas práticas, 4 pode-se
citar o chamado “voto carreirinha”. Nesse tipo de fraude, um eleitor, valendo-se da desatenção
ou mesmo da conivência dos componentes da mesa, deixa de depositar a 7 cédula na urna,
colocando, em seu lugar, algum pedaço de papel assemelhado. Então, a cédula oficial não de-
positada é entregue para outro eleitor, já preenchida, que a coloca na urna 10 e deixa a seção
eleitoral portando a cédula em branco recebida do mesário.
Outra fraude muito comum é o chamado “mapismo”. 13 Após a apuração dos votos de
determinada urna, o mapa resultante é alterado para que se beneficie algum candidato. O frau-
dador se vale da colaboração de algum escrutinador e da 16 desmobilização da fiscalização
para alterar o mapa com o resultado da votação daquela urna. A fraude é favorecida pela quan-
tidade de pessoas que se aglomeram nos locais de 19 apuração, o que dificulta sobremaneira
a fiscalização das atividades pelos representantes dos partidos políticos, bem como pelos
integrantes da justiça eleitoral.
22 A necessidade de convocação de grande número de eleitores para atuar como escru-
tinadores também traz grande malefício. Os escrutinadores podem passar dias afastados de
25 seus locais de trabalho no desenrolar do processo de apuração de votos, e, depois, ainda
fazem jus a período de afastamento do trabalho por tempo equivalente. Com isso, o país dei-
xa de 28 contar com tal força de trabalho, o que prejudica, sobremaneira, a produção de bens
e serviços.
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Caderno de Questões – Cebraspe (Múltipla Escolha)
Bruno Pilastre
Arthur Narciso de Oliveira Neto. Voto eletrônico: tecnologia a serviço da cidadania. In: Estudos eleitorais / Tribu-
nal Superior Eleitoral, vol. 9, n.º1, jan.-abr./2014, p.11-13. Internet: (com adaptações).
Cuitelinho
1 Cheguei na bera do porto Onde as onda se espaia. As garça dá meia volta
4 Senta na bera da praia. E o cuitelinho não gosta Que o botão de rosa caia.
7 Quando eu vim de minha terra, Despedi da parentaia. Eu entrei no Mato Grosso,
10 Dei em terras paraguaia. Lá tinha revolução, Enfrentei fortes bataia.
13 A tua saudade corta Como o aço de navaia. O coração fica aflito,
16 Bate uma e outra faia E os oio se enche d’água Que até a vista se atrapaia.
Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. Folclore recolhido. In: Stella Maris Bortoni-Ricardo, Educação em língua
materna. São Paulo: Parábola, 2004, p. 59
1 Único bioma de ocorrência exclusiva no Brasil, que já ocupou 10% do território nacional,
a caatinga experimenta um processo acelerado de desmatamento — que pode significar a 4
desertificação do semiárido nordestino. Com 510 espécies de aves e 148 de mamíferos, a ca-
atinga padece da ausência de uma política clara de conservação que estanque o processo de
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Bruno Pilastre
1 O primeiro místico e o primeiro cientista foram uma mesma pessoa, um Homo sapiens
qualquer que, olhando para o céu noturno há 30.000 anos, viu a lua cheia e se encheu de 4
devoção e conjecturas. Partes diferentes de seu cérebro processaram à sua maneira a infor-
mação visual captada pelos olhos. Uma delas, o lobo temporal, registrou aquela luz pálida 7
emanada de um disco que parecia flutuar no espaço como uma experiência sublime, inex-
plicável, superior, poderosa, acachapante, religiosa. Ao mesmo tempo, outras regiões do 10
cérebro tentavam avaliar se aquele objeto luminoso oferecia algum perigo, se podia despencar
causando dano, se era comestível, se sua aparição na abóbada celeste se repetiria 13 ou se
poderia ser relacionada com algum outro fenômeno, como a escassez ou a abundância de
caça. Como sugeriu poeticamente o astrônomo francês Guillaume Bigourdan 16 (1851-1932),
o último Homo sapiens do planeta será talvez surpreendido pela morte quando, entretido com
a mesma lua cheia — por maiores que sejam sua educação e seu treino 19 científico, mais
exata sua noção de tamanho, das distâncias e dos formatos das órbitas —, ela lhe parecerá su-
blime, inexplicável, superior, poderosa, acachapante, religiosa. Disse 22 Bigourdan: “Isso é do
homem. Contar lunações, medir órbitas, calcular frequências, mas se prostrar extático diante
da imensidão do universo”.
25 Por muitas eras o lado místico e o científico conviveram sem conflitos na mente huma-
na. Com o excedente econômico trazido pelo desenvolvimento tecnológico, as 28 sociedades
primitivas deram-se ao luxo de ter indivíduos dedicados a tarefas específicas. Mesmo depois
disso, com as tarefas práticas entregues a certos indivíduos, enquanto outros 31 se dedica-
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Texto 1A1-II
1 O homem primitivo procurava defender-se do frio e da fome abrigando-se em cavernas e
alimentando-se de frutos silvestres, ou do que conseguia obter da caça e da pesca. Ao 4 longo
dos séculos, passou a espécie humana a sentir a necessidade de maior conforto e começou a
reparar no seu semelhante. Assim, como decorrência das necessidades 7 individuais, surgiram
as trocas. Sistemas de troca direta, que duraram vários séculos, ocasionaram o aparecimento
de palavras como “salário” (pagamento feito por meio de certa 10 quantidade de sal) e “pecú-
nia” (do latim pecus, que significa rebanho de gado, ou peculium, relativo a gado miúdo, como
ovelha ou cabrito).
13 As primeiras moedas, peças que representavam valores, geralmente em metal, surgi-
ram na Lídia (atual Turquia), no século VII a.C. As características que se desejava 16 ressaltar
eram gravadas nas peças por meio da pancada de um objeto pesado (martelo), em primitivos
cunhos. Foi o surgimento da cunhagem a martelo, na qual os signos 19 monetários eram valo-
rizados também pela nobreza dos metais empregados, como o ouro e a prata. Embora a evo-
lução dos tempos tenha levado à substituição do ouro e da prata por 22 metais menos raros
ou suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a associação dos atributos de beleza e
expressão cultural ao valor monetário das moedas, que quase sempre, na 25 atualidade, apre-
sentam figuras representativas da história, da cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança fez 28 surgirem os bancos. Os nego-
ciantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passaram a aceitar a res-
ponsabilidade de cuidar do dinheiro de seus clientes e a dar 31 recibos escritos das quantias
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guardadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir como meio de pagamento por seus
possuidores, por serem mais seguros de portar do que o 34 dinheiro vivo. Assim surgiram as
primeiras cédulas de papel moeda, ou cédulas de banco, ao mesmo tempo em que a guarda
dos valores em espécie dava origem a instituições bancárias.
Internet: (com adaptações).
Texto 1A1-I
1 Peças de barro de 4.000 a.C. encontradas na Mesopotâmia são os documentos escritos
mais antigos que conhecemos. E o mais antigo desses documentos faz referência 4 aos im-
postos. Naquela época, além de entregar parte dos alimentos que produziam ao governo, os
sumérios, um dos povos que viviam por ali, eram obrigados a passar até cinco 7 meses por ano
trabalhando para o rei.
Os mais sortudos eram empregados para realizar a colheita ou para retirar lama dos canais
da cidade. Os menos 10 afortunados entravam para o exército, com grandes chances de morrer
em uma guerra. Quem era rico escapava: mandava escravos para fazer o serviço sujo. Assim
que surgiu a moeda, 13 surgiu também a ideia de substituir a contribuição braçal por dinheiro.
Era assim também no antigo Egito. As evidências 16 indicam que, em 3.000 a.C., os faraós
coletavam impostos em dinheiro ou em serviços pelo menos uma vez por ano. Ninguém era
tão temido quanto os escribas, responsáveis por determinar 19 a dívida de cada um. O con-
trole era tão rigoroso que fiscalizavam até o consumo de óleo de cozinha nas residências, já
que essa era uma substância tributada. Os impostos eram 22 mais altos para estrangeiros,
e especula-se que foi para pagar dívidas tributárias que os hebreus, por exemplo, acabaram
como escravos.
25 O Império Romano aperfeiçoou a técnica de impor tributos a estrangeiros. Em econo-
mias pré-industriais, a terra e o trabalho são os principais ingredientes da riqueza. Por isso, 28
a conquista de outras terras e de povos dava aos romanos acesso a mais riqueza, o que, por
sua vez, permitia que conquistassem e controlassem um território ainda maior. 31
O censo, usado até hoje em muitos países, foi criado pelos romanos para decidir quanto
deveriam cobrar de cada província. Os cálculos eram feitos com base no número de 34 pes-
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Texto CG1A1-I
1 No meio científico, é insuficiente — aliás, é perigoso — produzir apenas um grupo de pro-
fissionais pequeno, altamente competente e bem remunerado. Um esforço 4 combinado que
vise transmitir a todos os cidadãos a ciência — por meio de rádio, TV, cinema, jornais, livros,
programas de computadores, parques temáticos, salas de 7 aula — deve pautar-se em quatro
razões principais.
Mesmo que nem sempre possibilite ao cientista um bom emprego, a ciência pode ser o
caminho propício para 10 vencer a pobreza nas nações emergentes. Ela faz funcionar a eco-
nomia e a civilização global.
A ciência nos alerta contra os perigos introduzidos por 13 tecnologias que alteram o mun-
do, especialmente o meio ambiente de que nossas vidas dependem. Assim, a ciência providen-
cia um sistema essencial de alerta antecipado.
16 A ciência nos esclarece sobre as questões mais profundas das origens, das naturezas
e dos destinos — de nossa espécie, da vida, de nosso planeta, do Universo. A longo prazo, 19 a
maior dádiva da ciência talvez seja nos ensinar, de um modo ainda não superado por nenhum
outro empenho humano, alguma coisa sobre nosso contexto cósmico, sobre o ponto do 22
espaço e do tempo em que estamos, e sobre quem nós somos.
Os valores da ciência e os da democracia são concordantes, em muitos casos indistin-
guíveis. A ciência e a 25 democracia começaram ao mesmo tempo e no mesmo lugar: na
Grécia dos séculos VI e VII a.C. A ciência confere poder a qualquer um que se der ao trabalho
de aprendê-la (embora 28 muitos tenham sido sistematicamente impedidos de adquirir esse
conhecimento). Ela se nutre do livre intercâmbio de ideias. Tanto a ciência quanto a democra-
cia encorajam opiniões não 31 convencionais e debate vigoroso. Ambas requerem raciocínio
adequado, argumentos coerentes, padrões rigorosos de evidência e honestidade.
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Texto 10A1CCC
Esse Povo maldito
1 Ausentei-me da Cidade
porque esse Povo maldito
me pôs em guerra com todos
4 e aqui vivo em paz comigo.
Aqui os dias me não passam
porque o tempo fugitivo,
7 por ver minha solidão,
para em meio do caminho.
Graças a Deus, que não vejo
10 neste tão doce retiro
hipócritas embusteiros,
velhacos entremetidos.
13 Não me entram nesta palhoça
visitadores prolixos,
políticos enfadonhos,
16 cerimoniosos vadios.
Gregório de Matos Guerra. Obras Completas. [Org. James Amado]. Salvador: Janaína, 1968, v. 1, p. 170 (com
adaptações).
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Bruno Pilastre
Texto CG1A01AAA
1 As perícias médico-legais relacionadas ao fato tanatológico comportam sempre forte
impregnação cronológica.
4 A definição cronológica da morte, isto é, a determinação do momento em que ela ocor-
reu, é de extrema importância. Em termos jurídicos, é bastante relevante a 7 determinação
do momento de ocorrência do êxito letal ou de seu relacionamento com eventos não ligados
diretamente a ele — como no caso, por exemplo, dos problemas sucessórios 10 surgidos na
comoriência. Também na área do direito penal, sobretudo quando se lida com mortes presumi-
velmente criminosas, a fixação do momento da morte tem especial 13 importância, pois pode
ajudar a esclarecer os fatos e a apontar autorias.
Por outro lado, os progressos da ciência médica têm 16 tornado imperioso que o momento
do óbito seja estabelecido com o máximo rigor. De fato, a problemática ligada à separação de
partes cadavéricas destinadas a transplantes em 19 vivos exige que sua retirada seja feita em
condições de aproveitamento útil, o que impõe, em muitos casos, que esse procedimento seja
feito em prazos curtos, iniciados com o 22 momento da morte. É importante, pois, que o médi-
co estabeleça o momento de ocorrência do êxito letal com a maior precisão possível.
25 Estabelecer o momento da morte é situá-la no tempo e, para situar um acontecimento
no tempo, é preciso que se tenha um conceito claro do que seja tempo. Fugindo das 28 con-
ceituações matemáticas ou filosóficas de tempo, pragmaticamente aceitamos a conceituação
popular de tempo, isto é, a grandeza que se mede em minutos, horas, dias, meses 31 ou anos.
Essa tomada de posição, embora simplista e empírica, é a única que se nos afigura capaz de
contribuir para a solução do problema tanatognóstico e, consequentemente, do da 34 concei-
tuação do momento da morte.
Estando a medicina legal a serviço do direito e as conceituações jurídicas estando frequen-
temente ligadas às 37 noções temporais, compreende-se que se deva esperar da medicina
legal uma função cronodiagnóstica. Os critérios cronológicos não se limitam a classificar os
fatos em anteriores 40 ou posteriores; vão mais longe. É preciso medir o tempo que separa
dois eventos, pois, como afirma Bertrand Russel, só podemos afirmar que conhecemos um fe-
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nômeno quando somos 43 capazes de medi-lo, e o conceito de morte está intimamente ligado
ao conceito de tempo.
José Maria Marlet. Conceitos médico-legal e jurista de morte. Internet: (com adaptações).
Texto III
1 A história do grafite no Brasil iniciou-se na década de 70 do século XX, precisamente na
cidade de São Paulo, em uma época conturbada da história do Brasil, época essa 4 silenciada
pela censura resultante da chegada dos militares ao poder.
Paralelamente ao movimento que despontava em Nova 7 York, o grafite surgiu no cenário
da metrópole brasileira como uma arte transgressora, a linguagem da rua, da marginalidade,
que não pedia licença e que gritava nas paredes da cidade os 10 incômodos de uma geração.
A partir disso, a arte de grafitar se transformou em um importante veículo de comunicação
urbano, corroborando, de 13 alguma maneira, a existência de outras vozes, de outros sujeitos
históricos e ativos que participam da cidade.
É importante ressaltar que o grafite, inicialmente, foi 16 uma arte caracterizada pela autoria
anônima, por meio da qual o grafiteiro transformava a cidade em um importante suporte de
comunicação artística sem delimitação de espaço, de 19 mensagem ou de mensageiro.
Portanto, o que importava naquele momento era a arte em si e não o nome de seu autor.
Por esse motivo, os ditos 22 “cânones” são retirados de sua posição central e imperativa para
dar lugar a uma arte de todos e para todos; arte da rua, na rua e para a rua; arte da cidade, na ci-
dade e para a cidade: o 25 grafite. Nesse sentido, a arte se funde com a vida do cidadão da me-
trópole por meio do movimento mútuo de transformação e de identificação de seus sujeitos.
Internet: (com adaptações).
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c) “o grafite, inicialmente, foi uma arte caracterizada pela autoria anônima” (l.15 e 16).
d) “os ditos ‘cânones’ são retirados de sua posição central e imperativa” (l.21 e 22).
e) “a arte se funde com a vida do cidadão da metrópole” (l.25 e 26).
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c) No trecho “mas ela também se reconhece nas grandes áreas civilizacionais” (l.4 e 5), a par-
tícula “se” foi empregada como pronome reflexivo.
d) A frase “Quanto à ‘busca de si’, eis outra falsa ideia igualmente perigosa” (l.32 e 33) é forma-
da por um predicado verbal cujo núcleo é “eis”.
e) No trecho “esta só pode ser a que está relacionada àquilo” (l.16 e 17), os termos “esta”, “a” e
“àquilo” classificam-se como pronomes demonstrativos.
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b) O trecho “mais de doze milhões de e-mails são enviados” (l.2-3) estaria gramaticalmente
correto se fosse reescrito da seguinte forma: envia-se mais de doze milhões de e-mails.
c) Altera-se a informação original do texto ao substituir-se o trecho “Resultado de um” (l.6) pelo
seguinte: Isso é resultado de um.
d) A substituição de “se transformou” (l.7) por foi transformada mantém a correção gramatical
e as informações originais do período.
e) Na linha 11, o emprego do acento grave em “à informação” justifica-se pela regência de “in-
teressadas” (l.10).
Texto 5A2-I
Socorro
Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração,
que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido,
em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.
Alice Ruiz. Socorro, 1986.
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Texto CG1A1-II
1 Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n.º 13.709/2018), dados pessoais são
informações que podem identificar alguém. Dentro desse conceito, foi criada 4 uma categoria
chamada de “dado sensível”, que diz respeito a informações sobre origem racial ou étnica, con-
vicções religiosas, opiniões políticas, saúde ou vida sexual. Registros 7 como esses, a partir da
vigência da lei, passam a ter nível maior de proteção, para evitar formas de discriminação. To-
das as atividades realizadas no país e todas as pessoas que estão no 10 Brasil estão sujeitas à
lei. A norma vale para coletas operadas em outro país, desde que estejam relacionadas a bens
ou serviços ofertados a brasileiros. Mas há exceções, como a 13 obtenção de informações
pelo Estado para a segurança pública.
Ao coletar um dado, as empresas deverão informar a finalidade da coleta. Se o usuário
aceitar repassar suas 16 informações, o que pode acontecer, por exemplo, quando ele concor-
da com termos e condições de um aplicativo, as companhias passam a ter o direito de tratar os
dados 19 (respeitada a finalidade específica), desde que em conformidade com a legislação.
A lei prevê uma série de obrigações, como a garantia da segurança das informações e a 22
notificação do titular em caso de um incidente de segurança. A norma permite a reutilização
dos dados por empresas ou órgãos públicos, em caso de “legítimo interesse”.
25 Por outro lado, o titular ganhou uma série de direitos. Ele pode, por exemplo, solicitar
à empresa os dados que ela tem sobre ele, a quem foram repassados (em situações como a
28 de reutilização por “legítimo interesse”) e para qual finalidade. Caso os registros estejam
incorretos, ele poderá cobrar a correção. Em determinados casos, o titular terá o direito de se
31 opor a um tratamento. A lei também prevê a revisão de decisões automatizadas tomadas
com base no tratamento de dados, como as notas de crédito ou os perfis de consumo.
Internet: (com adaptações)
Texto CB1A1-I
1 É impressionante como, em nosso tempo, somos contraditórios no que diz respeito aos
direitos humanos. Em comparação a eras passadas, chegamos a um máximo 4 de racionalida-
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Texto 1A3-I
Texto CB1A2AAA
1 Em linhas gerais, há na literatura econômica duas explicações para a educação ser tida
como um fator de redução da criminalidade. A primeira é que a educação muda as 4 preferên-
cias intertemporais, levando o indivíduo a ter menos preferência pelo presente e a valorizar
mais o futuro, isto é, a ter aversão a riscos e a ter mais paciência. A segunda 7 explicação é
que a educação contribui para o combate à criminalidade porque ensina valores morais, tais
como disciplina e cooperação, tornando o indivíduo menos suscetível 10 a praticar atos violen-
tos e crimes.
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Texto CG1A01AAA
1 O crime organizado não é um fenômeno recente. Encontramos indícios dele nos grandes
grupos contrabandistas do antigo regime na Europa, nas atividades dos piratas e 4 corsários e
nas grandes redes de receptação da Inglaterra do século XVIII. A diferença dos nossos dias é
que as organizações criminosas se tornaram mais precisas, mais 7 profissionais.
Um erro na análise do fenômeno é a suposição de que tudo é crime organizado. Mesmo
quando se trata de uma 10 pequena apreensão de crack em um local remoto, alguns órgãos da
imprensa falam em crime organizado. Em muitos casos, o varejo do tráfico é um dos crimes
mais desorganizados 13 que existe. É praticado por um usuário que compra de alguém umas
poucas pedras de crack e fuma a metade. Ele não tem chefe, parceiros, nem capital de giro.
Possui apenas a 16 necessidade de suprir o vício. No outro extremo, fica o grande traficante,
muitas vezes um indivíduo que nem mesmo vê a droga. Só utiliza seu dinheiro para financiar
o tráfico ou seus 19 contatos para facilitar as transações. A organização criminosa envolvida
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com o tráfico de drogas fica, na maior parte das vezes, entre esses dois extremos. É constituí-
da de pequenos e 22 médios traficantes e uns poucos traficantes de grande porte.
Nas outras atividades criminosas, a situação é a mesma. O crime pode ser praticado por
um indivíduo, uma 25 quadrilha ou uma organização. Portanto, não é a modalidade do crime
que identifica a existência de crime organizado. Guaracy Mingardi. Inteligência policial e crime
organizado.
In: Renato Sérgio de Lima e Liana de Paula (Orgs.). Segurança pública e violência: o Estado está cumprindo seu
papel? São Paulo: Contexto, 2006, p. 42 (com adaptações).
1 O Brasil é um país de cidades novas. A maior parte de seus núcleos urbanos surgiu no
século passado. Há cidades, entretanto, que já existem há bastante tempo. Contemporâneas
4 dos primeiros tempos da colonização, algumas delas já ultrapassaram inclusive a marca do
quarto centenário. Poucas são as cidades brasileiras, contudo, que ainda apresentam 7 vestí-
gios materiais consideráveis do passado.
Se hoje o Rio de Janeiro, fundado em 1565, vangloria-se de seu “corredor cultural”, que
preserva 10 edificações da área central construídas na virada do século XIX para o XX, é im-
portante lembrar que as edificações aí situadas substituíram inúmeras outras antes existentes
no mesmo local. 13 Nem mesmo o berço histórico da cidade existe mais, arrasado devido à
destruição do Morro do Castelo em 1922. E o que falar de São Paulo, fundada em 1554? Da
pauliceia colonial e 16 imperial quase mais nada existe, e, se ainda temos uma boa noção do
que foi a cidade da primeira metade do século XX, é porque contamos com a paisagem eter-
nizada das fotografias e 19 com os belíssimos trabalhos realizados pelos geógrafos paulistas
por ocasião do quarto centenário da cidade.
Há outros exemplos. Olinda, fundada em 1537, 22 orgulha-se de ser patrimônio cultural da
humanidade, mas esse título não lhe foi conferido em razão dos testemunhos que sobraram da
cidade antiga, em grande parte substituída por 25 construções em estilo eclético ou art déco
do início do século passado. E se Salvador, criada em 1549, e Ouro Preto, fundada em 1711,
podem gabar-se de manter ainda um patrimônio 28 histórico-arquitetônico apreciável, isso se
deve muito mais à longa decadência econômica pela qual passaram, que atenuou os ataques
ao parque construído, do que a qualquer veleidade 31 preservacionista local.
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Em suma, não é muito comum encontrarem-se vestígios materiais do passado nas cidades
brasileiras, mesmo 34 naquelas que já existem há bastante tempo. Há, entretanto, algo novo
acontecendo em todas elas. Independentemente de qual tenha sido o estoque de materialida-
des históricas que tenham 37 conseguido salvar da destruição, as cidades do país vêm hoje
engajando-se decisivamente em um movimento de preservação do que sobrou de seu pas-
sado, em uma indicação flagrante de 40 que muita coisa mudou na forma como a sociedade
brasileira se relaciona com as suas memórias.
Mauricio Abreu. Sobre a memória das cidades. In: Ana Fani Alessandri Carlos et al (Orgs.). A produção do
espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Editora Contexto, 2013, p. 21-2 (com adap-
tações).
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Texto CB1A1-I
Quem pensa que a excelência do agronegócio brasileiro se resume a soja, café e carnes
está enganado. O país está entre os cinco maiores exportadores mundiais em valor em quase
três dezenas de produtos agrícolas. O maior destaque é para os de sempre: açúcar, cereais,
soja, milho, oleaginosas e frutas cítricas. Mas o Brasil aparece no top five de exportações da
Organização para as Nações Unidas (ONU) com produtos inusitados, como pimenta, melancia,
abacaxi, mamão papaia, coco, mandioca, caju, fumo, sisal e outras fibras, por exemplo.
Os dados, de 2019, são da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO) e foram reunidos em um estudo realizado pelo Instituto Millenium em parceria com a
consultoria Octahedron Data eXperts (ODX). O objetivo do trabalho foi traçar uma radiografia
do agronegócio brasileiro para entender as razões pelas quais o setor vive anos seguidos de
prosperidade e tem caminhado na contramão dos demais, mesmo em meio à crise provocada
pela pandemia.
O comércio internacional é um dos pilares importantes para sustentar o bom desempenho
do setor, turbinado pela desvalorização do câmbio e pelos preços em alta das commodities.
A agropecuária respondeu por cerca de 45 bilhões de dólares das exportações em 2020 e, há
vários anos, tem garantido o saldo positivo da balança comercial. Quando se avaliam as ex-
portações por setores, apenas a agropecuária apresentou crescimento nas vendas externas
(6%) em comparação a 2019, mostra o estudo. Já a indústria extrativa e a de transformação
registraram queda de 2,7% e de 11,3%, respectivamente.
Essa história se repete também no produto interno bruto (PIB), a soma de todas as ri-
quezas geradas no país. Em 2020, a agropecuária foi o único setor com resultado positivo, o
que contribuiu para que os efeitos adversos da pandemia sobre a atividade não fossem ainda
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maiores. O PIB do setor avançou 2% sobre o ano anterior, enquanto o da indústria recuou 3,5%
e o dos serviços, 4,5%.
Internet: <https://economia.uol.com.br> (com adaptações).
Texto 1A1-I
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Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escu-
to? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam
meus olhos, meus ouvidos.
Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma
forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara
na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei
o que estava procurando. O que estava pressentindo.
Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher. Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adapta-
ções).
Texto 15A2-II
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade;
advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o con-
traste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar
os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e
o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si
mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia,
que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como
a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se,
desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há
vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O olhar
da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte;
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não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se
nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como
o desdém dos finados.
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ciranda Cultural, 2018. p. 49.
Texto 5A1-III
Chegando ao Brasil em 1500 com nossos descobridores, praticamente só em 1534 foi in-
troduzida a língua portuguesa com início efetivo da colonização, com o regime das capitanias
hereditárias. Conclui-se que a língua que chegou ao Brasil pertence à fase de transição entre a
arcaica e a moderna, já alicerçada literalmente.
No Brasil dessa época, encontraram os descobridores e colonizadores portugueses uma
variedade de falares indígenas, no cômputo aproximado de trezentos, hoje reduzidos a cerca
de 170, na opinião de um dos seus mais categorizados conhecedores, Aryon Dall’Igna Rodri-
gues. Grande extensão territorial da nova terra era ocupada pela família Tupi-Guarani, que apre-
sentava pouca diferenciação nas línguas que a integram.
Veio depois a contribuição das línguas africanas em suas duas principais correntes para
o Brasil: ao Norte, de procedência sudanesa, e ao Sul, de procedência banto; temos, assim, no
Norte, na Bahia, a língua nagô ou iorubá; no Sul, no Rio de Janeiro e Minas Gerais, o quimbundo.
A pouco e pouco, à medida que se ia impondo, pela cultura dos europeus, o desenvolvi-
mento e o progresso da colônia e do país independente, a língua portuguesa foi predominando
sobre a “língua geral” de base indígena e dos falares africanos, a partir da segunda metade do
século XVIII.
Evanildo Bechara. Breve história externa da língua portuguesa. In: Gramática Escolar da Língua Portuguesa.
2 ed. ampliada e atualizada pelo novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p. 690-691(com
adaptações)
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a) apresentam um neologismo.
b) exprimem ironia sobre as línguas indígenas e africanas.
c) mostram que a expressão é uma citação.
d) indicam que a expressão é um arcaísmo.
e) conferem destaque à expressão.
Texto CG1A1-II
1 Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n.º 13.709/2018), dados pessoais são
informações que podem identificar alguém. Dentro desse conceito, foi criada 4 uma categoria
chamada de “dado sensível”, que diz respeito a informações sobre origem racial ou étnica, con-
vicções religiosas, opiniões políticas, saúde ou vida sexual. Registros 7 como esses, a partir da
vigência da lei, passam a ter nível maior de proteção, para evitar formas de discriminação. To-
das as atividades realizadas no país e todas as pessoas que estão no 10 Brasil estão sujeitas à
lei. A norma vale para coletas operadas em outro país, desde que estejam relacionadas a bens
ou serviços ofertados a brasileiros. Mas há exceções, como a 13 obtenção de informações
pelo Estado para a segurança pública.
Ao coletar um dado, as empresas deverão informar a finalidade da coleta. Se o usuário
aceitar repassar suas 16 informações, o que pode acontecer, por exemplo, quando ele concor-
da com termos e condições de um aplicativo, as companhias passam a ter o direito de tratar os
dados 19 (respeitada a finalidade específica), desde que em conformidade com a legislação.
A lei prevê uma série de obrigações, como a garantia da segurança das informações e a 22
notificação do titular em caso de um incidente de segurança. A norma permite a reutilização
dos dados por empresas ou órgãos públicos, em caso de “legítimo interesse”.
25 Por outro lado, o titular ganhou uma série de direitos. Ele pode, por exemplo, solicitar
à empresa os dados que ela tem sobre ele, a quem foram repassados (em situações como a
28 de reutilização por “legítimo interesse”) e para qual finalidade. Caso os registros estejam
incorretos, ele poderá cobrar a correção. Em determinados casos, o titular terá o direito de se
31 opor a um tratamento. A lei também prevê a revisão de decisões automatizadas tomadas
com base no tratamento de dados, como as notas de crédito ou os perfis de consumo.
Internet: (com adaptações).
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Texto CG2A1-I
1 Na década de 1960, o mundo passou por um aumento populacional inédito devido à brus-
ca queda na taxa de mortalidade, o que gerou preocupações sobre a capacidade dos 4 países
em produzir comida para todos. A solução encontrada foi desenvolver tecnologia e métodos
que aumentassem a produção.
7 Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, em seu livro
Pobreza e Fomes, identificou a existência de populações com fome mesmo em 10 países que
não convivem com problemas de abastecimento. O economista indiano traçou então, pela pri-
meira vez, uma relação causal entre fome e questões sociais como pobreza e 13 concentração
de renda. Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e mudou o tom do debate internacional
sobre a questão e as políticas públicas a serem tomadas a partir daí.
16 As últimas décadas foram de grande evolução no combate à fome em escala global.
Nos últimos 25 anos, 7,7% da população mundial superou o problema, o que representa 19 216
milhões de pessoas. É como se mais que toda a população brasileira saísse da subnutrição
em menos de três décadas. Contudo, 10,8% do mundo ainda vive sem acesso a uma dieta 22
que forneça o mínimo de calorias e nutrientes necessários para uma vida saudável, e 21 mil
pessoas morrem diariamente por fome ou problemas derivados dela.
25 Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Ali-
mentação e a Agricultura) mostra que a produção mundial de alimentos é 28 suficiente para
atender a demanda das 7,3 bilhões de pessoas que habitam a Terra. Apesar disso, aproximada-
mente uma em cada nove dessas pessoas ainda vive a realidade da fome. A 31 pesquisa põe
em xeque toda a política internacional de combate à subnutrição crônica colocada em prática
nas últimas décadas. Em vez de crescimento da produção e ajudas momentâneas, 34 surge
agora como caminho uma abordagem territorial que valorize e potencialize a produção local.
Embora os números absolutos estejam caindo, o tema 37 ainda é um dos mais delicados
da agenda internacional. Um exemplo da extensão do problema está na declaração dada em
2017 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância 40 (UNICEF), segundo a qual 1,4 milhão
de crianças, de quatro diferentes países da África — Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul
—, corre risco iminente de morrer de fome. A questão 43 é tão antiga quanto complexa, e se
conecta intrinsecamente com a estrutura política e econômica sobre a qual o sistema interna-
cional está construído. Concentração da renda e da 46 produção, falta de vontade política e até
mesmo desinformação e consolidação de uma cultura alimentar pouco nutritiva são fatores
que compõem o cenário da fome e da desnutrição no 49 planeta.
Internet: (com adaptações).
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a) “a demanda” (l.28).
b) “as políticas públicas” (l.15) .
c) “a uma dieta” (l.21).
d) “a Terra” (l.29).
e) “a produção local” (l.35).
Texto CG1A1-I
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nas 49 setores tradicionais como agricultura, silvicultura e pesca, mas também setores como
as biotecnologias e bioenergias. Ao que tudo indica, o futuro será definitivamente bio.
