Felipe Dalzotto Artuzo
Felipe Dalzotto Artuzo
Felipe Dalzotto Artuzo
Porto Alegre
2015
2
Porto Alegre
2015
3
4
BANCA EXAMINADORA
____________________________
Prof. Dr. Edson Talamini – UFRGS – PPG Agronegócios
____________________________
Prof. Dr. Christian Bredemeier – UFRGS – PPG Fitotecnia
____________________________
Prof. Marcelino de Souza – UFRGS – PPG Agronegócios
____________________________
Orientador Prof. Dr. Luiz Carlos Federizzi – UFRGS – PPG Agronegócios
____________________________
Coorientador Prof. Dr. Leonardo Xavier da Silva – UFRGS – PPG Agronegócios.
5
AGRADECIMENTOS
Autor desconhecido.
8
RESUMO
ABSTRACT
Brazil is a major producer of food. The current scenario of Brazilian agriculture points to a
production of efficient food with less environmental impact, and the modernization and
technological innovation of production proceeding have important role in this process.
Among the upgrades and technological innovations, precision agriculture supported in
variable rate fertilizer (ATV) deserves mention. The objective of this study was to analyze the
impacts of the ATV, in view of the technical and economic efficiency in soybeans in Rio
Grande do Sul - Rio Grande do Sul State (RS), Brazil. To this end, data were collected
through questionnaires sent to farmers and key actors of precision agriculture (PA). The
descriptive analysis of the data allowed to characterize the adoption of ATV in soybeans as
well, describing the prospect of the adoption of ATV by farmers and key stakeholders. From
the data acquired by the interviewees, there was an increase in the use of ATV and the area
intended for soybeans in RS. The average time of adoption is 3.54 crops. Approximately 45%
of adopters have completed high school, averaging 40 years of age. In addition to the ATV,
the most adopted tools are the soil sampling (92.60%) and light bar (66.70%). Both farmers,
as key actors, highlight the lack of skilled labor and the lack of information/knowledge about
the PA tool such as limiting to the growth of technology in Brazil. In relation to the benefits,
the shared information were: the rational use of inputs, the production increased and the ease
in decision making through the use of information. Around 82% of producers have obtained
reduction in the use of fertilizers with the adoption of the ATV. With the increase in harvests
adopting the technology, the use of fertilizers and the cost per hectare were reduced, and
increased productivity in soybean crops. Soybean production stimulated by adopting the ATV
is 13.88% higher than in conventional farming system (AC).
LISTA DE ABREVIATURAS
AC – Agricultura convencional
AP – Agricultura de precisão
ATV – Aplicação de corretivos e fertilizantes em taxa variável
CBAP - Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento
EUA – Estados Unidos da América
FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
FGV – Fundação Getúlio Vargas
GPS - Sistema de Posicionamento Global
ha – Hectares
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
PIB - Produto Interno Bruto
RS – Rio Grande do Sul
11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 24- Histórico do preço da saca de soja (60 kg) no RS e no Brasil, nos anos de 2013
a 2014..................................................................................................................... 86
Figura 25- Margem mínima, média e máxima de retorno econômico da ATV ....................... 88
13
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
Tabela 19- Teste de normalidade para o preço médio da saca de soja no RS e no Brasil nos
anos de 2013 e 2014 .............................................................................................. 87
Tabela 20- Análise de variância entre o número de safras que o produtor utiliza a ATV
com a diferença da produtividade e do custo ha-1 entre a ATV e AC na cultura
da soja .................................................................................................................... 88
Tabela 21- Teste de média para formação de grupos homogêneos entre as diferenças de
sacas/ha (ATV e AC) na cultura da soja pelo número de safras que o produtor
adota a ATV ........................................................................................................... 89
Tabela 22- Teste de média para formação de grupos homogêneos entre as diferenças de
custo/ha (ATV e AC) na cultura da soja pelo número de safras que o produtor
adota a ATV ........................................................................................................... 90
Tabela 23- Regressão entre ATV e AC na variável produtividade .......................................... 90
Tabela 24- Produção de Soja no Brasil e no RS, produção em sacas no RS e participação
do RS na produção nacional nos anos de 2005 a 2014 .......................................... 91
Tabela 25- Teste de normalidade para a produção de soja do Brasil, do RS, produção em
sacas no RS e participação do RS na produção nacional....................................... 91
Tabela 26- Projeção na produção de soja no Brasil e no RS e taxa de crescimento entre os
anos, entre 2014 a 2023 ......................................................................................... 92
Tabela 27- Teste de normalidade para as projeções da produção de soja do Brasil, do RS e
produção em sacas no RS ...................................................................................... 92
Tabela 28- Projeção da produção de soja no Brasil e no RS entre ATV e AC e a variação
da produção entre ATV e AC nos anos de 2014 a 2023 ........................................ 93
16
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 18
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................ 20
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 20
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 20
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 20
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 21
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 23
2.1. TEORIA DA FIRMA ........................................................................................................ 23
2.1.1 Teoria da produção ....................................................................................................... 25
2.1.2 O curto e o longo prazo ................................................................................................. 31
2.1.2.1 A produção no curto prazo ......................................................................................................... 31
2.1.2.2 A produção no longo prazo ........................................................................................................ 33
2.1.3 Eficiência técnica e eficiência econômica..................................................................... 34
2.2 O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO .................................................................................. 35
2.2.1 Cultura da Soja .............................................................................................................. 37
2.3 AGRICULTURA DE PRECISÃO .................................................................................... 40
2.3.1 Conceitos e atual conjuntura da AP ............................................................................ 40
2.3.2 Ferramentas de agricultura de precisão ..................................................................... 41
2.3.3 Avaliação da agricultura de precisão – aspectos econômicos e ambientais ............. 43
2.3.3.1 Aspecto ambiental ...................................................................................................................... 44
2.3.3.2 Aspecto econômico .................................................................................................................... 46
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 50
3.1 TIPO DA PESQUISA ........................................................................................................ 50
3.2 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................................... 50
3.3 TÉCNICA E COLETA DE DADOS ................................................................................. 52
3.4 MODELO ANALÍTICO DA PESQUISA ......................................................................... 53
3.5 DESCRIÇÕES DAS VARIÁVEIS .................................................................................... 55
3.6 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS. ........................................................... 57
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 60
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO USO DA ATV NA CULTURA DA SOJA NO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL. ......................................................................................................... 60
17
1 INTRODUÇÃO
1
É a técnica de aplicação que varia a dose do insumo aplicado de acordo com a necessidade específica de cada
ponto dentro do talhão (ANSELMI, 2012).
19
pontual de fertilizantes agrícolas. Além disso, alguns estudos relatam o incremento produtivo
na cultura da soja ocasionado pela adoção da ATV (WERNER, 2007; FIORIN et al., 2011).
As culturas com maiores escalas de produção tendem a favorecer a adoção da
tecnologia de ATV e, desta forma, o uso da técnica é mais frequente na cultura da soja. A soja
apresenta aproximadamente 49% da área semeada com grãos no Brasil (MAPA, 2014). A
indústria nacional processa por ano 30,7 milhões de toneladas de soja, produzindo
aproximadamente 6 milhões de toneladas de óleo comestível e 24 milhões de tonelada em
farelo proteico, contribuindo para a competitividade nacional na produção de carnes, ovos e
leite (MAPA, 2014). Em nível mundial, o Brasil é o segundo maior produtor de soja. Já no
panorama brasileiro, o Rio Grande do Sul - RS ocupa posição de destaque na produção,
ficando atrás apenas dos estados do Mato Grosso e Paraná, respectivamente.
Sendo a soja o principal complexo exportador do Brasil (MAPA, 2014), o RS o
terceiro maior produtor do grão em nível nacional (CONAB, 2014) e levando em
consideração os benefícios gerados pela ATV, como o uso racional de fertilizantes agrícolas e
ganho produtivo gerado pelos resultados das decisões de manejo do uso desta tecnologia,
construiu-se o estudo sob o enfoque da teoria neoclássica da produção, subdivisão da teoria da
firma, organizada por Marshall, ainda no século XIX (MOCHÓN; TROSTER, 1999) e
contemporaneamente acessível em textos como os de Pindyck e Rubinfeld (2002) e Varian
(2012). Esta teoria possibilita verificar se uma mudança tecnológica é capaz de tornar a
produção de soja mais eficiente tecnicamente e economicamente.
Quanto aos estudos e pesquisas desenvolvidos acerca da temática da ATV, são
inquestionáveis as contribuições científicas geradas frente às questões relacionadas aos
parâmetros técnicos envolvidos na sua aplicabilidade prática. Por outro lado, um contingente
bem mais reduzido de estudos tem se dedicado a integrar aos aspectos econômicos
relacionados à utilização da ATV e seus impactos na produção de soja.
No entanto, poder-se-ia avançar no conhecimento explorando mais especificamente as
potencialidades da ATV. Por essas razões, o presente estudo busca analisar as potencialidades
da ATV, sob o ponto de vista da eficiência técnica e econômica e seus reflexos na cultura da
soja no estado do RS.
Para tanto, estabeleceu-se o perfil dos adotantes da ATV. Em seguida, descreveu-se a
perspectiva da adoção da tecnologia pelos produtores rurais e a situação da AP pelos atores-
chave, bem como, comparou-se informações entre ambos, em relação à ferramenta
tecnológica. Interpretou-se os resultados econômicos e técnicos a fim de avaliar a eficiência
20
da ATV e por fim, criou-se simulação da produção de soja no estado do RS, caso fosse
adotado a tecnologia de ATV em toda a área de cultivo da cultura.
O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos: introdução, referencial
teórico, metodologia, resultados e discussões e considerações finais.
