Nota Tecnica 2 2022
Nota Tecnica 2 2022
Nota Tecnica 2 2022
Orienta profissionais da Psicologia sobre uso de redes sociais, publicidade e cuidados éticos, e revoga
as Notas Técnicas CRP-PR n° 001/2018 e 002/2019.
O Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), em atenção à Nota Técnica CFP n° 001/2022 - Uso
Profissional das Redes Sociais: Publicidade e Cuidados Éticos[1], publicada em junho de 2022, apresenta-
se com a finalidade de prestar orientações sobre uso de redes sociais, publicidade profissional e cuidados
éticos.
As orientações do CRP-PR estão fundamentadas, especialmente, no Código de Ética Profissional do
Psicólogo (CEPP) - Resolução CFP n° 010/2005, na Resolução CFP n° 003/2007, que institui a Consolidação
de Resoluções, na Resolução CFP nº 10/2018, que dispõe sobre a inclusão do Nome Social na Carteira de
Identidade Profissional da Psicóloga e do Psicólogo, no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Código
de Defesa do Consumidor e na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Ainda que cada área de atuação da Psicologia possua normativas específicas que direcionam o exercício
profissional, as legislações sobre publicidade profissional deverão ser seguidas pelas(os/es)
Psicólogas(os/es) em toda e qualquer divulgação profissional, e independem da sua área de atuação.
Do Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP), destacam-se:
Princípios Fundamentais
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da
igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das
coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade
política, econômica, social e cultural.
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional,
contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de
prática.
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações,
ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão.
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando
situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas
relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância
com os demais princípios deste Código.
Art. 9º - É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da
confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no
exercício profissional.
Art. 18 – O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá a leigos instrumentos
e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da profissão. [...]
Art. 20 – O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por quaisquer meios, individual ou
coletivamente:
a) Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro;
b) Fará referência apenas a títulos ou qualificações profissionais que possua;
c) Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a técnicas e práticas que estejam
reconhecidas ou regulamentadas pela profissão;
d) Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda;
e) Não fará previsão taxativa de resultados;
f) Não fará auto-promoção em detrimento de outros profissionais;
g) Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras categorias profissionais;
h) Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais.
Para além do título profissional e de sua identificação, podem ser apresentadas, de forma opcional,
outras informações que a(o/e) Psicóloga(o/e) entender cabíveis sobre o seu exercício profissional. A
saber:
A psicóloga e o psicólogo podem destacar em sua publicidade, por exemplo, sua formação, o
público que atendem, a abordagem teórica que utilizam, sua metodologia de trabalho, entre outras
questões técnicas e que caracterizam sua atuação profissional (Nota Técnica CFP n° 001/2022)
[2] Povos originários e povos tradicionais são grupos culturalmente diferenciados que se reconhecem
como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos
naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando
conhecimentos inovadores e práticas gerados e transmitidos pela tradição (Decreto nº 6.040/2007).
Ao não fazer a devida separação entre os perfis profissionais e pessoais, conforme recomenda o CFP e o
CRP-PR, e havendo confusão entre o seu posicionamento pessoal e os conteúdos da ciência psicológica,
a(o/e) Psicóloga(o/e) pode vir a ser questionada(o/e) eticamente em relação ao seu exercício profissional.
Recomenda-se que a(o/e) Psicóloga(o/e) busque se vincular apenas a plataformas que possuam
Psicóloga(o/e) Responsável Técnica(o/e) indicada(o/e) no Conselho Regional de Psicologia, garantindo
assim um maior alinhamento às normativas profissionais e a corresponsabilidade de fazê-las cumprir.
Lembramos, ainda, quando se trata de plataformas de atendimento online, que é dever da(o/e)
Psicóloga(o/e) realizar o seu cadastro no E-PSI antes de iniciar as divulgações desse serviço, conforme
indicam as Resoluções CFP nº 11/2018 e 04/2020, ou outras que venham a substituí-las.
No que se trata do sensacionalismo, conforme disposto na Cartilha de Orientação publicada pelo
Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG)[3]:
Entende-se por sensacionalista qualquer publicidade/comunicação realizada de maneira exagerada,
que superdimensiona um fato, sem rigor técnico, visando manipular sensações/emoções do público
e induzir demandas e expectativas para captação de clientela. O sensacionalismo pode resultar em
entendimentos equivocados, estereotipados e/ou superficiais sobre a psicologia ou serviços
psicológicos. O uso dos meios de comunicação pela categoria deve contribuir para disseminar o
conhecimento das atribuições profissionais, da base científica e do papel social da Psicologia,
devendo ser priorizado o viés informativo e educativo, não podendo ser utilizado conteúdo
sensacionalista. Ainda, conforme o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11 de setembro
de 1990), é vedada a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais.