Marina Santos Chiapetta. Internet: (com adaptações).
077. (CEBRASPE/ANALISTA/MPC-PA /2019) Cada uma das opções a seguir apresenta uma
proposta de reescrita para o seguinte segmento do texto CG1A1-I: “A bioeconomia está ligada
à melhoria de nosso desenvolvimento e à busca por novas tecnologias” (l.33 e 34) Assinale a
opção em que a reescrita apresentada mantém a correção gramatical do texto.
a) A bioeconomia está ligada a melhoria de nosso desenvolvimento e à buscas por novas
tecnologias
b) A bioeconomia está ligada à melhorias de nosso desenvolvimento e a busca por novas
tecnologias
c) A bioeconomia está ligada a melhorias de nosso desenvolvimento e buscas por novas
tecnologias
d) A bioeconomia está ligada à melhorias de nosso desenvolvimento e à buscas por novas
tecnologias
e) A bioeconomia está ligada à uma melhoria de nosso desenvolvimento e busca por novas
tecnologias
Texto CG1A1BBB
1 O Tocantins dá abrigo à mais completa floresta fossilizada do mundo, que viveu no Perí-
odo Permiano, em uma época anterior à dos dinossauros. No final desse período, o 4 planeta
assistiu à maior extinção em massa da fauna e da flora de sua existência.
Os fósseis da floresta foram preservados graças à 7 presença de sílica no ambiente, que
se infiltrou nas plantas e conservou seus formatos, por meio do processo de permineralização
celular. A infiltração e a impregnação de 10 sílica nas células e nos espaços intercelulares for-
maram uma matriz inorgânica que sustentou os tecidos das plantas, preservando-os. A origem
do agente da permineralização 13 silicosa ainda permanece obscura.
O alto índice de samambaias indica que a região central do Tocantins era, então, uma pla-
nície costeira com farto 16 sistema hídrico sob um clima tropical. E o ambiente? Há dúvidas
quanto à sua caracterização, isto é, se era amazônico ou parecido com o do cerrado.
Internet: (com adaptações).
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Texto CG1A2AAA
1 Desde que a urna eletrônica foi adotada em todo o território brasileiro, votar passou a ser
uma atividade relativamente simples. Diante da urna, o eleitor pode seguir 4 quatro caminhos
diferentes. É possível deixar o voto em branco; para isso, basta apertar a tecla branca. A segun-
da opção é digitar um número que não corresponda a nenhum dos 7 candidatos ou partidos e,
com isso, anular o voto. A terceira opção é digitar o número de um partido e votar “na legenda”.
Por fim, é possível escolher um candidato específico 10 digitando-se o seu número.
Até meados da década de 90 do século XX, ainda na era da cédula de papel, a apuração
geralmente era feita em 13 ginásios esportivos e durava muitos dias. As pessoas que tiveram
a oportunidade de ver uma dessas apurações devem se lembrar das fases da contagem de
votos. Inicialmente, os votos 16 em branco eram carimbados para evitar que eles fossem pre-
enchidos de maneira fraudulenta durante o cômputo. Os votos nulos eram separados em uma
pilha específica. Depois de 19 contados os votos, os boletins de cada urna eram preenchidos,
enviados para níveis superiores de apuração e totalizados. Hoje os poderosos computadores
da justiça eleitoral em Brasília são 22 capazes de proclamar, em poucas horas, quais foram,
entre os milhares de candidatos, os eleitos.
Jairo Nicolau. Representantes de quem? Os (des)caminhos do seu voto da urna à Câmara dos Deputados. Rio de
Janeiro: Zahar, 2017, p. 21-3 (com adaptações).
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1 Uma vez declarada, a ilicitude de algumas relações entre empresas e poder público e par-
tidos políticos, ao contrário do que se diz, certamente diminuirá o fluxo de 4 dinheiro clandesti-
no. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou inclusive a possibilidade de que
empresas possam doar a partidos em anos não eleitorais enquadra-se em 7 um esforço sane-
ador cujo efeito imediato será obrigar as legendas e seus candidatos a buscar recursos legais.
Esse novo cenário levou os críticos da decisão do STF 10 a argumentar também que, agora,
somente os candidatos mais conhecidos terão visibilidade eleitoral, inviabilizando-se a cons-
trução de candidaturas de gente comum. Mais uma vez, 13 trata-se de uma falácia: desde
sempre, figuras notórias puxam votos, sem que isso represente prejuízo irremediável para a
democracia ou impeça a renovação da representação popular.
16 O grande prejuízo se dá quando os partidos se viciam em dinheiro farto, transforman-
do as campanhas eleitorais em espetáculos dirigidos por “marqueteiros” que hoje são, na 19
prática, os responsáveis por formular o programa dos candidatos. Assim, não será surpresa
se, para substituir a fartura das “doações” empresariais, os partidos pleitearem 22 ainda mais
dinheiro do Fundo Partidário e a ampliação da propaganda eleitoral dita “gratuita”, que de gra-
tuita não tem nada, pois é financiada por meio de renúncia fiscal. Em ambos 25 os casos, o
contribuinte banca as despesas de partidos com os quais não tem necessariamente alguma
afinidade.
Pelo fim do doping eleitoral. In: O Estado de S.Paulo, out./2015. Internet: (com adaptações)
Texto CG2A1-II
A atenção é uma vantagem evolutiva e tanto, pois permite que o animal concentre sua
capacidade cognitiva (um recurso finito e sempre escasso) em determinada coisa e, a partir
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daí, tente entendê-la — podendo antecipar-se, ou reagir melhor, a ela. Preste atenção a seus
predadores, ou a suas presas, e você terá mais chance de comer e não ser comido. Atenção é
útil para todo animal. Tanto é assim que ela emana do sistema límbico: a parte mais interna e
antiga do cérebro, que o Homo sapiens compartilha com diversas espécies. A mente humana
tem um desejo insaciável de encontrar coisas novas e interessantes, e dedicar atenção a elas.
A Internet é uma fonte praticamente inesgotável de coisas nas quais prestar atenção. Nela,
o conteúdo e os serviços costumam ser gratuitos, pois seus criadores ganham dinheiro pu-
blicando anúncios, que também atrairão nossa atenção (e somente a partir daí, quem sabe,
poderão nos induzir a comprar ou consumir algum produto). Percebeu? A principal mercadoria
do Google não é o buscador, os mapas ou o Gmail. É a sua atenção, que ele coleta e revende.
A atenção é a maior riqueza das empresas de Internet. Fez fortunas, criou gigantes, mudou o
mundo. Por isso há tanta gente lutando por ela: a loja do sistema Android tem 2,1 milhões de
aplicativos; a do sistema utilizado pelo iPhone, 1,8 milhão.
Superinteressante. Edição do Kindle, out./ 2019, p. 28 (com adaptações).
Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades densamente povoadas sejam
um sinal de “excesso de população”, quando de fato é comum, em alguns países, que mais
da metade de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só — enquan-
to existem vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas nas zonas rurais. Até mesmo em
uma sociedade urbana e industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área
são urbanizados — e apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes
maior do que a de todas as grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de fa-
velas densamente povoadas em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de que
o “excesso de população” é a causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da
concentração de pessoas que não conseguem arcar com os custos do transporte ou de um
espaço amplo para viver, mas que, mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefí-
cios de viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado, quando as populações na-
cionais e mundial eram bem menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
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baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a popu-
lação urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúr-
bios se desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próxi-
mos, em termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias
físicas sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros
de distância de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que,
vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).
Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pe-
queno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência
de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunida-
des, com uma fatia maior do comércio eletrônico.
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem
ser apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias
da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro
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pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a
sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comer-
ciante que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos engloba-
dos por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores
protegidos pela norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra
ou usa produtos para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o co-
merciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo
atualizado e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade
desse tipo de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na
rede devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas
na transação eletrônica.
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico! ABNT/ SEBRAE.
Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação do cliente – diretrizes para
transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Flávio Augusto Araújo de Sá - 05904894104, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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c) a comerciantes.
d) ao público geral.
Texto 1A2-II
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito cami-
nhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que
o menino ficou mudo de beleza.
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me aju-
da a olhar!
Eduardo Galeano. A função da arte/1. In: O livro dos abraços. Tradução de Eric Nepomuceno. 9.ª ed. Porto
Alegre: L&PM, 2002 (com adaptações).
Texto 1A2-I
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poéti-
co, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura.
A literatura aparece como manifestação universal de todos os homens em todos os tem-
pos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as
noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de
entrega ao universo fabulado.
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e
da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma
necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.
A literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível
haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem
a literatura. Desse modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma
o homem na sua humanidade. Humanização é o processo que confirma no homem aqueles
traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa
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disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos
problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o
cultivo do humor.
A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna mais
compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante. A literatura corresponde a
uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, por-
que, pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta
do caos e, portanto, nos humaniza. A fruição da arte e da literatura, em todas modalidades e
em todos os níveis, é um direito inalienável.
Antonio Candido. O direito à literatura. In: Vários escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2011 (com
adaptações).
090. (CEBRASPE/IBGE/2021) Segundo o autor do texto 1A2-I, a literatura é uma prática artística
a) circunstancial.
b) eventual.
c) atemporal.
d) ocasional.
e) especial.
Texto CG1A1-II
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da linguística à esfera forense, apesar de muitos crimes serem cometidos unicamente ou par-
cialmente por meio da língua, como a calúnia, a injúria, a difamação, a ameaça, o estelionato
e a extorsão.
Ao produzir um texto, oral ou escrito, o sujeito lança mão de um vasto repertório lexical e
regras de ordenação sintática pertencentes à gramática de seu idioma. Entretanto, esse ar-
ranjo não é feito da mesma forma por diferentes pessoas. Ao falarmos ou ao escrevermos,
organizamos o material linguístico que está disponível em nosso acervo mental de uma forma
única, afinal cada indivíduo constituiu seu vocabulário a partir de experiências também únicas.
Isso significa que imprimimos nosso estilo em nossos textos, deixando nele nossa “assina-
tura”. Esse uso individual do idioma é chamado de idioleto, ou seja, é como se fosse um dia-
leto pessoal, uma marca identitária daquele indivíduo. Embasada nisso, a linguística forense
procura desenvolver metodologias que auxiliem no processo de atribuição de autoria de um
determinado texto.
Welton Pereira e Silva. Linguística forense: como o linguista pode contribuir em uma demanda judicial? In:
Roseta, v. 2, n.º 2, 2019 (com adaptações).
Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pe-
queno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência
de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunida-
des, com uma fatia maior do comércio eletrônico.
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem
ser apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias
da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro
pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a
sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comer-
ciante que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos engloba-
dos por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores
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protegidos pela norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra
ou usa produtos para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o co-
merciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo
atualizado e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade
desse tipo de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na
rede devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas
na transação eletrônica.
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico!
ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação do cliente
– diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com
adaptações).
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co, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura.
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entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as
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entrega ao universo fabulado.
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da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma
necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.
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a literatura. Desse modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma
o homem na sua humanidade. Humanização é o processo que confirma no homem aqueles
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ela. E rememorando como combatíamos. Nunca tínhamos vivido de outra forma, talvez nem
saibamos como fazer isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um
tempo aprendendo.
Por muito tempo fui uma pessoa dos livros: a realidade me assustava e atraía. Desse des-
conhecimento da vida surgiu uma coragem. Agora penso: se eu fosse uma pessoa mais ligada
à realidade, teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: do desconhe-
cimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intuição do caminho existe...
Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escu-
to? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam
meus olhos, meus ouvidos.
Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma
forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara
na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei
o que estava procurando. O que estava pressentindo.
Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher. Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adapta-
ções).
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O termo “dado de pesquisa” tem uma amplitude de significados que vão se transforman-
do de acordo com domínios científicos específicos, objetos de pesquisas, metodologias de
geração e coleta de dados e muitas outras variáveis. Pode ser o resultado de um experimento
realizado em um ambiente controlado de laboratório, um estudo empírico na área de ciências
sociais ou a observação de um fenômeno cultural ou da erupção de um vulcão em um deter-
minado momento e lugar. Dados digitais de pesquisa ocorrem na forma de diferentes tipos
de dados, como números, figuras, vídeos, softwares; com diferentes níveis de agregação e de
processamento, como dados crus ou primários, dados intermediários e dados processados
e integrados; e em diferentes formatos de arquivos e mídias. Essa diversidade, que vai sendo
delineada pelas especificidades de cada disciplina, suas condicionantes metodológicas, pro-
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tocolos, workflows e seus objetivos, se torna um desafio — pelo alto grau de contextualização
necessário — para o pesquisador na sua tarefa de definir precisamente o que é dado de pes-
quisa de uma forma transversal aos diversos domínios disciplinares.
As definições encontradas nos dicionários e enciclopédias falham em capturar a riqueza e
a variedade dos dados no mundo da ciência ou falham em revelar as premissas epistemológi-
cas e ontológicas sobre as quais eles são baseados. Na esfera acadêmica, grande parte das
definições são uma enumeração de exemplos: dados são fatos, números, letras e símbolos.
Listas de exemplos não são verdadeiramente definições, visto que não estabelecem uma clara
fronteira entre o que inclui e o que não inclui o conceito.
Luis Fernando Sayão; Luana Farias Sales. Afinal, o que é dado de pesquisa? In: Biblos: Revista do Instituto
de Ciências Humanas e da Informação, Rio Grande. v. 34, n. 02, jul.-dez./2020, p.32-33. Internet:. (com adapta-
ções).
Texto CG3A1-I
No século 21, eu acredito que a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) será
definida por uma consciência nova e mais profunda da santidade e da dignidade 4 de cada
vida humana, independentemente de raça ou religião. Isso irá requerer que levemos o nosso
olhar para além da estrutura dos Estados, ou da simples superfície de nações ou comunida-
des. Devemos enfocar, como nunca, a melhoria das condições de vida de homens e mulheres,
individualmente, que dão ao Estado ou à nação a sua riqueza e o seu caráter.
Neste novo século, devemos começar pela compreensão de que a paz pertence não so-
mente aos Estados ou povos, mas também a cada um e a todos os membros dessas comuni-
dades. A soberania dos Estados não mais deverá ser utilizada como um escudo contra grandes
violações aos direitos humanos. A paz deve ser real e tangível no dia a dia de cada indivíduo
que dela necessite. Devemos buscá-la, acima de tudo, pelo fato de ser a condição para que
cada membro da família humana possa levar uma vida de dignidade e segurança.
A lição do século passado nos fez entender que ameaçar ou atropelar a dignidade do in-
divíduo — como naqueles países onde o cidadão não desfruta do direito básico de escolher o
seu governo, ou do direito de o escolher regularmente — resultou em conflitos, perdas de civis
inocentes, vidas abreviadas e comunidades destruídas.
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Com efeito, os obstáculos à democracia têm muito pouco a ver com cultura ou religião, e
muito mais com o desejo daqueles que se encontram no poder e querem manter sua posição
a qualquer custo. Não se trata de um fenômeno novo nem restrito a uma parte específica do
mundo. As pessoas de todas as culturas prezam por sua liberdade de escolha e sentem a ne-
cessidade de ter direito de voz nas decisões que afetam suas vidas. Kofi Annan [secretário-ge-
ral das Nações Unidas], 10 dez. 2001.
In: Jerzy Szeremeta. Participação genuína na era da tecnologia de informação e comunicação (TIC). Fundação
Luís Eduardo Magalhães. Gestão pública e participação. Cadernos da FLEM. 20.ª ed. Salvador: FLEM, 2005, cap.
III, p. 105-6 (com adaptações).
Texto CB1A1-II
Ainda hoje, em muitos rincões do nosso país, são encontrados administradores públicos
cujas ações em muito se assemelham às de Nabucodonosor, rei do império babilônico, que,
buscando satisfazer sua rainha Meda, saudosa das colinas e florestas de sua pátria, providen-
ciou a construção de estupendos jardins suspensos. Essa excentricidade, que consumiu anos
de labor e gastos incalculáveis, culminou em uma das sete maravilhas do mundo antigo.
Tal “maravilha”, que originou mais ônus do que propriamente benefícios, apresenta grande
similitude com devaneios atuais em que se constata o gasto de dinheiro público com atos de
motivação fútil e imoral, finalidade dissociada do interesse público e em total afronta à razoabi-
lidade administrativa, com flagrante desproporção entre o numerário despendido e o benefício
auferido pela coletividade.
Além da insensatez detectada em alguns atos de administração, constata-se a existência
de situação mais grave e preocupante, a degeneração de caráter em muitos entre os que as-
cendem à gestão do interesse público. Essa degeneração, em alguns casos, precede a inves-
tidura; em outros, tem causas endêmicas, sendo o resultado inevitável da interação com um
meio viciado.
Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves. Improbidade administrativa. 8.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 47
(com adaptações).
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a) injuntiva.
b) narrativa.
c) descritiva.
d) expositiva.
e) argumentativa.
Texto 1A2-II
Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozi-
nha, a nutricionista do programa das dez da manhã falou:
— Ninguém é obrigado a parecer velho.
Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide
considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com
mais vigor. A dermatologista deu aparte:
— Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade.
Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos
gêmeos, já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas
que batiam palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da
firma e já indicava que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O
fogão de seis bocas e a campainha com barulho de sino vieram depois, e seus préstimos de
doceira eram anunciados em uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão
mocinha, considerou que tudo dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas
durante a vida:
— Às vezes, é preciso dizer não.
Neide pensou que falar era fácil e que mais a vida mandava do que ela escolhia. Na tevê,
a palavra era do geriatra, um homem robusto, de tez bronzeada e cabelos fartos e grisalhos.
— As pessoas podem continuar sexualmente ativas até a morte. Literalmente, o amor não
tem idade.
Neide sentiu uma tontura, e, de repente, a colher de pau caiu ao chão com barulho. Foi bem
na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede. Varreu com os olhos a figura
diante de si: o pijama azul de listras estava tão acabado que nem dava para pano de chão, e
a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões. A tontura deu uma pequena
trégua, o suficiente para que ela se desgostasse à visão do descaimento.
Cíntia Moscovich. Aos sessenta e quatro. In: Essa coisa brilhante que é a chuva. Rio de Janeiro: Record, 2012
(com adaptações).
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Texto 1A1-II
O imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) é um tributo que deve ser
pago todo ano pelos donos de qualquer tipo de veículo. O valor do IPVA é calculado com base
no valor do veículo comprado, e sua quitação é um requisito para o licenciamento.
Do total arrecadado com cada veículo, 50% vão para o governo estadual e os outros 50%,
para o município no qual o veículo tiver sido emplacado. Essa arrecadação, recolhida pela
União, pelos estados ou pelos municípios, não é exclusivamente destinada a asfaltamento de
ruas e colocação de sinais, isto é, a manutenção de rodovias, mas pode abranger despesas
com educação, saúde, segurança, saneamento, entre outros.
Para pagar o IPVA, o proprietário de veículo recebe em sua casa um aviso de vencimento
do imposto, com informações sobre o veículo, valores, datas, parcelas, formas de pagamento.
Com esse documento é possível quitar o IPVA, juntamente com o seguro obrigatório, e até
fazer o licenciamento antecipado. O não pagamento do IPVA implica multa e impede a realiza-
ção do licenciamento.
Internet: (com adaptações).
Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades densamente povoadas sejam
um sinal de “excesso de população”, quando de fato é comum, em alguns países, que mais
da metade de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só — enquan-
to existem vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas nas zonas rurais. Até mesmo em
uma sociedade urbana e industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área
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são urbanizados — e apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes
maior do que a de todas as grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de fa-
velas densamente povoadas em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de que
o “excesso de população” é a causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da
concentração de pessoas que não conseguem arcar com os custos do transporte ou de um
espaço amplo para viver, mas que, mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefí-
cios de viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado, quando as populações na-
cionais e mundial eram bem menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a popu-
lação urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúr-
bios se desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próxi-
mos, em termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias
físicas sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros
de distância de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que,
vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).
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verdades fundamentais e numa quase cega fé que depositávamos nelas, tornam-se cada vez
mais suscetíveis às nossas dúvidas e críticas. A religião, a política, a mídia e a ciência já não
são mais do mesmo modo consideradas como fontes das quais brotariam a certeza dos fa-
tos e os devidos caminhos a seguir. Com frequência e intensidade aparentemente inéditas, a
crença e a confiança que nelas assentávamos passaram a ser ladeadas ou suplantadas por
suspeitas e por ceticismos, por postura crítica e por emancipações.
Carlos Piovezani, Luzmara Curcino e Vanice Sargentini. O discurso e as verdades: relações entre a fala, os feitos
e os fatos. In: Luzmara Curcino, Vanice Sargentini e Carlos Piovezani. Discurso e (pós)verdade. São Paulo: Pará-
bola, 2021, p.7-18 (com adaptações).
Texto CB1A1-I
Quem pensa que a excelência do agronegócio brasileiro se resume a soja, café e carnes
está enganado. O país está entre os cinco maiores exportadores mundiais em valor em quase
três dezenas de produtos agrícolas. O maior destaque é para os de sempre: açúcar, cereais,
soja, milho, oleaginosas e frutas cítricas. Mas o Brasil aparece no top five de exportações da
Organização para as Nações Unidas (ONU) com produtos inusitados, como pimenta, melancia,
abacaxi, mamão papaia, coco, mandioca, caju, fumo, sisal e outras fibras, por exemplo.
Os dados, de 2019, são da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO) e foram reunidos em um estudo realizado pelo Instituto Millenium em parceria com a
consultoria Octahedron Data eXperts (ODX). O objetivo do trabalho foi traçar uma radiografia
do agronegócio brasileiro para entender as razões pelas quais o setor vive anos seguidos de
prosperidade e tem caminhado na contramão dos demais, mesmo em meio à crise provocada
pela pandemia.
O comércio internacional é um dos pilares importantes para sustentar o bom desempenho
do setor, turbinado pela desvalorização do câmbio e pelos preços em alta das commodities.
A agropecuária respondeu por cerca de 45 bilhões de dólares das exportações em 2020 e, há
vários anos, tem garantido o saldo positivo da balança comercial. Quando se avaliam as ex-
portações por setores, apenas a agropecuária apresentou crescimento nas vendas externas
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merciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo
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desse tipo de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na
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Texto CB1A1-I
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Caderno de Questões – Cebraspe (Múltipla Escolha)
Bruno Pilastre
Alfred Gell. Recém-chegados ao mundo dos bens: o consumo entre os Gonde Muria. In: Arjun Appadurai (org).
A vida social das coisas: mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Eduff, 2008, p. 147-48 (com adapta-
ções).
Texto 1A2-II
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito cami-
nhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que
o menino ficou mudo de beleza.
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me aju-
da a olhar!
Eduardo Galeano. A função da arte/1. In: O livro dos abraços. Tradução de Eric Nepomuceno. 9.ª ed. Porto
Alegre: L&PM, 2002 (com adaptações).
Texto 1A2-I
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poéti-
co, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura.
A literatura aparece como manifestação universal de todos os homens em todos os tem-
pos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as
noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de
entrega ao universo fabulado.
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Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e
da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma
necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.
A literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível
haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem
a literatura. Desse modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma
o homem na sua humanidade. Humanização é o processo que confirma no homem aqueles
traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa
disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos
problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o
cultivo do humor.
A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna mais
compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante. A literatura corresponde a
uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, por-
que, pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta
do caos e, portanto, nos humaniza. A fruição da arte e da literatura, em todas modalidades e
em todos os níveis, é um direito inalienável.
Antonio Candido. O direito à literatura. In: Vários escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2011 (com
adaptações).
Texto 1A1-I
Não sei quando começou a necessidade de fazer listas, mas posso imaginar nosso ante-
passado mais remoto riscando na parede da caverna, à luz de uma tocha, signos que indica-
vam quanto de alimento havia sido estocado para o inverno que se aproximava ou, como so-
mos competitivos, a relação entre nomes de integrantes da tribo e o número de caças abatidas
por cada um deles.
Se formos propor uma hermenêutica acerca do tema, talvez possamos afirmar que existem
dois tipos de listas: as necessárias e as inúteis. Em muitos casos, dialeticamente, as necessá-
rias tornam-se inúteis e as inúteis, necessárias. Tomemos dois exemplos. Todo mês, enumero
as coisas que faltam na despensa de minha casa antes de me dirigir ao supermercado; essa
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lista arrolo na categoria das necessárias. Por outro lado, há pessoas que anotam suas metas
para o ano que se inicia: começar a fazer ginástica, parar de fumar, cortar em definitivo o açú-
car, ser mais solidário, menos intolerante... Essa elenco na categoria das inúteis.
Feitas as compras, a lista do supermercado, necessária, torna-se então inútil. A lista con-
tendo nossos desejos de sermos melhores para nós mesmos e para os outros, embora inútil,
pois dificilmente a cumprimos, converte-se em necessária, porque estabelece um vínculo com
o futuro, e nos projetar é uma forma de vencer a morte.
Tudo isso para justificar o que se segue. Ninguém me perguntou, mas resolvi organizar
uma lista dos melhores romances que li em minha vida — escolhi o número vinte, não por mo-
tivos místicos, mas porque talvez, pela amplitude, alinhave, mais que preferências intelectuais,
uma história afetiva das minhas leituras. Enquadro-a na categoria das listas inúteis, mas, quem
sabe, se consultada, municie discussões, já que toda escolha é subjetiva e aleatória, ou, na
melhor das hipóteses, suscite curiosidade a respeito de um título ou de um autor. Ocorresse
isso, me daria por satisfeito.
Luiz Ruffato. Meus romances preferidos. Internet: <brasil.elpais.com> (com adaptações).
Texto 1A2-I
A revista The Lancet publicou no dia 14 de julho de 2020 um artigo em que apresenta novas
projeções para a população mundial e para os diversos países. Os pesquisadores do Instituto
de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington (IHME, na sigla em inglês)
sugerem números para a população humana do planeta em 2100 que são menores do que o
cenário médio apresentado em 2019 pela Divisão de População da ONU (que é a referência
maior nesta área de projeções demográficas).
Segundo o artigo, o maior nível educacional das mulheres e o maior acesso aos métodos
contraceptivos acelerarão a redução das taxas de fecundidade, gerando um crescimento de-
mográfico global mais lento.
Se este cenário acontecer de fato, será um motivo de comemoração, pois a redução do rit-
mo de crescimento demográfico não aconteceria pelo lado da mortalidade, mas sim pelo lado
da natalidade e, principalmente, em decorrência do empoderamento das mulheres, da univer-
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salização dos direitos sexuais e reprodutivos e do aumento do bem-estar geral dos cidadãos e
das cidadãs da comunidade internacional.
De modo geral, a imprensa tratou as novas projeções como uma grande novidade, dizendo
que a população mundial não ultrapassará 10 bilhões de pessoas até o final do século e que,
no caso do Brasil, a população apresentará uma queda de 50 milhões de pessoas na segunda
metade do corrente século.
Na verdade, isto não é totalmente novidade, pois a possibilidade de uma população bem
abaixo de 10 bilhões de pessoas já era prevista. Diante das incertezas, normalmente, elabo-
ram-se cenários para o futuro com amplo leque de variação. A Divisão de População da ONU,
por exemplo, tem vários números para o montante de habitantes em 2100, que variam entre 7
bilhões e 16 bilhões.
Internet:<ecodebate.com.br> (com adaptações).
Texto 1A1-I
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ela. E rememorando como combatíamos. Nunca tínhamos vivido de outra forma, talvez nem
saibamos como fazer isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um
tempo aprendendo.
Por muito tempo fui uma pessoa dos livros: a realidade me assustava e atraía. Desse des-
conhecimento da vida surgiu uma coragem. Agora penso: se eu fosse uma pessoa mais ligada
à realidade, teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: do desconhe-
cimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intuição do caminho existe...
Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escu-
to? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam
meus olhos, meus ouvidos.
Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma
forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara
na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei
o que estava procurando. O que estava pressentindo.
Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher. Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adapta-
ções).
(CEBRASPE/DELEGADO/PC-GO/2017)
A diferença básica entre as polícias civil e militar é a essência de suas atividades, pois as-
sim desenhou o constituinte original: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(CF), em seu art. 144, atribui à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de
polícia judiciária — de natureza essencialmente investigatória, com vistas à colheita de provas
e, assim, à viabilização do transcorrer da ação penal — e a apuração de infrações penais.
Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência
do processo criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o
patrulhamento ostensivo, isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventi-
vo-repressivo, mas não é seu mister a investigação de crimes. Da mesma forma, não cabe ao
delegado de polícia de carreira e a seus agentes sair pelas ruas ostensivamente em patrulha-
mento. A própria comunidade identifica na farda a polícia repressiva; quando ocorre um crime,
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em regra, esta é a primeira a ser chamada. Depois, havendo prisão em flagrante, por exemplo,
atinge-se a fase de persecução penal, e ocorre o ingresso da polícia civil, cuja identificação não
se dá necessariamente pelos trajes usados.
Guilherme de Souza Nucci. Direitos humanos versus segurança pública. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 43
(com adaptações).
(CEBRASPE/DELEGADO/PC-GO/2017)
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(CEBRASPE/DELEGADO/PC-GO/2017)
O termo nude é do inglês e vem sendo utilizado na Internet por usuários de redes sociais para
designar fotos íntimas que retratam a pessoa sem roupa. O envio e a troca de nudes são faci-
litados em aplicativos de celular, o que torna essa prática popular entre seus usuários, incluin-
do-se menores de idade, e facilita o compartilhamento das fotos.
Havendo vazamento de fotos íntimas, há violação do direito de imagem da pessoa prejudicada,
que, por isso, terá amparo do Estado. A pena para o acusado de vazar as fotos ainda pode ser
considerada branda, sendo um pouco mais severa quando se trata de um crime contra a infân-
cia. “Quando se trata de crianças e adolescentes, há um agravante, pois, no art. 241 do Estatuto
da Criança e do Adolescente, é qualificada como crime grave a divulgação de fotos, gravações
ou imagens de crianças ou adolescentes, sendo prevista a pena de três a seis anos de prisão,
além de pagamento de multa, para os que cometem esse crime”, diz a advogada presidente da
Comissão de Direitos Humanos da OAB/AC.
Para combater o compartilhamento de fotos íntimas por terceiros, são necessárias ações pre-
ventivas, afirma a advogada. Jovens e adolescentes devem ser educados, de forma que te-
nham dimensão do problema que a divulgação desse tipo de imagem pode acarretar.
Internet: (com adaptações)
(CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-RS/2019)
Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, jun-
to com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem
ser verdadeiros, mas — como se verá — relativos). A plateia, formada por um público refina-
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do, culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com
impaciência.
Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do obs-
curo e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis,
depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro,
incapazes de suportar música de má qualidade.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres em
reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os
nomes de Pixis e Beethoven...
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e
a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos arro-
gantes a respeito do que julgamos ser arte.
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de aplaudir
Pixis como se fosse Beethoven.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).
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c) invertesse.
d) havia invertido.
e) houve de inverter.
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120. (INÉDITA/2021) Assinale a alternativa em que o termo destacado antecipa uma informa-
ção que, na cadeia coesiva, ainda será apresentada:
a) “Essa se trata também da imagem mais veiculada desde então” (1º parágrafo)
b) “como um sujeito que trajava uma camiseta estampada com a expressão ‘Camp Auschwitz’”
(2º parágrafo)
c) “Com uma virada de chave na ordem mundial pós Segunda Guerra, isso tem um impacto
imenso” (2º parágrafo)
d) “eles causam repulsa em uns e identificação em outros” (5º parágrafo)
e) “O Daily Nation, do Quênia, trouxe entre as suas manchetes a seguinte pergunta” (3º
parágrafo)
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121. (INÉDITA/2021) Assinale a opção que apresenta um trecho do texto precedente que con-
tém uma oração na voz passiva.
a) “Em meio ao circo, parlamentares saíam correndo” (2º parágrafo)
b) “Noutra postagem, resgatou-se uma cena” (3º parágrafo)
c) “A situação toda ultrapassa as ironias imagináveis” (4º parágrafo)
d) “O homem em pele de bicho, ou sei lá o quê, sem dúvida, sintetiza os diversos sentidos das
cenas aterrorizantes veiculadas pelo mundo inteiro” (2º parágrafo)
e) “Penso nas inúmeras apropriações” (3º parágrafo)
A guerra à corrupção
A crise da democracia representativa se faz sentir em todo o mundo, em especial diante da
aproximação antidemocrática (e tipicamente) neoliberal entre o poder político e o poder econô-
mico. Contudo, em países como o Brasil e a Itália, que podem ser vistos como uma espécie de
laboratório de novas técnicas de controle dos indesejáveis, as agências do Sistema de Justiça
exerceram um papel determinante para transformar a crise da representação em uma crise
dos próprios valores, princípios e regras democráticos.