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
2
A Revolução Verde, iniciada na década de 1960, orientou a pesquisa e o desenvolvimento dos modernos
sistemas de produção agrícola para a incorporação de pacotes tecnológicos que visavam, entre seus benefícios, à
maximização dos rendimentos de cultivos.
3
Theodore William Schultz foi um economista estadunidense, laureado com o Prémio de Ciências Económicas
em Memória de Alfred Nobel de 1979. Schultz recebeu o Prémio de Ciências Económicas por seu trabalho sobre
o desenvolvimento econômico, centrado na economia agrícola. Analisou o papel da agricultura na economia e
seu trabalho teve profundas repercussões nas políticas de industrialização de vários países.
22
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo tem por objetivo fazer uma revisão e contextualização das literaturas que
abordam a temática da presente pesquisa. Para tanto, será dividido em três seções. Na
primeira seção será apresentada a abordagem teórica que fundamentará a pesquisa baseada
nos principais aspectos da teoria da firma que compactue com o propósito de pesquisa, ao
passo que, na segunda seção, será apresentado uma visão geral do agronegócio, focando a
cultura da soja, e por fim, a terceira e a última seção abordará a conjuntura geral da AP, com
seus aspectos ambientais e econômicos.
A Teoria da Firma foi sintetizada por Alfred Marshall, procurando criar modelos que
capturem a lógica do comportamento das firmas e dos mercados (TIGRE, 1998). Segundo De
Camargos e Coutinho (2008, p.276):
1979). Isto abrange empreendimentos de modo geral, que incluem as atividades industriais e
agrícolas, as atividades profissionais, técnicas e de serviços (CARVALHO, 1998; PINHO &
VASCONCELLOS, 2006).
Nas empresas rurais, pode-se considerar a mesma linha de pensamento. Existe a
compra de insumos (fertilizantes, sementes, defensivos), o processamento (fase de
implementação da cultura até a sua colheita) e a venda do produto (comercialização). Sendo
assim, alguns pesquisadores afirmam que as empresas do agronegócio são normalmente
explicadas pelos princípios econômicos neoclássicos da teoria da produção da firma
(SPORLEDER, 1992; BARRY, 1999). Os insumos usados na produção são chamados fatores
de produção (VARIAN, 2012).
Os insumos podem ser classificados, quanto ao tempo, em variáveis e fixos. Um
insumo é dito fixo se, ao expandir a sua produção, a firma não pode fazer variar o nível de
utilização desse insumo, enquanto que um insumo é considerado variável se o nível de
utilização do insumo variar ao se expandir o nível de produção (CARVALHO, 1998).
Obviamente que, se for dado tempo suficiente, todos os insumos poderiam ser, de alguma
forma, variáveis. Devido às dificuldades que as firmas encontram em expandir o capital físico
no curto prazo, este insumo pode ser considerado como exemplo típico de insumo fixo. Por
outro lado, devido à relativa facilidade de expandir a quantidade de trabalho não especializado
no curto prazo, o mesmo pode ser considerado como um exemplo característico de insumo
variável.
Para melhor entender a teoria da firma, alguns conceitos se tornam importantes, como
o descrito no Quadro 1.
A produção é, antes de tudo, uma questão técnica, mas traz embutidos vários aspectos
econômicos que necessitam ser analisados. Antes de começar a produzir, a firma tem de
equacionar o principal problema técnico que é o de encontrar a tecnologia mais apropriada
para o seu tipo de negócio, em uma diferente gama de tecnologias alternativas. No entanto, os
aspectos técnicos associados à produção serão os objetivos desta análise. Todas as questões
técnicas estarão, de certa forma, sumariadas pela função de produção, como a escolha da
melhor combinação de insumos.
apoio para a análise da demanda da firma, em relação aos fatores de produção que utiliza. A
teoria da produção, no desempenho desse segundo papel relativo à análise microeconômica,
demonstra que pode constituir-se no alicerce da análise da demanda da firma pelos fatores de
produção.
Para tanto, a teoria da produção auxilia o produtor a decidir pela combinação mais
eficiente dos fatores de produção (insumos ou recursos tecnológico) necessários para a
criação dos bens, isto é, que proporcione os menores custos de produção, com base nas
tecnologias existentes. As tecnologias referem-se aos processos de produção, máquinas,
equipamentos e capacidade de processamento de informações. O processo de produção
compreende a técnica pela qual um ou mais produtos serão obtidos a partir da utilização de
determinadas quantidades de fatores de produção (CARVALHO, 1998). Em termos gerais, a
teoria da produção visa a proporcionar ao produtor e ao técnico responsável pela organização
dos processos produtivos e gerenciais a base racional necessária para a tomada de decisão no
campo da produção. Alterações de natureza física, bem como química e biológica, mudanças
espaciais e temporais, alteração na qualidade e agregação de valor à produção são
consideradas ações produtivas, pois criam utilidades adicionais e satisfazem necessidades dos
consumidores (ARBAGE, 2006)
Os fatores de produção são definidos como sendo o capital, a terra, o trabalho, a
tecnologia e a capacidade empresarial (SILVA & SINCLAYR, 1990; CAVALCANTI &
GOMES, 2001; MEIRELLES, 2006). A teoria envolve alguns dos princípios mais
fundamentais da economia, estes incluem a relação entre os preços das commodities e os
preços dos fatores de produção utilizados para produzi-los (EKELAND & GUESNERIE,
2010). Por exemplo, na fabricação do papel, são utilizadas como matéria-prima as árvores
cortadas em pedaços e as máquinas e equipamentos (capital e tecnologia) para gerar a
celulose a partir da madeira, transformando-a em papel. A operação das máquinas e dos
equipamentos requer a ação humana (trabalho). A atividade de produção deve ser realizada
em algum local, ocupando, dessa forma, um espaço físico (terra) e, por último, a produção
requer que haja supervisão e controle (capacidade empresarial). Portanto, a produção refere-se
a um conjunto de atividades por meio das quais os fatores de produção (insumos, trabalho,
tecnologia, capital, terra e talento empresarial) são utilizados para gerar um bem ou serviço
(Figura 1).
Na teoria da produção, um conceito fundamental é o da função de produção de um
bem qualquer. Essa função relaciona as quantidades de vários insumos utilizados e a
quantidade máxima do bem que pode ser produzido em determinado período de tempo
27
isolar e quantificar o efeito de uma variável sobre a outra, algo impossível caso inclua-se um
maior número de variáveis intervenientes no fenômeno.
Neste caso, pode-se produzir soja combinando adubo e terra de diferentes formas,
alterando as proporções destes fatores de produção e dependendo do processo tecnológico
adotado. Com o uso da tecnologia ATV, pode-se utilizar fertilizantes de maneira racional,
otimizando o insumo utilizado. Portanto, a função de produção retratará a produção obtida a
partir das diferentes quantidades de fertilizantes utilizados com o uso da AP, dado um
determinado padrão tecnológico e tendo em conta o fator fixo (terra).
Dependendo do processo produtivo, pode-se utilizar mais intensivamente um fator de
produção em relação a outros. Porém, após escolhido o processo de produção, os resultados
das diferentes combinações possíveis dos fatores de produção (variáveis e fixos) serão
expressos pela função de produção.
A variável dependente da função de produção será a quantidade máxima de produção
possível e, como variável independente, as quantidades variáveis do fator de produção
utilizado, dado um nível tecnológico constante e tendo presente que há, ao menos, um fator de
produção fixo (ARBAGE, 2006).
Portanto, uma função de produção representada por:
( )
Onde, Q é o produto total, k representa a unidade de capital aplicada à produção e l
representa unidades de trabalho. A função de produção é contínua e diferenciável. Para
Arbage (2006), as relações entre o investimento de um único fator variável e a produção de
um único produto, pode seguir uma das três formas gerais.
a. Produtividade constante do fator variável: haverá produtividade constante
quando todas as unidades do fator variável aplicadas ao fator fixo resultarem em aumentos
iguais no total da produção obtida. A relação entre investimento e a produção é proporcional e
linear.
b. Produtividade decrescente do fator variável: ocorre produtividade decrescente
do fator variável quando cada nova unidade do insumo variável impactar menos na produção
total do que a unidade anterior.
c. Produtividade crescente do fator variável: quando ocorre a aplicação de
unidades adicionais do fator variável e estas ocasionam aumentos crescentes na produção em
relação à produção anterior.
30
O curto prazo é o período de tempo em que pelo menos um insumo é fixo, isto é, sua
quantidade não sofre alteração e, para aumentar a produção, a empresa aumenta a quantidade
utilizada dos insumos variáveis. Além disso, somente algumas alternativas de combinações de
insumos existem para a empresa, pois alguns insumos não podem ter a sua quantidade
modificada (são fixos). Por outro lado, no longo prazo, todas as possíveis combinações de
insumos podem ser analisadas pela empresa (PINHO & VASCONCELLOS, 2006).
No curto prazo, a empresa se depara com, pelo menos, um insumo fixo, o qual pode
estar relacionado às suas instalações, máquinas, equipamentos, sementes, fertilizantes entre
outros. Portanto, para aumentar o montante de produto, a empresa deverá usar maior
quantidade dos insumos variáveis (BESANKO et al., 2007), que podem ser horas de trabalho.
Para ter conhecimento da combinação adequada para ser utilizada dos insumos fixos e
variáveis, a empresa deve calcular a produtividade dos insumos, devido à influência sobre os
seus custos de produção (PINDYCK & RUBINFELD, 2002). Sendo assim, serão vistos a
seguir, os conceitos de produto total, produto marginal e produto médio, com base no
exemplo apresentado na Tabela 1, onde tem-se uma propriedade agrícola de 100 hectares (ha)
(insumo fixo) e busca-se verificar o que acontece com a quantidade produzida (produto total),
bem como com os produtos médio e marginal do trabalho à medida que aumenta o número de
trabalhadores (insumo variável).
