Tese de Doutorado Vitor Corrêa de Oliveira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL


CURSO DE DOUTORADO

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE


LEITE DE UNIDADES ATENDIDAS POR POLÍTICAS
PÚBLICAS EM MATO GROSSO DO SUL

Vitor Corrêa de Oliveira

CAMPO GRANDE, MS
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
CURSO DE DOUTORADO

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE


LEITE DE UNIDADES ATENDIDAS POR POLÍTICAS
PÚBLICAS EM MATO GROSSO DO SUL
Analysis of the technical efficiency of milk production of dairy farms served by
public policy in Mato Grosso do Sul State.

Vitor Corrêa de Oliveira

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Carneiro Brumatti

Tese apresentada à Universidade Federal de


Mato Grosso do Sul, como requisito para
obtenção do título de Doutor em Ciência
Animal.

Área de concentração: Produção Animal.

CAMPO GRANDE, MS 2020


AGRADECIMENTOS

Agradeço à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de


Mato Grosso do Sul – FAMEZ/UFMS por me oferecer a oportunidade de realizar o curso de
doutorado em Ciência Animal.
Ao meu orientador Dr. Ricardo Carneiro Brumatti pela dedicação, capacidade intelectual,
serenidade na condução de imprevistos e paciência durante essa jornada. Sem dúvidas o seu
lado humano foi fundamental para garantir a finalização desta jornada.
Ao meu primeiro orientador neste curso Dr. Gumercindo Loriano Franco pela confiança
e oportunidade no início deste desafio. Obrigado pela forma respeitosa e sensata que conduziu
a transição de orientadores.
Aos professores Dr. Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo e Dr. Leonardo Francisco
Figueiredo Neto pela grande contribuição com este estudo na realização das análises
estatísticas.
À Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – AGRAER, de onde sou
servidor, pela cedência dos dados coletados pelos seus bravos profissionais extensionista para
a realização deste estudo. Em especial aos servidores Arnaldo Santiago Filho e Rosemeire
Lander Borges Cardoso pela confiança no projeto e contribuição fundamental no acesso aos
dados primários da pesquisa.
Aos servidores Dra. Ana Karla Moulard de Melo, Dr. Antônio Ayrton Morceli e Dra. Ana
Cristina Ajalla pelo apoio incondicional como meus gerentes no Centro de Pesquisa e
Capacitação da Agraer – CEPAER.
Aos meus pais Roracy e Elio pelo inesgotável incentivo às minhas decisões.
À minha esposa Mariana pela confiança nesta jornada e pela compreensão nos meus
momentos de ausência, em que sua dedicação à nossa família foi multiplicada.
Aos meus amados filhos Guilherme e Antônio pela fonte de motivação, garantidora da
necessidade de completar este ciclo.

OBRIGADO!
Tenha sempre a humildade de ouvir
e a personalidade de tomar suas decisões.
RESUMO

OLIVEIRA, V.C. Análise da eficiência técnica de produção de leite de unidades atendidas por
políticas públicas em Mato Grosso do Sul. Tese. Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, 2020.

É inegável a importância socioeconômica da cadeia agroindustrial de lácteos para o Brasil e o


Mato Grosso do Sul (MS) conta com grande número de unidades de produção, principalmente
de agricultores familiares. De forma paradoxal, as instituições ligadas ao setor têm sido atuantes
com a implantação de diversas ações de desenvolvimento, entretanto o estado sofre de
estagnação nos últimos anos, diferente da média nacional. Subsidiado por revisão relacionada
à importância, características e perspectivas para a cadeia produtiva do leite, breve histórico das
políticas públicas relacionadas a essa cadeia no Brasil, além de príncípios de avaliação do
resultado de políticas públicas, o objetivo central desse trabalho foi contribuir para um melhor
entendimento da cadeia de produção de leite e de dos resultados de políticas públicas
direcionadas aos agricultores familiares produtores de leite por meio da análise da produção de
leite e da eficiência técnica de produção. Foram utilizados dados dos anos de 2015 e 2017 de
103 unidades de produção de leite (UPLs) acompanhados por extencionista da Agência de
Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, orgão oficial do MS. Verificou-se que apesar da
crise econômica durante o período do estudo, as UPLs atendidas por políticas públicas
atravessaram sem alteração na produção de leite, diferente da média dos produtores do MS,
entretanto, a concessão de equipamentos não foi a melhor estratégia para o aumento da
eficiência técnica, sendo conveniente a realização de estudos mais aprofundados e específicos
de impacto dessas políticas públicas antes de continuar investindo recurso e estrutura pública
nessa estratégia. A assistência técnica resultou em aumento da adoção de melhores técnicas de
produção e consequente aumento da produção; e que o nível de escolaridade é um fator de
grande impacto na produção de leite.

Palavras-chave: Cadeia produtiva do leite; Eficiência técnica; Fronteira estocástica; Política


pública, Agricultura familiar.
ABSTRACT

OLIVEIRA, V.C. Analysis of the technical efficiency of milk production of dairy farms served
by public policy in Mato Grosso do Sul State. Thesis - Faculty of Veterinary Medicine and
Animal Science, Federal University of Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, 2020.

The socioeconomic importance of the agro-industrial dairy chain for Brazil is undeniable, and
Mato Grosso do Sul (MS) has a large number of production units, mainly family farmers.
Paradoxically, several agencies have been supporting development actions, however milk
production in MS state has not been improved, different from the national average. Based on a
review related to the importance, characteristics and perspectives for the milk production chain,
a brief history of public policies related to this chain in Brazil, in addition to principles for
evaluating the outcome of public policies, the main objective of this work was to contribute to
a better understanding of the milk production chain and the results of public policies aimed at
family farmers milk through the analysis of milk production and technical production
efficiency. Data from the years 2015 and 2017 from 103 milk production units (UPLs) were
used, accompanied by an extensionist from the Agency for Agrarian Development and Rural
Extension, official agency of the MS. It was found that despite the economic crisis during the
study period, the UPLs served by public policies went through without alteration in milk
production, different from the average of MS producers, however, the concession of equipment
was not the best strategy for increasing technical efficiency, making it necessary to carry out
more in-depth and specific studies on the impact of these public policies before continuing to
invest public resources and structure in this strategy. Technical assistance resulted in increase
in the adoption of better production techniques and consequent increase in production; and that
the level of education is a factor of great impact on milk production.

Keywords: Milk production chain; Technical efficiency; Stochastic frontier; Public policy,
Family farming.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Participação do leite na composição da dieta no Brasil e nos continentes. Fonte:


Food Balances 2013 ................................................................................................................... 5
Figura 2. Valor bruto da produção da agricultura total e do leite fresco de vaca no Mundo ..... 6
Figura 3. Produção de leite dos principais produtores de leite de vaca do Mundo entre os anos
de 1993 e 2018............................................................................................................................ 7
Figura 4. Captação de leite média de 2015 à 2019 de alguns países importantes na cadeia de
lácteos do mundo ........................................................................................................................ 8
Figura 5. Produção de leite de vaca das regiões do Brasil entre os anos de 1974 e 2018 ........ 10
Figura 6. Produção de leite dos 10 estados brasileiros de maior produção de leite e dos estados
da região Centro-Oeste dos anos entre 1978 e 2018 ................................................................ 11
Figura 7. A - Cartograma da produção de leite e Mapa dos laticínios inativos e ativos por
sistema de inspeção sanitária do Estado de Mato Grosso do Sul ............................................. 14
Figura 8. Destinação do leite inspecionado e consumo per capita de equivalente leite no Brasil
.................................................................................................................................................. 16
Figura 9. Linha do tempo do leite “Brasil – Mato Grosso do Sul. ........................................... 23
Figura 10. Leite cru, resfriado ou não, adquirido total do primeiro trimestre entre 1997 e 2020
do Brasil e do Mato Grosso do Sul ........................................................................................... 38
Figura 11. Número de unidades de produção de leite estudadas por município e regional
administrativa da AGRAER no Mato Grosso do Sul. .............................................................. 40
Figura 12. Frequência das unidades de produção de leite pela diária média para produtores
tradicionais e assentados nos anos de 2015 e 2017 .................................................................. 47
Figura 13. Produção de leite por nível de nível de escolaridade para o ano de 2017 de 103
unidades de produção de leite de produção de leite de MS e uma simulada “referência” ....... 51
Figura 14. Histograma, e estatística descritiva para eficiência técnica de unidades de produção
de leite por categoria e por ano. ................................................................................................ 54
Figura 15. Estatística descritiva e correlação entre eficiência técnica e produção de leite diária
.................................................................................................................................................. 55
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Produção e produtividade de leite das regiões do Brasil no ano de 2017................. 10


Tabela 2. Resultados do IBGE - Censo Agro 2017 relacionados à bovinocultura de leite e
índices estimados para o Brasil e Mato Grosso do Sul............................................................. 12

ARTIGO
Tabela 3. Estatística descritiva da produção de leite e das variáveis quantitativas e qualitativas
consideradas no modelo em estudo por categoria de produtor e pelo ano das informações. ... 46
Tabela 4. Número e porcentagem de unidades de produção com resposta sim para as variáveis
binárias consideradas no modelo em estudo por categoria de produtor e pelo ano das
informações. ............................................................................................................................. 48
Tabela 5. Resultados da estimação da fronteira estocástica pelo modelo Log Log, ineficiência
técnica e análise de avaliação do modelo. ................................................................................ 49
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 1

1.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................... 2

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................... 2

2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................................ 3

2.1. CADEIA PRODUTICA DO LEITE .................................................................................................. 3

2.1.1.Importância social e econômica da cadeia produtiva do leite .................................................... 3

2.1.2.Produção de leite ..................................................................................................................................... 7

2.1.3.Consumo de lácteos .............................................................................................................................. 14

2.1.4.Perspectivas do setor de lácteos ........................................................................................................ 17

2.2. POLÍTICAS PÚBLICAS NA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE ...................................... 19

2.3. AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ................................................................................ 24

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 28

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 29

ARTIGO ............................................................................................................................................................. 36

Anexo 1. Normas para artigos científicos: Land use Policy ............................................................... 59


1

1. INTRODUÇÃO

A bovinocultura de leite pode ser considerada uma atividade agrícola universal, pois
vacas são ordenhadas em quase todos os países do mundo, sendo vital para o sistema global de
garantia da segunça alimentar da humanidade e para a sustentabilidade de grande parte da
população rural.
Nas últimas décadas, a atividade no Brasil evoluiu de forma contínua, resultando no
crescimento consistente da produção, que colocou o país como um dos principais do setor no
mundo. Com o aumento populacional e o crescimento econômico mundial, o consumo de
lácteos tem aumentado de forma expressiva, tanto em países desenvolvidos, como em países
em desenvolvimento, o que sinaliza para a continuação de crescimento sustentável do setor de
lácteos.
O setor de produção de leite do estado de Mato Grosso do Sul (MS) no ano de 2019
respondeu por produção aproximada de 310 milhões de litros por ano sendo apenas o 19º estado
no ranking de produção de leite no Brasil (IBGE, 2020). Apesar da baixa eficiência do setor no
MS, de forma paradoxal, as instituições ligadas a cadeia agroindustrial de lácteos não têm sido
omissas, e vem executando programas e atividades com o objetivo de desenvolver o setor.
Uma hipótese para uma das causas desse destaque negativo para o MS, seria que as
ações públicas não estariam indo ao encontro das reais necessidades da cadeia, com ausência
ou baixa efetividade em seus objetivos, e/ou não estão sendo conduzidas de forma precisa.
Estudos que busquem um melhor entendimento do funcionamento da cadeia agroindústrial de
lácteos, nas diferentes esferas geográficas, dos diversos fatores sócioeconômicos da cadeia
produtiva de lácteos, dentro e fora de MS, poderão contribuir para implantação de políticas
públicas mais eficazes, possibilitando o desenvolvimento do setor.
Nesse sentido, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – AGRAER,
autarquia ligada ao governo do Estado, realizou acompanhamento com coletas de informações
sociais, técnicas e econômicas das unidades de produção de leite (UPLs) de agricultores
familiares assentados e tradicionais atendidas por programas de fomento à produção de leite,
por meio de assistência técnica, extensão rural e concessão de uso de equipamentos durante os
anos de 2015 a 2017. Esses dados foram utilizados na construção do presente estudo como fonte
primária de informação.
2

1.1. OBJETIVO GERAL

Fornecer informações relacionadas á cadeia de produção de leite que possam contribuir


como subsídio para avaliações consistentes do setor, municiando o governo e a sociedade como
um todo para possíveis tomadas de decisão nas políticas públicas de fomento à produção.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Discutir sobre a importância social e econômica da cadeia de produção de leite;


 Caracterizar o volume de produção de leite à nível de Mundo, Brasil e Mato Grosso do
Sul;
 Realizar um histórico sobre as políticas públicas relacionadas a cadeia produtiva de
lácteos no Brasil e no MS;
 Discutir sobre avaliação de políticas públicas; e
 Avaliar o comportamento da eficiência técnica de produção de UPLs de agricultores
familiares atendidas por políticas públicas de fomento à cadeia de lácteos em MS em
dois anos, 2015 e 2017.
3

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. CADEIA PRODUTICA DO LEITE


O conceito de agronegócio surgiu a partir da integração da agricultura aos setores
industriais de fornecimento de insumos e de processamento e distribuição da produção,
abrangindo todas as transformações associadas aos produtos agrícolas, desde a produção de
insumos, passando pela unidade agrícola, processamento e distribuição até o consumidor final
(Rufino, 1999).
A cadeia agroindustrial de lácteos está perfeitamente representada pelo conceito acima,
pois retrata de forma precisa o quanto é extenso o impacto da atividade e os diversos segmentos
que a compõem, que por sua vez são interligados, impactando entre si. Em um cenário
globalizado, não basta que o empresário rural tenha conhecimento apenas das informações
gerenciais da fazenda; é fundamental estar atento a tudo que possa influenciar nos resultados
finais do negócio. Os macroambientes internacional, nacional e local do setor podem afetar as
decisões técnicas e o desempenho da faz enda, mesmo que estejam muito distantes, os países
importadores que criam barreiras, econômicas ou não econômicas, podem afetar o
microambiente da fazenda (Stock, Carneiro e Teixeira, 2010).
Por esse ângulo, discutiu-se nesse item da revisão a importância da cadeia produtiva do
leite, considerando seus impactos na saúde e nas questões sociais, das perspectivas futuras do
setor, as características do volume de produção de leite à nível mundial, nacional e do MS, além
do histórico sobre as políticas públicas relacionadas a cadeia produtiva de lácteos no Brasil e
no MS.