Publicidades abusivas ou enganosas, que distorcem, reduzem ou omitem informações, que incitam a
violência, discriminação, exploração do medo e angústias do consumidor, ou que ameacem a saúde e
segurança da população são indevidas, ferindo não apenas os preceitos éticos da profissão, como
também o Código de Defesa do Consumidor.
Tal orientação, para além da fundamentação no Código de Ética, possui amparo também na Resolução
CFP nº 003/2007:
Art. 56 – O psicólogo, em sua publicidade, é obrigado a prestar informações que esclareçam a
natureza básica dos seus serviços, sendo-lhe vedado:
[...]
IV – fazer propostas de honorários que caracterizem concorrência desleal;
V – fazer autopromoção em detrimento de outros profissionais da área;
[...]
VII – divulgar serviços de forma inadequada, quer pelo uso de instrumentos, quer pelos seus
conteúdos falsos ou sensacionalistas, ou que firam os sentimentos da população, induzindo-lhe
demandas.
É importante evidenciar que, até a publicação da Nota Técnica CFP n° 001/2022, o CRP-PR compreendia
como possível o uso da terminologia “Atendimento Social” para divulgar serviços a um público em
processo de exclusão social por fatores socioeconômicos ou em situação de vulnerabilidade e risco. A
partir da contraindicação do uso dessa terminologia, contida na referida Nota, o CRP-PR buscou construir
possibilidades de divulgação de serviços para esse público.
Antes de apresentar uma indicação de termo, faz-se necessário contextualizar o seu uso, uma vez que a
prestação de serviços à população descrita acima deve ser realizada com compromisso social e
responsabilidade profissional. Logo, a(o/e) Psicóloga(o/e) deve definir uma proposta de trabalho,
estabelecer critérios para o atendimento, definindo a área de atuação, o público ao qual se destina, as
[4]
características do trabalho ofertado , as condições sob as quais o atendimento irá acontecer, e demais
aspectos, visando a qualidade do serviço, a promoção da saúde, a responsabilidade social, a atenção aos
direitos humanos, bem como a integralidade, singularidade e dignidade da pessoa.
Ainda, a(o/e) Psicóloga(o/e) não deve criar condicionalidades para realização deste atendimento, como a
participação em instituições ou agremiações terceiras, troca ou permuta de trabalhos ou, ainda, pleitear
ou receber alguma espécie de vantagem. Da mesma forma, a(o/e) Psicóloga(o/e) não deve prolongar sem
necessidade o tratamento ofertado, receber remunerações ou comissões além do acordado, modificar as
características/condições do trabalho ao longo dele, nem se utilizar de tal prática para angariar clientes,
conforme orienta o CEPP.
Entende-se que a(o/e) Psicóloga(o/e) que se propuser a atender um público em processo de exclusão
social por fatores socioeconômicos ou em situação de vulnerabilidade e risco, poderá se utilizar dos
termos “vaga social”, “agenda social”, “agendamento social”, “clínica social” ou, ainda, “horário social”,
visto que, dessa forma, promove-se a qualificação do atendimento e a destinação de um espaço a
determinado público, e não o valor a ser cobrado ou a vantagem financeira do serviço.
Com isso, compreendemos que a(o/e) Psicóloga(o/e) propicia o acesso universal e equitativo aos serviços
psicológicos, desvinculando sua publicidade de uma mercantilização da saúde. Assim, a divulgação de
serviços a esse público não pode se limitar ao preço do atendimento como forma de propaganda,
devendo respeitar o compromisso social da Psicologia pela universalização do acesso da população aos
serviços psicológicos, considerando a realidade política, econômica, social e cultural do contexto em que
a(o/e) profissional está inserida(o/e).
É de fundamental importância que a(o/e) Psicóloga(o/e) busque permanentemente conhecer os
equipamentos, redes e políticas públicas que muitas vezes podem absorver as demandas desse público -
de maneira articulada, multidisciplinar e intersetorial -, e que se responsabilize pelos encaminhamentos
cabíveis.
