A Origem de Instrumentais Cirúrgicos e Seus Inven - 230711 - 062306
A Origem de Instrumentais Cirúrgicos e Seus Inven - 230711 - 062306
A Origem de Instrumentais Cirúrgicos e Seus Inven - 230711 - 062306
A ORIGEM DE
INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS
E SEUS INVENTORES
Editora Pascal
2022
2022 - Copyright© da Editora Pascal
Revisão: Os autores
Conselho Editorial
Drª. Mireilly Marques Resende
Drª. Helone Eloisa Frazão Guimarães
Drª. Eliane Rosa da Silva Dilkin
Drª. Samantha Ariadne Alves de Freitas
Dr. Aruanã Joaquim Matheus Costa Rodrigues Pinheiro
S586c
Coletânea A origem de instrumentais cirúrgicos e seus inventores /Hárinna Carla
Oliveira da Silva, Marcus Vinicius Henriques Brito e Ivete Furtado Ribeiro Caldas
(Orgs.). São Luís - Editora Pascal, 2022.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são
2022
www.editorapascal.com.br
[email protected]
APRESENTAÇÃO
O termo instrumento é utilizado para nomear cada peça, e o conjunto dessas peças é
chamado de instrumental. No modernismo e com as especialidades distintas de cirurgiões
que foram surgindo, houve a criação de novos designs de instrumentos cirúrgicos para
atender as necessidades dos especialistas.
É incontável o número de instrumentos cirúrgicos, ao longo dos anos foram criados muitos
instrumentos e que quase sempre levam o nome de seus inventores, e muitas vezes o que
se diferencia entre si são detalhes, fazendo com que exista muitos instrumentais com a
mesma função, porém com nomes diferentes.
Diariamente instrumentais com o mesmo nome são utilizados por enfermeiros, instru-
mentadores, médicos cirurgiões, cirurgiões dentistas, mas que desconhecem a origem e
a história por trás de seu nome. Séculos de história cirúrgica se perdem ao negligenciar
este conhecimento e pela ausência de disciplina da história de medicina nas grades curri-
culares os epônimos cirúrgicos permanecem desconhecidos, tornando-se difícil encontrar
materiais sobre o tema, devido à ausência de registros e pesquisas.
Neste livro você conhecerá a história de instrumentais cirúrgicos, através de uma breve
biografia dos cirurgiões que o inventaram, trazendo assim a explicação de seu nome, re-
lembrando histórias de vida e enriquecendo a compreensão histórica de nossa profissão.
Desejamos que este livro desperte a importância da compreensão dos epônimos, manten-
do a história do tempo presente e honrando aqueles que nos antecederam e contribuíram
para a evolução da medicina.
“Um povo que não conhece sua História está fadado a repeti-la.”
Edmund Burke
D edico este livro primeiramente a Deus, que me honra com sua presença em minha
vida, que no secreto quando muitas vezes paralisei e pensei que não conseguiria,
me amparou e me deu forças para continuar. Aos meus pais Ana e Carlos, que sempre
se esforçaram em proporcionar estudo aos seus filhos, sendo o conhecimento a maior a
riqueza que poderiam nos deixar. Ao meu irmão Caio, ao qual tenho o elo mais lindo de
irmandade e a quem sempre busco ser o melhor exemplo no que se refere a estudo e
tenho conseguido, será o próximo mestre na família. Aos mestres e doutores que estão
presentes em minha vida, seja na academia ou círculo de amizade, saibam que vocês
inspiram e estimulam pessoas a quererem ir além da graduação e mergulhar no universo
do ensino e pesquisa. Aos meus colegas de turma do mestrado, a nossa força e união fo-
ram primordiais ao longo desses anos, desconheço uma turma mais dedicada e unida, fiz
amigos para a vida. Agradeço a todos que acreditaram e me apoiaram nessa trajetória.
ORGANIZADORES
Cirurgiã dentista. Graduada pelo Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos/Por-
to Nacional/TO. Especialização em Saúde Pública pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVE-
NI), aperfeiçoamento estético em soluções diretas e indiretas pelo Instituto de Pesquisa e Ensino
do Tocantins (IPÊ), atualização em instrumentação rotatória e reciprocante de canais radiculares
(ENDOLORDS). Atualmente é odontóloga na MASTER CLIN em Colinas do Tocantins, Servidora pú-
blica na Unidade Básica de Saúde Nair Ferreira em Colinas/TO e Mestranda em Cirurgia e Pesquisa
Experimental na Universidade do Estado do Pará.
Fisioterapeuta. Mestre pela UEPA em Cirurgia e Pesquisa Experimental, Mestre pela SOBRATI em
Terapia Intensiva, possui título de especialista em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica pelo CO-
FFITO, título de especialista em Terapia Intensiva Adulto pelo COFFITO, fisioterapeuta do Hospital
Materno Infantil em Marabá / PA (coordenação de Fisioterapia da UTI neo) e Hospital Regional Pú-
blico do Sudeste do Pará Dr. Geraldo Veloso. Tem experiência na área de Fisioterapia com ênfase
em Fisioterapia hospitalar / UTI adulto, neonatal, pediátrica, urgência e emergência, atendimento
obstétrico, gestão e docência, atuando principalmente nos seguintes temas: neonato, terapia in-
tensiva, fisioterapia, gestão e inovação cirúrgica.
Farmacêutico. Graduado pela Universidade Federal do Pará (2004), mestrado em Ciências Far-
macêuticas pela Universidade Federal do Pará (2008) e doutorado em Biotecnologia pela Univer-
sidade Federal do Pará (2016). Atualmente é professor assistente IV da Universidade do Estado
do Pará. Docente do Programa de Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental do
CCBS/UEPA. Membro do Banco de Avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Su-
perior – BASis (MEC).
Graduada em farmácia generalista pela FIMCA - Faculdades Integradas Aparício Carvalho (2012),
Especialista em farmácia clínica estética - Nepuga (2016). Proprietária da empresa Farmaclinic
(2020). Professora em pós-graduação no INCAR- Instituto Carlos Chagas, coordenadora de pós-
-graduação em harmonização corporal e facial UNESCA - Unidade de Ensino do Carajás. Mestran-
da pelo Programa de Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) pela universidade estadual do Pará
(UEPA).
Graduanda do curso de Medicina na Universidade do Estado do Pará (UEPA), campus VIII. Moni-
tora Voluntária do Departamento de Morfologia e de Ciências Fisiológicas da UEPA na disciplina de
farmacologia. Diretora de marketing da Liga Acadêmica de Cardiologia de Marabá (LAMAC), secre-
tária da Liga Acadêmica Marabaense de Pediatria (LAMPED) e diretora de pesquisa da Liga Acadê-
mica Marabaense de Ginecologia e Obstetrícia (LIMGO). É membro-ligante da Liga de Neurologia
Clínica de Marabá (LANEURO). Faz parte do Centro Acadêmico de Medicina de Marabá (CAMMAB).
Membro do grupo de pesquisa certificado pelo CNPq Saúde e Interdisciplinaridade na Amazônia e
do Laboratório de Desenvolvimento Infantil (LADIN)..
Graduanda do curso de Medicina na Universidade do Estado do Pará (UEPA), campus VIII. Diretora
de Iniciação Científica da Liga Acadêmica de Cirurgia de Marabá (LACiM), diretora de Marketing
da Liga Acadêmica Marabaense de Pediatria (LAMPED) e diretora de ensino da Liga Acadêmica
Marabaense de Ginecologia e Obstetrícia (LIMGO). Faz parte do Centro Acadêmico de Medicina de
Marabá (CAMMAB). É membro do grupo de pesquisa certificado pelo CNPq Saúde e Interdiscipli-
naridade na Amazônia e do Laboratório de Desenvolvimento Infantil (LADIN).
Graduando do curso de medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Membro da Liga Aca-
dêmica de Otorrinolaringologia de Marabá (LIOTO).
Enfermeira. Formada pela Faculdade dos Carajás Marabá –PA, Vice-Diretora de Liga Organizada
de Apoio à Diversidade Sexual e Identidade de Gênero – Faculdade Carajás, Membro do Grupo de
Pesquisa Assistência, Clínica, Epidemiológica de AVC em Marabá – Faculdade Carajás, Professora
na Escola Técnica Especializada Imperador 2021-2022 e Pós-graduanda/ Lato sensu: Enfermagem
em Urgência e Emergência – Cursando pela Faculdade Venda Nova Imigrante.