2.1.1. Importância social e econômica da cadeia produtiva do leite

Bilhões de pessoas em todo o mundo consomem leite e produtos lácteos todos os dias.
O leite e os produtos lácteos não são apenas fonte vital de nutrição para essas pessoas, eles
também apresentam oportunidades de subsistência para agricultores, processadores,
comerciantes e outras partes interessadas na cadeia de valor dos laticínios. Mas para conseguir
isso, consumidores, indústria e os governos precisam de informações atualizadas sobre como o
leite e seus derivados podem contribuir para a nutrição humana e como o desenvolvimento da
indústria de laticínios e lácteos podem contribuir da melhor maneira para aumentar a segurança
alimentar e aliviar a pobreza (Muehlhoff, Bennett e McMahon, 2013a).
4

Apesar de estarmos vivendo numa época de tecnologias extremamentes avançadas,


novas evidências continuam a apontar para uma elevação na fome nos mundo após longo
período de queda. A cada nove pessoas, uma está subnutrida no mundo, ou seja, 821 milhões
de pessoas (FAO, IFAD, UNICEF, WFP e WHO, 2018). Todavia, acesso a uma boa dieta e
saúde adequada é essencial para a criança no crescimento e desenvolvimento, manutenção do
corpo e proteção contra doenças infecciosas e doenças não transmissíveis na vida
adulta. Nutrição adequada e uma população produtiva saudável é cada vez mais reconhecida
não apenas como resultado, mas também como um pré-requisito importante para a redução da
pobreza e para as questões econômicas e sociais (Muehlhoff, Bennett e McMahon, 2013b).
Em média, o leite de vaca integral e fluído possui 13% de componentes sólidos, destes
45,4% de carboidratos totais, 22,3% de proteínas, 24,6% de lipídios, 5,4% de minerais, sendo
0,9% de Cálcio, e 0,1% de vitaminas (TBCA, 2019). Este alimento possui naturalmente
imunoglobulinas, hormônios, fatores de crescimento, citocinas, nucleotídeos, peptídeos,
poliaminas e enzimas que apresentam interessantes efeitos à saúde (SBAN, 2015).
Além disso, os ácidos rumênico (cla, 18:2n7-c9,t11) e t10,c12-octadecadionoico (CLA,
18:2N6-T10,C12) presentes, colocam o leite bovino na classe de alimentos nutracêuticos,
capazes de proporcionar benefícios à saúde do consumidor, que incluem prevenção ou
tratamento de doenças, como obesidade, doenças cardiovalculares, diabetes do tipo-2, e algum
tipos de câncer (Kratz et al., 2013; Tripathi, 2014), com destaque para sistemas não
especializados, apresentando maiores desses ácidos (Vargas et al., 2015). Mas é sincero lembrar
que o leite não contém ferro e folato para atender às necessidades de bebês em crescimento, e
o baixo teor de ferro é uma das razões de leites de animais não serem recomendados para bebês
menores de 12 meses de idade (Muehlhoff, Bennett e McMahon, 2013b).
O leite é considerado um importante alimento fonte de cálcio para a nutrição humana.
A inadequação da ingestão de cálcio é observada em estudos realizados no Brasil e em outros
países emergentes e desenvolvidos, relacionando-se ao baixo consumo de leite e derivados, que
são suas principais fontes alimentares (SBAN, 2015). Por mais que o Brasil tenha saído do
mapa da fome mundial publicado pela FAO em 2017 (FAO, IFAD, UNICEF, WFP e WHO,
2018), com os últimos anos de crise econômica, o país corre o risco de entrar novamente caso
não consiga retomar o crescimento. Nesse sentido, o leite e seus derivados têm papel
fundamental na alimentação da população (Figura 1) e no combate à desnutrição mundial,
especialmente em países da África e na América Latina, inclusive no Brasil, dada as suas
excelentes características nutricionais e seu preço acessível.
5

20%
18% Energia Proteína Lipídios

16%
% no total da dieta

14%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
Brasil Africa Américas Ásia Europa Oceania

Figura 1. Participação do leite na composição da dieta no Brasil e nos continentes. Fonte: Food Balances 2013 -
FAO.

Além das questões nutricionais, a pecuária leiteira é de fundamental importância para o


setor agropecuário brasileiro, tendo em vista que a atividade participa na formação da renda de
grande número de produtores, além de ser responsável por elevada absorção de mão-de-obra
rural (contratada e familiar), propiciando a fixação do homem no campo (Campos e Piacenti,
2007).
O agronegócio desempenha papel fundamental na oferta de trabalho, visto que no Brasil,
em torno de 20% (18.093.831 trabalhadores) do pessoal ocupado trabalha nos segmentos que
compõem as cadeias de produção do agronegócio (CEPEA/IBGE, 2018), sendo 1% no
segmento de insumos, 21% Indústria, 32% serviços e 46% na agropecuária. Aproximadamente
4 milhões de trabalhadores ocupados na cadeia de produção de leite (Arbex e Martins, 2019),
então 22% do pessoal ocupado do agronegócio e 4,4% de todo o Brasil está envolvido com o
setor de lácteos, podendo ser considerada a cadeia produtiva do agronegócio de maior impacto
social, sendo o indicador “desemprego” extremamente representativo nessa questão.
Fazendo uma comparação entre o crescimento do PIB mundial da agricultura total com
o crescimento do PIB do leite de 1998 à 2018 (Figura 2), o crescimento para ambos, calculados
conforme Fontes et al. (2010), foi de 53% e 46%, ou seja, taxa de crescimento anual médio do
PIB de 2,12% e 1,98%, respectivamente (Figura 2). Interessante notar que os PIB da agricultura
começou a se distanciar em crescimento depois de 2010, com a queda da taxa de crescimento
anual do Leite para 1,47% nesse período, com destaque para a crise no setor entre 2013 e 2016.
Essa crise foi causada, principalmente, pela vertiginosa queda nos preços dos produtos
lácteos devido aos altos estoques da China, que reduziram significativamente suas importações
6

de lácteos, causando represamento em países que para lá exportavam (Ribeiro, 2015). No final
de 2016 os preços internacionais já estavam normalizados, contribuindo para a retomada do
crescimento do setor. O comércio de produtos lácteos no Mundo foi de aproximadamente
U$94,1 bilhões em 2018 (IDF, 2019).

301.208
4.157.933

281.208

3.757.933
261.208

241.208
3.357.933

221.208

2.957.933
201.208

181.208 2.557.933
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018

Leite Agricultura

Figura 2. Valor bruto da produção (Trilhões USD constante em 2014 – 2016) da agricultura total e do leite fresco
de vaca no Mundo. Fonte: FAOSTAT 2018.

No Brasil, o leite é produzido em 99% dos municipios brasileiros, é transformado em


centenas de derivados lácteos (queijos, iogurtes, etc), participa na composição de mais de 90
produtos como sorvetes e xampus, o que tem levado à um crescimento de 78% do mercado nos
últimos 5 anos (Arbex e Martins, 2019). Segundo a mesma fonte, são 1,3 milhão de produtores
de leite no Brasil, 2 mil indústrias laticinistas legalizadas e estrutura de logística composta por
mais de 11 mil transportadores, tendo gerado um faturamento anual de 70,2 bilhões de reais em
2017. Entre os PIBs das principais cadeias do agronegócio brasileiro, a bovinocultura de leite
ocupa quarta posição, estando atrás apenas da bovinocultura de corte, cana e soja, que tiveram
valores de 194, 156 e 103 bilhões de reais em 2017, respectivamente (CEPEA/CNA, 2019).
7

Conforme dados do Censo Agro 2017, em MS eram 4.293 estabelecimentos declarando


produzir queijo e requeijão, que geranram 46 milhões de reais, sendo 40 milhões de reais
vendidos, ou seja, mais de 9 mil reais de receita por estabelecimento por ano.

2.1.2. Produção de leite

A bovinocultura de leite tem crescido de forma contínua nas últimas décadas no Brasil.
O país esteve estabilizado na quarta colocação no ranking de produção de leite de vacas, durante
à ultima década, entretanto com a queda de produção da China em 2017, o Brasil pulou para
terceiro maior produtor do Mundo, tendo produzido 33.490.812 litros em 2017 (IBGE, 2018).
Na Figura 3 podem ser observadas as evoluções dos principais produtores mundiais, com
destaque para os Estados Unidos, como o maior produtor, e para Índia e China que apresentaram
crescimentos espantosos neste século.
Gomes (2001) cita que a década de 1990 foi um “divisor de águas” para a cadeia
agroindustrial do leite no Brasil, em função de três fatores que foram fundamentais para as
transformações observadas no setor: 1) Liberação do preço do leite, em setembro de 1991; 2)
Estabilidade da economia, com destaque para a queda da inflação com a implantação do Plano
Real, em julho de 1994; e 3) Maior abertura comercial.

100.000.000 Estados Unidos


90.000.000
Índia
80.000.000
China
70.000.000
Toneladas por ano

Brasil
60.000.000
Alemanha
50.000.000
Russia
40.000.000
30.000.000 França

20.000.000 Nova Zelandia


10.000.000 Turquia
0 Reino Unido
1993 1998 2003 2008 2013 2018

Figura 3. Produção de leite dos principais produtores de leite de vaca do Mundo entre os anos de 1993 e 2018.
Fonte: FAOSTAT.

Apesar da boa colocação do Brasil, a produtividade média em 2017 foi de apenas 1.963
kg de leite por vaca por ano (IBGE, 2018), sendo a nona melhor entre os 10 maiores produtores
8

do mundo, a frente apenas da Índia, apesar dos 70% de evolução neste século. Deve-se
considerar o fato da maioria das unidades de produção brasileiras ainda serem em regiões de
clima tropical, que utilizam sistemas prioritariamente à pasto, onde utiliza-se animais de grupos
genéticos mestiços com sangue de raças zebuínas. Entretanto, vale ressaltar que mesmo nessas
condições, é possível obter produtividades anuais acima de 3.000 litros por vaca/ano com o
sistemas produtivos à pasto com suplementação mínima de ração concentrada, mesmo com
animais mestiços azebuados.
Ainda na Figura 3 a queda de produção durante os anos de crise econômica no Brasil
entre 2013 e 2017. Especialmente 2016 foi um ano muito difícil para os produtores, uma vez
que o consumo de lácteos no Brasil caiu, os preços internacionais estavam em baixa devido ao
estoque chinês, empurrando o preço pago ao produtor para baixo. Além disso, a cotação dos
principais ingredientes da ração concentrada aumentaram, como soja e milho, chegando à
valores acima de US$ 25,00 e US$ 14,00 a saca, respectivamente
(CEPEA/ESALQ/BM&FBOVESPA, 2020), com cotação do dolar americano de R$ 3,56.
Como parâmetro, em 18 de maio de 2020 os preços eram de US$ 18,81 e US$ 8,79, com cotação
do dolar americano de 5,73.

16.000 3.500

BRA, ARG, URU, AUS, NZE (Milhões L)


14.000 3.000

12.000
2.500
USA, UE (Milhões L)

10.000
2.000
8.000
1.500
6.000
1.000
4.000

2.000 500

0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

USA UE BRA ARG URU AUS NZE

Figura 4. Captação de leite média de 2015 à 2019 de alguns países importantes na cadeia de lácteos do mundo
(milhões de litros). Fontes: USDA, Eurostat, IBGE, MAGyP, Inale, Dairy Austrália, Dcanz (2020).
9

Outro resultado oriundo das características dos sistemas brasileiros de produção em sua
maior parte, é a sazonalidade de produção, principalmente nos estados de clima tropical. Na
Figura 4 se observa períodos de variação de captação de leite para a média do período de 2015
a 2019 do Brasil e de alguns países de grande importância no mercado mundial de lácteos. Essa
oscilação de captação é consequência da sazonalidade forrageira, tipo de sistema de produção
e características de mercado, que por sinal não é uma exclusividade do Brasil. Na Nova
Zelândia, por exemplo, é praticada inclusive a safra e entressafra do leite, onde que nos meses
de junho e julho é o período seco das vacas, conhecido como “dry off”. O inverno nesse país é
muito rigoroso e a demanda interna é pequena, possibilitando essa estratégia, que por sua vez,
facilita o planejamento das fazendas e das indústrias de laticínios (RLI, 2013).
A produção de leite no Brasil tem apresentado variações entre regiões, o que é natural,
uma vez que tratamos de atividade que se caracteriza por apresentar elevada diversidade de
sistemas de produção, causada pelas diferenças social, econômica, cultural e climática entre as
regiões. Enquanto se constata avanço na região Sul, ocorrem recuos no Sudeste e Centro-Oeste.
Entre 2012 e 2017, o aumento da produção nacional foi de 1,2 bilhão de litros, impulsionada
principalmente pelos três estados do Sul (Zoccal, 2019). Se considerarmos um período de 40
anos até 2018, o crescimento foi de 451% (Figura 5), enquanto o Sudeste cresceu apenas 120%,
muito impulsionada por Minas Gerais, que cresceu 197% durante esse período.
A região Sul do país possui, obviamente, condições climáticas e de solo privilegiadas à
criação de animais com maior proporção de sangue Europeu, principalmente a raça Holadês, o
que vem possibilitando a implantação de sistemas de produção mais intensivos, com
produtividades mais elevadas (Tabela 1), principalmente por meio da utilização de
confinamentos e semi-confinamentos. O sudoeste do Paraná, o oeste de Santa Catarina e o
noroeste do Rio Grande do Sul são as microregiões com maior destaque.
Além disso, o crescimento de cooperativas têm impulsionado a atividade por fortalecer
a cadeia de lácteos local. Em 2015, o volume de leite total recebido pelas cooperativas no Brasil
foi de 23,4 milhões de litros de leite por dia. O Sul foi onde as cooperativas tiveram o maior
volume total de leite recebido com mais de 11 milhões de litros por dia, seguido da região
Sudeste com uma média diária de 9,5 milhões (OCB, 2017). Ressalta-se ainda que 25% do
faturamento da venda de leite e lácteos das cooperativas do Brasil provém de cooperativas do
Sul, cuja participação de leite e lácteos no faturamento total soma menos de 30%. Este grupo,
composto de cooperativas oriundas de setores muito competitivos do agronegócio nacional, tem
trazido suas práticas gerenciais e sua propensão à inovação ao cooperativismo do leite,
contribuindo para a inserção competitiva do cooperativismo no agronegócio do leite.
10

13

12

11

10

9
Bilhões de Litros

0
1973 1978 1983 1988 1993 1998 2003 2008 2013 2018

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Figura 5. Produção de leite de vaca das regiões do Brasil entre os anos de 1974 e 2018. Fonte: Pesquisa Trimestral
do Leite, IBGE.

