Humanidades P1F1

Mariana Siqueira- 6° período – Medicina

Objetivos
1. Compreender as noções de ética, de moralidade e de legalidade.
2. Conhecer o código de ética medica e discutir os elementos fundamentais desse documento: sua
natureza deotonlógica, sua apresentação, seus princípios, sobre quais temas ele trata e legisla.
3. Conhecer o código de ética medica do estudante de medicina e discutir os elementos fundamentais
desse documento.
4. Conhecer o código internacional de ética medica e discutindo os elementos fundamentais desse
documento.
5. Compreender a insuficiência das leis e dos códigos acerca da realidade e a necessidade do cultivo de
uma ética pessoal elevada que afete efetivamente a nossa pratica medica.
6. Apresentar algumas das diferentes contribuições teóricas para o campo da ética feita por pensadores
ocidentais, orientais, africanos e ameríndios citados no problema.
Compreender as noções de ética, de moralidade
e de legalidade.
Ética homens como fins em si mesmos é o que
lhes confere dignidade.
A palavra ‘ética' vem do grego ethos e significa
 A ética é a medida que o indivíduo toma de
caráter, qualidade do ser, enfim morada do ser.
si mesmo; é pessoal (dimensão subjetiva).
 A ética é um conjunto de conhecimentos Quando alguém é ético, o é por sua própria
que são extraídos da investigação do determinação e escolha (o que implica a
comportamento humano, ao tentar explicar liberdade, já que sob o jugo da coação
as regras morais de uma forma racional e ninguém pode optar pelo bem ou pelo mau,
científica. - Portanto, a ética pode refletir e mas age pelo medo da retaliação).
questionar valores morais = É uma  Ser ético implica, portanto, voluntário
avaliação acerca dos costumes, podendo respeito a princípios e valores posto por si e
aceitá-los ou reprová-los, de acordo com para si. O comportamento ético perpassa a
valores da cultura que a sociedade ponderação de três elementos essenciais, a
estabeleceu como padrão de saber: a ação, a intenção e as circunstâncias.
comportamento. - A ética nos ajuda a Sendo a ética confiada ao indivíduo,
responder perguntas do tipo: Eu quero? Eu quando este a prática para si mesmo, a
posso? Eu devo. justiça torna-se tema secundário, pois sua
 A ética é a reflexão sobre quais ações são realização é consequência natural do agir
virtuosas (boas) e quais não o são. Ser ético ético de cada indivíduo.
significa conhecer e cumprir o ‘dever'; a  “Ética é a parte da filosofia responsável
ética é a condição que possibilita o pela investigação dos princípios que
conhecimento do dever. O ‘dever' repousa, motivam, distorcem, disciplinam ou
antes de qualquer coisa, no reconhecimento orientam o comportamento humano,
da necessidade de respeitar a todos como refletindo especificamente a respeito da
fins em si mesmos e não como meios para essência das normas, valores, prescrições e
qualquer outro objetivo. Tratar todos os
 exortações presentes em qualquer realidade realidade objetiva, ou seja,
social.” independentemente de sua apreciação pelo
 A Ética é o estudo geral do que é bom ou sujeito, pelo homem.
mau. Um dos objetivos da Ética é a busca  A moral é, portanto, pragmática. As
de justificativas para as regras propostas normas morais são fórmulas elaboradas
pela Moral e pelo Direito. Ela é diferente de pelo homem para ordenar, regular seu
ambos - Moral e Direito - pois não comportamento. A Moral estabelece regras
estabelece regras. Esta reflexão sobre a que são assumidas pela pessoa, como uma
ação humana é que a caracteriza. forma de garantir o seu bem-viver. A Moral
independe das fronteiras geográficas e
Moral
garante uma identidade entre pessoas que
 A palavra moral é de origem latina e vem sequer se conhecem, mas utilizam este
de “Morales”, que tem como significado mesmo referencial moral comum.
tudo que é relativo aos costumes. São regras
Legalidade
que são aplicadas ao cotidiano. É
basicamente quando eu transformo a ética  É a qualidade ou estado do que é legal, do
numa estrutura escrita e essas normas que está conforme com ou é governado por
passam a ser aplicadas e usadas por todo uma ou mais leis.” Depreende-se do
cidadão. Elas orientam o indivíduo, exposto que, embora intrinsecamente
norteando suas ações, seus julgamentos ligados, os conceitos apresentam algumas
sobre o que é certo e errado. A moral fica diferenças entre si. Assim, por vezes pode-
entendida como alguma coisa que se impõe se confundir a Moralidade com a
de fora para dentro, baseada nos costumes e Legalidade.