Graduanda do curso de medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Membro da Liga Aca-
dêmica de Otorrinolaringologia de Marabá (LIOTO).
Médica Neurologista. Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Espe-
cialização em Neurologia (UniRio) e Neurocirurgia (Hospital Geral de Bonsucesso/RJ). Docente
da Universidade do Estado do Pará (UEPA)/Campus Marabá. Docente da Faculdade de Ciências
Médicas do Pará (FACIMPA).
Médico. Mestre em Cirurgia pela Universidade Estadual de Campinas (1988) e Doutor em Cirur-
gia pela Universidade Estadual de Campinas (2005). Atualmente é coordenador clínico - Nutrir
Prestadora de Serviços Médicos Ltda. e Coordenador da EMTN (Equipe Multidisciplinar de Terapia
Nutricional) e Professor Adjunto IV da Universidade Estadual do Pará (UEPA). Epecialista em Gas-
troenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia. Especialista em Terapia Nutricional
Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral . Especialista em Terapia
Nutricional e Nutrição Clínica pelo GANEP/ Anhembi Morumbi. Docente Permanente do Mestrado
Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental (UEPA).
Farmacêutica. Especialista em Farmácia Magistral pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Mestre
em Farmacologia pela Universidade de São Paulo (USP). Doutora em Farmacologia pela Universi-
dade Federal de São Paulo (UNIFESP). Docente da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Pro-
fessora do Programa de Mestrado em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE) da Universidade do
Estado do Pará (UEPA). Coordenadora do Laboratório de Farmacologia Clínica e Morfofuncional da
Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus VIII.
Sandro Percário
Possui graduação em Ciências Biológicas - Modalidade Médica pela Escola Paulista de Medicina
(1989), mestrado em Morfologia pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP (1995), tendo
desenvolvido a parte experimental do estudo no Hospital Saint Michael’s da Universidade de To-
ronto - Canadá. É Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (2000). Obteve o
título de Livre-Docente em Ciências pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (2009).
Realizou Pós-Doutoramento no US Centers for Disease Control and Prevention (CDC/Atlanta-USA)
estudando alterações oxidativas em vetores da malária. É Professor Associado IV do Instituto de
Ciências Biológicas- ICB da Universidade Federal do Pará - UFPA. É orientador de Teses no Progra-
ma de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte, no qual é o Coordena-
dor Geral (2022-2026). Coordena o Laboratório de Pesquisas em Estresse Oxidativo do ICB/UFPA.
Graduando do curso de Medicina na Universidade do Estado do Pará (UEPA), campus VIII. É mem-
bro do grupo de pesquisa certificado pelo CNPq Saúde e Interdisciplinaridade na Amazônia e do
Laboratório de Desenvolvimento Infantil (LADIN)..
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1............................................................................................................ 13
d.o.i.: 10.29327/568412.1-1
CAPÍTULO 2............................................................................................................ 16
d.o.i.: 10.29327/568412.1-2
CAPÍTULO 3............................................................................................................ 22
d.o.i.: 10.29327/568412.1-3
CAPÍTULO 4............................................................................................................ 25
INSTRUMENTAIS DE DIÉRESE
Hárinna Carla Oliveira da Silva
Rennan Adonis Pinheiro da Silva
Marcus Vinicius Henriques Brito
Mariseth Carvalho de Andrade
d.o.i.: 10.29327/568412.1-4
CAPÍTULO 5............................................................................................................ 34
INSTRUMENTAIS DE HEMOSTASIA
Jéssica da Cruz Santos
Hárinna Carla Oliveira da Silva
Karla Fadiny Freire Gomes de Almeida
Mariana Reis Soares
Priscila Xavier de Araújo
d.o.i.: 10.29327/568412.1-5
CAPÍTULO 6............................................................................................................ 48
INSTRUMENTAIS DE EXÉRESE
Jéssica da Cruz Santos
Hárinna Carla Oliveira da Silva
Anny Gabriele Pereira de Oliveira
Anderson de Bentes Lima
d.o.i.: 10.29327/568412.1-6
CAPÍTULO 7............................................................................................................ 61
INSTRUMENTAIS DE SÍNTESE
Allyne Wanderley Lima
Mauro de Souza Pantoja
Hárinna Carla Oliveira da Silva
d.o.i.: 10.29327/568412.1-7
CAPÍTULO 8............................................................................................................ 70
d.o.i.: 10.29327/568412.1-8
CAPÍTULO 9............................................................................................................ 79
d.o.i.: 10.29327/568412.1-9
d.o.i.: 10.29327/568412.1-10
CAPÍTULO 1
CONTEXTUALIZANDO EPÔNIMOS NA
SAÚDE
1. Definição de epônimos
São considerados parte da tradição, cultura e história da Medicina. Para Werneck &
Batigáli (2011) os epônimos nos conectam com as mentes notáveis do passado, uma for-
ma de homenagem, dando sentido histórico no seu uso, foram sendo inseridos no dia a
dia ao longo dos anos nomeando doenças como a doença de Lou Gehrig, a tipos de fratura
como a de Pott, a síndrome como a de Munchausen, e outros (DIRCKX, 2001; FERGUSON
& THOMAS, 2014).
Estão inseridos em diversas áreas, no estudo da anatomia do corpo humano, nas áreas
cirúrgicas, na descrição de patologias e condições clínicas, assim como de nomes de proces-
sos, um exemplo do primeiro tipo de epônimos é a palavra “pasteurização”, obviamente, a
palavra originou-se do nome do grande cientista francês Louis Pasteur (KUCHARZ, 2020).
Ainda de acordo com Mcnulty e colaboradores (2021), até o século 18, o prestígio as-
sociado ao epônimo anatômico tiveram forte influência por status, política ou sorte. Até o
século 19, 5.000 estruturas anatômicas tinham um total combinado de 50.000 epônimos
e nomes sinônimos. O esfíncter de Oddi, que é o esfíncter muscular comum da árvore
pancreatobiliar, tem em seu nome um epônimo, por exemplo, que teve sua origem do
médico italiano Ruggero Oddi (1864–1913) que o descreveu em sua tese de doutorado
(KANNE; ROHRMANN; LICHTENSTEIN, 2006).
Sarcoma de Kaposi, Nódulo da Irmã Mary Joseph, Sinal de Trousseau de malignidade, Sín-
drome de Lynch são epônimos comuns na prática de oncologia médica (KUMAR et al., 2022).
Existe forte discussão para o não uso desses termos, fundamentado no argumento
de facilitar o ensino na área da saúde.
REFERÊNCIAS
BURAIMOH, M. A. et al. Eponymous Instruments in Orthopaedic Surgery. The Iowa orthopaedic journal,
v. 37, pages 211–217, 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28852360/. Acesso em: 20
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DIRCKX, J. H. The synthetic genitive in medical eponyms: Is it doomed to extinction? Panace@ - Boletín
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The synthetic genitive in medical eponyms: Is it doomed to extinction? (journaldatabase.info). Acesso em:
20 de abr. 2022.
FERGUSON, R. P., THOMAS, D. Medical eponyms. Journal of Community Hospital Internal Medicine
Perspectives, vol.4:3, 25046, 2014.
KANNE, P. J. et al. Eponyms in Radiology of the Digestive Tract: Historical Perspectives and Imaging Appe-
arances. RadioGraphics, v. 26:2, pages 465-480, march/april 2006.
KUCHARZ, E. Medical eponyms from linguistic and historical points of view. Reumatologia/Rheumatolo-
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KUMAR, P. et al. Eponyms in Medical Oncology. Cancer Treatment and Research Communications, p.
100516, 2022. https://doi.org/10.1016/j.ctarc.2022.100516
MCNULTY, M. A.;WISNER, R. L.;MEYER, A. J.NOMENs land: The place of eponyms in the anatomy clas-
sroom.Anatomical Sciences Education, v. 14, pág.847–852, november/december 2021.https://doi.
org/10.1002/ase.2108
RASTEAU, S. et al. De l’histoire des chirurgiens cachés derrière nos instruments du quotidien. Partie 3:
ciseaux [About history of surgeons hidden behind our daily surgical instruments: Scissors]. Annales de
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SILVA, F. M.; SILVESTRE, R. C.; PIRES, J. G. P. O Uso de Epônimos na Prática Médica. Mirabilia Medicinae,
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WERNECK, A. L., BATIGÁLIA. Epônimos anatômicos em Cardiologia dos anos 60 ao século XXI. Revista
Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, v. 26 (1), março 2011.