A Tabela 1 demostra que mesmo dispondo de 100 ha, se nenhum trabalhador for
contratado, a produção é nula. Com o aumento do número de trabalhadores, a produção
(produto total) atinge o máximo com seis trabalhadores, mas o acréscimo do sétimo
empregado não resulta em aumento da produção, e se for contratado o oitavo trabalhador, o
produto total diminui. Para entender porque isso acontece, o conceito de produto marginal é
fundamental.
32
inicia no ponto em que o produto médio atingiu o seu máximo e vai até o nível em que o
produto marginal é zero. No Estágio III, o produto marginal é negativo (ARBAGE, 2006).
No longo prazo, todos os insumos são variáveis, o que significa que a empresa pode
ter ao seu dispor diferentes combinações de insumos (PINHO & VASCONCELLOS, 2006).
Supondo-se que sejam utilizados terra e nível tecnológico para a produção da soja, onde na
linha horizontal da Tabela 2 encontra-se o nível tecnológico e, na primeira coluna, a
quantidade de terra em unidades.
Na teoria da produção existem dois conceitos os quais fazem a diferença, são eles
(CARVALHO, 1998):
a. Eficiência técnica: envolve aspectos físicos da produção; e
b. Eficiência econômica: envolve os aspectos monetários da produção, de forma a
conduzir o processo produtivo a fim de obter o máximo lucro ou o menor custo.
A produção é eficiente tecnicamente quando não existe a possibilidade de substituir
um processo produtivo por outro capaz de obter o mesmo nível de produção com uma
quantidade inferior de insumos (CARVALHO, 1998). Supondo que, para produzir 3 toneladas
de soja em 1 ha foram necessários 250 kg de fertilizantes, e se verificar que utilizando 200 kg
de fertilizantes para a mesma área a produção não reduz, pode-se dizer que houve uma
eficiência técnica.
Suponha-se que uma fazenda possua uma área de 100 ha, dos quais 80 ha são aptos
para o cultivo de soja. A fazenda se caracteriza como uma firma. A área de terra destinada
para o cultivo de soja, o trabalho, o capital, a tecnologia entre outros, são os fatores de
produção. Esses serão combinados por meio de uma determinada técnica para gerar a
produção de soja. Existem várias técnicas para o cultivo de soja, algumas eficientes para o
incremento produtivo e outras para redução no custo de produção. Cada uma dessas técnicas
será um processo de produção.
Os preços dos fatores de produção devem ser considerados para a análise da eficiência
econômica. O processo que apresentar o menor custo de produção para produzir a mesma
quantia do produto final será caracterizado como o mais eficiente em termos econômicos.
Nem sempre o processo que possua a melhor eficiência técnica será o mais eficiente
35
economicamente (CARVALHO, 1998). Caso o fator trabalho seja utilizado em uma maior
escala, pode-se ser menos eficiente tecnicamente, mas mais eficiente economicamente, desde
que o trabalho esteja desvalorizado ou se o capital valorizar mais que o fator trabalho. Sendo
assim, o critério da eficiência econômica é o que vai pesar na decisão do produtor sobre a
melhor função de produção da propriedade.
Desta forma, a presente seção está construída sob o enfoque da teoria neoclássica da
produção, organizada por Marshall ainda no século XIX (MOCHÓN; TROSTER, 1999) e
contemporaneamente acessível em textos como de Varian (2012) e de Pindyck e Rubinfeld
(2002), entre outros da área de microeconomia. Na próxima seção, será abordado o panorama
geral do agronegócio brasileiro, enfocando para a cultura da soja, sendo esta a cultura de
estudo.
2011
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2012
2013
Anos
4
O PIB do Agronegócio compreende a soma de quatro segmentos: (a) insumos para a agropecuária, (b)
produção agropecuária básica, (c) agroindústria (processamento) e (d) distribuição.
37
frango, maior produtor de café, terceiro maior produtor de milho, quarto maior produtor de
madeira (lenha e carvão), sexto maior produtor de algodão, dentre outros.
Mesmo diante desta ascensão e consolidação do agronegócio brasileiro na economia
interna e externa, autores como Neves, Zylbersztajn e Neves (2005) alertam para alguns
desafios para continuar crescendo neste ritmo acelerado, tais como: a) estabilidade política,
superar problemas macroeconômicos como altas taxas de juros, escassez de recursos
financeiros, problemas tributários, além de logística, transportes, questões ambientais; b)
consolidação e busca por novos mercados para as commodities, aumentando ainda mais a
participação no mercado mundial, busca por investidores, capazes de injetar recursos e
maximizar o potencial produtivo brasileiro; c) maior captura de valor (coordenação vertical),
a partir de aplicações de ferramentas de marketing, novos mercados e compradores, inovações
de produtos, serviços e marcas, nichos de mercado (foodservice) e comunicação; utilizar-se de
canais de distribuição a nível mundial, exportar serviços, royalties, marcas; d) fortalecer o
associativismo, onde as cooperativas têm papeis fundamentais, especialmente nas transações
internacionais.
Dentre os desafios citados, a tecnologia é um fator relevante para o agronegócio. Nos
últimos 20 anos, a área cultivada com grãos no Brasil aumentou em 32%, enquanto a
produção aumentou 181%, quase seis vezes a mais (FGV, 2011). Esse cenário deve-se, em
grande parte, às inovações tecnológicas desenvolvidas por instituições de pesquisa e
universidades (FGV, 2011). Esta explosão tecnológica é vista em praticamente todos os
setores, incluindo a biotecnologia, a nanotecnologia e a agricultura de precisão.
Em relação à AP, as culturas com maiores escalas de produção tendem a favorecer a
adoção desta tecnologia, e, desta forma, o uso da técnica é mais frequente na cultura da soja.
A seguir, aborda-se especificamente esta cultura, demonstrando a sua importância econômica.
valores foi crescente até 2004, com queda em 2005, crescimento até 2008 e nova queda em
2009.
Tabela 3 - Valores do PIB brasileiro nas divisões analisadas durante o período de 2001 a
2009.
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Média
Nacional* 2,86 2,94 2,97 3,14 3,24 3,37 3,58 3,76 3,75 3,29
Agronegócio** 679 738 787 807 769 773 834 886 834 789,6
Agricultura** 468 518 558 574 541 555 593 622 589 557,5
Complexo Soja** 24,3 32,8 43,1 31,4 25,7 25,9 33,4 40,3 36,3 32,6
Soja Grão** 12,5 18,8 21,1 15 10,1 11,3 15,2 16,9 15,2 15,1
*valor em trilhões de reais. **valor em bilhões de reais.
Fonte: CEPEA - USP/CNA (2013)
Vale destacar que foi a partir da década de 1970 que a soja se consolidou como a
principal cultura do agronegócio. Esse crescimento não se deve apenas ao aumento da área
cultivada, mas pelo expressivo incremento da produtividade, o qual está relacionado às novas
tecnologias. Desta forma, a próxima seção irá abordar uma tecnologia empregada na cultura
soja, que é a Agricultura de Precisão.
procedimentos para que as lavouras e sistemas de produção sejam otimizados. Tem como
elemento-chave o manejo da variabilidade da produção e dos fatores envolvidos.
De acordo com Coelho (2005), a AP engloba aspectos da variabilidade do solo, do
clima, da diversidade de espécies, do desempenho de máquinas agrícolas e de insumos
(físicos, químicos e biológicos) naturais ou sintéticos usados na produção das culturas.
Utiliza-se da integração da computação, eletrônica, organização de banco de dados e
considera a habilidade em monitorar e gerenciar a atividade agrícola em locais específicos
(ZHANG e KOVACS, 2012).
Ainda, em meados de 2002, a perspectiva era que a AP se tornar-se cada vez mais
comum nas propriedades rurais brasileiras (TSCHIEDEL e FERREIRA, 2002). Neste sentido,
Dellamea (2008) destaca que propriedades com maiores áreas de cultivo são as que estão mais
aptas a receber as avançadas tecnologias de AP, devido ao elevado custo de recursos
necessários para tal. Entretanto, a AP pode ser adotada em qualquer tamanho de área,
podendo manifestar a variabilidade dos atributos do solo de maneira mais acentuada em
lavouras de pequeno porte, em função do tipo de manejo adotado (ZARDO, 2009).
maiores subsídios para a tomada de decisão. Segundo Werner (2007), uma das etapas na
determinação da viabilidade econômica de uma atividade agrícola é a confecção dos custos de
produção. Esta etapa em uma atividade de produção qualquer é o detalhamento de todas as
despesas diretas e indiretas que devem ser controladas para se saber, com exatidão, o quanto
se está investindo e gastando para produzir (ANTUNES e ENGEL, 1999).
A preocupação com os impactos da produção agrícola nas terras aráveis, nos recursos
hídricos e no meio ambiente foi motivo para o poder público ampliar a sua base de avaliação
no progresso da agricultura (ANTLE et al., 1993). A inovação tecnológica, a produtividade
agrícola e a qualidade ambiental estão intimamente ligadas no processo de crescimento
agrícola (ANTLE et al., 1993). Enquanto, que há uma necessidade de compreender o processo
de mudança tecnológica que é a força motriz por trás do crescimento agrícola, há também
uma necessidade de compreender os impactos mais amplos deste crescimento.
A AP objetiva aumentar a produtividade, diminuir custos de produção e minimizar o
impacto ambiental da agricultura. A gestão da variabilidade de fertilidade do solo e as
condições de colheita para melhorar a produção agrícola e minimizar o impacto ambiental são
pontos cruciais da AP. As novas tecnologias, tais como sistemas de posicionamento global
(GPS), sensores, satélites ou imagens aéreas, e Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são
utilizados para avaliar e analisar as variações na produção agrícola.