tabus de uma sociedade/grupo, logo, variam  Um ato pode não ser ilegal, em virtude de
como o tempo e o lugar. A moral muda não estar transgredindo nenhuma postura
constantemente, pois os hábitos sociais são estabelecida em um código formal e ainda
renovados periodicamente e de acordo com assim fugir à Moralidade e à Ética. Lesar
o local em que são observados alguém com uma insinuação malévola e
 “Moralidade é o conjunto dos princípios inverídica é exemplo dessa situação. Da
morais como a virtude, o bem, a mesma maneira, outra ação pode ser
honestidade, socialmente estabelecidos em absolutamente moral e honesta e ainda
determinada época.” Enquanto a ética está assim fugir à Legalidade, como, por
contida na reflexão, a moral está contida na exemplo, abrigar e alimentar um fugitivo da
ação. justiça.
 Enquanto a ética, como disciplina
Conhecer o código de ética medica e discutir os
filosófica, é especulativa, a moral, seu
elementos fundamentais desse documento: sua
objeto de estudo, é normativa. A moral,
natureza deotonlógica, sua apresentação, seus
portanto, é influenciada por fatores sociais
e históricos (espaço-temporais), havendo princípios, sobre quais temas ele trata e legisla.
diferenças entre os conceitos morais de um Origem e fundamentos
grupo para outro (relativismo),
diferentemente da ética que, como dito  Os códigos de ética médica destinam-se a
acima, pauta-se pela universalidade orientar os médicos em sua atividade
(absolutismo), valendo – ou ao menos concreta, principalmente nos casos e
pretendendo valer – seus princípios e situações em que tomar uma decisão possa
valores para todo e qualquer local, em todo parecer muito difícil ou penoso.
e qualquer tempo.  Eles trazem normas gerais e regras
 A moral constitui-se como conjunto de particulares de conduta que permitem
normas de conduta que se apresentam como prevenir o cometimento de uma falta que
boas, corretas, ou seja, como expressão do poderá redundar em repressão legal ou
‘bem'. Por ‘bem' entende-se qualquer ética.
 Hipócrates quando escreveu seu juramento  Deontologia: ciência do dever e da
criou um tipo de código de ética que obrigação, servindo para orientar e
comprometia a agir com honestidade, controlar as ações de um profissional. A
caridade e ciência e antes dele o código de deontologia é o estudo dos princípios,
Hamurabi falava sobre conduta médica, e fundamentos e sistemas de moral. Designa
essas ensinamentos só foram organizados a ciência moral que ensina a conhecer os
em 1803. deveres. A deontologia passou a indicar,
 Em 1803 Thomas Percival usou a em cada profissão, o conjunto de
expressão “ética médica” e “ética comportamentos úteis e oportunos que
profissional” em uma de suas obras e foi devem ser praticados por todos os seus
atribuído a ele a elaboração do primeiro membros.
código de ética médica, abordando a  O CEM é dividido em 4 pilares:
conduta médica nos diferentes espaços
1) Ética médica na prática: O documento pede
profissionais da época, a relação entre os
que médicos tomem decisões embasadas pelo
profissionais e com os pacientes.
conhecimento científico, sem deixar de lado a
 1867- O Brasil adotou o código de ética da
humanização no atendimento. Inclusão, zelo,
associação médica Americana. A primeira
honra e dignidade devem nortear as ações
versão do código de ética médica foi
desses profissionais.
publicada, de fato em 1988.
 O CEM mais atualizado é o de 2019. 2) Relação médico-paciente: Complexa, a
relação entre médico e paciente deve ser
Apresentação
construída sobre a confiança, sigilo
 O atual Código de Ética Médica adota o profissional, equidade, respeito à vida e
modelo principialista norte-americano autonomia do paciente.
como referencial ético, universalista,
- A confiança é relevante porque, durante o
baseado na autonomia, em descompasso
atendimento, médicos têm acesso a
com a emergente bioética latino-americana,
informações de saúde do paciente, que não
que tem como pressupostos teóricos a
podem ser compartilhadas sem autorização.
pluralidade dos sujeitos morais e a prática
Visando garantir esse direito do paciente, o
multi, inter e transdisciplinar, orientada
CFM criou o sigilo profissional.
para saúde pública e coletiva e defesa dos
mais vulnerados. - A equidade, que prevê tratamento igual para
 Paralelamente, reconhece-se, não sem todos os cidadãos.