Muitos atores do Sistema Judicial passaram a atuar no sentido de criminalizar a política,
com um discurso de justificação recheado de “boas intenções” e “moralismos”, ao mesmo
tempo em que prometiam resolver os problemas gerados pelas distorções da democracia re-
presentativa. Um engano com consequências desastrosas à concepção de vida democrática.
Surgem, então, as condições para o fenômeno das perseguições políticas através do uso
pervertido do direito. E o significante “corrupção” aparece, então, com um elemento mistifica-
dor que faz com que tudo, inclusive as ilegalidades, pareça justificado aos olhos da popula-
ção que desconhece os objetivos políticos e ideológicos por detrás dos processos de perse-
cução penal.
Rubens Casara. Cult – Além da lei. 29 de junho de 2020.
b) injuntiva.
c) narrativa.
d) expositiva.
e) dialogal.
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Das quase extintas rodas de leituras nas praças dos pequenos municípios do interior - onde
as mais vibrantes epopeias eram narradas para os expectadores -, ele hoje desfila em redes
sociais, blogs, portais e cibercordeis virtuais. Nessa reinvenção abriu espaços para a produção
de mulheres cordelistas e está presente em feiras literárias importantes em todo o País. O Ce-
ará continua sendo um celeiro de novos talentos, conquistando prêmios e reconhecimento de
público e crítica.
Para o escritor Marco Haurélio, autor do livro “Literatura de Cordel: do sertão à sala de aula”,
onde discute as muitas possibilidades, diálogos e interfaces dessa arte, o cordel é um concei-
to. Transcende a literatura.
“Quando vinculado às poéticas da voz, integra ainda o que a grande e saudosa (professora)
Jerusa Pires Ferreira chamava de o Grande Texto, que seria a soma de muitas vozes, repercu-
tindo tradições diversas e dispersas, muitos fios formando um mesmo tecido”, explica.
A professora e pesquisadora de cordel Fanka Santos lembra que antes de ser impresso, o
cordel é voz por meio das cantorias repentistas. “Migrando para o espaço escrito, essa poética
se atualizou e hoje permanece se atualizando nas redes sociais, pois ele não muda sua forma,
apenas os conteúdos e suportes.”
Para o pesquisador de cultura popular Gilmar de Carvalho, cordel é um mundo ou uma
maneira de ver, ler e dizer o mundo. “Hoje não é mais apenas o folheto de feira, maravilhoso na
sua aparente simplicidade e como produto editorial, com seu miolo múltiplo de quatro páginas
e sua capa que foi “cega” (sem imagem nenhuma) ou gráfica, até a entrada da xilogravura”.
A grande diversidade temática confere mais liberdade para transitar entre os diferentes
tipos de arte, seja como linguagem ou como estética. Segundo Marco Haurélio, abrange desde
os folhetos circunstanciais e outros de cunho marcadamente “histórico”, além dos romances,
cuja inspiração provém, quase sempre, da matéria tradicional, baseada nos contos imemoriais
ou na poesia popular, incluindo os romances velhos e trágicos do sertão nordestino.
Revista Plenário. Órgão Oficial da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. ANO XIII | Mar / Abr 2021| 59a
edição.
127. (INÉDITA/2021) No primeiro período do texto, a expressão “Apesar de” introduz uma cir-
cunstância de
a) causa
b) conclusão
c) concessão
d) explicação
e) adição
129. (INÉDITA/2021) Com relação à pontuação, o sentido original e a correção do texto prece-
dente seriam mantidos caso
I – a vírgula em “No final do século XIX, o cordel era uma forma de expressão exclusiva-
mente oral” fosse suprimida.
II – os travessões presentes no primeiro período do terceiro parágrafo fossem substituídos
por parênteses.
III – fosse inserida uma vírgula após o termo “reinvenção” (segundo período do terceiro pa-
rágrafo).
130. (INÉDITA/2021) No segundo período do terceiro parágrafo, o sujeito das formas verbais
“abriu” e “está”
a) tem como núcleo o termo “reinvenção”
b) está indeterminado
c) está elíptico e corresponde à terceira pessoa do singular
d) é composto
e) tem como núcleo o termo “produção”
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Quando a covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil em março de 2020 e exigiu a adoção
de medidas mais restritivas, especialistas em saúde mental passaram a usar o termo “quarta
onda” para se referir à avalanche de novos casos de depressão, ansiedade e outros transtornos
psiquiátricos que viriam pela frente.
Mas, contrariando todas as expectativas, os primeiros 12 meses pandêmicos não resulta-
ram em mais diagnósticos dessas doenças: estudos publicados em março de 2021 indicam
que os números de indivíduos acometidos tiveram até uma ligeira subida no início da crise,
mas depois eles se mantiveram estáveis dali em diante.
Outros achados recentes também apontam que políticas mais extremas como o lockdown,
adotadas em vários países e tão necessárias para achatar as curvas de contágio e evitar o co-
lapso dos sistemas de saúde, não resultaram numa piora do bem-estar nem no aumento dos
casos de suicídio.
O que as pesquisas mais recentes nos apontam é que, ao menos em 2020, aquela “quarta
onda” de transtornos mentais que era prevista pelos especialistas não aconteceu na prática
graças à resiliência do ser humano e a despeito de uma piora na qualidade de vida e de um
esperado aumento de sentimentos como tristeza, frustração, raiva e nervosismo.
Em todo caso, é preciso destacar que alguns grupos foram mais atingidos que outros,
como é o caso dos profissionais da saúde e das mulheres, que precisaram lidar com a sobre-
carga de trabalho.
Internet: <uol.com.br> (com adaptações).
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e) a “quarta onda” refere-se aos novos casos de depressão, ansiedade e outros transtornos
psiquiátricos decorrentes da pandemia do coronavírus.
134. (INÉDITA/2021) A expressão destacada em “é preciso destacar que alguns grupos foram
mais atingidos que outros” (5º parágrafo do texto precedente) expressa uma relação de
a) oposição.
b) finalidade.
c) causa/consequência.
d) condição.
e) comparação.
135. (INÉDITA/2021) Assinale a opção que apresenta um trecho do texto precedente que con-
tém uma oração na voz passiva.
a) “os primeiros 12 meses pandêmicos não resultaram em mais diagnósticos dessas doenças”
(2º parágrafo)
b) “especialistas em saúde mental passaram a usar o termo “quarta onda” (1º parágrafo)
c) “estudos publicados em março de 2021 indicam que os números de indivíduos acometidos
tiveram até uma ligeira subida no início da crise” (2º parágrafo)
d) “aquela ‘quarta onda’ de transtornos mentais que era prevista pelos especialistas não acon-
teceu na prática” (4º parágrafo)
e) “é o caso dos profissionais da saúde e das mulheres, que precisaram lidar com a sobrecarga
de trabalho” (5º parágrafo)
136. (INÉDITA/2021) Assinale a alternativa em que a palavra apresentada está de acordo com
a atual ortografia oficial da língua portuguesa
a) mal acabado
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b) autorregulação
c) bem aventurado
d) européia
e) mal-criado
Texto OY44-LW
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b) argumentativo.
c) descritivo.
d) narrativo.
e) dialogal.
Em 1920, aos dois meses de idade, Clarice Lispector fez sua primeira grande travessia, da
longínqua Rússia ao Nordeste do Brasil. Filha de imigrantes judeus ucranianos, Clarice cresceu
no calor de Recife (Pernambuco), onde morou dez anos; perdeu a mãe em 1930, e dez anos
depois mudou-se com o pai e as duas irmãs para o Rio de Janeiro. A partir de 1944, quando se
casou com um diplomata, morou em Belém (Pará), nos Estados Unidos e em vários países da
Europa; durante a longa permanência no exterior, com temporadas no Brasil, escreveu e publi-
cou dois romances (O Lustre e A Cidade Sitiada) e um livro de contos. Em 1959, quando voltou
definitivamente ao Rio, já era considerada uma das maiores escritoras brasileiras.
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Recife, a cidade da infância e da juventude, foi a fonte dos primeiros escritos, de vários
contos de Felicidade Clandestina (1971) e de crônicas publicadas no Jornal do Brasil. O drama
pungente do imigrante do Nordeste aparece também na figura de Macabéa, uma pobre moça
de Maceió (Alagoas), cujo destino trágico no Rio de Janeiro é um dos temas de A Hora da Es-
trela, publicado em 1977, quando a escritora morreu aos 56 anos.
Clarice estreou em 1943 com o romance Perto do coração Selvagem, título que pinçou do
Retrato de um artista quando jovem, de Joyce. Naquela época, a literatura brasileira já contava
com uma tradição, de Machado de Assis à arte de vanguarda do Movimento Modernista de
1922. Na década seguinte, pelo menos dois livros importantes reforçaram essa tradição: O
Quinze (1930) de Rachel de Queiroz, e São Bernardo (1934), de Graciliano Ramos. Mas quando
Clarice Lispector e Guimarães Rosa surgiram na década de 1940, a prosa brasileira deu uma
cambalhota. Já em 1943, Antonio Candido, um grande crítico brasileiro, logo percebeu a novi-
dade e a ousadia do livro da jovem autora. Divisor de águas na literatura brasileira, Perto do Co-
ração Selvagem foi considerado por Candido “uma tentativa impressionante de levar a língua a
domínios pouco explorados, forçando-a a adaptar-se a um pensamento cheio de mistério, para
o qual sentimos que a ficção não é um exercício ou aventura afetiva, mas um instrumento real
do espírito, capaz de nos fazer penetrar em alguns labirintos retorcidos da mente”.
Esse comentário ajusta-se a praticamente toda a obra de Clarice, marcada pela busca do
sentido da vida, em que o evento mais prosaico pode desencadear um sentimento patético,
vertiginoso, siderado por imagens candentes e ideias abstratas. Quase tudo o que ela escreveu
parece sondar o coração selvagem da vida, reino de ambiguidades latentes, de transgressões
insuspeitadas, como a barata morta transformada em hóstia consagrada pela protagonista
do romance A Paixão segundo G.H. Busca também de uma linguagem, não menos dramática
que a vida, na tensão e intensidade com que os narradores sondam o poço escuro da paixão,
do desejo, do amor e do destino do ser, inseparáveis da morte. Os dramas dos narradores e
personagens de Clarice são também dramas de uma linguagem que expressa, num ritmo e
cadência de um estilo muito pessoal, o lado agônico ou extático dos seres que evoca; dramas
quase sem trama, porque a Clarice interessa menos o enredo e o tempo cronológico que a for-
ma descontínua e fragmentada de expressar uma experiência interior, um transe visionário, ou
mesmo um pensamento ou conceito.
É provável que o fluxo de consciência e a ironia fina devam algo à obra de Joyce e de Virgi-
nia Woolf; mas nenhuma escritora brasileira foi tão longe, e de uma maneira tão radical, em di-
reção ao abismo da interioridade. Benedito Nunes, o mais notável crítico de CL, assinalou que
“o ímpeto transgressivo das personagens femininas de alguns romances – Perto do coração
selvagem, O Lustre (1943), A Cidade Sitiada (1949), A Maçã no Escuro (1961) e certos contos
de Laços de Família (1960) – talvez seja a marca invertida da submissão feminina”. Por outro
lado, “o despojamento pessoal de G. H. neutraliza a diferença entre o masculino e o feminino,
absorvida numa condição humana geral em contraste com a animalidade e a vida orgânica. O
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romance póstumo Um sopro de vida (1978), narrado por dois personagens – um homem e uma
mulher –, persegue o mesmo pathos da morte e da loucura que lembra as personagens G.H. e
de Água viva (1973)”.
A mulher que em 1975 participou de um congresso de Bruxaria na Colômbia era esqui-
va, terna, belíssima, de uma beleza estranha, o rosto anguloso, os olhos um pouco rasgados,
vivos e assombrados, que pareciam olhar para fora, para o céu e o inferno, mas sobretudo
para dentro.
A linguagem foi, de fato, a sua maior e mais arriscada travessia: a paixão pela linguagem,
a busca tenaz, incessante e obsessiva de dizer o inefável, o que nos toca mais fundo e nos é
fugaz: o sentido mesmo da nossa existência. “A linguagem é o meu esforço humano. Por des-
tino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas – volto com o indízivel”.
(A Paixão segundo G. H.)
Milton Hatoum. Clarisse Lispector (1920-1977), El País.
144. (INÉDITA/2021) Em “Clarice estreou em 1943 com o romance Perto do coração Selva-
gem, título que pinçou do Retrato de um artista quando jovem, de Joyce” (primeiro período
do terceiro parágrafo do texto precedente), a palavra “pinçou” está empregada com o mesmo
sentido de
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a) compreendeu
b) extraiu
c) destacou
d) encontrou
e) declamou
145. (INÉDITA/2021) Assinale a opção em que o termo apresentado tem a mesma função
sintática que “Clarisse” (primeiro período do terceiro parágrafo do texto precedente).
a) “o lado agônico ou extático dos seres que evoca” (4º parágrafo)
b) “ao abismo da interioridade” (5º parágrafo)
c) “a diferença entre o masculino e o feminino” (5º parágrafo)
d) “que o fluxo de consciência e a ironia fina devam algo à obra de Joyce e de Virginia Woolf”
(5º parágrafo)
e) “a novidade e a ousadia do livro da jovem autora” (3º parágrafo)
146. (INÉDITA/2021) No texto, o emprego de vírgulas para isolar as expressões “um grande
crítico brasileiro” (3º parágrafo do texto precedente) e “o mais notável crítico de CL” (5º pará-
grafo do texto precedente) é
a) apenas uma escolha estilística do autor.
b) obrigatório apenas na primeira expressão.
c) justificado por regras distintas de pontuação.
d) justificado pela mesma regra de pontuação.
e) facultativo em ambas as expressões.
148. (INÉDITA/2021) No período em que se insere no texto, a oração “quando voltou definiti-
vamente ao Rio” (primeiro parágrafo do texto precedente) exprime a circunstância de:
a) causa.
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b) modo.
c) finalidade.
d) explicação.
e) tempo.
O astrônomo lê o céu, lê a epopeia das estrelas. Ora, direis, ouvir e ler estrelas. Que histó-
rias sublimes, suculentas, na Via Láctea. O físico lê o caos. Que epopeias o geógrafo lê nas ca-
madas acumuladas em um simples terreno. Um desfile de Carnaval, por exemplo, é um texto.
Por isso se fala de “samba-enredo”: a disposição das alas, as fantasias, a bateria, a comissão
de frente são formas narrativas.
Uma partida de futebol é uma forma narrativa. Saber ler uma partida — esse é o mérito do
locutor esportivo, na verdade, um leitor esportivo. Ele, como o técnico, vê coisas no texto em
jogo que, só depois de lidas por ele, por nós são percebidas. Ler, então, é um jogo, uma disputa,
uma conquista de significados.
Estamos com vários problemas de leitura hoje. Construímos aparelhos aprimoradíssimos
que sabem ler. Leem-nos, às vezes, melhor que nós mesmos. Vi na fazenda de um amigo apa-
relhos eletrônicos que, ao tirarem leite da vaca, são capazes de ler tudo sobre a qualidade do
leite, da vaca, e até (imagino) ler o pensamento de quem está assistindo à cena. Aparelhos
complexos leem o mundo e nos dão recados. A natureza está dizendo que a água, além de in-
fecta, está acabando. Lemos a notícia e postergamos a tragédia para nossos netos. É preciso
ler, interpretar e fazer alguma coisa com a interpretação.
Affonso Romano de Sant’Anna. Ler o mundo. São Paulo: Global, 2011, p. 8-9 (com adaptações).
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GABARITO
1. a 37. e 73. d
2. a 38. d 74. e
3. e 39. c 75. a
4. d 40. c 76. a
5. b 41. d 77. c
6. b 42. d 78. d
7. c 43. d 79. c
8. d 44. a 80. b
9. b 45. a 81. c
10. anulada 46. e 82. c
11. d 47. a 83. a
12. a 48. a 84. d
13. e 49. d 85. a
14. a 50. a 86. c
15. c 51. a 87. c
16. d 52. c 88. e
17. c 53. c 89. e
18. a 54. e 90. c
19. b 55. c 91. c
20. d 56. d 92. b
21. c 57. e 93. b
22. e 58. e 94. a
23. d 59. c 95. d
24. b 60. d 96. c
25. e 61. b 97. a
26. b 62. e 98. e
27. c 63. c 99. e
28. a 64. e 100. b
29. c 65. e 101. a
30. b 66. e 102. d
31. a 67. c 103. d
32. c 68. a 104. b
33. b 69. e 105. c
34. a 70. e 106. e
35. d 71. a 107. a
36. b 72. d 108. e
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109. b 147. b
110. a 148. e
111. c 149. d
112. b 150. c
113. a
114. d
115. a
116. c
117. d
118. d
119. c
120. e
121. b
122. d
123. a
124. a
125. b
126. c
127. c
128. b
129. c
130. c
131. b
132. e
133. d
134. e
135. d
136. b
137. c
138. b
139. d
140. b
141. e
142. e
143. d
144. b
145. d
146. d
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GABARITO COMENTADO
Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades densamente povoadas sejam
um sinal de “excesso de população”, quando de fato é comum, em alguns países, que mais
da metade de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só — enquan-
to existem vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas nas zonas rurais. Até mesmo em
uma sociedade urbana e industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área
são urbanizados — e apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes
maior do que a de todas as grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de fa-
velas densamente povoadas em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de que
o “excesso de população” é a causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da
concentração de pessoas que não conseguem arcar com os custos do transporte ou de um
espaço amplo para viver, mas que, mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefí-
cios de viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado, quando as populações na-
cionais e mundial eram bem menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a popu-
lação urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúr-
bios se desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próxi-
mos, em termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias
físicas sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros
de distância de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que,
vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).
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c) pessoas que não tem condições de arcar com os custos do transporte ou de um espaço
amplo para viver, mas que, mesmo assim, não tem disposição pra dispensar os benefícios de
viver na cidade
d) pessoas que não estão dispostas a arcar com os custos do transporte ou de um espaço
amplo para viver, mas que, mesmo assim, querem usufruir dos benefícios de viver na cidade
e) pessoas que não dão conta de arcar com os custos do transporte ou de um espaço amplo
para viver, nem tão pouco estão dispostas à abrir mão dos benefícios de viver na cidade
Texto 15A2-I
Quando se indaga sobre a diferença entre epidemia e endemia, surge, imediatamente, a
ideia de que a epidemia se caracteriza pela incidência, em curto período de tempo, de grande
número de casos de uma doença, ao passo que a endemia se traduz pelo aparecimento de
menor número de casos ao longo do tempo.
A distinção entre epidemia e endemia não pode ser feita, entretanto, com base apenas na
maior ou menor incidência de determinada enfermidade em uma população. Se o elevado nú-
mero de casos novos e sua rápida difusão constituem a principal característica da epidemia, já
não basta o critério quantitativo para a definição de endemia. O que define o caráter endêmico
de uma doença é o fato de ela ser peculiar a um povo, a um país ou a uma região. A própria
etimologia da palavra endemia denota esse atributo: endemos, em grego clássico, significa
“originário de um país”, “referente a um país”, “encontrado entre os habitantes de um mesmo
país”. Esse entendimento perdura na definição de endemia encontrada nos léxicos especializa-
dos em terminologia médica de várias línguas.
Pandemia, palavra de origem grega, formada com o prefixo neutro pan e pelo morfema de-
mos (povo), foi pela primeira vez empregada por Platão, em seu livro Das Leis. Platão a usou no
sentido genérico, referindo-se a qualquer acontecimento capaz de alcançar toda a população.
Com esse mesmo sentido, foi também utilizada por Aristóteles.
O conceito moderno de pandemia é o de uma epidemia de grandes proporções, que se es-
palha por vários países e por mais de um continente. Exemplo tantas vezes citado é o da gripe
espanhola, que se seguiu à I Guerra Mundial, nos anos de 1918 e 1919, e que causou a morte
de cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo.
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A única análise adequada está presente em a): “países” e “línguas” são, de fato, paroxítonos. O
vocábulo “línguas” é acentuado porque sua última sílaba contém um ditongo crescente átono
(ua); A palavra “países”, por sua vez, é acentuada porque sua sílaba tônica forma um hiato com
a vogal da sílaba anterior (pa-í-ses).
Letra a.
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Em e), a palavra “autoanálise” está grafada corretamente. O elemento “auto-” será seguido de
hífen apenas diante “o” ou “h”. Em d), não se aplica hífen em locuções; em a), aplica-se hífen
quando há vogais semelhantes (entre prefixo e base, como em semi-internato); em b), não se
aplica hífen, pois o “r” deve ser duplicado: contrarregra. Por fim, o vocábulo em c) deve ser re-
gistrado com apenas um “s”: hipersensibilidade.
Letra e.
Texto 5A2-I
Socorro
Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração,
que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido,
em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.
Alice Ruiz. Socorro, 1986.
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e) existe.
O verso original possui esta estrutura: “Por favor, uma emoção pequena, qualquer coisa que se
sinta, tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva.” A chave, aqui, é saber qual é o sentido
do verbo “ter”: é existencial. Esse uso é condenado pela norma gramatical, mas a licença poéti-
ca o acolhe. Por isso, a forma adequada a substituí-lo é “há”, impessoal (flexionado na terceira
pessoa do singular).
Letra d.
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As formas adequadas das palavras em a), b), d) e e) são estas: através, obedecer, mesa,
sintonizar.
Letra c.
Texto CB3A2BBB
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Texto CB1A1AAA
1 Na Idade Média, durante o período feudal, o príncipe era detentor de um poder conhecido
como jus politiae — direito de polícia —, que designava tudo o que era necessário 4 à boa ordem
da sociedade civil sob a autoridade do Estado, em contraposição à boa ordem moral e religio-
sa, de competência exclusiva da autoridade eclesiástica. 7 Atualmente, no Brasil, por meio da
Constituição Federal de 1988, das leis e de outros atos normativos, é conferida aos cidadãos
uma série de direitos, entre os quais 10 os direitos à liberdade e à propriedade, cujo exercício
deve ser compatível com o bem-estar social e com as normas de direito público. Para tanto,
essas normas especificam limitações 13 administrativas à liberdade e à propriedade, de modo
que, a cada restrição de direito individual — expressa ou implícita na norma legal —, correspon-
de equivalente poder de polícia 16 administrativa à administração pública, para torná-la efetiva
e fazê-la obedecida por todos.
Internet: (com adaptações)
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caso é um caso”, “ele é meu 40 amigo”, “você está errado mas eu continuo te amando”... E por
aí vai numa sequência que o leitor pode inferir, deferir ou embargar. Roberto da Mata. Achados
e perdidos.
In: O Estado de S.Paulo, São Paulo, 23/10/2013 (com adaptações).
Apesar de ser uma questão anulada, vale a pena comentá-la, em especial a alternativa d):
não se pode substituir a conjunção “porque” (sempre grafada dessa forma) pelo homófono
“por que”.
Anulada.
Texto 25A1-I
1 Quando Osório Duque-Estrada assumiu, em 1915, a cadeira que fora do poeta sergipano
Sílvio Romero, Coelho Neto reconstituiu uma fala que, supostamente, seria de Romero 4 e que
se refere à poesia popular e ao espírito sertanejo:
Ninguém imagina como eu quero bem a isto, como acho isto bonito! Este sol que não se
cansa de nos dar beleza e 7 fartura e dengue às nossas mulheres, palavra que, às vezes, tenho
vontade de o adorar porque é verdadeiramente um deus! Qual literatura! Se vocês querem po-
esia, mas poesia de 10 verdade, entrem no povo, metam-se por aí, por esses rincões, passem
uma noite no rancho, à beira do fogo, entre violeiros, ouvindo trovas de desafio. Chamem um
cantador sertanejo, um 13 desses caboclos distorcidos, de alpercatas e chapéu de couro, e pe-
çam-lhe uma cantiga. Então sim. Poesia é no povo. Poesia para mim é água em que se refresca
a alma e esses versinhos 16 que por aí andam, muito medidos, podem ser água, mas de chafa-
riz, para banhos mornos em bacia, com sabonete inglês e esponja. Eu, para mim, quero águas
fartas — rio que corra ou 19 mar que estronde. Bacia é para gente mimosa e eu sou caboclo,
filho da natureza, criado ao sol.
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Texto CG1A01BBB
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No trecho original, “diplomite” é relacionado ao a uma espécie de doença (referida com sentido
irônico e depreciativo), já que “paroxismo” significa “recorrência ou intensificação súbita dos
sintomas de uma afecção” (e muitas afecções são designadas justamente por esse sufixo,
como em faringite). Logo, temos a alternativa e) como correta, pois, de fato, esse vocábulo
consiste em neologismo formado com o sufixo “-ite”, que, no contexto, adquire sentido de-
preciativo e irônico, conferindo à informação a noção de valorização intensa ou exagerada
do diploma.
Letra e.
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Nos últimos anos, a redução média da demanda tem 25 se situado em torno de 5% nas
regiões onde foi aplicada a medida. As análises também demonstram que essa redução da de-
manda de ponta tem evitado novos investimentos da ordem 28 de dois bilhões de reais a cada
ano na construção de usinas geradoras de energia. A economia que se obtém no consumo de
energia, cerca de 0,5%, em MWh, é considerada um ganho 31 decorrente, ou marginal, mas não
pode ser desprezado.
Internet: (com adaptações).
19 maior velocidade. A ideia básica era, portanto, simplificar para dar velocidade. Importante,
também, era a posterior legibilidade dos registros. Mas como coletar as oratórias de 22 for-
ma rápida e legível? Quais eram os instrumentos de trabalho dos taquígrafos antigos? Aqui
convém lembrar que o lápis só apareceu após a descoberta das minas de grafite na Grã 25
Bretanha, na metade do século XVII. A pena de aço foi inventada na metade do século XVIII. E
a caneta esferográfica foi inventada por Laszlo Joseph Biro somente em 1943. Além 28 disso,
na época dos romanos não existia o papel, que só seria fabricado séculos mais tarde.
Giulietti (1950) descreve que os romanos 31 taquigrafavam em tabuletas e usavam, em vez
de lápis, um ponteiro. A tabuleta era constituída de duas tábuas retangulares, de madeira ou
de marfim, com uma pequena 34 margem elevada ao longo dos quatro lados. A parte central,
rebaixada em relação às margens, era recoberta com cera, sobre a qual se escrevia com um
ponteiro de metal, osso ou marfim. 37 O ponteiro tinha, de um lado, uma ponta aguda, com a
qual se escrevia na cera, e, do outro, o formato de uma espátula, que era usada para se apagar
o que estava escrito, alisando a cera. 40 As tabuletas também podiam ser revestidas com cal,
sobre a qual se escrevia com uma tinta negra. Várias tabuletas podiam ser unidas com corda-
zinhas, que serviam de dobradiças, 43 formando, dessa forma, um livreto com certo número
de páginas. Havia escravos que eram encarregados de entregar as tabuletas aos taquígrafos.
No momento em que terminava de 46 escrever em uma tabuleta, o taquígrafo já recebia outra
tábula rasa, tabuleta com a cera alisada. A tabuleta escrita era levada, então, por um escravo e
entregue aos librarii, que traduziam e 49 recopiavam tudo por extenso. O texto assim traduzido
era depois entregue aos oradores para uma revisão. Em seguida, era passado a limpo em per-
gaminhos ou papiros e publicado.
Wladimir Jatobá de Menezes et al. Ambiente de trabalho em taquigrafia: tarefas, atividades, estratégias opera-
tórias e custo humano da atividade. In: Ação Ergonômica, Rio de Janeiro, v. 3, n./ 1, p. 1-17, 2007. Internet: (com
adaptações).
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Vamos aos erros das alternativas a), b), d) e e): a) o vocábulo “pena” possui apenas um sentido
(plumagem de aves usada como objeto para escrever); b) os vocábulos compartilham o mes-
mo radical, mas há diferenças significativas em relação às palavras derivadas; d) a “espátula”
era usada para se apagar o que estava escrito, não designando um objeto no qual se pode
escrever; e) o processo é derivação, não sufixação. Em c), temos a afirmativa correta, pois o
radical “taqui” significa “rápido”, “célere”.
Letra c.
1 Que tipo de gente joga lixo na rua pela janela do carro ou deixa a praia emporcalhada
quando sai? Uma das respostas corretas é: um tipo que está se tornando mais raro. Sim. A
atual 4 geração de adultos foi criança em um tempo em que jogar papel de bala ou caixa vazia
de biscoitos pela janela do carro quase nunca provocava uma bronca paterna. Foi adolescente
7 quando amassar o maço vazio de cigarros e chutá-lo para longe não despertava, na audiên-
cia, nenhuma reação especial, além de um “vai ser perna de pau assim na China”. Chegou à
idade 10 adulta dando como certo que aquelas pessoas de macacão com a sigla do serviço de
limpeza urbana estampada nas costas precisam trabalhar e, por isso, deve contribuir sujando
as ruas. 13 Bem, isso mudou. O espírito do nosso tempo pode não impedir, mas, pelo menos,
não impele mais ninguém com algum grau de conexão com o atual estágio civilizatório da
humanidade a se 16 livrar de detritos em lugares públicos sem que isso tenha um peso, uma
consequência. É feio. É um ato que contraria a ideia tão prevalente da sustentabilidade do
planeta e da preciosidade 19 que são os mananciais de água limpa, as porções de terra não
contaminadas e as golfadas de ar puro. E, no entanto, as pessoas ainda sujam, e muito, as
cidades impunemente.
Veja, 9/3/2011, p. 72-3 (com adaptações).
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Prestemos atenção apenas na alternativa c): o vocábulo “emporcalhada” não é formado pelo
processo de composição. O processo é a derivação sufixal: emporcalha(r) + -ada. O verbo
“emporcalhar”, por sua vez, é formado por parassíntese (afixação simultânea de “em-” + “-ar”).
Letra d.
A composição por justaposição é caracterizada por NÃO HAVER PERDA FONOLÓGICA na jun-
ção de DOIS RADICAIS. Isso ocorre apenas em c): passa (verbo) + tempo (substantivo). Em
“superprodução”, temos apenas um radical (produção), já que o termo “super-” é considerado
um prefixo.
Letra c.
Onde mais?
1 A gente não se dá conta, mas existe um outro vício (eu diria: vírus) de linguagem infectan-
do indiscriminadamente brasileiros de todas as idades, sexos e estratos sociais.
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Falo do insidioso “onde”. Sim: insidioso. À primeira vista, “onde” parece uma palavra ino-
cente e inofensiva. Mas, sem 4 fazer alarde, o danado do “onde” foi se imiscuindo na nossa
vida, invadindo frases que não lhe dizem respeito e diminuindo consideravelmente as oportuni-
dades de emprego para palavras honestas como “que”, “o qual” e “das quais”.
Todos os momentos em que deveríamos usar “em que”, muitas situações nas quais anti-
gamente se usava “nas quais” e 7 uma série de casos “onde” pedem nada além de um simples
“que”, de repente, viraram momentos “onde”, situações “onde” e casos “onde”. Casos “onde” ?!!
Esse maldito “onde” é ainda mais perigoso, porque, na maioria das vezes, a gente nem nota
que ele está ali, apodrecendo 10 uma frase inteira. Tem vezes “onde” a gente consegue perce-
ber, mas existem construções mais elaboradas “onde” até os ouvidos mais sensíveis acabam
engambelados.
É diferente do irritante “com certeza”, que tem uma melancia pendurada no pescoço e não
esquece de se anunciar a cada 13 aparição. Não é como a praga do gerundismo, que sempre
vai estar chamando a atenção de todos os que não suportam estar ouvindo quem insiste em
estar falando desse jeito. O “onde”, não. O “onde” é discreto. Vai chegar um momento “onde”
você e eu vamos passar a falar assim e vamos achar normal.
16 Confesso que eu não tinha me dado conta do problema até conversar com o professor
Eduardo Martins em seu programa na Rádio Eldorado, o “De palavra em palavra”. (Parênteses.