Mesmo se tratando de atendimento voluntário, é necessário estabelecer termo de adesão entre a
entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, nele devendo constar o objeto e as
condições de seu exercício (Lei do Voluntariado[5]). A divulgação de convênios e do trabalho voluntário é
abordada pelo CFP:
Por sua vez, a divulgação de convênios com instituições, universidades, faculdades, clínicas é
permitida. A divulgação de trabalho voluntário não está impedida, dessa forma a psicóloga e o
psicólogo devem analisar a viabilidade do atendimento e apenas oferecê-lo quando puderem
garantir a continuidade e a qualidade do serviço. É inadequado o atendimento voluntário com a
finalidade de captação de clientes. (Nota Técnica CFP n° 001/2022)
Nesse caso, o objeto de divulgação deve ser a existência de um convênio, sem adentrar no percentual de
desconto. A revelação e/ou fixação dos valores deverá ser realizada mediante consulta direta à(ao/e)
profissional.
A divulgação dos serviços psicológicos na forma de “pacotes” também pode se configurar como uso do
preço do serviço como forma de propaganda, indução aos serviços psicológicos, ou como um modo de
prolongar desnecessariamente a prestação dos serviços profissionais. Tais situações são vedadas
às(aos/es) Psicólogas(os/es). Também é importante salientar que, a qualquer tempo, a(o) usuária(o) tem
o direito de decidir pela interrupção do serviço sem qualquer ônus, conforme o Código de Ética do
Psicólogo.
Evidencia-se que, independentemente de se tratar de um atendimento particular, voluntário, social, por
convênio ou qualquer outra forma de contratação, a(o/e) Psicóloga(o/e) possui o dever de, em conjunto
com o beneficiário do serviço, estabelecer os acordos referentes à prestação de serviço antes de iniciá-lo,
considerando as particularidades e condições da(o) usuária(o), os objetivos do trabalho, a qualidade dos
serviços e a fundamentação profissional teórica e técnica. O Código de Ética Profissional do Psicólogo
estabelece que:
Art. 4º – Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psicólogo:
a) Levará em conta a justa retribuição aos serviços prestados e as condições do usuário ou
beneficiário;
b) Estipulará o valor de acordo com as características da atividade e o comunicará ao usuário ou
beneficiário antes do início do trabalho a ser realizado;
c) Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos independentemente do valor acordado
É obrigatório que a(o/e) Psicóloga(o/e) assegure qualidade técnica e ética para o desempenho de suas
funções, independentemente do valor acordado com as(os) usuárias(os) de seus serviços, mantendo
registros e prontuários organizados e atualizados, respeitando os direitos das(os) clientes e garantindo
acesso às informações referentes ao tratamento e seus objetivos, inclusive, se for necessário, fornecendo
documentos decorrentes do trabalho desenvolvido.
No que diz respeito à divulgação do preço (valor), enquanto informação e transparência, conforme
dispõe o Código de Defesa do Consumidor, o CRP-PR compreende que ela só é possível quando alinhada
às normativas profissionais: evidencia-se que o direito de informação sobre o serviço a ser prestado não
pode se fazer valer às custas da ética profissional ou dos demais direitos do consumidor.
[4] Recomenda-se que os acordos sejam firmados em contrato formal, por escrito, entre a(o/e)
Psicóloga(o/e) e a(o) usuária(o) antes do início do trabalho, e que os registros documentais sejam
realizados conforme Resolução CFP nº 001/2009, e guardados em segurança por período mínimo de
cinco anos. Em caso de dúvidas, consulte as normativas e orientações do regional.
[5] Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9608compilado.htm. Acesso em 03 de
setembro de 2022.
Diante disso, o CRP-PR convoca as(os/es) Psicólogas(os/es) a refletirem acerca da implicações éticas,
técnicas e legais de pedir a usuárias(os) do seu serviço (ou responsáveis legais) que apresentem
depoimentos que forneçam autorização para o uso da imagem - com a finalidade de ser utilizada como
publicidade profissional - ou, ainda, sobre a utilização de fotos, desenhos, cartas ou demais conteúdos
sigilosos obtidos durante a prestação de serviço psicológico.
Situações dessa natureza não apenas impactam o sigilo e o vínculo profissional, como também podem
gerar uma possível interferência na continuidade da prestação do serviço psicológico, podendo as(os/es)
profissionais serem questionadas(os) eticamente quanto à previsão taxativa de resultados,
autopromoção, divulgação sensacionalista, violação do sigilo profissional, exposição indevida da(o)
beneficiária(o) do serviço prestado ou outro aspecto ético que venham a infringir.