conflitos, a afirmação dos direitos
individuais, em especial das mulheres e - O respeito à vida parte do pressuposto de que
crianças, e, no campo da saúde, o médicos não devem prejudicar pessoas
conscientemente.
surgimento da figura do paciente como
sujeito moral, não mais subordinado a - Já a autonomia do paciente é citada muitas
autoridade ou paternalismo do médico. vezes no decorrer do Código de Ética,
 As alterações da última atualização foram: garantindo que a opção por qualquer tratamento
Limites no uso das redes sociais por seja respeitada pelos médicos (citado sobre isso
médicos, que devem evitar a autopromoção na abertura).
e focar em publicações de cunho
informativo; Previsão do uso de meios 3) Relação entre médicos: A relação entre
técnicos e científicos disponíveis que visem colegas é tratada no Capítulo VII do Código,
aos melhores resultados como um dos que prevê colaboração e solidariedade em prol
princípios médicos fundamentais; da saúde. Um médico não pode descartar o
Exigência da não discriminação de médicos tratamento prescrito por outro, a não ser que
com deficiência, que poderão exercer a haja benefícios para o paciente. - A ideia é
profissão nos limites de suas capacidades, estabelecer limites para a disputa entre
desde que seja seguro para o paciente. médicos, de forma que não prejudique ou
exclua o paciente.
4) Relação entre médicos e a sociedade: permitir quaisquer restrições ou imposições
Médicos têm um grande propósito moral - que possam prejudicar a eficiência e a
cuidar da saúde de todos os cidadãos. - Ou seja, correção de seu trabalho.
o Código de Ética orienta que sejam feitas IX - A Medicina não pode, em nenhuma
ações visando não apenas o bem-estar de um circunstância ou forma, ser exercida como
paciente, e sim o bem-estar geral das pessoas – comércio.
inclusive daquelas que ainda vão nascer. X - O trabalho do médico não pode ser
explorado por terceiros com objetivos de
Princípios
lucro, finalidade política ou religiosa.
 Princípios: os princípios fundamentais não XI - O médico guardará sigilo a respeito das
podem ser utilizados para fins de punição. informações de que detenha conhecimento
São 26 princípios. no desempenho de suas funções, com
I-A medicina é uma profissão a serviço da exceção dos casos previstos em lei.
saúde do ser humano e da coletividade e XII - O médico empenhar-se-á pela melhor
será exercida sem discriminação de adequação do trabalho ao ser humano, pela
nenhuma natureza. eliminação e pelo controle dos riscos à
II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde inerentes às atividades laborais.
saúde do ser humano, em benefício da qual XIII - O médico comunicará às autoridades
deverá agir com o máximo de zelo e o competentes quaisquer formas de
melhor de sua capacidade profissional. deterioração do ecossistema, prejudiciais à
III - Para exercer a Medicina com honra e saúde e à vida.
dignidade, o médico necessita ter boas XIV - O médico empenhar-se-á em
condições de trabalho e ser remunerado de melhorar os padrões dos serviços médicos e
forma justa. em assumir sua responsabilidade em
IV - Ao médico cabe zelar e trabalhar pelo relação à saúde pública, à educação
perfeito desempenho ético da Medicina, sanitária e à legislação referente à saúde.
bem como pelo prestígio e bom conceito da XV - O médico será solidário com os
profissão. movimentos de defesa da dignidade
V - Compete ao médico aprimorar profissional, seja por remuneração digna e
continuamente seus conhecimentos e usar o justa, seja por condições de trabalho
melhor do progresso científico em compatíveis com o exercício ético-
benefício do paciente. profissional da Medicina e seu
VI - O médico guardará absoluto respeito aprimoramento técnico-científico.
pelo ser humano e atuará sempre em seu XVI - Nenhuma disposição estatutária ou
benefício. Jamais utilizará seus regimental de hospital ou de instituição,
conhecimentos para causar sofrimento pública ou privada, limitará a escolha, pelo
físico ou moral, para o extermínio do ser médico, dos meios cientificamente
humano ou para permitir e acobertar reconhecidos a serem praticados para o
tentativa contra sua dignidade e estabelecimento do diagnóstico e da
integridade. execução do tratamento, salvo quando em
VII - O médico exercerá sua profissão com benefício do paciente.
autonomia, não sendo obrigado a prestar XVII - As relações do médico com os
serviços que contrariem os ditames de sua demais profissionais devem basear-se no
consciência ou a quem não deseje, respeito mútuo, na liberdade e na
excetuadas as situações de ausência de independência de cada um, buscando
outro médico, em caso de urgência ou sempre o interesse e o bem-estar do
emergência, ou quando sua recusa possa paciente.
trazer danos à saúde do paciente. XVIII - O médico terá, para com os colegas,
VIII - O médico não pode, em nenhuma respeito, consideração e solidariedade, sem
circunstância ou sob nenhum pretexto, se eximir de denunciar atos que contrariem
renunciar à sua liberdade profissional, nem os postulados éticos.