Sim, existe ALGUÉM nesse país que leva “Xongas” a sério. E esse alguém é ninguém menos
que o professor Eduardo Martins. Não, leitor, você não precisa mais ler “Xongas” escondido, ou
19 fingindo que está com os olhos no resto da página. O Eduardo Martins também lê! — obri-
gadíssimo pela audiência, Professor.) Depois do programa do professor Eduardo, vi o assunto
sendo discutido no programa de TV do professor Pasquale, e ainda recebi várias newsletters
pela Internet que tocavam no problema do “onde”. Ou seja: os estudiosos já estão há muito
tempo cientes do 22 problema. Agora é preciso envolver o resto da população no combate a
essa epidemia. Aliás, aqui vai uma sugestão à produção da próxima “Casa dos Artistas”: va-
mos fazer da Tiazinha, da Feiticeira e dos Gêmeos os garotos-propaganda de uma campanha
pela erradicação do “com certeza”, do “eu vou estar transferindo a sua ligação” e do “tem casos
onde”. O absurdo maior é que 25 o “onde” está deixando de ser usado justamente nos momen-
tos em que deveria, ou seja, quando é relativo a lugares.
Quase ninguém mais diz “o lugar onde nasci” ou “as cidades onde morei”. Agora é o lugar
“que” eu nasci, as cidades “que” eu morei. Se essa troca de função entre o “onde” e o “que” for
mais longe, aonde (a quê?) vamos parar? Já pensou? Em 28 vez de “a mulher que eu amo”,
você vai dizer “a mulher onde eu amo”. (Às vezes as duas coisas coincidem, mas outras vezes
o objeto do desejo está inacessível ou com enxaqueca.) Mas o pior vai ser quando “por que”
virar “por onde”. “Por que você não foi?” vai virar “Por onde você não foi?”, o que vai suscitar
múltiplas interpretações.
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31 Além do que (do onde?), aprender de novo quando o poronde é junto, quando o por onde
é separado e quando o porônde leva acento vai ser complicado demais nessa idade.
Ricardo Freire. Época, 25/12/2001 (com adaptações).
O termo “xongas” é um substantivo, como se comprova pela análise do trecho original: “Não,
leitor, você não precisa mais ler ‘Xongas’ escondido”. Nessa oração, o termo “Xongas” é nú-
cleo de um objeto direto e designa uma coluna da revista Época (por isso substantivo próprio,
concreto e simples). Logo, a alternativa a) realiza a classificação correta. Em b), o termo em
destaque é concreto e simples; em c), o substantivo é próprio e simples; em d), por fim, “garo-
tos-propaganda” não se trata de substantivo próprio e composto.
Letra a.
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c) Estaria mantida a correção gramatical e não haveria prejuízo ao sentido do texto caso se
substituísse a palavra “muitas” (l.9) por diversas ou várias.
d) Os termos “sociais” (l.3) e “severa” (l.13) exercem no texto a mesma função sintática.
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para o sentido original (quando há significativa mudança: “E isso acontece de forma razoável
sem que o valor do serviço executado seja aplicado”).
Letra d.
Texto 1A11-I
1 Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma 4 peça do (hoje) desconhecido compo-
sitor, junto com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui
podem ser verdadeiros, mas — como se 7 verá — relativos). A plateia, formada por um público
refinado, culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava
com impaciência.
10 Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do
obscuro e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos 13 mais sen-
síveis, depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do
teatro, incapazes de suportar música de má qualidade.
16 Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres
em reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.
19 Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto,
os nomes de Pixis e Beethoven...
22 A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e
paixão, e a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
25 Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos
arrogantes a respeito do que julgamos ser arte.
28 Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de
aplaudir Pixis como se fosse Beethoven. Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis.
In: Para ser escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).
Analisando a cadeia coesiva do texto, o termo “adjetivos” remete aos vocábulos “admirável”,
“maravilhoso” e “extraordinário” (os quais qualificam “Beethoven”).
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Letra c.
1 Com 97% das crianças alfabetizadas aos sete anos de idade, a rede municipal de educa-
ção pública de Sobral – CE aparece com destaque no mapa do Índice de Desenvolvimento 4
da Educação Básica (IDEB). A cada edição, o município registra avanços — em 2005, chegou a
4 pontos; em 2007, a 4,9; em 2009, a 6,6; em 2011, a 7,3. Ao obter tal pontuação, 7 ultrapassou
a meta final prevista somente para 2021, de 6,1 pontos.
Tais resultados, de acordo com o secretário municipal 10 de educação, constituem a soma
de onze anos de política de alfabetização e de investimentos nas crianças e na formação
continuada de professores da rede de ensino. Em 2001, 48% 13 dos alunos, aos oito anos de
idade, não conseguiam ler palavras. Hoje, 97% dos estudantes, aos sete anos, têm fluência,
entonação e compreensão do que leem. A estratégia 16 do município é utilizar a leitura como
base do processo.
Internet: (com adaptações).
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1 Segundo o INMETRO, novas tomadas elétricas passam a ser obrigatórias a partir de 2010
e o Brasil concluirá em 2011 todas as etapas do processo de criação 4 do padrão brasileiro
de plugues e tomadas, que passarão a estar em conformidade com as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
7 A padronização tornou-se obrigatória por meio de uma portaria do instituto publicada em
2000, quando foram estabelecidos diferentes prazos para que os vários 10 segmentos da in-
dústria adotem as novas regras a partir de janeiro de 2010, com todo o processo de conversão
concluído, inclusive por parte do comércio, a partir de julho 13 de 2011, quando os aparelhos
elétricos e eletrônicos à venda terão que estar adaptados.
Segundo o chefe da Divisão de Programa de 16 Avaliação da Conformidade do INMETRO,
Gustavo Kuster, hoje o Brasil tem mais de doze tipos diferentes de plugues e oito de tomadas.
“Essa diversidade toda causa 19 uma série de situações de riscos. A incompatibilidade levava
a que o consumidor adotasse uma série de opções sem qualquer segurança, como lixar o pino
do plugue”.
22 Para ele, o mérito da padronização que está sendo adotada pelo INMETRO é exatamen-
te o aumento da segurança. “A tomada e o plugue, como hoje são feitos, 25 permitem o que
chamamos de inserção parcial. A finalidade da padronização que vem sendo discutida desde
o final da década passada objetiva a segurança”.
Nielmar de Oliveira. Novo padrão de plugues e tomadas chega ao comércio em 2010. I n: Agência Brasil. Internet:
(com adaptações).
A afirmativa em a) está errada, pois a flexão de “a estar” gera incorreção gramatical. Substi-
tuir “de” por “que” em “terão de” não prejudica a correção gramatical do período (e por isso a
afirmativa em b) está errada). Em c), o vocábulo “segundo” classifica-se como conjunção. Em
e), por fim, o erro está em afirmar que substituir um termo de gênero feminino por um termo
de gênero masculino não gera prejuízo sintático ao texto (a concordância nominal seria des-
respeitada).
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Letra d.
1 Uma crise de paradigmas caracteriza-se como uma mudança conceitual, ou uma mu-
dança de visão de mundo, consequência de uma insatisfação com os modelos 4 anteriormen-
te predominantes de explicação. A crise de paradigmas leva geralmente a uma mudança de
paradigmas, sendo que as mudanças mais radicais consistem em 7 revoluções científicas.
Há causas internas e externas dessas mudanças. As internas são o resultado de desenvolvi-
mentos teóricos e metodológicos dentro de uma mesma teoria e 10 também do esgotamento
dos modelos tradicionais de explicação oferecidos pela própria teoria, o que leva à busca de
alternativas. Causas externas são mudanças na sociedade 13 e na cultura de uma época, que
fazem com que as teorias tradicionais deixem de ser satisfatórias, perdendo assim o poder
explicativo. Devem, portanto, ser substituídas por 16 novas teorias, mais adequadas a essas
ulteriores condições. Frequentemente ambos os tipos de causa vêm juntos em um contexto de
revolução científica. Danilo Marcondes. A crise de paradigmas e o surgimento da modernidade.
In: Zaia Brandão (Org.). A crise dos paradigmas e a educação. São Paulo: Cortez, 1999, p. 15-6 (com adaptações)
Vamos observar os erros das alternativas a), c), d) e e), respectivamente: o termo “ulterior”
significa “depois”, “posterior”, e por isso a substituição proposta em a) está errada; a inserção
de “uma” antes de “busca” gera incorreção gramatical (note a existência do sinal indicativo de
crase, que evidencia a presença de um artigo definido feminino); a eliminação da expressão
torna o período sem sentido (“que fazem as teorias tradicionais deixem de ser satisfatórias”);
a substituição proposta desconsidera a necessidade de se flexionar o verbo no plural (concor-
dando com o sujeito no plural).
Letra b.
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exemplo, com a competição que um dia virá. Então, a dúvida que permanece é: nossas escolas
de fato cumprem essa tarefa?
10 Carlos Alberto Ramos, professor do Departamento de Economia da Universidade de
Brasília, aponta falhas nessa missão. Ele identifica um abismo na transição entre o sistema
13 escolar e o mercado de trabalho. “Nosso modelo educacional é muito segmentado, e os
conhecimentos de línguas e matemática, por exemplo, são muito diferentes dos valores 16
compreendidos durante a vida profissional”, defende.
O despreparo dos jovens, portanto, é patente. “Desde cedo, é preciso ensinar as crianças
a pensar e a se adequar a 19 novas realidades”, diz Ramos. “Elas contam, inclusive, com uma
vantagem para isso: são mais flexíveis a mudanças e estão sempre abertas a novas tecnolo-
gias”. Infelizmente, conclui o 22 especialista, não é isso o que acontece nas escolas.
O mais curioso é que, a despeito de qualquer discussão sobre o dever das escolas, ajudar
no 25 desenvolvimento do aluno com vistas à sua colocação no mercado de trabalho é um
fundamento no país, estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, con-
junto 28 de normas que dá o norte ao sistema educacional brasileiro. Portanto, tal tarefa cabe
a todos os níveis do ensino básico, dos cinco aos 17 anos.
31 Para Claudio de Moura Castro, especialista em educação, as escolas de ensino infantil
e fundamental oferecem aos estudantes, geralmente, a proposta correta para a 34 capacitação
para a vida profissional. Isso significa: ensinar a ler, escrever e falar adequadamente já duran-
te a alfabetização infantil. O problema, segundo o especialista, aparece no ensino 37 médio.
“Nesse nível, as escolas são desmotivadoras, oferecendo conteúdos específicos para que os
alunos estejam preparados para o vestibular”, afirma. “Mas, na verdade, não 40 preparam o
estudante para nada”.
Moura Castro aponta três habilidades fundamentais aos profissionais de hoje e do futuro.
Elas são decorrentes da 43 boa leitura, da boa escrita e da capacidade de comunicar-se bem.
“Todos os profissionais precisam saber resolver problemas, falar em público e trabalhar em
equipe”, sentencia. 46 “É nesse momento de aprendizado que se dissolve a fronteira entre o
que é acadêmico — ensinado na escola — e o que é profissional e prático para o mercado de
trabalho.”
Marina Dias. Bom profissional se faz na escola, 4/9/2009. Internet: (com adaptações).
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Vamos aos erros das alternativas a), b), c) e d): a) a preposição é regida pela forma verbal “dá”,
bitransitiva; b) o objeto direto está explícito (é “a proposta correta para [...]); c) no trecho indi-
cado, o termo “jovens” é um adjetivo, o qual modifica “estudantes”; d) o sujeito da forma verbal
“identifica” é o pronome “Ele”. A alternativa e), correta, indica adequadamente a sinonímia entre
“a despeito de” e “apesar de” (ambas concessivas).
Letra e.
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der esse fenômeno improvável no acanhado ambiente 31 literário e cultural do Brasil — tão
improvável que até os mais materialistas falaram em milagre. Hélio de Seixas Guimarães. Pre-
sença inquietante.
In: Folha de S.Paulo, 27/1/2008 (com adaptações).
Vamos aos desvios das alternativas a), b), d) e e), respectivamente: o emprego da vírgula é
adequado, pois separa adjunto de grande extensão deslocado; a ideia de concessão é introdu-
zida pela conjunção “embora”; o pronome “que” refere-se a “algo do caráter excêntrico, inclas-
sificável e surpreendente”; os verbos possuem complementos (colaborando com; participando
de). Na alternativa c), (i) é correto classificar os termos “inquietante” (presença inquietante),
“indisputado” (lugar indisputado) e “inclassificável” (caráter inclassificável) como adjetivos; (ii)
todos são formados por prefixação (o prefixo é o “in-”, o qual se soma às formas quieto, dispu-
tado, classificável); (iii) os sufixos, como se afirma, são distintos: -ante, -ado e -ável.
Letra c.
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1 “Por que não pensei nisso antes?” Sempre que nos deparamos com essa indagação,
estamos diante de uma idéia criativa. A espontaneidade para solucionar problemas é uma 4
capacidade sempre invejada. Há quem garanta que entrar nesse time seleto é uma questão
de treino e informação. Entre pesquisadores e pessoas reconhecidas pelo caráter inovador, 7
existe um consenso: a criatividade é muito menos divina do que se imagina.
Grandes inovadores, como Leonardo da Vinci e Albert 10 Einstein, parecem raros na atua-
lidade, porque é normal dentro do processo criativo que muitos só sejam reconhecidos depois
de mortos.
13 O processo criativo varia de pessoa a pessoa. Nas artes, por exemplo, a capacidade
de retratar o cotidiano dos fidalgos e plebeus de uma forma original fez de Molière um 16 gê-
nio da comédia. Mozart se destacou pela ousadia de suas composições. Os heterônimos de
Fernando Pessoa renderam obras com diferentes nuanças: do sarcasmo ao lirismo. Todos 19
souberam trabalhar os elementos que tinham à disposição de uma forma que não havia sido
pensada anteriormente.
João Rafael Torres. Revista do Correio, 9/4/2006, p. 23-4 (com adaptações).
Essa questão trabalha a elipse do substantivo. Para saber qual é a palavra que foi omitida, bas-
ta tentar substituí-la no trecho, observando se a coesão e a coerência se mantêm. Isso ocorre
quando inserimos “inovadores” após “muitos”: “Grandes inovadores, como Leonardo da Vinci e
Albert Einstein, parecem raros na atualidade, porque é normal dentro do processo criativo que
muitos inovadores só sejam reconhecidos depois de mortos”
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Letra c.
b) Os vocábulos “humana”, “melhores” e “atuais”, todos na linha 17, “injustiça” (l.18), “social”
(l.19) e “amadurecida” (l.20) estão empregados no texto como adjetivos.
c) Na linha 22, a palavra “que” exerce a função gramatical de sujeito de “percebem” e refere-se
a “outras pessoas” (l.21).
d) Os conectores “sobre” (l.38) e “através” (l.39) estão utilizados, respectivamente, com sentido
de a respeito de e por intermédio.
Vamos direto ao erro da alternativa b): o vocábulo “injustiça” é um substantivo, o qual faz par-
te de um sujeito composto (com os outros substantivos “discriminação” e “marginalização”).
Apenas para esclarecer um pouco mais o porquê de a alternativa a) estar correta: os termos
destacados são substantivos.
Letra b.
Texto CB1A1-I
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aspecto meramente utilitário dos bens de consumo, de modo que se tornem mais parecidos
com obras de arte, carregados de expressão pessoal.
Alfred Gell. Recém-chegados ao mundo dos bens: o consumo entre os Gonde Muria. In: Arjun Appadurai (org).
A vida social das coisas: mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Eduff, 2008, p. 147-48 (com adapta-
ções).
Há, na construção, uma sequência de estruturas que denotam hipótese: o “se” e a forma verbal
“colecionassem”, flexionada na terceira pessoa do plural do pretérito imperfeito do subjuntivo.
Letra a.
Texto 1A1-I
Não sei quando começou a necessidade de fazer listas, mas posso imaginar nosso ante-
passado mais remoto riscando na parede da caverna, à luz de uma tocha, signos que indica-
vam quanto de alimento havia sido estocado para o inverno que se aproximava ou, como so-
mos competitivos, a relação entre nomes de integrantes da tribo e o número de caças abatidas
por cada um deles.
Se formos propor uma hermenêutica acerca do tema, talvez possamos afirmar que existem
dois tipos de listas: as necessárias e as inúteis. Em muitos casos, dialeticamente, as necessá-
rias tornam-se inúteis e as inúteis, necessárias. Tomemos dois exemplos. Todo mês, enumero
as coisas que faltam na despensa de minha casa antes de me dirigir ao supermercado; essa
lista arrolo na categoria das necessárias. Por outro lado, há pessoas que anotam suas metas
para o ano que se inicia: começar a fazer ginástica, parar de fumar, cortar em definitivo o açú-
car, ser mais solidário, menos intolerante... Essa elenco na categoria das inúteis.
Feitas as compras, a lista do supermercado, necessária, torna-se então inútil. A lista con-
tendo nossos desejos de sermos melhores para nós mesmos e para os outros, embora inútil,
pois dificilmente a cumprimos, converte-se em necessária, porque estabelece um vínculo com
o futuro, e nos projetar é uma forma de vencer a morte.
Tudo isso para justificar o que se segue. Ninguém me perguntou, mas resolvi organizar
uma lista dos melhores romances que li em minha vida — escolhi o número vinte, não por mo-
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tivos místicos, mas porque talvez, pela amplitude, alinhave, mais que preferências intelectuais,
uma história afetiva das minhas leituras. Enquadro-a na categoria das listas inúteis, mas, quem
sabe, se consultada, municie discussões, já que toda escolha é subjetiva e aleatória, ou, na
melhor das hipóteses, suscite curiosidade a respeito de um título ou de um autor. Ocorresse
isso, me daria por satisfeito.
Luiz Ruffato. Meus romances preferidos. Internet: <brasil.elpais.com> (com adaptações).
Precisamos seguir este princípio: o verbo lexical (forma única) deve estar flexionado da mes-
ma forma que a locução “formos propor”. Nessa locução, o auxiliar “formos” está flexionado
na primeira pessoa do plural do futuro do subjuntivo. Com isso, a forma “propusermos” é a
adequada, pois também está flexionada na primeira pessoa do plural do futuro do subjuntivo.
Letra c.
Texto 15A2-II
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade;
advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o con-
traste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar
os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e
o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si
mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia,
que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como
a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se,
desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há
vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O olhar
da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte;
não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se
nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como
o desdém dos finados.
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Fiz uma seleção de algumas formas verbais flexionadas no texto: espante; exponho; realço;
advirto; é; obrigam; faz; embaça; há; perde. Como se vê, os verbos são majoritariamente flexio-
nados no presente.
Letra b.
Quino. Mafalda.
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Considerando o contexto de ocorrência (a tirinha), a forma verbal “seja” denota desejo (prin-
cipalmente quando consideramos a oração principal “As pessoas esperam [isso]”). Não seria
coerente uma interpretação de que essa forma verbal possa denotar “dúvida”, “condição”, “sur-
presa” ou “concessão”.
Letra a.
Texto 5A2-I
Socorro
Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração,
que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido,
em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
socorro, eu já não sinto nada.
Alice Ruiz. Socorro, 1986.
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O termo “Socorro” é claramente uma interjeição: o autor expressa uma emoção e faz um apelo
(não direcionado a um interlocutor específico) ao enunciá-lo. Esse termo não exerce função sin-
tática (e por isso não pode ser um advérbio ou uma forma verbal). Também não é um vocativo,
pois “Socorro” não é o nome de um interlocutor (que, pelo vocativo, seria evocado/chamado).
Letra d.
Texto 1A1-II
1 Não se sabe ainda se o mundo acabou realmente no sábado, como fora anunciado. Pode
ser que sim, e não seria a primeira vez que isso acontece. A falta de sinais estrondosos e 4
visíveis não é prova bastante da continuação. Muitas vezes o mundo acaba em silêncio, ou
fazendo um barulho leve de folha. Tempos depois é que se percebe, mas já então vivemos em
7 outro mundo, com sua estrutura e seus regulamentos próprios.
Pessoas que aí estão vivas assistiram à morte do mundo em agosto de 1914, mas estavam
lendo jornal e não 10 compreenderam no momento. Era apenas mais uma guerra na Europa,
mas acabou com a belle époque, a respeitabilidade vitoriana, a supremacia da libra, os sus-
pensórios, os conceitos 13 econômicos, políticos e éticos do século XIX — mundo que parecia
eterno. Pedaços dele andam por aí, vagando, como o colonialismo, a opressão de grupos finan-
ceiros, a servidão civil 16 da mulher, mas pertencem a um contexto liquidado, rabo de lagartixa
vibrando depois que o corpo foi abatido.
É possível que a previsão dos astrólogos indianos não 19 tivesse base, e que o mundo atu-
al dure muitos anos. Acredito mesmo que é cedo para ele morrer, se apenas está nascendo, e
nem se sabe ao certo como é ou será.
22 Aos sete anos de idade, imaginei que iria presenciar a morte do mundo, ou antes, que
morreria com ele. Um cometa mal-humorado visitava o espaço. Mas o cometa de Halley 25
airosamente deslizou sobre nossas cabeças sem dar confiança de exterminar-nos.
Carlos Drummond de Andrade. Fim do mundo. In: A bolsa e a vida. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.
64-5.
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Vamos ao trecho original: “Aos sete anos de idade, imaginei que iria presenciar a morte do
mundo, ou antes, que morreria com ele.” Ao utilizar o termo “antes”, o autor realiza uma espécie
de “errata”, de “correção”, de “ajuste” em relação ao que se fala. Assim, a substituição adequa-
da é esta: “Aos sete anos de idade, imaginei que iria presenciar a morte do mundo, ou melhor,
que morreria com ele.”
Letra b.
Texto CG1A1-I
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43 O objetivo é criar uma economia inovadora com baixas emissões de poluentes, que
concilie as exigências para a agricultura sustentável e a pesca, a segurança alimentar e o 46
uso sustentável dos recursos biológicos renováveis para fins industriais, e que assegure, ao
mesmo tempo, a biodiversidade e a proteção ambiental. A bioeconomia contempla não ape-
nas 49 setores tradicionais como agricultura, silvicultura e pesca, mas também setores como
as biotecnologias e bioenergias. Ao que tudo indica, o futuro será definitivamente bio.
Marina Santos Chiapetta. Internet: (com adaptações).
Se você observar bem, cada uma das reescritas modifica a posição do vocábulo “agora”. A
única posição que mantém esse sentido está presente em e), porque o termo “agora” está em
posição inicial (modificando o evento “ela reúne todos os setores”. Nas demais alternativas, ou
a nova posição do termo “agora” modifica os sentidos originais, ou a pontuação é inadequada:
em a) e c), a vírgula separa o verbo do complemento; em b), a vírgula altera o sentido da subor-
dinada adjetiva (que passa a ser explicativo).
Letra e.
Texto 1A1BBB
1 Quando nos referimos à supremacia de um fenômeno sobre outro, temos logo a impres-
são de que se está falando em superioridade, mas, no caso da relação entre oralidade e escrita,
4 essa é uma visão equivocada, pois não se pode afirmar que a fala seja superior à escrita ou
vice-versa. Em primeiro lugar, deve-se ter em mente o aspecto que se está comparando e, em
7 segundo, deve-se considerar que essa relação não é nem homogênea nem constante. A pró-
pria escrita tem tido uma avaliação variada ao longo da história e nos diversos povos.
10 Existem sociedades que valorizam mais a fala, e outras que valorizam mais a escrita. A
única afirmação correta é a de que a fala veio antes da escrita. Portanto, do ponto de 13 vista
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cronológico, a fala tem precedência sobre a escrita, mas, do ponto de vista do prestígio social,
a escrita tem supremacia sobre a fala na maioria das sociedades contemporâneas.
16 Não se trata, porém, de algum critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos, e sim
de postura ideológica. São valores que podem variar entre sociedades e grupos sociais ao
19 longo da história. Não há por que negar que a fala é mais antiga que a escrita e que esta
lhe é posterior e, em certo sentido, dependente. Mesmo considerando a enorme e inegável
22 importância que a escrita tem nos povos e nas civilizações ditas “letradas”, continuamos
povos orais.
Luiz Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Princípios gerais para o tratamento das relações entre a fala e
a escrita. In: Luiz Antônio Marcuschi e Angela Paiva Dionisio. Fala e escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p.
26-7 (com adaptações).
Em d), é adequado afirmar que o vocábulo “logo” tem o sentido adverbial de imediatamente,
como se comprova pela reescrita: “temos imediatamente a impressão de que se está falando”.
Nas demais alternativas, no entanto, temos incorreções: a) o vocábulo “constante” foi empre-
gado para qualificar o termo “relação”; b) o sentido de “sobre a” é hierárquico, relativo a nível,
posição ocupada – e por isso a substituição por “a respeito da” (que denota temática, assunto)
é incorreta; c) a mudança gera alteração de sentido (do plano da realidade para a irrealidade);
e) o termo “lugar” faz parte de uma expressão coesiva, a qual organiza a sequência textual:
“Em primeiro lugar”. Assim, não há que se falar em delimitar um espaço ou região.
Letra d.
Texto CG2A1BBB
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Precisamos observar os erros das alternativas a), b), d) e e): a) o sujeito de “é escolhido” é “um
representante”; b) a expressão “com o surgimento de governos representativos na Europa e na
América do Norte” exprime uma causa/origem; d) as palavras “formação” e “fixação” NÃO es-
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tão sendo empregadas de modo impreciso. Observe as especificações (que tornam os termos
mais precisos): “de um corpo eleitoral” e “de processos de votação”; e) o termo é um adjetivo
gentílico, o qual não está sendo empregado como atributo negativo. A alternativa certa, c),
afirma adequadamente que “disciplinadamente” exprime circunstância de modo (equivale a
“organizar ‘de modo disciplinado’ essa escolha”).
Letra c.
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c) “Tenho dito” (segundo quadro), assim como “Ah” (terceiro quadro), são exemplos de interjei-
ções que expressam o estado emocional do falante.
d) A dizer que o canal “povo-rainha” (terceiro quadro) continua desativado, o autor faz uma
crítica política à relação de poder da rainha sobre o formigueiro.
Texto CG1A1-II
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Vamos ao primeiro período do texto: “À área da linguística que se ocupa em contribuir para a
solução de problemas judiciais e que auxilia também na compreensão de discursos e intera-
ções produzidos em ambiente jurídico chamamos de linguística forense.” O verbo da oração
principal está flexionado na primeira pessoa do plural: “chamamos”. Como não há sintagma
sujeito explícito (apenas a flexão marca o sujeito do verbo) e o referente está identificado (a
primeira pessoa do plural), a alternativa d) é adequada.
Letra d.
Texto CG3A1-I
1 No século 21, eu acredito que a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) será
definida por uma consciência nova e mais profunda da santidade e da dignidade 4 de cada vida
humana, independentemente de raça ou religião. Isso irá requerer que levemos o nosso olhar
para além da estrutura dos Estados, ou da simples superfície de nações ou 7 comunidades.
Devemos enfocar, como nunca, a melhoria das condições de vida de homens e mulheres, indi-
vidualmente, que dão ao Estado ou à nação a sua riqueza e o seu caráter.
10 Neste novo século, devemos começar pela compreensão de que a paz pertence não
somente aos Estados ou povos, mas também a cada um e a todos os membros dessas 13
comunidades. A soberania dos Estados não mais deverá ser utilizada como um escudo contra
grandes violações aos direitos humanos. A paz deve ser real e tangível no dia a dia de cada 16
indivíduo que dela necessite. Devemos buscá-la, acima de tudo, pelo fato de ser a condição
para que cada membro da família humana possa levar uma vida de dignidade e segurança.
19 A lição do século passado nos fez entender que ameaçar ou atropelar a dignidade do
indivíduo — como naqueles países onde o cidadão não desfruta do direito básico 22 de esco-
lher o seu governo, ou do direito de o escolher regularmente — resultou em conflitos, perdas de
civis inocentes, vidas abreviadas e comunidades destruídas.
25 Com efeito, os obstáculos à democracia têm muito pouco a ver com cultura ou religião,
e muito mais com o desejo daqueles que se encontram no poder e querem manter sua 28 po-
sição a qualquer custo. Não se trata de um fenômeno novo nem restrito a uma parte específica
do mundo. As pessoas de todas as culturas prezam por sua liberdade de escolha e sentem 31
a necessidade de ter direito de voz nas decisões que afetam suas vidas.
Kofi Annan [secretário-geral das Nações Unidas], 10 dez. 200Questão 51 In: Jerzy Szeremeta. Participação genu-
ína na era da tecnologia de informação e comunicação (TIC). Fundação Luís Eduardo Magalhães. Gestão pública
e participação. Cadernos da FLEM. 20.ª ed. Salvador: FLEM, 2005, cap. III, p. 105-6 (com adaptações).
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a) eu.
b) você.
c) eles.
d) nós.
e) vós.
As formas verbais “levemos” e “devemos” têm como sujeito a forma pronominal reta “nós”:
primeira pessoa do plural.
Letra d.
Texto CG1A1-I
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Observe o trecho original: “Para quebrar esse paradigma, mobilizam-se conceitos econômicos
que propõem um novo modo de gestão da sociedade, como a economia circular e a bioecono-
mia.” A pergunta para encontrar o sujeito é feita ao predicado: “quem/o que se mobilizam?”. A
resposta será “conceitos econômicos” (e, assim, esse é o sujeito de “mobilizam-se”). Lembro
que o “se” é partícula apassivadora e a passiva é sintética. Logo, a alternativa d) está correta.
Letra d.
Texto CB1A1-I
1 Candeia era quase nada. Não tinha mais que vinte casas mortas, uma igrejinha velha,
um resto de praça. Algumas construções nem sequer tinham telhado; outras, 4 invadidas pelo
mato, incompletas, sem paredes. Nem o ar tinha esperança de ser vento. Era custoso acreditar
que morasse alguém naquele cemitério de gigantes.
7 O único sinal de vida vinha de um bar aberto. Duas mesas de madeira na frente, um ca-
minhão, um homem e uma mulher na boleia ouvindo música, entre abraços, 10 beijos e carí-
cias ousadas. Mais desolado e triste que Juazeiro do Norte aquele povoado, muito mais. Em
Juazeiro tinha gente, a cidade era viva. E no meio daquele povo todo 13 sempre se encontrava
uma alma boa como a de sua mãe, uma moça bonita, um amigo animado. Candeia era morta.
Samuel ao menos ficou um pouco feliz por ouvir 16 a música do caminhoneiro. Quase
sorriu. O esboço de alegria durou até aparecer pela porta mal pintada de azul uma mulher
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assombrosa, praguejando com uma vassoura na mão 19 e mandando desligar aquela música
maldita. O caminhoneiro a chamou pelo nome:
— Cadê o café, Helenice? Deixa de praguejar, 22 coisa-ruim!
Pela mesma porta saiu uma moça, bem jovem, com uma garrafa térmica vermelha e duas
canecas. Foi 25 e voltou com rapidez, agora trazendo dois pratos, quatro pães pequenos, duas
bananas cozidas e um pote de margarina.
— Cinco reais — ordenou Helenice, com a mão 28 na garrafa térmica.
— Só come se pagar.
O homem pagou, sempre rindo da cara de Helenice, visivelmente bêbado.
31 Samuel invejou o caminhoneiro. Não tinha tanto dinheiro para comer naquele fim de
tarde, fim de vida.
Socorro Acioli. A cabeça do santo. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 17-8 (com adaptações).
Sempre é bom voltar ao trecho original: “Era custoso acreditar que morasse alguém naquele
cemitério de gigantes.” A pergunta para encontrar o sujeito é feita ao predicado: “quem/o que
era custoso?” A resposta será o sujeito oracional “acreditar que morasse alguém naquele ce-
mitério de gigantes”. Por isso a alternativa a) é a correta.
Letra a.
Texto CG1A1CCC
1 Alguns nascem surdos, mudos ou cegos. Outros dão o primeiro choro com um estrabis-
mo deselegante, lábio leporino ou angioma feio no meio do rosto. Às vezes, ainda há 4 quem
venha ao mundo com um pé torto, até com um membro já morto antes mesmo de ter vivido.
Guylain Vignolles, esse, entrara na vida tendo como fardo o infeliz trocadilho 7 proporcionado
pela junção de seu nome com seu sobrenome: Vilain Guignol, algo como “palhaço feio”, um
jogo de palavras ruim que ecoara em seus ouvidos desde seus primeiros passos 10 na existên-
cia para nunca mais abandoná-lo.
Jean-Paul Didierlaurent. O leitor do trem das 6h27. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015 (com adaptações).