Editora Pascal 15
CAPÍTULO 2
A história da cirurgia pode ser interpretada através da história das descobertas que
propiciaram maiores avanços da técnica cirúrgica, começando pelos avanços na
anatomia.
1. Anatomia humana
Em 1564 é publicado o livro Dix Livres de la Chirurgie avec le Magasin des Instru-
ments Necessaires à Icelle do cirurgião francês Ambroise Paré, que revolucionária as
técnicas de hemostasia ao propor a ligadura individual dos vasos sanguíneos ao invés da
ligadura em massa de tecido ou da cauterização com óleo quente.
Figura 2. Instrumentos de hemostasia.
Editora Pascal 17
Capítulo 2
3. Fisiopatologia
Durante o século XVIII são grandes os avanços das bases fisiopatológicas das doen-
ças cirúrgicas, impulsionados pelos estudos empíricos em animais conduzidos pelo cien-
tista e cirurgião inglês John Hunter, representados por sua obra prima A Treatise on the
Blood, Inflammation, and Gun-Shot Wounds (1794).
4. Anestesia
Por muito tempo, sem a capacidade efetiva de retirar a dor, os cirurgiões priorizavam
a velocidade da realização do procedimento e a sua eficácia clínica. Até então, os cirurgi-
ões tinham à disposição apenas haxixe, mandrágora e ópio. É por volta de 1930 que são
descobertos o clorofórmio, o éter e o óxido nitroso, e em 16 de outubro de 1846 o dentista
William T.G. Morton convence o cirurgião John Collins Warren a utilizar pela primeira vez
o éter em uma cirurgia para a remoção indolor de um pequeno tumor vascular congênito
do pescoço. Uma revolução na cirurgia que foi rapidamente e amplamente aceita e mudou
a visão que tinham os pacientes da cirurgia, reduzindo o medo que tinham do bisturi.
Figura 3. O primeiro uso do éter em uma cirurgia dental, 1846
5. Antissepsia e assepsia
6. Raio X
Fonte: picture-alliance/prismaarchivo.
7. Ciência
Editora Pascal 19
Capítulo 2
8. Transplante
Luther Hill, em 1940, desenvolve a sutura cardíaca. Dwight Harken, Charles Bailey
e Brock Russell começaram a expandir a cirurgia intracardíaca desenvolvendo operações
para o alívio da estenose valvar mitral. John Gibbon realiza a primeira operação bem-su-
cedida de coração aberto em 1953, ao projetar uma máquina que substituía o trabalho do
coração e pulmões, bombeando sangue rico em oxigênio enquanto o paciente estivesse
sob anestesia. Durante a segunda metade do século XX com a evolução das técnicas cirúr-
gicas ocorre a mudança do paradigma da cirurgia de excisão e o reparo para reconstrução
e transplante. Alexis Carrel desenvolve novas técnicas de sutura que permitem anasto-
mosar o menor dos vasos sanguíneos. Em animais de experimentação, Carrel começou a
transplantar rins, corações e baços, entretanto algo até então desconhecido levava sem-
pre à rejeição do órgão transplantado. Com a descoberta de reações imunes defensivas
subjacentes, foi possível a criação de métodos de imunossupressão para possibilitar que
o hospedeiro aceitasse o transplante, como exemplo fármacos imunossupressores de alta
potência e outras modalidades modernas, o transplante de rim tornou-se possível, segui-
do de muitos outros, com um ponto alto no primeiro transplante de coração bem-sucedido
em 1967 pelas mãos do cirurgião Christiaan Barnard.
Figura 5. Primeiro transplante de coração, 1967
REFERÊNCIAS
ERNEST BOARD. The first use of ether in dental surgery, 1846. Oil painting by Ernest Board, c. 1912.
Illustrates the first use of ether as an anaesthetic in 1846 by the dental surgeon W.T.G. Morton (1819-
1868). Disponível em: https://www.europeana.eu/pt/item/9200579/nyt37bss. Acesso em: 17 jul. 2022.
PARÉ, Ambroise. Dix Livres de la Chirurgie avec le Magasin des Instruments Necessaires à Icell.
1564.
PEREIRA, D.L. O Dr. Christian Barnard realiza o 1º transplante de coração. 1967. Cais da Memória,
2017. Disponível em: https://caisdamemoria.wordpress.com/2017/12/03/o-dr-christian-barnard-realiza-o-
-1o-transplante-de-coracao/. Acesso em: 17 jul. 2022.
TOWNSEND, Courtney M. et al. Sabiston textbook of surgery E-book. Elsevier Health Sciences, 2016.
Editora Pascal 21
CAPÍTULO 3
ORIGEM DE INSTRUMENTAIS
CIRÚRGICOS
Editora Pascal 23
Capítulo 3
A classificação geral dos instrumentos é feita de acordo com a sua função, logo são
divididos de acordo com os tempos cirúrgicos em diérese, hemostasia, síntese e auxilia-
res. Os auxiliares são os que mais diferem em relação a sua anatomia já que são utili-
zados para operações mais específicas, como realizar a exérese de uma peça anatômica
(TAKACHI et al., 2011). Além do aspecto funcional, a nomenclatura dessas ferramentas
também pode ser em homenagem ao seu idealizador, assim como pode ser nomeado pela
sua aparência ou por um apelido que ele tenha recebido ao longo do tempo (PHILLIPS,
2018).
Deve-se ter alguns cuidados da instrumentação cirúrgica com a limpeza, com o ar-
mazenamento e com o uso e manuseio. Antes de utilizá-los no paciente, todos os instru-
mentos devem ser limpos, lubrificados e esterilizados. Alguns agentes de limpeza (ex.:
hipoclorito de sódio) podem corroer a superfície dos utensílios, logo devem ser evitados.
A busca por enferrujamentos, perfurações e/ou áreas de corrosão é necessária para que
eles sejam substituídos já que podem oferecer risco aos pacientes. O manuseio inade-
quado das ferramentas pode levar a defeitos em juntas por exemplo, assim como o uso
para um objetivo diferente do proposto pode alterar superfícies de corte de uma tesoura
(PHILLIPS, 2018).
REFERÊNCIAS
FONSECA, Ariadne da Silva; EID, Lucia Milito; MELARAGNO, Ana Lygia Pires; REIS, Fabiana dos. Instru-
mentação Cirúrgica. São Paulo: Martinari, 2018.
LOPES, Marcella Macedo de C.; MAINIER, Fernando B.; TAVARES, Sérgio S. M. Análise da qualidade de ins-
trumentais cirúrgicos disponíveis no mercado. INTERCOOR 2012, Salvador (BA), maio, 2012.
TAKACHI, Moriya; VICENTE, Yvone A. Morais V. de Andrade; TAZIMA, Maria de Fátima G. Sorita. Instru-
mental Cirúrgico. Medicina (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto (SP), v. 44, n. 1, p. 18-32, fevereiro, 2011.
INSTRUMENTAIS DE DIÉRESE
1. Introdução
Diéresis é um termo derivado das palavras latinas (diérese) e gregas (diérese) que
significam divisão, corte, seção, divisão, divisão. Pode ser definida como a ação do cirur-
gião resultando em uma solução muscular contínua, ou uma forma de atingir as cavidades
anatômicas, órgãos e tecidos.
2. Divulsão - Nesse tipo de diérese, o cirurgião retira o tecido sem isolá-lo, aprovei-
tando um plano de clivagem ou sua constituição fascinante, como o tecido mus-
cular.
3. Punção - É uma forma muito simples de diátese, realizada com agulha ou trocarte
que penetra nos tecidos e paredes que dão acesso às fossetas, separando-as sem
separá-las. Tem várias finalidades, como fornecer acesso à cavidade abdominal
durante a cirurgia laparoscópica, remover fluidos das cavidades e órgãos, coletar
fragmentos e peças de órgãos para testes diagnósticos, diferentes agentes injetá-
veis e
medicamentosos etc.