Conforme preconiza o Código de Ética Profissional do Psicólogo:
Princípio Fundamental V – O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da
população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões
éticos da profissão.
Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:
i) Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a seus serviços;
q) Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados de serviços psicológicos
em meios de comunicação, de forma a expor pessoas, grupos ou organizações
Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da
confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no
exercício profissional.
Art. 19 – O psicólogo, ao participar de atividade em veículos de comunicação, zelará para que as
informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito das atribuições, da base científica e
do papel social da profissão.
Compreende-se que a divulgação de conteúdos sigilosos com a intenção de ganhar visibilidade social e
divulgar serviços prestados não é coerente com os preceitos éticos da profissão, pois permeiam uma
exploração comercial e exposição indevida da intimidade das pessoas visando ao benefício próprio.
Qualquer interessado poderá encontrar razões suficientes para questionar judicialmente ou eticamente
tal conduta, que será analisada à luz do que é aqui exposto. Dessa forma, evidencia-se que não é
prudente, nem oportuno, valer-se de estratégia tão débil de publicidade profissional para alcançar
resultados que podem ser obtidos de outras formas sem os riscos e exposição que a proposta apresenta.
O CRP-PR entende que a imagem da(o) beneficiária(o) dos serviços psicológicos não deve ser objeto de
apreensão publicitária, e que a exposição da intimidade das pessoas atendidas viola o CEPP. Destaca-se,
ainda, que os conteúdos, quando publicados na internet, são perenes, e seu alcance e impactos são
imensuráveis ao longo do tempo. Dessa maneira, a(o/e) Psicóloga(o/e) estará sujeita(o/e) a
questionamentos, inclusive, da própria pessoa que autorizou a publicidade, sentindo-se arrependida,
desrespeitada ou invadida com tal exposição. O dever de preservar o sigilo e a intimidade das pessoas é
da(o/e) profissional, conforme indica o Código de Ética:
Art. 10 – Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no
Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos
em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor
prejuízo.
Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá
restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias.
Logo, compreende-se que a exposição do paciente e a quebra do sigilo devem ser fundamentadas nos
benefícios trazidos de tal decisão, ponderando o quanto são mais benéficas do que os prejuízos
decorrentes de: a) violação da integridade psíquica das pessoas; b) exploração comercial do indivíduo; c)
exposição da intimidade dos pacientes; d) violação do sigilo profissional; e) violação ao tratamento de
dados pessoais sensíveis; f) impactos imprevisíveis de tal publicação.
Agrava-se ainda mais a quebra do sigilo quando expostas indevidamente pessoas de maior
vulnerabilidade (como crianças, adolescentes, interditos, pessoas com deficiência, idosos), e que
demandam das(os/es) Psicólogas(os/es) maior proteção e raciocínio crítico em seu posicionamento, bem
como maior alinhamento às normativas adicionais correspondentes, dentre as quais destacamos:
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. (Lei nº 8.069/1990 - Estatuto da Criança e
do Adolescente)
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a
dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos
na Constituição e nas leis.
[...]
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças,
dos espaços e dos objetos pessoais. (Lei nº 10.741/2003 - Estatuto da Pessoa Idosa)
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à
maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à
previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao
desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos,
à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes
da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e
econômico (Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência)
O CRP-PR considera inadequados o desenvolvimento e a divulgação de qualquer prática que não estejam
respaldados por um conjunto de critérios científicos da ciência psicológica capazes de sustentá-los. Além
disso, compreende-se que uma prática deve estar embasada não somente pela técnica e/ou pela teoria,
mas também pela postura ética adotada pela(o/e) profissional no exercício e publicidade da profissão.
Enquanto autarquia, o Conselho procura fomentar a autorreflexão exigida de cada Psicóloga(o/e) acerca
da sua práxis, de modo a responsabilizá-la(o/e) pela vinculação de técnicas e práticas em sua divulgação e
atuação profissional. Elencamos os seguintes questionamentos para auxiliar na reflexão:
1. A prática está de acordo com o que preveem o Código de Ética Profissional do Psicólogo e as
normativas profissionais?
2. A(O/E) Psicóloga(o/e) conhece estudos da comunidade científica na área de Psicologia que tratem
de sua utilização de forma exitosa?