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O termo em destaque faz parte desta oração: “Alguns nascem surdos, mudos ou cegos.” A
forma verbal “nascem” tem como sujeito a forma “Alguns”. O verbo é intransitivo, logo não
seleciona objeto (eliminamos, assim, a alternativa b)). As formas pertencentes ao termo des-
tacado (surdos, mudos, cegos) estão flexionadas no plural, concordando com “Alguns”. Nesse
sentido, não podem ser adjunto adverbial (não são advérbios, pois flexionam). Como a relação
é do tipo predicativa (esses termos modificam o sujeito a partir do predicado verbo-nominal),
a classificação correta será “predicativo do sujeito” (e, por oposição, desconsideramos a clas-
sificação de adjunto adnominal).
Letra a.
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Apenas a alternativa e) está correta: de fato, o termo “A importância atribuída às bases” fun-
ciona como sujeito da forma verbal “decorre”. Os erros das alternativas a), b), c) e d) são estes:
a) o sujeito de “ocorre” é “a política”; b) o sujeito da forma verbal “pode” é “a existência”; c) o
trecho é complemento da forma verbal “advir”; d) o termo “a maior parte da atividade desse
candidato como político” é sujeito da forma verbal “direciona”. Observe a presença do “se”, que
é partícula apassivadora: se fosse uma passiva analítica, teríamos “a maior parte da atividade
desse candidato como político é direcionada para elas.
Letra e.
1 O sistema de votação manual pode ser vulnerável, favorecendo a prática de atos que
têm por objetivo fraudar a manifestação da vontade do eleitor. Entre essas práticas, 4 pode-se
citar o chamado “voto carreirinha”. Nesse tipo de fraude, um eleitor, valendo-se da desatenção
ou mesmo da conivência dos componentes da mesa, deixa de depositar a 7 cédula na urna,
colocando, em seu lugar, algum pedaço de papel assemelhado. Então, a cédula oficial não de-
positada é entregue para outro eleitor, já preenchida, que a coloca na urna 10 e deixa a seção
eleitoral portando a cédula em branco recebida do mesário.
Outra fraude muito comum é o chamado “mapismo”. 13 Após a apuração dos votos de
determinada urna, o mapa resultante é alterado para que se beneficie algum candidato. O frau-
dador se vale da colaboração de algum escrutinador e da 16 desmobilização da fiscalização
para alterar o mapa com o resultado da votação daquela urna. A fraude é favorecida pela quan-
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tidade de pessoas que se aglomeram nos locais de 19 apuração, o que dificulta sobremaneira
a fiscalização das atividades pelos representantes dos partidos políticos, bem como pelos
integrantes da justiça eleitoral.
22 A necessidade de convocação de grande número de eleitores para atuar como escru-
tinadores também traz grande malefício. Os escrutinadores podem passar dias afastados de
25 seus locais de trabalho no desenrolar do processo de apuração de votos, e, depois, ainda
fazem jus a período de afastamento do trabalho por tempo equivalente. Com isso, o país dei-
xa de 28 contar com tal força de trabalho, o que prejudica, sobremaneira, a produção de bens
e serviços.
Arthur Narciso de Oliveira Neto. Voto eletrônico: tecnologia a serviço da cidadania. In: Estudos eleitorais / Tribu-
nal Superior Eleitoral, vol. 9, n.º1, jan.-abr./2014, p.11-13. Internet: (com adaptações).
Eis o porquê de a alternativa a) estar correta: ambas são complementos nominais (necessida-
de e afastado, respectivamente). Os erros das demais alternativas são estes: b) o “se” é parte
integrante do verbo (valer-se, pronominal); c) a palavra “recebida” modifica, no mesmo sin-
tagma nominal (juntamente com “do mesário), o substantivo “cédula”; e a palavra “afastados”
exerce a função de predicativo do sujeito (no predicado verbo-nominal); d) “muito” modifica
(intensifica) o adjetivo “comum” e “grande” modifica o substantivo “número” (é um adjetivo).
Não se pode, por isso, afirmar que as duas formas desempenham a função de adjunto adver-
bial (“grande” é adjunto adnominal); e) para saber se uma expressão é o agente da passiva,
basta verificar se, na ativa, esse termo funciona como sujeito. Isso ocorre em “pela quantidade
de pessoas”: “a quantidade de pessoas que se aglomeram nos locais de apuração favorece a
fraude”. Em “pelos representantes dos partidos políticos”, diferentemente, temos uma relação
de modificação no âmbito nominal, já que esse termo vincula-se a “fiscalização”.
Letra a.
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Cuitelinho
1 Cheguei na bera do porto Onde as onda se espaia. As garça dá meia volta
4 Senta na bera da praia. E o cuitelinho não gosta Que o botão de rosa caia.
7 Quando eu vim de minha terra, Despedi da parentaia. Eu entrei no Mato Grosso,
10 Dei em terras paraguaia. Lá tinha revolução, Enfrentei fortes bataia.
13 A tua saudade corta Como o aço de navaia. O coração fica aflito,
16 Bate uma e outra faia E os oio se enche d’água Que até a vista se atrapaia.
Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. Folclore recolhido. In: Stella Maris Bortoni-Ricardo, Educação em língua
materna. São Paulo: Parábola, 2004, p. 59
Nos sintagmas nominais, apenas um dos termos está flexionado no plural: “as onda”, “As gar-
ça”, “terras paraguaia”, “fortes bataia” e “os oio” – e por isso a alternativa a) está correta. Em b),
há vocalização (transformação de uma consoante em uma vogal) de apenas um fonema: es-
palha, navalha, falha, batalha e atrapalha. Em c), a redução do ditongo (beira>bera) também é
comum em variedades linguísticas urbanas padronizadas. Em d), é incorreto afirmar que a es-
truturação sintática do período é exclusivamente coordenada, pois há subordinação (o cuiteli-
nho não gosta que o botão de rosa caia). Em e), por fim, o correto seria afirmar que a grafia das
palavras revela o registro de um estilo NÃO monitorado (típico de falantes não escolarizados).
Letra a.
1 Único bioma de ocorrência exclusiva no Brasil, que já ocupou 10% do território nacional,
a caatinga experimenta um processo acelerado de desmatamento — que pode significar a 4
desertificação do semiárido nordestino. Com 510 espécies de aves e 148 de mamíferos, a ca-
atinga padece da ausência de uma política clara de conservação que estanque o processo de
7 desflorestamento e ajude a impedir a formação de um deserto em pleno Nordeste, ameaça
concreta diante do aquecimento global do clima no planeta. Quase dois terços da área sob
risco 10 de desertificação no Brasil estão na caatinga, que já teve, a exemplo do cerrado, apro-
ximadamente metade de sua extensão, que é de 826.000 km², destruída.
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Observemos, juntos, os desvios das alternativas a), b), c) e e): a) o trecho está entre vírgulas
porque é de natureza EXPLICATIVA; b) a substituição não prejudica a correção gramatical; c) a
forma “estanque” está flexionada no presente do subjuntivo, não no presente do indicativo; e)
a estrutura é subordinada adjetiva (modifica “extensão”). Na alternativa correta, d), é adequado
afirmar que a concordância “Quase dois terços da área sob risco de desertificação no Brasil
estão na caatinga” é legítima, pois “o verbo pode concordar com o especificador da porcenta-
gem” (área). Importante lembrar: se o numeral vier precedido de determinante, o verbo concor-
dará apenas com o numeral (os dois terços da população chegarão).
Letra d.
1 O primeiro místico e o primeiro cientista foram uma mesma pessoa, um Homo sapiens
qualquer que, olhando para o céu noturno há 30.000 anos, viu a lua cheia e se encheu de 4
devoção e conjecturas. Partes diferentes de seu cérebro processaram à sua maneira a infor-
mação visual captada pelos olhos. Uma delas, o lobo temporal, registrou aquela luz pálida 7
emanada de um disco que parecia flutuar no espaço como uma experiência sublime, inex-
plicável, superior, poderosa, acachapante, religiosa. Ao mesmo tempo, outras regiões do 10
cérebro tentavam avaliar se aquele objeto luminoso oferecia algum perigo, se podia despencar
causando dano, se era comestível, se sua aparição na abóbada celeste se repetiria 13 ou se
poderia ser relacionada com algum outro fenômeno, como a escassez ou a abundância de
caça. Como sugeriu poeticamente o astrônomo francês Guillaume Bigourdan 16 (1851-1932),
o último Homo sapiens do planeta será talvez surpreendido pela morte quando, entretido com
a mesma lua cheia — por maiores que sejam sua educação e seu treino 19 científico, mais
exata sua noção de tamanho, das distâncias e dos formatos das órbitas —, ela lhe parecerá su-
blime, inexplicável, superior, poderosa, acachapante, religiosa. Disse 22 Bigourdan: “Isso é do
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homem. Contar lunações, medir órbitas, calcular frequências, mas se prostrar extático diante
da imensidão do universo”.
25 Por muitas eras o lado místico e o científico conviveram sem conflitos na mente huma-
na. Com o excedente econômico trazido pelo desenvolvimento tecnológico, as 28 sociedades
primitivas deram-se ao luxo de ter indivíduos dedicados a tarefas específicas. Mesmo depois
disso, com as tarefas práticas entregues a certos indivíduos, enquanto outros 31 se dedica-
vam a rituais e magia, a fé e a razão continuaram como campos complementares da experiên-
cia humana.
Veja, ano 42, n.º 6, 14/1/2009, p. 88 (com adaptações).
Texto 1A1-II
1 O homem primitivo procurava defender-se do frio e da fome abrigando-se em cavernas e
alimentando-se de frutos silvestres, ou do que conseguia obter da caça e da pesca. Ao 4 longo
dos séculos, passou a espécie humana a sentir a necessidade de maior conforto e começou a
reparar no seu semelhante. Assim, como decorrência das necessidades 7 individuais, surgiram
as trocas. Sistemas de troca direta, que duraram vários séculos, ocasionaram o aparecimento
de palavras como “salário” (pagamento feito por meio de certa 10 quantidade de sal) e “pecú-
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nia” (do latim pecus, que significa rebanho de gado, ou peculium, relativo a gado miúdo, como
ovelha ou cabrito).
13 As primeiras moedas, peças que representavam valores, geralmente em metal, surgi-
ram na Lídia (atual Turquia), no século VII a.C. As características que se desejava 16 ressaltar
eram gravadas nas peças por meio da pancada de um objeto pesado (martelo), em primitivos
cunhos. Foi o surgimento da cunhagem a martelo, na qual os signos 19 monetários eram valo-
rizados também pela nobreza dos metais empregados, como o ouro e a prata. Embora a evo-
lução dos tempos tenha levado à substituição do ouro e da prata por 22 metais menos raros
ou suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a associação dos atributos de beleza e
expressão cultural ao valor monetário das moedas, que quase sempre, na 25 atualidade, apre-
sentam figuras representativas da história, da cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança fez 28 surgirem os bancos. Os nego-
ciantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passaram a aceitar a res-
ponsabilidade de cuidar do dinheiro de seus clientes e a dar 31 recibos escritos das quantias
guardadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir como meio de pagamento por seus
possuidores, por serem mais seguros de portar do que o 34 dinheiro vivo. Assim surgiram as
primeiras cédulas de papel moeda, ou cédulas de banco, ao mesmo tempo em que a guarda
dos valores em espécie dava origem a instituições bancárias.
Internet: (com adaptações).
A forma “preservou-se” constitui uma passiva sintética cujo sujeito é “a associação dos atri-
butos de beleza e expressão cultural”. Em uma passiva analítica (auxiliar + particípio), deve-se
preservar os traços de modo-tempo e número-pessoa (além da concordância nominal no parti-
cípio passivo): “a associação dos atributos [...] foi preservada”. Essa é a proposta da alternativa
a), correta.
Letra a.
Texto 1A1-I
1 Peças de barro de 4.000 a.C. encontradas na Mesopotâmia são os documentos escritos
mais antigos que conhecemos. E o mais antigo desses documentos faz referência 4 aos im-
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postos. Naquela época, além de entregar parte dos alimentos que produziam ao governo, os
sumérios, um dos povos que viviam por ali, eram obrigados a passar até cinco 7 meses por ano
trabalhando para o rei.
Os mais sortudos eram empregados para realizar a colheita ou para retirar lama dos canais
da cidade. Os menos 10 afortunados entravam para o exército, com grandes chances de morrer
em uma guerra. Quem era rico escapava: mandava escravos para fazer o serviço sujo. Assim
que surgiu a moeda, 13 surgiu também a ideia de substituir a contribuição braçal por dinheiro.
Era assim também no antigo Egito. As evidências 16 indicam que, em 3.000 a.C., os faraós
coletavam impostos em dinheiro ou em serviços pelo menos uma vez por ano. Ninguém era
tão temido quanto os escribas, responsáveis por determinar 19 a dívida de cada um. O con-
trole era tão rigoroso que fiscalizavam até o consumo de óleo de cozinha nas residências, já
que essa era uma substância tributada. Os impostos eram 22 mais altos para estrangeiros,
e especula-se que foi para pagar dívidas tributárias que os hebreus, por exemplo, acabaram
como escravos.
25 O Império Romano aperfeiçoou a técnica de impor tributos a estrangeiros. Em econo-
mias pré-industriais, a terra e o trabalho são os principais ingredientes da riqueza. Por isso, 28
a conquista de outras terras e de povos dava aos romanos acesso a mais riqueza, o que, por
sua vez, permitia que conquistassem e controlassem um território ainda maior. 31
O censo, usado até hoje em muitos países, foi criado pelos romanos para decidir quanto
deveriam cobrar de cada província. Os cálculos eram feitos com base no número de 34 pes-
soas. Até hoje, a capacidade de cobrar impostos é diretamente proporcional à quantidade e à
qualidade de informações disponíveis sobre os contribuintes.
Internet: (com adaptações).
Em a), temos um problema que já elimina essa alternativa: a colocação pronominal deveria ser
a próclise. Em b), há um problema de se registrar o plural (o sujeito é explícito, no singular). Em
d), temos originalmente uma estrutura impessoal, a qual não é compatível com a reescrita com
o “se”. Por fim, a alternativa e) está errada em razão de o sujeito ser singular (a conquista). Na
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
alternativa c), correta, a substituição da oração “que produziam” pela forma nominal “produzi-
dos” está correta (note a concordância com “alimentos”).
Letra c.
Texto CG1A1-I
1 No meio científico, é insuficiente — aliás, é perigoso — produzir apenas um grupo de pro-
fissionais pequeno, altamente competente e bem remunerado. Um esforço 4 combinado que
vise transmitir a todos os cidadãos a ciência — por meio de rádio, TV, cinema, jornais, livros,
programas de computadores, parques temáticos, salas de 7 aula — deve pautar-se em quatro
razões principais.
Mesmo que nem sempre possibilite ao cientista um bom emprego, a ciência pode ser o
caminho propício para 10 vencer a pobreza nas nações emergentes. Ela faz funcionar a eco-
nomia e a civilização global.
A ciência nos alerta contra os perigos introduzidos por 13 tecnologias que alteram o mun-
do, especialmente o meio ambiente de que nossas vidas dependem. Assim, a ciência providen-
cia um sistema essencial de alerta antecipado.
16 A ciência nos esclarece sobre as questões mais profundas das origens, das naturezas
e dos destinos — de nossa espécie, da vida, de nosso planeta, do Universo. A longo prazo, 19 a
maior dádiva da ciência talvez seja nos ensinar, de um modo ainda não superado por nenhum
outro empenho humano, alguma coisa sobre nosso contexto cósmico, sobre o ponto do 22
espaço e do tempo em que estamos, e sobre quem nós somos.
Os valores da ciência e os da democracia são concordantes, em muitos casos indistin-
guíveis. A ciência e a 25 democracia começaram ao mesmo tempo e no mesmo lugar: na
Grécia dos séculos VI e VII a.C. A ciência confere poder a qualquer um que se der ao trabalho
de aprendê-la (embora 28 muitos tenham sido sistematicamente impedidos de adquirir esse
conhecimento). Ela se nutre do livre intercâmbio de ideias. Tanto a ciência quanto a democra-
cia encorajam opiniões não 31 convencionais e debate vigoroso. Ambas requerem raciocínio
adequado, argumentos coerentes, padrões rigorosos de evidência e honestidade.
34 Descobrir a gota ocasional da verdade no meio de um grande oceano de confusão e
mistificação requer vigilância, dedicação e coragem. Mas, se não praticarmos esses hábitos
37 rigorosos de pensar, não poderemos ter esperança de solucionar os problemas verdadeira-
mente sérios que enfrentamos.
Carl Sagan. Ciência e esperança. In: O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no
escuro. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 58-9 (com adaptações).
Texto 10A1CCC
Esse Povo maldito
1 Ausentei-me da Cidade
porque esse Povo maldito
me pôs em guerra com todos
4 e aqui vivo em paz comigo.
Aqui os dias me não passam
porque o tempo fugitivo,
7 por ver minha solidão,
para em meio do caminho.
Graças a Deus, que não vejo
10 neste tão doce retiro
hipócritas embusteiros,
velhacos entremetidos.
13 Não me entram nesta palhoça
visitadores prolixos,
políticos enfadonhos,
16 cerimoniosos vadios.
Gregório de Matos Guerra. Obras Completas. [Org. James Amado]. Salvador: Janaína, 1968, v. 1, p. 170 (com
adaptações).
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As funções sintáticas são estas: “neste tão doce retiro” é adjunto adverbial de lugar (o verbo é
“vejo” (transitivo direto) e o complemento direto é “hipócritas embusteiros”) e “nesta palhoça”
também é adjunto adverbial de lugar (relacionado ao verbo “entrar”).
Letra e.
Texto CG1A01AAA
1 As perícias médico-legais relacionadas ao fato tanatológico comportam sempre forte
impregnação cronológica.
4 A definição cronológica da morte, isto é, a determinação do momento em que ela ocor-
reu, é de extrema importância. Em termos jurídicos, é bastante relevante a 7 determinação
do momento de ocorrência do êxito letal ou de seu relacionamento com eventos não ligados
diretamente a ele — como no caso, por exemplo, dos problemas sucessórios 10 surgidos na
comoriência. Também na área do direito penal, sobretudo quando se lida com mortes presumi-
velmente criminosas, a fixação do momento da morte tem especial 13 importância, pois pode
ajudar a esclarecer os fatos e a apontar autorias.
Por outro lado, os progressos da ciência médica têm 16 tornado imperioso que o momento
do óbito seja estabelecido com o máximo rigor. De fato, a problemática ligada à separação de
partes cadavéricas destinadas a transplantes em 19 vivos exige que sua retirada seja feita em
condições de aproveitamento útil, o que impõe, em muitos casos, que esse procedimento seja
feito em prazos curtos, iniciados com o 22 momento da morte. É importante, pois, que o médi-
co estabeleça o momento de ocorrência do êxito letal com a maior precisão possível.
25 Estabelecer o momento da morte é situá-la no tempo e, para situar um acontecimento
no tempo, é preciso que se tenha um conceito claro do que seja tempo. Fugindo das 28 con-
ceituações matemáticas ou filosóficas de tempo, pragmaticamente aceitamos a conceituação
popular de tempo, isto é, a grandeza que se mede em minutos, horas, dias, meses 31 ou anos.
Essa tomada de posição, embora simplista e empírica, é a única que se nos afigura capaz de
contribuir para a solução do problema tanatognóstico e, consequentemente, do da 34 concei-
tuação do momento da morte.
Estando a medicina legal a serviço do direito e as conceituações jurídicas estando frequen-
temente ligadas às 37 noções temporais, compreende-se que se deva esperar da medicina
legal uma função cronodiagnóstica. Os critérios cronológicos não se limitam a classificar os
fatos em anteriores 40 ou posteriores; vão mais longe. É preciso medir o tempo que separa
dois eventos, pois, como afirma Bertrand Russel, só podemos afirmar que conhecemos um fe-
nômeno quando somos 43 capazes de medi-lo, e o conceito de morte está intimamente ligado
ao conceito de tempo.
José Maria Marlet. Conceitos médico-legal e jurista de morte. Internet: (com adaptações).
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O verbo “medir” é transitivo direto (quem “mede”, “mede” algo). Na oração subordinada adje-
tiva, o “que” é o sujeito (retoma “a grandeza”). Então temos o seguinte: “mede-se a grandeza”
(ou, na passiva analítica, “a grandeza é medida”). Por essa razão, a forma “se” é um pronome
apassivador.
Letra c.
Texto III
1 A história do grafite no Brasil iniciou-se na década de 70 do século XX, precisamente na
cidade de São Paulo, em uma época conturbada da história do Brasil, época essa 4 silenciada
pela censura resultante da chegada dos militares ao poder.
Paralelamente ao movimento que despontava em Nova 7 York, o grafite surgiu no cenário
da metrópole brasileira como uma arte transgressora, a linguagem da rua, da marginalidade,
que não pedia licença e que gritava nas paredes da cidade os 10 incômodos de uma geração.
A partir disso, a arte de grafitar se transformou em um importante veículo de comunicação
urbano, corroborando, de 13 alguma maneira, a existência de outras vozes, de outros sujeitos
históricos e ativos que participam da cidade.
É importante ressaltar que o grafite, inicialmente, foi 16 uma arte caracterizada pela autoria
anônima, por meio da qual o grafiteiro transformava a cidade em um importante suporte de
comunicação artística sem delimitação de espaço, de 19 mensagem ou de mensageiro.
Portanto, o que importava naquele momento era a arte em si e não o nome de seu autor.
Por esse motivo, os ditos 22 “cânones” são retirados de sua posição central e imperativa para
dar lugar a uma arte de todos e para todos; arte da rua, na rua e para a rua; arte da cidade, na ci-
dade e para a cidade: o 25 grafite. Nesse sentido, a arte se funde com a vida do cidadão da me-
trópole por meio do movimento mútuo de transformação e de identificação de seus sujeitos.
Internet: (com adaptações).
Para sabermos se uma oração está na passiva, temos de observar a forma verbal (deve ser,
na ativa, transitiva direta) e a possibilidade de reversão (passiva <para> ativa). Além disso, o
sujeito sintático da passiva é tipicamente paciente. Em “são retirados”, na alternativa d), temos
um verbo transitivo na ativa: retirar (quem retira, retira algo). A semântica do sujeito sintático é
paciente (os ditos cânones). Por fim, há a possibilidade de se reverter a estrutura para a ativa:
alguém retira os ditos cânones de sua posição central e imperativa.
Letra d.
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belecer que “ser eu mesmo” é, primeiramente, ver-me diferente do outro; que, se há uma busca
do sujeito, isso é, 40 antes de mais nada, a busca de não ser o outro.
P. Charaudeau. Identidade linguística, identidade cultural: uma relação paradoxal. In: Lara e Limbert (Orgs.). Dis-
curso e desigualdade social. São Paulo: Contexto, 2015, p. 17-8 (com adaptações).
Vamos diretamente aos erros: em a), a expressão “isso é” não possui caráter explicativo (o
pronome “isso” é um anafórico); em b), as funções sintáticas são distintas: “cultural” é adjunto
adnominal e “estável” e “movediça” são predicativos do sujeito; em c), o verbo “rever-se” é pro-
nominal (e o “se” é parte integrante do verbo); em d), por fim, o erro está em afirmar que “eis” é
uma forma verbal (na verdade, é um advérbio (segundo o Houaiss, 2009) ou, em outras classifi-
cações, uma palavra denotativa). Em e), temos a classificação correta das formas destacadas
(observe que o “a” pode ser substituído por “aquela”: aquela que está relacionada àquilo).
Letra e.
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Em a), a forma verbal “acontecia”, na acepção “ser ou tornar-se realidade no tempo e no espa-
ço, seja por acaso, seja como resultado de uma ação, ou como o desenvolvimento de um pro-
cesso ou a modificação de um estado de coisas, envolvendo ou afetando (algo ou alguém)”,
ocorre sempre na terceira pessoa (do singular ou do plural). No texto, podemos subentender
uma espécie de “isso acontecia”, não sendo possível classificá-lo como impessoal. Em b) e d),
o “se” é parte integrante do verbo (que é pronominal: materializar-se). Em c), por fim, os even-
tos denotados pelos verbos não exprimem ações realizadas no passado (trata-se, na verdade,
de um presente discursivo). A alternativa correta, e), afirma adequadamente que os dois-pon-
tos empregados logo após “mesma” introduzem trecho que exprime uma explanação (e essa
explanação diz respeito ao que seja essa “uma coisa que continua a ser a mesma”).
Letra e.
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b) O trecho “mais de doze milhões de e-mails são enviados” (l.2-3) estaria gramaticalmente
correto se fosse reescrito da seguinte forma: envia-se mais de doze milhões de e-mails.
c) Altera-se a informação original do texto ao substituir-se o trecho “Resultado de um” (l.6) pelo
seguinte: Isso é resultado de um.
d) A substituição de “se transformou” (l.7) por foi transformada mantém a correção gramatical
e as informações originais do período.
e) Na linha 11, o emprego do acento grave em “à informação” justifica-se pela regência de “in-
teressadas” (l.10).
A transformação proposta em d) substitui uma passiva sintética (se transformou) por uma
passiva analítica (foi transformada). Essa alteração é adequada, pois há compatibilidade de
traços (pretérito perfeito do indicativo, concordância de número-pessoa e de gênero/número).
Os erros das demais alternativas são estes: a) a preposição “a” é regida pela forma verbal
“conectar-se”; b) a concordância é no plural (concorda com o numeral “doze”): enviam-se; c) a
inserção do “Isso é” altera a cadeia coesiva texto. Por fim, em e), o erro é afirmar que o empre-
go do acento grave se justifica pela regência de “interessadas”. Na verdade, o termo regente
é “acesso”.
Letra d.
Texto 5A2-I
Socorro
Socorro, eu não estou sentindo nada.
Nem medo, nem calor, nem fogo,
não vai dar mais pra chorar
nem pra rir.
Socorro, alguma alma, mesmo que penada,
me empreste suas penas.
Já não sinto amor nem dor,
já não sinto nada.
Socorro, alguém me dê um coração,
que esse já não bate nem apanha.
Por favor, uma emoção pequena,
qualquer coisa que se sinta,
tem tantos sentimentos,
deve ter algum que sirva.
Socorro, alguma rua que me dê sentido,
em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
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O “que” introduz uma oração coordenada explicativa, equivalendo a “pois”: Socorro, alguém me
dê um coração, pois esse já não bate nem apanha. Sim, é algo bem diferente, mas observo que
a prova é para professor de língua portuguesa.
Letra b.
Texto CG1A1-II
1 Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n.º 13.709/2018), dados pessoais são
informações que podem identificar alguém. Dentro desse conceito, foi criada 4 uma categoria
chamada de “dado sensível”, que diz respeito a informações sobre origem racial ou étnica, con-
vicções religiosas, opiniões políticas, saúde ou vida sexual. Registros 7 como esses, a partir da
vigência da lei, passam a ter nível maior de proteção, para evitar formas de discriminação. To-
das as atividades realizadas no país e todas as pessoas que estão no 10 Brasil estão sujeitas à
lei. A norma vale para coletas operadas em outro país, desde que estejam relacionadas a bens
ou serviços ofertados a brasileiros. Mas há exceções, como a 13 obtenção de informações
pelo Estado para a segurança pública.
Ao coletar um dado, as empresas deverão informar a finalidade da coleta. Se o usuário
aceitar repassar suas 16 informações, o que pode acontecer, por exemplo, quando ele concor-
da com termos e condições de um aplicativo, as companhias passam a ter o direito de tratar os
dados 19 (respeitada a finalidade específica), desde que em conformidade com a legislação.
A lei prevê uma série de obrigações, como a garantia da segurança das informações e a 22
notificação do titular em caso de um incidente de segurança. A norma permite a reutilização
dos dados por empresas ou órgãos públicos, em caso de “legítimo interesse”.
25 Por outro lado, o titular ganhou uma série de direitos. Ele pode, por exemplo, solicitar
à empresa os dados que ela tem sobre ele, a quem foram repassados (em situações como a
28 de reutilização por “legítimo interesse”) e para qual finalidade. Caso os registros estejam
incorretos, ele poderá cobrar a correção. Em determinados casos, o titular terá o direito de se
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O termo “Ao coletar um dado” pode ser reescrito como “Quando coletar um dado”. Há, então,
um sentido temporal nessa expressão (e esse é o sentido que mantém a coerência do trecho).
Por isso, a alternativa e) está adequada.
Letra e.
Texto CB1A1-I
1 É impressionante como, em nosso tempo, somos contraditórios no que diz respeito aos
direitos humanos. Em comparação a eras passadas, chegamos a um máximo 4 de racionalida-
de técnica e de domínio sobre a natureza, o que permite imaginar a possibilidade de resolver
grande número de problemas materiais do homem, quem sabe, 7 inclusive, o da alimentação.
No entanto, a irracionalidade do comportamento é também máxima, servida frequente-
mente pelos mesmos 10 meios que deveriam realizar os desígnios da racionalidade. Assim,
com a energia atômica, podemos, ao mesmo tempo, gerar força criadora e destruir a vida pela
guerra; com incrível 13 progresso industrial, aumentamos o conforto até alcançar níveis nunca
sonhados, mas excluímos dele as grandes massas que condenamos à miséria; em muitos
países, 16 quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta a péssima distribuição dos bens. Por-
tanto, podemos dizer que os mesmos meios que permitem o progresso podem provocar 19 a
degradação da maioria.
Na Grécia antiga, por exemplo, teria sido impossível pensar em uma distribuição equitati-
va dos bens materiais, 22 porque a técnica ainda não permitia superar as formas brutais de
exploração do homem, nem criar abundância para todos. Em nosso tempo, é possível pensar
nisso, mas o fazemos 25 relativamente pouco. Essa insensibilidade nega uma das linhas mais
promissoras da história do homem ocidental, aquela que se nutriu das ideias amadurecidas no
correr 28 dos séculos XVIII e XIX.
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Essas ideias abriram perspectivas que pareciam levar à solução dos problemas dramáti-
cos da vida em 31 sociedade. E, de fato, durante muito tempo, acreditou-se que, removidos uns
tantos obstáculos, como a ignorância e os sistemas despóticos de governo, as conquistas do
progresso 34 seriam canalizadas no rumo imaginado pelos utopistas, porque a instrução, o
saber e a técnica levariam, necessariamente, à felicidade coletiva. Contudo, mesmo onde es-
ses obstáculos 37 foram removidos, a barbárie continuou entre os homens, embora não mais
se ache normal o seu elogio, como se todos soubessem que ela é algo a ser ocultado e não
proclamado.
Antonio Candido. Vários escritos. 3.ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Duas Cidades, 1995, p. 169-70 (com adapta-
ções).
A relação expressa no trecho ““quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta a péssima distri-
buição dos bens” é de proporcionalidade: o crescimento de X faz aumentar Y (são diretamente
proporcionais).
Letra c.
Texto 1A3-I
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O “se” que introduz a oração poderia ser substituído por “na situação em que/na hipótese em
que/caso”. “Caso” isso seja atendido, algo está licenciado a acontecer. Há, então, uma ideia
de condição: atendida a condição X, Y pode acontecer (caso O Estado reduza a tributação de
determinado setor da economia, os custos desse setor podem diminuir).
Letra e.
Texto CB1A2AAA
1 Em linhas gerais, há na literatura econômica duas explicações para a educação ser tida
como um fator de redução da criminalidade. A primeira é que a educação muda as 4 preferên-
cias intertemporais, levando o indivíduo a ter menos preferência pelo presente e a valorizar
mais o futuro, isto é, a ter aversão a riscos e a ter mais paciência. A segunda 7 explicação é
que a educação contribui para o combate à criminalidade porque ensina valores morais, tais
como disciplina e cooperação, tornando o indivíduo menos suscetível 10 a praticar atos violen-
tos e crimes.
Há outras razões pelas quais se podem associar educação e redução da criminalidade.
Quanto maior o nível de 13 escolaridade do indivíduo, maior será para ele o retorno do trabalho
lícito (isto é, o salário), e isso eleva o custo de oportunidade de se cometer crime. Além disso,
há uma questão 16 relacionada à possibilidade do estado de dependência do crime: a proba-
bilidade de se cometerem crimes no presente está relacionada à quantidade de crimes que já
se cometeram. Dessa 19 forma, manter as crianças na escola, ocupadas durante o dia, con-
tribuiria a longo prazo para a redução da criminalidade. Acredita-se, por essa razão, que haja
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A subordinada ““que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil” é comple-
mento (objeto) direto da forma verbal “exige” (l.19), cujo sujeito é “a problemática [...]”.
Letra e.
Texto CG1A01AAA
1 O crime organizado não é um fenômeno recente. Encontramos indícios dele nos grandes
grupos contrabandistas do antigo regime na Europa, nas atividades dos piratas e 4 corsários e
nas grandes redes de receptação da Inglaterra do século XVIII. A diferença dos nossos dias é
que as organizações criminosas se tornaram mais precisas, mais 7 profissionais.