2. Instrumentais Cirúrgicos
Como Metzenbaum não conseguiu obter a patente, a “sua” tesoura foi nomeada “Mao
Tse Tung Tesoura” na China Vermelha, “Mahatma Ghandi” na Índia e “A Melhor Tesoura
de Dispersão do Seu Império” na Grã-Bretanha.
Tesouras são usadas por médicos em muitas áreas e têm sido destaque na mídia po-
pular, como o programa de TV M’A’S’H e o filme “The Man With Two Brains”.
Editora Pascal 27
Capítulo 4
A tesoura Mayo (figura 3) foi criada por médicos cirurgiões da Clínica Mayo e leva o
nome dos irmãos William James Mayo (1861-1939) e Charles Horace Mayo (1865-1939)
fundadores da Clínica. É uma tesoura mais robusta e pesada em comparação a outras,
pode ser encontrada com pontas finas, rombas ou romba-fina e nas formas curva ou reta.
Os irmãos Mayo, William James e Charles Horace Mayo (figura 4) cresceram na sala
de cirurgia, aos 12 anos William foi o primeiro assistente de seu pai e seu irmão Charles
aos oito anos era o anestesista.
William James Mayo era médico e cirurgião nos Estados Unidos, graduando-se na
Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan em 1883, onde se tornou o fundador
da Fraternidade Médica Nu Sigma Nu. Depois disso, ele retornou a Rochester para praticar
medicina com seu pai e irmão Charles. William J. Mayo casou-se com Hattie Marie Damon
(1864-1952) em 1884 e tiveram 5 filhos, dos quais apenas dois sobreviveram.
Tanto William J. Mayo quanto seu irmão Charles H. Mayo eram maçons proeminentes
na Grande Loja de Minnesota e membros da Loja de Rochester. Os irmãos Mayo usaram
seu talento e desejo para crescer e melhorar o hospital construído por seu pai, Dr. A WW
Mayo e levaram a Clínica Mayo a ser reconhecida mundialmente pelo atendimento inigua-
lável ao paciente, assistência médica diversificada e pesquisa e educação avançadas (TAN
et al., 2012).
Figura 4. Charles Horace Mayo e William James Mayo.
Editora Pascal 29
Capítulo 4
É uma tesoura pontiaguda com borda externa chanfrada, permitindo dissecção romba
e afiada sem trocar os instrumentos, possui angulação em suas faces cortantes, sendo
muito útil para incisões em estruturas pequenas, como paredes de vasos.
Figura 7. Tesoura Potts
Em 1945 foi dispensado do exército e Potts foi nomeado cirurgião-chefe da Chil- Hos-
pital Memorial das Crianças.
Ficou conhecido por introduzir uma cirurgia para tratar os defeitos cardíacos que re-
sultaram na síndrome do bebê azul, o procedimento ficou conhecido como a derivação de
Potts. Além disso, Potts realizou o primeiro reparo bem-sucedido de uma anormalidade
cardiovascular conhecida como sling de artéria pulmonar. Ele também inventou vários
instrumentos cirúrgicos, com especial ênfase em dispositivos usados em cirurgia em gran-
des vasos sanguíneos.
Quando Potts se aposentou, mudou-se para Sarasota, Flórida. Ele morreu de ataque
Editora Pascal 31
Capítulo 4
cardíaco em 1968. Sua missão foi desenvolver e aprimorar procedimentos cirúrgicos para
crianças, na qual obteve grande sucesso (BAFFES, 1987).
Figura 8. Willis John Potts.
REFERÊNCIAS
BAFFES, T G. “Willis J. Potts: his contributions to cardiovascular surgery.” The Annals of thoracic surgery
vol. 44,1 (1987): 92-6. http://doi.org/10.1016/s0003-4975(10)62371-5
BURAIMOH, M. A. et al. Eponymous Instruments in Orthopaedic Surgery. The Iowa orthopaedic journal,
v. 37, pages 211–217, 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28852360/. Acesso em: 20
abr. 2022.
COLOUR LITHOGRAPH BY SIR L. WARD. James Jameson, 1901. Licenciado sob domínio público. Disponí-
vel em: https://wellcomecollection.org/works/hz5amedn. Acesso em: 15 abr. 2022.
ENCYCLOPEDIA OF WORLD BIOGRAPHY. Biografia dos irmãos de Mayo. Disponível em: https://www.
notablebiographies.com/Ma-Mo/Mayo-Brothers.html. Acesso em: 14 abr. 2022.
HARTE PRECISION GRIP. Instrumentação Cirúrgica Odontológica: catálogo de produtos. São Pau-
lo,2017. Pág 45
LIDO INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS. Catálogo de produtos. São Paulo, 2022. Pág 11.
METSON, R. Myron F. Metzenbaum, MD: Innovative Surgeon, Caring Physician. Otolaryngology–Head and
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Editora Pascal 33
CAPÍTULO 5
INSTRUMENTAIS DE HEMOSTASIA
1. Introdução
2. Tipos de hemostasia
A hemostasia do tipo temporária pode ser cruenta, quando ocorre no campo operató-
rio, ou incruenta, quando acontece a distância do campo operatório e pode ser realizada
por pinçamento, ação de fármacos, garroteamento, parada circulatória com hipotermia
ou oclusão vascular.
• Torniquete
• Posição anti-hemorrágica
• Tamponamento compressivo
• Bandagem compressiva
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Capítulo 5
• Síntese de vaso
Para diferenciar os instrumentos cirúrgicos uns dos outros, é preciso observar o seu
desenho e as ranhuras na parte interna dos seus ramos prensores. As pinças hemostáti-
cas possuem o nome dos seus criadores. Mesmo sendo muito semelhantes, elas se dife-
rem nos pequenos detalhes.
Editora Pascal 37
Capítulo 5
Em quase tudo é semelhante à pinça de Kelly. A diferença é que suas ranhuras são
em toda sua parte prensora, fazendo com que também seja utilizada lateralmente no
pinçamento de pedículos. Outra vantagem de suas ranhuras é o fato dela não deslizar e
fixar-se bem às estruturas que compõem o pedículo. Essa pinça possui um tamanho que
varia entre 14 cm e 16 cm, tanto nas versões retas ou curvas (figuras 3).
Figura 3. Pinça Crile (a) reta e (b) curva.
(a)
(b)
George Washington Crile (figura 4) foi um cirurgião com experiência nas forças arma-
das. Acreditava na influência da sugestão psicológica sobre a pressão arterial e sua inter-
ferência na anestesia geral. É também formalmente reconhecido como um dos pioneiros
na transfusão sanguínea. Foi um dos fundadores da Clínica Cleveland, onde assumiu o
departamento de cirurgia, em Ohio em 1921. Ele recebeu a Medalha de Serviços Distintos
por seu serviço na elaboração de novos métodos de tratamento para prevenir infecções e
choque cirúrgico.
cou interesses de pesquisa em tópicos tão diversos como anestesia, choque cirúrgico, ci-
rurgia do sistema respiratório, pressão arterial em cirurgia, transfusão de sangue, origem
e natureza das emoções, uma visão mecanicista da guerra e da paz, a falácia da filosofia
estatal alemã, a glândula tireoide e o tratamento cirúrgico da hipertensão (AMERICAN
COLLEGE OF SURGEONS, 2022).
Figura 4. George Washington Crile.
Este tipo de pinça hemostática é menor, mais precisa e mais delicada, utilizada para
hemostasia de vasos delicados e dissecção de estruturas também delicadas em campos
superficiais. Possui ranhuras na ponta e seu tamanho é de geralmente 12 cm, mas possui
uma variante que possui entre 8 cm e 10 cm, todas com suas versões retas ou curvas
(figura 5).
Figura 5. Pinça Halsted (mosquito) curva.
Editora Pascal 39
Capítulo 5
Foi um dos pioneiros do recém-fundado John Hopkins Hospital e de sua escola de medi-
cina. Ali, juntamente com o ginecologista Howard Kelly (1858-1943), com o clínico William
Osler (1848-1919) e com o patologista William Welch (1850–1939) constituíram um grupo
de professores que ficou conhecido como Os Quatro Grandes (The Big Four), fundamentais
para a consolidação do prestígio que a instituição gozou desde a sua fundação (WRIGHT
JR.; SCHACHAR, 2020).