XIX - O médico se responsabilizará, em deficiência ou de qualquer outra natureza.
caráter pessoal e nunca presumido, pelos II. -Indicar o procedimento adequado ao
seus atos profissionais, resultantes de paciente, observadas as práticas
relação particular de confiança e cientificamente reconhecidas e respeitada a
executados com diligência, competência e legislação vigente
prudência. III. -Apontar falhas em normas, contratos e
XX - A natureza personalíssima da atuação práticas internas das instituições em que
profissional do médico não caracteriza trabalhe quando as julgar indignas do
relação de consumo. exercício da profissão ou prejudiciais a si
XXI - No processo de tomada de decisões mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo
profissionais, de acordo com seus ditames comunicá-los ao CRM e comissão de ética
de consciência e as previsões legais, o da instituição.
médico aceitará as escolhas de seus IV. -Recusar a exercer sua profissão em
pacientes, relativas aos procedimentos instituição pública ou privada onde as
diagnósticos e terapêuticos por eles condições de trabalho não sejam dignas ou
expressos, desde que adequadas ao caso e possam prejudicar a própria saúde ou a do
cientificamente reconhecidas. paciente, bem como a dos demais
XXII - Nas situações clínicas irreversíveis profissionais. Nesse caso, comunicará com
e terminais, o médico evitará a realização justificativa e maior brevidade sua decisão
de procedimentos diagnósticos e ao diretor técnico, ao CRM e a comissão
terapêuticos desnecessários e propiciará aos ética da instituição.
pacientes sob sua atenção todos os cuidados V. -Suspender suas atividades,
paliativos apropriados. individualmente ou coletivamente, quando
XXIII - Quando envolvido na produção de a instituição pública ou privada para qual
conhecimento científico, o médico agirá trabalha não oferecer condições adequadas
com isenção e independência, visando ao para o exercício profissional ou não
maior benefício para os pacientes e a remunerar digna e justamente, ressalvadas
sociedade. as situações de urgência e emergência,
XXIV - Sempre que participar de pesquisas devendo comunicar ao conselho regional de
envolvendo seres humanos ou qualquer medicina.
animal, o médico respeitará as normas VI. -Internar e assistir seus pacientes em
éticas nacionais, bem como protegerá a hospitais privados e públicos com caráter
vulnerabilidade dos sujeitos da pesquisa. filantrópico ou não, ainda que não faça
XXV - Na aplicação dos conhecimentos parte do seu corpo clínico, respeitadas as
criados pelas novas tecnologias, normas técnicas aprovadas pelo conselho
considerando-se suas repercussões tanto regional de medicina.
nas gerações presentes quanto nas futuras, VII. -Requerer desagravo público ao
o médico zelará para que as pessoas não conselho regional de medicina quando
sejam discriminadas por nenhuma razão atingido no exercício de sua profissão.
vinculada a herança genética, protegendo as VIII. -Decidir, em qualquer circunstância,
em sua dignidade, identidade e integridade. levando em consideração sua experiência e
XXVI - A medicina será exercida com a capacidade profissional, o tempo a ser
utilização dos meios técnicos e científicos dedicado ao paciente sem permitir que o
disponíveis que visem aos melhores acúmulo de encargos ou de consultas venha
resultados. prejudicar seu trabalho
IX. -Recusar-se a realizar atos médicos que,
Direitos
embora permitidos por lei, sejam contrários
I-Exercer a medicina sem ser discriminado ao ditames de sua consciência.
por questões de religião, etnia, cor, sexo, X. -Estabelecer seus honorários de forma
orientação sexual, nacionalidade, idade. justa e digna
Condição social, opinião política,
 XI. -É direito do médico com deficiência ou controlado. - Todos os exercícios serão
com doença, nos limites de suas feitos sem prejudicar a sociedade no geral.