Um erro na análise do fenômeno é a suposição de que tudo é crime organizado. Mesmo
quando se trata de uma 10 pequena apreensão de crack em um local remoto, alguns órgãos da
imprensa falam em crime organizado. Em muitos casos, o varejo do tráfico é um dos crimes
mais desorganizados 13 que existe. É praticado por um usuário que compra de alguém umas
poucas pedras de crack e fuma a metade. Ele não tem chefe, parceiros, nem capital de giro.
Possui apenas a 16 necessidade de suprir o vício. No outro extremo, fica o grande traficante,
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muitas vezes um indivíduo que nem mesmo vê a droga. Só utiliza seu dinheiro para financiar
o tráfico ou seus 19 contatos para facilitar as transações. A organização criminosa envolvida
com o tráfico de drogas fica, na maior parte das vezes, entre esses dois extremos. É constituí-
da de pequenos e 22 médios traficantes e uns poucos traficantes de grande porte.
Nas outras atividades criminosas, a situação é a mesma. O crime pode ser praticado por
um indivíduo, uma 25 quadrilha ou uma organização. Portanto, não é a modalidade do crime
que identifica a existência de crime organizado. Guaracy Mingardi. Inteligência policial e crime
organizado.
In: Renato Sérgio de Lima e Liana de Paula (Orgs.). Segurança pública e violência: o Estado está cumprindo seu
papel? São Paulo: Contexto, 2006, p. 42 (com adaptações).
Para ser complemento nominal, é preciso estar relacionado a um nome e ser introduzido por
preposição. Descartamos, assim, as alternativas a) e b) e e) (por não serem introduzidas por
preposição) e a alternativa c) (por estar vinculada à forma verbal “utiliza” (l.18)). Resta-nos a
alternativa c), a qual traz um termo que completa o nome “suposição”.
Letra c.
1 O Brasil é um país de cidades novas. A maior parte de seus núcleos urbanos surgiu no
século passado. Há cidades, entretanto, que já existem há bastante tempo. Contemporâneas
4 dos primeiros tempos da colonização, algumas delas já ultrapassaram inclusive a marca do
quarto centenário. Poucas são as cidades brasileiras, contudo, que ainda apresentam 7 vestí-
gios materiais consideráveis do passado.
Se hoje o Rio de Janeiro, fundado em 1565, vangloria-se de seu “corredor cultural”, que
preserva 10 edificações da área central construídas na virada do século XIX para o XX, é im-
portante lembrar que as edificações aí situadas substituíram inúmeras outras antes existentes
no mesmo local. 13 Nem mesmo o berço histórico da cidade existe mais, arrasado devido à
destruição do Morro do Castelo em 1922. E o que falar de São Paulo, fundada em 1554? Da
pauliceia colonial e 16 imperial quase mais nada existe, e, se ainda temos uma boa noção do
que foi a cidade da primeira metade do século XX, é porque contamos com a paisagem eter-
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nizada das fotografias e 19 com os belíssimos trabalhos realizados pelos geógrafos paulistas
por ocasião do quarto centenário da cidade.
Há outros exemplos. Olinda, fundada em 1537, 22 orgulha-se de ser patrimônio cultural da
humanidade, mas esse título não lhe foi conferido em razão dos testemunhos que sobraram da
cidade antiga, em grande parte substituída por 25 construções em estilo eclético ou art déco
do início do século passado. E se Salvador, criada em 1549, e Ouro Preto, fundada em 1711,
podem gabar-se de manter ainda um patrimônio 28 histórico-arquitetônico apreciável, isso se
deve muito mais à longa decadência econômica pela qual passaram, que atenuou os ataques
ao parque construído, do que a qualquer veleidade 31 preservacionista local.
Em suma, não é muito comum encontrarem-se vestígios materiais do passado nas cidades
brasileiras, mesmo 34 naquelas que já existem há bastante tempo. Há, entretanto, algo novo
acontecendo em todas elas. Independentemente de qual tenha sido o estoque de materialida-
des históricas que tenham 37 conseguido salvar da destruição, as cidades do país vêm hoje
engajando-se decisivamente em um movimento de preservação do que sobrou de seu pas-
sado, em uma indicação flagrante de 40 que muita coisa mudou na forma como a sociedade
brasileira se relaciona com as suas memórias.
Mauricio Abreu. Sobre a memória das cidades. In: Ana Fani Alessandri Carlos et al (Orgs.). A produção do
espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Editora Contexto, 2013, p. 21-2 (com adap-
tações).
A conjunção “entretanto” introduz uma ideia de oposição. No trecho, como podemos confirmar,
há claro sentido opositivo: “O Brasil é um país de cidades novas. A maior parte de seus núcleos
urbanos surgiu no século passado. Há cidades, entretanto, que já existem há bastante tempo.”
Letra a.
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dos dedos ou em resposta a um comando de voz, materializam-se diante dos nossos olhos
em 10 telas, telinhas e telonas do computador, do tablet, do celular e até do relógio de pulso.
Nossos colegas de trabalho são virtuais. Trocamos 13 informações com pessoas insta-
ladas do outro lado do oceano como se estivéssemos sentados à mesma mesa, mas mal
as conhecemos. Falamos com elas línguas diferentes, em 16 horários improváveis, embora
tenhamos objetivos comuns e comemoremos juntos os resultados alcançados. Negociamos
milhões sem nunca as termos encontrado. Compramos sem 19 conhecer os produtos ao
vivo. Estamos fisicamente distantes uns dos outros, mas conectados em rede em um mundo
globalizado.
22 Só uma coisa continua a mesma: nossas mensagens ainda chegam em forma de texto,
do mesmo modo como acontecia com os antigos documentos e cartas de papel. Mudou 25 o
meio pelo qual essas mensagens desembarcam na nossa mesa de trabalho, mas a essência
permaneceu. Quase toda a comunicação e informação digital do nosso tempo acontece por
28 meio de mensagens escritas. Emails, torpedos, SMS, posts na pasta de correspondência
do Facebook, Twitter, Skype, todas essas ferramentas registram textos. Até os modernos apli-
cativos 31 de mensagens instantâneas, como o WhatsApp, transmitem conversas por escrito.
Falamos pouco uns com os outros. Telefone agora serve para escrever. Quem diria, hein? 34
Nunca escrevemos tanto. Arlete As
lvador. A mensagem virtual. In: Para escrever bem no trabalho: do WhatsApp ao relatório. São Paulo: Contexto,
2015, p. 13-4 (com adaptações).
A conjunção “embora” introduz uma ideia de concessão. No trecho, como podemos confirmar,
há claro sentido concessivo: “Falamos com elas línguas diferentes, em horários improváveis,
embora tenhamos objetivos comuns e comemoremos juntos os resultados alcançados.”
Letra e.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Vamos observar os desvios das alternativas a), b), c) e d): a) a oração em destaque expressa
finalidade; b) a oração em destaque está vinculada à forma verbal “impossibilitam”; c) a oração
em destaque expressa condição em relação à ideia expressa “perderá o seu mandato”; d) a
forma “enquanto” é uma conjunção subordinativa. A alternativa e), correta, afirma adequada-
mente que a oração “distingui-la de outro instituto” é sujeito de “é necessário”: “distingui-la de
outro instituto é necessário”.
Letra e.
Texto CB1A1-I
Quem pensa que a excelência do agronegócio brasileiro se resume a soja, café e carnes
está enganado. O país está entre os cinco maiores exportadores mundiais em valor em quase
três dezenas de produtos agrícolas. O maior destaque é para os de sempre: açúcar, cereais,
soja, milho, oleaginosas e frutas cítricas. Mas o Brasil aparece no top five de exportações da
Organização para as Nações Unidas (ONU) com produtos inusitados, como pimenta, melancia,
abacaxi, mamão papaia, coco, mandioca, caju, fumo, sisal e outras fibras, por exemplo.
Os dados, de 2019, são da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO) e foram reunidos em um estudo realizado pelo Instituto Millenium em parceria com a
consultoria Octahedron Data eXperts (ODX). O objetivo do trabalho foi traçar uma radiografia
do agronegócio brasileiro para entender as razões pelas quais o setor vive anos seguidos de
prosperidade e tem caminhado na contramão dos demais, mesmo em meio à crise provocada
pela pandemia.
O comércio internacional é um dos pilares importantes para sustentar o bom desempenho
do setor, turbinado pela desvalorização do câmbio e pelos preços em alta das commodities.
A agropecuária respondeu por cerca de 45 bilhões de dólares das exportações em 2020 e, há
vários anos, tem garantido o saldo positivo da balança comercial. Quando se avaliam as ex-
portações por setores, apenas a agropecuária apresentou crescimento nas vendas externas
(6%) em comparação a 2019, mostra o estudo. Já a indústria extrativa e a de transformação
registraram queda de 2,7% e de 11,3%, respectivamente.
Essa história se repete também no produto interno bruto (PIB), a soma de todas as ri-
quezas geradas no país. Em 2020, a agropecuária foi o único setor com resultado positivo, o
que contribuiu para que os efeitos adversos da pandemia sobre a atividade não fossem ainda
maiores. O PIB do setor avançou 2% sobre o ano anterior, enquanto o da indústria recuou 3,5%
e o dos serviços, 4,5%.
Internet: <https://economia.uol.com.br> (com adaptações).
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O trecho original é este: “A agropecuária respondeu por cerca de 45 bilhões de dólares das
exportações em 2020 e, há vários anos, tem garantido o saldo positivo da balança comercial.”
A forma “há” denota tempo decorrido. A forma verbal equivalente é “faz”, a qual também pode
denotar tempo decorrido. Em termos de concordância, o verbo “fazer” com sentido de tempo
decorrido é impessoal (sempre flexionado na terceira pessoa do singular).
Letra a.
Texto 1A1-I
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à realidade, teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: do desconhe-
cimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intuição do caminho existe...
Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escu-
to? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam
meus olhos, meus ouvidos.
Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma
forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara
na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei
o que estava procurando. O que estava pressentindo.
Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher. Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adapta-
ções).
Em (I), a próclise é obrigatória (porque há fator de atração, o “não”), e por isso a afirmativa está
errada. Em (II), a ênclise é permitida (não há fator de atração). Em (III), por fim, a ênclise tam-
bém é permitida (com sujeito manifesto). Por essa razão, a alternativa d) está correta.
Letra d.
Texto 15A2-II
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade;
advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o con-
traste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar
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Para saber o sujeito da forma verbal “obrigam”, devemos perguntar: “o que/quem é que obri-
gam?” A resposta será o sintagma “o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das
cobiças”, cujos núcleos são os termos “olhar”, “contraste” e “luta”. Assim, a alternativa cor-
reta é a d).
Letra d.
Texto 5A1-III
Chegando ao Brasil em 1500 com nossos descobridores, praticamente só em 1534 foi in-
troduzida a língua portuguesa com início efetivo da colonização, com o regime das capitanias
hereditárias. Conclui-se que a língua que chegou ao Brasil pertence à fase de transição entre a
arcaica e a moderna, já alicerçada literalmente.
No Brasil dessa época, encontraram os descobridores e colonizadores portugueses uma
variedade de falares indígenas, no cômputo aproximado de trezentos, hoje reduzidos a cerca
de 170, na opinião de um dos seus mais categorizados conhecedores, Aryon Dall’Igna Rodri-
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gues. Grande extensão territorial da nova terra era ocupada pela família Tupi-Guarani, que apre-
sentava pouca diferenciação nas línguas que a integram.
Veio depois a contribuição das línguas africanas em suas duas principais correntes para
o Brasil: ao Norte, de procedência sudanesa, e ao Sul, de procedência banto; temos, assim, no
Norte, na Bahia, a língua nagô ou iorubá; no Sul, no Rio de Janeiro e Minas Gerais, o quimbundo.
A pouco e pouco, à medida que se ia impondo, pela cultura dos europeus, o desenvolvi-
mento e o progresso da colônia e do país independente, a língua portuguesa foi predominando
sobre a “língua geral” de base indígena e dos falares africanos, a partir da segunda metade do
século XVIII.
Evanildo Bechara. Breve história externa da língua portuguesa. In: Gramática Escolar da Língua Portuguesa.
2 ed. ampliada e atualizada pelo novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p. 690-691(com
adaptações)
Estamos diante de uma questão sobre o uso das aspas (pontuação). No texto, as aspas são
utilizadas para dar destaque à expressão “língua geral”. Assim, não há que se falar em adoção
de aspas para apresentar um neologismo, exprimir ironia sobre as línguas indígenas e africa-
nas, mostrar que a expressão é uma citação ou indicar que a expressão é um arcaísmo.
Letra e.
Texto CG1A1-II
1 Segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei n.º 13.709/2018), dados pessoais são
informações que podem identificar alguém. Dentro desse conceito, foi criada 4 uma categoria
chamada de “dado sensível”, que diz respeito a informações sobre origem racial ou étnica, con-
vicções religiosas, opiniões políticas, saúde ou vida sexual. Registros 7 como esses, a partir da
vigência da lei, passam a ter nível maior de proteção, para evitar formas de discriminação. To-
das as atividades realizadas no país e todas as pessoas que estão no 10 Brasil estão sujeitas à
lei. A norma vale para coletas operadas em outro país, desde que estejam relacionadas a bens
ou serviços ofertados a brasileiros. Mas há exceções, como a 13 obtenção de informações
pelo Estado para a segurança pública.
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No trecho em análise, a forma verbal “há” está empregada em sentido existencial. Como se
sabe, nessa acepção o verbo “haver” é impessoal (sempre flexionado na terceira pessoa do
singular) e pode ser substituído por “existir”. No entanto, quando utilizamos o verbo “existir”,
devemos notar a necessidade de se realizar a concordância (porque esse verbo é pessoal).
Assim, a forma “existir” deve ser flexionada no plural, de modo a concordar com “exceções”:
“Mas existem exceções”.
Letra a.
Texto CG2A1-I
1 Na década de 1960, o mundo passou por um aumento populacional inédito devido à brus-
ca queda na taxa de mortalidade, o que gerou preocupações sobre a capacidade dos 4 países
em produzir comida para todos. A solução encontrada foi desenvolver tecnologia e métodos
que aumentassem a produção.
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7 Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Amartya Sen, em seu livro
Pobreza e Fomes, identificou a existência de populações com fome mesmo em 10 países que
não convivem com problemas de abastecimento. O economista indiano traçou então, pela pri-
meira vez, uma relação causal entre fome e questões sociais como pobreza e 13 concentração
de renda. Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e mudou o tom do debate internacional
sobre a questão e as políticas públicas a serem tomadas a partir daí.
16 As últimas décadas foram de grande evolução no combate à fome em escala global.
Nos últimos 25 anos, 7,7% da população mundial superou o problema, o que representa 19 216
milhões de pessoas. É como se mais que toda a população brasileira saísse da subnutrição
em menos de três décadas. Contudo, 10,8% do mundo ainda vive sem acesso a uma dieta 22
que forneça o mínimo de calorias e nutrientes necessários para uma vida saudável, e 21 mil
pessoas morrem diariamente por fome ou problemas derivados dela.
25 Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Ali-
mentação e a Agricultura) mostra que a produção mundial de alimentos é 28 suficiente para
atender a demanda das 7,3 bilhões de pessoas que habitam a Terra. Apesar disso, aproximada-
mente uma em cada nove dessas pessoas ainda vive a realidade da fome. A 31 pesquisa põe
em xeque toda a política internacional de combate à subnutrição crônica colocada em prática
nas últimas décadas. Em vez de crescimento da produção e ajudas momentâneas, 34 surge
agora como caminho uma abordagem territorial que valorize e potencialize a produção local.
Embora os números absolutos estejam caindo, o tema 37 ainda é um dos mais delicados
da agenda internacional. Um exemplo da extensão do problema está na declaração dada em
2017 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância 40 (UNICEF), segundo a qual 1,4 milhão
de crianças, de quatro diferentes países da África — Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul
—, corre risco iminente de morrer de fome. A questão 43 é tão antiga quanto complexa, e se
conecta intrinsecamente com a estrutura política e econômica sobre a qual o sistema interna-
cional está construído. Concentração da renda e da 46 produção, falta de vontade política e até
mesmo desinformação e consolidação de uma cultura alimentar pouco nutritiva são fatores
que compõem o cenário da fome e da desnutrição no 49 planeta.
Internet: (com adaptações).
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Como sabemos, a crase ocorre com a junção da preposição a) e do artigo definido feminino
(a(s)). Em a), o verbo “atender” possui dupla regência (transitiva direta ou transitiva indireta)
– e por isso a crase pode ser aplicada, pois o artigo está lá. Assim, a construção “atender à
demanda” considera a regência transitiva indireta do verbo “atender”. Em b), d) e e), falta a pre-
posição “a”. Em c), já há artigo (indefinido).
Letra a.
Texto CG1A1-I
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43 O objetivo é criar uma economia inovadora com baixas emissões de poluentes, que
concilie as exigências para a agricultura sustentável e a pesca, a segurança alimentar e o 46
uso sustentável dos recursos biológicos renováveis para fins industriais, e que assegure, ao
mesmo tempo, a biodiversidade e a proteção ambiental. A bioeconomia contempla não ape-
nas 49 setores tradicionais como agricultura, silvicultura e pesca, mas também setores como
as biotecnologias e bioenergias. Ao que tudo indica, o futuro será definitivamente bio.
Marina Santos Chiapetta. Internet: (com adaptações).
077. (CEBRASPE/ANALISTA/MPC-PA /2019) Cada uma das opções a seguir apresenta uma
proposta de reescrita para o seguinte segmento do texto CG1A1-I: “A bioeconomia está ligada
à melhoria de nosso desenvolvimento e à busca por novas tecnologias” (l.33 e 34) Assinale a
opção em que a reescrita apresentada mantém a correção gramatical do texto.
a) A bioeconomia está ligada a melhoria de nosso desenvolvimento e à buscas por novas
tecnologias
b) A bioeconomia está ligada à melhorias de nosso desenvolvimento e a busca por novas
tecnologias
c) A bioeconomia está ligada a melhorias de nosso desenvolvimento e buscas por novas
tecnologias
d) A bioeconomia está ligada à melhorias de nosso desenvolvimento e à buscas por novas
tecnologias
e) A bioeconomia está ligada à uma melhoria de nosso desenvolvimento e busca por novas
tecnologias
Em c), a correção está mantida, tendo em vista ser possível expressar apenas uma preposição
em uma sequência coordenada. Nessa reescrita, os artigos foram suprimidos (no par coorde-
nado). Nas demais alternativas, há falha de paralelismo (ou porque a primeira preposição não
foi expressa, ou porque o artigo não está expresso).
Letra c.
Texto CG1A1BBB
1 O Tocantins dá abrigo à mais completa floresta fossilizada do mundo, que viveu no Perí-
odo Permiano, em uma época anterior à dos dinossauros. No final desse período, o 4 planeta
assistiu à maior extinção em massa da fauna e da flora de sua existência.
Os fósseis da floresta foram preservados graças à 7 presença de sílica no ambiente, que
se infiltrou nas plantas e conservou seus formatos, por meio do processo de permineralização
celular. A infiltração e a impregnação de 10 sílica nas células e nos espaços intercelulares for-
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maram uma matriz inorgânica que sustentou os tecidos das plantas, preservando-os. A origem
do agente da permineralização 13 silicosa ainda permanece obscura.
O alto índice de samambaias indica que a região central do Tocantins era, então, uma pla-
nície costeira com farto 16 sistema hídrico sob um clima tropical. E o ambiente? Há dúvidas
quanto à sua caracterização, isto é, se era amazônico ou parecido com o do cerrado.
Internet: (com adaptações).
O emprego ocorre em razão da forma nominal “anterior”, a qual rege preposição “a” (anterior a
algo). Como há artigo definido diante do termo elíptico “época”, a crase ocorre: “em uma época
anterior à época dos dinossauros”. Assim, a alternativa d) está correta.
Letra d.
Texto CG1A2AAA
1 Desde que a urna eletrônica foi adotada em todo o território brasileiro, votar passou a ser
uma atividade relativamente simples. Diante da urna, o eleitor pode seguir 4 quatro caminhos
diferentes. É possível deixar o voto em branco; para isso, basta apertar a tecla branca. A segun-
da opção é digitar um número que não corresponda a nenhum dos 7 candidatos ou partidos e,
com isso, anular o voto. A terceira opção é digitar o número de um partido e votar “na legenda”.
Por fim, é possível escolher um candidato específico 10 digitando-se o seu número.
Até meados da década de 90 do século XX, ainda na era da cédula de papel, a apuração
geralmente era feita em 13 ginásios esportivos e durava muitos dias. As pessoas que tiveram
a oportunidade de ver uma dessas apurações devem se lembrar das fases da contagem de
votos. Inicialmente, os votos 16 em branco eram carimbados para evitar que eles fossem pre-
enchidos de maneira fraudulenta durante o cômputo. Os votos nulos eram separados em uma
pilha específica. Depois de 19 contados os votos, os boletins de cada urna eram preenchidos,
enviados para níveis superiores de apuração e totalizados. Hoje os poderosos computadores
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da justiça eleitoral em Brasília são 22 capazes de proclamar, em poucas horas, quais foram,
entre os milhares de candidatos, os eleitos.
Jairo Nicolau. Representantes de quem? Os (des)caminhos do seu voto da urna à Câmara dos Deputados. Rio de
Janeiro: Zahar, 2017, p. 21-3 (com adaptações).
1 Uma vez declarada, a ilicitude de algumas relações entre empresas e poder público e par-
tidos políticos, ao contrário do que se diz, certamente diminuirá o fluxo de 4 dinheiro clandesti-
no. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou inclusive a possibilidade de que
empresas possam doar a partidos em anos não eleitorais enquadra-se em 7 um esforço sane-
ador cujo efeito imediato será obrigar as legendas e seus candidatos a buscar recursos legais.
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Esse novo cenário levou os críticos da decisão do STF 10 a argumentar também que, agora,
somente os candidatos mais conhecidos terão visibilidade eleitoral, inviabilizando-se a cons-
trução de candidaturas de gente comum. Mais uma vez, 13 trata-se de uma falácia: desde
sempre, figuras notórias puxam votos, sem que isso represente prejuízo irremediável para a
democracia ou impeça a renovação da representação popular.
16 O grande prejuízo se dá quando os partidos se viciam em dinheiro farto, transforman-
do as campanhas eleitorais em espetáculos dirigidos por “marqueteiros” que hoje são, na 19
prática, os responsáveis por formular o programa dos candidatos. Assim, não será surpresa
se, para substituir a fartura das “doações” empresariais, os partidos pleitearem 22 ainda mais
dinheiro do Fundo Partidário e a ampliação da propaganda eleitoral dita “gratuita”, que de gra-
tuita não tem nada, pois é financiada por meio de renúncia fiscal. Em ambos 25 os casos, o
contribuinte banca as despesas de partidos com os quais não tem necessariamente alguma
afinidade.
Pelo fim do doping eleitoral. In: O Estado de S.Paulo, out./2015. Internet: (com adaptações)
Vamos a cada alternativa: em a), a inserção da vírgula não é permitida diante de “cujo” (dada
a sua natureza restritiva). Em b), as aspas foram empregadas para relativizar o valor de um
termo (o autor os questiona) – e por isso essa alternativa está correta. Em c), a vírgula é neces-
sária, pois isola um termo intercalado (, para substituir a fartura das “doações” empresariais,).
Em d), a substituição proposta é inadequada, porque a sequência está diretamente vinculada
(sintaticamente e em termos de coesão) à oração principal. Em e), por fim, os dois pontos in-
troduzem uma explicação (um desenvolvimento que explica).
Letra b.
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Texto CG2A1-II
A atenção é uma vantagem evolutiva e tanto, pois permite que o animal concentre sua
capacidade cognitiva (um recurso finito e sempre escasso) em determinada coisa e, a partir
daí, tente entendê-la — podendo antecipar-se, ou reagir melhor, a ela. Preste atenção a seus
predadores, ou a suas presas, e você terá mais chance de comer e não ser comido. Atenção é
útil para todo animal. Tanto é assim que ela emana do sistema límbico: a parte mais interna e
antiga do cérebro, que o Homo sapiens compartilha com diversas espécies. A mente humana
tem um desejo insaciável de encontrar coisas novas e interessantes, e dedicar atenção a elas.
A Internet é uma fonte praticamente inesgotável de coisas nas quais prestar atenção. Nela,
o conteúdo e os serviços costumam ser gratuitos, pois seus criadores ganham dinheiro pu-
blicando anúncios, que também atrairão nossa atenção (e somente a partir daí, quem sabe,
poderão nos induzir a comprar ou consumir algum produto). Percebeu? A principal mercadoria
do Google não é o buscador, os mapas ou o Gmail. É a sua atenção, que ele coleta e revende.
A atenção é a maior riqueza das empresas de Internet. Fez fortunas, criou gigantes, mudou o
mundo. Por isso há tanta gente lutando por ela: a loja do sistema Android tem 2,1 milhões de
aplicativos; a do sistema utilizado pelo iPhone, 1,8 milhão.
Superinteressante. Edição do Kindle, out./ 2019, p. 28 (com adaptações).
Pela leitura do texto (no trecho “A principal mercadoria do Google não é o buscador, os mapas
ou o Gmail. É a sua atenção, que ele coleta e revende.”), observamos que a atenção consiste
na principal mercadoria de empresas como o Google (alternativa c), correta). A afirmativa em
a) é contrária ao afirmado no texto (“Tanto é assim que ela [= a atenção] emana do sistema
límbico: a parte mais interna e antiga do cérebro, que o Homo sapiens compartilha com diver-
sas espécies”). Esse mesmo trecho invalida a afirmativa em b). Em d), o correto é afirmar que a
capacidade cognitiva é um recurso finito e escasso. Em e), por fim, temos uma afirmativa que
não está presente no texto.
Letra c.
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Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades densamente povoadas sejam
um sinal de “excesso de população”, quando de fato é comum, em alguns países, que mais
da metade de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só — enquan-
to existem vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas nas zonas rurais. Até mesmo em
uma sociedade urbana e industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área
são urbanizados — e apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes
maior do que a de todas as grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de fa-
velas densamente povoadas em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de que
o “excesso de população” é a causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da
concentração de pessoas que não conseguem arcar com os custos do transporte ou de um
espaço amplo para viver, mas que, mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefí-
cios de viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado, quando as populações na-
cionais e mundial eram bem menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a popu-
lação urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúr-
bios se desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próxi-
mos, em termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias
físicas sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros
de distância de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que,
vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).
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A partir da leitura do último período, não se pode afirmar que “o sistema de transporte estadu-
nidense é mais eficiente que o europeu”, que “uma pessoa consegue viajar dos Estados Unidos
para Roma mais rapidamente hoje em dia, devido a meios de transporte mais eficientes, do
que conseguiria antigamente”, que “a distância entre um ponto qualquer da cidade de Dallas
e um estádio é menor do que a distância entre um ponto qualquer da atual cidade de Roma e
o Coliseu” ou que “a distância física entre um ponto qualquer da cidade de Dallas e um está-
dio de futebol é similar à que existe entre um ponto qualquer da cidade de Roma e o Coliseu.”
Essas informações não estão presentes no texto ou não podem ser inferidas a partir do que
se afirma. Em c), diferentemente, temos uma afirmativa correta: “é possível fazer um trajeto
de vários quilômetros de carro na cidade de Dallas, hoje em dia, mais rapidamente do que um
pequeno trajeto a pé na Roma Antiga.”, já que, no texto, lemos que “Alguém em Dallas, nos Es-
tados Unidos, a vários quilômetros de distância de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais
rapidamente do que alguém que, vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.”
Letra c.
Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pe-
queno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência
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No segundo parágrafo, lemos o seguinte: “Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da ati-
vidade empresarial, como quadro pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de
tempo gasto com as operações e a sustentabilidade com a teoria de utilização racional de
papéis (em inglês, less paper).” O que se deseja extrair da informação do período são apenas
os fatores da atividade empresarial, que está interna à noção mais ampla (a otimização). Não
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No original, lemos o seguinte: “Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrôni-
co, várias vantagens podem ser apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras on-
line 24 horas por dia, sete dias da semana”. Assim, a eficácia desse sistema está diretamente
relacionada “ao esforço do comerciante na execução e manutenção do sistema de comércio
eletrônico.” Em outras palavras: o sistema será mais eficaz quando houver um esforço do co-
merciante na execução e manutenção do sistema de comércio eletrônico (e, igualmente, será
menos eficaz quando não houver esse esforço).
Letra a.
Para resolver essa questão, além da leitura do texto, a leitura do título é fundamental: “Utilize o
passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico!” Como se
vê, o texto é destinado a comerciantes (“em seu comércio eletrônico”) – alternativa c), portanto.
Letra c.
Texto 1A2-II
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
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Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito cami-
nhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que
o menino ficou mudo de beleza.
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me aju-
da a olhar!
Eduardo Galeano. A função da arte/1. In: O livro dos abraços. Tradução de Eric Nepomuceno. 9.ª ed. Porto
Alegre: L&PM, 2002 (com adaptações).
No último parágrafo, notamos que o personagem Diego está perplexo diante da imensidão do
mar: “E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me ajuda
a olhar!” A perplexidade pode ser depreendida pela descrição (tremendo, gaguejando) e pela
fala “me ajuda a olhar!”. “Perplexo” significa “tomado de espanto, atônito”. Esse sentido é mais
preciso para descrever a experiência de Diego. A palavra “estarrecido” significa “tomado de
espanto ou pavor; ficar horrorizado, assombrado, apavorado”, o que não é o caso da experiên-
cia de Diego.
Letra c.
Texto 1A2-I
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poéti-
co, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura.
A literatura aparece como manifestação universal de todos os homens em todos os tem-
pos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as
noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de
entrega ao universo fabulado.
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e
da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma
necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.
A literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível
haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a literatura. Desse modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma
o homem na sua humanidade. Humanização é o processo que confirma no homem aqueles
traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa
disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos
problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o
cultivo do humor.
A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna mais
compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante. A literatura corresponde a
uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, por-
que, pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta
do caos e, portanto, nos humaniza. A fruição da arte e da literatura, em todas modalidades e
em todos os níveis, é um direito inalienável.
Antonio Candido. O direito à literatura. In: Vários escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2011 (com
adaptações).
Pela leitura do texto, podemos inferir que, com a literatura, as pessoas se entregam à imagina-
ção. Isso pode ser comprovado no texto pela adoção de termos como “fabulação” e “sonho”,
ambos vinculados a literatura. Não se pode depreender, pela leitura do texto, que, com a litera-
tura, as pessoas se entregam à certeza, à reflexão, à distopia ou à realização.
Letra e.
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A defesa do autor pode ser observada com mais clareza nos dois últimos parágrafos. Neles,
observamos que a tese defendida é a seguinte: “ela [a literatura] é fator indispensável de hu-
manização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade.”. A defesa, então, não se
centra no que se apresenta nas alternativas a), b), c) e d).
Letra e.
090. (CEBRASPE/IBGE/2021) Segundo o autor do texto 1A2-I, a literatura é uma prática artística
a) circunstancial.
b) eventual.
c) atemporal.
d) ocasional.
e) especial.
Texto CG1A1-II
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Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pe-
queno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência
de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunida-
des, com uma fatia maior do comércio eletrônico.
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem
ser apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias
da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro
pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a
sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comer-
ciante que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos engloba-
dos por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores
protegidos pela norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra
ou usa produtos para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o co-
merciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo
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O objetivo central do texto é guiar o leitor em relação à realização de algo (de determinada ma-
neira). Isso é comprovado por este trecho: “Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja
bem-sucedido em seu comércio eletrônico!”, como o verbo no modo imperativo. No texto e no
título, lemos se tratar de um “Guia”, o qual norteia a prática adequada para o comércio eletrô-
nico. Tendo em vista todos esses elementos, estamos diante de um texto predominantemente
injuntivo.
Letra b.
Texto 1A2-I
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poéti-
co, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura.
A literatura aparece como manifestação universal de todos os homens em todos os tem-
pos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as
noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de
entrega ao universo fabulado.
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e
da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma
necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível
haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem
a literatura. Desse modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma
o homem na sua humanidade. Humanização é o processo que confirma no homem aqueles
traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa
disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos
problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o
cultivo do humor.
A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna mais
compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante. A literatura corresponde a
uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, por-
que, pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta
do caos e, portanto, nos humaniza. A fruição da arte e da literatura, em todas modalidades e
em todos os níveis, é um direito inalienável.
