B - Denilson Aparecida Leite Freire
B - Denilson Aparecida Leite Freire
B - Denilson Aparecida Leite Freire
SÃO PAULO
2013
Reitor da Universidade Nove de Julho
Prof. Eduardo Storópoli
Pró-Reitor Administrativo
Prof. Jean Anastase Tzortzis
Pró-Reitora Acadêmica
Profa. Mestre Maria Cristina Barbosa Storópoli
São Paulo
2013
IDENTIDADE ORGANIZACIONAL, ESTRATÉGIA DE GESTÃO DE PESSOAS E
POTENCIAL DE CRESCIMENTO EM EMPRESAS
DE MICRO E PEQUENO PORTE
Por
___________________________________________________________________________
Presidente: Prof.(a) Dr.(a) Cristiane Drebes Pedron – Orientadora, Universidade Nove de
Julho
___________________________________________________________________________
Membro: Prof. Dr. Reed Elliot Nelson – Universidade Nove de Julho
___________________________________________________________________________
Membro: Prof.(a) Dr.(a) Vânia Maria Jorge Nassif – Universidade Nove de Julho
___________________________________________________________________________
Membro: Prof.(a) Dr.(a) Cláudia Cristina Bitencourt – Universidade do Vale do Rio dos
Sinos
_________________________________________________________________________
Membro: Prof. Dr. Edson Keyso de Miranda Kubo – Universidade Municipal de São Caetano
do Sul
À minha mãe,
fonte de inspiração e sabedoria.
v
Maratma Gandhi
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
à Profa. Cristiane Drebes Pedron, pelo aceite do desafio e pelas orientações recebidas;
à profa. Patrícia Nunes Muritiba, pelas orientações iniciais, pela amizade e carinho durante
todo o processo;
à Prof.ª Dr.ª. Denise Pereira Cardoso, prof. Dr. Reed Eliot Nelson e à Prof.ª Dr.ª Elza Fátima
Veloso que gentilmente participaram da banca de qualificação e que muito contribuíram para
a conclusão da tese;
à Prof.ª Dr.ª Vânia Maria Jorge Nassif, à Prof.ª Dr.ª Cláudia Cristina Bitencourt e ao prof. Dr.
Edson Keyso de Miranda Kubo por, brilhantemente, participarem como membros da banca de
defesa de tese.
ao prof. Dr. Dirceu da Silva pelo auxilio nas análises estatísticas e pelo aprendizado e bom
humor nas aulas de métodos quantitativos.
Muito obrigado!
vii
RESUMO
Quando se trata de estratégia de gestão de pessoas no âmbito das micro e pequenas empresas
(MPE´s), os proprietários são, geralmente, os responsáveis pelas decisões estratégicas e de
gestão. Nesse sentido, supõe-se que a forma como o proprietário percebe e gerencia seus
recursos financeiros, materiais e humanos podem impactar os resultados organizacionais. Esse
estudo analisou qual o impacto da visão do proprietário sobre as práticas de gestão de pessoas
utilizadas e se essas contribuem ou não para o crescimento das MPE´s. Trabalhou-se, então,
com três variáveis: primeiro, a visão do proprietário, analisada por meio da teoria de
identidade organizacional (IO), na percepção deste; em segundo lugar, a adoção de sistemas
de trabalho de alto envolvimento (STAE) e, em terceiro, o potencial de crescimento (PC) da
empresa. Foram analisadas as seguintes questões: "Qual o impacto da Identidade
Organizacional sobre o nível de adoção de Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento?”;
“Qual o efeito do grau de adoção de Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento sobre o
potencial de crescimento da organização?”; e “Qual o efeito da Identidade Organizacional
sobre o potencial de crescimento da organização, tendo como mediador o grau de adoção de
Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento?" Para respondê-las foi realizado um
levantamento com os proprietários de empresas de micro e pequeno porte da região
sudeste. Os dados foram coletados por meio de um instrumento formado pela escalas:
Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento (CIAVARELLA, 2003); Identidade
Organizacional (FOREMAN; WETTEN, 2002) e o Potencial de Crescimento (RUTHEFORD
et al, 2004). Foram obtidas 109 respostas válidas. Os resultados comprovaram que há impacto
positivo do caráter normativo de Identidade Organizacional nos Sistemas de Trabalho de Alto
Envolvimento e desses sobre o potencial de crescimento das MPE´s. Comprovou, também,
que há um impacto negativo do caráter utilitarista de IO sobre o STAE e que há impactos da
identidade normativa e utilitarista sobre o potencial de crescimento. Os achados ainda
revelaram análises descritivas por cada um das escalas analisadas: IO, STAE e PC, trazendo
importantes contribuições para a gestão e para a academia. Sugere-se, para aprofundamento,
pesquisas qualitativas na tentativa de compreender melhor as relações entre essas variáveis.
ABSTRACT
When it comes to strategic people management within small enterprises, the owners are
usually responsible for strategic decisions and management. In this sense, it is assumed that
how the owner perceives and manages their financial, material and human resources can
impact organizational outcomes. This study aims to analyze the impact of the vision of the
owner on the practice of managing people used and whether or not these contribute to the
growth of small enterprises. Worked up, then, with three variables: first, the owner's vision,
analyzed by means of the theory of Organizational Identity (OI), and second, the adoption of
of High Involvement Work Systems (HIWS) and thirdly, the Growth Potential (GP) company.
We analyzed the following questions: "What is the impact of Organizational Identity on the
level of adoption of Work Systems High Involvement?"; "What is the effect of the degree of
adoption of Work Systems High Involvement on the growth potential of the organization?”;
and "What is the effect of Organizational Identity on the growth potential of the organization,
with the mediator the degree of adoption of High Involvement Work Systems? " To answer
them a survey was conducted with the owners of micro and small companies in the southeast
region. Data were collected by means of an instrument formed by scales: High Involvement
Work Systems (CIAVARELLA, 2003); Organizational Identity (FOREMAN; WETTEN,
2002), and Growth Potential (RUTHERFORD et al, 2004). 109 valid responses were
obtained. The results showed that there is a positive impact of the normative character of
Organizational Identity in High Involvement Work Systems and of these on the growth
potential. Proved also that there is a negative impact of utilitarian character IO on the STAE
and that there are impacts of normative identity and utilitarian about the growth potential. The
findings also revealed descriptive analyzes by each of the scales analyzed: IO, STAE and PC,
providing important contributions to the management and to the gym. It is suggested to
further, qualitative research in order to better understand the relationships between these
variables.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS1
1
Essa lista de gráfico foi inserida para facilitar a localização dos mesmos aos leitores, apesar dos manuais de
metodologia indicar a não construção de listas com um número menor que dez (10) itens.
xiii
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
Tabela 30 - Comparação entre Caráter de IO e Setor Econômico (nº de empresas) .............. 136
Tabela 31 - Comparação entre Caráter de IO e Tempo de Operação (nº de empresas) ......... 137
Tabela 32 - Classificação do Nível de STAE ......................................................................... 139
Tabela 33 - Nível de STAE em % .......................................................................................... 140
Tabela 34 - Nível de STAE por Gênero (nº absoluto e %)..................................................... 140
Tabela 35 - Número de Empresas por Nível de STAE e Nível de Escolaridade ................... 141
Tabela 36 - Nº de Empresas por Nível de STAE e Setor Econômico .................................... 141
Tabela 37 - Número de Empresas por Faixa Etária e Nível de STAE ................................... 142
Tabela 38 - Número de Empresas por Função e Nível de STAE ........................................... 142
Tabela 39 - Nº de Empresas por Tempo de Mercado e nível de STAE................................ 143
Tabela 40 - Nº de Empresas por Nível de STAE e Caráter de IO .......................................... 144
Tabela 41 - Classificação do Potencial de Crescimento (Faturamento) ................................. 145
Tabela 42 - Percentual de Empresas por Classificação de Crescimento no Critério
Financeiro ............................................................................................................ 145
Tabela 43 - Cruzamento entre Classificação de Crescimento por Faturamento Versus
Variação Percentual de Número de Funcionários em empresas com mais de
10 Funcionários. .................................................................................................. 146
Tabela 44 - Número de Empresas em Relação ao Gênero e Tipo de Crescimento
(Também em %) .................................................................................................. 146
Tabela 45 - Frequências Absolutas e Percentuais na Relação Faixa Etária e Tipo de
Crescimento ......................................................................................................... 147
Tabela 46 - Frequência do Tipo de Crescimento em Relação à Escolaridade ....................... 147
Tabela 47 - Tipo de Crescimento em Relação ao Cargo ........................................................ 148
Tabela 48 - Potencial de Crescimento por Setor .................................................................... 149
Tabela 49 - Potencial de Crescimento e Nível de STAE por Número de Empresas .............. 149
Tabela 50 - Comparação entre Caráter de IO e Potencial de Crescimento ............................ 150
Tabela 51 - Estatísticas Descritivas das Empresas de Alto Potencial de Crescimento .......... 150
Tabela 52 - Cargas Fatoriais das Variáveis que Compõem o Modelo Estrutural................... 157
Tabela 53 - Indicadores de Validade Convergente ................................................................. 158
Tabela 54 - Indicadores de Validade Convergente no Ajuste do Construto Utilitarista ........ 159
Tabela 55 - Análise Discriminante ......................................................................................... 159
Tabela 56 - Teste Bootstrapping das Variáveis que Compõem os Construtos....................... 160
Tabela 57 - Correlações entre as Variáveis IO, STAE e PC .................................................. 166
xvii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------20
1.1 Objetivo ---------------------------------------------------------------------------------------------24
1.2 Justificativa ----------------------------------------------------------------------------------------25
1.3 Estruturação dos Capítulos --------------------------------------------------------------------29
APÊNDICES-------------------------------------------------------------------------------------------- 192
20
1 INTRODUÇÃO
A estratégia de gestão de pessoas é um dos fatores que impactam no sucesso de longo prazo
das organizações (FABI et al., 2009). Em um mercado extremamente competitivo, a Gestão
de Pessoas necessita estar alinhada à estratégia da organização (BECKER et al., 2001). Esse
alinhamento sofre, normalmente, a influência da percepção e ação dos proprietários e da alta
administração das empresas (DAVIDSSON et al., 2009). No caso das empresas micro e
pequenas, essa influência é até maior, devido ao envolvimento comum dos proprietários nas
ações do dia a dia (TOCHER; RUTHERFORD, 2009).
Sendo assim, infere-se que a visão dos proprietários de micro e pequenas empresas podem
impactar na estratégia de gestão de pessoas que, por sua vez, pode ter influência sobre o
potencial de crescimento das empresas. Esses elementos podem ser organizados em um
modelo conceitual preliminar conforme é apresentado na Figura 1.
Para eles, essas condições futuras são influenciadas por três variáveis que impactam
diretamente na taxa de crescimento das empresas: (1) o acesso aos recursos pelos
proprietários, (2) a gestão da própria organização e (3) as decisões estratégicas
organizacionais (STOREY, 1994).
Percebe-se, assim, que essas influências estão ligadas diretamente à visão e ação dos
proprietários. Nesse sentido, a taxa de crescimento se aproxima da percepção de cada um
desses proprietários, devendo-se, então, explorar o impacto da visão e das metas pessoais do
empresário e suas aspirações estratégicas no desempenho e crescimento das organizações
(CHELL; HAWORTH, 1992)
Em relação aos impactos no crescimento influenciados pela relação entre a visão dos
proprietários e as práticas de gestão de pessoas, Thakur (1998) argumenta que o proprietário
deve gerenciar a si como um recurso humano, em termos de ter clareza de papéis, definir o
seu estilo de liderança e de se engajar na busca de maximização dos resultados na gestão
estratégica empresarial.
Argumenta, ainda, que o oportunismo criativo ou a inovação são um dos principais atributos
do papel empreendedor do proprietário e que junto com a capacidade de mobilização de
recursos e capacidade de coordenação são os requisitos adicionais para potencializar o
crescimento da empresa (THAKUR, 1998). Desta forma, pode-se ter como premissa que a
visão dos proprietários é um dos fatores que determina a estratégia de gestão de pessoas a
ser adotada e que essas possam impactar o potencial de crescimento das organizações.
O termo construto é um conceito teórico utilizado por um pesquisador, mas que não pode ser
mensurado diretamente, mas deve ser, aproximadamente, medido por variáveis. Ele pode ser
definido em diferentes níveis, variando de conceitos estreitos, como renda familiar até aos
mais complexos, como emoção e comportamento (HAIR JR et al., 2005). As variáveis
utilizadas na presente pesquisa estão representadas no Quadro 1.
A escolha dessas variáveis partiu do atendimento a três critérios: a) que a variável pudesse
ser mensurável e representar parte do construto; b) que a variável tivesse uma escala já
validada cientificamente e c) que a variável pudesse contribuir para a teoria do construto a
qual correspondesse.
Cada uma das variáveis foram mensuradas por afirmativas em que cada respondente
avaliou-as em escalas já validadas em estudos anteriores e cujas relações configuraram-se
em um modelo de pesquisa, como apresentado na Figura 2.
1.1 Objetivo
O objetivo geral deste estudo é analisar qual o impacto da percepção do proprietário das
MPEs sobre as práticas de gestão de pessoas adotadas e as influências desses sobre o
potencial de crescimento organizacional.
O estudo contribui para uma melhor compreensão das estratégias de gestão de pessoas a
serem adotadas por essas empresas em um ambiente competitivo.
25
1.2 Justificativa
Apesar do número crescente de MPE´s na economia, muitas não conseguem sobreviver aos
primeiros anos de existência. Dentre as principais causas de mortalidade das empresas, na
opinião dos micro e pequenos empresários estão: a falta de clientes (18%), a falta de capital
(10%) e problemas relacionados com a administração e o planejamento (10%), evidenciando
que os dois primeiros fatores estão intrinsecamente relacionados com o terceiro
(SEBRAE/SP, 2010).
O planejamento é considerado uma primeira etapa para aqueles que pretendem abrir e gerir,
eficazmente, um empreendimento. Frente ao atual crescimento da economia nacional, a
pesquisa executada pela Deloitte e Exame (2010) sobre as empresas que mais crescem no
país, apontou que nem todas as empresas estão preparadas para acompanhar o
desenvolvimento previsto do país. E, para aquelas que querem se tornar competitivas, os
dados demonstraram que o investimento na Gestão de Pessoas é o segundo no ranking dos
fatores que proporcionarão uma maior vantagem estratégica a essas organizações
(DELOITTE; EXAME PME, 2010), conforme pode ser visto no Gráfico 1.
26
Para que haja a manutenção desse crescimento, aponta a pesquisa que, cerca de 75% dos
pequenos empresários, enfatizaram a relevância da Gestão de Pessoas como um fator
importante e, ao mesmo tempo, um desafio a ser superado pelas empresas, uma vez que,
apenas 58,1% das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) afirmaram possuir um setor voltado
para as práticas de Gestão de Pessoas (FAEDPYME, 2009). Então, em última instância, a
visão dos proprietários pode ser o determinante de uma estratégia de gestão de pessoas que
irá contribuir, ou não, para o crescimento da organização.
Rauch et al. (2005) conduziram uma análise longitudinal com 119 empresários na
Alemanha com o objetivo explorar como três diferentes variáveis de recursos humanos
afetam o crescimento do emprego das micro e pequenas empresas: o capital humano dos
27
Altinay et al. (2008) avaliaram a relação entre o crescimento e a gestão de recursos humanos
em pequenas e médias do Reino Unido. Foram realizadas entrevistas estruturadas com 196
proprietários. Os resultados sugeriram que a capacitação dos funcionários contribuiu para o
crescimento das vendas das empresas nos diferentes setores da indústria de serviços.