Tabela 1. Produção e produtividade de leite das regiões do Brasil no ano de 2017.

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul


Produção, mil L/ano 2.186.840 3.895.999 3.989.151 11.448.924 11.969.898
Produtividade, L/vaca/ano 1.003 1.178 1.453 2.209 3.285
Fonte: Pesquisa Trimestral do Leite, IBGE.

Um fator que favoreceu o menor crescimento do Sudeste em relação ao Sul é a


substituição da atividade leiteira em São Paulo por atividades agrícolas, principalmente a
produção de cana-de-açúcar para comercialização com usinas de açúcar e alcool, apesar de
atualmente está havendo um enfraquecimento desse setor. São Paulo cresceu apenas 4% nos
últimos 40 anos em volume de leite produzido (IBGE, 2020). Sem esquecer que o maior tempo
de prateleira das embalagens loga vida permitiram um grande centro comsumidor como São
Paulo trazer leite de outros estados, estimulando a compra de regiões onde é possível adquirir
o produto que menores preços, mesmo com o custo de frete.
Atualmente os 3 estados da região Sul estão entre os 5 maiores produtores brasileiros e
em franco crescimento da produção. Já a região Sudeste, que tradicionamente é a região de
11

maior produção desde os tempos da histórica “política do café com leite”, vem tendo redução
em São Paulo, como já dito, e crescimento inexpressivo no Rio de Janeiro.

9,0
8,5
8,0
2018
7,5
7,0 2008
6,5
Bilhões de litros por ano

6,0 1998
5,5
1988
5,0
4,5 1978
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
MS MT CE BA PE RO SP SC GO RS PR MG
Figura 6. Produção de leite dos 10 estados brasileiros de maior produção de leite e dos estados da região Centro-
Oeste dos anos entre 1978 e 2018. Fonte: IBGE.

A região Norte apresentou um bom e promissor crescimento da atividade. Impressiona


o alto crescimento da atividade em Rondônia, que triplicou a produção nos últimos 20 anos,
estando atualmente em sétimo lugar no ranking entre os estados brasileiros (IBGE, 2018),
mesmo lidando com altas temperaturas o ano todo e distante do mercado consumidor dos
grandes centros do país. Apesar do clima tropical e úmido desfavorecer sistemas de criação
intensivos, com animais de alta produção, proporciona períodos de estiagem menos drástico
que o Brasil central.
Além disso, uma questão histórica relacionada à definição da estrutura fundiária de
Rondônia não poderia deixar de ser citada, já que dá forma que foi conduzida neste estado, o
tornou a unidade federativa que tem a menor concentração de terra (Gomes, 2001), certamente
estimulando boa parte dos produtores a optarem pela bovinocultura de leite em detrimento à de
corte, pois se torna uma atividade mais rentável em fazendas de menores áreas.
Em MS a produção caiu 28% no mesmo período (Figura 6), apesar de possuir grande
potencial para o desenvolvimento do setor. O estado possui características ambientais
favoráveis à atividade, topografia plana, estações do ano bem definidas, é um grande produtor
12

de grãos e possui posição geográfica privilegiada. Além disso, faz divisa com o principal
mercado consumidor do país e importador de lácteos, São Paulo, além de Santa Catarina,
Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, e fronteira com Paraguai e Bolívia.
Dados do Censo Agro 2017 (IBGE, 2018) mostraram MS como o 17º colocado no
Ranking de produção de leite no país, entretanto a Pesquisa Municipal de 2019 do mesmo
instituto (IBGE, 2020) o estado já caiu para 19º colocado, com produção aproximada de 310
milhões de litros por ano (Figura 6), 27% menor que os 424 milhões do Censo (Tabela 2).

Tabela 2. Resultados do IBGE - Censo Agro 2017 relacionados à bovinocultura de leite e índices estimados para
o Brasil e Mato Grosso do Sul.

Dados de bovinos no Censo Agro 2017 BRA MS


Efetivo do rebanho, cabeças 172.719.164 19.485.201
Número de estabelecimentos 2.554.415 54.931
Efetivo de rebanho vacas ordenhadas, cabeças 11.506.788 224.175
Estabelecimentos que produziram leite 1.176.295 24.087
Quantidade de leite de vaca produzida, L 30.156.279.000 424.092.000
Valor da produção de leite de vaca, R$ 32.348.517.000,00 405.411.000,00
Índices estimados
Produção de leite média por estabelecimento, L/ano 25.637 17.607
Produção de leite média por estabelecimento, L/dia 70,2 48,2
Produtividade média por vaca ordenhada, L/ano 2.621 1.892
Vacas ordenhadas por estabelecimento, cabeças 9,8 9,3
Proporção de Estabelecimentos que produz leite, % 46,0 43,8
Vacas ordenhadas em relação ao efetivo do rebanho, % 6,7 1,2
Valor da produção anual por estabelecimento, R$ 27.500,34 16.831,11
Valor pago médio por litro de leite, R$ 1,07 0,96

Enquanto a produtividade anual média por vaca ordenhada no Brasil foi de 2.621L, em
MS foi de 1.892, ajudando a explicar porque o estado não tem seguido o caminho de tantos
outros e do país de uma forma geral. Além disso, chama a atenção negativamente o valor pago
estimado por litro de leite, de apenas R$0,96. Apesar que para o mesmo ano, esse valor foi de
R$0,84 para Rondônia, e a produção do estado continua crescendo.
Destaca-se também a baixa proporção de vacas ordenhadas em relação ao rebanho total
no MS em comparação à média nacional (1,2% e 6,7%, reespectivamente), retratando a baixa
representatividade da atividade perante ao gado de corte, apesar de 43,6% do total de
estabelecimentos produzirem leite. Em Minas Gerais, o estado de maior produção e maior
rebanho de bovinos de leite do país, essas estimativas são de 15,2% para o primeiro índice e
13

56,2% para o segundo, retratando a grande disparidade de perfil produtivo dos estados. Em
Minas Gerais a produtividade média é de 2.949L de leite por ano por vaca ordenhada (IBGE,
2018).
A pouca especialização da atividade leiteira praticada em Mato Grosso do Sul traz
consequências negativas para a Cadeia Produtiva do Leite, como: alta sazonalidade de produção
de matéria-prima para a indústria de laticínios e, consequente, volatilidade de preços; difi
culdade de gerenciamento e planejamento da produção pecuária e industrial; desestímulo aos
produtores que querem se especializar na pecuária leiteira, devido à não remuneração
diferenciada para um leite de melhor qualidade; difusão de práticas de manejo não adequadas
para a produção de leite; baixo conhecimento de técnicas agronômicas para a produção de
alimentos específicos para o gado leiteiro; ineficiência do controle zootécnico do rebanho
(Simões et al., 2009).
Essas características, que não permitem rentabilidades adequadas ao capital imobilizado
na terra, aliadas à forte concorrência de outras culturas tradicionais no estado, como agricultura
de culturas anuais, silvicultura e criação de espécies em sistemas altamente especializados,
como suinocultura e avicultura, podem contribuir para explicar o nível de interesse pela
bovinocultura de leite por parte dos produtores.
Em MS a produção de leite não está concentrada em uma bacia leiteira bem definida.
Analizando a Figura 7, observa-se uma cinturão de laticínios que corta o centro do estado, com
maior concentração na região da grande Dourados e no extremo sul. Outra concentração fica
no extremo leste, margeando os estados de Goiás e Minas Gerais, onde está localizado o
município de Paranaíba, o maior produtor do estado com 28.316 Mil L produzido (IBGE, 2018).
Atualmente, a região que mais cresce em produção é o extremo sul, próximo ao estado do
Paraná, principalmente os municípios de Itaquiraí, Nova Andradina e Iguatemí, que estão entre
os 6 maiores do estado. A região central, que trandicionalmente era a região de maior produção,
nos últimos anos teve drástica queda na atividade. Os municípios de Campo Grande e
Bandeirantes figuravam entre os 4 maiores produtores no ano de 2010, atualmente são 14º e
20º, respectivamente. Nesse período a produção na Capital despencou de 20.945 Mil L (IBGE,
20) para 8.677 Mil L (IBGE, 2018) por ano. Inclusive, o maior laticínio do estado, que fica
localizado no município vizinho, Terenos, está inativado.
14

Figura 7. A - Cartograma da produção de leite em Mil L/ano, (IBGE, 2018); e B – Mapa dos laticínios inativos e
ativos por sistema de inspeção sanitária do Estado de Mato Grosso do Sul (Dados primarios verificados junto à
Secretaria de Estado de meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de MS –
SEMAGRO, 2020).

2.1.3. Consumo de lácteos

O consumo mundial de leite fresco e processado está equilibrado, e deverá crescer 2,1%
e 1,7% ao ano, respectivamente na próxima década (OECD, 2018). Segundo Siqueira (2019a),
os produtos lácteos, assim como os demais produtos de origem animal, têm uma maior
elasticidade renda da demanda do que outros alimentos, especialmente nos extratos mais pobres
da população. Ou seja, um pequeno aumento na renda leva a um grande aumento nos gastos
com estes produtos e o crescimento ou a recessão de países em desenvolvimento determinarão
o ritmo futuro do consumo de lácteos.
Contudo, o crescimento da produção e consumo mundial de equivalente leite tem sido
menos dinâmico do que o da carne. O consumo mundial per capita de leite era de 83 kg, contra
77 kg há 30 anos (Alexandratos e Bruinsma, 2012). Todo o aumento do consumo per capita
vinha dos países em desenvolvimento (de 37 kg para 52 kg), com a China desempenhando um
papel importante. Os países em desenvolvimento continuavam a ter um consumo per capita
bem abaixo dos países industrializados. No mesmo artigo, os autores projetaram aumento médio
de consumo mundial de equivalente leite até 2050 de 1,1% ao ano, sendo que para os países em
desenvolvimento, 1,8% e desenvolvido de 0,3%. Chama a atenção a projeção para o sul asiático,
com 2,0%.
Ainda naquela região, no ano de 2012 o consumo per capita anual da Índia era um pouco
acima de 60kg e a projeção para 2025 era de próximo aos impressionantes 108kg de equivalente
15

leite (Alae-Carew et al., 2019). Na China, o aumento do consumo de produtos lácteos foram
projetados em 74% até 2050, equivalendo à um mercado total de US$ 26,1 bilhões, sendo
importações de US$ 2,1 bilhões, elevando as importações de lácteos daquele país (Sheng e
Song, 2017). Completaram dizendo que a demanda total de alimentos na China dobrará em
termos de valor real até 2050, impulsionada pelo crescimento da população e da renda. Ao
mesmo tempo, os padrões de consumo passarão das necessidades (por exemplo, cereais, grãos
e alimentos ricos em amido) para outros bens de luxo, particularmente carne e laticínios,
refletindo a escalada de "qualidade" do consumo de alimentos.
Apesar das boas perspectivas para produtos lácteos em geral, o consumo de leite fluído
vem sofrendo com o crescimento de diagnósticos ou percepção da intolerância à lactose,
potencializado por um modismo e propagandas que deflagram a imagem do porduto de origem
animal. Em estudo realizado na região de Campania na Itália constatou-se que 22,2% dos
participantes, não bebem leite e 18,1% bebem leite sem lactose, principalmente por causa
de sintomas gastrintestinais (Zigone et al., 2017). A grande maioria da população da amostra
optou por evitar o consumo de leite sem realizar o teste de respiração para intolerância à
lactose ou consultar um médico. Os autores constataram também que mulheres e pessoas
com baixo peso bebem mais leite sem lactose do que leite com lactose; e a amostra da
população não evita laticínios, pelo contrário, eles parecem ser consumidos com bastante
frequência.
No Brasil, as taxas de crescimento anual do consumo per capita de equivalente leite nos
últimos dez anos são superiores ao crescimento mundial: média 2,7% ao ano, entretando o
consumo per capita está em queda desde 2014, chegando ao nivel de 166 litros de leite/habitante
em 2017, valor que corresponde ao nivel de consumo de 2012 (Siqueira, 2019b). Essa queda é
atribuída ao período de recessão que o país atravessou nesse período.
O segmento de leite UHT está estagnado nos últimos 4 anos, tendo apresentado um
volume ligeiramente maior em 2017, quando atingiu 7 bilhões de litros. Vários fatores têm
contribuído para este cenário, destacando-se o fraco desempenho da economia, a cada vez
menor substituição do leite pasteurizado pelo UHT, já que os volumes do leite pasteurizado
chegaram a nível bastante baixo, e a ainda baixa penetração nas regiões norte e nordeste, onde
as bacias leiteiras ainda não se desenvolveram. (ABVL, 2019).
16

30.000 180
178
25.000 176
174
20.000

Litros/habitante/ano
172
Milhões de litros

170
15.000
168
166
10.000
164

5.000 162
160
0 158
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Leite Pasteurizado Leite UHT Leite em Pó


Queijos Demais Produtos Consumo Aparente Total

Figura 8. Destinação do leite inspecionado e consumo per capita de equivalente leite no Brasil. Fonte: Terra Viva,
2020.