Antonio Candido. O direito à literatura. In: Vários escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2011 (com
adaptações).
O autor (o grande crítico literário Antonio Candido) apresenta a sua concepção (eu também
diria “definição”) do que seja a literatura. Como o item exige apenas a caracterização do trecho
destacado, não precisamos recorrer a outras partes do texto. Alternativa b), portanto.
Letra b.
Texto 1A1-I
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Em nossa família, meu avô, pai da minha mãe, morreu no front; minha avó, mãe do meu pai,
morreu de tifo; de seus três filhos, dois serviram no Exército e desapareceram nos primeiros
meses da guerra, só um voltou. Meu pai.
Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecí-
amos, e as pessoas da guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro
mundo, outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?
A vila de minha infância depois da guerra era feminina. Das mulheres. Não me lembro de
vozes masculinas. Tanto que isso ficou comigo: quem conta a guerra são as mulheres. Cho-
ram. Cantam enquanto choram.
Na biblioteca da escola, metade dos livros era sobre a guerra. Tanto na biblioteca rural
quanto na do distrito, onde meu pai sempre ia pegar livros. Agora, tenho uma resposta, um
porquê. Como ia ser por acaso? Estávamos o tempo todo em guerra ou nos preparando para
ela. E rememorando como combatíamos. Nunca tínhamos vivido de outra forma, talvez nem
saibamos como fazer isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um
tempo aprendendo.
Por muito tempo fui uma pessoa dos livros: a realidade me assustava e atraía. Desse des-
conhecimento da vida surgiu uma coragem. Agora penso: se eu fosse uma pessoa mais ligada
à realidade, teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: do desconhe-
cimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intuição do caminho existe...
Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escu-
to? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam
meus olhos, meus ouvidos.
Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma
forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara
na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei
o que estava procurando. O que estava pressentindo.
Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher. Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adapta-
ções).
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Texto 1A2-I
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ou pela regravação de Tico-Tico no fubá por Charlie Parker (1920-1955), no álbum La Paloma,
em 1954. Christian Ribeiro. Pixinguinha, o samba e a construção do Brasil moderno.
Internet: (com adaptações).
Já no início da leitura, temos fortes indícios de que o texto é de natureza argumentativa: “Este
artigo questiona a informação histórica de que o Brasil se insere na modernidade-mundo”. Ao
longo do texto, o autor apresenta informações relativas à história cultural do Brasil de forma
impessoal, em linguagem denotativa e com predomínio da função referencial (e por isso o tex-
to é dissertativo). Além disso, há clara defesa de um ponto de vista: a tese está apresentada na
introdução e os argumentos são desenvolvidos na sequência do texto.
Letra d.
O termo “dado de pesquisa” tem uma amplitude de significados que vão se transforman-
do de acordo com domínios científicos específicos, objetos de pesquisas, metodologias de
geração e coleta de dados e muitas outras variáveis. Pode ser o resultado de um experimento
realizado em um ambiente controlado de laboratório, um estudo empírico na área de ciências
sociais ou a observação de um fenômeno cultural ou da erupção de um vulcão em um deter-
minado momento e lugar. Dados digitais de pesquisa ocorrem na forma de diferentes tipos
de dados, como números, figuras, vídeos, softwares; com diferentes níveis de agregação e de
processamento, como dados crus ou primários, dados intermediários e dados processados
e integrados; e em diferentes formatos de arquivos e mídias. Essa diversidade, que vai sendo
delineada pelas especificidades de cada disciplina, suas condicionantes metodológicas, pro-
tocolos, workflows e seus objetivos, se torna um desafio — pelo alto grau de contextualização
necessário — para o pesquisador na sua tarefa de definir precisamente o que é dado de pes-
quisa de uma forma transversal aos diversos domínios disciplinares.
As definições encontradas nos dicionários e enciclopédias falham em capturar a riqueza e
a variedade dos dados no mundo da ciência ou falham em revelar as premissas epistemológi-
cas e ontológicas sobre as quais eles são baseados. Na esfera acadêmica, grande parte das
definições são uma enumeração de exemplos: dados são fatos, números, letras e símbolos.
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Listas de exemplos não são verdadeiramente definições, visto que não estabelecem uma clara
fronteira entre o que inclui e o que não inclui o conceito.
Luis Fernando Sayão; Luana Farias Sales. Afinal, o que é dado de pesquisa? In: Biblos: Revista do Instituto
de Ciências Humanas e da Informação, Rio Grande. v. 34, n. 02, jul.-dez./2020, p.32-33. Internet:. (com adapta-
ções).
No primeiro parágrafo do texto (e só estamos falando dele, porque é o que o item exige), ob-
servamos a predominância da tipologia expositiva: o autor busca apenas apresentar o con-
teúdo, predominando a função referencial e a linguagem denotativa. Não há defesa de uma
tese por meio da adoção de argumentos utilizados para convencer o leitor. Também não há,
neste primeiro parágrafo, predominância de elementos descritivos, instrucionais (injuntivos)
ou narrativos.
Letra c.
Texto CG3A1-I
No século 21, eu acredito que a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) será
definida por uma consciência nova e mais profunda da santidade e da dignidade 4 de cada
vida humana, independentemente de raça ou religião. Isso irá requerer que levemos o nosso
olhar para além da estrutura dos Estados, ou da simples superfície de nações ou comunida-
des. Devemos enfocar, como nunca, a melhoria das condições de vida de homens e mulheres,
individualmente, que dão ao Estado ou à nação a sua riqueza e o seu caráter.
Neste novo século, devemos começar pela compreensão de que a paz pertence não so-
mente aos Estados ou povos, mas também a cada um e a todos os membros dessas comuni-
dades. A soberania dos Estados não mais deverá ser utilizada como um escudo contra grandes
violações aos direitos humanos. A paz deve ser real e tangível no dia a dia de cada indivíduo
que dela necessite. Devemos buscá-la, acima de tudo, pelo fato de ser a condição para que
cada membro da família humana possa levar uma vida de dignidade e segurança.
A lição do século passado nos fez entender que ameaçar ou atropelar a dignidade do in-
divíduo — como naqueles países onde o cidadão não desfruta do direito básico de escolher o
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Texto CB1A1-II
Ainda hoje, em muitos rincões do nosso país, são encontrados administradores públicos
cujas ações em muito se assemelham às de Nabucodonosor, rei do império babilônico, que,
buscando satisfazer sua rainha Meda, saudosa das colinas e florestas de sua pátria, providen-
ciou a construção de estupendos jardins suspensos. Essa excentricidade, que consumiu anos
de labor e gastos incalculáveis, culminou em uma das sete maravilhas do mundo antigo.
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Tal “maravilha”, que originou mais ônus do que propriamente benefícios, apresenta grande
similitude com devaneios atuais em que se constata o gasto de dinheiro público com atos de
motivação fútil e imoral, finalidade dissociada do interesse público e em total afronta à razoabi-
lidade administrativa, com flagrante desproporção entre o numerário despendido e o benefício
auferido pela coletividade.
Além da insensatez detectada em alguns atos de administração, constata-se a existência
de situação mais grave e preocupante, a degeneração de caráter em muitos entre os que as-
cendem à gestão do interesse público. Essa degeneração, em alguns casos, precede a inves-
tidura; em outros, tem causas endêmicas, sendo o resultado inevitável da interação com um
meio viciado.
Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves. Improbidade administrativa. 8.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 47
(com adaptações).
Texto 1A2-II
Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozi-
nha, a nutricionista do programa das dez da manhã falou:
— Ninguém é obrigado a parecer velho.
Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide
considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com
mais vigor. A dermatologista deu aparte:
— Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade.
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Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos
gêmeos, já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas
que batiam palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da
firma e já indicava que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O
fogão de seis bocas e a campainha com barulho de sino vieram depois, e seus préstimos de
doceira eram anunciados em uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão
mocinha, considerou que tudo dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas
durante a vida:
— Às vezes, é preciso dizer não.
Neide pensou que falar era fácil e que mais a vida mandava do que ela escolhia. Na tevê,
a palavra era do geriatra, um homem robusto, de tez bronzeada e cabelos fartos e grisalhos.
— As pessoas podem continuar sexualmente ativas até a morte. Literalmente, o amor não
tem idade.
Neide sentiu uma tontura, e, de repente, a colher de pau caiu ao chão com barulho. Foi bem
na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede. Varreu com os olhos a figura
diante de si: o pijama azul de listras estava tão acabado que nem dava para pano de chão, e
a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões. A tontura deu uma pequena
trégua, o suficiente para que ela se desgostasse à visão do descaimento.
Cíntia Moscovich. Aos sessenta e quatro. In: Essa coisa brilhante que é a chuva. Rio de Janeiro: Record, 2012
(com adaptações).
A descrição é uma “fotografia” por escrito. Nela, o autor busca compor verbalmente imagens,
as quais são formadas na mente do leitor. Apenas em e) isso ocorre: é possível imaginar como
a barriga do homem abria/rompia/desfiava as casas dos dois últimos botões (da roupa). Nas
demais alternativas, temos o predomínio de outros elementos, como a narração.
Letra e.
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Texto 1A1-II
O imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) é um tributo que deve ser
pago todo ano pelos donos de qualquer tipo de veículo. O valor do IPVA é calculado com base
no valor do veículo comprado, e sua quitação é um requisito para o licenciamento.
Do total arrecadado com cada veículo, 50% vão para o governo estadual e os outros 50%,
para o município no qual o veículo tiver sido emplacado. Essa arrecadação, recolhida pela
União, pelos estados ou pelos municípios, não é exclusivamente destinada a asfaltamento de
ruas e colocação de sinais, isto é, a manutenção de rodovias, mas pode abranger despesas
com educação, saúde, segurança, saneamento, entre outros.
Para pagar o IPVA, o proprietário de veículo recebe em sua casa um aviso de vencimento
do imposto, com informações sobre o veículo, valores, datas, parcelas, formas de pagamento.
Com esse documento é possível quitar o IPVA, juntamente com o seguro obrigatório, e até
fazer o licenciamento antecipado. O não pagamento do IPVA implica multa e impede a realiza-
ção do licenciamento.
Internet: (com adaptações).
Texto CG2A1-I
Uma das várias falácias urbanas consiste em que cidades densamente povoadas sejam
um sinal de “excesso de população”, quando de fato é comum, em alguns países, que mais
da metade de seu povo viva em um punhado de cidades — às vezes em uma só — enquan-
to existem vastas áreas abertas e, em grande parte, vagas nas zonas rurais. Até mesmo em
uma sociedade urbana e industrial moderna como os Estados Unidos, menos de 5% da área
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são urbanizados — e apenas as florestas, sozinhas, cobrem uma extensão de terra seis vezes
maior do que a de todas as grandes e pequenas cidades do país reunidas. Fotografias de fa-
velas densamente povoadas em países em desenvolvimento podem levar à conclusão de que
o “excesso de população” é a causa da pobreza, quando, na verdade, a pobreza é a causa da
concentração de pessoas que não conseguem arcar com os custos do transporte ou de um
espaço amplo para viver, mas que, mesmo assim, não estão dispostas a abrir mão dos benefí-
cios de viver na cidade.
Muitas cidades eram mais densamente povoadas no passado, quando as populações na-
cionais e mundial eram bem menores. A expansão dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a popu-
lação urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúr-
bios se desenvolviam. Devido a um transporte mais rápido, esses subúrbios agora estão próxi-
mos, em termos temporais, das instituições e atividades de uma cidade, embora as distâncias
físicas sejam cada vez maiores. Alguém em Dallas, nos Estados Unidos, a vários quilômetros
de distância de um estádio, pode alcançá-lo de carro mais rapidamente do que alguém que,
vivendo perto do Coliseu na Roma Antiga, fosse até ele a pé.
Thomas Sowell. Fatos e falácias da economia. Record. Edição do Kindle, p. 24-25 (com adaptações).
No contexto de ocorrência (“A expansão dos meios de transporte mais rápidos e baratos”),
o vocábulo “expansão” foi empregado com o sentido de “ampliação”. O teste de substituição
comprova a manutenção dos sentidos: “A ampliação dos meios de transporte mais rápidos e
baratos, com preço viável para uma quantidade muito maior de pessoas, fez com que a popu-
lação urbana se espalhasse para as áreas rurais em torno das cidades à medida que os subúr-
bios se desenvolviam.” Nas demais alternativas, os substitutos propostos são inadequados.
Letra a.
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ria, além de sua mera expressão. Também já se afirmou que as coisas ditas seriam entraves
ou acessos à verdadeira essência dos seres e fenômenos. Já foi dito ainda que as verdades
consistiriam em construções históricas dos fatos, para as quais o discurso é decisivo. Mais
recentemente, vimos multiplicarem-se as alegações de que os fatos não existem, de sorte que
haveria apenas versões e interpretações alternativas.
No que se refere às tendências contemporâneas de conceber as relações entre discurso
e verdade, elas são frequentemente consideradas um movimento libertário, uma vez que nos
permitem desprender-nos de dogmas, ortodoxias e autoridades exclusivas de pesadas e pas-
sadas tradições. Assim, domínios e instituições que antes nos guiavam, com base em suas
verdades fundamentais e numa quase cega fé que depositávamos nelas, tornam-se cada vez
mais suscetíveis às nossas dúvidas e críticas. A religião, a política, a mídia e a ciência já não
são mais do mesmo modo consideradas como fontes das quais brotariam a certeza dos fa-
tos e os devidos caminhos a seguir. Com frequência e intensidade aparentemente inéditas, a
crença e a confiança que nelas assentávamos passaram a ser ladeadas ou suplantadas por
suspeitas e por ceticismos, por postura crítica e por emancipações.
Carlos Piovezani, Luzmara Curcino e Vanice Sargentini. O discurso e as verdades: relações entre a fala, os feitos
e os fatos. In: Luzmara Curcino, Vanice Sargentini e Carlos Piovezani. Discurso e (pós)verdade. São Paulo: Pará-
bola, 2021, p.7-18 (com adaptações).
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Texto CB1A1-I
Quem pensa que a excelência do agronegócio brasileiro se resume a soja, café e carnes
está enganado. O país está entre os cinco maiores exportadores mundiais em valor em quase
três dezenas de produtos agrícolas. O maior destaque é para os de sempre: açúcar, cereais,
soja, milho, oleaginosas e frutas cítricas. Mas o Brasil aparece no top five de exportações da
Organização para as Nações Unidas (ONU) com produtos inusitados, como pimenta, melancia,
abacaxi, mamão papaia, coco, mandioca, caju, fumo, sisal e outras fibras, por exemplo.
Os dados, de 2019, são da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO) e foram reunidos em um estudo realizado pelo Instituto Millenium em parceria com a
consultoria Octahedron Data eXperts (ODX). O objetivo do trabalho foi traçar uma radiografia
do agronegócio brasileiro para entender as razões pelas quais o setor vive anos seguidos de
prosperidade e tem caminhado na contramão dos demais, mesmo em meio à crise provocada
pela pandemia.
O comércio internacional é um dos pilares importantes para sustentar o bom desempenho
do setor, turbinado pela desvalorização do câmbio e pelos preços em alta das commodities.
A agropecuária respondeu por cerca de 45 bilhões de dólares das exportações em 2020 e, há
vários anos, tem garantido o saldo positivo da balança comercial. Quando se avaliam as ex-
portações por setores, apenas a agropecuária apresentou crescimento nas vendas externas
(6%) em comparação a 2019, mostra o estudo. Já a indústria extrativa e a de transformação
registraram queda de 2,7% e de 11,3%, respectivamente.
Essa história se repete também no produto interno bruto (PIB), a soma de todas as ri-
quezas geradas no país. Em 2020, a agropecuária foi o único setor com resultado positivo, o
que contribuiu para que os efeitos adversos da pandemia sobre a atividade não fossem ainda
maiores. O PIB do setor avançou 2% sobre o ano anterior, enquanto o da indústria recuou 3,5%
e o dos serviços, 4,5%.
Internet: <https://economia.uol.com.br> (com adaptações).
O contexto de ocorrência do vocábulo “adversos” é este: “Em 2020, a agropecuária foi o úni-
co setor com resultado positivo, o que contribuiu para que os efeitos adversos da pandemia
sobre a atividade não fossem ainda maiores.” O termo, então, modifica “efeitos”. Segundo o
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pe-
queno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência
de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunida-
des, com uma fatia maior do comércio eletrônico.
Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem
ser apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias
da semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro
pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a
sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comer-
ciante que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos engloba-
dos por este guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores
protegidos pela norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra
ou usa produtos para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o co-
merciante deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo
atualizado e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade
desse tipo de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na
rede devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas
na transação eletrônica.
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico!
ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação do cliente
– diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de Janeiro: 2014, p. 31 (com
adaptações).
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c) iminência.
d) urgência.
O contexto é este: “A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportuni-
dades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem
na contingência de mudança na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade
e novas oportunidades, com uma fatia maior do comércio eletrônico.” Aqui, o sentido é de
“eventualidade”, “caráter do que é circunstancial” (segundo o dicionário Houaiss, 2009). Nesse
sentido, o substituto adequado é “circunstância”, em b): “A rapidez da difusão do comércio
eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno negócio, o varejo e as micro e pe-
quenas empresas (MPE), que se veem na circunstância de mudança na gestão do comércio,
visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com uma fatia maior do comér-
cio eletrônico.”
Letra b.
Texto CB1A1-I
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Vamos ao trecho original: “É fácil rir de despesas tão grosseiramente excêntricas, cuja apa-
rente falta de propósito utilitário dá a impressão de que, por comparação, pelo menos parte
de nosso próprio consumo tem um caráter racional.” O que é “aparente”, então, é a falta de
propósito utilitário. O autor, ao utilizar esse vocábulo, lança uma conjectura, algo admitido por
hipótese. Assim, esse vocábulo pode ser substituído por “suposto”, tal como proposto pelo di-
cionário Houaiss (2009): “É fácil rir de despesas tão grosseiramente excêntricas, cuja suposta
falta de propósito utilitário dá a impressão de que, por comparação, pelo menos parte de nosso
próprio consumo tem um caráter racional.”
Letra c.
Texto 1A2-II
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito cami-
nhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que
o menino ficou mudo de beleza.
E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me aju-
da a olhar!
Eduardo Galeano. A função da arte/1. In: O livro dos abraços. Tradução de Eric Nepomuceno. 9.ª ed. Porto
Alegre: L&PM, 2002 (com adaptações).
b) vigor.
c) nevoeiro.
d) satisfação.
e) brilho.
Segundo o dicionário Houaiss (2009), “fulgor” significa “o brilho, a luz transmitida ou refletida
por qualquer corpo; luminância”. Assim, o substituto adequado está em e): “E foi tanta a imen-
sidão do mar, e tanto brilho, que o menino ficou mudo de beleza.”
Letra e.
Texto 1A2-I
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poéti-
co, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura.
A literatura aparece como manifestação universal de todos os homens em todos os tem-
pos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as
noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de
entrega ao universo fabulado.
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e
da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma
necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito.
A literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível
haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem
a literatura. Desse modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma
o homem na sua humanidade. Humanização é o processo que confirma no homem aqueles
traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa
disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos
problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o
cultivo do humor.
A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade, na medida em que nos torna mais
compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante. A literatura corresponde a
uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, por-
que, pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta
do caos e, portanto, nos humaniza. A fruição da arte e da literatura, em todas modalidades e
em todos os níveis, é um direito inalienável.
Antonio Candido. O direito à literatura. In: Vários escritos. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre o azul, 2011 (com
adaptações).
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Nessa questão, não podemos interpretar o vocábulo “inalienável” em sentido puramente de-
notativo (que significa “não alienável; que não pode ser vendido ou cedido; inalheável”). Como
o autor faz uma defesa ao direito à literatura, a palavra “inalienável” (em “A fruição da arte e
da literatura, em todas modalidades e em todos os níveis, é um direito inalienável.”) adquire o
sentido de “algo que não pode ser negado (ao ser humano)”.
Letra a.
Texto 1A1-I
Não sei quando começou a necessidade de fazer listas, mas posso imaginar nosso ante-
passado mais remoto riscando na parede da caverna, à luz de uma tocha, signos que indica-
vam quanto de alimento havia sido estocado para o inverno que se aproximava ou, como so-
mos competitivos, a relação entre nomes de integrantes da tribo e o número de caças abatidas
por cada um deles.
Se formos propor uma hermenêutica acerca do tema, talvez possamos afirmar que existem
dois tipos de listas: as necessárias e as inúteis. Em muitos casos, dialeticamente, as necessá-
rias tornam-se inúteis e as inúteis, necessárias. Tomemos dois exemplos. Todo mês, enumero
as coisas que faltam na despensa de minha casa antes de me dirigir ao supermercado; essa
lista arrolo na categoria das necessárias. Por outro lado, há pessoas que anotam suas metas
para o ano que se inicia: começar a fazer ginástica, parar de fumar, cortar em definitivo o açú-
car, ser mais solidário, menos intolerante... Essa elenco na categoria das inúteis.
Feitas as compras, a lista do supermercado, necessária, torna-se então inútil. A lista con-
tendo nossos desejos de sermos melhores para nós mesmos e para os outros, embora inútil,
pois dificilmente a cumprimos, converte-se em necessária, porque estabelece um vínculo com
o futuro, e nos projetar é uma forma de vencer a morte.
Tudo isso para justificar o que se segue. Ninguém me perguntou, mas resolvi organizar
uma lista dos melhores romances que li em minha vida — escolhi o número vinte, não por mo-
tivos místicos, mas porque talvez, pela amplitude, alinhave, mais que preferências intelectuais,
uma história afetiva das minhas leituras. Enquadro-a na categoria das listas inúteis, mas, quem
sabe, se consultada, municie discussões, já que toda escolha é subjetiva e aleatória, ou, na
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Questão interessante: o termo “elenco” não está sendo empregado como substantivo, mas
como verbo (elencar). No contexto, o autor realiza uma espécie de categorização, como se vê
no mesmo parágrafo (2º): “Todo mês, enumero as coisas que faltam na despensa de minha
casa antes de me dirigir ao supermercado; essa lista arrolo na categoria das necessárias.” E
quais são as coisas que o autor elenca (dispõe, categoriza, classifica) na categoria das inúteis?
A resposta está no texto: “começar a fazer ginástica, parar de fumar, cortar em definitivo o açú-
car, ser mais solidário, menos intolerante”.
Letra e.
Texto 1A2-I
A revista The Lancet publicou no dia 14 de julho de 2020 um artigo em que apresenta novas
projeções para a população mundial e para os diversos países. Os pesquisadores do Instituto
de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington (IHME, na sigla em inglês)
sugerem números para a população humana do planeta em 2100 que são menores do que o
cenário médio apresentado em 2019 pela Divisão de População da ONU (que é a referência
maior nesta área de projeções demográficas).
Segundo o artigo, o maior nível educacional das mulheres e o maior acesso aos métodos
contraceptivos acelerarão a redução das taxas de fecundidade, gerando um crescimento de-
mográfico global mais lento.
Se este cenário acontecer de fato, será um motivo de comemoração, pois a redução do rit-
mo de crescimento demográfico não aconteceria pelo lado da mortalidade, mas sim pelo lado
da natalidade e, principalmente, em decorrência do empoderamento das mulheres, da univer-
salização dos direitos sexuais e reprodutivos e do aumento do bem-estar geral dos cidadãos e
das cidadãs da comunidade internacional.
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De modo geral, a imprensa tratou as novas projeções como uma grande novidade, dizendo
que a população mundial não ultrapassará 10 bilhões de pessoas até o final do século e que,
no caso do Brasil, a população apresentará uma queda de 50 milhões de pessoas na segunda
metade do corrente século.
Na verdade, isto não é totalmente novidade, pois a possibilidade de uma população bem
abaixo de 10 bilhões de pessoas já era prevista. Diante das incertezas, normalmente, elabo-
ram-se cenários para o futuro com amplo leque de variação. A Divisão de População da ONU,
por exemplo, tem vários números para o montante de habitantes em 2100, que variam entre 7
bilhões e 16 bilhões.
Internet:<ecodebate.com.br> (com adaptações).
Texto 1A1-I
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A vila de minha infância depois da guerra era feminina. Das mulheres. Não me lembro de
vozes masculinas. Tanto que isso ficou comigo: quem conta a guerra são as mulheres. Cho-
ram. Cantam enquanto choram.
Na biblioteca da escola, metade dos livros era sobre a guerra. Tanto na biblioteca rural
quanto na do distrito, onde meu pai sempre ia pegar livros. Agora, tenho uma resposta, um
porquê. Como ia ser por acaso? Estávamos o tempo todo em guerra ou nos preparando para
ela. E rememorando como combatíamos. Nunca tínhamos vivido de outra forma, talvez nem
saibamos como fazer isso. Não imaginamos outro modo de viver, teremos que passar um
tempo aprendendo.
Por muito tempo fui uma pessoa dos livros: a realidade me assustava e atraía. Desse des-
conhecimento da vida surgiu uma coragem. Agora penso: se eu fosse uma pessoa mais ligada
à realidade, teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: do desconhe-
cimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intuição do caminho existe...
Passei muito tempo procurando... Com que palavras seria possível transmitir o que escu-
to? Procurava um gênero que respondesse à forma como vejo o mundo, como se estruturam
meus olhos, meus ouvidos.
Uma vez, veio parar em minhas mãos o livro Eu venho de uma vila em chamas. Tinha uma
forma incomum: um romance constituído a partir de vozes da própria vida, do que eu escutara
na infância, do que agora se escuta na rua, em casa, no café. É isso! O círculo se fechou. Achei
o que estava procurando. O que estava pressentindo.
Svetlana Aleksiévitch. A guerra não tem rosto de mulher. Companhia das Letras, 2016, p. 9-11 (com adapta-
ções).
O vocábulo “rememorar” está vinculado à palavra “memorar” (trazer à memória; recordar, relem-
brar). Assim, o substituto adequado está presente em a): “E relembrando como combatíamos.”
Letra a.
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(CEBRASPE/DELEGADO/PC-GO/2017)
A diferença básica entre as polícias civil e militar é a essência de suas atividades, pois as-
sim desenhou o constituinte original: a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(CF), em seu art. 144, atribui à polícia federal e às polícias civis dos estados as funções de
polícia judiciária — de natureza essencialmente investigatória, com vistas à colheita de provas
e, assim, à viabilização do transcorrer da ação penal — e a apuração de infrações penais.
Enquanto a polícia civil descobre, apura, colhe provas de crimes, propiciando a existência
do processo criminal e a eventual condenação do delinquente, a polícia militar, fardada, faz o
patrulhamento ostensivo, isto é, visível, claro e perceptível pelas ruas. Atua de modo preventi-
vo-repressivo, mas não é seu mister a investigação de crimes. Da mesma forma, não cabe ao
delegado de polícia de carreira e a seus agentes sair pelas ruas ostensivamente em patrulha-
mento. A própria comunidade identifica na farda a polícia repressiva; quando ocorre um crime,
em regra, esta é a primeira a ser chamada. Depois, havendo prisão em flagrante, por exemplo,
atinge-se a fase de persecução penal, e ocorre o ingresso da polícia civil, cuja identificação não
se dá necessariamente pelos trajes usados.
Guilherme de Souza Nucci. Direitos humanos versus segurança pública. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 43
(com adaptações).
O texto é predominantemente dissertativo (alternativa c)). Nessa questão, a banca não faz a
diferença entre os tipos dissertativo-expositivo e dissertativo-argumentativo. Tendo em vista
o fato de o texto não apresentar argumentos direcionados para a defesa de um ponto de vis-
ta, estamos diante de um texto dissertativo-expositivo: o autor apresenta a distinção entre a
polícia civil e a polícia militar. Nessa distinção, como já destaquei, NÃO HÁ defesa de um pon-
to de vista. Por ser um texto predominantemente dissertativo, as demais alternativas devem
ser excluídas, pois não observamos a predominância de: comandos/orientações a), relato de
eventos praticados e/ou sofridos por personagens em determinado tempo e lugar b), persu-
asão/chamado/apelo a uma causa; descrição de características (tipicamente estáticas) de
determinada entidade (ser, espaço, objeto etc.).
Letra c.
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(CEBRASPE/DELEGADO/PC-GO/2017)
A locução “vem ganhando” expressa claramente a ideia de uma ação que se desenvolve gradu-
almente: à medida que o tempo avança, a abrangência da participação das partes cresce. Por
isso a alternativa b) está correta, e as demais, incorretas.
Letra b.
(CEBRASPE/DELEGADO/PC-GO/2017)
O termo nude é do inglês e vem sendo utilizado na Internet por usuários de redes sociais para
designar fotos íntimas que retratam a pessoa sem roupa. O envio e a troca de nudes são faci-
litados em aplicativos de celular, o que torna essa prática popular entre seus usuários, incluin-
do-se menores de idade, e facilita o compartilhamento das fotos.
Havendo vazamento de fotos íntimas, há violação do direito de imagem da pessoa prejudicada,
que, por isso, terá amparo do Estado. A pena para o acusado de vazar as fotos ainda pode ser
considerada branda, sendo um pouco mais severa quando se trata de um crime contra a infân-
cia. “Quando se trata de crianças e adolescentes, há um agravante, pois, no art. 241 do Estatuto
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A ideia de “finalidade” pode ser identificada na preposição “para”, a qual pode, inclusive, ser
substituída por “a fim de”, “com a finalidade de”, provando a semântica de finalidade. Na sequ-
ência (período seguinte), há a condição para que essa finalidade seja atendida. Por isso, temos
a alternativa a) como correta.
Letra a.
No primeiro emprego da vírgula, temos a separação de uma expressão explicativa (note que,
sem a vírgula, o sentido seria restritivo: “O ICMS adotado no país é o único”. No segundo em-
prego da vírgula, temos a separação de uma expressão intercalada, a qual separa o pronome
relativo “que” de seu predicado (dentro da subordinada adjetiva). Por isso, a alternativa d) está
correta: cada emprego da vírgula é justificado por regras distintas.
Letra d.
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(CEBRASPE/AUDITOR/SEFAZ-RS/2019)
Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de glória no distante ano de 1837.
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça do (hoje) desconhecido compositor, jun-
to com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Beethoven (os adjetivos aqui podem
ser verdadeiros, mas — como se verá — relativos). A plateia, formada por um público refina-
do, culto e um pouco bovino, como são, sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com
impaciência.
Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido. Depois, quando chegou a vez do obs-
curo e inferior Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com ouvidos mais sensíveis,
depois de lerem o programa que anunciava as peças do músico menor, retiraram-se do teatro,
incapazes de suportar música de má qualidade.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com as obras de epígonos, tão céleres em
reproduzir, em clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos grandes artistas.
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico invertera, no programa do concerto, os
nomes de Pixis e Beethoven...
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, foi recebida com entusiasmo e paixão, e
a de Beethoven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria nos tornar mais atentos e menos arro-
gantes a respeito do que julgamos ser arte.
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos de recepção é correr o risco de aplaudir
Pixis como se fosse Beethoven.
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor. São Paulo: Leya, 2010 (com adaptações).
O termo hoje é um destaque (contrastivo entre passado e presente), no qual o autor evidencia
que Pixis não era desconhecido no passado, mas é desconhecido hoje. Por essa razão, a alter-
nativa a) está correta.
Letra a.
a) “verdadeiros” e “relativos”.
b) “refinado”, “culto” e “bovino”.
c) “admirável”, “maravilhoso” e “extraordinário”.
d) “desconhecido” e “compositor”.
e) “hoje” e “sempre”.
O trecho em análise é este: “junto com outra, do admirável, maravilhoso e extraordinário Bee-
thoven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas — como se verá — relativos)”. Vemos,
pelo destaque (e, claro, pela cadeia coesiva) que o termo “adjetivos” remete faz referência às
palavras “admirável”, “maravilhoso” e “extraordinário” (alternativa c)).
Letra c.
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símbolo dos apoiadores do presidente Donald Trump, derrotado nas últimas eleições, que, em
uma tentativa de golpe, protagonizaram a mencionada invasão.
O homem em pele de bicho, ou sei lá o quê, sem dúvida, sintetiza os diversos sentidos
das cenas aterrorizantes veiculadas pelo mundo inteiro. Mas nem por isso faltaram outros
personagens, como um sujeito que trajava uma camiseta estampada com a expressão “Camp
Auschwitz” e um outro que zanzava pelos salões carregando uma bandeira confederada, sím-
bolo dos estados escravocratas sulistas durante a Guerra da Secessão. Em meio ao circo,
parlamentares saíam correndo e tentavam se esconder. Tudo fotografado, filmado, registrado
em profusão de detalhes e transmitido em escala mundial. Eis que a nação que se colocava
como a principal representante da democracia no Ocidente virou, em segundos, a maior fonte
de proliferação de memes. Com uma virada de chave na ordem mundial pós Segunda Guerra,
isso tem um impacto imenso.