No Brasil, pesquisas realizadas por Ferreira et al. (2004), Tavares et al. (2009), Oliveira e
Simonetti (2010) demonstraram que as estratégias de Recursos Humanos, em uma
organização, são determinadas pela visão e percepção dos seus proprietários,
principalmente, nas micro e pequenas organizações, onde a presença destes é mais
impactante, em função do contato direto com a realidade organizacional.
Uma oportunidade de estudos é, portanto, dar foco aos problemas específicos das Micro e
Pequenas Empresas no mercado, buscando compreender melhor as formas de gestão dessas
organizações e contribuindo, assim, para o seu fortalecimento e crescimento.
Para a teoria, espera-se que esse trabalho possa proporcionar uma contribuição original aos
estudos de IO, STAE e análise do potencial de crescimento de MPE´s no Brasil. A análise
do impacto da visão dos proprietários sobre a estratégia de gestão de pessoas é um tema que,
devido à dificuldade de acesso aos proprietários, carece de investigações mais abrangentes
(HARGIS; BRADLEY III, 2011).
Os estudos sobre Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento (STAE) também se torna uma
crescente na literatura internacional. Entretanto, existem poucos estudos nacionais. Não foi
encontrada nenhuma referência direta aos STAE nas principais publicações nacionais e nem
nos anais das publicações da ANPAD, as referências mais próximas utilizaram-se do
construto de Sistemas de Trabalho de Alto Desempenho (STAD). Os Sistemas de Trabalho
de Alto Desempenho são definidos como conjuntos de práticas com a finalidade de
selecionar, desenvolver e reter a força de trabalho, com foco no desempenho da organização
(FONTINHA et al., 2008). Diferem-se dos STAE por que o objetivo desses é analisar o
nível de envolvimento dos colaboradores nas organizações.
A maioria das variáveis que medem o crescimento organizacional são baseadas em dados
financeiros, tais como faturamento bruto anual. Existem, contudo, outras medidas que se
baseiam no crescimento médio do número de colaboradores e na expectativa de crescimento
na percepção dos empresários e que são poucos utilizadas e que podem contribuir para
inclusão dessas novas variáveis nos estudos que mensuram o crescimento das MPE´s no
Brasil (RUTHERFORD et al., 2004).
29
O estudo pode trazer ainda contribuições metodológicas ao estudo das MPE´s em relação à
utilização da modelagem de equações estruturais. Essa técnica vem sendo cada vez mais
utilizada nas publicações nacionais (BIDO et al., 2009). Foi constatado, entretanto, que o
método não vem sendo utilizado de forma correta. Existem falta de detalhamento na redação
das decisões tomadas e resultados obtidos o que inviabiliza a execução de meta-análises
corretas. A análise das publicações dos eventos e periódicos da ANPAD no período de 2000
a 2008 revelou que nenhum artigo relatou a matriz de correlações de todos os itens
utilizados no modelo, levando a crer que seja improvável que haja algum progresso nas
pesquisas em Administração fruto de esforços com essa metodologia, exigindo que as
melhorias necessárias dependem dos pesquisadores quando atuam como autores, revisores e,
principalmente, como editores (BIDO et al., 2009).
Após a introdução o passo seguinte foi apresentar o referencial teórico que fundamenta a
tese, correspondendo aos capítulos de 2 a 5, que discorreram, respectivamente, sobre a
Estratégia de gestão de pessoas (GEP); a definição e impactos dos Sistemas de Alto
Envolvimento (STAE) nas organizações; a definição e impacto da Identidade
30
Para uma correta fundamentação do por que do uso dos Sistemas de Trabalho de Alto
Envolvimento (STAE) nesta pesquisa, torna-se necessário, antes, discorrer sobre o seu papel
dentro da estratégia de Gestão de Pessoas em um ambiente competitivo.
A fim de facilitar a compreensão das estratégias de gestão de pessoas foi estruturada uma
evolução partindo dos conceitos tradicionais de gestão de pessoas representados nessa tese
pelas visões de administração de pessoal, administração de recursos humanos e
administração estratégica de recursos humanos até as estratégias mais contemporâneas como
os modelos de gestão Hard e Soft e os de controle e comprometimento e que são detalhados
nos próximos parágrafos.
Muitos autores dividem os estudos sobre a gestão de Recursos Humanos em três grandes
eras: Administração de Pessoal, que vai do fim do século XIX até meados da década de 50; a
Gestão de Recursos Humanos (GRH) que compreende o período dos anos 60 até meados
dos anos 80 (BRANDÃO; PARENTE, 1998) e, contemporaneamente, a era da Estratégia de
gestão de pessoas, que tem início a partir da década de 80 (BATEMAN; SNELL, 1999). O
Quadro 2 demonstra a evolução da função de recursos humanos.
A partir dos anos 80, e principalmente, durante a década de 90, o mundo passa por grandes
transformações econômicas, tornando as relações comerciais e de trabalho cada vez mais
globais e competitivas, exigindo das organizações ações cada vez mais estratégicas. Uma
das principais mudanças características desse novo paradigma estratégico se refere à gestão
do trabalho. À medida que o perfil do trabalho exigido implica comprometimento e
envolvimento do trabalhador, a fim de que tome iniciativas do tipo controle da qualidade,
identificação de defeitos, participação em grupos de melhorias e outras formas de ação que
requerem disposição para participar, a gestão dos trabalhadores sofre modificações
profundas (RUAS, 1995).
Surge, a partir desse momento, várias vertentes e estudos sobre a Estratégia de gestão de
pessoas. Os estudos atuais apresentam, na sua grande maioria, uma dicotomomia entre os
constructos que estruturam a visão estratégica de pessoas. Uma delas diz respeito aos
modelos Hard e Soft elaborados por Storey (1986) e outra, diferenciando os modelos de
controle e de comprometimento propostos por Walton (1985).
Para justificar a comparação entre as práticas de gestão de pessoas e os modelos Hard e Soft,
elaborou-se um estudo explicativo baseado no modelo de Ishak et al. (2011), conforme
descrito no Quadro 3.
O Quadro 4 analisa as variáveis que compõe o modelo Hard e Soft como estratégias de
gestão de pessoas. O modo Hard é centrado em uma visão quantitativa e calculista da
estratégia de Gestão de Pessoas, sendo considerado como um fator econômico e o modelo
35
Soft, que realça a importância do envolvimento das pessoas por meio da comunicação,
motivação e liderança (MOURA, 2004).
No modelo Hard, os recursos humanos são objeto de um planejamento formal, sendo vistos
como um fator de produção conjuntamente com a propriedade e capital (LEGGE, 1995).
Além disso, o modelo enfatiza os aspectos estratégicos quantitativos e de negócio, na GRH.
Gerem os RH de um modo “racional”, tal como estes fossem outro fator econômico
qualquer (STOREY, 1987).
Silva et al. (2009), baseando-se no trabalho de Walton (1985), relacionaram esses conceitos
a outras duas estratégias da gestão de pessoas: controle e comprometimento. Na estratégia de
controle, os empregados são vistos como números, como custo, como mais um fator de
produção que, para desempenharem, devem ser controlados. Neles, a gestão de pessoas é
caracterizada por uma divisão do trabalho em pequenas unidades fixas nas quais os
indivíduos são os responsáveis, mas sobre o controle direto dos seus supervisores. Este tipo
de sistema tem por objetivo reduzir os custos diretos do trabalho ou melhorar a eficiência,
pela imposição de padrões de conformidade (WALTON, 1985).
Essa capacidade de gerar alto desempenho explica o porquê de esses sistemas serem
considerados uma importante ferramenta da gestão de pessoas na busca do
comprometimento dos colaboradores (SUN et al., 2007).
Não há uma definição clara do que seja Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento na
literatura e, nem mesmo, um acordo sobre as práticas que devam ser incorporadas a esses
sistemas (LLOYD; PAYNE, 2004).
Na realidade, os sistemas de trabalho que garantam a alta performance podem ser definidos
a partir de uma grande diversidade de temas, sendo que a maioria dos estudos tentem a
focalizar três aspectos (BUTLER et al., 2004) : a gestão da produção, a organização e/ou a
relação entre os colaboradores, conforme demonstrado na Figura 4.
39
Relações com o
Gestão de Alto Comprometimento Baird (2002)
Empregado
Fonte: Traduzido e Adaptado de Butler et al. (2004, p.5)
Apesar dos muitos termos e conceitos, todos levam a uma mesma ideia: de que a
participação dos trabalhadores para decidir como realizar o trabalho é benéfico e deve ser
estimulado por meio de planos de formação e de remuneração que irão motivá-los a serem
mais envolvidos no trabalho (DOODY, 2007). De uma maneira geral, os Sistemas de
Trabalho de Alto Envolvimento (STAE) podem ser entendidos como uma estrutura
organizacional que congrega trabalho, pessoas, tecnologias e informações de maneira a
otimizar a congruência e a adequação entre elas. Essa inter-relação tem a finalidade de
produzir alto desempenho em termos de respostas eficientes às exigências dos clientes e de
outras demandas ou oportunidades detectadas no ambiente externo (NADLER et al., 1994).
Não há, entre os autores, uma unanimidade sobre quais fatores devem constituir os STAE.
De um modo geral, percebe-se que três diretrizes precisam estar presentes na definição
desses fatores (WHITFIELD, 2000):
• Os funcionários precisam possuir aptidões e essas podem ser obtidas por meio de
treinamento;
• O trabalho, em si, precisa ser projetado de forma a dar oportunidades de autonomia a
esses trabalhadores para que possam empregar, plenamente, as suas capacidades.
Essa dimensão pode ser obtida por meio de um ambiente que favoreça o trabalho em
equipe ou por meio do enriquecimento do trabalho.
• É preciso investimento na estrutura de remuneração, como outro elemento que
contribui para a busca do comprometimento dos empregados.
Doody (2007) efetuou um estudo sobre os principais fatores constituintes dos Sistemas de
Trabalho de Alto Envolvimento. Para isso, a autora elencou os fatores mais citados pelos
principais autores de STAE´s (Tabela 1).
Avaliação Desempenho
Resolução de Conflitos
Segurança do Trabalho
Sistemas de Sugestões
Regras de Promoção
Processos Seletivos
Rotação de Cargos
Formação Inicial
Contratação
Total
Ramsay et al.(2000) x x x x x x x x x x x x x 13
RicHards (2006) x x x x x x x x x 9
Gollan e Davis (1999) x x x x x x x x x x x x 12
Ciavarella (2003) x x x x x x x x x x x 11
Long e Shields (2005) x x x x x x x x x x 10
Scotti et al. (2007) x x x x x x x 7
Freeman e Kleiner (2000) x x x x x x 6
Fenton-O'Creevy (1998) x x x x x x x 7
Gollan (2005) x x x x x x x x x 9
Felsted e Gallie (2004) x x x x x x 6
Kaufman (2003) x x x x x 5
Way (2002) x x x x x x x x 8
Lloyd (2000) x x x x x x x x x 9
Bacon e Blyton (2001) x x x x x 5
Cappelli e Neumark (2001) x x x x x x x 7
White et al. (2003) x x x x x x 6
Sanchez et al. (1999) x x x x x x x x x 9
Guthie (2001) x x x x x x 6
Whitfield (2000) x x x x x x x 7
Konrad (2003) x x x x x x x 7
Edwards e Wright (2001) x x x x x x x 7
Godard et al. (2000) x x x x x 5
Ordiz-Fuertes et al, (2003) x x x x x x x x x 9
Macduffie (1995) x x x x x x x x x x 10
Osterman (1994) x x x 3
Pil et al. (1996) x x x x 4
42
Avaliação Desempenho
Resolução de Conflitos
Segurança do Trabalho
Sistemas de Sugestões
Regras de Promoção
Processos Seletivos
Rotação de Cargos
Formação Inicial
Contratação
Total
Guthie et al. (2002) x x x 3
Addison e Belfield (2000) x x x x 4
Guy (2003) x x x x x x 6
Vanderberg et al.(1999) x x x x x x x 7
Ledford e Mohrman (1993) x x x x x x 6
Huselid (1995) x x x x x x x x x 9
Lawler III (1986) x x x x x x x 7
Total 27 24 18 17 19 17 18 14 15 13 13 10 8 7 8 3 2 2 2 2 0
Fonte: Traduzido e Adaptado de Doody (2007, p. 11)
Percebe-se, na Tabela 1, que os cinco fatores mais citados foram: trabalho de equipe (27),
participação no processo decisório (24), formação contínua (18), recompensas por
habilidade (19) e compartilhamento de informações (17).
Observa-se que os fatores mais citados como aqueles que contribuem para um maior
envolvimento por parte dos funcionários guardam uma certa relação com o que é esperado
pela estratégia de pessoas no modelo Soft, focada no comprometimento.
A perspectiva Soft tem sido equiparada aos Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento uma
vez que esses visam a obtenção do compromisso em vez do controle, fazendo com que o
desempenho aumente. Neles, as relações são baseadas em altos níveis de confiança
(WALTON, 1985). Já as que obtiveram um menor número de citações espelham-se no
modelo Hard de gestão de pessoas, com foco no controle, como mostra a Figura 5.
43
Dentre as muitas propostas de fatores constituintes dos STAE´s, aquela que consegue
englobar os cinco fatores mais citados, refere-se ao modelo proposto por Ciavarella (2003),
que estrutura os Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento como aqueles que possuem
quatro dimensões: poder, informação, recompensas e conhecimento.
Posteriormente essas dimensões foram pesquisadas por Doody (2007) em um estudo que
teve como objetivo verificar a relação entre os sistemas de trabalho de alto envolvimento, a
rotatividade de pessoal e o seu respectivo desempenho. Doody (2007) utilizou as quatro
dimensões propostas por Ciavarella (2003): poder, informação, recompensar e
conhecimento.
Os resultados desse estudo sugeriram que não parece ter uma relação entre sistemas de alto
envolvimento, trabalho e rotatividade de funcionários e o desempenho organizacional, mas,
concluiu que tais sistemas podem contribuir para aumento da produtividade do trabalho
(DOODY, 2007).
45
Nesse tópico, será explicitada a importância dos STAE para as organizações. Para isso, serão
demonstradas pesquisas nacionais e internacionais sobre os impactos desses sistemas nas
empresas, considerando o seu porte.
Macy e Izumi (1993) analisaram o impacto dos STAE no desempenho de uma fábrica de
semicondutores, utilizando-se como análise as variáveis: poder, informação, conhecimento e
recompensa. Os autores constataram que existe uma relação linear entre o índice de
participação dos empregados com a melhora de três indicadores de desempenho utilizados:
densidade de defeitos, rendimento de linha e tempo de ciclo.
46
No Quadro 8 estão relacionados esses e outros impactos dos STAE nas diversas dimensões
que compõem a gestão e que contribuem para um melhor desempenho das organizações de
grande porte.
Os estudos encontrados sobre os impactos dos STAE nas micro e pequenas empresas
demonstraram que os resultados não são tão positivos quanto parece ocorrer nas empresas de
grande porte. Existem poucas pesquisas que conseguem demonstrar a importância da gestão
de Recursos Humanos no desempenho das micro e pequenas empresas (KOK, 2002;
CARDON, 2003; RAUCH et al., 2005).
Por não possuírem um setor estruturado para a estratégia de gestão de pessoas, essas
organizações, quando julgam importante, investem em algumas práticas de recursos
humanos que podem contribuir para um maior envolvimento dos colaboradores. Nesse
sentido serão analisados nesse subtítulo não o impacto dos STAE´s, mas das práticas de
gestão de pessoas que tentaram produzir um maior envolvimento e maximização dos
resultados das micro e pequenas empresas.