Na última década, o consumo de queijo tem tido aumento maior que o consumo de leite,
seja UHT, pasteurizado e/ou pó no Brasil (Figura 9), mostrando a diversificação no padrão de
consumo de lácteos em busca daqueles com maior valor agregado. Com a queda no ritmo de
crescimento do Brasil, que teve 9,8% de crescimento do PIB per capita em 2013, passou para
7,47% em 2014 e 2,86 em 2015 (IBGE, 2020), o consumo per capita de lácteos despencou até
2017, principalmente no grupo de produtos “demais produtos”, onde estão os cremes, iogurtes,
manteiga, requeijão e outros derivados, mais caros, como já era de se esperar com a redução da
capacidade de compra da população. Após esse período retornou o crescimento do consumo
desses produtos.
O estado de Mato Grosso do Sul possui população estimada de 2.809.394 pessoas
(IBGE, 2020). Se considerarmos o consumo per capita de leite consumo médio do Brasil em
2019 de 171 litros/habitante/ano (Terra Viva, 2020), estima-se um consumo total anual de 480,4
milhões de litros de equivalente leite com produção estimada de 310 milhões em 2019 (IBGE,
2020). Sendo assim, a indústria local não conseguiria atualmente atender a demanda interna de
leite, sendo essa demanda atendida por produto oriundo de estados e países vizinhos. Esse fato
demonstra uma oportunidade de mercado para os produtores e indústria, caso tenha
competitividade em seus processos produtivos. Vale ressaltar que a renda per capita da
população de MS é superior à média nacional referentes a 2019 em aproximadamente 5%
17

(Brasil = R$ 1.438,67; MS = R$ 1.514,31), considerando os dados da pesquina nacional por


amostra de domicílios contínua (PNAD Contínua - IBGE), podendo esse defict de leite ser
ainda maior, já que o consumo de lácteos tem correlação positiva com a renda da pupulação.
Apesar disso, nos últimos 10 anos, o preço líquido médio pago ao produtor em MS foi
16,8% menor que o preço da média Brasil (CEPEA, 2020), desestimulando o crescimento da
atividade no estado e contribuindo para explicar o fraco desempenho do setor no estado.

2.1.4. Perspectivas do setor de lácteos

A produção de leite deverá crescer nos próximos 10 anos a uma taxa anual entre 1,9 e
2,8%. Essas taxas correspondem a passar de uma produção de 35,4 bilhões de litros em 2020
para valores entre 42,9 e 47,7 bilhões de litros no final do período das projeções. O crescimento
de oferta será principalmente baseado em melhorias na gestão das fazendas e na produtividade
dos animais e menos no número de vacasem lactação. A decisão da China pela importação de
queijo do Brasil deve ter grande impacto nesse mercado (MAPA, 2020).
Buscando atender às demandas de transformação que a cadeia produtiva de lácteos têm
exigido, com sistemas de produção de menor impacto ambiental e em consonância com as
exigências de bem estar animal exigidas exigidas pelo mercado consumidor, a comunidade
científica vem trabalhando para dinuir esses impactos por meio de técnicas de produção que
aumentam a eficiência produtiva através do fornecimento de dietas balanceadas ao animais,
melhoramento genético e técnicas de manejo mais adequadas.
Diversas tecnologias foram e estão sendo desenvolvidas para a pecuária, e precisam ser
aplicadas para que os índices zootécnicos continuem sendo melhorados. O que se observa é
que, mesmo de forma lenta, a pecuária no País passa por uma verdadeira transformação e segue
em sinergismo com divesas técnicas de produção (Pedreira e Primavesi, 2010). O desempenho
mais elevados dos animais pode reduzir a emissão de metano em consequência da redução do
número de animais no sistema de produção, considerando ainda que (Moss et al., 2002).
Esse entendimento tem ganhado força até mesmo junto às instituições representativas
do setor, como por exemplo a International Dairy Federation – IDF, que tem trabalhado junto
às indústrias associadas (IDF, 2019) a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e seus
17 objetivos para transformar nosso mundo publicado durante a Assembléia Geral das Nações
Unidas em Setembro de 2015 (ONU, 2015), onde os 193 países membros se comprometeram
em acabar com a pobreza, proteger o planeta e acabar com a desigualdade.
18

Esses fatos aliados à grande interação existente no mundo atual, pressionam o setor a
inovar. Como as novas gerações são mais conectadas e tendem a influenciar as demais, elas têm
provocado muitas mudanças nas tendências de consumo de alimentos. A busca por maior
informação sobre os alimentos consumidos é uma tônica neste momento. Os consumidores
buscam nos amigos, internet, redes sociais e influenciadores digitais, informações mais
detalhadas tanto sobre as marcas de produtos consumidos quanto sobre o próprio alimento. A
ideia é saber o que está por trás daquele produto (Siqueira, 2019b).
Fundamental citar que a essência da transformação digital está na maximização dos
beneficios da ciência e da tecnologia para a sociedade, em todos os aspectos socioeconômicos.
No setor lácteo, o cenário de transformação abre perspectivas de impactos potenciais mais
perceptíveis, uma vez que leite e derivados apresentam a mais extensa e mais complexa cadeia
de valor do agronegócio brasileiro, além da diversidade de atividades que a compõe, de estar
presente em todo o território nacional e por gerar produto altamente perecível (Arbex e Martins,
2019).
De fato, tem acontecido o amadurecimento da cadeia produtiva, tendência que poderá
trazer reflexos positivos no futuro. Nos últimos dez anos, o setor ficou mais organizado, os
diversos agentes da cadeia estão discutindo conjuntamente os desafios e oportunidades e os
produtores passaram a ter mais voz e participação nas decisões, seja por meio das câmaras
setoriais de governo, seja por meio das representações de classe (Vilela et al., 2017). O resultado
é que a velha forma de focar problemas no curto prazo começa a ser substituída por uma de
longo prazo que pensa a cadeia produtiva de forma estruturante e fórmula políticas com visão
de futuro.
O aumento de produtividade das vacas aponta para um processo de modernização e
especialização das fazendas leiteiras, uma das principais condições para que o Brasil possa ser
inserido, ainda nos próximos anos, no seleto grupo dos exportadores de lácteos para o mundo
(Resende et al., 2019).
Movimento de longo prazo: concentração setorial e ganhos de eficiência serão os
principais drivers. Isso não implica que todos os produtores menores irão sair. Os excluídos
serão aqueles que não se adaptarem a nova realidade de adoção tecnológica, melhorias na gestão
e maior eficiência técnica e econômica. Irão permanecer os produtores eficientes. Mas como
existe uma diferenciação de preço por volume, haverá sim, uma pressão por aumento de escala
(MAPA, 2020).
19

2.2. POLÍTICAS PÚBLICAS NA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

Aspirando erigir uma síntese da linha do tempo, as intervenções governamentais na


cadeia produtiva do leite no Brasil iniciaram-se em 1945, quando foi regulamentada a produção
de leite no Brasil, por meio do controle de preços, que perdurou por aproximadamente 46 anos,
com objetivo de proteger os preços dos produtos lácteos, naquele período, eram controlados
pela Comissão Interministerial de Preços (CIP) e definidos aos produtores, ao consumidor e as
margens de rentabilidade de cada um dos elos da cadeia produtiva (Maia et al., 2014). Durante
esse período os avanços tecnológicos foram episódicos, e a gama de produtos oferecida aos
consumidores permaneceu quase inalterada durante quatro décadas (Vilela, Bressan e Cunha,
2001).
Em 1952 foi aprovado o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
Origem Animal (RIISPOA), aplicado nos estabelecimentos que realizam comércio
interestadual ou internacional, bem como a inspeção e o carimbo do Serviço de Inspeção
Federal (SIF). Nesse decreto foram definidas as classificações de finalidade, espécie produtora,
teor de gordura e tratamento, com destaque para a obrigatoriedade da pasteurização.
Mudanças mais expressivas no mercado lácteo ocorreram nos anos seguintes, a partir
de 1990, em um ambiente de abertura econômica e comercial e o surgimento de novos modelos
de processamento de leite in natura e novos derivados (Jank, 1999). Os principais determinantes
dessas transformações foram a liberação do preço do leite, no final de 1991; a queda da inflação,
a partir de julho de 94, com o plano real; a maior abertura do comércio internacional, a partir
do início dos anos 90, especialmente com a efetivação do Mercosul; e o crescimento da coleta
a granel de leite (Gomes, 1997).
A busca por maior inserção no cenário internacional, a formalização do Mercado
Comum do Sul - MERCOSUL e o Plano Real estimularam o consumo e a diversificação da
produção de lácteos. A abertura e a estabilidade de preços formaram um novo cenário, em que
o preço do leite passou a ser definido pela interação entre oferta e demanda (Maia et al., 2014).
Com o passar do tempo, várias alterações foram feitas, acompanhando o desenvolvimento de
novos produtos e tecnologias. E, com a harmonização dos produtos no MERCOSUL,
padronizou-se aqueles produzidos no Brasil em relação aos demais países do bloco (Pinto,
2014). Naquela década aumentou a produção de leite em mais de 50% no Brasil (IBGE, 2020),
com destaque para a região Centro-Oeste.
Objetivando aumentar a competitividade do setor de lacteos brasileiro, em 1999 foi
lançado o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PMQL), que resultou na
20

publicação da polêmica Instrução Normativa 51 (IN51) pelo Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 2002, que seria atualizada em 29 de dezembro de 2011
publicou a instrução Normativa nº 62, IN 62, onde regulamenta a produção, identidade,
qualidade, coleta e transporte do leite tipo A, leite cru refrigerado e leite pasteurizado. A IN 62
alterou basicamente o cronograma que rege os parâmetros de qualidade do leite. Além disso,
estabelece que o leite deverá ser analisado em laboratórios credenciados para o monitoramento
de sua qualidade. A indústria deveria enviar, pelo menos uma vez por mês, amostras do leite de
cada produtor para análise em laboratório credenciado na Rede Brasileira de Laboratórios de
controle de Qualidade do Leite (RBQL). Os produtores receberiam o resultado de suas análises.
Com isso, o MAPA iria acompanhar a qualidade do leite em cada propriedade rural, e exigir
que os problemas detectados seriam resolvidos.
No momento em que a legislação era discutida, falou-se que milhares de produtores
poderiam sair da atividade por não terem condições de se ajustar à norma e encontrarem
dificuldades em adquirir resfriadores individualmente, devido a seu alto custo. Para evitar esse
problema, a norma criou a possibilidade deles resfriarem o leite em tanques comunitários
(tanques em regime de condomínio), formando associações de produtores utilizando um único
tanque de expansão o qual é instalado em uma propriedade e recebe leite de outras propriedades.
Dessa forma, o investimento fica pulverizado entre vários pequenos produtores, o que viabiliza
a permanência deles na atividade e reduz a comercialização do leite informal e a ocorrência do
êxodo rural (Santos e Fonseca, 2003).
As exigências dos consumidores com relação à qualidade do leite tende a ser ainda maior
com o crescimento do senso crítico da população. Nesse sentido, em outubro de 2018 o
Mininistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou as Instruções
Normativas (IN) 76 e 77, que objetivam dar continuidade ao avanço no processo de qualificação
do produtor; aumento da renda com aumento da produtividade; oferta de produtos lácteos de
melhor qualidade, mais seguros e de maior valor agregado para os consumidores. Além disso,
essas medidas tendem a oferecer maior harmonização com regulamentações internacionais,
derrubando barreiras sanitárias e tornando o produto brasileiro competitivo e passível de
exportação. Dentre outras orientações, a IN77 regulamenta a necessidade das indústrias
introduzirem em seus planos operacionais um Plano de Qualificação dos Fornecedores de Leite
(PQFL), onde deverão capacitar os produtores em Boas Práticas Agropecuárias (BPA), seja por
meio de profissionais contratados, seja por parcerias com instituições de Assistência Técnica.
Esse tipo de política também contribuirá para mitigar o fato da atividade de
Bovinocultura estar passando por escrutínio junto à sociedade no que diz respeito à impactos
21

ambientais e ao bem-estar animal, uma vez que no guia orientativo para a elaboração do PQFL
publicado em maio de 2019 (BRASIL, 2019), elaborado pela coordenação de boas práticas e
bem-estar animal – CBPA, traz em seu escopo orientações relativas à adoção das BPA, itens
específicos sobre manejo de resíduos e tratamento de dejetos e efluentes; uso racional e
estocagem de produtos químicos, agentes tóxicos e medicamentos veterinários; e adoção de
práticas de manejo racional e de bem-estar animal.
Os principais aspectos são os relacionados ao desmatamento, que muitas vezes são
realizados por meio de queimadas, e as emissões de metano e dióxido de carbono pelos animais,
processo fisiológico natural das espécies ruminantes, estimulando o aquecimento global por
denegrir a camada de ozômia da atmosfera. A adoção de sistemas produtivos mais eficientes e
sustentáveis é uma forma de contribui um menor volume de gases emitidos por litro de leite
produzido e evitar que novas áreas de florestas se tornem áreas de pastagem.
A redução das estruturas naturais, como florestas, reflete diretamente em alterações
climáticas locais e regionais, dependendo da escala, por reduzir as áreas atenuadoras de calor,
que são vaporizadoras e hidrotermorreguladoras, e aumentar as áreas que irradiam calor em
excesso, que vai abastecer os gases de efeito estufa, e que vai resultar em menos água disponível
para a produção de forragem, 70% da qual depende da água disponíbe no solo, no lençol freático
(Pedreira e Primavesi, 2010).
Especificamente no estado de MS, buscando atender a nova legislação e as exigências
que elas impunham aos produtores, a partir de 2007 o governo do estado implementou projetos
de concessão de tanques resfriadores comunitários, com sucessão dessa prática até à
administração atual, sendo atividade dentro de programas como “Programa leite solidário”,
“Programa MS Leite” e mais recente em 2012 o “Leite Forte”. Este último recebendo, inclusive,
o Prêmio Sul-Mato-Grossense de Gestão Pública na edição (MATO GROSSO DO SUL, 2014).
Com peculiaridades específicas de cada programa, eles objetivaram o desenvolvimento
da cadeia produtiva do leite no MS, por meio de atividades de extensão rural, assistência
técnica, crédito rural, associativismo e fomento. Além de atividades criadas no próprio estado
e desenvolvidas em nível de produtor, esses programas fortaleciam a execução de políticas
públicas do governo federal, como por exemplo o Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar – PRONAF oferecendo infraestrutura para os extensionistas, da Agência
de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural - Agraer e de outras empresas de assistência
técnica parceiras dos programas. Essas firmas produziam junto aos agricultores familiares
projetos de crédito para custeio e investimento em implantação, ampliação ou modernização da
estrutura de produção, beneficiamento, industrialização e de serviços no estabelecimento rural
22

ou em áreas comunitárias rurais próximas, visando à geração de renda e à melhora do uso da