A AP tem a capacidade de aumentar a produção e proteger o meio ambiente,
preservando os recursos de solo e água, em função do uso racional de insumos agrícolas. A
partir dessa premissa, Berry et al., (2003) desenvolveram a ideia de "conservação de
precisão", que foi definida como a utilização de tecnologias e procedimentos de precisão,
através da variabilidade espacial e temporal, para alcançar os objetivos de conservação.
A lógica de adaptar a gestão em tempo e espaço para que insumos de produção sejam
fornecidos conforme necessidade é uma realidade. No entanto, a justificativa principal do
produtor para o emprego da AP seria melhorar o desempenho das culturas (KITCHEN et al.,
2002), enquanto um dos seus objetivos é a melhoria do ambiente (VANDENHEUVEL,
1996). Estes não devem ser vistos como objetivos mutuamente exclusivos (BERRY et al.,
2003). A agricultura de precisão tem sido apontada como "a agricultura do futuro", pela qual a
rentabilidade da produção será aumentada, o uso de defensivos agrícolas reduzido e uma
melhor eficiência dos nutrientes alcançada (LARSON et al., 1997).
Conservação deve ser compatível com a rentabilidade. Caso contrário, ela não será
aprovada e nem sustentável em uma economia de mercado livre. Para atingir os sistemas de
produção de alimentos sustentáveis, tem sido proposto que as tecnologias e práticas de
agricultura de precisão precisam ser integradas ao planejamento de conservação, a fim de
lidar com a complexidade da heterogeneidade espacial de terras (BERRY et al., 2003).
45
Hammond (1994) observou que em várias áreas testadas não houve economia de fertilizante,
ocorrendo apenas diminuição significativa no erro de dosagem, ou seja, extensas áreas
receberiam menos do que o recomendado e outras mais, se em aplicação convencional
(uniforme).
Já, para Whitney et al. (1995), que fizeram simulações e uma análise econômica da
aplicação localizada de nitrogênio em cobertura em trigo, guiada por sensor em tempo real e a
compararam com a aplicação de taxa uniforme. Considerando o custo do fertilizante e a perda
de produtividade causada pela deficiência de nitrogênio, sugeriram que a aplicação uniforme
resultaria em um custo direto e indireto de US$ 26,85 ha-1 maior que a aplicação localizada,
representando 75% do custo da adubação nitrogenada em questão.
Além disso, Lowenberg-Deboer e Swinton (1995), analisando uma coletânea de
trabalhos envolvendo respostas econômicas da utilização da AP, verificaram que a maioria
dos trabalhos apresentava uma incipiente quantidade de informação e inadequada
metodologia adotada, acarretando, de maneira geral, em resultados econômicos que não
apontaram lucratividade na adoção da AP. Neste sentido, Lowenberg-Deboer (1996) destaca
que a AP nem sempre se mostra rentável em curto prazo, especialmente quando utilizada em
culturas de grão (soja, milho, trigo). Por outro lado, tende a ser mais rentável quando
trabalhada em culturas com maior valor agregado nos produtos, como hortaliças e em áreas de
produção de sementes.
No início dos anos 2000, Lambert e Lowenberg-De Boer realizaram nova e extensiva
revisão de literatura norte-americana e europeia, com 106 trabalhos publicados em periódicos
científicos (86%) e revistas especializadas (14%), para avaliar as respostas econômicas da AP.
Neste trabalho, os autores verificam que, em 63% dos casos, a aplicação de técnicas e
tecnologias da AP apresentaram retornos econômicos positivos, 11% dos retornos foram
negativos e em 26% dos casos não houve ganhos ou perdas.
No Brasil, os primeiros trabalhos envolvendo os aspectos econômicos na AP seguiram
a experiência americana, detendo-se basicamente em análises comparativas do uso de
fertilizantes, utilizando aplicações em taxa variável (ATV) e taxa fixa (agricultura
convencional – AC).
Alguns pesquisadores, como Maraschin, Scaramuzza e Couto (2002) realizaram no
Centro-Oeste brasileiro aplicações de calcário em faixas, determinadas a partir de mapas de
necessidade deste insumo, e fosfato em taxas variáveis. A análise de custo do manejo
localizado da calagem, utilizando um equipamento tradicional, apresentou custo superior à
faixa média e à aplicação pelo método tradicional em R$ 1,80 ha-1 e R$ 4,27 ha-1,
48
2.400,00. Por outro lado, o custo operacional a taxa variável foi R$ 2.835,00 a mais em
relação à taxa fixa. O resultado final foi ligeiramente superior (R$ 435,00) na aplicação a
taxa variável em relação à aplicação a taxa fixa. Desta forma, os autores verificaram que em
ambas as propriedades a aplicação taxa variável, tecnologia da AP, proporcionou considerável
redução na quantidade de insumos e consequentemente nos custos de produção.
Para Werner (2007), que analisou os resultados obtidos comparando AC com o
manejo em AP, nas safras de soja de 2002/03 até a safra 2005/06, concluiu que a AP
possibilitou reduzir os custos de produção da soja (0,3%), aumentou a margem líquida
(18,4%), a lucratividade (3,8%) e a rentabilidade da cultura (0,6%) em relação a AC. O autor
verifica ainda que os resultados calculados demonstram que o tempo de retorno do
investimento na tecnologia de AP, na propriedade em estudo, foi de 2,9 safras de soja,
demonstrando a viabilidade do sistema.
Além disso, Fiorin et al. (2011) em trabalho conduzido em sete situações de
propriedade rural no estado do RS, verificaram que em média a adoção da AP apresentou um
saldo operacional ( produtivo) positivo e superior a forma convencional, que variou de 6,8% a
13,4% e média de 10,5%. A partir deste cenário, onde se verifica ainda existir uma carência
de informações acerca de aspectos econômicos em áreas que utilizam AP, ressalta-se a
importância de trabalhos desta natureza, especialmente voltados à realidade agrícola do RS.
Sendo assim, o uso da teoria da firma está justificada na necessidade de se verificar se
uma mudança tecnológica, como a agricultura de precisão a taxa variável, é capaz de tornar a
produção de soja mais econômica e na possibilidade de analisar a capacidade de se fazer o uso
mais eficiente dos recursos escassos, evidentemente terra e insumos, diante da necessidade
crescente de alimentos.
50
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A teoria da produção, uma das subdivisões da teoria da firma, é utilizada como base
para analisar o uso da ATV e seu impacto na cultura da soja no estado do Rio Grande do Sul.
Por meio das bases conceituais e do referencial teórico, seguem os procedimentos
metodológicos utilizados para a realização da pesquisa, nos quais serão detalhadas as etapas
da amostragem, coleta e análise de dados, com a finalidade de atender os objetivos.
como ATV. Mesmo que a ATV compreenda a aplicação de corretivos, além de fertilizantes,
para fins de pesquisa, englobará apenas o uso de fertilizantes.
Para fins de amostragem, a ATV foi compreendida como a técnica de aplicação que
varia a dose de fertilizantes de acordo com a necessidade específica de cada ponto dentro de
um talhão. A delimitação geográfica para obtenção da amostra foi o território do estado do
RS, devido à difusão da AP e à importância do estado na produção nacional de soja.
O critério considerado para o produtor participar da pesquisa era ser um usuário da
ATV. Em relação aos atores-chave da AP, foram definidos como tais, os representantes da
Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão – CBAP (Quadro 3).
Além dos elementos da teoria da produção, a ATV foi analisada quanto ao perfil dos
adotantes e das propriedades. Para formação do constructo, buscou-se apoio na literatura
específica sobre AP e ATV. Com o propósito de analisar o impacto da ATV na cultura da
soja, optou-se por incorporar variáveis da Teoria da Produção, como o curto e longo prazo e a
eficiência técnica e econômica. Foi considerado o fator de produção tecnologia como variável
e as demais como fixas. Em relação ao curto e longo prazo, em economia o longo prazo é o
período de tempo conceptual para o qual tem-se fatores de produção fixos e de maior
dificuldade de implementação. Em contraste com o longo prazo, no curto prazo tem-se alguns
fatores variáveis e outros fixos, relativamente ao nível de produção escolhido.
54
Neste modelo, observa-se que o impacto da ATV na cultura da soja, referente aos
aspectos econômico e técnico, aliado ao curto e longo prazo, é incluso nos resultados
produtivos e econômicos. Além disso, a análise das percepções dos produtores rurais e atores-
chave, referente à AP e ATV, fornecem informações sobre os benefícios, as limitações, a
situação e as perspectivas da tecnologia no RS e Brasil. Outras variáveis relacionadas às
características das propriedades adotante da ATV, além de dados para construção da
simulação da produção de soja com a adoção da ATV, tiveram o propósito de complementar a
pesquisa e melhor visualizar o potencial da ATV na produção de soja no RS.
55
V2 Idade
propriedade
V3 Escolaridade
V4 Área Cultivada de Soja
V5 Área de Soja destinada a ATV
V6 Técnicas de AP na propriedade
V7 Número de safras adotando a ATV*
V8 Técnica de AP que pretende adotar
produtores rurais
Eficiência Eficiência Percepções dos Percepções dos
Para facilitar a análise das variáveis descritivas, V12 e V13, agruparam-se as palavras
e/ou os termos mais frequentes. Além disso, compararam-se as informações das variáveis V12
e V13 com as variáveis V9 e V11, com a finalidade de analisar as informações
compartilhadas entre os produtores rurais e os atores-chave.
Para a análise da eficiência técnica e econômica, realizaram-se os testes descritos no
Quadro 5. Com base no coeficiente de Pearson, avaliou-se a força de associação entre as
variáveis V7 e V14, a fim de obter a relação entre o número de safras que o produtor adota a
ATV e o uso de fertilizante. Para identificar a diferença entre as médias das respostas, os
dados foram submetidos ao teste de médias, a interpretação da significância do teste foi
baseada no valor de p com nível de 5% de significância. O mesmo teste de média foi
realizado para analisar a variável V7 com as variáveis V15 e V16.