Gilman e Raby (2008) conduziram uma pesquisa no Reino Unido que revelou que falta, para
a grande maioria delas, uma correta compreensão do que sejam os STAE. Constataram que,
47
Foram encontrados, porém, dois estudos internacionais que obtiveram resultados positivos
da gestão de pessoas sobre o desempenho da organização. Nos Estados Unidos foram
investigadas 31 empresas manufatureiras, o estudo apontou que o investimento em recursos
humanos proporcionou uma alta performance (ROWDEN, 2002).
Na Holanda, a análise de 909 pequenas e médias empresas, revelou que práticas de gestão de
pessoas que promovam o alto envolvimento estão associadas a uma maior produtividade do
trabalho e maior inovação. Isto sugere que elas podem aumentar a capacidade das pequenas
e médias empresas para selecionar, desenvolver e motivar uma força de trabalho para
produzir resultados superiores e inovadores (KOK; HARTOG, 2006).
O Quadro 9 apresenta um resumo dos impactos dos STAE em empresas de micro e pequeno
porte.
Embora o termo em questão seja pesquisado há mais de cinco décadas por estudiosos de
diversas áreas do conhecimento, há poucas observações em língua portuguesa. Na visão de
Rotter (2010) os estudos são em números reduzidos e bastante limitados conceitualmente.
Contudo, é possível encontrar o termo em livros preocupados com o cenário de mudanças
vislumbrados pelas organizações (ROTTER, 2010). A investigação do termo nos eventos e
principais periódicos nacionais, no período de 2000 a 2012, utilizando-se dos seguintes
descritores: “alto envolvimento”; “alto desempenho”, “sistemas de trabalho de alto” revelou
a existência de apenas 3 artigos, como demonstrado no Quadro 10.
48
Observam-se, no Quadro 10, que não foram encontradas referências diretas ao STAE, mas
sim, ao Sistema de Trabalho de Alto Desempenho (STAD). Existe, contudo, diferenças entre
esses dois construtos. STAD são definidos como conjuntos de práticas com a finalidade de
selecionar, desenvolver e reter a força de trabalho, com foco no desempenho da organização
49
(FONTINHA et al., 2008). Diferem-se dos STAE porque o objetivo desses é analisar o nível
de envolvimento dos colaboradores nas organizações.
A pesquisa foi ampliada para revistas e periódicos disponíveis na Internet e que fossem
alcançados pelo sistema de busca das revistas disponíveis online, utilizando-se do descritor
“Sistema de Trabalho de Alto Envolvimento”, retornando apenas dois artigos.
Um deles foi uma pesquisa desenvolvida por Rotter (2010) e que teve como objetivo efetuar
a comparação entre dois esquadrões da força aérea brasileira, com base em 89 entrevistas,
visando de analisar se um desses esquadrões possuía equipes de alto desempenho. O estudo
revelou que diante das conclusões apuradas, permanecia a dúvida da existência do
comprometimento ou sua inexistência.
O outro artigo foi uma pesquisa realizada por Nadler et al. (1994) e verificou se há
similaridade entre as práticas de gestão adotadas em uma pequena empresa do setor
farmacêutico com os requisitos do modelo do STAE. Os autores revelaram que, ao longo da
trajetória histórica da organização, foram identificadas duas fases com transformações nas
práticas de gestão que indicam o preenchimento parcial dos requisitos do STAE. A
centralização das decisões e informações estratégicas com os proprietários-gestores e criação
de unidades de trabalho sem autonomia e participação no processo decisório, foram
características identificadas no sistema de trabalho e contraditórias ao modelo do STAE
(OLIVEIRA et al., 2005).
Drummond e Stone (2007) defendem que sejam incorporados aos estudos nas pequenas e
médias empresas, os valores, as normas e as estratégias estabelecidas pelas organizações,
50
Ozcelik et al. (2008) conduziram uma pesquisa que tinha como objetivo investigar como as
práticas de liderança, que facilitam um clima emocional positivo, estavam relacionadas com
a eficácia organizacional. Para tanto, foram pesquisados 229 empresários e proprietários de
pequenas empresas operando na Grande Vancouver, British Columbia, Canadá e o resultado
dessas relações estão demonstradas na Figura 6.
Alto
Recursos Humanos G
Alto
Baixo Oportunidade de
Crescimento
Os resultados demonstraram haver relações positivas entre as práticas dos líderes que
estimulam um clima organizacional positivo (prática de gestão de pessoas) e o desempenho
da empresa, o crescimento das receitas e o crescimento dos resultados organizacionais
(OZCELIK et al., 2008) como demonstrado na Figura 6.
Sendo assim, o uso intensivo de práticas de trabalho de alto envolvimento depende das
diretrizes estratégicas a serem adotadas pela organização (GUTHRIE et al., 2001) e o uso de
delas estão diretamente relacionadas à percepção dos proprietários, analisando como são
moldadas as culturas, valores e normas nessas organizações (DRUMMOND; STONE,
2007).
Dessa forma, se torna importante analisar a percepção dos proprietários, analisando de que
forma eles identificam a sua organização e como essa identidade influência os processos de
estratégia de gestão de pessoas implementados, sob a ótica dos Sistemas de Trabalho de Alto
Envolvimento.
52
3 IDENTIDADE ORGANIZACIONAL
Para esses autores, a identidade é composta por três elementos chaves: centralidade,
distinção e continuidade temporal. Centralidade está relacionada à identificação das
características essenciais da organização; a distinção procura destacar os elementos que
diferenciam uma organização de outras, que possuem características similares e que
permitam a comparação; e finalmente, a continuidade temporal visa destacar as
características que dão estabilidade à organização ao longo do tempo (ALBERT;
WHETTEN, 1985).
Essa definição, contudo, não foi bem aceita por alguns pesquisadores que a criticaram por
ser extremamente abrangente, possibilitando múltiplas leituras e análises. Para alguns deles,
tais critérios se aplicam às organizações fechadas. Ao se analisar empresas virtuais, por
exemplo, percebe-se que suas fronteiras são permeáveis e flexíveis, indo contra a ideia de
centralidade e duração (CALDAS; WOORD JR, 1997). Corroborando com essa visão, tem-
53
Mas, apesar das várias críticas, o trabalho de Albert e Whetten (1985) permitiu a origem e o
debate sobre o tema de IO na academia. Resumindo, há duas formas para se estudar a
identidade organizacional, uma ideográfica, de caráter múltiplo, demonstrando haver, nas
organizações não apenas uma única identidade, mas múltiplas visões compartilhadas pelos
indivíduos, pelos grupos e pela alta administração. A outra perspectiva é a holográfica que
parte da premissa que a identidade organizacional é um reflexo da visão da alta
administração que se instaura, se dissemina e é percebida em toda a organização (ALBERT;
WHETTEN, 1985).
Na perspectiva ideográfica, os autores defendem que ela pode ser estudada a partir de várias
visões, como por exemplo, analisando-se os níveis de identidade pessoal, identidade social,
identidade no trabalho e identidade organizacional (MACHADO, 2003). Outros a analisam
como um produto da percepção dos clientes e, consequentemente, do valor da marca
54
No intuito de organizar os estudos sobre identidade, nessa perspectiva, uma vez que ela pode
ter múltiplas percepções e conceituações, foi proposto uma matriz correlacionando duas
dimensões: uma dependente da percepção do objeto, podendo ser estudada ao nível
individual, grupal, da própria organização e da sociedade, denominada de Dimensão do
Objeto. Essa varia de acordo com o self (ego), do comportamento, da autopercepção e da
imagem, constituindo-se a Dimensão da Observação. Na interseção dessas duas dimensões
surgem os possíveis campos de estudos sobre o fenômeno da identidade (CALDAS; WOOD
Jr, 1997), conforme podem ser demonstrados na Figura 7.
Ironicamente, isso sugere que a teoria da identidade, nessas perspectiva, sofre de uma
"confusão de identidade" já que os estudos se referem a diferentes objetos conceituais, como
por exemplo: crenças de indivíduos, grupos, organizações, e assim por diante. Pratt e
Foreman (2000) acreditam que essa confusão conceitual pode ser um fator limitante para o
crescimento e desenvolvimento da pesquisa nessa dimensão.
Uma das formas de se minimizar esse efeito é buscar estudar a identidade na perspectiva de
"quem está vendo a identidade." A identidade organizacional, então pode ser estudada a
partir da percepção dos valores e crenças pelos seus colaboradores, como defendido por
Albert e Whettem (1985) e corroborado pelos estudos de Gioia et al. (1996) que afirmam
que a identidade organizacional é uma imagem projetada pela alta direção (PRATT;
FOREMAN, 2000).
A perspectiva investigada nessa tese corresponde à holográfica, pois parte apenas de uma
única visão: a dos proprietários. Essa abordagem define a identidade organizacional como
uma manifestação da cultura empresarial, por meio dos valores defendidos pela alta
administração e transmitida e repassada aos indivíduos por meio da socialização (ALBERT;
WHETTEN, 1985; BOULARD; LANZA, 2007).
Como essa pesquisa está interessada na percepção que a alta direção e/ou proprietário possui
da sua própria organização, utilizou-se do arcabouço de identidade organizacional, por meio
da perspectiva holográfica, por ser um construto que possibilitará a captura dessa visão.
As definições das dimensões que devam fazer parte da medida da identidade organizacional
foram proposta por Albert e Whetten (1985). Para eles, as organizações podem possuir dois
sistemas de valores, um normativo, enfatizando as tradições, os símbolos e a preservação de
uma ideologia; e outro utilitário, focado na racionalidade econômica e na maximização dos
lucros. Podem existir esses dois sistemas simultaneamente na mesma organização,
denominando-se de organizações híbridas (ALBERT; WHETTEN, 1985).
Posteriormente, outros estudos apropriaram-se desses dois sistemas para constituir escalas
específicas. Gioia e Thomas (1996) procuraram investigar como as equipes da alta gerência
56
de instituições de ensino superior percebem e lidam com as questões que afetam a mudança
estratégica nessas organizações. O estudo foi realizado com 611 executivos de 372
faculdades e universidades dos Estados Unidos. Identidade, para os autores, se refere a
como a instituição vê a si mesma. Foram avaliados o tipo de identidade organizacional
percebida pela alta gestão por meio de itens que mediam se eles viam a instituição como
mais utilitária ou mais normativa (GIOIA; THOMAS, 1996).
A organização é tida utilitária quando os seus membros percebem que o seu foco está
orientada, principalmente para os fatores econômicos. A identidade é mais normativa
quando esses membros percebem que as principais diretrizes da organização está orientada,
principalmente, para as preocupações ideológicas e baseada em valores e crenças (GIOIA;
THOMAS, 1996). As afirmativas utilizadas pelos autores na pesquisa estão explicitadas no
Quadro 11.
As descobertas sugeriram que quando a alta direção percebia suas instituições de forma mais
ofensiva no mercado, agia de forma utilitária e com forte domínio, eles tendiam a ver os
problemas que enfrentam como sendo questões de estratégia, enquanto aqueles que
perceberam as suas instituições como normativas, viam essas mesmas questões como sendo
menos estratégicas (GIOIA; THOMAS, 1996).
57
A pesquisa, também, contribuiu para criticar o caráter imutável da identidade prevista por
Albert e Whetten (1985), provando que a temporalidade pode ser, na realidade, fluida e
maleável, frente ao tipo de mudança exigida para as instituições acadêmicas pelo mercado.
Para efeitos dessa pesquisa, o caráter utilitarista de identidade foi comparado ao Modelo
Hard de gestão de pessoas e o caráter normativo ao Modelo Soft, objetivando um maior
debate sobre o impacto da Identidade Organizacional sobre a Estratégia de gestão de
pessoas.
Essa comparação é possível uma vez que o Modelo Hard está relacionado a um maior
controle dos colaboradores e à visão da gestão de pessoas baseadas em custos, assim como
ocorre na visão utilitária. Legge (1995) afirmou que esse modelo pode ser denominado de
utilitarista – instrumental face ao seu caráter econômico.
Nesse modelo, a ênfase é posta nas políticas de recursos humanos como meio de tornar os
trabalhadores uma fonte de recursos e uma mais valia para a organização. Nela, os
trabalhadores são proativos, em vez de serem meros recursos passivos dos processos
produtivos. Eles são capazes de se “desenvolverem”, merecem a “confiança” da
gestão/gestores e a sua “colaboração” é conseguida por meio da “participação” e da “escolha
informada” (BEER et al., 1985). Essa percepção está mais relacionada com o caráter
normativo da identidade organizacional.
Baseado nas definições de Legge (1995) e utilizando-se da escala de Truss et al. (1997), Gill
(1999) desenvolveu um instrumento de pesquisa que contemplava as seguintes afirmativas
no modelo Soft:
Sendo assim, as afirmativas da escala de Truss et al. (1997) podem ser comparadas à escala
de Foreman e Whetten (2002) quando das análises dos dados de uma pesquisa, como
demonstrado no Quadro 12.
Normativa: Soft:
• Relações sociais entre os colaboradores • Formação recebida pelos funcionários;
• Envolvimento na organização • Oportunidades de promoção;
• Treinamento e desenvolvimento • Comunicação e confiança entre a administração e
• Compromisso com os ideais tradicionais da funcionários.
organização
Fonte: Elaborado pelo autor
Percebe-se, assim, pela análise realizada das escalas que medem o caráter normativo e
utilitário, uma diversificação nos tipos de fatores que as compõe em função do tipo de
empreendimento a ser utilizado.
61
Uma pesquisa conduzida por Ackerman (2010) comprovou que as correlações entre a força
de identidade, o engajamento dos funcionários e o desempenho dos negócios são muito
elevadas. Os principais achados da pesquisa foram:
Um pesquisa conduzida pelo Circle (2009) relatou esses mesmos achados e salientou que
esses resultados se deram, especificamente devido ao seu impacto positivo da identidade
organizacional no engajamento (leia-se envolvimento) dos seus colaboradores, embora
esses, normalmente, não consideram que, na verdade, a organização tenha uma identidade
forte.
Contudo não foram encontrados somente resultados positivos, Witt e Rode (2005)
conduziram uma investigação com o objetivo de analisar o impacto da relação entre a marca,
a identidade organizacional e reputação de uma organização. Os resultados demonstram que
que embora não se possa provar que essa relação possa garantir o sucesso da empresa,
podem influenciá-lo se adotado como parte da estratégia pelos empresários (WITT; RODE,
2005).
Ao nível nacional, uma pesquisa identificou certo desconforto entre acadêmicos em lidar
com o tema de Identidade Organizacional como uma área estabelecida da pesquisa
científica. Talvez devido a existência simultânea de múltiplas concepções sobre esse tema,
provenientes de diferentes correntes, de caráter filosóficos, epistemológicos e metodológicos
(BEYDA; MACEDO SOARES, 2010).
63
Essa diversidade contribui para ausência de clareza conceitual e incertezas empíricas sobre o
tema no Brasil. Essa pesquisa realizou uma análise crítica da produção brasileira sobre o
tema Identidade Organizacional no período de 2004 a 2009, nas principais revistas nacionais
e nos trabalhos publicados nos eventos EnANPAD e EnEO. Foram encontrados 21 trabalhos
sobre o tema, conforme demonstrado na Tabela 2.
A pesquisa revelou que apenas três artigos, dos 21 encontrados, utilizaram métodos
quantitativos de pesquisa. Os demais se trataram de pesquisas de natureza qualitativa,
exploratória, tendo sido muitas delas sido realizadas no âmbito de estudos de casos. E dentre
os de natureza quantitativa, apenas um adotou um questionário validado internacionalmente
(NEVES et al., 2007), os demais desenvolveram questionários com base em atributos
identificados qualitativamente, medindo o grau de concordância com a identidade
organizacional identificada (ALMEIDA; MUNIZ, 2005; ALMEIDA; BERTUCCI, 2007).