É uma pinça hemostática longa e curva (figura 7), de ponta angulada, utilizada
para pedículos vasculares em profundidade. Apresenta serrilhado transversal delicado
na metade superior da garra, sua ponta é de extrema utilidade no auxílio da dissecção
de vasos e para passar fios para ligadura em torno deles. Por conta disso, é usada para
trabalhar pedículos hepáticos, renais e pulmonares. Pode ser encontrada nos tamanhos
com 18 a 35 cm de comprimento, sendo também conhecidas como pinça em “J”, também
disponível em versão baby, com 14 cm de comprimento.
Figura 7. Pinça Mixter.
Editora Pascal 41
Capítulo 5
A pinça hemostática de Kocher (figura 9) foi criada por Emil Theodor Kocher (figura
10), sua parte preensora apresenta ranhuras transversais e apresentam “dentes de rato”
nas suas extremidades, aumentando a capacidade de preensão, tornando-a mais traumá-
tica. Sendo por isso utilizada, muitas vezes, na tração de tecido fibroso como aponeurose.
Apresenta-se em tamanhos variados, retas ou curvas similares às pinças de Kelly, mais
delicadas e com 18 cm de comprimento.
Figura 9. Pinça Kocher.
Esta pinça tem a função de promover a hemostasia através da compressão dos va-
sos, utilizada para pressionar segmentos maiores de tecidos. Apresenta serrilhado gros-
seiro em sentido horizontal em toda a extensão de seus ramos preensores, que são mais
longos e largos. Podem ser retas ou curvas, pinça longa disponível em diversos tamanhos
(figura 11).
Figura 11. Pinça Rochester Pean.
Editora Pascal 43
Capítulo 5
apesar da falta de preocupação geral de seus colegas com esse fator crucial, foi aluno do
urologista Auguste Nélaton, inventor dos cateteres flexíveis de borracha (PORTRAITS DE
MÉDICINS, 2017)..
Pean escreveu o primeiro de seus muitos livros, The Splenectomy, em 1860. Ele foi
fundamental no desenvolvimento da pinça arterial em 1862 e, em 1868, o jovem talento-
so era o cirurgião-chefe de todos os hospitais de Paris.
Foi em 1868 que Péan contribuiu para a melhoria da hemostasia durante as inter-
venções cirúrgicas, melhorando uma pinça que leva o seu nome, substituindo o prego e
os furos por travas de segurança mais fáceis de operar; ele
fez vários modelos dele (alicates retos, alicates em forma Figura 12. Jules-Emile Péan.
de coração, alicates em forma de T etc.) para que possa ser
aplicado em múltiplas situações (DESIRÓN, 2007).
Pinça de tamanho longo (figura 13), utilizada para hemostasia prende tecidos ao lon-
go da vesícula biliar e leito do fígado, passar sutura ao redor de um pedúnculo de tecido.
Possui peso intermediário, serrilhas horizontais ao longo de todo o comprimento do ramo
curto e ângulo reto. Hastes arredondadas e muito macias, facilitando na hora do trava-
mento e destravamento da pinça. Disponível em diversos tamanhos.
Figura 13. Pinça Moynihan.
Lord Moynihan foi educado na Leeds Medical School, onde se tornou professor de
cirurgia. Tornou-se membro do Royal College of Surgeons em 1890 e serviu como seu
presidente de 1926 a 1931.
Em 1913, Lord Moynihan fundou o British Journal of Surgery e atuou como editor
consultor do Surgery, Gynecology and Obstetrics, o jornal oficial do American College of
Surgeons.
Editora Pascal 45
Capítulo 5
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Acesso em: 06 mar. 2022.
Editora Pascal 47
CAPÍTULO 6
INSTRUMENTAIS DE EXÉRESE
1. Introdução
A palavra exérese vem do grego exaíresis, que significa retirada, é o tempo cirúrgi-
co onde é realizado o procedimento operatório proposto, é a cirurgia propriamente dita,
tendo em vista o diagnóstico, o controle ou a resolução da intercorrência, reconstituindo a
área, procurando deixá-la da forma mais fisiológica possível. Dessa forma, esse processo
é caracterizado pela remoção de estruturas anatômicas, possui caráter curativo, paliativo,
estético/corretivo e diagnóstico.
As pinças de Adson (figura 1) são usadas para segurar uma parte do tecido para que
outros instrumentos, como o bisturi e a tesoura, consigam trabalhar com maior facilidade.
São pinças delicadas e apresentam pontas afinadas, são amplamente utilizadas no manu-
seio de tecidos mais delicados como m neurocirurgia, otorrinolaringologia e cirurgia plás-
tica. Podem apresentar-se com ou sem dentes de rato, podendo ser retas ou anguladas,
com aproximadamente 12 cm de comprimento (NETO et al., 2009).
Figura 1. Pinça Adson dente de rato.
Editora Pascal 49
Capítulo 6
Dr. Adson (figura 2) foi coronel do Corpo de Reserva Médica do Exército dos EUA, ele
desenvolveu diversos trabalhos como membro de Associações e Sociedades em neuroci-
rurgias como o do Colégio Americano de Cirurgiões, Associação Americana de Cirurgiões
Neurológicose uma Sociedade de Neurologia e Psiquiatria de Minnesota. Também atuou
como presidente da Sociedade de Cirurgiões Neurológicos (SNS) em 1932 e 1933.
Ele é lembrado por se destacar como pioneiro no campo da neurocirurgia e por reali-
zar intensas pesquisas e fomentar alguns trabalhos importantes para medicina como Sur-
gical Consideration of Brain Tumors (1934); The Surgical Management of Brain Abscess
(1935) e The Treatmentof Cranial Osteomyelitis and Brain Abscess (1938). A Síndrome
de Adson-Coffey, Manobra de Adson, Afastador Beckman-Adson e Pinças de dissecção
Adson, são epônimos conhecidos na medicina e referem-se ao Dr. Adson (CRAIG, 1952).
Figura 2. Alfred Washington Adson (1887 - 1951).
Editora Pascal 51
Capítulo 6
NOLDS, 1986).
Dr. Babcock (figura 6), nasceu em East Worcester, NY, em 10 de junho de 1872,
estudou no College of Physicians and Surgeons em Baltimore. É considerado uma das
principais figuras da cirurgia americana no início do século XX.
Ele inventou muitos instrumentos cirúrgicos, como a pinça Babcock, que é ampla-
mente utilizado na prática cirúrgica cotidiana, a sonda Babcock, e também o dreno do
reservatório e o dreno do reservatório da chaminé da lâmpada, que também levam seu
nome (LAIOS, 2018).
Dr. Babcock recebeu o prêmio pela introdução da raquianestesia nos Estados Unidos,
por seu trabalho pioneiro em cirurgia da glândula tireóide e em enxerto ósseo, e pela
concepção de vários instrumentos cirúrgicos. Dr. Babcock também é creditado com o pri-
meiro uso de fio de aço inoxidável em feridas abdominais. Além disso, ele foi fundamental
para o crescimento da Temple University, que começou como uma escola noturna e agora
tem uma escola de medicina de primeira linha (JAMA NETWORK, 1954).
Editora Pascal 53
Capítulo 6
Foi caracterizado como um “iatromecânico” por seu mestre Verneuil, devido ao fato
de que muitos dos seus instrumentos idealizados terem sido confeccionados por seus vi-
zinhos cuteleiros, como o afastador de Farabeuf que continua a fazer parte de qualquer
arsenal cirúrgico (SIGAUX et al., 2020).
Figura 8. Louis-Hubert Farabeuf (1841-1910).
Editora Pascal 55
Capítulo 6
Deaver escreveu cinco livros e quase 250 artigos, principalmente sobre condições as
cirúrgicas abdominais – úlcera, doença hepatobiliar, ressecção do cólon. Seu artigo sobre
colostomia lombar versus colostomia inguinal representa uma perspectiva fascinante da
filosofia do cirurgião no manejo do câncer retal e obstrução colorretal antes do século 20.
Deaver morreu em 25 de setembro de 1931, aos 76 anos (CORMAN; DEVAER, 1987).