Para as variáveis V15, V16 e V17, efetuou-se o teste de Watson, com nível de erro de
5% para analisar se as amostras seguem uma distribuição normal. Com a diferença entre a
produtividade (V15) da ATV e AC com seus respectivos custos ha-1 (V16), demonstrou-se na
forma de gráfico a eficiência econômica da ATV.
Aplicou-se a análise de regressão 5entre a produtividade da ATV e AC (V15) para a
obtenção da equação a ser utilizada na simulação da produção de soja no RS com a utilização
da ATV. O coeficiente de determinação (r²) varia de 0 a +1 e representa a quantidade de
variação da variável dependente explicada pelas variáveis independente combinada. A
significância do coeficiente foi testada ao nível de significância de 5%, utilizando-se o valor
de “p”.
A simulação da produção de soja com o uso da tecnologia de ATV foi realizada até o
ano de 2023. Por meio do levantamento histórico da produção nacional de soja e da produção
do RS, efetuou-se a porcentagem de participação do RS no cenário nacional para os anos de
2005 a 2014. Com as porcentagens anuais dos respectivos anos foi realizado o teste Watson,
com nível de erro de 5%, para avaliar se os dados seguem uma distribuição normal, sendo
assim possível caracterizar a média como representativa para os anos de 2005 a 2014.
A partir da projeção nacional de soja (EMBRAPA) e com a porcentagem média de
participação do RS no cenário nacional, projetou-se a produção do RS, no sistema AC, para
os anos de 2015 a 2023. Com esta informação e com a equação obtida com a regressão,
efetuou-se a projeção da produção se soja no RS, para os respectivos anos, caso fosse adotado
à tecnologia de ATV nas propriedades rurais do RS.
5
O modelo de regressão é um dos métodos estatísticos mais usados para investigar a relação entre variáveis. A
análise de regressão estuda a relação de duas ou mais variável.
60
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o caso da presente pesquisa, os usuários desta ferramenta, em 96,3% dos casos,
apresentam escolaridade acima da média para o Estado do RS, sendo que 88% possuem
62
ensino médio completo e/ou curso superior (Figura 11). Segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra e Domicílio – IBGE (2011), o brasileiro estuda em média 7,7 anos, o que não seria
suficiente para concluir o ensino fundamental. Além disso, ainda em meados do Século XX,
Schultz (1965) retratava a importância da escolaridade para a transformação do setor agrícola.
Um estudo realizado por Hoffmann e Ney (2004), no qual avaliam a desigualdade,
escolaridade, e rendimentos na agricultura, indústria e serviços entre 1992 a 2002, identificou
que o nível de escolaridade de pessoas ligadas à agricultura é inferior as que estão envolvidas
na indústria e serviços. Além disso, o nível de escolaridade cresceu na agricultura durante
esse período, sendo um indicativo da relação da escolaridade com a adoção de novas
tecnologias.
Superior incompleto
Estes números demonstram que os adotantes da técnica de ATV têm uma formação
diferenciada da maioria dos produtores rurais, indo ao encontro de Daberkow e Mcbride
(2001), onde ressaltam que a escolaridade dos agricultores desempenha papel fundamental na
adoção da AP. Desta forma, os produtores que apresentam escolaridade superior estariam
propensos a adotar uma inovação mais rapidamente, diferentemente daqueles com nível de
escolaridade inferior (ROGERS, 2003).
63
Figura 12 – Média das áreas com cultivo de soja e de soja com a utilização da ATV nas
safras de 2009/2010 a 2013/2014 nas propriedades analisadas no RS.
250
Área de soja com ATV
Área de soja
200
150
ha
100
50
0
2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014
Safra
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
64
Neste estudo, a menor área cultivada com soja pelos adotantes foi de 50 ha em
2009/2010 e a maior área foi de 1100 ha em 2013/2014. Além disso, na safra de 2013/2014,
todas as propriedades pesquisadas utilizaram a ATV (Tabelas 6 e 7), indo ao encontro de
Bernardi, Fragalle e Inamasu (2012), que afirmam que a adoção da AP está ocorrendo nos
mais diversos setores do agronegócio brasileiro, mas em um ritmo inferior ao previsto
inicialmente. A influência do tamanho das propriedades na adoção da ATV também foi
observada por Daberkow e Mcbride (2001). Para Bernardi, Fragalle e Inamasu (2012), o
tamanho da propriedade se reflete na adoção da AP, sendo que tendem a serem maiores as
propriedades nas quais a AP está sendo utilizada.
Tabela 6: Número de produtores, mínima, máxima e média da área cultivada com soja
nas safras de 2009 a 2014 a 2014.
Ano N* Mínima** Máxima** Média Desvio padrão
2009/2010 81 50 800 164,99 105,069
2010/2011 81 63 900 175,09 112,943
2011/2012 81 68 890 179,62 112,099
2012/2013 81 68 850 185,63 109,662
2013/2014 81 70 1100 192,81 130,219
* Número de produtores ** valores em hectare.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
Amostragem de solo
georreferenciada
Sensoriamento Remoto
7,40%
23,50% Não
Não Sim
Sim 76,50%
92,60%
Mesmo que a AP seja ainda um ramo pouco explorado no Brasil, a sua adoção está
crescendo nos últimos anos. No entanto, de acordo com Molin (2003 e 2004), a AP merece
ser amplamente pesquisada para que, no futuro, possa colaborar para a otimização da
produção agrícola do país. Desta forma, é possível perceber que as propriedades estudadas
utilizam a ATV de uma a sete safras de soja, sendo que a moda foi de quatro safras e a média
de 3,54 safras (Figura 14 e 15).
Neste sentido, Lowenberg-Deboer (1996) descreve que a AP nem sempre se mostra
rentável em curto prazo, especialmente quando utilizada em culturas de grão, como no caso, a
cultura da soja. Em relação a isso, Arbage (2006) destaca que a mudança tecnológica está
relacionada normalmente ao longo prazo, ou seja, a ATV, que faz parte de um fator de
produção que é a tecnologia, demonstraria seus benefícios no longo prazo. Além disso, o
aumento da área de ATV nos últimos anos, como demonstrado nas Tabelas 5 e 6, é um
indicativo dos benefícios oriundos da implementação desta ferramenta.
Esta seção é dividida em duas partes. A primeira parte compreende a expectativa dos
produtores em relação à ATV na cultura da soja e a segunda parte compreende a percepção
dos atores chave perante AP.
Como descrito por Inamasu et al. (2012), a maioria das propriedades não contempla
todo o ciclo de AP, sendo a ATV uma das mais utilizadas. Contudo, pode-se observar a
expectativa na adoção de novas ferramentas, como por exemplo, a semeadura a taxa variável,
onde aproximadamente 86% dos produtores entrevistados demonstram interesse quanto a sua
adoção. Além disso, outras tecnologias como a nanotecnologia e a irrigação por precisão,
ferramentas não comuns nas propriedades, foram citadas pelos produtores (Tabela 8).
Os padrões básicos observados na adoção da AP nos últimos anos fazem com que se
tenha um cenário de crescimento no uso de novas ferramentas. Segundo Swinton e
Lowenberg-Deboer (2001), a AP vai se expandir mais rapidamente em países abundantes em
terras, onde está disponível o capital financeiro e aonde o uso do trabalho e de insumos são
69
eficientes. Sendo assim, pode-se destacar a presença de alguns dos fatores de produção, como
o capital, a terra e o trabalho.
Além disso, a capacidade empresarial, que é outro fator de produção, se faz presente
quando o produtor busca aderir às novas ferramentas. Algo percebido na pesquisa, quando os
produtores entrevistados possuem expectativas em adotar na propriedade novas ferramentas
de AP.
Mesmo que os produtores possuam expectativas em novas ferramentas de AP, uma
das mais utilizadas, que é a ATV, sofre algumas limitações quanto a sua adoção. É possível
notar na Tabela 8 que o custo da tecnologia, a falta de pessoal qualificado, a falta de
informação sobre a tecnologia e o custo elevado dos prestadores de serviços foram pontos que
obtiveram um maior grau de concordância pelos produtores, quando questionados sobre as
dificuldades na adoção da ATV. Tey e Brindal (2012) obtiveram o mesmo resultado. Além
disso, destacaram que o avanço na adoção depende prioritariamente de pessoas capazes e com
conhecimento para lidar com eletrônica, softwares, mecânica, hidráulica e também uma nova
forma de enxergar a produção agrícola. Sendo assim, é possível perceber que a qualificação
pessoal torna-se uma dificuldade no momento de aderir à ferramenta de ATV.
Na Tabela 9 e Figura 16 os quesitos: nem sempre o sistema gera lucro, falta de recurso
para adquirir um sistema completo de AP, dificuldade operacional, falta de prestadores de
serviços e falta de financiamento, foram pontos que os produtores não consideram como
limitantes para a adoção da ATV.
1
A B C D E F G H I
A adoção da ATV vem sendo incrementada com o objetivo de redução nos custos de
produção e maior eficiência operacional, sendo uma tecnologia que tende a estar em pleno
crescimento nos próximos anos. Porém, algumas barreiras ainda necessitam ser rompidas para
seu pleno estabelecimento nas diversas condições brasileiras. Com base nisso, alguns
apontamentos foram realizados aos produtores para que pudesse identificar as barreiras que
limitam o crescimento da ATV na sua região de atuação. Sendo assim, a Figura 17 demonstra
indicativos para expansão e/ou prevenção do seu uso na agricultura.