mão de obra familiar (BNDES, 2020), fomentando a bovinocultura de leite com juros
subsidiados.
Também foi realizada no estado de MS a implantação de unidades de produção de leite
do “Projeto Balde Cheio”, que é uma metodologia de transferência de tecnologia que tem o
objetivo de capacitar profissionais da assistência técnica, extensão rural e pecuaristas em
técnicas, práticas e processos agrícolas, zootécnicos, gerenciais e ambientais (Embrapa, 2020),
Esse projeto de extensão da Embrapa encontrou parceiros nesse processo na Agraer, em
cooperativas de técnicos, em cooperativas de leite em prefeituras municipais, contribuindo de
forma direta e indireta no desenvolvimento tecnológico de produção no estado.
Ações de extensão universitária também podem ser citadas em meio às políticas
públicas em pró do desenvolvimento da cadeia no MS. Como destaque, o “Programa Rio de
Leite” da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, Unidade Universitária de
Aquidauana que teve início em 2014 e atualmente continua promovendo cursos de capacitação,
orientação técnica, treinamentos, orientando produtores rurais no planejamento, na avaliação
econômica, controle zootécnico e na elaboração de projetos, além de analisar a qualidade do
leite e incentivar o consumo (O pantaneiro, 2014).
Outra política pública implantada no estado foi a implantação do Conselho Paritário
entre Produtores e Indústrias de Leite (Conseleite MS). Para viabilizar foi realizada uma
parceria em fevereiro de 2010 entre o governo do estado, Federação da Agricultura e Pecuária
do MS – FAMASUL, Sindicato das Indústrias de Laticínios de MS – SILEMS, UEMS,
Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à cultura de MS – FUNDECT, e Universidade
Federal do Paraná – UFPR (MATO GROSSO DO SUL, 2010).
O colegiado teve como atividade até outubro de 2020 divulgar os preços de referência
do leite mensalmente, e considerava em sua metodologia a qualidade da qualidade da matéria-
prima, os preços de venda dos derivados pelas indústrias do Estado, a participação da matéria-
prima no custo total de produção dos derivados, os rendimentos industriais e do "mix" ou
volume de comercialização dos derivados (MilkPoint, 2009) e o custo de produção de leite na
fazenda. O preço referência trouxe maior transparência na determinação do preço pago ao
produtor, pois era paritário, tendo representantes da indústria e dos produtores em sua
composição. Vinculada ao Conseleite MS existia a Câmara técnica do Conseleite - Camatec,
composta por especialistas em produção de leite, que atualizavam o custo de produção na
fazenda, importante componente na determinação do preço referência. Essa atualização
23

dependia de esforço conjunto e rotineiro desse grupo, o que acabou deixando o componente
defasado frequentemente e acabou contribuído para o fim do Conseleite.
Atualmente existe uma tentativa da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite de
MS - CSCPL de implementar um “Novo Índice do Leite do MS”, com base a metodologia do
índice de preços de cesta de derivados lácteos do estado de Goiás. Ele é calculado a partir da
variação dos preços de uma cesta de derivados lácteos que representa o “mix” médio, ou
representativo, de derivados produzidos pelos laticínios no Estado de Goiás (Boletim de
mercado do setor lácteo goiano, 2020). Sendo assim, não é um preço referência para o leite
pago ao produtor, mas se apresenta como um parâmetro para a possível variação deste.

Figura 9. Linha do tempo do leite “Brasil – Mato Grosso do Sul.


24

2.3. AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Em dias em que se busca valorizar a competência no serviço público, a necessidade de


critérios mais robustos, com justificativas menos ideológicas vem ganhando força nas
aplicações dos recursos financeiros do governo, principalmente por meio de políticas públicas.
Segundo Bucci (2002), políticas públicas podem ser entendidas como programas de
ação governamental visando a coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades
privadas para a realização de objetivos relevantes e politicamente determinados. Em outras
palavras, as políticas públicas consistem em iniciativas dos governos (federal, estaduais ou
municipais) para suprir uma demanda, uma necessidade da sociedade que supostamente se
identifica e se elege previamente à ação estatal.
Combinando contribuições de diversos autores, Garcia (2001) define avaliação como
uma operação na qual é julgado o valor de uma iniciativa organizacional, a partir de um quadro
referencial ou padrão comparativo previamente definido. Pode ser considerada, também, como
a operação de constatar a presença ou a quantidade de um valor desejado nos resultados de uma
ação empreendida para obtê-lo, tendo como base um quadro referencial ou critérios de
aceitabilidade pretendidos.
Em documento de normas e padrões para avaliação do Grupo de Avaliações das Nações
Unidas (UNEG, 2016), avaliação é uma ponderação, conduzida de forma tão sistemática e
imparcial quanto possível, de uma atividade, projeto, programa, estratégia, política, tópico,
tema, sector, área operacional ou desempenho institucional. Analisa o nível de realização de
resultados esperado e inesperados, examinando os resultados da cadeia, processos, fatores
contextuais e causalidade, utilizando critérios adequados, tais como relevância, eficácia,
eficiência, impacto e sustentabilidade.
Thoenig (2000) declara que o uso da avaliação é orientado para ação, assim, a prioridade
dela é fornecer informação. Sendo assim, para Costa e Castanhar (2003) a avaliação sistemática,
contínua e eficaz de programas tem grande importância por se tratar de ser um instrumento
fundamental para se alcançar melhores resultados e proporcionar uma melhor utilização e
controle dos recursos neles aplicados, além de fornecer aos formuladores de políticas sociais e
aos gestores dados importantes para o desenho de políticas mais consistentes e para a gestão
pública mais eficaz.
A importância de avaliações é reforçada pela UNEG (2016), que a cita como ferramenta
para promover a prestação de contas e aprendizagem, além de subsidiar aos setores responsáveis
por planejamento, programação, orçamentação, execução e apresentação de relatórios de
25

informações que possibilitem políticas baseadas em evidências, e orienta que no planejamento


da avaliação, devem ser levados em consideração os princípios de utilidade dos resultados,
credibilidade, independência, imparcialidade, ética, transparência, profissionalismo, direitos
humanos e igualdade de gêneros.
Para Meneguin e Freitas (2013) são três as questões que merecem atenção no estudo das
políticas públicas brasileiras: 1. Reconhece-se a existência do problema que se deseja tratar?
Ou a intervenção governamental será uma solução em busca de um problema?; 2. Há relação
de causalidade entre a intervenção governamental (“tratamento”) e o problema existente? Em
que magnitude a política pública contribuirá para solucionar o problema diagnosticado?; e 3.
Há alternativa eficaz e de menor custo? Poderia ainda acrescentar outra questão: é um problema
público?
Para as avaliações de impacto de políticas públicas necessitam-se de informações sobre
as condições dos grupos ou unidade de análise, antes mesmo de sua implantação (Ramos, 2009).
Por conseguinte, o ideal é que já na elaboração das políticas de concessão estejam descritos: os
mecanismos necessários para sua avaliação, previsão de um banco de dados com a identificação
e descrição detalhada dos candidatos e de suas unidades produtivas que podem receber os
recursos além do critério utilizado para selecionar o grupo contemplado (se não aleatório), deste
modo o pesquisador pode acessar essas informações e realizar o estudo avaliativo referente ao
resultado pretendido com as políticas mencionadas.
A ferramenta base para estruturar os programas ou políticas públicas de concessão a
priori é a matriz lógica ou modelo lógico de organização (Carvalho, 2003; Costa de Castanhar,
2003) que auxilia na ordenação dos objetivos, indicadores, meios de aferição, fatores externos
que podem influenciar os resultados do programa, fontes de dados, atividades previstas e
resultados esperados (impactos das avaliações ex post).
Diversos tipos de metodologias, experimentais ou quase experimentais, têm sido
delineadas para se estimar o impacto de programas sociais. Nas avaliações de impacto dos
programas nos quais, em sua implantação, foi utilizado um modelo lógico de organização,
prevendo atividades como, por exemplo, a caracterização dos grupos contemplados e não
contemplados por meio de questionários, tem-se a possibilidade de acesso ao estado anterior e,
deste modo, o pareamento entre os dados obtidos de cada unidade em análise (antes e após a
concessão do recurso) pode ser viabilizado.
Portanto, neste modelo metodológico “antes – depois” trabalha-se apenas com a
população-objetivo da política, sem a possibilidade de comparação com um grupo de indivíduos
26

que não a receberam, o que, de acordo com Vianna e Amaral (2014), dificulta o controle de
efeitos provocados por variáveis exógenas à aplicação da política.
De acordo com, Ramos (2009) as informações antes e depois dos atingidos pelo
programa podem ser insuficientes para isolar efeito direto a ser observado do impacto da
concessão do efeito de outros aspectos que interferem nesse resultado investigado, sob pena de
se questionar a validade interna da pesquisa. Então, grande esforço deve ser realizado no sentido
de se controlar todo fator que pode afetar o resultado, mas não diz respeito ao tratamento que
se deseja avaliar.
Outro entrave é que em muitos programas de concessão elaborados não se planejam
e/ou implementam avaliações prévias sobre o conhecimento aprofundado dos seus
beneficiários, com insuficiente ou nenhuma descrição do que seria o estado “antes”, o que pode
inviabilizar o método supracitado, por fatores que vão desde a inexistência até a incoerência
dos dados secundários a serem investigados pelo pesquisador que avalia o impacto.
Assim, outro método possível é o “somente depois com grupo de comparação” em que
se avaliam os impactos quando o projeto já está em andamento ou foi executado, quando ocorre
impossibilidade de acesso aos dados “antes” de sua implementação (Vianna e Amaral, 2014).
O seu princípio baseia-se em contrastar os dados obtidos nas medições realizadas com a
população-alvo da política com os de um grupo de comparação (grupo controle).
Neste contexto, além das informações dos contemplados, aplica-se um tratamento
controle, não contemplado pela política pública, visando mensurar as mudanças que
efetivamente ocorreram com o programa, identificando-se o que aconteceria sem o programa.
O delineamento experimental, por meio da construção aleatória de grupos controle (não
beneficiados pelo programa) e grupos tratamento (beneficiados) é a metodologia mais robusta
para avaliações de impacto e o procedimento de aleatorização realizado na seleção dos
componentes (a priori) desses grupos garantem que, em média, as diferenças entre estes devem-
se apenas ao fato de participar ou não do programa que se está avaliando, controlando assim, a
incidência de outras variáveis independentes associadas com a variável de impacto e a
participação no programa (Romero, 2008).
Entretanto, para se avaliar política pública nem sempre é possível garantir o princípio
da aleatoriedade estatística nos grupos, que garantiriam a comparabilidade destes, devido à
existência natural de grupos-alvo nos programas, em que, prioritariamente, estes serão
aplicados, deste modo, seja por questões éticas ou políticas, experimentos aleatórios
controlados podem facilmente ser inviabilizados.
27

Há necessidade de se eliminar algumas fontes de variação, os vieses, ou seja, fatores


não relacionados diretamente com a resposta: grupos não comparáveis por diferirem em termos
de caraterísticas observáveis, como por exemplo, o nível de produção das propriedades leiteiras
(UPL´s), que pode ser eliminado pela seleção cuidadosa do grupo comparativo, com as mesmas
características do grupo que recebeu a política pública que podem influenciar, além dos
resultados, também a probabilidade de participar do programa.
28

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cadeia produtiva do leite tem inegável importância para a sociedade mundial, pela
grande capacidade de absorver mão de obra, interiorizar e distribuir riqueza, e por ser
fundamental fonte de nutrientes principalmente para populações de regiões menos
desenvolvidas. No Brasil e no Mundo continua em franco crescimento, principalmente em
estados da região sul. O Mato Grosso do Sul, apesar das características ambientais favoráveis
para o crescimento dessa atividade e das políticas públicas executadas nas últimas décadas, não
vem acompanhando o movimento nacional.
Em MS não existe o hábito de introduzir nos projetos de atendimento aos produtores a
cultura da avaliação de resultados, útil não somente para identificar os problemas encontrados
durante a execução, mas também subsidiar as próximas, evitando a repetição de erros e/ou
aprimoramento das características dos programas ou projetos. Essa etapa do processo deveria
estar no escopo do planejamento e utilizar indicadores que retratem a eficácia das atividades.
Ao ler o artigo a seguir conclui-se que a presença dos extensionistas junto ao produtor é
um grande propulsor de desenvolvimento das atividades rurais, mas para a adesão de técnicas
produtivas cada vez mais aprimoradas é necessário produtores mais instruídos, com maior
escolaridade, possibilitando o melhor entendimento dos modernos sistemas de produção e a
capacidade de acompanhar as variações de mercado, fundamental para as tomadas de decisão
na rotina da fazenda. Sendo assim, o investimento em educação das populações rurais é, talvez,
a maior ferramenta nesse processo.
Também se verificou que políticas públicas com muito peso na distribuição de
equipamentos para produtores pode não ser o melhor caminho para o crescimento do setor.
Estudos mais aprofundados e específicos de impacto dessas políticas públicas são
recomendados antes de continuar investindo recurso e estrutura pública nessa estratégia.
Apesar da produção de leite média e a eficiência técnica não terem aumentado durante o
período de avaliação do grupo de produtores estudados no artigo, ficou explícito que os
produtores atendidos por políticas públicas atravessam crises econômicas de forma mais amena
em comparação à média total dos produtores do estado de Mato Grosso do Sul; e que produtores
assentados, apesar de mais sensíveis à crises no setor de lácteos, responderam melhor em
aumento da produção de leite em relação aos produtores tradicionais.
29

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36

ARTIGO
Land use policy
ISSN: 0264-8377

Produção de leite e eficiência técnica de unidades de produção de leite atendidas


por políticas públicas em Mato Grosso do Sul.

Vitor Corrêa de Oliveiraa, Ricardo Carneiro Brumattib, Laura Regina dos Santos Ferreirac,
Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo d, Leonardo Francisco Figueiredo Netod

a
Pesquisador da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, Campo Grande, Mato Grosso do Sul,
Brasil;
b
Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil;
c
Aluna de doutorado em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil;
d
Professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Escola de Administração e Negócios, Campo Grande,
Mato Grosso do Sul, Brasil.