Com o intuito de investigar quais são os temas mais relevantes na produção acadêmica
brasileira na atualidade foi desenvolvido, pelo autor dessa tese, um novo levantamento
bibliográfico na literatura nacional. O universo constituiu-se de artigos em língua
Portuguesa, publicados no período de 2000 a 2011 e que tratavam do tema Identidade
Organizacional. Um dos critérios de qualidade que maior influenciam a validade das
64
Foram encontrados 97 artigos com o tema sobre Identidade Organizacional. Eles foram
classificados segundo a perspectiva ideográfica proposta por Caldas e Wood Jr. (1997).
Foram descartados 29 artigos que trabalham o fenômeno da Identidade em nível do
Indivíduo, do grupo e da humanidade, segundo a classificação. Deu-se foco, assim, somente,
aos 68 artigos que trabalharam a perspectiva da identidade nas organizações, conforme áreas
coloridas e demarcadas na Figura 9.
Dimensão do Objeto
Self Humano
Self
Ego 6
1
3 Caráter Nacional
Dimensão da Observação
Identidade Identidade
Interior Organizacional
Comportamento
Identidade
do grupo
Self-concept: Identidade
percepção
Auto-
2 4 x
Autoconceito do Autoconceito
Indivíduo Organizacional
x
Grupo
Imagem
Imagem
5 Corporativa
O campo 4 – Identidade vs. Autoconceito Organizacional – tem origem nos estudos sobre
Identidade Organizacional baseados nos conceitos de Psicologia Social, a partir dos anos 90.
Pretende analisar como a organização percebe a si mesma. Inclui, nesse campo, os artigos
que discutem a relação entre identificação organizacional e autoconceito ou, ainda, a relação
entre a imagem da organização com a identificação dos indivíduos (CALDAS; WOORD Jr.,
1997).
como a organização administra a sua imagem externa e como tal imagem pode afetá-la
(CALDAS; WOORD Jr., 1997).
Foi analisado também o campo 6 – Caráter Nacional – que diz respeito aos debates sobre a
Identidade Organizacional em um nível mais macro, dentro ou fora da área organizacional.
Nesse campo serão enquadrados trabalhos que discutem a influência da cultura externa,
como das nações, na identidade das organizações.
Em relação à classificação Qualis de 2012, percebeu-se que 16,2% dos artigos encontram-se
em periódicos nível B1 e que 61.8% em eventos nível E1. Foram encontrados somente um
artigo em revista A2, 16 nos extratos B1 e B2 da Capes e 5 artigos nos extratos B3 até B5.
A maior parte dos artigos analisados foi publicada em eventos: 42 deles em eventos
considerados E1 pela Qualis B4 em eventos E2.
Esse dado revela que existe uma grande concentração de publicações em eventos e que,
desses, muito pouco foi, posteriormente, publicado em periódicos nacionais. Dos artigos
pesquisados apenas o intitulado: “Identidade Organizacional e Comunicação Interna”
(NASCIMENTO, 2009) foi publicado em evento e em periódico. O artigo sobre a relação
entre identidade e privatização (SOUZA et al., 2008) poderia ser classificado em evento e
periódico, contudo, a pequenas alterações no conteúdo e nos autores relacionados.
Detalhando as técnicas utilizadas para coleta de dados dos estudos de caso, observou-se a
predominância do uso de entrevistas semi-estruturadas utilizadas isoladamente ou em
conjunto com a pesquisa documental, correspondendo a 51,4%. As demais técnicas
empregadas encontram-se detalhadas na Tabela 5.
Com exceção do tema sobre cultura organizacional, tanto a identidade projetada quanto a
identificação organizacional trabalham com a perspectiva do outro, isto é, sobre a percepção
externa (como clientes e sociedade) ou interna (colaboradores), respectivamente.
69
Outros temas relacionados à Identidade Organizacional, mas que tiveram apenas uma
citação foram: Antropologia da Performance, Contrato de Trabalho, Cultura Brasileira,
Estratégia Organizacional, Humor e Riso, Gestão Acadêmica, Identidade Social, Identidade
Saliente, Liderança, Marketing Social, Metáforas, Privatização, Práticas Gerenciais,
Relações Interpessoais, Símbolos, Valores e Crenças, Sequestro Emocional e Poder.
Apurou-se que 44,1%, ou seja, 30 artigos tiveram suas pesquisas em organizações privadas,
apenas 11,8%, cerca de 8 artigos estudaram o tema Identidade Organizacional em
organizações públicas, revelando que o tema está mais direcionado à pesquisa em empresas
privadas. Já o Terceiro Setor contou com 16,2% das publicações, ou seja, 11 artigos. Cerca
de 19 artigos (27,9%) foram revisões de literaturas e sem aplicação a algum segmento
específico.
Dos artigos que estudaram a Identidade Organizacional no setor privado, 46,6% foram
concentrados em atividades de Serviços, 40% industriais e apenas 10% em atividades
comerciais. Apenas um artigo estudou o tema de Identidade Organizacional nas diversas
atividades econômicas. Todos os artigos que foram pesquisados no setor público referiam-se
às atividades de serviços.
Em relação ao porte das empresas, notou-se que poucos artigos preocupam-se em revelar o
tamanho das organizações pesquisadas. 55,9% dos artigos não identificaram o porte das
empresas, em 10,3% deles não se conseguiu obter o porte, apesar de identificar a
organização. Do que se pode identificar, 20,6% referiam-se a grandes empresas, 8,8% a
pequenas empresas e apenas 4,4%, isto é, 3 empresas identificadas como médias empresas,
revelando a importância de se efetuar futuras pesquisas em empresas desse porte. Revela
ainda a importância dos autores em procurarem identificar o porte das empresas nas suas
publicações favorecendo estatísticas posteriores.
70
A Tabela 7 demonstra o a classificação no modelo proposto por Caldas e Wood Jr. (2007)
dos 68 artigos pesquisados e que se referiam ao estudo da identidade das organizações. Os
detalhamentos dos temas dos artigos encontram-se nos apêndices indicados após a
denominação de cada campo pesquisado.
Como mostra a Tabela 7, foram encontrados, ainda, 14 artigos (20,59%) que possuíam
características comportamentais e que estariam oscilando entre os campos 3 – Identidade
Organizacional (IO) e campo 4 – Identidade x Autoconceito (Apêndice E).
Os dados revelaram que a maioria dos estudos é de caráter qualitativo, apontando para a
necessidade de pesquisas quantitativas. Esse dado permite uma nova pesquisa para se
investigar o porquê desse fenômeno.
A grande maioria dos artigos referia-se aos setores privados e terceiro setor, apontando a
necessidade de trabalhos no setor público. Ainda em relação aos setores econômicos,
revelou, também, uma grande concentração de trabalhos nos setores industriais e de
serviços, apontando a necessidade de estudos no setor comercial. Demonstrou ainda que as
muitas pesquisas não se preocupam em definir o porte das organizações. Em relação ao
porte das empresas, dos artigos que a identificaram, apontou que as mesmas ocorreram,
preferencialmente, em grandes organizações (cerca de 20%), enquanto que, nas médias e
pequenas empresas, os percentuais foram de 8,8% e 4,4%, respectivamente, revelando,
assim, uma lacuna de possíveis novas pesquisas nessas organizações.
A análise dos temas que foram comparados com o construto de identidade permitiu verificar
que a cultura organizacional e os processos de projeção da identidade e identificação
organizacional foram os mais comuns dentre os artigos analisados, possibilitando a
construção de novas relações. Apenas dois artigos trabalharam a relação da cultura externa
(sociedade) e seus impactos na Identidade Organizacional, apontando para oportunidades de
estudos dessas possíveis interações.
Além disso, ao se realizar o enquadramento dos artigos no modelo proposto por Caldas e
Wood Jr. (1987) ficou evidente a importância de se criar uma nova categoria classificatória
que contemplasse a relação entre comportamento e Identidade Organizacional, uma vez que
foram encontrados 14 artigos nessa dimensão. Esses achados podem ser uma importante
contribuição aos estudos teóricos e empíricos sobre Identidade Organizacional no Brasil.
72
Lima (2010) argumenta que existem duas dimensões para o estudo sobre crescimento das
organizações: uma tradicional, focada em pesquisas acadêmicas e outra de posicionamento,
pautada na prática. A dimensão tradicional (teórica) da pesquisa em estratégia está mais
desenvolvida nas academias internacionais, já, a corrente do posicionamento (pragmática) é
mais focada pela maioria dos consultores de mercado em estratégia nacionais e
internacionais.
Nesse tópico serão apresentados e discutidos os principais modelos de Ciclo de Vida das
Organizações e demonstrado, através da escolha de um desses modelos, como pode ser
determinado o crescimento de uma organização.
O processo evolutivo de uma empresa compreende uma série de etapas que devem ser
superadas, desde a criação até a empresa se transformar numa instituição efetivamente
consolidada. Por analogia à evolução dos seres vivos, este processo tem sido
denominado Ciclo de Vida das Organizações (LEZANA, 1993).
Churchill e Lewis (1983) descrevem um modelo com seis fases de crescimento com base em
dois vetores: diversidade e complexidade (empresa jovem a madura) e tamanho (pequena a
grande).
Para Scott e Bruce (1987), o ciclo de vida pode ser dividido em cinco etapas: início,
sobrevivência, crescimento, expansão e maturidade. O “início” corresponde o processo
74
O modelo de Mount et al. (1993) foi estruturado especificamente para pequenas empresas,
uma vez que o foco centra-se na figura do proprietário e de como sua atuação vai se
modificando no decorrer da evolução da organização. No início exige-se uma postura mais
de controle direto, tendo o papel de operador, passando para gestor e, finalmente, para uma
administração mais profissionalizada (MOUNT et al., 1993).
Reynods et al. (1994) entendem que o ciclo de vida pode ser dividido em três fases, as quais
são comparadas com as etapas do crescimento de um ser vivo: concepção, gestação e
nascimento e infância e crescimento.
Greiner (1997) elaborou o modelo de Ciclo de vida considerando cinco fases: nascimento,
sobrevivência, sucesso/decolagem, expansão e maturidade. Apresentou, ainda, na transição
entre uma etapa e outra, as possíveis crises a serem superadas pelo proprietário.
Na fase “início”, a primeira crise é a de liderança, uma vez que a empresa está em
desenvolvimento e exige uma postura de gerente do proprietário. Na “sobrevivência”, pode
ocorrer a crise de autonomia, pois a medida que a empresa cresce, as pessoas começam a
desejar tarefas mais definidas e maior controle sobre elas. Na fase de “crescimento” a crise
esperada é a de perda de controle dos processos e pessoas, em função do aumento do porte
da empresa. Na fase de “expansão” os cuidados, por parte dos proprietários, devem voltar-se
para o enfrentamento da crise do excesso de burocracia, muito em função do número de
controles que teve que elaborar para contornar as dificuldades da fase anterior. E, por fim, na
fase de “maturidade”, espera-se que a empresa já seja de grande porte, exigindo do
76
Não se pretendeu, nesse trabalho, esgotar todos os possíveis modelos de CVO disponíveis na
literatura. Buscou-se, entretanto, pontuar alguns modelos mais tradicionalmente citados,
78
bem como levantar alguns mais atuais, afim de exemplificar a importância das etapas de
CVO no estudo sobre o potencial de crescimento.
Com o intuito de mensurar a etapa de crescimento das empresas, foi elaborada uma matriz
comparativa entre as etapas do CVO de alguns autores citados no tópico 4.1.1 que possuíam
semelhanças conceituais. Elas estão explicitadas na Figura 12. O objetivo foi comparar as
diferentes etapas, visando destacar e agrupar as mais comuns, sugerindo, assim, um modelo
integrador que contemplasse todas elas.
Fases Reynolds Kaufmann Scott e Greiner Adizes (1999) Churchil e Mount et al.
Comuns et a.(1994) (1990) Bruce (1998) Lewis (1983) (1993)
(1997)
Lucratividade e
Crescimento
Expansão Expansão Expansão Decolagem Transição para
Administração
Profissional
Maturidade Maturidade Maturidade Maturidade Plenitude Maturidade Administração
Profissional
Renovação Renovação
Sugeriu-se, assim, um modelo composto por sete fases: Concepção, Nascimento, Infância,
Crescimento, Expansão, Maturidade e Renovação.
Por isso, foram levantadas, também, as principais ações e características dos proprietários
em cada uma das etapas e que estão descritas no Quadro 15.
Observando o Quadro 15, percebe que o fundador tem diferentes papéis durante o ciclo de
vida das organizações. Os autores concordam que a micro e pequena empresa encontram-se
nos estágios iniciais do CVO, em um período de transição entre a infância e o crescimento.
80
Miller e Friesen (1984) estabeleceram atributos para classificar os cinco estágios do ciclo de
vida organizacional, baseando nas seguintes variáveis: situação organizacional, estrutura,
81
Para discussão dos dados dessa pesquisa, na determinação do potencial de crescimento das
Micro e Pequenas Empresas (MPE´s), foram utilizados os critérios estipulados para as fases
de nascimento e crescimento pelo modelo definido por Miller e Friesen (1984) por aludir
tais etapas ao estágio das empresas que foram pesquisadas.
Entretanto, esse não pode ser um critério único. Para tanto, o próximo tópico irá discorrer
sobre outros métodos e processos de determinação e mensuração do potencial de
crescimento das organizações.
Quando se fala em crescimento organizacional, o senso comum pode levar a pensar esse
construto como um sinônimo de desempenho organizacional. Essa concepção, entretanto, é
errônea e há diferenças entre crescimento e desempenho (COMBS et al., 2005).
O desempenho é uma variável muito utilizada nas pesquisas em administração, contudo, sua
definição e operacionalização não são tão simples. A principal dificuldade é que o
desempenho tem um caráter multidimensional, ou seja, ela não possui apenas um construto
que o represente, mas vários (COMBS et al., 2005).
82
Mais, ainda assim, a análise do desempenho financeiro deveria se dar a partir de três
variáveis: Lucratividade, crescimento e noção de valor de mercado (COMBS et al., 2005). A
lucratividade pode ser mensurada pela apuração do lucro líquido sobre o faturamento bruto e
é o construto mais utilizado para mensurar desempenho. O crescimento, geralmente pode ser
mensurado pela variação da receita líquida, crescimento do número de funcionários ou
crescimento dos ativos totais (COMBS et al., 2005).
Nas pesquisas acadêmicas, nem sempre as empresas dispõem-se facilmente dos seus dados
financeiros, entretanto, a grande maioria disponibiliza o número de funcionários, tornando,
essa métrica mais fácil de ser apurada na mensuração do crescimento organizacional.
No Brasil, órgãos como o Sebrae e o IBGE, utilizam-se, além dos dados financeiros, da
métrica de número de funcionários para classificar o nível de crescimento das empresas.
Sendo assim, as empresas de alto crescimento seriam aquelas que apresentassem um
crescimento médio do pessoal ocupado assalariado maior que 20% ao ano, por um período
de três anos, e que tivessem pelo menos 10 pessoas assalariadas no ano inicial de
observação. As empresas de médio crescimento seriam aquelas que apresentaram
crescimento de pessoal assalariado maior que 5% e até 20,0% ao ano e as empresas de baixo
crescimento aquelas que demonstrassem crescimento até 5% ao ano (IBGE, 2010).
Uma métrica muito popularizada é o Balanced Scorecard que relaciona como os resultados
financeiros são afetados pela satisfação do cliente, pela execução dos processos e pela
organização das aprendizagens na organização (WONG, 2002).
83
Contudo, como muitas outras ferramentas estratégicas, o Balanced Scorecard possui uma
visão linear da estratégia, com inicio e fim determinados. Haja vista que quase todos os
modelos seguem a receita: criar estratégias, implementar, avaliar e ajustar. Essa receita é
focada nos resultados passados e atual.