capacidades e da segurança dos pacientes,
Conhecer o código de ética medica do
exercer a profissão sem ser discriminado.
estudante de medicina e discutir os elementos
 O código de ética médica aborda, além dos
fundamentais desse documento.
direitos dos médicos e dos princípios
fundamentais a responsabilidade  A comissão para elaboração do código de
profissional, os direitos humanos, relação ética do estudante de medicina foi criada
com pacientes e familiares, doação e em 2016. Como o código de ética medica
transplante de órgãos e tecidos, relação não alcançava os estudantes, sentiu-se a
entre médicos, remuneração profissional, necessidade de criar esse código para que os
sigilo profissional, documentos médicos, estudantes possam ter uma melhor
auditoria e perícia médica, ensino e formação e fique mais atento aos princípios
pesquisa médica, publicidade médica. básicos na sua atividade profissional.
Importância Princípios fundamentais
 Importante instrumento de regulação das I - O estudante de medicina deve estar a serviço
profissões, orientando aqueles que atuam da saúde do ser humano e da coletividade,
no setor em questão agirem de forma exercendo suas atividades sem discriminação
honesta, correta e prudente. - Assim, as de nenhuma natureza.
chances de dano ao corpo profissional, ao
próprio indivíduo e a terceiros que estejam II - O alvo de toda a atenção do estudante de
relacionados com a atividade laboral são medicina é a saúde do ser humano, em
minimizadas. benefício da qual deverá agir com o máximo de
 Saber limites do uso das redes sociais: zelo e o melhor de sua capacidade intelectual.
Quando um médico desrespeita a dignidade III - A escolha pela medicina exige
de um ser humano no seu perfil em uma compromissos humanísticos e humanitários,
rede social, por exemplo, pode ser acusado com promoção e manutenção do bem-estar
de descumprimento ao disposto no Capítulo físico, mental e social dos indivíduos e da
IV, Art. 23. coletividade.
 Conhecimento dos seus deveres.Se esse IV - Compete ao estudante aprimorar
documento não existisse, qualquer pessoa continuamente seus conhecimentos e usar o
sem a qualificação necessária poderia atuar melhor do progresso científico e de sua
na medicina, colocando em risco a vida dos formação em benefício dos pacientes e da
pacientes em situações mais graves, como sociedade.
em casos de cirurgia.
 Saber como deve agir diante de questões V - O estudante de medicina guardará absoluto
consideradas polêmicas na sociedade como respeito pelo ser humano e atuará sempre em
aborto, eutanásia, manipulação genética. benefício deste com prudência, apresentando-
 Importante para agir de forma correta, sem se condignamente, cultivando hábitos e
que nenhum interesse pessoal venha a maneiras que façam ver ao paciente o interesse
intervir nas ações do médico. e o respeito de que ele é merecedor. Jamais
 As regras determinadas no manual são utilizará seus conhecimentos para causar
imprescindíveis para padronizar a atividade sofrimento físico ou moral, para o extermínio
médica. Elas garantem que os mesmos do ser humano ou para permitir e acobertar
procedimentos sejam realizados de forma tentativa contra sua dignidade e integridade.
igual em qualquer lugar do mundo. - Desta VI - Cabe ao estudante, dentro de sua formação
forma, os pacientes são tratados de maneira e possibilidade, contribuir para o
humanizada e com segurança, os desenvolvimento social, participando de
profissionais são protegidos e, o movimentos estudantis, organizações sociais,
desenvolvimento de estudos na Medicina,
sistema de saúde ou entidades médico- gerações presentes quanto nas futuras, o
acadêmicas. estudante deverá zelar para que as pessoas não
sejam discriminadas por nenhuma razão
VII - As atividades de graduação, baseadas em
vinculada a herança genética, condição social,
competências (conhecimentos, habilidades e
raça, etnia, orientação sexual, identidade de
atitude), têm por finalidade preparar
gênero, deficiências ou outras singularidades.
integralmente o estudante de medicina para o
futuro exercício da profissão médica. Essas XVI - O estudante de medicina deve, desde sua
atividades devem beneficiar o paciente, o graduação, conhecer, discutir com seus
estudante, a instituição de ensino e a sociedade, docentes e compreender como será sua vida
guardando respeito pelo ser humano. profissional de acordo com as normas, os
direitos e as obrigações do Código de ética
VIII - As atividades acadêmicas do estudante
médica que regulam o exercício da sua futura
não podem ser exploradas com objetivos de
profissão.
lucro, finalidade política ou religiosa.