Maior parte dos produtores (79 produtores) discordaram da afirmação de que os custos
da ATV seriam superiores aos benefícios que a tecnologia geraria. Dessa forma, a eficiência
técnica e econômica seriam positivas para esta ferramenta, o que favoreceria a expansão da
71
tecnologia. Hedley (2015) conclui em sua pesquisa que o retorno financeiro gerado pela AP é
eficaz em relação ao investimento da adoção da tecnologia. Além disso, outros pontos como a
qualidade do solo, topografia do terreno, tempo para geração dos mapas e interferências
(climáticas, operacionais, etc) na coleta de dados não seriam fatores que impediriam a
expansão da ATV.
1
70
2
3
60 4
5
Produtores (%)
50
40
30
20
10
0
A B C D E F G H I J K L M
A - Os custos de ATV são maiores que os benefícios gerados pela tecnologia
B - Os prestadores de serviços de ATV exigem um número mínimo de ha para atender o produtor.
C - Qualidade do solo na área limita a rentabilidade da ATV
D - Topografia do terreno impede uso
E - Demora entre a coleta das amostras de solo até a geração dos mapas
F - Consigo observar os benefícios da ATV no meu negócio
G - Valores cobrados não são excessivos pela tecnologia
H - Dificuldade de contratação de mão de obra especializada
I - Custos na aquisição de equipamentos e softwares são elevados
J - É difícil avaliar o ganho de produção com a utilização da ATV
K - Equipamentos de precisão mudam rapidamente e aumentam os custos
L - Dificuldade no treinamento de funcionários para manuseio dos programas e equipamentos
M - A coleta de dados sofre interferências (climáticas, operacionais etc) que dificultam sua aplicação.
A 84%
16%
H 31%
69%
0 20 40 60 80 100
insumos (36%), melhoria da qualidade do solo (40%) e priorização dos investimentos nas
áreas em que o potencial de rendimento de grãos é maior (25%) (Figura 19).
A 59%
41%
A - Priorização dos investimentos nas áreas em que o 38%
Sim
potencial de rendimento de grãos é maior B Não
62%
B - Melhoria da qualidade do solo 37%
C - Uso racional de insumos C 63%
D - Melhoria do meio ambiente pelo menor uso de 14%
defensivo D
86%
E - Maior produtividade da lavoura 62%
F - Controle de toda situação, pelo uso da informação E
38%
G - Tomada de decisão rápida e certa 30%
H - Redução dos custos de produção F 70%
G 60%
40%
75%
H 25%
0 20 40 60 80 100
Tabela 10 – Diferença (%) entre a percepção da adoção da ATV na cultura da soja antes
e durante a implementação.
Antes Durante Diferença
Não Sim Não Sim (Sim)
Redução dos custos de produção. 30,86 69,14 59,26 40,74 -28,40
Tomada de decisão rápida e certa. 17,28 82,72 37,68 62,32 -20,40
Controle de toda situação, pelo uso da
71,60 28,40 61,73 38,27 9,87
informação.
Maior produtividade da lavoura. 0 100 13,58 86,42 -13,58
Melhoria do meio ambiente pelo menor uso
58,02 41,98 82,72 17,28 -24,70
de fertilizantes.
Uso racional de fertilizantes. 20,99 79,01 29,63 70,37 -8,64
Melhoria da qualidade do solo. 83,95 16,05 60,49 39,51 23,46
Priorização dos investimentos nas áreas em
que o potencial de rendimento de grãos é 83,95 16,05 75,31 24,69 8,64
maior
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
250
200
150
100
50
0
2000
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Ano
Fonte: Web of Science (2015)
máquinas que auxiliam os produtores rurais em suas atividades produtivas. Contudo, essa
expansão tem ocorrido de forma “despadronizada” e sem um entendimento conceitual do que
realmente é AP. Além disso, alguns produtores têm adquirido serviços e máquinas sem
entender como usá-los a favor do aumento da produtividade e da eficiência no trabalho.
Segundo o representante do MCTI, o aumento da demanda por alimentos e demais
produtos agropecuários no Brasil e no mundo tem pautado a pesquisa para o desenvolvimento
de um conjunto de tecnologias que resulte em maior produtividade e competitividade, focando
na sustentabilidade. Além disso, a inovação, que é um dos principais componentes da AP,
caminha neste sentido no Brasil. Destaca-se também a utilização da AP para pequenos
produtores, sendo que o processo de implantação da AP na agricultura familiar ainda é lento
(representante do MDA).
Para o representante da ABIMAQ, o Brasil está em um nível de adoção abaixo dos
EUA e da Europa, mas em um patamar elevado quando comparado com a Argentina, que
iniciou antes o uso da AP. Há ainda uma dificuldade para entender que a AP não é algo
isolado, e sim uma tecnologia multidisciplinar que abrange várias áreas do conhecimento,
exigindo um nível profissional mais elevado, fator este carente no país.
Para os próximos 10 anos, a expectativa é que se possa ter no mínimo 50 % do público
praticando a AP (representante do MDA). O representante do PSAP vai além:
“futuramente a AP será praticada em 100% das áreas agrícolas, não somente em
termos de fertilidade do solo, mas também irá auxiliar na gestão de pessoas, finanças
e processos operacionais em geral. Todos os controles de processos poderão ser
mais bem processados com o uso do conceito de AP.” (representante do PSAP)
Segundo Molin (2004), para que ocorra o crescimento na adoção da AP, são
necessárias duas frentes. A primeira trata-se da pesquisa, seja ela pública ou privada e a
segunda, trata-se da redução do custo de adoção da ferramenta. Sendo assim, na medida em
que a tecnologia evolui e as técnicas se adaptem à realidade do usuário, aumenta-se a
probabilidade do uso da ferramenta por parte dos agricultores. Além disso, aliado a
qualificação do usuário, melhorando a mão de obra e disponibilizando informação, é possível
reduzir a barreira que limita o crescimento da AP no Brasil.
Para os atores chave, a AP traz inúmeros benefícios aos adotantes da tecnologia. Na
Figura 22 é possível perceber os principais benefícios citados. A maximização de resultados e
a redução de custos foram os benefícios mais citados pelos atores chave. A AP potencializa os
resultados quando otimiza a aplicação de insumos. Indo ao encontro de Manzatto, Bhering e
Simões (1999), onde descrevem que um dos principais benefícios da AP é aplicar os insumos
no local correto, no momento adequado e as quantidades de insumos necessários para a
produção agrícola.
80
A teoria da produção auxilia o produtor a decidir pela combinação mais eficiente dos
fatores de produção (recursos tecnológicos) necessários para a criação de bens, mas algumas
variáveis podem limitar o uso destes fatores, fazendo com que os mais eficientes não sejam
adotados (CARVALHO JUNIOR, 2011). A falta de mão de obra qualificada e a falta de
informação/conhecimento sobre as ferramentas de AP são variáveis que limitam e/ou
dificultam a sua adoção, sendo estas destacadas pelos produtores rurais e atores-chave.
O custo da tecnologia foi outra variável mencionada, sendo mais destacada pelos
produtores rurais do que pelos atores-chave. A tecnologia se mostra eficiente quando o seu
benefício é superior ao seu custo, demonstrando uma eficiência técnica e econômica. Neste
caso, mesmo que o uso da ATV seja a mais eficiente, existem variáveis que limitam e/ou
dificultam a adoção da ferramenta por parte dos usuários.
81
Todos os produtores que adotam a ATV a quatro ou mais safras reduziram o uso de
fertilizante na cultura da soja, na taxa de 11 a 20% (Tabela 12). Dellamea (2008) em seu
estudo sobre a eficiência da adubação a taxa variável em áreas manejadas com AP no RS,
encontrou uma redução média de 33,1% de fertilizantes na cultura da soja. Estas reduções
variam com a qualidade do solo, histórico da área, cultura implantada, entre outros fatores.
Tabela 12- Número de produtores que tiveram redução no uso de fertilizantes conforme
o número de safras que vem adotando ATV
Número de produtores por % de redução no uso de fertilizantes
Safras Total
Menos que 10% 11 a 20% Não sei
1 0 0 6 6
2 5 1 8 14
3 8 11 1 20
4 0 23 0 23
5 0 10 0 10
6 0 5 0 5
7 0 3 0 3
Total 13 53 15 81
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
83
Tabela 14 - Análise de variância entre o número de safras que o produtor utiliza a ATV
com a redução no uso de fertilizantes na cultura da soja.
ANOVA
Soma dos Média dos
GL F Sig.
Quadrados Quadrados
Nº de safras X Entre Grupos 6 2309,67 384,945 35,191 ,000
redução no uso Nos grupos 74 809,464 10,939
de fertilizantes Total 80 3119,14
Nota: ANOVA significativa ao nível de p<0,05.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
84
teste for negativo, ou seja, não apresentar uma normalidade, os valores de cada amostra são
dispersos, e como consequência, apresenta alto desvio padrão em relação à média. Com um
nível de erro de p<0,05, a amostra custo segue uma distribuição normal para os valores da
AC, sendo que para os valores da ATV a amostra não segue uma distribuição normal. Esse
fato pode ser explicado pela diferença do custo ha-1 da ATV entre as diferentes propriedades,
algumas tendo um custo maior em relação a outras, o que pode ser explicado pelo número de
safras adotando a tecnologia, no qual pode reduzir o custo ha-1 (Tabela 16).
Tabela 16- Teste de normalidade para custo e produtividade em áreas de ATV e AC.
ATV AC
Vcrit
Valor Normal Valor Normal
Custo (R$/ha) 0,11529 0,22150 Não 0,11248 Sim
Produtividade (Sacas/ha) 0,11529 0,10955 Sim 0,14804 Não
Nota: Teste de Watson com um nível de erro de p<0,05
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
O preço da saca da soja (60kg) oscilou pouco nos últimos dois anos (Figura 24). O
valor máximo do preço no RS foi obtido no mês de novembro de 2013, chegando a R$66,77 a
saca. Já o preço máximo em nível nacional obteve o maior valor no mês de dezembro de
2013, chegando a R$65,19 a saca.