Faz-se necessário estruturar um modelo que demonstre tanto a situação atual como também
a capacidade da organização em elaborar iniciativas de crescimento a longo prazo (WONG,
2002). Assim sendo, as condições gerais para se mensurar o crescimento deveriam vir das
métricas de orientação de crescimento futura da organização, os recursos organizacionais
para suportar esse crescimento e a existência da oportunidade de mercado (DAVIDSSON et
al., 2009).
Demonstrou, também, que maior nível de problemas relacionados à remuneração era mais
frequente em empresas de moderado crescimento e apresentaram um baixo nível em
empresas de baixo crescimento. Maior nível de problemas em relação ao recrutamento foi
verificado em empresas que não apresentavam crescimento e era menor em organizações de
baixo potencial de crescimento.
84
Na academia não existe um modelo único que defina e caracterize o porte das organizações.
A maioria das tentativas de definição foi feita, pelos países em geral, como elemento de base
para a elaboração de políticas públicas como forma de receberem tratamento diferenciado
em função do tamanho das organizações (FILION, 1991). Esse processo propiciou, desta
forma, a uma grande variação de definições de acordo com os interesses sociais, políticos ou
econômicos de cada país.
Já o SEBRAE (2010) também traz uma caracterização para o porte das empresas, também,
utilizando-se do critério de número de pessoas ocupadas. Para esses órgãos, as micro e
pequenas empresas são aquelas que possuem de 0 a 99 funcionários no ramo industrial e de
0 a 49 empregados nas atividades de comércio e serviço, conforme demonstrado na Tabela
5F do Apêndice F.
Além das variações de classificação de porte que ocorrem dentro de um país, o mesmo
fenômeno é observado dentro de um mesmo órgão. Nos seus relatórios estatísticos do IBGE
(2010) encontram-se definições que variam de acordo com o segmento econômico estudado.
Em um relatório que faz a análise econômica das micro e pequenas empresas comerciais e
de serviços no Brasil (IBGE, 2003), a micro empresa é aquela que possui até 5 pessoas
ocupadas; a pequena empresa possui de 6 a 19 empregados e as médias e grandes empresas
(em conjunto) são classificadas como aquelas que possuem mais de 20 indivíduos ocupados.
2
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é uma organização internacional composta por 30 países, que
tem como objetivos, coordenar políticas econômicas e sociais, apoiar o crescimento econômico sustentado, aumentar o emprego e a
qualidade de vida dos cidadãos e manter a estabilidade financeira.
87
3
Considera-se, para análise dessa seção, a média empresa como aquela que possui de 100 a 499 funcionários no ramo industrial e de 50 a
99 mpregados nas atividades de comércio e serviço.
88
Observa-se, assim, que na Região Sudeste das 3.108.608 micro e pequenas empresas,
85,69% delas estão no setor de comércio e serviço, 10,14% no ramo industrial e 4,17% na
construção civil.
Dos 12,6 milhões de empregos formais gerados nos estabelecimentos privados não-agrícolas
nos últimos 10 anos, 6,1 milhões foram gerados por micro e pequenas empresas.
Ainda segundo o relatório, entre 2001 e 2009, o total de empregadores brasileiros passou de
3,2 milhões para quase 4 milhões. Houve, assim, uma expansão de 779 mil empregadores, o
que representou, para o período, uma taxa média de crescimento de 2,8% a.a. (SEBRAE;
DIEESE, 2011).
Para análise das taxas de sobrevivências e do potencial de crescimento das Micro e Pequenas
organizações, foram empreendidas buscas nos principais órgãos brasileiros que lidam
diretamente com elas. Na empreitada três pesquisas se destacaram: “Demografia das
Empresas em 2008” (IBGE, 2010); “Doze Anos de Monitoramento da Sobrevivência e
89
Uma pesquisa realizada pelo IBGE (2010) revelou que o número de falências de micro e
pequenas empresas (MPE) caiu 7,2% em 2011 no Brasil se comparado com o número do
ano anterior. Foram 1.143 falências em 2011 e 1.233 em 2010. A redução é ainda maior se
comparada com a de 2009, quando 1.512 empresas de pequeno porte tiveram de fechar as
portas por falência. A diminuição foi de 24,4%. Vários são os fatores que beneficiam o
microempresário, direta ou indiretamente. Políticas sociais como o aumento do salário
mínimo acima da inflação e programas do governo servem para injetar recursos para essas
empresas.
O estado de São Paulo serve como um indicador do índice de sobrevivência para o País já
que concentra a maior parcela de micro e pequenas empresas. Obteve uma taxa de
sobrevivência equivalente a 78,7% em 2008, apresentando um crescimento de 7.7% em
relação à pesquisa realizada em 2004 (SEBRAE-SP, 2005). Os dados indicam que das
1.391.143 empresas ativas em 2007 no estado, aproximadamente 1.095.005 unidades
estavam em pleno funcionamento no ano de 2008, segundo a pesquisa do IBGE (2010).
Apesar da taxa de sobrevivência de uma empresa vir aumentando ao longo do tempo isso
não é, entretanto, garantia de que essa mesma empresa esteja crescendo economicamente.
Faz-se, assim, analisar qual o cenário de crescimento das micro e pequenas empresas no
Brasil.
Para a análise do crescimento, torna-se necessário definir sobre qual o critério foi utilizado
como medida dessa variável. Neste estudo, consideram-se empresas de alto crescimento,
aquelas que
(...) apresentam crescimento médio do pessoal ocupado assalariado maior que 20%
ao ano, por um período de três anos, e têm pelo menos 10 pessoas assalariadas no
ano inicial de observação. As empresas de alto crescimento com até cinco anos de
idade no ano inicial são denominadas "gazelas" (...).
91
Ressalta-se que podem ser definidas, ainda, empresas de médio crescimento como
aquelas que apresentaram crescimento de pessoal assalariado maior que 5% e até
20,0% ao ano e as empresas de baixo crescimento aquelas com crescimento maior
que 1º até 5% ao ano.
Os indicadores das empresas de alto crescimento são calculados com base no total
de empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas no ano de referência. Isto evita
distorções nas taxas de crescimento, pois nas empresas com até 9 pessoas pequenas
variações absolutas no pessoal assalariado podem ocasionar grandes variações em
termos relativos (IBGE, 2010, p.33)
Em 2008, havia 371.610 empresas com 10 ou mais pessoas assalariadas no Brasil. Destas,
8,3%, o que corresponde a 30.954 empresas, eram de alto crescimento, 18,8%, 69.902, de
médio crescimento e 8,6% ou seja, 31.876 empresas de baixo crescimento.
Apesar da participação das empresas de alto crescimento ter ficado bem abaixo do somatório
das participações relativas das empresas de médio e baixo crescimento, este é o padrão
observado internacionalmente e, no caso brasileiro, a participação de 8,3% pode ser
considerada elevada para os padrões internacionais (IBGE, 2010).
Para a análise do potencial de crescimento, segundo o porte, nessa seção foi utilizada a
seguinte classificação: microempresas, empresas com 10 a 49 pessoas foram consideradas
pequenas, com 50 a 249 pessoas, médias, e, com 250 ou mais pessoas, empresas grandes
(IBGE, 2010).
A Região Sudeste concentrava pouco mais da metade das unidades locais das empresas com
pessoal ocupado assalariado, 50,6%, seguida da Região Sul com 22,2%, Nordeste com
15,4%, Centro-Oeste com 8,0% e Norte com 3,8%. Já as unidades locais das empresas de
alto crescimento estão ainda mais fortemente concentradas na Região Sudeste, 53,6%,
enquanto nas Regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste as participações são relativamente
menores do que as apresentadas nas unidades locais das empresas com pessoal assalariado,
19,6%, 14,8% e 7,4%, respectivamente.
As três Unidades da Federação com as maiores participações nas unidades locais das
empresas de alto crescimento estavam na Região Sudeste: São Paulo, com mais de ⅓ das
unidades locais das empresas de alto crescimento, isto é 33,8%, Minas Gerais com 9,7% e
Rio de Janeiro, na terceira colocação com 7,9%.
Todos os dados apresentados até agora demonstram que é o estado de São Paulo, o que
possui o maior número de micro e pequenas empresas e o estado que detém a maior parcela
de empresas de alto crescimento.
Os principais desafios reais dos micro e pequenos empresários, nos próximos anos, será
ampliar seu negócio, expandir sua operação, aumentar as vendas, estender a base de clientes,
adquirir inventário e comprar equipamentos e maquinário. Oito em cada 10 médios
93
A fim de poder contribuir ainda mais para a gestão estratégica de empresas desse porte,
torna-se, necessário compreender os principais aspectos que podem contribuir para manter
ou alavancar ainda mais o potencial de crescimento dessas organizações.
94
Nesse capítulo serão apresentadas as questões e as hipóteses que norteiam a pesquisa, bem
como será demonstrado as relações entre as variáveis de pesquisa em um modelo conceitual.
Como visto anteriormente, a visão dos proprietários será analisada por meio do construto de
Identidade Organizacional. Essa visão é constituída pelos seus valores, atitudes e crenças,
constituindo-se, assim, uma identidade à organização, como uma extensão da sua maneira de
ver o mundo. A Identidade Organizacional é um reflexo da visão da alta administração que
se instaura, se dissemina e é percebida em toda a organização (ALBERT; WHETTEN,
1985). Esse construto foi utilizado por que as suas dimensões constituintes: utilitarista e
normativa, podem ser relacionadas às estratégias de controle (Hard) e de comprometimento
(Soft) da estratégia de gestão de pessoas, respectivamente. Essas relações foram
demonstradas no tópico 3.3 desta tese.
O potencial de crescimento das empresas será medido por meio de duas escalas validadas:
Rutheford et al. (2004) e IBGE (2003). A escala de Rutheford et al. (2004), consiste no
95
Sabe-se que o ideal seria levantar as receitas brutas e líquidas para calcular a variação no
tempo e, assim, calcular o percentual de crescimento. Frente, entretanto, à recusa por parte
dos donos de exporem seus dados financeiros, optou-se pela escala de Rutheford et al.
(2004) que baseia-se na percepção do proprietário sobre as expectativas futuras de
crescimento, baseando-se nos resultados passados, tornando-se assim, um instrumento mais
acessível a eles.
O crescimento pode ser apurado, também, segundo a métrica criada pelo IBGE (2003) e que
explica que uma empresa de alto crescimento é aquela que possui um crescimento médio do
pessoal ocupado assalariado maior que 20% ao ano e que têm pelo menos, 10 pessoas
assalariadas no ano inicial de observação.
A identidade de uma organização pode ser extraída da percepção dos seus dirigentes e pode
ser representada por duas categorias: uma denominada de utilitarista, mais focada no
atendimento das necessidades de mercado do que em relação à organização interna e outra,
normativa que centra esforços na manutenção dos valores e crenças internos e,
consequentemente, mais orientada para a organização do que para o mercado (FOREMAN;
WHETTEN, 2002). A primeira questão de pesquisa analisa o efeito da identidade sobre o
seu sistema de trabalho de alto envolvimento.
96
A literatura prevê uma relação positiva entre o nível de envolvimento dos colaboradores
com o desempenho. Alguns estudos revelaram que uma alta performance nas práticas da
Gestão de Pessoas pode estar relacionada com os indicadores de desempenho organizacional
como na melhoria dos índices de turnover, da produtividade e do interesse do funcionário
em colaborar para os resultados organizacionais (SUN et al., 2007).
Pode-se pressupor, então, que o nível de crescimento da organização também pode ser
influenciado por essa variável. Alguns autores, inclusive, defendem que a implementação de
práticas de gestão de pessoas que promovam o alto envolvimento deve estar presente em
todas as etapas do ciclo de vida da organização, isto é, desde a sua fundação, uma vez que
elas garantem a sobrevivência e crescimento organizacional. Foi a partir do estudo de
Ciavarelha (2003) que se propôs uma escala para se medir o nível de maturidade
organizacional relacionada com o nível dos sistemas de alto envolvimento, provando haver
relação positiva entre eles (DOODY, 2007). Chega-se à hipótese (H2):
Caso haja comprovação das hipóteses anteriores, pode-se questionar se há uma relação
direta entre a Identidade Organizacional e o nível de crescimento das empresas, levando-se a
uma terceira e última questão de pesquisa:
Esta é uma hipótese de mediação, que implica que a percepção do proprietário com relação à
identidade organizacional está diretamente ligada ao potencial de crescimento da
organização, e que esta relação passa pela adoção dos sistemas de trabalho de alto
envolvimento como mediador. Trata-se de uma hipótese que será investigada por meio do
modelo de equações estruturais, que consiste em uma contribuição adicional deste estudo.
Caso se confirme, haverá indícios, então, de que a visão do proprietário influencia a
estratégia de gestão de pessoas e que isso se reflete no maior ou menor potencial de
crescimento da empresa, necessitando, para isso, testar, comprovar ou invalidar tais
hipóteses.
Recomenda-se que toda tese deva possuir no seu corpo uma matriz que facilite a
compreensão do problema de pesquisa, dos objetivos desta, do modelo teórico adotado, das
questões e/ou hipóteses de pesquisa e as técnicas utilizadas no tratamento dos dados
(MAZZON, 1981). Nesse sentido, os instrumentos metodológicos foram organizados
baseando-se na adaptação da matriz de amarração de Mazzon (TELLES, 2001) e expressos
no Quadro 17.
O relacionamento entre as questões de pesquisa e suas respectivas hipóteses pode ser mais
bem organizado esquematicamente, conforme demonstrado na Figura 14 e que representa o
modelo Conceitual de pesquisa.
O modelo pressupõe que a visão dos empresários, traduzida em uma identidade do tipo
normativa, tende a levar à implementação de um maior nível de estratégias de Gestão de
Pessoas que promovam o alto envolvimento dos seus colaboradores [H1a(+)] e,
consequentemente, esses sistemas impactam positivamente no maior potencial de
100
Como contraponto, o modelo demonstra que a visão dos empresários, traduzida em uma
identidade do tipo utilitarista, tende a levar à implementação de baixas práticas de Gestão de
Pessoas que promovam o alto envolvimento dos seus colaboradores [H1b(+)] e,
consequentemente, esses sistemas impactam negativamente no maior potencial de
crescimento organizacional. Caso, essas afirmativas se confirmem, traduz-se, ainda que,
uma identidade do tipo utilitarista pode levar a menores níveis de desenvolvimento da
empresa [H3(-)].
101
7 MATERIAL E MÉTODOS
Para levantamento de dados, propôs-se uma Survey como principal estratégia de pesquisa
voltada à comprovação de hipóteses que já explicitadas. A pesquisa do tipo Survey tem
como objetivo a obtenção de dados e informações sobre as ações, características ou opiniões
de um determinado grupo de estudo, por meio de um instrumento de coleta de dados,
normalmente, utilizando-se o questionário (PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993).
Dentre os tipos de pesquisas Survey, optou-se pelo método descritivo que visa buscar
identificar opiniões, eventos, atitudes ou intenções do público-alvo. Nesse sentido, a relação
entre as variáveis pesquisadas não é causal, mas busca estabelecer uma relação entre elas
(PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993).
O universo de pesquisa foi composto por 3.108.608 empresas de micro e pequeno porte da
Região Sudeste brasileira (SEBRAE; DIEESE, 2010).
O método estatístico utilizado foi, porém, não probabilístico, exigindo, assim, outra forma
de definição amostral. A amostra, então, foi definida utilizando-se dos critérios mínimos
exigidos pela técnica estatística de modelagem de equações estruturais. Essa técnica permite
avaliar o impacto de uma variável sobre a outra que é o objetivo dessa pesquisa: analisar o
impacto da IO sobre os STAE´s e destes sobre o potencial de crescimento das organizações.