XVII - O estudante de medicina não deve
IX - O estudante guardará sigilo a respeito das
aceitar ou contribuir com a mercantilização da
informações obtidas a partir da relação com os
medicina.
pacientes e com os serviços de saúde.
XVIII - O estudante de medicina deve conhecer
X - Cabe ao estudante empenhar-se em
e divulgar o seu Código a todos os demais
promover ações individuais e coletivas que
estudantes, professores, profissionais de saúde
visem melhorar o sistema e os serviços de
e sociedade civil.
saúde.
Pontos importantes
XI - O estudante buscará ser solidário com os
movimentos de defesa da dignidade  Relação do estudante com as
profissional médica, seja por remuneração instituições de ensino e de saúde: Fala
digna e justa, seja por condições de trabalho sobre as condutas de biossegurança que
compatíveis com o exercício ético-profissional o acadêmico deve portar, a
da medicina e seu aprimoramento técnico- identificação, vestimenta, os seus
científico. direitos, como a liberdade, apoio
psicossocial. O respeito com os
XII - O estudante terá, para com os colegas,
funcionários.
respeito, consideração e solidariedade, sem se
 Relação do estudante com o cadáver:
eximir de apontar aos seus responsáveis
Inclui o respeito.
(professores, tutores, preceptores, orientadores)
 Relações interpessoais do estudante:
atos que contrariem os postulados éticos
Como o direito de participar de
previstos neste Código.
recepções, organizar associações
XIII - Quando envolvido na produção de estudantis, se posicionar contra
conhecimento científico, o estudante de qualquer tipo de assedio. O respeito
medicina agirá com isenção e independência, entre as faculdades e os colegas. Ter o
para um maior benefício aos pacientes e à reconhecimento em publicações
sociedade. cientificas. Demonstrar empatia e
respeito pelo paciente.
XIV - Os estudantes de medicina envolvidos  Responsabilidade do estudante com os
em pesquisas científicas devem respeitar os seus estudos/formação: Como não
princípios éticos e as disposições encontradas poder receber salário pelo exercício da
nas diretrizes e normas brasileiras atividade acadêmica. Construir um
regulamentadoras de pesquisas envolvendo currículo que valoriza o processo de
animais e seres humanos. reflexão crítica e humanística no
XV - Na aplicação dos novos conhecimentos, ensino. Valorizar a compreensão do
considerandose suas repercussões tanto nas processo saúde-doença.
  Relação do estudante com a sociedade: permitir que motivos de lucros o
Defender o acesso universal a saúde, influenciem, o médico deve prestar serviço
agir de forma solidaria. Deve avisar o com compaixão, respeito e dignidade
médico sobre recusa de atendimento. humana, o médico deve lidar honestamente
 Relação do estudante com a equipe com pacientes e recatar médicos com falha
multiprofissional: Deve-se relacionar de caráter e deficiência na competência
de maneira respeitosa e integrada, profissional, sendo antiético publicidade
respeitar a atuação de cada profissional. feita médico, taxa extra de paciente, o
Deve entender a importância de médico deve respeitar os direitos dos
participar de atividades pacientes, agir apenas no interesse do
multiprofissionais. paciente, ter cautela ao divulgar novas
técnicas ou tratamentos, o médico deve
Importância
certificar apenas o que verificou
 A importância de um código de ética para pessoalmente.
estudantes de medicina vai além do  Além disso, o médico deve sempre se
estímulo à prevenção do exercício ilegal da lembrar de preservar a vida humana, prestar
medicina por estudantes, incidindo também ao paciente todos os recursos e lealdade,
na humanização do futuro médico, que por guardar sigilo. O médico não deve atrair
meio deste instrumento absorverá os pacientes dos seus colegas e tem que tratar
princípios e diretrizes voltados ao exercício seus colegas como gostariam de ser
cidadão da medicina. tratados.