No Brasil, era possível ver quem recomendasse que Joe Biden, presidente eleito, esperasse
lá nos Estados Unidos o socorro vindo do Ceará com o ex-governador do estado Cid Gomes
seguindo em missão salvadora dirigindo uma retroescavadeira. Noutra postagem, resgatou-se
uma cena em que a figura do Minotauro aparecia conversando com Tia Anastácia, em uma
antiga versão do Sítio do Pica-pau Amarelo. Tudo em alusão ao tal viking. Símbolos da cultura
pop também entraram na roda, com referências ao cantor Jamiroquai e ao grupo Village Pe-
ople, por exemplo. Penso nas inúmeras apropriações e me pergunto: quais serão os memes
usados na Índia? E em outros países da América Latina? Na Letônia? E nas Ilhas Maurício? O
Daily Nation, do Quênia, trouxe entre as suas manchetes a seguinte pergunta: “Who´s the ba-
nana republic now?”.
A situação toda ultrapassa as ironias imagináveis, mas a “revolução” não só foi televisiona-
da como ganhou, planetária e localmente, as mais diversas representações de sátira em esca-
la jamais vista. Nem Andy Warhol, ao cunhar a célebre expressão sobre a cota de “15 minutos
de fama” ao qual todos teriam direito no futuro, poderia imaginar que seriam o Capitólio e os
símbolos norte-americanos mobilizados em uma das manifestações mais potentes da política
deste início do século XXI.
Feito esse breve resumo, cujos exemplos estão fartamente documentados em todos os
lugares, meu ponto preciso de argumentação é: tudo aquilo que, por um lado, mobiliza escárnio
e sátira, por outro, arregimenta adesão. Símbolos não existem por si só; eles causam repulsa
em uns e identificação em outros.
Grazielle Albuquerque. Le Monde Diplomatique. 11 de janeiro de 2021.
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c) a adoção da tipologia descritiva ao longo do texto é dispensável, tendo em vista o texto ser
predominantemente argumentativo.
d) o fato de o Captólio norte-americano ter sido invadido por um grupo de extremistas/su-
premacistas gerou uma proliferação de memes, os quais abordavam a invasão com escár-
nio e sátira.
e) a autora opta por não utilizar linguagem subjetiva ou informal.
Na alternativa d), temos a análise correta acerca do texto: o fato de o Captólio norte-america-
no ter sido invadido por um grupo de extremistas/supremacistas gerou uma proliferação de
memes, os quais abordavam a invasão com escárnio e sátira. Isso pode ser comprovado pela
leitura do último parágrafo, em articulação (via cadeia coesiva) com os demais parágrafos.
Em a), é incorreto dizer que a proliferação de memes é a CAUSA de decisões políticas (é, na
verdade, o efeito). Em b), a referência ao ex-governador do Ceará, Cid Gomes, é relativa ao
meme brasileiro sobre a invasão no captólio. Não se espera, então, que o ex-governador do
Ceará, Cid Gomes, apoiasse politicamente o presidente eleito Joe Biden (essa seria uma leitura
literal do 3º parágrafo). Em c), não se pode afirmar que a adoção da tipologia descritiva seja
dispensável, pois a autora utiliza abundantemente a descrição para ilustrar os eventos-chaves
abordados. Em e), por fim, temos um erro ao afirmar que a autora opta por não utilizar lingua-
gem subjetiva ou informal, pois passagens como “não me sai da cabeça” e “ou sei lá o quê” são
subjetivas e informais.
Letra d.
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Por fim, nas demais alternativas, os vocábulos destacados são empregados em sentido literal:
situação (combinação ou concorrência de acontecimentos ou circunstâncias em dado mo-
mento); imagem (representação); escárnio (aquilo que é objeto de desdém, ironia ou sarcas-
mo); profusão (grande quantidade; abundância, exuberância).
Letra c.
120. (INÉDITA/2021) Assinale a alternativa em que o termo destacado antecipa uma informa-
ção que, na cadeia coesiva, ainda será apresentada:
a) “Essa se trata também da imagem mais veiculada desde então” (1º parágrafo)
b) “como um sujeito que trajava uma camiseta estampada com a expressão ‘Camp Auschwitz’”
(2º parágrafo)
c) “Com uma virada de chave na ordem mundial pós Segunda Guerra, isso tem um impacto
imenso” (2º parágrafo)
d) “eles causam repulsa em uns e identificação em outros” (5º parágrafo)
e) “O Daily Nation, do Quênia, trouxe entre as suas manchetes a seguinte pergunta” (3º
parágrafo)
As formas “Essa” a), “que” b), “isso” c) e “eles” d) RETOMAM uma informação/um referente já
expressa/o na cadeia coesiva do texto. São os chamados ANAFÓRICOS. Em e), diferentemente,
a expressão “a seguinte pergunta” ANTECIPA uma informação que ainda será apresentada na
cadeia coesiva do texto (são os chamados CATAFÓRICOS): “Who´s the banana republic now?”
Letra e.
121. (INÉDITA/2021) Assinale a opção que apresenta um trecho do texto precedente que con-
tém uma oração na voz passiva.
a) “Em meio ao circo, parlamentares saíam correndo” (2º parágrafo)
b) “Noutra postagem, resgatou-se uma cena” (3º parágrafo)
c) “A situação toda ultrapassa as ironias imagináveis” (4º parágrafo)
d) “O homem em pele de bicho, ou sei lá o quê, sem dúvida, sintetiza os diversos sentidos das
cenas aterrorizantes veiculadas pelo mundo inteiro” (2º parágrafo)
e) “Penso nas inúmeras apropriações” (3º parágrafo)
Na oração em b), temos o verbo “resgatar” utilizado na acepção de “recuperar algo” (na voz
ativa, é um verbo transitivo direto). O termo “uma cena” exerce função de sujeito e é seman-
ticamente paciente. Bom, esses são elementos para indicar que o “se” em “resgatou-se” é
uma partícula apassivadora e a oração é uma passiva sintética – e por isso a altenativa b) é
a correta. Para provar mesmo que é uma passiva, note que o sujeito manifesta concordância
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na forma verbal (olhe um exemplo no plural: resgataram-se diversas filmagens). Nas demais
alternativas, temos orações ativas: “saíam” a), “ultrapassa” c), “sintetiza” d) e “Penso” e).
Letra b.
A relação lógica estabelecida pelos termos “não só... como” é de ADIÇÃO: foi televisionada E
(+) ganhou as mais diversas representações. Por isso, a alternativa d) está correta, e as alter-
nativas a), b), c) e e) estão incorretas (já que, por ser adição, não pode ser concessão, condi-
ção, explicação ou consequência).
Letra d.
A guerra à corrupção
A crise da democracia representativa se faz sentir em todo o mundo, em especial diante da
aproximação antidemocrática (e tipicamente) neoliberal entre o poder político e o poder econô-
mico. Contudo, em países como o Brasil e a Itália, que podem ser vistos como uma espécie de
laboratório de novas técnicas de controle dos indesejáveis, as agências do Sistema de Justiça
exerceram um papel determinante para transformar a crise da representação em uma crise
dos próprios valores, princípios e regras democráticos.
Muitos atores do Sistema Judicial passaram a atuar no sentido de criminalizar a política,
com um discurso de justificação recheado de “boas intenções” e “moralismos”, ao mesmo
tempo em que prometiam resolver os problemas gerados pelas distorções da democracia re-
presentativa. Um engano com consequências desastrosas à concepção de vida democrática.
Surgem, então, as condições para o fenômeno das perseguições políticas através do uso
pervertido do direito. E o significante “corrupção” aparece, então, com um elemento mistifica-
dor que faz com que tudo, inclusive as ilegalidades, pareça justificado aos olhos da popula-
ção que desconhece os objetivos políticos e ideológicos por detrás dos processos de perse-
cução penal.
Rubens Casara. Cult – Além da lei. 29 de junho de 2020.
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Apenas a afirmativa em I está correta: em “dos próprios valores, princípios e regras democrá-
ticos”, é possível grafar “democráticas” (que passa a concordar com “regras”, elemento mais
próximo). As afirmativas II e III estão erradas por estes motivos: II – o sujeito da forma verbal
“surgem” é explícito e está posposto: “as condições para o fenômeno das perseguições políti-
cas através do uso pervertido do direito.” III – o prefixo “neo-“ só aceita hífen antes de palavra
iniciada por “h” (neo-humanista) ou “o” (neo-ortodoxo).
Letra a.
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A conjunção “contudo” é adversativa. Na alternativa b), temos uma expressão que indica esse
mesmo valor adversativo: no entanto. As conjunções “conquanto” a) e “embora” d) são conces-
sivas. As conjunções “logo” c) e “portanto” e) são conclusivas.
Letra b.
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A professora e pesquisadora de cordel Fanka Santos lembra que antes de ser impresso, o
cordel é voz por meio das cantorias repentistas. “Migrando para o espaço escrito, essa poética
se atualizou e hoje permanece se atualizando nas redes sociais, pois ele não muda sua forma,
apenas os conteúdos e suportes.”
Para o pesquisador de cultura popular Gilmar de Carvalho, cordel é um mundo ou uma
maneira de ver, ler e dizer o mundo. “Hoje não é mais apenas o folheto de feira, maravilhoso na
sua aparente simplicidade e como produto editorial, com seu miolo múltiplo de quatro páginas
e sua capa que foi “cega” (sem imagem nenhuma) ou gráfica, até a entrada da xilogravura”.
A grande diversidade temática confere mais liberdade para transitar entre os diferentes
tipos de arte, seja como linguagem ou como estética. Segundo Marco Haurélio, abrange desde
os folhetos circunstanciais e outros de cunho marcadamente “histórico”, além dos romances,
cuja inspiração provém, quase sempre, da matéria tradicional, baseada nos contos imemoriais
ou na poesia popular, incluindo os romances velhos e trágicos do sertão nordestino.
Revista Plenário. Órgão Oficial da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. ANO XIII | Mar / Abr 2021| 59a
edição.
Os itens I e III corretos, como se comprova pela leitura dos parágrafos 3 e 5. Em II, no entanto,
encontramos um erro. A literatura de cordel não parou de ser produzida em decorrência das
inovações tecnológicas, como se pode confirmar pela leitura do primeiro parágrafo.
Letra c.
127. (INÉDITA/2021) No primeiro período do texto, a expressão “Apesar de” introduz uma cir-
cunstância de
a) causa
b) conclusão
c) concessão
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d) explicação
e) adição
A locução “Apesar de” introduz uma circunstância de concessão (isto é, introduz um fato su-
bordinado e contrário ao da ação principal de uma oração, mas incapaz de impedir que tal ação
venha a ocorrer). A alternativa correta, então, é a c) – e, por consequência, todas as demais
devem ser descartadas.
Letra c.
No texto, predomina a tipologia expositiva (alternativa b)): apresentam-se fatos e vozes refe-
rentes à literatura de cordel. Note que as opiniões e os pontos de vista são apresentados com
neutralidade, não sendo sustentações argumentativas em prol da defesa de um ponto de vista.
Não há, então, predomínio de narração, injunção, descrição ou argumentação.
Letra b.
129. (INÉDITA/2021) Com relação à pontuação, o sentido original e a correção do texto prece-
dente seriam mantidos caso
I – a vírgula em “No final do século XIX, o cordel era uma forma de expressão exclusiva-
mente oral” fosse suprimida.
II – os travessões presentes no primeiro período do terceiro parágrafo fossem substituídos
por parênteses.
III – fosse inserida uma vírgula após o termo “reinvenção” (segundo período do terceiro pa-
rágrafo).
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130. (INÉDITA/2021) No segundo período do terceiro parágrafo, o sujeito das formas verbais
“abriu” e “está”
a) tem como núcleo o termo “reinvenção”
b) está indeterminado
c) está elíptico e corresponde à terceira pessoa do singular
d) é composto
e) tem como núcleo o termo “produção”
O sujeito está elíptico (fonologicamente oculto, marcado na desinência). A desinência das for-
mas verbais mostra que a concordância ocorre com a terceira pessoa do singular (ele abriu;
ele está). Por isso, a alternativa c) está correta. As demais alternativas estão erradas, por-
que, uma vez sendo elíptico, o sujeito não pode ser “reinvenção”, indeterminado, composto ou
“produção”.
Letra c.
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A única substituição possível é por “o qual”, tendo em vista o referente ser masculino e singular
(“O Grande Texto”) – alternativa b), então. Nas demais alternativas, temos os seguintes proble-
mas: “a qual” marca gênero feminino; “cuja” denota relação de posse; “onde” denota relação
locativa; “da qual” traz uma preposição não exigida no contexto oracional em análise.
Letra b.
Quando a covid-19 começou a se espalhar pelo Brasil em março de 2020 e exigiu a adoção
de medidas mais restritivas, especialistas em saúde mental passaram a usar o termo “quarta
onda” para se referir à avalanche de novos casos de depressão, ansiedade e outros transtornos
psiquiátricos que viriam pela frente.
Mas, contrariando todas as expectativas, os primeiros 12 meses pandêmicos não resulta-
ram em mais diagnósticos dessas doenças: estudos publicados em março de 2021 indicam
que os números de indivíduos acometidos tiveram até uma ligeira subida no início da crise,
mas depois eles se mantiveram estáveis dali em diante.
Outros achados recentes também apontam que políticas mais extremas como o lockdown,
adotadas em vários países e tão necessárias para achatar as curvas de contágio e evitar o co-
lapso dos sistemas de saúde, não resultaram numa piora do bem-estar nem no aumento dos
casos de suicídio.
O que as pesquisas mais recentes nos apontam é que, ao menos em 2020, aquela “quarta
onda” de transtornos mentais que era prevista pelos especialistas não aconteceu na prática
graças à resiliência do ser humano e a despeito de uma piora na qualidade de vida e de um
esperado aumento de sentimentos como tristeza, frustração, raiva e nervosismo.
Em todo caso, é preciso destacar que alguns grupos foram mais atingidos que outros,
como é o caso dos profissionais da saúde e das mulheres, que precisaram lidar com a sobre-
carga de trabalho.
Internet: <uol.com.br> (com adaptações).
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e) a “quarta onda” refere-se aos novos casos de depressão, ansiedade e outros transtornos
psiquiátricos decorrentes da pandemia do coronavírus.
a) Errada. O aumento não foi significativo (ocorreu apenas em alguns grupos, como em profis-
sionais de saúde.
b) Errada. No texto, afirma-se que a “quarta onda” não aconteceu na prática graças à resiliência
do ser humano.
c) Errada. Segundo o texto, a “quarta onda” não se efetivou em 2020.
d) Errada. No texto, não se afirma que os profissionais de saúde e as mulheres são mais re-
silientes (especificamente). Além disso, contrariamente ao que se afirma no item, lemos no
texto que “alguns grupos foram mais atingidos que outros, como é o caso dos profissionais da
saúde e das mulheres”.
e) Certa. Essa afirmativa é condizente com o que se afirma no texto (especialmente no 1º
parágrafo).
Letra e.
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134. (INÉDITA/2021) A expressão destacada em “é preciso destacar que alguns grupos foram
mais atingidos que outros” (5º parágrafo do texto precedente) expressa uma relação de
a) oposição.
b) finalidade.
c) causa/consequência.
d) condição.
e) comparação.
A estrutura “mais... que” estabelece uma comparação, um cotejo entre duas coisas (entre dois
grupos, no caso do texto). É por isso que a alternativa e) está correta e as demais (a), b), c) e
d)), incorretas.
Letra e.
135. (INÉDITA/2021) Assinale a opção que apresenta um trecho do texto precedente que con-
tém uma oração na voz passiva.
a) “os primeiros 12 meses pandêmicos não resultaram em mais diagnósticos dessas doenças”
(2º parágrafo)
b) “especialistas em saúde mental passaram a usar o termo “quarta onda” (1º parágrafo)
c) “estudos publicados em março de 2021 indicam que os números de indivíduos acometidos
tiveram até uma ligeira subida no início da crise” (2º parágrafo)
d) “aquela ‘quarta onda’ de transtornos mentais que era prevista pelos especialistas não acon-
teceu na prática” (4º parágrafo)
e) “é o caso dos profissionais da saúde e das mulheres, que precisaram lidar com a sobrecarga
de trabalho” (5º parágrafo)
As orações em a), b), c) e e) estão na voz ativa: resultaram, passaram a usar, indicam e é; pre-
cisaram lidar. Na alternativa d), temos uma oração na voz passiva (analítica): que era prevista
pelos especialistas. Na ativa, teríamos: os especialistas previam que [pronome relativo que
retoma “aquela quarta onda de transtornos mentais”].
Letra d.
136. (INÉDITA/2021) Assinale a alternativa em que a palavra apresentada está de acordo com
a atual ortografia oficial da língua portuguesa
a) mal acabado
b) autorregulação
c) bem aventurado
d) européia
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e) mal-criado
Segundo o Acordo Ortográfico de 1990 (que estabelece a atual ortografia oficial da língua por-
tuguesa), emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios “bem” e “mal”, quando estes
formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal ele-
mento começa por vogal ou “h”. Assim, as palavras “mal-acabado” e “bem-aventurado” devem
ser grafadas com hífen (nas alternativa a) e c), as grafias estão incorretas, pois não há hífen).
Em e), a palavra “mal criado” não deve ser grafada com hífen, porque a palavra que segue “mal”
não começa por vogal ou “h”. A palavra “europeia” (alternativa b)) não deve ser acentuada
graficamente (não se acentuam graficamente os ditongos representados por “ei” e “oi” da síla-
ba tônica das palavras paroxítonas). Por fim, temos apenas a palavra “autorregulação” como
correta: não se emprega hífen quando o prefixo (ou falso prefixo) termina em vogal (como em
“auto”) e o segundo elemento começa com “r” (como em “regulação”) ou “s”.
Letra b.
Texto OY44-LW
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a) Errada. No texto, não se afirma que é limitante relacionar conhecimento científico à forma-
ção escolar. O que é limitante, segundo o texto, é “restringir o conhecimento oferecido pela
ciência a determinadas esferas da vida”.
b) Errada. Essa correlação não encontra respaldo no que se afirma no texto (especialmente no
segundo parágrafo, onde se diz que “A má compreensão da abrangência da ciência leva a ou-
tras questões, como o argumento de que o conhecimento científico deixa a beleza do universo
diminuída, fria, distante, pois a fragmenta e a torna asséptica.”
c) Certa. Essa correlação pode ser corroborada pela leitura dos dois primeiros períodos do
terceiro parágrafo: “A maioria das pessoas subestima o alcance e as possibilidades que uma
visão científico-racional de mundo possui. Um olhar cético para o mundo pode permitir a re-
dução dos preconceitos [...]”.
d) Errada. O último período do texto contraria esta afirmativa: “Mas, ao mesmo tempo, esse
exercício permite reconhecer que, ainda que falha, a compreensão válida naquele momento é
a melhor possível à disposição”.
e) Errada. O último período do segundo parágrafo é explicitamente contrário a essa afirmativa:
“Uma eventual concepção de incompatibilidade entre o conhecimento científico e os mais
diferentes temas que dizem respeito à vida cotidiana não faz sentido.” O segundo período do
terceiro parágrafo também é contrário a essa afirmativa: “Um olhar cético para o mundo pode
permitir a redução dos preconceitos, mais tolerância a visões políticas e ideológicas divergen-
tes, maior diálogo e consideração constante de que sua compreensão pode ser equivocada ou
incompleta”.
Letra c.
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A conjunção “porquanto” equivale a “porque”, sendo, por isso, uma substituta válida para “pois”
(alternativa d), correta). Observe que a estrutura “por que”, escrita com dois vocábulos sepa-
rados, é diferente da conjunção “porque” (e por isso a alternativa a) está errada). A conjunção
“portanto” denota conclusão, não explicação (no texto, temos uma relação explicativa – e por
isso a alternativa b) está incorreta). Em e), temos uma conjunção adversativa, a qual é incom-
patível com a noção explicativa (e por isso a alternativa e) está errada).
Letra d.
No trecho em destaque, o vocábulo “que” é um pronome relativo (cujo referente é “os mais dife-
rentes temas”) – e por isso a alternativa b) é a correta. Esse pronome relativo exerce a função
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de sujeito da subordinada adjetiva restritiva (que dizem respeito à vida cotidiana). Tendo em
vista essa classificação, as demais alternativas (a), c), d) e e)) tornam-se erradas.
Letra b.
Na cadeia coesiva do texto, os pronomes “a” e “a” compartilham o mesmo referente: a beleza
do universo (alternativa e)). Vejamos o trecho original: “A má compreensão da abrangência da
ciência leva a outras questões, como o argumento de que o conhecimento científico deixa a
beleza do universo diminuída, fria, distante, pois a fragmenta e a torna asséptica.” Por já estar
estabelecida a relação coesiva, as demais alternativas (a), b), c) e d)) tornam-se erradas.
Letra e.
Em 1920, aos dois meses de idade, Clarice Lispector fez sua primeira grande travessia, da
longínqua Rússia ao Nordeste do Brasil. Filha de imigrantes judeus ucranianos, Clarice cresceu
no calor de Recife (Pernambuco), onde morou dez anos; perdeu a mãe em 1930, e dez anos
depois mudou-se com o pai e as duas irmãs para o Rio de Janeiro. A partir de 1944, quando se
casou com um diplomata, morou em Belém (Pará), nos Estados Unidos e em vários países da
Europa; durante a longa permanência no exterior, com temporadas no Brasil, escreveu e publi-
cou dois romances (O Lustre e A Cidade Sitiada) e um livro de contos. Em 1959, quando voltou
definitivamente ao Rio, já era considerada uma das maiores escritoras brasileiras.
Recife, a cidade da infância e da juventude, foi a fonte dos primeiros escritos, de vários
contos de Felicidade Clandestina (1971) e de crônicas publicadas no Jornal do Brasil. O drama
pungente do imigrante do Nordeste aparece também na figura de Macabéa, uma pobre moça
de Maceió (Alagoas), cujo destino trágico no Rio de Janeiro é um dos temas de A Hora da Es-
trela, publicado em 1977, quando a escritora morreu aos 56 anos.
Clarice estreou em 1943 com o romance Perto do coração Selvagem, título que pinçou do
Retrato de um artista quando jovem, de Joyce. Naquela época, a literatura brasileira já contava
com uma tradição, de Machado de Assis à arte de vanguarda do Movimento Modernista de
1922. Na década seguinte, pelo menos dois livros importantes reforçaram essa tradição: O
Quinze (1930) de Rachel de Queiroz, e São Bernardo (1934), de Graciliano Ramos. Mas quando
Clarice Lispector e Guimarães Rosa surgiram na década de 1940, a prosa brasileira deu uma
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cambalhota. Já em 1943, Antonio Candido, um grande crítico brasileiro, logo percebeu a novi-
dade e a ousadia do livro da jovem autora. Divisor de águas na literatura brasileira, Perto do Co-
ração Selvagem foi considerado por Candido “uma tentativa impressionante de levar a língua a
domínios pouco explorados, forçando-a a adaptar-se a um pensamento cheio de mistério, para
o qual sentimos que a ficção não é um exercício ou aventura afetiva, mas um instrumento real
do espírito, capaz de nos fazer penetrar em alguns labirintos retorcidos da mente”.
Esse comentário ajusta-se a praticamente toda a obra de Clarice, marcada pela busca do
sentido da vida, em que o evento mais prosaico pode desencadear um sentimento patético,
vertiginoso, siderado por imagens candentes e ideias abstratas. Quase tudo o que ela escreveu
parece sondar o coração selvagem da vida, reino de ambiguidades latentes, de transgressões
insuspeitadas, como a barata morta transformada em hóstia consagrada pela protagonista
do romance A Paixão segundo G.H. Busca também de uma linguagem, não menos dramática
que a vida, na tensão e intensidade com que os narradores sondam o poço escuro da paixão,
do desejo, do amor e do destino do ser, inseparáveis da morte. Os dramas dos narradores e
personagens de Clarice são também dramas de uma linguagem que expressa, num ritmo e
cadência de um estilo muito pessoal, o lado agônico ou extático dos seres que evoca; dramas
quase sem trama, porque a Clarice interessa menos o enredo e o tempo cronológico que a for-
ma descontínua e fragmentada de expressar uma experiência interior, um transe visionário, ou
mesmo um pensamento ou conceito.
É provável que o fluxo de consciência e a ironia fina devam algo à obra de Joyce e de Virgi-
nia Woolf; mas nenhuma escritora brasileira foi tão longe, e de uma maneira tão radical, em di-
reção ao abismo da interioridade. Benedito Nunes, o mais notável crítico de CL, assinalou que
“o ímpeto transgressivo das personagens femininas de alguns romances – Perto do coração
selvagem, O Lustre (1943), A Cidade Sitiada (1949), A Maçã no Escuro (1961) e certos contos
de Laços de Família (1960) – talvez seja a marca invertida da submissão feminina”. Por outro
lado, “o despojamento pessoal de G. H. neutraliza a diferença entre o masculino e o feminino,
absorvida numa condição humana geral em contraste com a animalidade e a vida orgânica. O
romance póstumo Um sopro de vida (1978), narrado por dois personagens – um homem e uma
mulher –, persegue o mesmo pathos da morte e da loucura que lembra as personagens G.H. e
de Água viva (1973)”.
A mulher que em 1975 participou de um congresso de Bruxaria na Colômbia era esqui-
va, terna, belíssima, de uma beleza estranha, o rosto anguloso, os olhos um pouco rasgados,
vivos e assombrados, que pareciam olhar para fora, para o céu e o inferno, mas sobretudo
para dentro.
A linguagem foi, de fato, a sua maior e mais arriscada travessia: a paixão pela linguagem,
a busca tenaz, incessante e obsessiva de dizer o inefável, o que nos toca mais fundo e nos é
fugaz: o sentido mesmo da nossa existência. “A linguagem é o meu esforço humano. Por des-
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tino tenho que ir buscar e por destino volto com as mãos vazias. Mas – volto com o indízivel”.
(A Paixão segundo G. H.)
Milton Hatoum. Clarisse Lispector (1920-1977), El País.
Vamos observar o porquê de todas as afirmativas estarem corretas: (I) a palavra “cambalhota”
e a expressão “labirintos retorcidos da mente” são empregadas figurativamente (isto é, em
sentido não literal); (II) as formas adjetivas “esquiva, terna, belíssima” são atribuídas à “mulher
que em 1975 participou...”, isto é, Clarisse Lispector; (III) em todas as ocorrências, as aspas
são utilizadas para indicar citação, como revelam os marcadores discursivos a seguir: “consi-
derado por Candido”, “Benedito Nunes [...] assinalou que”, “Por outro lado”, “(A Paixão segundo
G. H.)”. Por isso a alternativa e) está correta.
Letra e.
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mentos críticos de autoridades da crítica literária, posicionamentos que concorrem para re-
forçar o ponto de vista defendido pelo autor. Os trechos narrativos e descritivos são adotados
em articulação com a tipologia expositiva (são, por isso, secundários), e por isso as demais
alternativas devem ser descartadas (em especial, as que indicam haver injunção).
Letra d.
144. (INÉDITA/2021) Em “Clarice estreou em 1943 com o romance Perto do coração Selva-
gem, título que pinçou do Retrato de um artista quando jovem, de Joyce” (primeiro período
do terceiro parágrafo do texto precedente), a palavra “pinçou” está empregada com o mesmo
sentido de
a) compreendeu
b) extraiu
c) destacou
d) encontrou
e) declamou
A forma verbal “pinçou” foi empregada com o mesmo sentido de “extraiu”. O dicionário Hou-
aiss (2009) confirma esse significado ao informar que o verbo “pinçar” pode significar “retirar
ou extrair (algo) dentre várias coisas” (no caso do texto, a autora “retirou/extraiu” uma referên-
cia (título) de uma outra obra). As outras opções apresentam substitutos que alteram o signi-
ficado original do texto: não é compreender, não é destacar, não é encontrar e não é declamar.
A autora “pinçou” e utilizou a referência em sua obra.
Letra b.
145. (INÉDITA/2021) Assinale a opção em que o termo apresentado tem a mesma função
sintática que “Clarisse” (primeiro período do terceiro parágrafo do texto precedente).
a) “o lado agônico ou extático dos seres que evoca” (4º parágrafo)
b) “ao abismo da interioridade” (5º parágrafo)
c) “a diferença entre o masculino e o feminino” (5º parágrafo)
d) “que o fluxo de consciência e a ironia fina devam algo à obra de Joyce e de Virginia Woolf”
(5º parágrafo)
e) “a novidade e a ousadia do livro da jovem autora” (3º parágrafo)
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são estas: a) objeto direto (do verbo “expressa”), b) estrutura preposicionada (não pode ser
sujeito), c) objeto direto (do verbo “neutraliza”), e) objeto direto (do verbo “percebeu”).
Letra d.
146. (INÉDITA/2021) No texto, o emprego de vírgulas para isolar as expressões “um grande
crítico brasileiro” (3º parágrafo do texto precedente) e “o mais notável crítico de CL” (5º pará-
grafo do texto precedente) é
a) apenas uma escolha estilística do autor.
b) obrigatório apenas na primeira expressão.
c) justificado por regras distintas de pontuação.
d) justificado pela mesma regra de pontuação.
e) facultativo em ambas as expressões.
O emprego das vírgulas em ambas expressões é justificado pela mesma razão: separam apos-
tos. “um grande crítico brasileiro” é aposto de “Antonio Candido” e “o mais notável crítico de CL”
é aposto de “Benedito Nunes”. Note que as expressões são de natureza nominal e retomam o
mesmo referente no mundo. É por isso que a alternativa d) está correta (e as demais, incorre-
tas: a), b), c) e e)).
Letra d.
As afirmativas em (I) e (III) estão corretas, pois é possível substituir os travessões por parênte-
ses sem haver prejuízo da correção gramatical ou alteração dos sentidos originais: “O romance
póstumo Um sopro de vida (1978), narrado por dois personagens (um homem e uma mulher),
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148. (INÉDITA/2021) No período em que se insere no texto, a oração “quando voltou definiti-
vamente ao Rio” (primeiro parágrafo do texto precedente) exprime a circunstância de:
a) causa.
b) modo.
c) finalidade.
d) explicação.
e) tempo.
A circunstância expressa pela oração (em especial, por “quando”) é de tempo. Observe que,
no contexto em que ocorre, há a especificação da data: “Em 1959”. Por essa razão, as demais
alternativas devem ser descartadas.
Letra e.
O astrônomo lê o céu, lê a epopeia das estrelas. Ora, direis, ouvir e ler estrelas. Que histó-
rias sublimes, suculentas, na Via Láctea. O físico lê o caos. Que epopeias o geógrafo lê nas ca-
madas acumuladas em um simples terreno. Um desfile de Carnaval, por exemplo, é um texto.
Por isso se fala de “samba-enredo”: a disposição das alas, as fantasias, a bateria, a comissão
de frente são formas narrativas.
Uma partida de futebol é uma forma narrativa. Saber ler uma partida — esse é o mérito do
locutor esportivo, na verdade, um leitor esportivo. Ele, como o técnico, vê coisas no texto em
jogo que, só depois de lidas por ele, por nós são percebidas. Ler, então, é um jogo, uma disputa,
uma conquista de significados.
Estamos com vários problemas de leitura hoje. Construímos aparelhos aprimoradíssimos
que sabem ler. Leem-nos, às vezes, melhor que nós mesmos. Vi na fazenda de um amigo apa-
relhos eletrônicos que, ao tirarem leite da vaca, são capazes de ler tudo sobre a qualidade do
leite, da vaca, e até (imagino) ler o pensamento de quem está assistindo à cena. Aparelhos
complexos leem o mundo e nos dão recados. A natureza está dizendo que a água, além de in-
fecta, está acabando. Lemos a notícia e postergamos a tragédia para nossos netos. É preciso
ler, interpretar e fazer alguma coisa com a interpretação.
Affonso Romano de Sant’Anna. Ler o mundo. São Paulo: Global, 2011, p. 8-9 (com adaptações).
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No segundo parágrafo, o referente da forma pronominal “esse” é “Saber ler uma partida” (tra-
ta-se, portanto, de um termo anafórico). Com isso, as outras referências propostas devem ser
descartadas (alternativas a), b), d) e e)).
Letra c.
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