No Brasil, uma pesquisa comprova essa proporção ao apurar que houve inconsistência dos
dados quando se utilizou menos de cinco indicadores por variável (BIDO et al., 2009).
Para a coleta dos dados das micro e pequenas empresas foi estruturado um mailing com
bancos de dados de empresas brasileiras adquiridas de forma paga ou disponíveis na
internet.
Essa pesquisa teve o apoio do Grupo de Estudo com Proprietários, Representantes dos
Proprietários e Altos Executivos (GEPRA), que disponibilizou sua estrutura para
103
armazenamento e envio dos questionários, bem como estagiários para apoio às atividades de
coleta e processamento de dados.
Para elaboração dessa tese foram utilizados instrumentos (escalas) já validadas, sendo assim,
o ideal era seguir a aplicação utilizando-se do manual de normatização dessas escalas
(PASQUALI, 1999). Entretanto, necessitou-se realizar adaptações às escalas em função
tanto da especificidade que é trabalhar com micro e pequenas empresas (a maioria das
escalas foram aplicadas em grandes organizações) quanto às questões culturais da região
sudeste do Brasil.
Nesse sentido, optou-se por retornar à fase dos procedimentos experimentais e analíticos e
que foram desenvolvidos em cinco etapas. Na primeira etapa, a escala original, na versão
inglesa, foi traduzida para o idioma português por dois pesquisadores experientes e fluentes
em inglês. A segunda etapa consistiu na revisão técnica e avaliação da equivalência
semântica, por meio da comparação entre as duas versões existentes (original – inglês e
105
Após essas cinco etapas as escalas ainda foram testadas estatisticamente finalizando a etapa
de validação que consiste na Análise Fatorial e análise da consistência interna, cujos
detalhamentos estatísticos encontram-se no item 7.3 dessa tese.
Ele desenvolveu uma escala fazendo uma adaptação da pesquisa de Lawler et al. (1995), que
identificaram as principais práticas que proporcionavam um maior envolvimento dos
empregados. Essa investigação delineou os componentes básicos para cada uma das
dimensões que compõem um sistema de trabalho de alto envolvimento que são: poder,
informação, recompensas e conhecimento (LAWLER et al., 1995). As afirmativas que
compõe as variáveis dos STAEs estão representadas no Quadro 18.
106
Poder refere-se a dar aos empregados mais autonomia na tomada de decisões, e, como tal, é
muitas vezes sinônimo de decisão participativa. Dar aos funcionários mais autoridade sobre
o que e como as decisões são tomadas pode levar a uma maior motivação e satisfação no
trabalho (CIAVARELLA, 2003).
Essa escala serviu de base para investigações posteriores. Um estudo analisou os Sistemas
de Trabalho de Alto Envolvimento no contexto organizacional de Nova Zelândia,
relacionando esses sistemas com a taxa de rotatividade de funcionários e o desempenho
organizacional (DOODY, 2007).
107
Como exemplos de questões que compunham o questionário, podem-se ser citados: "Os
supervisores têm a autoridade para tomar decisões sobre as pessoas que trabalham para
eles?" – representando um componente de mensuração da variável “poder”, "A gestão,
geralmente, fornece aos trabalhadores qualquer informação sobre os planos de investimento
interno?" representando uma componente de informação, "Algum empregados neste
trabalho recebem pagamentos ou dividendos por remuneração variável?" representando um
componente de recompensa, e "Qual é a proporção de supervisores que foram treinados em
técnicas de gestão de pessoas?" representando um componente de conhecimento (DOODY,
2007).
Para a pesquisa, a escala de Ciavarelha (2003) foi adaptada. A escala passou por duas
mudanças principais. Primeiramente, foram reduzidos os itens abordados pelo autor, pois, na
validação com especialistas (face validity), nem todos os itens que ele aborda foram
considerados aplicáveis a empresas de micro e pequeno porte. No entanto, foi mantida a
linha geral da definição de STAE do autor, que envolve participação dos funcionários nas
decisões, nas melhorias organizacionais, salário variável, bônus coletivos e não individuais,
e flexibilidade de cargos. Estes foram os itens considerados válidos para empresas de
pequeno e médio porte.
Em segundo lugar, os valores que a escala pode assumir foram modificados. Ciavarella
(2003) assumia valores de 1 até 7 para questões que, no pré-teste, receberam apenas o 1 e o
7, sugerindo que as respostas seriam dicotômicas. Por exemplo, para “existem programas de
participação nos resultados” seria mais intuitivo responder “sim” para “existem” ou “não”
para “não existem” – o valor 3, por exemplo, causou grande estranhamento por parte dos
respondentes.
Por isso, adotou-se uma escala de 1 a 3 conforme a parcela de funcionários para a qual cada
item da escala é válido: 1 se para nenhum funcionário (ou seja, a empresa não adota este
item da escala de STAE), 2 e para parte dos funcionários (o que revelaria adoção parcial), e
3 para todos os funcionários. A adaptação da escala está descrita no Quadro 19.
108
Para a análise da percepção dos proprietários, por meio da Identidade Organizacional foi
utilizada a escala de Foreman e Whetten (2002) baseado no modelo de Gioia e Thomas
(1996) que, a partir da percepção da alta administração, caracteriza dois tipos de identidade.
Um baseado no mercado e suas relações, denominada de utilitarista e outra focada na
organização, nos seus valores e crenças, chamada de normativa. Foram, então, conduzidas
entrevistas com proprietários de empresas e especialistas no assunto para adequar a escala,
validando seu conteúdo para o contexto brasileiro.
Em 2002, um estudo quantitativo com 670 cooperados de uma cooperativa rural norte
americana, utilizou-se também das dimensões normativas e utilitárias para compor o
instrumento de pesquisa. Inicialmente, os autores realizaram um grupo focal para definição
dos itens que iriam compor tais dimensões para posterior aplicação do questionário. Os
itens elencados por eles estão expostos no Quadro 20.
Essa escala foi utilizada em um estudo no ano de 2004 realizado em 1359 cooperados de
uma cooperativa de agricultores. O objetivo foi empregar um modelo de mensuração do
compromisso dos cooperados em uma organização com uma identidade híbrida – uma
normativa ou social e outra utilitária ou econômica (WESTGREN et al., 2004).
110
O resultado demonstrou que uma variação positiva nas percepções normativas aumenta o
nível de compromisso dos cooperados e uma variação positiva na percepção utilitária tem o
efeito oposto (WESTGREN et al., 2004).
No Brasil ainda não foi identificado nas bases de dados investigadas, uma pesquisa que
tenha utilizado a escala de identidade de Foreman e Whetten (2002). O que se encontrou
foram estudos que se utilizam apenas dos construtos: normativa e utilitarista, sem se utilizar
dos fatores que as compõem.
Para a pesquisa foram suprimidas, também, as questões que, na validação com especialistas,
foram alteradas para adequar-se à realidade empresarial das micro e pequenas empresas. As
alterações estão descritas no Quadro 21.
Esta escala foi desenvolvida e implementada em estudo utiliza uma amostra de 2.903
pequenas e médias empresas para examinar a maneira pela qual os problemas de RH variam
ao longo do ciclo de vida organizacional.
A escala correlaciona três variáveis: idade, tamanho e crescimento. O fator idade se refere ao
número de anos desde a fundação da empresa. O fator tamanho indica o número de
funcionários contratados pela organização e o fator crescimento se referem ao nível de
crescimento de vendas alcançado nos anos anteriores (RUTHERFORD et al., 2004).
Como pode ser notado, para a medida do potencial de crescimento foi utilizada uma medida
histórica de crescimento ao invés de uma percepção de crescimento futuro. Segundo os
autores isto proporcionou o benefício da objetividade, pois é mais fácil de medir os
resultados financeiros passados do que opiniões futuras de crescimento (RUTHERFORD et
al., 2004).
Além disso, o crescimento passado tem se mostrado altamente correlacionado com o futuro
crescimento e percepções de crescimento futuro (MCMAHON, 2001). O Quadro 22
apresenta os fatores constituintes da escala de mensuração do potencial de crescimento de
Rutheford et al. (2004).
Para a pesquisa, a escala foi, também, adaptada. A escala de Rutherford et al. (2004)
considera o desempenho passado da organização em termos do seu crescimento ou
diminuição do faturamento nos últimos anos. Essa escala é, especialmente, útil nos casos em
que os respondentes sentem-se intimidados em revelar o valor absoluto do faturamento.
No entanto, as categorias indicadas pelos autores (cresceu de 1 a 5%, mais que 16%...)
podem não refletir alguns dos setores brasileiros (que podem ter crescimentos além dos
16%).
Outro critério incrementado na escala foi a forma de mensuração utilizada pelos organismos
brasileiros, como SEBRAE e IBGE para definir, em seus relatórios, empresas de alto
crescimento. A escala utilizada por eles tem como fatores: o crescimento médio do pessoal
ocupado assalariado maior que 20% ao ano, por um período de três anos, e que têm pelo
menos, 10 pessoas assalariadas no ano inicial de observação (IBGE, 2003).
Sendo assim, foi considerada empresas de alto crescimento, aquelas que obtiveram
percentual de número de funcionários e de percepção de variação de faturamento superior a
20%, tendo, no mínimo, 10 funcionários no ano inicial de investigação.
113
O questionário foi estruturado por meio das adaptações das escalas previamente testadas
baseadas nos estudos de Ciavarelha (2003), Foreman e Whetten (2002) e Rutherford et al.
(2004). Cada uma das escalas é mensurada por um conjunto de assertivas que aceitam
apenas uma resposta, como pode ser vislumbrado no Quadro 24.
Nesse tópico serão apresentados os procedimentos para análise dos resultados, bem como
demonstrada a síntese das análises estatísticas objetivando responder às questões de
pesquisa, via testagem das hipóteses formuladas.
A abordagem foi quantitativa, com o uso de dados estatísticos, para tentar responder às
questões de pesquisa e testar as hipóteses formuladas. Antes das análises estatísticas é
preciso avaliar se o instrumento de pesquisa (escala) possui a consistência interna e
confiabilidade adequada. Para isso foram realizadas análises fatoriais.
Em primeiro lugar foi realizada uma Análise Fatorial Exploratória (AFE) para verificar se os
itens ou variáveis compõem efetivamente as escalas propostas; em seguida, efetuou-se uma
Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Essa última teve como técnica central foi a
Modelagem de Equações Estruturais (MEE).
Os testes indicaram que as escalas de IO, STAE e PC não se aderiram à distribuição normal
como está demonstrado no item 8.1.1 – Análise da Aderência à Curva Normal. Nesse
sentido, os testes a serem utilizados devem ser do tipo não paramétricos. Assim, para
avaliação da consistência interna e confiabilidade das escalas, por meio da validação dos
seus construtos, foram utilizados testes multivariados não paramétricos.
Para a AFE, foram aplicados os seguintes testes estatísticos (HAIR JR et al., 2005):
a) Analise do KMO: permite fazer uma análise geral da matriz de correlações. Quanto
mais próximo de 1 (MINGOTTI, 2005), maior a correlação entre as variáveis
envolvida, como mostra o Quadro 25. Deve-se, também observar se o p-valor (sig)
está abaixo de 0,05, rejeitando-se, assim a hipótese de que não haveria forte correlação
entre as variáveis.
variável, o KMO deve estar acima de 0,50. As variáveis abaixo desse índice são
candidatas a serem eliminadas da análise. Contudo para uma maior certeza deve-se
esperar o teste das comunalidades.
d) Communalities: Essa análise indica que valores abaixo de 0,50 demonstram que a
variável não está bem ajustada ao modelo. Será aplicado apenas nos casos de KMO
inferior a 0,50.
Resumidamente, espera-se que, durante a análise de MEE considere-se, segundo Bido et al.
(2009), que:
• Deva ser explicado como foi definida a escala para a variância da variável latente e
indicada as estimativas esperadas, assim como o processo de definição do tamanho da
amostra. Deve-se avaliar a normalidade e a linearidade.
118
• Quando da análise dos dados coletados devam ser descritos se houveram dados
faltantes, informados os outliers e as estatísticas descritivas das variáveis mensuradas.
Avaliar a normalidade e a linearidade dos dados, bem como apresentar tabelas com as
correlações, médias e desvios padrões.
A técnica estatística escolhida para a análise dos dados baseou-se em uma Modelagem em
Equações Estruturais (MEE) com estimação PLS, utilizando-se do software SMART PLS
2.0 (RINGLE; WILL, 2005), cujas explicações da estruturação do modelo estrutural e as
análises das suas variáveis estão descritas no item 8.4 desse trabalho.
Essa técnica estatística está baseada no método dos Mínimos Quadrados Parciais PLS-PM
(Partial Least Squares Path Modeling). Existem outros métodos para a modelagem, como a
regressão múltipla e software LISREL (Linear Structural Relations), entretanto, segundo
BIDO et al. (2009) o SMART-PLS é mais indicado por que:
O PLS-PM tem vantagens por que estima o modelo de mensuração, que é a relação entre os
indicadores e as variáveis latentes, e o modelo estrutural que se dá pela relação entre essas
variáveis (BIDO et al., 2009).
O critério de convergência avalia o grau com que duas medidas de um mesmo construto
estão correlacionadas. Uma alta correlação indica que o instrumento mensura o que
realmente foi esperado em relação ao objeto de estudo. O critério de discriminância avalia o
grau com que duas variáveis similares são distintas. Nela, uma baixa correlação entre as
variáveis indica que o instrumento é capaz de diferenciar objetos de estudos similares. E, por
fim, o critério nomológico avalia o grau com que o instrumento de um objeto de estudo
prediz de forma eficaz outros objetos de estudo (HAIR Jr. et al., 2005).
Para isso foram analisados os seguintes critérios de convergência (HAIR Jr. et al., 2005):
• Pequeno: r = 0,10
• Médio: r = 0,30
• Grande r = 0,50
O Quadro 26 traz um resumo das principais técnicas estatísticas utilizadas e seus objetivos
para cada variável mensurada.
121
Para a realização das técnicas, foi utilizado o MS Excel (para suporte às estatísticas
descritivas); o Software Bioestatistc 2.0 para análise do grau de aderência à curva normal; o
Software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) para a AFE, incluindo o teste de
aderência à curva normal, o cálculo do Alpha de Crombrach e as estatísticas descritivas,
além do teste de correlação de Pearson. Finalmente, foi utilizado o Software SmartPLS 2.0
para a AFC pela modelagem de equações estruturais com estimação PLS (Partial Least
Ssquares-Path Modeling).
122
8 RESULTADOS E ANÁLISES
A coleta de dados foi realizada online, em um site específico, no período de Janeiro a Abril
de 2013. Foram encaminhados e-mails aos proprietários de MPE´s através de listagem de
emails conseguida no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de Minas Gerais
(SENAC- MG); Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-MG) e através de
mailing disponíveis e pagos na internet.
Foram retornados 109 questionários válidos dos 146 respondidos. As principais causas de
invalidação foram:
Nesse tópico são apresentadas as etapas de análise dos fatores que compõe cada uma das
variáveis mensuradas pelas escalas de Identidade Organizacional e Sistemas de Trabalho de
Alto Envolvimento. Inicialmente será verificada a aderência das escalas à curva normal e,
depois, o nível de confiabilidade das escalas.
Inicialmente, foram apuradas as estatísticas descritivas dos fatores que compõem cada
escala. Na Tabela 11, encontram-se detalhados as médias aritméticas e os desvios padrões
dos fatores que compõem a escala de Identidade Organizacional.