 O estabelecimento de um código de ética do
Compreender a insuficiência das leis e dos
estudante de medicina (CEEM) é também
códigos acerca da realidade e a necessidade do
fundamental para impedir que estudantes
cultivo de uma ética pessoal elevada que afete
realizem ou participem de pesquisas
efetivamente a nossa pratica medica.
envolvendo seres humanos e que
desrespeitem as normativas éticas vigentes  As leis e os códigos em sua maioria não só
no país, como, por exemplo, deixar de tem como a necessidade a regulamentação
submeter um protocolo de pesquisa à da profissão médica como também faz com
análise de um comitê de ética em pesquisa que seja apenas proibição de
(CEP) conforme orienta o Conselho comportamentos dos médicos, mesmo com
Nacional de Saúde por meio da Resolução as atualizações, na maioria das vezes não é
CNS 196/96 7. dada a devida importância com o
 Com a criação de um código de ética profissional como pessoa. Os códigos e as
unificado, os pacientes, que muitas vezes leis não trazem respostas para todas as
nem sabem estar sendo atendidos por dúvidas, uma vez que são acúmulos de
estudantes, ficarão mais resguardados da vivencias passadas, por isso, eles podem ser
possibilidade do exercício ilegal da modificados.
medicina por estudantes, sendo  Para uma formação médica efetiva não é
fundamentais a educação e o controle social preciso apenas seguir o código de ética
ministrados por discentes e docentes médica, uma vez que ele tem apenas regras
durante a formação acadêmica e penalidades, é preciso também que o
médico/estudante tenha uma formação ética
Conhecer o código internacional de ética
pessoal adequada, uma vez que cada pessoa
medica e discutindo os elementos fundamentais
tenha seus valores com base nas suas
desse documento.
experiências pessoais, por isso, é necessário
 O código de ética médica internacional de que ele durante o tenha a prática de debates
1949 teve como local de assinatura e estudos para que os valores possam ser
Londres. Nesse código é relatado alguns refletidos de acordo com a prática médica,
deveres dos médicos, como o de manter o para que o profissional não fique enraizado
mais alto nível de conduta profissional. Não
 apenas a leis e código e tenha a formação  Na primeira parte, ou Livro I, “Sobre
dos seus valores como um profissional. Deus”, Spinoza aborda as questões centrais
da metafísica: Deus, a substância, seus
Apresentar algumas das diferentes
modos e atributos. O Deus de Spinoza não
contribuições teóricas para o campo da ética
é, contudo, o Deus criador e transcendente
feita por pensadores ocidentais, orientais,
da tradição religiosa, mas um princípio
africanos e ameríndios citados no problema.
metafísico que, em sua famosa expressão,
Spinoza coincide com a própria realidade: “Deus
sive natura”, isto é, Deus ou a natureza.
Deus é assim a substância infinita e a causa
primeira.
 Na segunda parte, ou Livro II, “Sobre a
natureza e a origem da alma (Mentis)”,
Spinoza trata do problema do
conhecimento, examinando a questão da
relação entre a alma e o corpo e a
 Benedito, ou Baruch, de Spinoza (1632- possibilidade de conhecermos a realidade
677), um dos filósofos mais originais de sua através de nossas ideias.
época, nasceu e viveu em Amsterdam, na  Na terceira parte, ou Livro III, “Sobre a
Holanda, e pertencia a uma família judaica natureza e a origem das afecções”, temos a
de origem portuguesa. formulação dos primeiros princípios da
 Ética, demonstrada à maneira dos ética de Spinoza na análise que faz da
geômetras, escrito originariamente em natureza humana.
latim, entre 1661 e 1673, e publicado  Na quarta parte, ou Livro IV, “Sobre a
apenas após sua morte, é um texto de servidão humana, ou Sobre as forças das
grande originalidade. Não se trata de um afecções”, Spinoza extrai as consequências
simples tratado de ética, mas de uma obra éticas de sua concepção da natureza
de metafísica que parte da ontologia e humana, examina a questão da liberdade,
desenvolve uma teoria sobre a natureza do autocontrole e os conceitos de bem e mal
humana e o fim último do homem: a em relação à natureza humana.
beatitude. Articula assim de forma  Na quinta parte, ou Livro V, “Sobre as
integrada a metafísica, o conhecimento, a potências do intelecto, ou Sobre a liberdade
antropologia filosófica e a moral. humana”, o filósofo defende uma ética
 A Ética é escrita segundo o método racionalista e uma concepção de felicidade
geométrico (more geometrico). É inspirada, que consiste no “amor intelectual de Deus”,
portanto, na geometria de Euclides, entendido como o reconhecimento do lugar
considerada na época um modelo de ciência do indivíduo no Universo.
e de pensamento rigoroso. Começa com  No livro IV ele define o bem e o mal, sendo
definições e axiomas, formula proposições o bem algo útil e o mal impede o bem. As
e demonstrações com base nesses axiomas, boas afecções são aquelas que contribuem
seguindo o método dedutivo, e examina as para o desenvolvimento da natureza
consequências dessas demonstrações em humana, que aumentam a potência do ser
seus corolários e escólios. humano. O homem livre é aquele que busca
 Trata-se, portanto, de uma obra bastante o bem e evita o mal.