No entanto, Doyen foi quase esquecido na França, onde é apenas vagamente lem-
brado como um cirurgião virtuoso e o homônimo de um instrumento usado para reter o
tecido no campo cirúrgico. Sua jornada meteórica e solitária, durante a qual se opôs às
instituições acadêmicas, poderia explicar por que poucas pessoas conhecem sua impor-
tante e versátil obra.
Foi uns dos primeiros cirurgiões a usar a radiografia e eletrocoagulação, usou a eletri-
cidade em cirurgias mamárias cancerígenas para gerar calor local em um campo cirúrgico
inundado, de modo a obter uma temperatura de 56°C (132°F) e, assim, destruir células
cancerosas residuais. E também aperfeiçoou um extrato de levedura, que chamou de
Micolisina para uso humano e Fagédina para uso animal no tratamento de doenças infec-
ciosas.
Doyen podia realizar cirurgias sem a aprovação da Academia, mas foi impedido de
lecionar, o que foi fonte de grande frustração para ele. Por conseguinte, ele se dedicou na
produção científica publicando diversos livros, artigos de revistas e apresentou em inúme-
ras conferências (COHEN, 2006).
Afastador Langenbeck (figura 13) afasta e retêm os tecidos ou órgãos para facilitar
e mesmo possibilitar acesso cirúrgico, possui cabo e pode ser mais comprido variando de
20 a 24 cm, ou com lâminas delicadas na ponta com 10 a 16 mm de largura e 3 a 5 cm
de comprimento, (NETO et al., 2009).
Editora Pascal 57
Capítulo 6
muitos e ilustres alunos está Emil Theodor Kocher cirurgião e inventor, Theodor Billroth,
um dos cirurgiões mais importantes do século XIX e Friedrich von Esmarch, fundador do
sistema civil samaritano na Alemanha. Anos depois, por sugestão de Langenbeck, foi fun-
dada a “Sociedade Alemã de Cirurgia”, da qual ele foi o primeiro presidente. Foi ativo até
a idade avançada, sempre se esforçando para aprender com suas próprias experiências e
as dos outros (MICHLER, 1982).
Figura 14. Bernhard Rudolf Konrad von Langenbeck.
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INSTRUMENTAIS DE SÍNTESE
1. Introdução
Sutura vem do latim, referindo-se à costura. A palavra grega ráphen tem o mesmo
significado e, clinicamente suturas e ráfia são frequentemente usadas para descrever o
reparo cirúrgico.
A definição clássica é qualquer material usado para acessar ou ligar o tecido. Ainda
assim, as suturas são mais comumente usadas para especificar o comportamento de seu
uso. Ou seja, uma ação realizada por um profissional para aproximar tecido com uma so-
lução contínua causada por uma ferida ou incisão cirúrgica, auxiliando assim o processo
de cicatrização. Neste tempo cirúrgico, utilizam-se agulhas, fios, porta agulhas, pinças e
grampos (ZOGBI et al., 2021).
2. Tipos de Sutura
Fita adesiva: A fita é uma maneira fácil de aproximar as feridas superficiais sem
tensão. As fitas mais utilizadas são o poliuretano microposo combinado com um adesivo
de polialquilacrilato (micropore). A porosidade da fita impede o acúmulo de fluidos e se-
creções, evitando a colonização bacteriana e promovendo cicatrização com boa estética.
A fita também pode ser usada para proteger suturas intradérmicas ou após a remoção
precoce de suturas.
bons resultados estéticos. Os adesivos são contraindicados em feridas com infeção ativa
e gangrena, superfícies mucosas, áreas de alta tensão da pele e em pacientes alérgicos a
cianoacrilatos.
4. Tipos de Fio
O material dos fios de sutura (figura 1) é classificado de acordo com o material (ab-
sorvíveis ou não), sua origem (orgânica, sintética, híbrida ou mineral) e o número de seus
filamentos (multifilamento ou monofilamento).
Figura 1. Fios cirúrgicos mais utilizados.
Editora Pascal 63
Capítulo 7
Pinça porta agulha: Utilizada para realizar reconstrução de órgãos e planos anatômi-
cos. Possui ponta especialmente desenvolvida para prender agulhas de sutura e execução de
nós. Os porta-agulhas mais utilizados são: Mayo-Hegar, Catroviejo, Metzembaum e Mathieu.
Figura 3. Pinça dente de rato com dente (d), porta agulha de Mayo-Hegar (e) e tesoura íris. (f).
Porta-agulha Mathieu é mais bem indicado para realizar sutura em estruturas com
pouca resistência a passagem da agulha. Não possui alças de polegar ou anel de dedo e
é projetado com uma trava de catraca na extremidade dos braços curvados para dentro.
Uma mola entre os 2 braços facilita sua abertura assim que a catraca é liberada. Ao con-
trário do porta-agulha padrão, o porta-agulhas Mathieu (figura 4b) tem uma única alça e
é segurado na palma da mão.
Figura 4. Comparação de porta-agulhas. (a) O tradicional porta-agulhas Hegar, (b) O porta-agulhas Ma-
thieu.
Dr. Louis-Joseph Mathieu (Figura 5). Nasceu em Belgrado, distrito de Namur, Bélgica,
em 9 de outubro de 1817. Fez um primeiro estágio em cutelaria em Namur, depois em
Gembloux, o principal centro de cutelaria belga. Emigrou para a Alemanha para treinar e,
um tempo depois, se aperfeiçoou em Verdun, na França. Especializando-se por três anos
em Lüer, Paris, e depois por seis anos em Charrière. Em 1847 ou 1848, assumiu uma
pequena oficina de cutelaria e fundou sua própria casa em Paris. Em seguida, mudou-se
para rue de l’Ecole de Medecine, onde fiocu em contato direto com cirurgiões. Com o apoio
de alguns cirurgiões, ele criou novos instrumentos e registrou inúmeras patentes (SCHU-
TH et al., 2020).
Editora Pascal 65
Capítulo 7
São semelhantes as pinças hemostáticas clássicas, são característicos por possuir re-
vestimento dourado em sua base e pode medir de 14 a 30 cm de comprimento (figura 6).
Figura 6. Porta agulha de Mayo-Hegar
Dr. Ernst Alfred Ludwig Hegar (Figura 7). Nasceu em 6 de janeiro de 1830, foi um
ginecologista alemão, filho do médico do interior Johann August Hegar. Depois de estudar
medicina nas universidades de Giessen, Heidelberg, Berlim e Viena, ele recebeu seu dou-
torado em 1852 em Giessen. Hegar se estabeleceu em sua cidade natal, Darmstadt, como
médico militar e clínico geral. Lá, dedicou-se principalmente à obstetrícia e foi nomeado
em 1864 como sucessor de Otto Spiegelberg (1830-1881) na Cátedra de Ginecologia e
Obstetrícia da Universidade de Freiburg, cargo que ocupou por 40 anos.
Editora Pascal 67
Capítulo 7
Durante os quase 50 anos em que viveu nos Estados Unidos, estima-se que tenha
atendido cerca de 200.000 pacientes em sua clínica e realizado cerca de 40.000 cirurgias.
Em 1976 regressou a Madrid, onde fundou o Banco Espanhol de Olhos e o Instituto de
Investigação Oftalmológica “Ramón Castroviejo”. Ao longo de sua vida profissional publi-
cou 300 artigos científicos e 3 livros, alguns como o Atlas de Ceratectomias e Ceratoplas-
tias (que foi a apresentação oficial da Sociedade Hispano-Americana de Oftalmologia em
1964) traduzido para todas as línguas do mundo. Foi nomeado Doutor Honoris Causa por
12 universidades: Cádiz, Salamanca, Granada, Autônoma e Complutense de Madri, Lima,
Santo Domingo, Manila, Brasil, San Juan de Porto Rico, etc. Foi Membro Honorário da Real
Academia Espanhola de Medicina e de várias outras sociedades científicas. A American
Cornea Society atualmente tem o nome Castroviejo Society. Ramón Castroviejo morreu
em 1 de janeiro de 1987 em Madrid (MORENO et al., 2013).
Figura 9. Ramón Castroviejo.