3. Enquanto Psicóloga(o/e), a(o/e) profissional está qualificada(o/e) para utilizar essa
abordagem/prática em seu exercício profissional de maneira a prestar um serviço de qualidade?
Caso não existam estudos na área da Psicologia que abordem o uso dessa técnica/método de forma
exitosa, não é possível oferecer e/ou divulgar esse tipo de atendimento, conforme Código de Ética
Profissional do Psicólogo (Resolução CFP nº 010/2005). Caso, por outro lado, a(o/e) Psicóloga(o/e) venha
a divulgar prática ou técnica que seja possível de ser vinculada à Psicologia (de forma complementar),
então deverá manter o uso do título de Psicóloga(o/e) e, em complemento, indicar a
formação/especialização (Psicóloga(o/e) NOME COMPLETO, CRP-08/XXXX, com formação em “nome da
prática”).
O mesmo ocorre quando a(o/e) Psicóloga(o/e) possuir outras profissões regulamentadas (como
administrador, advogado, médico, fisioterapeuta, educador físico, etc.). A(O/E) profissional deverá
atentar-se para que a divulgação de uma segunda formação seja realizada separadamente do título de
Psicóloga(o/e), compreendendo-se, assim, que deverá haver um material de divulgação (cartão
profissional, site, perfil em rede social, etc.) para cada profissão.
Entende-se que não é possível à(ao/e) Psicóloga(o/e) promover a divulgação conjunta e/ou o uso do
mesmo espaço para a prestação de duas atividades distintas (sejam regulamentadas ou não). Tal situação
pode se configurar como duplicidade de vínculo, indução a convicções, vinculação da Psicologia a outras
práticas, e/ou propagação de desinformação à sociedade.
Caso as atividades comerciais divulgadas envolvam atividades distintas da Psicologia, então não poderão
estar vinculadas ao título de Psicóloga(o/e) e, ainda, não poderão ser oferecidos aos usuários do serviço
psicológico.
Evidencia-se que não é adequado o uso do ambiente terapêutico/local de prestação de serviços, ou do
vínculo existente com a(o) usuária(o), para qualquer fim que não o contratado, tal como a venda de
mercadorias como livros, flores, materiais de escritório, produtos digitais, dentre outros.
Essa prática pode acarretar prejuízos para o vínculo e qualidade do trabalho prestado, podendo a(o/e)
Psicóloga(o/e) estar sujeita(o/e) às medidas cabíveis. A permuta como forma de pagamento também não
é permitida, considerado o disposto acima.
Considerando que toda Matriz e Filial deverá apresentar minimamente um(a/e) Psicóloga(o/e)
Responsável Técnica(o/e) da Pessoa Jurídica, compreende-se que essa(e) profissional, bem como
outras(os/es) Psicólogas(os/es) ligadas(os/es) à instituição, deve acompanhar as publicidades
profissionais realizadas quanto a serviços psicológicos, garantindo assim que estejam em conformidade
com as normativas e ética profissional. Diante da existência de alguma irregularidade ou possível falta
ética, a(o/e) Psicóloga(o/e) deve posicionar-se solicitando a regularização da situação. Caso a situação
permaneça, deverá ser comunicada ao Conselho Regional de Psicologia para análise e ações cabíveis.
No que diz respeito ao uso de Nome Fantasia, entende-se que esse é o nome popular ou comercial de
uma empresa, geralmente utilizado para a sua divulgação, visando ao maior aproveitamento de sua
marca; porém, o uso de um nome fantasia é aplicável apenas a uma empresa legalmente constituída.
Portanto, caso não exista uma personalidade jurídica devidamente estabelecida, com CNPJ, não há
possibilidade de existir um nome fantasia.
Se não houver uma Pessoa Jurídica devidamente constituída, a divulgação profissional deverá se dar
apenas em nome da(o/e) Psicóloga(o/e) enquanto Pessoa Física. Do contrário, as(os) clientes estariam
sendo levadas(os) a entender erroneamente que se trata de uma empresa de Psicologia, o que poderia
induzi-las(os) a buscar tais serviços justamente por acreditarem que se trata de uma empresa legalmente
constituída.
Além disso, o uso de Nome Fantasia sem a devida constituição de uma Pessoa Jurídica pode ser
caracterizado pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 37) como propaganda enganosa.
Documento assinado eletronicamente por Gustavo Lacatus da Costa de Oliveira, Usuário Externo,
em 23/09/2022, às 18:21, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do
Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.