Figura 24 -: Histórico do preço da saca de soja (60 kg) no RS e no Brasil, nos anos de
2013 a 2014.
O preço médio da saca de soja no RS, entre 2013 a 2014, foi de R$60,57, com um
desvio padrão de 4,14. Já o preço médio em nível nacional, durante o mesmo período, foi de
R$59,13, com um desvio padrão de 3,83. A diferença das médias foi de R$1,44 (Tabela 18).
87
Tabela 18 - Preço médio da saca de Soja (60 kg) no RS e no Brasil, nos anos de 2013 e
2014.
Nº Mínimo Máximo Média Desvio padrão
Preço no RS 24 53,65 66,77 60,57 4,14
Preço no Brasil 24 51,26 65,19 59,13 3,83
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
Com o valor mínimo, médio e máximo do preço da saca da soja nos anos de 2013 e
2014, aliados com a diferença entre a produtividade e custo nas áreas de ATV e AC, efetuou-
se a análise da eficiência econômica da ATV, ou seja, se o retorno econômico da tecnologia é
superior ao custo da adoção. É possível verificar na Figura 25, que o retorno da ATV na
primeira e segunda safra é negativo, mesmo que o preço da saca da soja esteja cotado no valor
máximo. Em compensação, no momento que o produtor adota a ATV por três safras ou mais,
o retorno vai aumentando, e passa a ser positivo, mesmo com a cotação do preço da soja
estando no valor mínimo.
Considerando o capital, a terra, o trabalho e a capacidade empresarial fatores de
produção fixos, e a tecnologia como fator de produção variável, a eficiência econômica é
percebida pelos produtores ao longo da adoção da tecnologia. Desta forma, torna-se
parâmetro para o produtor no momento de adotar a tecnologia, servindo de informação que o
88
custo da tecnologia nas primeira e segunda safra é superior ao retorno econômico gerado por
ela.
Nota: DPNANS = Distância proporcional ao número de amostras por número de safras que o produtor adota a
ATV.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
Tabela 20 - Análise de variância entre o número de safras que o produtor utiliza a ATV
com a diferença da produtividade e do custo ha-1 entre a ATV e AC na cultura da soja.
ANOVA
Soma dos Média dos
GL F Sig.
Quadrados Quadrados
DIF Entre Grupos 6 172,951 28,825 19,762 ,000
ATVxAC Nos grupos 74 107,937 1,459
Nº de (sacas) Total 80 280,889
safras DIF Entre Grupos 6 10647,834 1774,639 3,243 ,007
ATVxAC Nos grupos 74 40491,746 547,186
(R$/ha) Total 80 51139,580
Nota: ANOVA significativa ao nível de p<0,05.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados de pesquisa.
89
A mesma análise foi realizada para a diferença do custo ha-1 entre ATV e AC, no qual
se formaram dois grupos, sendo que o custo ha-1 da ATV a partir da sétima safra de adoção foi
menor quando comparado com a primeira safra (Tabela 22). Sendo assim, a tecnologia de
ATV não se apresenta apenas como a mais eficiente tecnicamente, mas como a mais eficiente
economicamente, indo ao encontro de Robert (2002), no qual destaca que a AP oferece uma
variedade de benefícios potenciais como a rentabilidade e a produtividade, sendo que este fato
90
é demonstrado quando o custo (R$) da tecnologia ha-1 é inferior ao ganho (R$) gerado por ela,
sendo este ganho perceptivo a partir da segunda safra de adoção (Figura 25).
Além disso, para realizar a simulação futura da produção de soja com a adoção da
ATV, foi analisada a participação do RS na produção nacional de soja. Na safra de 2011/2012
houve uma mínima participação do RS na produção nacional (9,83%), tendo como maior
91
Com a projeção da produção de soja para o estado do RS nos próximos anos, efetuou-
se, com base na equação de produtividade da Tabela 22, a projeção da produção de soja com a
adoção da ATV. Desta forma, caso toda a área cultivada de soja no RS, fosse manejada com a
tecnologia de ATV, projetar-se-ia um acréscimo na produção de soja do estado, na taxa de
13,88% (Tabela 28). Fiorin et al. (2011), em seu estudo sobre ATV, encontraram um
93
incremento médio de produtividade, entre áreas de ATV e AC, de 10,39%. De acordo com
Tittonell e Giller (2013), a AP remete a um aumento da eficiência do uso dos recursos, o que
significa aumentar a produtividade por unidade de recursos investidos. Nos últimos anos, a
produção de soja teve um aumento significativo, que poderia ter sido ainda maior caso
existisse maior utilização de tecnologias como a ATV.
Sendo assim, a prática da ATV pode ser utilizada como uma forma de elevar os
índices produtivos na cultura da soja. Segundo uma de suas definições, a AP consiste de um
conjunto de princípios e tecnologias aplicados no manejo da variabilidade espacial e temporal
associada à produção agrícola, objetivando aumentar a produtividade das culturas e a
qualidade ambiental (PIERCE e NOWAK, 1999).
A diferença entre o custo ha-1 da ATV e AC foi de R$84,83, sendo que o custo médio
da ATV foi R$1578,38 ha-1 e da AC de R$1493,56 ha-1. Werner (2007) encontrou uma
diferença de R$81,18 ha-1 entre ATV e AC. A amplitude do custo da ATV foi de R$365,00 e
da AC de R$390,00.
O preço da soja pouco oscilou nos anos de 2013 e 2014, tanto para o preço no RS,
como para o preço nacional. O preço médio para o RS foi de R$60,57, sendo o mínimo de
R$53,65 e o máximo de R$66,77, com um desvio padrão de 4,14. O baixo desvio padrão
confirma a hipótese de baixa oscilação do preço da soja, durante os 24 meses (2013 e 2014).
A ATV, além de confirmar a eficiência técnica, também confirma a eficiência
econômica, quando analisado o retorno financeiro que a tecnologia proporciona. Para tanto, a
eficiência econômica se comprova a partir da terceira safra de adoção. Sendo que, mesmo
com o preço da saca em alta na primeira safra, o retorno é mínimo ou negativo. Com a
sequência de adoção da tecnologia, a eficiência econômica é perceptível, mesmo com o preço
da soja no mínimo.
A diferença de produtividade e de custo foi significativa, quando comparado com o
número de safras que o produtor adota a ATV. Para a produtividade, formaram-se três
grupos, sendo que a partir da terceira safra o incremento produtivo torna-se constante. No
caso dos custos, formaram-se dois grupos, sendo que a diferença é significativa entre os
produtores que adotam a ATV a uma safra, e aquele que adota a ATV a sete safras. Com a
sequência do uso da ATV o seu custo ha-1 reduz.
O RS é o terceiro estado com maior produção de soja no Brasil. Sua participação
média na produção nacional entre os anos de 2005 a 2014 foi de 14,26%, com um desvio
padrão de 2,01, comprovando a pouca oscilação da participação do RS no cenário nacional.
Existe a projeção de crescimento na produção de soja até 2023, com isso, respeitando a
participação média do RS nos últimos anos, a produção do RS tende a aumentar também.
Entre os anos de 2015 a 2023, há possibilidade de mínima oscilação na produção entre os
anos, tendo uma mínima taxa de crescimento entre a safra de 2014/2015 e 2015/2016 com
1,67% e a máxima entre a safra de 2017/2018 e 2018/2019, com 2,15%.
Caso as áreas cultivadas de soja no RS fossem manejadas, em sua totalidade, com a
ATV, haveria um crescimento maior na produção de soja no RS. A projeção da diferença
entre a produção com AC e ATV seria de 13,88%, sendo que a taxa de crescimento de um ano
para outro pouco oscilaria, variando de 1,69% a 2,58%.
Sendo assim, a partir da análise da eficiência técnica e econômica da ATV foi possível
verificar que a tecnologia é estável ao longo do tempo e garante benefícios técnicos, como
95
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
impacto ambiental relacionado ao menor índice de uso dos fertilizantes nas áreas de ATV
remete a uma interferência positiva sobre a gestão dos recursos naturais.
O custo médio da área de ATV e AC são de R$1578,38 ha-1 e R$1493,56 ha-1
respectivamente, tendo uma diferença de R$84,83. A produtividade média nas áreas de ATV
e AC foram, respectivamente, de 62,54 e 58,58 sacas/ha, com uma diferença de 3,96 sacas. O
preço médio da saca de soja no RS, nos anos de 2013 e 2014 foi de R$60,57. A eficiência
econômica da ATV acontece a partir da terceira safra de adoção. O número de safras de
adoção da ATV está relacionado com o incremento produtivo da tecnologia, bem como, com
o custo da ATV. A partir da terceira safra de adoção da ATV o incremento produtivo da
tecnologia é constante. Já em relação ao custo, a partir da segunda safra de adoção o custo é
inferior à primeira safra, permanecendo constante.
A correlação entre a produtividade de soja em áreas de ATV e AC é de 88,10%. A
participação do RS, na produção nacional de soja, é de 14,26%, com desvio padrão de 2,01. A
taxa de crescimento mínima anual da projeção de soja no RS, entre os anos de 2014 a 2023,
no sistema AC é de 1,67% e de máxima de 2,52%. Já para o sistema de ATV a mínima é de
1,69% e a máxima de 2,58%. A produção de soja estimulada com a utilização da ATV é
13,88% superior ao sistema de AC.
A utilização da técnica de ATV pode ser difundida como uma alternativa para
aumentar a produção de alimentos, tomando por base as estimativas de maiores médias de
produtividade na cultura da soja, quando comparada a AC. A intensificação agrícola e a
otimização do uso do solo são obrigações que necessitam maior elucidação na produção de
alimentos, onde os setores produtivos venham a utilizar as tecnologias agrícolas de forma
equitativa sobre as questões produtivas e ambientais. Sendo que um dos desafios dos agentes
atuantes no agronegócio é o produzir alimentos em níveis de quantidade e qualidade para
atender a crescente demanda mundial com total economia e otimização da utilização do solo.