Resumo - O setor de produção de leite do estado de Mato Grosso do Sul (MS) tem grande
importância social, principalmente para agricultores familiares. Apesar disso, vem sofrendo
com profunda crise nos últimos anos, de forma diferente das regiões mais tradicionais do Brasil.
De forma paradoxal, as instituições ligadas à cadeia agroindustrial de lácteos no estado não têm
sido omissas, e vem executando programas e atividades com o objetivo de desenvolver o setor.
Sendo assim, esse estudo teve como objetivo contribuir para um melhor entendimento dos
resultados de políticas públicas direcionadas aos agricultores familiares produtores de leite por
meio da análise da produção de leite e da eficiência técnica nos anos de 2015 e 2017 de 103
unidades de produção de leite (UPLs) acompanhados por extensionista da Agência de
Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural, órgão oficial de estado. Foi utilizado para análise
da eficiência técnica a construção de um modelo de fronteira estocástica de produção, e
verificou-se que apesar da crise econômica durante o período do estudo, as UPLs atendidas por
políticas públicas atravessaram sem alteração na produção de leite, diferente da média dos
produtores do MS, entretanto, a concessão de equipamentos não foi a melhor estratégia para o
aumento da eficiência técnica, sendo conveniente a realização de estudos mais aprofundados e
específicos de impacto dessas políticas públicas antes de continuar investindo recurso e
estrutura pública nessa estratégia. A assistência técnica resultou em aumento da adoção de
melhores técnicas de produção e consequente aumento da produção; e que o nível de
escolaridade é um fator de grande impacto na produção de leite.

Palavras chave: Bovinocultura de leite; Eficiência técnica; Fronteira estocástica; Política


pública, Agricultura familiar.
37

Milk production and technical efficiency of dairy farms served by public policies in
Mato Grosso do Sul state.

Abstract - Milk production in the state of Mato Grosso do Sul (MS) has great social importance,
especially for family farmers. Despite this, it has suffered from a deep crisis in recent years,
differently from the more traditional regions of Brazil. Paradoxically, the institutions linked to
the agro-industrial dairy chain in the state have not been silent, and have been executing
programs and activities with the aim of developing the sector. Therefore, this study aimed to
contribute to a better understanding of the results of public policies that matter most to family
farmers producing milk through the analysis of milk production and technical efficiency in the
years 2015 and 2017 of 103 milk production units. (UPLs) accompanied by an extension officer
from the Agency for Agrarian Development and Rural Extension, an official state agency. For
the analysis of technical efficiency, the construction of a stochastic frontier model of production
was used, and it was found that despite the economic crisis during the study period, the UPLs
served by public policies went through without alteration in milk production, different from the
average of MS producers, however, the concession of equipment was not the best strategy for
increasing technical efficiency, making it necessary to carry out more in-depth and specific
studies on the impact of these public policies before continuing to invest public resources and
structure in this strategy. Technical assistance resulted in increase in the adoption of better
production techniques and consequent increase in production; and that the level of education is
a factor of great impact on milk production.

Keywords: Dairy Cattle; Technical Efficiency; Stochastic frontier; Public policy, Family
farming.

1. Introdução
Nas últimas décadas, a bovinocultura de leite no Brasil evoluiu de forma contínua,
resultando no crescimento consistente da produção, que colocou o país como um dos principais
do setor no mundo. De 1974 a 2014, a produção nacional quase quadruplicou, passando de 7,1
bilhões para mais de 35,1 bilhões de litros de leite (Rocha e Carvalho, 2018). O valor bruto da
produção de leite em 2018 no Brasil foi de R$ 54,14 bilhões, atrás apenas da soja, carne bovina
e milho (CNA, 2019), ocupando em torno de 4 milhões de trabalhadores (Albex e Martins,
2019). Além disso, pode ser considerada uma atividade de grande importância social para o
país, uma vez que a maioria dos produtores são da agricultura familiar. Essa característica
peculiar da atividade, faz com que ela seja determinante no desenvolvimento de muitos
municípios do país, onde o recurso gerado movimenta a economia dessas cidades.
Além do crescimento, as perspectivas futuras são animadoras, pois com o aumento
populacional e o crescimento econômico mundial, o consumo de lácteos tem aumentado de
forma expressiva, tanto em países desenvolvidos, como em países em desenvolvimento. No
Brasil, por exemplo, o consumo cresceu mais de 30% nos últimos 10 anos (ABVL, 2018).
38

O setor de produção de leite do estado de Mato Grosso do Sul (MS) conta com cerca de
24 mil estabelecimentos que produzem leite, responsáveis por levar ao mercado 424 milhões
de litros de leite no ano de 2017, oriundo de 224 mil vacas ordenhadas. (IBGE, 2017). Naquele
ano, o MS estava posicionado como o 17º colocado no Ranking de produção de leite no país,
entretanto na Pesquisa Municipal de 2019 do mesmo instituto, aponta que já caiu para 19º
colocado, com produção aproximada de 310 milhões de litros por ano, 23% menor, retratando
a profunda crise em que o setor se encontra nesse estado, contrariando a tendência da maior
parte do país principalmente a partir de 2007, onde MS era ao 12º maior produtor (Figura 10).
Utilizando os dados publicados pelo Censo Agro 2017 (IBGE, 2018), pode-se estimar
alguns índices que contribuem para retratar essa realidade: na média do Brasil, a produtividade
anual média por vaca ordenhada foi de 2.621L, a produção de leite média por estabelecimento
de 70,2 litros/dia, o valor da produção anual por estabelecimento de R$ 16.831,11, e o valor
pago médio por litro de leite ao produtor de R$1,07; já em MS esses índices foram de 1.892
L/vaca/ano, 48,2L/dia, R$ 27.500,34, e R$0,96, ou seja, em todos os índices apresentados, MS
estava inferior à média do país.

6.000

5.000

Milhões de litros
Milhões de litros

4.000

3.000

2.000

1.000

0
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020

Brasil Mato Grosso do Sul

Figura 10. Leite cru, resfriado ou não, adquirido total do primeiro trimestre entre 1997 e
2020 do Brasil e do Mato Grosso do Sul (Pesquisa Trimestral do Leite, IBGE).

Destaca-se também a baixa proporção de vacas ordenhadas em relação ao rebanho total


no MS (1,2%) em comparação à média nacional (6,7%), retratando a baixa representatividade
da atividade perante à Bovinocultura de corte, apesar de 43,6% do total de estabelecimentos
produzirem leite. Em Minas Gerais, o estado de maior produção e maior rebanho de bovinos de
leite do país, essas estimativas são de 15,2% para o primeiro índice e 56,2% para o segundo,
retratando a grande disparidade de perfil produtivo dos estados. Em Minas Gerais a
produtividade média é de 2.949L de leite por ano por vaca ordenhada (IBGE, 2018).
39

Apesar desse cenário, as instituições públicas e privadas ligadas à cadeia agroindustrial


de lácteos em MS não foram omissas, e executaram diversos programas de fomento para o
desenvolvimento da atividade nas últimas décadas. Sabe-se que o leite garante renda mensal ao
agricultor familiar, o que implica grande desafio, mas também oportunidade institucional. Essas
ações visaram à capacitação de produtores e técnicos, à organização da produção, ao maior
acesso ao crédito destinado a unidades produtivas de leite de diferentes portes, com grande
volume de recurso financeiro e humano investido pelo poder público, destacando-se as
atividades de assistência técnica, extensão rural, associativismo e as concessões de
equipamentos para a produção, como tratores, implementos para preparo de solo e distribuição
de fertilizantes, colhedeiras de forragem, além de tanques resfriadores de leite, equipamentos
de irrigação de pastagem e equipamentos de ordenha mecanizada.
Uma das hipótese para o desempenho negativo do MS, seria que as ações não estariam
indo ao encontro das reais necessidades da cadeia, com ausência ou baixa efetividade em seus
objetivos, e/ou não estão sendo conduzidas de forma precisa. Assim, tornam-se convenientes
estudos para melhor entendimento das ações realizadas e posterior reflexão e orientação para
as futuras.
Nesse sentido, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – AGRAER,
autarquia ligada ao governo do Estado, realizou acompanhamento com coletas de informações
sociais, técnicas e econômicas das unidades de produção de leite (UPLs) de agricultores
familiares assentados e tradicionais atendidas por programas de fomento à produção de leite,
por meio de assistência técnica e concessão de uso de equipamentos durante os anos de 2015 a
2017. Esses dados foram utilizados na construção do presente estudo como fonte primária de
informação, objetivando fornecer subsídios para avaliações consistentes pela instituição,
municiando o órgão e a sociedade para possíveis tomadas de decisão nas políticas públicas
ligadas ao setor.
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento da
eficiência técnica de UPLs de agricultores familiares atendidas por projetos de políticas
públicas de fomento à cadeia de lácteos em MS em dois anos, 2015 e 2017, por meio da
estimativa e identificação dos determinantes da eficiência técnica dos produtores de leite através
de uma função fronteira estocástica de produção e analisar indicadores técnicos e sociais. Esse
estudo se juntará às poucas fontes de informações relativas à cadeia de lácteo de MS, e
certamente estimulará novas iniciativas com o mesmo objetivo.
40

2. Material e métodos
2.1 Fontes de dados
Foram cedidos para este estudo um banco de dados da AGRAER, contendo informações
coletadas por técnicos extensionistas através da aplicação de questionário semiestruturado nos
anos de 2015 e 2017, de 103 UPLs que tinham como atividade a bovinocultura de leite e eram
atendidas pela instituição no estado de MS (Figura 11).

Figura 11. Número de unidades de produção de leite estudadas por município e regional administrativa da
AGRAER no Mato Grosso do Sul.

Nesse questionário foram coletadas informações qualitativas e quantitativas sociais,


técnicas e econômicas, divididas em: cadastro da fazenda - nome, sexo do proprietário(a)
principal, coordenadas geográficas e categoria (beneficiário de projetos de assentamento da
reforma agrária ou produtor tradicional); dados de produção – produção de leite mensal dos
períodos das águas (outubro – abril) e das secas (maio – setembro); controle zootécnico –
controle leiteiro e de parição; rebanho – rebanho total, número de vacas em lactação e raça
predominante; manejo sanitário – vermifugação, exames de tuberculose e tipo de controle de
carrapatos; manejo reprodutivo – tipo de cobertura; manejo nutricional – mineralização,
suplementação de volumoso e concentrado; pastagem – tipo de manejo do pastejo e
categorização do rebanho; qualidade do leite – tipo de ordenha e tipo de armazenamento do
41

leite; comercialização – informações do comprador e tipo de produto comercializado;


financeiros – receita bruta anual e preço pago ao produto; e motivação – nível de motivação.
Também foram levantadas informações sociais secundárias (idade e escolaridade) para
complementar o estudo por meio da DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf, que é o
instrumento utilizado para identificar e qualificar as Unidades Familiares de Produção Agrária
da agricultura familiar e suas formas associativas organizadas em pessoas jurídicas (MAPA,
2019).
O banco de dados inicial continha dados de 898 UPLs, mas para garantir maior
veracidade das informações, durante a tabulação foram excluídos dados de UPLs que
continham ruídos no preenchimento do questionário e/ou que continham informações
desconectas. Além disso, foram utilizados apenas os dados de UPLs com repetição nos dois
anos de estudo, sendo excluídas aquelas que não continham um dos anos.

2.2. Análise de Eficiência Técnica de Produção


A produção de qualquer bem ou serviço é um processo onde um conjunto de insumos
(inputs) é transformado em um conjunto de produtos (outputs) (Pessanha, 2006), sendo assim,
a função de produção é dada pela relação entre a quantidade máxima de um produto que se
pode obter, a partir da utilização de uma determinada quantidade de fatores de produção, em
determinado tempo e mediante a escolha do processo de produção mais adequado (Varian,
2003).
A combinação utilizada pelo empresário no emprego dos insumos irá determinar o
volume de produção e a eficiência do processo. Num processo de produção tecnicamente
eficiente, o incremento na quantidade de qualquer produto, requer um incremento na quantidade
de algum insumo ou a redução da quantidade de outro produto (Lins e Meza, 2000).
Uma forma de se obter medidas para comparar a eficiência entre firmas em relação à
“melhor prática” produtiva é pela estimativa da função de fronteira (Canto, 2002). São duas as
metodologias de análises mais comuns na análise de eficiência técnica de produção de uma
firma – fronteira de eficiência estocástica e fronteira determinística. Para esta última, a mais
usual é a utilização de modelos de Análise de Envoltória de Dados (DEA – Data Envelopment
Analysis). As fronteiras estocásticas consistem em abordagens paramétricas, sendo estimadas
por métodos econométricos, enquanto a técnica DEA é uma abordagem não-paramétrica, que
envolve programação matemática em sua estimação (Macedo, Steffanelo e Oliveira, 2007).
Na abordagem DEA, a eficiência é analisada por soluções de programação linear que
por sua vez, funcionam adequadamente quando os desvios em relação à produção ótima são
42

ocasionados pela ineficiência técnica. Porém, a fronteira estimada pode conter vieses se os
dados utilizados possuírem ruídos estatísticos (Pereira, 2011), apesar da maior facilidade
computacional. Para escapar desta restrição, deve-se utilizar um modelo de fronteira
estocástica.
Nos modelos de fronteira estocástica qualquer desvio em relação à fronteira de produção
é atribuído à ineficiência técnica do produtor. Tais modelos ignoram o fato de que a produção
pode ser afetada por choques aleatórios fora do controle do produtor (Pessanha, 2006), por
exemplo, crises políticas e econômicas, pandemias etc.
Foi utilizado para análise da eficiência técnica a construção de um modelo de fronteira
estocástica de produção, originalmente desenvolvida por Aigner, Lovell e Schimidt (1977):

(1)
𝑌𝑖 = 𝑓(𝑋𝑖𝑘 ; 𝛽)exp⁡(𝜀𝑖 )

em que, Y = ln(y), y sendo a quantidade de leite produzida pela UPLi; X = ln(x), e Xik são os
insumos; o erro aleatório é apresentado por 𝜀i, que por sua vez, estima a fronteira estocástica.
A estimação das fronteiras utiliza tecnologias que admitem um termo de erro 𝜀i dividido
em duas partes: a primeira mede a eficiência técnica que tem o controle da fazenda representado
pelo desvio da produção observada em relação à produção ideal; e, a segunda capta erros
aleatórios que estão fora do controle das UPLs, o resíduo aleatório convencional.
Após a estimativa da fronteira de produção estocástica, foi estimada a relação entre a
ineficiência e os seus determinantes em uma única etapa, por meio de um sistema de equações
(1) e (2), onde o termo de eficiência é uma função de varáveis exógenas (Pereira, 2011):

𝑇𝐸𝑖 = 𝑦0 + ⁡ 𝑦𝑘 𝑍𝑖𝑘 + ⁡ 𝜀𝑖 (2)

em que TE é o termo de eficiência, e Z é a matriz de variáveis explicativas da eficiência.