124
De posse das médias e dos respectivos desvios padrões foi possível rodar o teste de
Kolmogov-Smirnov. Os resultados demonstraram um p-valor abaixo de 0,05, indicando que
os fatores não são aderentes à curva normal, como expressos na Tabela 12.
No Quadro 28, estão relacionados os fatores que compõem a escala de STAE com letras
alfabéticas para melhorar a visualização dos dados.
O teste revelou que os fatores do STAE também não possuem aderência à curva normal,
obtendo um p-valor com nível de significância menor que 0,05, descritos na Tabela 14.
Para a escala de Potencial de Crescimento foi encontrado um p-valor menor que 0,05,
revelando ser o fator não aderente à curva normal. Os dados estão representados na Tabela
15.
126
O teste de normalidade é usado para se decidir que tipo de análise de dados será adotada, se
as variáveis são normais, usa-se testes paramétricos; se as variáveis não são normais, usa-se
testes não paramétricos (HAIR JR et al., 2005), justificando-se, assim, o uso da Análise
Fatorial Exploratória, composta por testes não paramétricos, para a análise da validade e
confiabilidade das escalas.
O construto utilitarista obteve, ainda, um Alpha de Crombach igual a 0,614, indicando que
as variáveis investigadas possuem a confiabilidade desejada.
Na dimensão normativa de I.O, obteve-se KMO igual a 0,717 e p-valor (sig) menor que 0,05
no Teste de Bartlett´s (Figura 18). O Alpha de Crombach foi igual 0,733, revelando que
possuem as correlações necessárias para explicar o construto em análise.
128
Na análise das variáveis que compõem o construto referente à dimensão normativa de IO,
obtiveram-se KMO superiores a 0,5.
No teste das communalities (Tabela 17), entretanto, as variáveis: Responsabilizar pelo nível
de educação dos seus colaboradores e Manter a empresa fiel aos seus objetivos, visão e
valores organizacionais, demonstraram valores menores que 0,5, indicando analisar essas
duas variáveis com alguma reserva. Elas não serão descartadas em função do valor de KMO
superior a 0,5.
A escala de Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento (STAE) foi composta por cinco
variáveis, obtendo um KMO geral igual a 0,761 e um Alpha de Crombach de 0,742. Esses
valores são maiores que 0.5, indicado como limite de análise, revelando que as variáveis
estão adequadas ao construto. Os valores estão expressos na Figura 19.
129
O construto Potencial de Crescimento foi obtido por meio de apenas uma variável: variação
do percentual de número de colabores nos últimos três anos. Desta forma, foi indicada
apenas a verificação da normalidade pelo teste de Kolmogov-Smirnov.
Confirmada a validade das escalas, o próximo item irá analisar o perfil das micro e pequenas
empresas com base nesses construtos.
130
Em relação ao gênero, teve-se que 33,9% pertencem ao sexo feminino (37 respondentes) e
66,1% ao sexo masculino (72 respondentes).
Observa-se que 57,8% dos pesquisados possuem nível superior, revelando que a amostra é
constituída por indivíduos de maior escolarização. Esses dados confirmam uma tendência
nacional, isto é, os pequenos empreendedores estão passando mais tempo na escola e, por
isso, estão mais preparados para os desafios de manter seu próprio negócio. Essa é uma das
conclusões que constam no Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa (2011). O
número de empreendedores de pequenas empresas com ensino superior completo também
cresceu. Em 2000, eles eram 3,4% do total. Em 2010, passaram para 5,3% (SEBRAE;
DIEESE, 2011).
Em relação à classificação por cargos, os dados apontaram que 45,8% se consideram sócios,
proprietários ou representantes da alta direção, como visto na Tabela 20.
131
De acordo com a Tabela 21, 51,4% das empresas possuem até 10 anos de funcionamento.
Essas empresas são consideradas pertencentes ao estágio Nascimento, pela classificação de
Ciclo de Vida Organizacional proposto por Miller e Friesen (1984). Nessa fase, a empresa
tem duas principais características: possui uma estrutura mais informal e é administrada
diretamente pelo dono.
Foi apurada, também, a idade dos participantes. Para facilitar a interpretação dos dados
foram criadas faixas etárias como demonstradas na Tabela 22.
Analisando a Tabela 22, percebe-se que 32,1% da amostra está inserida na faixa etária de 31
a 40 anos. Chama a atenção o número de respondentes com idade superior a 50 anos,
133
representando 19,3% da amostra. Esses dados corroboram com os dados apurados na média
nacional que indicam que de 2001 a 2009, entre os empregadores, houve ligeira expansão no
grupo de pessoas que tinham 40 anos ou mais. Esta faixa etária, que representava 58,6% dos
empregadores em 2001, cresceu até atingir a proporção de 62,8% do total em 2009 e com
tendência de crescimento em 2012 e 2013 (SEBRAE; DIEESE, 2011).
Quase 86,6% dos micro e pequenos empreendimentos estão no setor de comércio e serviço,
com predominância desse último, como pode ser visto na Tabela 23.
O crescimento das participações relativas do setor de serviços está associado ao ritmo mais
acelerado de criação de novas empresas nesses setores, com taxas de crescimento anual de
4,8% a.a e 5,0% a.a (SEBRAE; DIEESE, 2011).
Para definição do caráter, foram apuradas as médias gerais pelas variáveis que compõem
cada construto. A regra utilizada é que deveria existir uma variação de 15 pontos percentuais
entre um construto e outro. Se predominassem as médias do caráter utilitarista, a empresa
foi, então, classificada nessa categoria. Houve necessidade de exclusão de alguns casos, já
que da amostragem inicial de 146 respondentes, em 19 deles apurou-se variações menores
que 15%.
134
A Tabela 24 mostra um exemplo, com os sete primeiros casos da amostragem, de como foi
elaborada a definição pela dimensão ou caráter utilitarista ou normativa.
Utilizando-se do método Cross Tabulation do SPSS Estatistic 17.0 foi possível cruzar os
carácteres normativo e utilitarista da I.O com os elementos da análise descritiva, tais como
gênero, faixa etária, dentre outros.
135
Os dados revelaram que parece não existir diferenças entre as empresas utilitaristas e as
normativas em relação ao gênero. O número de empresas foi praticamente equivalente como
pode ser observado na Tabela 26.
Em comparação à faixa etária (Tabela 27), o caráter normativo predomina para aqueles com
mais de 50 anos. Interessante perceber que, até os 40 anos, há predominância de empresários
que consideraram suas empresas utilitaristas.
Esse dado pode sugerir que, em função da maior idade, os empreendedores podem estar
mais maduros, assim como as suas empresas, e podem tender a uma gestão mais flexível,
voltada para as pessoas, diferentemente da gestão utilitária, focada no controle.
Na avaliação por cargos, entretanto, revelou-se que, entre os respondentes que ocupam
cargos de gestão o caráter utilitarista é predominante, já aqueles que se consideram sócios,
destacou-se a dimensão normativa, como expressos na Tabela 29.
Já, o caráter utilitarista foi mais encontrado nos setores de construção civil e industrial, entre
os que ocupam cargos de gestão e nas empresas com mais de 10 anos de operação.
Para cálculo das estatísticas descritivas da escala de STAE, as variáveis foram categorizadas
em três classes, segundo o nível apurado: baixo, médio ou alto. Os respondentes indicaram
se nenhum funcionário, parte deles ou todos, estavam envolvidos na gestão do
empreendimento como mostra o Quadro 30.
139
Em seguida, foi realizada a média geral das variáveis que compõem o STAE para cada
pesquisado. Diminuindo-se o valor máximo (3) do valor mínimo (1), obteve-se que uma
amplitude igual a 2. Optou-se por classificar os dados em três categorias: baixo, médio e alto
nível de STAE. Nesse sentido, dividindo-se a amplitude (2) pelo número de classes
definidas (3) chegou a um valor intervalar de classe igual a 0,66. Desta forma, obteve-se a
Tabela 32 para classificação do nível de STAE.
Observou-se que 54,1% das MPE´s possuem um nível mediano de STAE, seguido por
37,6% que possui um alto nível de STAE e, por 8,3% de baixo STAE. Ressalta-se que a
maioria das MPE´s possui alguma prática de envolvimento do colaborador, contribuindo
para que mais 91,7% das MPE´s investigadas possuem médio nível de STAE.
Esse fato pode ser explicado, talvez, devido à baixa taxa de desemprego no país nos últimos
anos, ficando mais difícil encontrar profissionais qualificados no mercado e aumentando a
preocupação dos empresários em manter seus talentos. Para segurá-los, pequenas e médias
empresas, que concorrem com os grandes pacotes de benefícios oferecidos pelas maiores,
têm criado estratégias que vão de oferecer 16º salário a alternativas mais econômicas, como
buscar o envolvimento e a participação dos seus funcionários (UNIVEM, 2013).
Cruzando-se STAE com gênero, obteve-se que as empresas com alto nível de STAE são
predominantes na gestão masculina (40,5%) e que as com baixo nível foram predominantes
para as mulheres (11,1%) como mostra a Tabela 34.
O número de empresas de alto STAE se concentra nas empresas cujos representantes legais
possuem graduação, representando 75,6% do total de 41 empresas classificadas nessa
categoria. No Ensino médio concentram as empresas de médio STAE, foram encontradas 11
empresas de um total de 20, representando 55% nesse nível. Os dados absolutos estão
expressos na Tabela 35.
141
Entre os Pós-Graduados houve preponderância das empresas de médio STAE. Esse dado
traz uma inquietação, pois, esperava-se que, com maior nível de escolaridade, maior a
probabilidade de se encontrarem altos níveis de STAE (CIAVARELLA, 2003), merecendo
futuras investigações para tentar elucidar esse fenômeno.
Na análise setorial (Tabela 36) observa-se que nas empresas com alto STAE estão nos
setores de Comércio e Serviços. Teve-se, contudo, predominância do nível mediano de
STAE para todos os setores.
Esse resultado corrobora com o tipo de identidade normativa de IO, também, predominante
nessas empresas, indicando que, em função da natureza da atividade ser muito focada no
cliente, exige-se uma postura de gestão mais flexível do que controladora, buscando um
maior envolvimento dos funcionários.
Em todas as faixas etárias houve dominância do nível de médio STAE, com uma
concentração de empresas na faixa que vai dos 21 anos aos 40 anos (Tabela 37).
142
Na faixa dos 31 aos 40 anos, obteve-se o maior número de empresas com alto nível de
STAE, corroborando, também com os dados apurados de IO onde foi destacado o caráter
normativo e, portanto, de uma gestão mais focada no envolvimento dos funcionários.
Na análise do STAE por função, verificou-se que, dentro os que se intitularam sócios, houve
uma maior concentração de empresas (18) de alto nível de STAE, nas demais predominaram
o nível mediano (Tabela 38).
Parece existir uma relação positiva entre o nível de STAE e o caráter normativo de IO como
pode ser visto nos resultados dos itens anteriores. Para comprovar essa possível relação, foi
analisado o número de empresas de alto STAE pelo tipo de identidade: normativa ou
utilitarista e expressa na Tabela 40.
144
Não se obteve, contudo, grande variação em relação ao baixo nível de STAE quando
relacionados a esses construtos, não podendo afirmar que baixos níveis de STAE podem
estar relacionados ao caráter normativo ou utilitarista de STAE.
Em resumo, o alto nível de STAE ocorreu predominante no gênero masculino, entre o que
tinham mais de 40 anos, nos com nível de graduação e nos setores de comércio e Serviço,
principalmente naqueles que ocupam a posição de sócios. Em relação ao caráter de IO,
revelou-se que maior STAE tem maior concentração de número de empresas normativas.
De acordo com esse critério, tem-se que 14,7% das empresas, não possuem crescimento;
36,7% possuem baixo crescimento e 48,6% estão em crescimento, como visto na Tabela 42.
Na análise do crescimento por gênero não revelou diferenças significativas (Tabela 44).
Percebeu-se uma leve diferença entre as empresas de baixo crescimento, com predominância
do gênero feminino e masculina para as de não crescimento. Entre as consideradas em
crescimento quase nenhuma diferença percentual foi obtida.
Na análise do crescimento por faixa etária (Tabela 45), contudo, revelaram-se algumas
diferenças: as empresas Em Crescimento concentram-se (percentualmente) entre os mais de
50 anos (57,1%) e as de não crescimento entre os que têm de 41 a 50 anos (23,1%). As de
baixo crescimento se concentram entre os que têm de 21 a 30 anos. Talvez o fator
maturidade esteja relacionado ao potencial de crescimento, como sugerem os dados
apontados nesse item pesquisado.
147
Excetuando-se os dados que obtiveram apenas um caso, observa-se que as empresas são
mais representativas nos cargos de Sócio (61,1%), Presidente (50%) e Diretor (48%),
indicando que a cúpula estratégica da organização tem impacto no potencial de crescimento
(Tabela 47).
148
Na Tabela 48, observa-se que há diferenças percentuais e absolutas quando da relação entre
setor da economia e tipo de crescimento.
Foram encontradas oito (8) empresas com Alto Potencial de Crescimento. Devido ao
número pequeno de empresas nessa categoria, foram levantadas as estatísticas descritivas
mais relevantes, como mostra a Tabela 51.
Esses dados, entretanto, devem ser vistos com reservas face ao número pequeno amostral,
necessitando de uma pesquisa quantitativa com maior número de casos com empresas de
alto potencial de crescimento.
Para consolidar os dados e análises obtidas até então, foi desenvolvida uma modelagem de
equações estruturais, objetivando verificar realizar uma análise fatorial confirmatória e
avaliar o impacto entre as variáveis latentes envolvidas: IO, STAE e PC.
Item 1
Item 2 Fator A
Item 3
STAE
Item 1
Item 2 Fator B
Item 3
O modelo pode ser reflexivo ou formativo. Será reflexivo quando o construto ou variável
latente são constituídos por indicadores que podem ser observados. Nesse caso, se o
construto varia, todos os indicadores variam (BIDO et al., 2009). A Figura 21 mostra sua
configuração.
153
STAE
No modelo formativo a variável latente ou construto não pode ser observado diretamente e
pode ser encarado como uma combinação linear de fatores (BIDO et al., 2009). A Figura 22
retrata a configuração.
STAE
As varáveis latentes dessa tese constituíram-se do modelo reflexivo, como pode ser
vislumbrado no modelo estrutural da Figura 23.
154
Var 3 Var 1
STAE
P.C
I.O
Sendo assim, as variáveis latentes IO, STAE e PC são formadas por indicadores observáveis
(modelo reflexivo) e avaliando a relação entre IO sobre STAE; de STAE sobre PC e de IO
sobre PC, contribuirão para as respostas às questões e hipóteses desta pesquisa.
Na validade discriminante, os indicadores devem possuir cargas fatoriais mais altas nas suas
respectivas variáveis latentes (raiz quadrada da AVE) do que em relação às outras variáveis
latentes (BIDO et al., 2009).
Como o potencial de crescimento (PC) foi mensurado por uma única variável, optou-se por
criar uma variável latente (PC), que corresponde à própria variável. Isso foi necessário para
se conseguir rodar os testes estatísticos no software SmartPLS 2.0.
Após executar o algoritmo PLS com a configuração Factor Weighting Scheme, as cargas
fatoriais apuradas estão representadas na Figura 24.
• Uma (1) no construto STAE: Var16 – “Tem seus salários, treinamentos e métodos
de seleção decididos pelos sócios ou diretores da empresa diretamente?” com carga
fatorial igual a 0,472.
Todas as demais variáveis obtiveram cargas fatoriais acima de 0,50 demonstrando estarem
adequadas aos construtos do modelo estrutural. O potencial de crescimento mensurado pela
variável 17 por possuir carga fatorial igual a 1, correlação considerada perfeita. Isso se deve
por que essa variável foi mensurada por apenas um fator.