sistemática, em que os conceitos definidos  A virtude é definida como aquilo que
são empregados com rigor e em que as contribui para o ser humano conservar o seu
consequências dessas definições são ser, ou seja, para a sua autopreservação. A
extraídas através de um processo lógico. virtude é a própria potência do homem, que
 Cada parte desse sistema se integra às se define exclusivamente pela essência dele
demais e é necessário compreendê-lo como que se define exclusivamente pelo esforço
um todo articulado. que o homem faz para perseverar em seu
ser. Logo, quanto mais alguém se empenha portanto, herdadas da tradição grega e
em conservar seu ser e tem poder para tal, tratadas com base nos ensinamentos do
mais é dotado de virtude. cristianismo. Dentre suas bases sobre
ética, destacam-se duas:
Santo Agostinho
A primeira: problema da origem do
Mal. Como é possível a existência do
Mal? Teria o Deus sumamente bom
criado o Mal? A doutrina maniqueísta
defendia a existência de dois princípios
equivalentes, o Bem e o Mal, em luta
permanente (Deus e o Demônio). Santo
Agostinho, inspirado em Platão,
 Nascimento e vida: nasceu em 354 d.C. defende que só o Bem existe, sendo o
em Tagaste, situada (norte da África Mal apenas a ausência, ou privação, do
onde hoje é a Argélia). Era uma cidade Bem. Deus, o Ser Perfeito, é sumamente
cobiçada pela plantação de olivas, trigo Bom, mas os seres criados, inferiores na
e pela exportação de mármore e peles. ordem do Ser, são imperfeitos e finitos,
Filho de Santa Mônica e de Patrício. perecíveis. O Mal se origina como
Cresceu recebendo a doutrina cristã mas falha, imperfeição.
era muito inteligente e tinha A segunda: A liberdade Humana.
pensamentos próprios de oratória (era Basicamente, o ser humano nasce com
professor de retórica). Sempre foi muito a marca do pecado original, cometido
questionador e escrevia muito. Passou por Adão e Eva. Essa marca de fraqueza
por várias doutrinas (maniqueísmo). faz com que o ser humano esteja sujeito
Tinha uma vida boêmia e foi à tentação e aja contrariamente à lei
convertido. É considerado o segundo moral. Então, haveria um determinismo
santo que com seu pensamento que tornaria inevitável o pecado e, por
influenciou e transformou a história da conseguinte, a ação antiética. Sendo
Igreja Católica. Aos 17 anos, Santo assim, os indivíduos não seriam
Agostinho foi para a cidade de Cartago responsáveis por seus atos, já que são
estudar retórica (era a maior cidade de levados ao pecado pela própria falha de
ocidente depois de Roma). Era o centro sua natureza. Neste sentido, não teriam
administrativo, a cidade estratégica. o domínio de suas ações, pois suas
 Contexto Histórico: Tagaste, na época atitudes seriam determinadas por esta
em que Santo Agostinho viveu, era uma falha. O ser humano é, assim,
província romana. O Santo viveu na compelido a agir contrariamente à ética.
Idade média, no fim do Império O livre arbítrio, ou liberdade individual,
Romano, época conturbada pela é, segundo Santo Agostinho, a
intensificação das invasões bárbaras. A característica do ser humano que o torna
corrente filosófica principal da época responsável por suas escolhas e
era a Patrística que buscava decisões. Por isso, pode-se agir de
principalmente relacionar a fé e a razão forma ética ou não. O pecado, ou o mal
e a existência e a natureza de Deus.  moral, resulta assim de uma escolha. A
 Ética conceito: A ética de santo possibilidade de escolher nos é dada por
Agostinho resulta de uma releitura das Deus para que cada um seja responsável
principais teorias éticas de origem grega por seus atos, sejam eles errados ou
e romana. O platonismo, sobretudo, corretos.
discutido à luz da doutrina cristã, que
constitui o pano de fundo filosófico do
seu pensamento. As principais questões
éticas que santo Agostinho discute são,
 Referencias:
 Testos básicos de ética, de Platão a  Código de ética do estudante de
Foucault – Danilo Marcondes – 4ª medicina – 2018
edição, editora zahar.  Revista Noções de ética no serviço
 Código de ética médica – Edimilson de público – Leandro Bortoleto – 2ª
Almeida Barros Junior – 2018. edição.