Para obter as estimativas foi utilizado o sistema de equações tipo Cobb-Douglas (ou
seja, todas as variáveis em logaritmos com exceção das variáveis categóricas) com a variável
dependente da fronteira estocástica de produção de leite, PL – a quantidade anual de leite
produzido por fazenda.

PLi = β0 + β1VACA + β2AREA + β3ANO + β4ESCOL + β5REGIAO + β6SUPVOL + β7ORD +


β8RESF + β9MOT + β10ROT + β11PRE + β12IDADE + 𝜀i
43

ETi = α0 + α1AREA + α2VACA + α3PVL + α4CAT + α5CONT + α6SEXO + α7GOVR + α8GOVO


+ α9GOVI, (3)

em que os β e α são parâmetros a serem estimados, ET é o termo de eficiência, e as variáveis


são descritas abaixo:

Variáveis da fronteira de produção (expressão PL)


Quantitativas:
VACA – Número total de vacas da fazenda;
AREA – Área total da fazenda em hectares;
PRE – Preço do litro do leite pago ao produtor;
IDADE – Idade do primeiro titular da unidade de produção (dados secundários coletados junto
à declaração de aptidão ao PRONAF);
Qualitativas:
ESCOL – Escolaridade do primeiro titular da fazenda (dados secundários coletados junto à
declaração de aptidão ao PRONAF);
REGIAO – Região do MS que está localizada a fazenda, de acordo com a classificação
administrativa da AGRAER;
MOT – Qual o nível de motivação do produtor (desmotivado, motivado ou muito motivado);
Binárias
ANO – Ano do qual são referentes as informações coletadas (2015 e 2017);
SUPVOL – Uso ou não de suplementação de alimento volumoso durante a seca;
ORD – Tipo de ordenha utilizada na fazenda, se manual ou mecanizada;
RESF – Resfria ou não o leite após a ordenha;
ROT – Realiza ou não manejo rotacionado do pastejo pelo uso de piquetes;

Variáveis determinantes da eficiência (expressão de ET):


Quantitativas:
AREA - Área total da fazenda em hectares;
VACA – Número total de vacas da fazenda;
PVL – Porcentagem de vacas em relação ao total de vacas;
Binárias
CAT – Categoria do produtor (assentado ou tradicional);
CONTROL – Se realiza ou não controle leiteiro da produção individual das vacas;
44

SEXO – Sexo do primeiro titular da unidade de produção (dados secundários coletados junto à
declaração de aptidão ao PRONAF);
GOVR – Se utiliza resfriador comunitário concedido pelo governo;
GOVO – Se utiliza ordenhadeira mecânica concedida pelo governo;
GOVI – Se utiliza equipamentos e materiais de irrigação de pastagem concedidos pelo governo
do Estado.
Originalmente o modelo incluía um número maior de variáveis e sofreu mudanças
devido a utilização de critérios de informação Akaike (AIC) e Schwarz (BIC ou Bayesian
Information Criteria), que conforme comparações, algumas variáveis consideradas irrelevantes
foram retiradas ao longo do procedimento.
Para processar as análises, foi utilizado o software Stata (comando ‘frontier’, conforme
StataCorp, 2009) com a especificação do modelo de fronteira de produção com variáveis
explicativas para a função de variância da ineficiência técnica (ln 𝜎𝑢2).
Com objetivo de validar a resposta do modelo em relação ao que seria uma fazenda de
produção de leite “referência”, introduziu-se uma UPL simulada ao banco de dados para os 2
anos analisados, contendo às seguintes características para as variáveis utilizadas: VACA = 26
cab.; AREA = 15 ha; ESCOL = Superior incompleto; REGIAO = Campo Grande; SUPVOL =
sim; ORD = mecanizada; RESF = sim; MOT = Muito motivado; ROT = sim; PRE = R$ 1,00 /
L; IDADE = 50 anos; PVL = 0,7; CAT = Tradicional; CONTROL = sim; SEXO = feminino;
GOVR = não; GOVO = não; e GOVI = não. Na atribuição das respostas à essa UPL, levou-se
em consideração o porte médio das UPLs entrevistadas e a experiência dos autores, buscando
atender índices zootécnicos adequados e características sociais reminiscentes.
Utilizando-se do software SAS University Edition 1, foram construídos gráficos de
comparação em Box Plot e Histogramas entre grupos para variáveis que resultaram em
respostas mais relevantes, além de análises estatísticas descritivas de dados, proporcionando
maior detalhamento. Também foi realizado um teste de correlação entre ET e Produção de leite
diária.

3. Resultados e discussão
Os resultados estão divididos em dois tópicos, primeiramente sendo apresentada a
caracterização da amostra, possibilitando conhecer as unidades de produção de leite utilizadas
no estudo (item 3.1); e posteriormente a análise da fronteira estocástica (item 3.2), onde buscou-
se atribuir evoluções na produção de leite e na eficiência técnica de produção à características
produtivas e sociais.
45

3.1. Caracterização da amostra


A caracterização da amostra foi dividida em dois momentos; análise estatística descritiva das
variáveis quantitativas e qualitativas, consideradas no presente estudo por categoria de
produtor, assentado e tradicional, e por ano da coleta de informações, 2015 e 2017 (Tabela 3 e
Figura 12); e porcentagem de respostas positivas para as perguntas de sim ou não e (Tabela 4).
Essas análises possibilitaram conhecer a amostra e contribuir na discussão junto aos resultados
apresentados na análise de fronteira estocástica (item 3.2).
Observa-se que as UPLs estudadas são de pequeno porte (Tabela 5), principalmente os
produtores assentados (A), com área média inferior à 10ha, praticamente 1/3 da dos produtores
tradicionais (T). Este fato não é coincidência, uma vez que esse tipo de público vinham sendo
prioridade de atendimento nas políticas públicas das quais à Agraer e as demais instituições
estaduais do mesmo tipo dedicam-se.O número total de vacas foi maior nos tradicionais em
ambos os anos, entretanto as relações VACA/AREA apresentaram maiores valores em
assentamento (assentamento, 1,46 e 2,01 vacas/ha; tradicionais, 0,69 e 0,79 vacas/ha em T para
2015 e 2017), sugerindo que nas UPLs em A utilizasse maiores taxas de lotação.
O preço pago por litro de leite aos produtores assentados e tradicionais foram
semelhantes, com leve superioridade dos assentados e aumento nominal da média total das
UPLs em 2017. A título de comparação, os preços líquidos da média anual para Mato Grosso
do Sul e Brasil do CEPEA/ESALQ foram de R$ 0,81 e R$ 0,92 para 2015 e 1,01 e R$ 1,16 para
2017, respectivamente. Ou seja, os valores médios do presente estudo ficaram posicionados em
geral entre o valor médio do estado e do Brasil (Tabela 1), revelando uma superioridade do
grupo estudado em relação à média das UPLs de MS.
Em relação à IDADE, a média geral da amostra foi de 56,9 anos no início do projeto em
2015, com desvio padrão de 11,9, sendo os produtores tradicionais mais velhos 6 anos em média
(Tabela 3). Também observa-se maior nível de escolaridade dos primeiros titulares de fora do
assentamento, em média com o nível fundamental completo, enquanto os assentados com
fundamental incompleto.
Foi verificada maior produção de leite para os produtores tradicionais em relação aos
assentados nos dois anos estudados (Figura 12), sendo que a diferença entre as categorias de
produtores foi de 37% em 2015 e 13% em 2017 em média. Essa queda é atribuída ao expressivo
aumento de 40% na PLD média dos assentados nesse período. Em 2015 o grupo de assentados
tinham mais de 80% das UPLs concentradas na faixa de até 100L/dia, com quartil superior
menor que 60L. Já os tradicionais eram mais distribuídos em faixas de maior produção. Em
46

2017 teve grande evolução no quartil superior nos assentados (100%) e surgiu um novo grupo
na faixa de produção em torno de 250L/dia, e os tradicionais concentraram-se um pouco mais
entorno de 100L/dia, tendo queda no quartil superior, entretanto que aumento da mediana.
Tabela 3. Estatística descritiva da produção de leite e das variáveis quantitativas e qualitativas consideradas no
modelo em estudo por categoria de produtor e pelo ano das informações.

Desvio
Categoria Ano Variável Unid. Média Mínimo Máximo
Padrão

VACA Cabeça 14,17 10,43 4,00 45,00

AREA ha 9,72 6,03 4,39 27,23


PRE R$/L 0,84 0,17 0,29 1,07
2015
IDADE Ano 52,85 12,29 34,20 77,40
PVL % 0,54 0,13 0,20 0,75
ESCOL Nível 3,67 0,96 2,00 6,00
Assentado
MOT 1-3 1,83 0,64 1,00 3,00
(n. 24)
VACA Cabeça 19,50 12,83 4,00 50,00
AREA ha 9,72 6,03 4,39 27,23
PRE R$/L 1,14 0,34 0,75 1,75
2017 IDADE Ano 54,85 12,29 36,20 79,40
PVL % 0,53 0,13 0,20 0,73
ESCOL Nível 3,67 0,96 2,00 6,00
MOT 1-3 2,33 0,48 2,00 3,00
VACA Cabeça 24,85 12,41 5,00 55,00
AREA ha 36,01 27,54 1,93 120,00
PRE R$/L 0,85 0,19 0,60 2,00
2015 IDADE Ano 58,18 11,84 33,20 97,20
PVL % 0,55 0,13 0,17 0,86
ESCOL Nível 4,23 1,36 1,00 8,00
Produtor
MOT 1-3 2,40 0,69 1,00 3,00
Tradicional
VACA Cabeça 28,65 14,13 2,00 80,00
(n. 80)
AREA ha 36,01 27,54 1,93 120,00
PRE R$/L 1,06 0,39 0,70 2,80
2017 IDADE Ano 60,18 11,84 35,20 99,20
PVL % 0,58 0,11 0,29 0,80
ESCOL Nível 4,23 1,36 1,00 8,00
MOT 1-3 1,93 0,95 1,00 3,00
Legenda: VACA, número total de vacas da fazenda; AREA, área total da unidade de produção de leite (UPL);PRE,
preço do litro do leite pago ao produtor; IDADE, idade do primeiro titular no dia 30/08/2015 para 2015 e
30/08/2017; PVL, porcentagem de vacas em relação ao total de vacas; ESCOL, escolaridade do primeiro titular da
UPL onde: 1, analfabeto; 2, alfabetizado, 3, fundamental incompleto; 4, fundamental completo; 5, médio
47

incompleto; 6, médio completo; 7, superior incompleto; e 8, superior completo; MOT, qual o nível de motivação
do produtor.

Figura 12. Frequência das unidades de produção de leite pela diária média, L/dia (PDL) para produtores
tradicionais e assentados nos anos de 2015 e 2017. Legenda: CAT, categoria de produtor (tradicional ou
assentado); ANO, ano referente à coleta de dados (1 = 2015 e 3 = 2017); N. Obs, número de observações; DP,
desvio padrão; Mínimo, valor mínimo encontrado; Máximo, valor máximo encontrado; Mdn, mediana; QI, quartil
inferior; e QS, quartil superior.

A motivação dos grupos teve comportamento contrário com o passar do estudo. Os


assentados tinham motivação menor que os tradicionais em 2015, todavia terminaram 2017
mais motivados que antes, enquanto os tradicionais tiveram queda.
Em relação às variáveis binárias utilizadas no modelo em estudo, constata-se uma
evolução geral entre os anos de 2015 e 2017 (Tabela 4), e chama atenção como a maioria das
UPLs terminaram 2017 adotando rotinas tecnológicas relacionadas com alimentação, como
pastejo rotacionado, suplementação de volumoso na seca, inclusive com superioridade de
assentados em relação aos produtores tradicionais, invertendo o que era em 2015.
Observa-se também um aumento do número de UPLs atendidas pelos projetos de
concessão de equipamentos com o passar dos 2 anos, principalmente a utilização de resfriadores
comunitários pelos assentados. A implantação de 8 kits de irrigação de pastagem para
produtores tradicionais merece destaque por ainda não ser uma técnica amplamente adotada em
sistemas de produção de leite.
48

Tabela 4. Número e porcentagem de unidades de produção com resposta sim para as variáveis binárias
consideradas no modelo em estudo por categoria de produtor e pelo ano das informações.

Assentado Tradicional
Variável
2015 2017 2015 2017
ROTACAO 5 (20,8%) 19 (79,2%) 33 (41,3%) 52 (65,0%)
SUPVOL 8 (33,3%) 22 (91,7%) 47 (58,8%) 59 (73,8%)
ORD 8 (33,3%) 12 (50,0%) 35 (43,8%) 59 (73,8%)
CONTROL 2 (8,3%) 10 (41,7%) 16 (20,0%) 40 (50,0%)
RESF 15 (62,5%) 19 (79,2%) 45 (56,3%) 61 (76,3%)
GOVR 1 (4,2%) 6 (25,0%) 2 (2,5%) 3 (3,8%)
GOVO 0 (0,0%) 1 (4,2%) 1 (1,3%) 6 (7,5%)
GOVI 0 (0,0%) 3 (12,5%) 4 (5,0%) 8 (10,0%)
TOTAL 24 (100%) 80 (100%)
Legenda: Unidades de produção que adotam suplementação de alimento volumoso durante a seca (SUPVOL);
utilizam ordenhadeira mecânica (ORD); resfriam o leite após a ordenha (RESF), realizam manejo rotacionado do
pastejo pelo uso de piquetes (ROT), realizam controle leiteiro da produção individual das vacas (CONTROL),
utilizam resfriador comunitário concedido pelo governo (GOVR); utilizam ordenhadeira mecânica concedida pelo
governo (GOVO); utilizam equipamentos e materiais de irrigação de pastagem concedidos pelo governo do Estado
(GOVI).

3.2. Resultados da fronteira estocástica


A partir do modelo analisado para se estimar os determinantes principais da eficiência
técnica bem como os valores observados nessa análise, por intermédio da utilização das
estimativas da fronteira estocástica para as 103 UPLs analisadas e mais 1 UPL referência
simulada, obtiveram-se os resultados (Tabela 5).