158
A análise da validade convergente obedeceu aos seguintes critérios: alfa de Crombach maior
que 0,6; AVE (Average Variance Extracted) superior a 0,5 e Confiabilidade Composta
maior que 0,70. Os resultados estão expressos na Tabela 53.
Na análise discriminante, se a raiz quadrada da AVE das variáveis latentes for maior que as
correlações entre as demais variáveis, quer dizer que há validade discriminante. A Tabela 55
apresenta as cargas fatoriais cruzadas entre as variáveis e, na interseção, a raiz quadrada da
AVE.
Observam-se, na Tabela 56, que os valores da raiz quadrada de AVE (em negrito) são
maiores que as correlações entre as demais variáveis, indicando que há validade
discriminante para o modelo estrutural.
Para finalizar AFC, foi utilizou-se da técnica Bootstrapping, cujos dados estão representados
na Figura 26.
160
Analisadas as variáveis que compõem cada construto, fez-se, a seguir, uma análise das
influências e correlações entre as variáveis latentes ou construtos. Os fatores que têm mais
relevância no modelo são aqueles que apresentam maiores coeficientes padronizados e,
portanto, maior explicação (R2) da variância (e que está no centro dos círculos de cada
variável latente no PLS) como demonstrada na Figura 27.
• Pequeno: r = 0,10
• Médio: r = 0,30
• Grande r = 0,50
Uma das possíveis explicações para essa correlação negativa pode ser os fatores
constituintes do caráter utilitarista, ou seja, as empresas assim classificadas tendem a possuir
o foco apenas no mercado e para isso, empregam políticas de gestão voltadas
especificamente para (FOREMAN; WHETTEN, 2002):
Para atender ao mercado, os micro e pequenos empresários podem basear suas práticas de
gestão de pessoas apenas nos aspectos operacionais e de controle, visando maior
desempenho e eficiência desses em detrimento do maior envolvimento e participação desses
colaboradores.
Na estratégia Hard, de acordo com de Ishak et al. (2011), os gestores concentram seus
esforços em uma gestão departamentalizada de pessoas, especificamente para:
163
Contudo, tais práticas são tidas pelos empresários, apenas como forma de controle dos
colaboradores, que são vistos como números, como custos, como mais um fator de produção
que, para desempenharem, devem ser controlados.
Assim, a identidade Utilitarista está relacionada aos modelos Hard e de controle na gestão
de pessoas. Esse tipo de identidade pode levar a organização a uma divisão do trabalho em
pequenas unidades fixas nas quais os indivíduos são os responsáveis, mas sobre o controle
direto dos seus supervisores. Podem, ainda, prevalecer nesse tipo de identidade (WALTON,
1985):
Assim, o único objetivo das empresas tidas como utilitaristas seria reduzir os custos diretos
do trabalho ou melhorar a eficiência, pela imposição de padrões de conformidade
(WALTON, 1985). O foco apenas em uma gestão de pessoas baseada no controle e
meritocracia leva a empresa a ter baixos índices de Sistemas de Trabalho de Alto
Envolvimento, uma vez que esses sistemas preveem o envolvimento e participação dos
colaboradores na gestão da empresa, como demonstrado pela correlação negativa entre o
caráter utilitarista de identidade e as estratégias de Sistemas de Trabalho de Alto
Envolvimento.
164
Esse caráter normativo assemelha-se à estratégia Soft de gestão de pessoas. O modelo Soft é
mais focado no comprometimento do colaborador , pois busca o desenvolvimento humano
(LEGGE, 1995).
Essa mesma perspectiva (da colaboração e participação) é buscada pela estratégia Soft de
gestão de pessoas, na qual predominam os seguintes fatores, de acordo com Gill (1999):
Nesse sentido, o modelo Soft foca na construção, em longo prazo, da vantagem competitiva
das organizações por meio de uma força de trabalho flexível de alta qualidade e
comprometida (STOREY, 1987).
Walton (1985) afirma que as estratégias de compromisso visam estabelecer ligações entre os
objetivos organizacionais e pessoais, por meio do envolvimento dos colaboradores. Nesse
sistema não há necessidade de controle direto dos supervisores (WALTON, 1985). Na
estratégia de comprometimento o foco passa a ser (SILVA et al., 2009):
Pode-se, então, afirmar pelas correlações positivas entre as variáveis da pesquisa, que a
identidade utilitarista baseia-se em uma gestão Soft de pessoas focada em estratégias de
comprometimento e que essas podem levar a maiores índices de Sistemas de Trabalho de
Alto Envolvimento, uma vez que a premissa básica desses sistemas encontra-se no nível de
participação e comprometimento dos colaboradores.
Esses resultados apenas confirmam os estudos que demonstraram haver relações positivas
entre as práticas dos líderes que estimulam um clima organizacional positivo (prática de
166
A fim de verificar, ainda mais, a consistência dessas informações, foi realizada uma análise
da correlação entre as variáveis, utilizando-se do teste de Pearson.
Por fim, verificou-se correlações negativas do caráter utilitarista de IO com o STAE (-0,71)
e o Potencial de Crescimento (-0,31), auxiliando como indicador comprobatório das
seguintes hipóteses:
• H1b, revelando que o nível de adoção dos Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento
nas empresas, medido pela escala de Foreman e Whetten (2002) será menor nas
organizações com identidade utilitarista na percepção de seus proprietários, medida
conforme Ciavarelha (2003).
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse estudo foi analisar qual o impacto da percepção dos proprietários das
MPE´s, investigadas por meio do construto da Identidade Organizacional, sobre o grau em
que a empresa adota os Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento e sua influência no
potencial de crescimento organizacional.
Inicialmente foram testadas as escalas de IO, STAE e PC. Todas tiveram aderência à
distribuição normal. Os outliers foram descartados da amostragem. Em relação ao nível de
consistência interna e grau de confiabilidade, as escalas apresentaram KMO adequados:
caráter normativo (0,717); caráter utilitarista (0,742) e nível de STAE (0,761).
Apresentaram, também, consistência interna adequada: caráter utilitarista (0,612); caráter
normativo (0,733) e nível de STAE (0,742).
O perfil dos micro e pequenos empresários investigados revelou que 66,11% são do sexo
masculino, demonstrando, ainda, a predominância do gênero masculino na abertura de novas
empresas no Brasil, conforme dados do Sebrae (2012).
Dos pesquisados, 57,8% possuem nível superior, 56% possuem de 21 a 40 anos, indicando
que o número de jovens e adultos com maior nível educacional prevalece na amostra em
estudo.
169
82,6% das empresas encontram-se nos setores de comércio e serviços, indo a favor dos
dados recentes da economia do Brasil que indica o crescimento nesses setores (SEBRAE,
2011).
Observou-se um nível maior de STAE para os indivíduos do sexo masculino, com mais de
40 anos, com graduação, que atuavam como sócios, principalmente nos setores de comércio
e serviços. Os dados revelaram, ainda, que um número maior de empresas do tipo
normativas possuíam maiores níveis de STAE, corroborando para confirmação da hipótese
H1a, de que empresas com esse caráter, possuem maior nível de STAE.
170
A análise do Potencial de Crescimento revelou que não foi possível haver distinção entre
gênero. As empresas classificadas como “em crescimento” possuíram maiores concentrações
entre aqueles que possuíam mais de 50 anos, graduados e pós-graduados e que atuavam
como sócios em empresas dos setores da construção civil e de serviços. Isso sugere que o
potencial de crescimento pode estar relacionado com o nível de amadurecimento dos
indivíduos e com o grau de escolaridade dos mesmos. Observou-se, ainda, que as empresas
normativas possuem maiores concentrações de empresas em crescimento, corroborando com
a hipótese H3 de que a Identidade tem impacto sobre o potencial de crescimento das MPE´s.
Foi analisado, ainda, as empresas consideradas de alto crescimento, isso é, aquelas com mais
de 10 funcionários no ano inicial de investigação e que tiveram um crescimento de 20% da
mão de obra nos últimos três anos analisados. Foram encontrados apenas 8 empresas nessa
categoria. A análise, portanto, revelou que os resultados são inconclusivos em relação ao
caráter de IO, uma vez que o número de empresas foram exatamente iguais nos dois
carácteres. Revelou que elas possuem um médio nível de STAE. Contudo, esses dados
amostrais não são relevantes para generalização à população, carecendo de maiores
pesquisas para confirmação dos resultados em empresas dessa categoria.
A hipótese H1a foi comprovada, isso é, o nível de adoção dos Sistemas de Trabalho de Alto
Envolvimento nas empresas, medido por meio da escala de Foreman e Whetten (2002), será
maior nas organizações com identidade normativa na percepção de seus proprietários,
medida conforme Ciavarelha (2003). Ela foi validada pelas correlações positivas, tanto pelo
teste de correlação de Pearson, quanto na Modelagem de Equações Estruturais, entre o
caráter normativo de IO e STAE.
171
Esse resultado contribui para os estudos sobre as estratégias de gestão de pessoas uma vez
que a identidade do tipo normativa pode ser comparada aos modelos Soft e de
comprometimento de gestão, sugerindo que esse tipo de identidade leva a maiores níveis de
participação e envolvimento dos seus colaboradores.
A hipótese H1b, que avaliou se o nível de adoção dos Sistemas de Trabalho de Alto
Envolvimento nas empresas, medido pela escala de Foreman e Whetten (2002), será menor
nas organizações com identidade utilitarista na percepção de seus proprietários, medida
conforme Ciavarelha (2003), também foi comprovada. Ou seja, pelo teste de Pearson
apurou-se uma correlação negativa entre o caráter utilitarista e STAE (-0,71) comprovando
essa hipótese. Na modelagem de equações estruturais, também, os resultados indicaram que
há impacto negativo, ainda que pequeno, desse caráter sobre o STAE.
Esse tipo de identidade, conforme visto nos capítulos anteriores, está relacionada aos
modelos Hard e de controle de gestão estratégica de pessoas, levando a crer que práticas
focadas apenas na padronização e na meritocracia, sem considerar os aspectos humanos, são
mais presentes em empresas com identidade do tipo utilitarista, uma vez que essas empresas
estão mais preocupadas com o mercado e com o lucro do que com as pessoas.
Na tentativa de responder à essa questão foi proposta a hipótese H2 que defendia que quanto
maior o nível de adoção de Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento, maior será o
potencial de crescimento das empresas. Essa hipótese foi comprovada uma vez que foi
obtida uma correlação positiva (0,222) e verificado um impacto positivo do STAE sobre o
PC, embora que uma influência seja do tipo efeito pequeno.
Esse resultado vem reforçar as pesquisas que afirmam que práticas de gestão baseadas no
comprometimento podem levar a organização a resultados organizacionais mais positivos
(OZCELIK et al., 2008).
172
Para responder a essa questão foi proposta a hipótese H3 que propunha que o tipo de
identidade organizacional (normativa ou utilitarista) estava relacionado ao maior ou menor
potencial de crescimento das empresas, tendo o nível de adoção dos sistemas de trabalho de
alto envolvimento como mediador. Como analisado, anteriormente, foi comprovado que há
impacto positivo do caráter normativo sobre STAE e este sobre o PC. Em relação ao caráter
utilitarista, os testes revelaram haver impacto negativo, ainda que pequeno sobre o STAE e
sobre o potencial de crescimento.
O método tem suas limitações em função de viesses tanto do pesquisador quanto dos
respondentes. O fato de o questionário ser online dificultava o controle das respostas. Aliado
ao fator tempo, onde o respondente levava um tempo médio de resposta em torno de 20
minutos, podem ter alterado algumas questões. Como exemplo muitas questões não foram
respondidas ou foram parcialmente. Outra limitação do método foi a utilização da análise
quantitativa que dificulta o entendimento e aprofundamento de algumas dúvidas surgidas
durante a análise de dados, revelando a necessidade de investigações qualitativas.
Essas limitações abrem possibilidades para estudos futuros e maior compreensão dos temas
de Identidade Organizacional, Sistemas de Trabalho de Alto Envolvimento e Potencial de
Crescimento das organizações.
174
Esse estudo pode contribuir para uma melhor gestão nas MPE´s, através da sugestão de um
modelo baseado em uma identidade normativa e em práticas de trabalho que envolva os
funcionários com o objetivo de buscar o crescimento dessas empresas no Brasil.
E, por fim, sugere-se correlacionar outras variáveis ao modelo conceitual, como analisando,
por exemplo, o nível de comprometimento organizacional e seu impacto nos STAE e no
potencial de crescimento. Outras variáveis possíveis são: Entrincheiramento, Valores e
Clima Organizacionais, tudo isso visando alinhar os estudos de comportamento
organizacional às estratégias de Gestão de Pessoas.
175
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APÊNDICES
Questionário De Pesquisa
Caro(a) Senhor(a), por favor, responda da forma mais sincera possível. Não existem respostas certas ou
erradas, responda com convicção, pois assim será maior a qualidade do relatório comparativo exclusivo que
sua empresa receberá.
1. Qual a sua visão, como sócio/proprietário, do principal objetivo estratégico de sua empresa hoje?
Assinale com um X sua percepção (de 1 a 4) do quanto você dá prioridade aos aspectos a seguir para a
estratégia da sua empresa (lembrando-se de que é impossível dar prioridade total para tudo).
2. Qual sua visão de sócio/proprietário sobre a gestão dos funcionários em sua empresa?
Em geral, os sócios e proprietários tem grande influência sobre a gestão dos funcionários da empresa. Por isso,
pedimos que você assinale com um X para qual parcela dos funcionários da sua empresa (todos, parte ou
nenhum dos funcionários) as perguntas a seguir se aplicam. Considere apenas os funcionários abaixo da
diretoria e dos sócios da empresa.
202
Que parcela dos funcionários (fora a diretoria) da sua empresa .... Nenhum Parte dos Todos os
funcionário funcionários funcionários
... participa de alguma reunião ou programa para discutir melhorias
organizacionais?
... participa de reuniões periódicas com os sócios ou diretores, para
informa-los dos desenvolvimentos na empresa?
... recebe salário variável conforme seu desempenho (metas)?
... recebe bônus coletivos por trabalharem em equipe ou lucro da
empresa?
... podem exercer tarefas que vão além do seu cargo oficial, com
flexibilidade?
... tem seus salários, treinamentos e métodos de seleção decididos
pelos sócios ou diretores da empresa diretamente?
a) Principal produto/serviço: __ _
b) Setor de Atividade
( ) Indústria
( ) Comércio
( ) Serviço
( ) Construção Civil
a) Cargo: __
b) Sexo:
( ) Masculino
( ) Feminino
203
c) Faixa Etária:
( ) Até 25 anos
( ) De 26 a 30 anos
( ) De 31 a 40 anos
( ) De 41 a 50 anos
( ) Acima de 50 anos
d) Grau de Escolaridade:
( ) Educação Básica
( ) Ensino Fundamental
( ) Ensino Médio
( ) Graduação
( ) Pós-graduação
d) Website: _ _
e) E-mail para contato: _ _
e) Telefone para contato: _ _
Fique à vontade para dar sugestões / contribuições.
A empresa _______________________________________________________,
CNPJ__________________, com endereço na (Rua/Av.) __________________
________________________________, Bairro _______________, Município de
_________________, por meio de seu representante infra-assinado, declara estar CIENTE
de que está participando de uma pesquisa sobre a Estratégia de gestão de pessoas nas Micro
e Pequenas Empresas, organizada pelo programa de Doutorado em Administração pela
Universidade Nove de Julho em São Paulo, sob a responsabilidade do Sr. Denilson
Aparecida Leite Freire.
Autoriza ainda o uso dados da empresa em questão na pesquisa científica desde que seja
mantido, no anonimato, o nome da referida empresa.
________________________, _________________
(Local) (Data)