Desta forma, o uso de tecnologias que possibilite o incremento da produção em uma mesma
área, torna-se ferramenta aplicável na forma de manejo para produção agrícola.
Por fim, o estudo demonstra que a ATV possibilita uma eficiência técnica, por meio da
redução do uso de fertilizantes e aumento produtivo, e uma eficiência econômica, por meio do
retorno econômico superior ao custo da tecnologia. É preciso considerar que faltam dados
consolidados sobre a AP (consequentemente ATV), seja por órgãos estatais ou organizações
ligadas aos produtores rurais e/ou indústria. Os resultados servem para o caso estudado, mas
permite interpretações para o conjunto de produtores no RS. Sugere-se que o estudo seja
replicado para outros casos, realidade e espaços.
99
REFERÊNCIAS
ANCEV, T.; WHELAN, B.; MCBRATNEY, A. Evaluating the benefits from precision
agriculture: the economics of meeting traceability requirements and environmental targets.
In: PRECISION agriculture'05. Wageningen: Academic Publishers, 2005. p. 985-992. (Papers
presented at the 5th European Conference on Precision Agriculture, Uppsala, Sweden).
BATEMAN, D. I.; EDWARDS, J. R.; LEVAY, C. Agricultural cooperatives and the theory
of the firm. Oxford Agrarian Studies, Oxford, v. 8, p. 63-81, 1979.
BATTE, M. T.; ARNHOLT, M. W. Precision farming adoption and use in Ohio: case studies
of six leading-edge adopters. Computers and Electronics in Agriculture, Suíça, v. 38, n. 2,
p. 125-139, 2003. ISSN 0168-1699.
COSTA, J.A. Cultura da soja. Porto Alegre: I Mânica, J.A. Costa, 1996.
EKELAND, I.; GUESNERIE, R. The geometry of global production and factor price
equalisation. Journal of Mathematical Economics, Switzerland, v. 46, n. 5, p. 666-690, Sep
2010. ISSN 0304-4068.
FAO. Farmers now using Satellites for Ease and Precision. Disponível em:
<http://precisionagricultu.re/tag/fao/>. Acesso em: 12 dez. 2014
FOLEY, J. A. et al. Solutions for a cultivated planet. Nature, London, v. 478, n. 7369, p.
337-342, Oct 2011. ISSN 0028-0836.
GALVÃO, O. J. Globalization and changes in the spatial configuration of the world economy:
an overview of the last decades. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeira, v.
11, n. 1, p. 61-97, 2007. ISSN 1415-9848.
GENTIL, L.; FERREIRA, S. Agricultura de precisão: Prepare-se para o futuro, mas com os
pés no chão. Revista A Granja, Porto Alegre, n. 610, p.12-17, 1999.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: ATLAS, 2002. 61p.
HEDLEY, C. The role of precision agriculture for improved nutrient management on farms.
Journal of the Science of Food and Agriculture, London, v. 95, n. 1, p. 12-19, Jan 2015.
ISSN 0022-5142.
MEIRELLES, D. S. The concept of service. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 26,
n. 1, p. 119-136, 2006. ISSN 0101-3157.
104
MOCHÓN, F.; TROSTER, R. L. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books 1999.
MUELLER, N. D. et al. Closing yield gaps through nutrient and water management (vol 490,
pg 254, 2012). Nature, London, v. 494, n. 7437, p. 390-390, Feb 2013. ISSN 0028-0836.
ORIADE, C. et al. Precision farming as a risk reducing tool: a whole-farm investigation. In:
INTERNATIONAL CONFERENCE ON PRECISION AGRICULTURE, 5th, 2000,
Bloomington, Minnesota, USA, 16-19 July. Proceedings of the… Bloomington, Minnesota:
American Society of Agronomy, 2000. p.1-9.
PENG, S. X.; HU, X. L. Study on Agricultural Technology Innovation Mode Based on the
Demand and Supply Linkage. Proceedings of the 2012 International Conference on
Management Innovation and Public Policy (Icmipp 2012), v. 1-6, p. 3486-3490, 2012.
PINDYCK, R.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 5ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
ROBERT, P. C. Precision agriculture: a challenge for crop nutrition management. Plant and
Soil, Hague, v. 247, n. 1, p. 143-149, Nov 2002. ISSN 0032-079X.
SANTI, A. L.; BASSO, C. J.; CHERUBIN, M. R. Mapear a colheita de grãos é uma forma de
conhecer e gerenciar a lavoura. Revista Campo & Negócios, Uberlândia, Ano VIII, n.96, p.
26-27, fev. 2011.
SCOTT, M. F. A new view of economic growth. Clarendon: Press Oxford, 1989. ISBN
0198286740.
SILVA, C. B. et al. The economic feasibility of precision agriculture in Mato Grosso do Sul
State, Brazil: a case study. Precision Agriculture, USA, v. 8, n. 6, p. 255-265, Dec 2007.
ISSN 1385-2256.
TITTONELL, P.; GILLER, K. E. When yield gaps are poverty traps: The paradigm of
ecological intensification in African smallholder agriculture. Field Crops Research,
Netherlands, v. 143, p. 76-90, Mar 2013. ISSN 0378-4290.
ZHANG, C. H.; KOVACS, J. M. The application of small unmanned aerial systems for
precision agriculture: a review. Precision Agriculture, USA, v. 13, n. 6, p. 693-712, Dec
2012. ISSN 1385-2256.
ZHU, Z.; JIN, J. Fertilizer use and food security in China. Plant Nutrition and Fertilizer
Science, China, v. 19, p. 259-273, 2013.
108
Meu nome é Felipe Dalzotto Artuzo e sou estudante do curso de mestrado em Agronegócios
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Suas respostas serão utilizadas para
compreender os impactos da adoção da agricultura de precisão a taxa variável no uso de
fertilizantes (ATV) na cultura da soja no estado do Rio Grande do Sul. O questionário é
anônimo! Peço sua gentileza para responder este questionário, o que levará aproximadamente
20 minutos. Se o Senhor conhece alguém que utiliza à ATV na cultura da soja, por favor,
encaminhe esse e-mail para que eles também respondam o questionário. Você apenas deverá
responder este questionário se utiliza ATV na cultura da soja. Se o Senhor tiver alguma
dúvida ou desejar entrar em contato, estou à disposição no telefone: (54) 99963156 ou por e-
mail: [email protected]
1- Cidade:____________________________
2- Idade:_________
3 -Escolaridade
( ) sem escolaridade
( ) ensino fundamental (1º grau) incompleto
( ) ensino fundamental (1º grau) completo
( ) ensino médio (2º grau) incompleto
( ) ensino médio (2º grau) completo
( ) superior incompleto
( ) superior completo
( ) mestrado ou doutorado
( ) Barra de luz;
( ) Piloto automático;
( ) Mapa de colheita;
( ) Sensoriamento remoto;
( )Semeadura em taxa variada;
9- Com o uso da ATV você tem notado incremento de produtividade da cultura da soja
ao longo dos anos de uso desta tecnologia?
Marque a alternativa que mais se aproxima dos resultados médios de sua(s) propriedade(s).
( ) Não houve ouve incremento na produtividade
( ) inferior a 5% de incremento na produtividade
( ) entre 6 a 10% de incremento na produtividade
( ) entre 11 a 15% de incremento na produtividade
( ) entre 16 a 20% de incremento na produtividade
( ) acima de 20% de incremento na produtividade
10- Dentre as tecnologias de agricultura de precisão, quais você pensa utilizar no futuro
na sua propriedade?
( ) Semeadura a taxa variável;
( ) Sensores para aplicação à taxa variável de fertilizantes, incluindo formulações;
( ) Máquinas e implementos equipados com GPS para aplicação de precisão;
( ) Aumento nas tecnologias de aplicação automáticas;
110
Falta de financiamento
Falta de pessoal qualificado
Falta de informação sobre a tecnologia de ATV
Falta de prestadores de serviços
Custo elevado dos prestadores de serviço
Dificuldade operacional (a maioria das ferramentas está
dimensionada para grandes áreas)
Falta de recurso para adquirir um sistema completo de AP
Nem sempre o sistema gera lucro
12- Em sua opinião, quais seriam as barreiras para o crescimento da utilização da ATV
na sua região?
Escala de 1 a 5, onde 1= discordo muito e 5=concordo muito.
1 2 3 4 5
Os custos da ATV são maiores que os benefícios gerados pela
tecnologia.
Os prestadores de serviços de ATV exigem um número mínimo
de ha para atender o produtor.
Qualidade do solo na área limita a rentabilidade da AP
Topografia do terreno impede uso
Demora entre a coleta das amostras de solo até a geração dos
mapas
Consigo observar os benefícios da ATV no meu negócio
Valores cobrados não são excessivos pela tecnologia
Dificuldade de contratação de mão-de-obra especializada
Custos na aquisição de equipamentos e softwares são elevados
É difícil avaliar o ganho de produção com a utilização da ATV
Equipamentos de precisão mudam rapidamente e aumentam os
custos
Dificuldade no treinamento de funcionários para manuseio dos
programas e equipamentos
111
Prezado
Meu nome é Felipe Dalzotto Artuzo e sou estudante do curso de mestrado em Agronegócios
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Suas respostas serão utilizadas para
compreender a situação da Agricultura de Precisão no Brasil, seus limitantes e benefícios.
Peço sua gentileza para responder este questionário, o que levará aproximadamente 20
minutos. Se o Senhor tiver alguma dúvida ou desejar entrar em contato, estou à disposição no
telefone: (54) 99963156 ou por e-mail: [email protected]
1 – Nome: ________________________________