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Editora Pascal 69
CAPÍTULO 8
INSTRUMENTAIS CIÚRGICOS
ESPECIAIS: INSTRUMENTAIS DE
CIRURGIAS GINECOLÓGICAS
1. Introdução
A cirurgia quando indicada como tratamento e que envolve os órgãos do sistema re-
produtor feminino, como os ovários e útero, ela é chamada de cirurgia ginecológica e que
podem necessitar de intervenção médica no paciente de forma manual ou instrumental e
para a instrumental são utilizados instrumentos específicos da área da ginecologia, alguns
descritos neste capítulo (LINS et al., 2021).
(a) (b)
Fonte: SOUZA et al., 2014.
Editora Pascal 71
Capítulo 8
Aos 27 anos defendeu sua tese: “Etude sur les fistules de l’ espace pelvi-rectal su-
périeur” (Estudo das fístulas do espaço pélvico-retal superior). Dois anos depois obteve
o título de professor da Faculdade de Medicina de Paris. Em 1876, no Congress of the
British Medical Association, conheceu o pioneiro da cirurgia anti-séptica Joseph Lister
(1827-1912) e foi influenciado por suas técnicas antissépticas tornando-se divulgador
delas na França. Em 1883, tornou-se diretor da Serviço de Cirurgia do Hospital de Lour-
cine e reorganizou-o profundamente, criando a primeira clínica ginecológica em Paris, no
sentido moderno. Escreveu o “Traité de gynécologie clinique et opératoire” (Tratado de
ginecologia clínica e cirúrgica). Fundou a revista “Revue de gynécologie et de chirurgie ab-
dominal”. Inventou diversos instrumentos que levam seu nome, incluindo pinças, curetas,
pinças hemostáticas e seringas utilizadas para a desinfecção da vagina. Destacando-se
deles a pinça pozzi (KARAMANOU et al., 2018).
Figura 2. Samuel Pozzi.
Com o passar dos anos a fabricação dos instrumentos foram evoluindo e hoje po-
demos encontrar o especulo de Collin em material plástico descartável (figura 4) muito
utilizado em consultórios para realização do exame Papanicolau.
Figura 4. Espéculo de Collin descartável século XXI
Editora Pascal 73
Capítulo 8
Em 1852, ele confiou a gestão de sua empresa a seu filho Julio, que morreu em
1865 de cólera. A empresa foi posteriormente adquirida por dois funcionários-chefes de
Charriére, Luis Robert e Anatole Collin, este último publicando o catálogo de instrumentos
(figura 6) com seu nome. Até 1876 a fábrica levava o nome de Charriére, após sua morte
passou-se a se chamar Casa Collin. A empresa Collin foi comprada em 1957 pela empresa
Gentile, que fechou suas portas.
Anatole Pierre Urbain Louis Collin tem um total de 17 pedidos de patente. Sua primei-
ra patente foi publicada em 1903. Ele depositou suas patentes na França.
Figura 5. Fréderic Joseph Benoit Charriére, fundador da maior fábrica de instrumentos cirúrgicos da Fran-
ça, Casa Charriére.
É um instrumento cirúrgico ginecológico (figura 7), possui uma borda afinada como
se fosse uma colher. É utilizado para remover tecido ou conteúdo uterino não desejado.
Seu nome é epônimo do médico francês Joseph Claude Anthelme Recamier.
Figura 7. Cureta uterina de Recamier (Olshausen).
Editora Pascal 75
Capítulo 8
Joseph Claude Anthelme Récamier (figura 8) nas- Figura 8. Joseph Claude Anthelme
ceu em 6 de novembro de 1774 em Rocherfort-en-Bugey Recamier (1774-1852).
(França). Desistiu de seguir os passos de seu pai como ad-
vogado e se dedicou a medicina. Em 1799 obteve o grau
de doutor com a tese de Ensaios sobre hemorroidas.
Ele ajuda a diminuir os riscos que podem ocorrer com a rotação manual, como o bebê gi-
rando de volta para uma má posição após a rotação manual ou o prolapso do cordão após de-
simpactação da cabeça (ROYAL COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS, 2022).
Figura 9. Descrição das medidas do fórceps em 1916 (a) e Forceps Kielland produzido (b).
(a) (b)
Fonte: Dunn (2004) e Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (2022).
Christian Kielland, foi um obstetra norueguês, em 1910, ele demonstrou seu fórceps
em Copenhague e em várias clínicas na Alemanha. Mas foi somente em 1915, durante
uma visita à Sociedade Ginecológica de Munique, a convite do professor Döderlein, que
seu fórceps recebeu o reconhecimento que merecia e em 1916 publicou uma descrição
de seu fórceps reto. Embora reconhecido internacionalmente como um instrumento mui-
to valioso para rotação da cabeça fetal, por muitos anos seu instrumento recebeu pouca
apreciação em seu próprio país (DUNN, 2004)
Figura 10. Christian Kielland.
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INSTRUMENTAIS CIÚRGICOS
ESPECIAIS: INSTRUMENTAIS DE
NEUROCIRURGIA
1. Introdução
Nesse sentido, sabe-se que a criação de tais instrumentos refletem uma demanda de
melhoria no atendimento ao paciente e necessitam de uma tecnologia de suporte emer-
gente. Destaca-se, ainda, a influência das abordagens frontotemporais na craniotomia,
simultaneamente ao refinamento na neurocirurgia de base de crânio, no estabelecimento
de novos instrumentos. Portanto, conhecer os homônimos e a história de seus respectivos
inventores é útil para compreender o período histórico que foi palco das criações e, con-
sequentemente, inseri-los na trajetória da inovação científica em Neurocirurgia.
está preso à porta lâmina. Quanto ao porta-lâmina, geralmente é utilizado para prender
as espátulas cerebrais flexíveis, que fazem o contato direto com o tecido tracionado.
Figura 1. Esquema do protótipo original do retrator/apoio para as mãos com fixação lateral na mesa cirúrgica.
Figura 2. Afastador Leyla com braço duplo anexado ao suporte extracraniano para uma craniotomia do
lado direito.
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Capítulo 9
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Capítulo 9
Harvey William Cushing (Figura 8) nasceu em Cleveland Ohio em 1869. Cursou e se for-
mou em medicina pela escola médica de Harvard, sendo aluno em cirurgia de William Stewart
Halstead, no hospital Johns Hopkins. Estabeleceu, por meio de técnicas cirúrgicas, instrumen-
tos e sistematização a neurocirurgia como área exclusiva e autônoma, tornando-se, dessa
forma, o primeiro neurocirurgião e pai da área na américa do século XX. Foi o responsável
pela catalogação da doença que leva seu nome “doença de Cushing”. Além disso, utilizou
amplamente as radiografias para obter imagens do cérebro humano e orientar suas condutas.
Henry William Meyerding (figura 10) é um dos cirurgiões ortopédicos mais referidos
na história da cirurgia da coluna vertebral. É mais conhecido por seu sistema de classifica-
ção de espondilólise, que tornou seu nome imortal. O nome de Meyerding é familiar para
a maioria dos cirurgiões de coluna por conta do afastador de Meyerding. Ele nasceu em
5 de setembro de 1884 em St. Paul, Minnesota. Seus ancestrais eram antigos imigrantes
europeus, uma mistura de alemães e espanhóis. Após o colegial, ele entrou na Universi-
dade de Minnesota em 1903. Graduou-se em 1909 em medicina, e então em 1918 espe-
cializou-se em cirurgia ortopédica. Começou sua carreira como estagiário na St. Peter’s
State Hospital, Minnesota em 1909.
Atuou na academia como instrutor de cirurgia ortopédica, depois como professor as-
sistente e professor adjunto antes de ser nomeado professor em 1937. Trabalhou como
cirurgião da empresa Chicago Great Western Railway Company. O Doutor Meyerding se
aposentou em 1954 após uma carreira de sucesso e faleceu em 27 de agosto de 1969.
Figura 10. Henry William Meyerding
Editora Pascal 85
Capítulo 9
Otto “Tiger” Freer (figura 12) nasceu em 8 de agosto de 1857, em Chicago, Illinois,
filho do Dr. Joseph Warren e Katharine Gatter Freer. O pai de Otto nasceu em 1816 e
trilhou uma notória carreira médica em Chicago, tornando-se presidente da Rush Medical
College, posição que manteve até sua morte, em 1877, dois anos antes da formatura de
Otto na faculdade de medicina. Acredita-se que Otto provavelmente foi inspirado pelas
realizações de seu pai quando ele se inscreveu na Rush Medical College em 1876 depois
de se formar no ensino médio da época. Anos mais tarde, passou a se especializar em
laringologia no Hospital Alemão de Chicago de 1894 a 1905 e ocupou o cargo de profes-
sor associado na Rush Medical College. Ele também foi creditado como um organizador e
eventual presidente do Henrotin, ou “Gold Coast”, Hospital.
quando foi eleito presidente. O obituário de Otto afirma que ele morreu em 21 de abril de
1939, de “doença cardíaca, miocardite crônica e íleo paralítico” no Hospital Henrotin.
Figura 12. Otto T. Freer
Editora Pascal 87
Capítulo 9
Por apresentar pinos de fixação, que entram em contato com a pele, em formato
cônico este instrumento apresenta capacidade de reduzir o trauma ao couro cabeludo,
possibilitando assim uma boa cicatrização no período pós-operatório (figura 14).
Figura 14. Fixador craniano em cama cirúrgica.
Frank Henderson Mayfield (figura 15) nasceu em 1908 na Carolina do Sul e se tornou
um neurocirurgião e pesquisador mundialmente conhecido e referenciado por suas contri-
buições no desenvolvimento da cirurgia neurológica, além disso ocupou cargos de grande
prestígio ao longo da carreira, dentre outros como parte do corpo docente da Universida-
de de Cincinnati e como presidente da Harvey Cushing Society atual American Association
of Neurological Surgeons.
Figura 15. Dr Frank Henderson Mayfield, 1908 – 1991.
Editora Pascal 89
Capítulo 9
Dr. Lars G. F. Leksell (1907-1986) (figura 19) foi um cirurgião sueco conhecido por
sua descoberta do neurônio motor gama e invenção da radiocirurgia da Faca Gama. Nas-
ceu na Paróquia de Fässberg, Suécia, em 1907. Filho de um homem de negócios e de uma
decoradora de porcelana, na adolescência era curioso e divertia-se criando receptores de
rádio e manipulando aparelhos. Embora pretendesse se tornar advogado, após um aci-
dente de moto e dos cuidados que recebeu da equipe de cuidados ortopédicos, resolveu
dedicar-se à medicina. Leksell completou sua formação médica no Instituto Karolinska na
Suécia e começou seu treinamento neurocirúrgico em 1935 sob o comando de Herbert
Olivercrona. O interesse de Leksell pela neurocirurgia decorreu de seu interesse em neu-
rofisiologia, o que culminou na descoberta do neurônio motor gama, o qual ele apresentou
como sua tese de doutorado em 1945.
Para além desta invenção, Leksell fez muitas outras contribuições para a neuro-
cirurgia. Desenvolveu uma técnica para encefalografia de ultrassom para traumatismo
craniano em 1954 e atuou na área de radiocirurgia, cujo empenho derivou de seu desejo
de diminuir a taxa de mortalidade em cirurgias cerebrais abertas. Indubitavelmente, ci-
rurgiões e pacientes do mundo inteiro continuam a beneficiar-se de sua expertise, talento
e inovação na criação e refinamento de instrumentais que garantem uma cirurgia limpa
e precisa.
Figura 19. Dr. Lars Leksell
Editora Pascal 91
Capítulo 9
Teve origem em 1940, tendo como inventor o Dr. James Greenwood, e foi sofrendo
modificações para a sua melhoria, visto que embora tenha proporcionado grandes avan-
ços para a neurocirurgia, no que se refere à redução significativa da hemorragia intraope-
ratória, a pinça bipolar tradicional apresentava algumas desvantagens com relação à car-
bonização, adesão e cisalhamento tecidual. Diante disso, uma adaptação importante foi a
inserção do tubo de irrigação simultânea automática (figura 21), por Manuel Dujovny em
1975, o que limita a aderência dos tecidos e evita superaquecimento. Outras melhorias
que proporcionaram a evolução desse instrumental, foram a criação do fórceps isolante e
da pinça bipolar regulada por termistor, que minimizam a carbonização e maiores danos
teciduais, além do uso de pinças de titânio, importantes pela sua capacidade de manuten-
ção de temperatura e por não permitir a fixação dos tecidos. Atualmente, o eletrocautério
bipolar está disponível em diferentes tamanhos e formas, permitindo melhor manejo e
alcance na neurocirurgia.
Figura 21. Desenho esquemático da pinça bipolar – 1) Ponta ativa 2) Suporte 3) Cabo bipolar 4) Plug de
conexão 5) Junta de acoplamento para irrigação 6) Tubo de irrigação.
A pinça bipolar, conhecida também como fórceps bipolar, eletrocautério bipolar e até
mesmo coagulação bipolar tem como mecanismo de funcionamento primordial a diater-
mia (técnica que estimula a produção de calor endógeno por meio de energia, onde uma
frequência alta de corrente alternada causa movimento de moléculas de água gerando
calor), evitando que haja hemorragia em procedimentos cirúrgicos e permitindo, assim,
a hemostasia corpórea. Além disso, uma outra função do fórceps bipolar é a remoção de
tumores ao usar pinças afiadas (as quais fazem cortes tipo fatia de laranja para retirar os
segmentos desses) e, também, ao fazer com que as pontas de alça auxiliem nessa reti-
rada.
Editora Pascal 93
Capítulo 9
Os “Raney Boys” (Figura 24), como eram conhecidos os Drs. Rupert Brandon Raney
e Aidan A. Raney, foram exímios neurocirurgiões de sua época. O mais velho dos irmãos,
Rupert, nasceu no dia 16 de outubro de 1900, Loogootee, Indiana, EUA. Aidan, nasceu 11
anos depois na mesma região.
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INSTRUMENTAIS
CIÚRGICOS ESPECIAIS:
INSTRUMENTAIS DE CIRURGIA
OTORRINOLARINGOLÓGICA
1. Introdução
2. Instrumentais Cirúrgicos
Esse instrumento é um espéculo nasal (figura 1) com cabo de mola e lâminas longas
e estreitas, que possui travas com parafuso. Utilizado para visualização direta das nari-
nas. Lâminas mais longas permitem maior acesso às estruturas nasais mais profundas.
Figura 1. Espéculo Killian.
O espéculo leva o nome de Gustav Killian (figura 2), um laringologista alemão, nasci-
do em 2 de junho de 1860, em Mainz, Alemanha que é considerado o Pai da Broncoscopia,
tendo feito o primeiro exame dessa natureza em 1896. Também foi o primeiro a remover
um corpo estranho de laringe (um osso) em um paciente, através da laringoscopia direta.
Editora Pascal 99
Capítulo 10
O instrumento possui um cabo angulado com uma ponta que é uma faca em forma de
lança. Utilizada como dissecador afiado reutilizável para colocar uma pequena perfuração
na membrana timpânica (figura 5).
Figura 5. Perfurador timpânico de Politzer.
A cureta de Beckman, recebe esse nome devido a indústria que tem sua patente, que
recebe o nome do fundador Arnold O. Beckman (1900-2004), que tem revolucionado o
mercado médico com vários instrumentos que trazem melhorias. A cureta é utilizada em
amigdalectomia, como material não articulado cortante. Este instrumento (figura 7) tem
várias apresentações, e numerações, dependendo do tamanho.
Figura 7. Cureta de Beckman.
O bisturi nasal de cottle é uma lâmina especial que tem uma ponta cônica de alças
planas e com algumas ranhuras. É um instrumental amplamente utilizado em cirurgias
de septoplastia e em rinoplastia, para mucosa nasal. Este instrumental, também foi cria-
do pelo cirurgião nasal, Dr. Maurice Cottle, que trouxe importantes contribuições para a
rinologia.
Figura 10. Maurice H. Cottle (A) e Bisturi nasal Cottle (B).
Cottle obteve a patente de seus produtos, e como nomes de seus instrumentos te-
mos apenas “raspador traumático” e “bisturi nasal curvo.
Sidney Yankauer (figura 12) nasceu em Nova York. Seus pais eram imigrantes judeus
alemães. Sidney foi para a College of Physicians and Surgeons em Nova York e obteve seu
diploma de medicina em 1893. A partir do início de 1900 ele se especializou cada vez mais
em doenças do ouvido, nariz e garganta.
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