 Variáveis componentes da estimação da produção de leite

Nos resultados da estimação da fronteira estocástica pelo modelo Log Log para
produção de leite (Tabela 3), a variável dependente da função é Log da PLi, ou seja, o intercepto
referência da função PLi é o e(_cons); as variáveis componentes que estão também na função Log,
seus coeficientes somam-se ao da constante para estimação do novo intercepto; e variáveis
componentes que não estão em Log, seus coeficientes impactam percentualmente no intercepto
referência.
49

Tabela 5. Resultados da estimação da fronteira estocástica pelo modelo Log Log, ineficiência técnica e análise
de avaliação do modelo.

Equação Variável Coeficiente D.P. Z P>|Z|


Log VACA 0,6910 0,0805 8,58 0,000*
Log AREA 0,0022 0,0480 0,05 0,964
ANO -0,1161 0,0903 -1,23 0,221
ESCOL (Ref. Analfabeto)
Alfabetizado 0,9849 0,4092 2,41 0,016*
Fundamental incompleto 0,9442 0,3543 2,66 0,008*
Fundamental completo 0,7610 0,3540 2,15 0,032*
Médio incompleto 1,3419 0,4478 3,00 0,030*
Médio completo 1,0767 0,3709 2,90 0,004*
Superior incompleto 1,9257 0,4935 3,90 0,000*
Superior completo 0,9936 0,4359 2,28 0,023*
REGIAO (Ref. Campo Grande)
Naviraí 0,2556 0,1828 1,40 0,162
Log PLi Nova Andradina 0,1440 0,1397 1,03 0,302
Ponta Porã 0,1178 0,1771 0,67 0,506
São Gabriel do Oeste 0,3178 0,1771 1,79 0,073
SUPVOL -0,3833 0,3986 -0,96 0,336
ORD 0,1206 0,0839 1,44 0,150
RESF 0,2213 0,0959 2,31 0,021*
MOT
Desmotivado -0,2698 0,2830 -0,95 0,340
Motivado -0,3070 0,2805 -1,09 0,274
Muito motivado -0,2860 0,2703 -0,11 0,916
ROT 0,1912 0,0869 2,20 0,028*
Log PRE 0,1448 0,1733 0,84 0,403
Log IDADE 0,3540 0,1779 1,99 0,047*
_cons 5,9564 0,9834 6,06 0,000*
AREA 0,0090 0,0040 2,24 0,025*
Componente do
termo aleatório VACA 0,1123 0,0080 1,40 0,162
_cons -2,1859 0,2550 -8,73 0,000*
Log PVL -10,1415 3,2119 -3,16 0,002*
CAT -7,5090 2,4071 -3,12 0,002*
Componente do
termo de CONTROL 6,3840 1,7701 3,61 0,000*
ineficiência 1037,449
SEXO 29,6501 0,03 0,977
0
GOVR -10,3012 6,6960 -1,54 1,124
GOVO 0,0221 2,1020 0,01 0,992
GOVI -0,4455 3,8967 -0,11 0,909
2074,905
_cons -54,1325 -0,03 0,979
0
Obs LL G.L. AIC BIC
208 -142,3393 37 358,68 482,168
Legenda: P, probabilidade de significância; Z, número de desvios padrão acima ou abaixo da média da população;
D.P., desvio padrão; Log, logaritmo; PLi, produção de leite anual total para i unidades de produção de leite; VACA,
número total de vacas da fazenda; AREA, área total da unidade de produção de leite (UPL); ANO, ano do qual
são referente as informações coletadas (2015 e 2017); ESCOL, escolaridade do primeiro titular da UPL; REGIAO,
50

região do Estado de Mato Grosso do Sul que está localizada a UPL; SUPVOL, utilização de suplementação de
alimento volumoso durante a seca; ORD, tipo de ordenha utilizada na fazenda; RESF, se resfria o leite após a
ordenha; MOT, qual o nível de motivação do produtor; ROT, se realiza manejo rotacionado do pastejo pelo uso
de piquetes; PRE, preço do litro do leite pago ao produtor; PVL, porcentagem de vacas em relação ao total de
vacas; CAT, categoria do produtor (assentado ou tradicional); CONTROL, se realiza controle leiteiro da produção
individual das vacas; SEXO, sexo do primeiro titular da UPL; GOVR, se utiliza resfriador comunitário concedido
pelo governo; GOVO, se utiliza ordenhadeira mecânica concedida pelo governo; GOVI – Se utiliza equipamentos
e materiais de irrigação de pastagem concedidos pelo governo do Estado; Obs, número de observações; LL, Log
Verossimilhança; GL, graus de liberdade do resíduo; AIC e BIC, critérios de informação de Akaike e Bayesiano.

Conforme o modelo de estimação da produção de leite total das UPLs, o número total
de vacas (VACA) foi significativo para o aumento da produção de leite total (P<0,05), com
coeficiente de 0,69, ou seja, para cada aumento de 1% no total de vacas, aumenta a produção
em 0,69%, já que nessa análise as duas variáveis estão logaritmizadas. Considerando que a
média geral de vacas da amostra em estudo para os anos de 2015 e 2017 foi de 24,46 cabeças,
uma vaca a mais representa 4,08% de aumento na produção da fazenda, o que aumentou em
1.011 L/ano; valor abaixo da média geral para produção de leite por VACA que foi de 1.472
L/ano. Ou seja, o aumento do número total de vacas resultaria em diminuição de produtividade
por vaca para as UPLs amostradas nos sistemas de produção apresentados.
A produção de leite média das UPLs fora semelhante para os anos de 2015 e 2017,
demonstrando que o período de atendimento nestes três anos não resultou em aumento da
produção de leite média do total das UPLs, e apesar dos avanços com o grupo de assentados
demonstrados na Figura 2 do item 3.1, não foi suficiente para impactar na média total, pelo fato
de ter menor representatividade na amostra total do estudo. Essa ausência de incremento na
produção pode ter sofrido influência da crise econômica que o Brasil atravessou naquele
período, especialmente no biênio 2015/16, quando o consumo de leite e produtos lácteos per
capita caiu, levando à maior dependência externa de mercado (ABLV, 2018). Além disso, os
preços internacionais estavam em baixa devido ao estoque Chinês, empurrando o preço pago
ao produtor para baixo (Ribeiro, 2015).
Se em nível de Brasil a crise no setor foi intensa, em MS foi muito mais grave, conforme
dados da pesquisa trimestral do leite do IBGE. Enquanto a quantidade de leite cru, resfriado ou
não, adquirido e industrializado do Brasil diminuiu entre os primeiros semestres de 2015 e 2018
em 1,89% (6.135.395 à 6.019.432 Mil litros), em MS a queda foi de impressionantes 40,45%
(52.656 à 31.358 Mil litros). Ou seja, o atendimento dos produtores aqui analisados com os
programas governamentais durante esse período não resultou em aumento da produção de leite
média, todavia pode ter contribuído para a manutenção da produção durante o período
analisado, diferentemente do drástico cenário estadual.
51

O aumento do nível de escolaridade dos primeiros titulares das UPLs apresentou


impacto positivo na produção de leite (P<0,05) para todos os níveis em relação ao analfabeto
(referência). O intercepto referência da função PLi é: e5,9563900 = 386,21 L/ano. O maior
coeficiente encontrado para ESCOL foi para “superior incompleto”, que resulta no intercepto
de e5,95639+1,9256580 = 2.649,29 L/ano. Um acréscimo de 686% na produção de leite em
comparação ao analfabeto.
Na Figura 13 pode ser observada a distribuição da amostra por grupos de níveis de
escolaridade, bem como as respectivas produções de leite diária, onde 46,15% da amostra está
posicionada no grupo de ensino fundamental completo (nível 4), ficando a média geral dos
primeiros titulares posicionada nesse mesmo nível de escolaridade.

Figura 13. Produção de leite, L/dia (PLD) por nível de nível de escolaridade (ESCOL) para o ano de 2017 de 103
unidades de produção de leite de produção de leite de MS e uma simulada “referência”, onde: 1, analfabeto; 2,
alfabetizado, 3, fundamental incompleto; 4, fundamental completo; 5, médio incompleto; 6, médio completo; 7,
superior incompleto; e 8, superior completo. Nobs, número de observações; STD, desvio padrão; ◊, média; ⸺,
mediana.

Em trabalho realizado com propriedades produtores de leite em Presidente Olegário,


MG, Pereira et al. (2018) evidenciaram que baixa escolaridade (nível fundamental incompleto
em média) e baixa participação de vacas em lactação nos plantéis são características comuns
aos produtores em regime de economia familiar, contribuindo para baixo índices produtivos.
Em outro estudo de diagnóstico realizado em Pejuçara, RS, os produtores foram
distribuídos em três estratos de produção de leite diária, 0 – 200, 201 – 500 e acima de 501
litros, de acordo com a escolaridade do produtor em anos de escola, e apresentaram valores de
52

7, 8 e 10 anos para os estratos respectivamente, possibilitando os autores, assim como no


presente estudo, concluir que a maior produtividade está atrelada a um aumento na escolaridade
do produtor (Stella et al., 2019).
Pereira (2011) analisou 82 fazendas de produção de leite no município de Rondonópolis,
MT, mas utilizou a variável escolaridade no estudo de ineficiência técnica e encontrou
coeficiente de -5,88 e P>|z| de 0,037, ou seja, a eficiência técnica aumentou com a elevação do
nível de escolaridade dos produtores. Destarte, o aumento do nível de escolaridade da
população é essencial para um aumento da produtividade e da eficiência produtiva.
Não foi observado efeito de região sobre a produção de leite. Importante salientar que
neste trabalho não se teve a pretensão de caracterizar as regiões, principalmente pelo fato de as
UPLs utilizadas não terem passado por uma amostragem com esse objetivo.
Das variáveis que não apresentaram efeito significativo na produção de leite, o preço
pago por litro de leite ao produtor (PRE) também não pode ser ignorada, uma vez que é fator
fundamental na viabilização do negócio. Geralmente o volume de leite entregue é considerado
na remuneração ao produtor, principalmente pelo impacto que causa no custo com frete. Apesar
disso, os produtores de leite são tomadores de preço e reféns ao preço de mercado. Essa
característica não seria um dificultador de crescimento se existisse concorrência perfeita em
todas as regiões, entretanto, a cadeia de produção de leite em MS é caracterizada por
concorrência imperfeita, do tipo oligopsônio, onde são poucos compradores para vários
vendedores, estimulada inclusive pela menor oferta de produto nos últimos anos.
Dados primários verificados junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente,
Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de MS- SEMAGRO (2020)
indicaram um número estimado de apenas 88 laticínios no MS, sendo 19 plantas ativas sob
serviço de inspeção federal, 37 plantas do serviço de inspeção estadual e aproximadamente 32
do serviço de inspeção municipal. Considerando 24.087 estabelecimentos que produzem leite
no MS (IBGE, 2017), resulta em média de 274 por laticínio.
O armazenamento do leite em resfriadores após a ordenha (RESF) apresentou relação
positiva com a produção de leite. Não que o fato de conservar o leite de forma adequada iria
melhorar o sistema de produção, mas é um indício de que as UPLs que resfriam conservam o
leite também adotem técnicas de produção mais eficientes.
A motivação (MOT) foi outra variável que não apresentou efeito significativo, sobre a
produção de leite (P>0,05), para todos os níveis, o que pode parecer estranho, uma vez que
tradicionalmente as UPLs de maior produção tem o leite mais valorizado na venda. Talvez a
fragilidade dos produtores perante à determinação do preço oprima o sentimento em questão.
53

O aumento da idade do primeiro titular das UPLs (IDADE) teve efeito sobre a produção
de leite (P<0,05), apesar de coeficiente comparativamente com outras variáveis, baixo. Esse
efeito pode ser atribuído à maior PLD apresentada pelos produtores tradicionais, que possuem
maior idade média e mais tempo na atividade, dando-lhes experiência para lidar com as rotinas
diárias na UPL. Da mesma forma, Moura et al. (2010) dividiram 100 UPLs do Cariri da Paraíba
em três grupos de acordo com características semelhante, e o grupo de maior produção também
teve a maior idade média do proprietário, 58,56 anos, atribuindo ao maior rebanho que maior
área da propriedade, uma vez que as produtividade por vaca foi semelhante ao grupo de mais
jovens. Noutro sentido, Travassos et al. (2016) analisaram dados de 115 fazendas de produção
de leite da Zona da Mata Mineira e não observaram efeito da idade na eficiência.
Na parte que se refere a heterocedacidade do modelo (componente do termo aleatório)
na Tabela 3, a área da fazenda (AREA) teve efeito positivo, mas de baixo impacto (coeficiente
0,009), já o total de vacas não teve efeito (P>0,05).

 Variáveis componentes da estimação da ineficiência técnica

Conforme citado na metodologia, foi inserida ao banco de dados uma UPL simulada
referência. Confirmando as expectativas e contribuindo para a credibilidade dos resultados do
modelo de ET aqui gerado, esta apresentou resultado de ET = 1, ou seja, máximo em
comparação à amostra estudada e de fato servindo como referência.
Em relação às variáveis componentes do termo de ineficiência, a porcentagem de vacas
de lactação em relação ao total de vacas (PVL) teve efeito significativo e negativo na
ineficiência técnica (Tabela 5), confirmando a importância consagrada deste índice zootécnico,
que é resultado de diversos fatores, entre eles as condições corporal e de saúde das vacas,
fertilidade, intervalo de parto e duração da lactação.
Os produtores tradicionais apresentaram maior ET que os assentados nas UPLs
estudadas (P<0,05), tanto no ano de 2015, mas principalmente em 2017, onde a média foi 30,4%
superior, havendo queda acentuada de 24,5% de ET pelos assentados durante o estudo (Figura
14). Estes resultados sugerem maior resiliência dos produtores fora de assentamento aos
períodos de crise econômica.
Essa suposição comumente é atribuída ao melhor preço pago no leite de maiores
produtores, como por exemplo no trabalho de Hunt et al. (2009). Eles compararam indicadores
de desempenho de produtores de leite localizados dentro e fora de assentamentos de reforma
agrária no Triângulo Mineiro, onde revelaram que a margem bruta média por litro de leite é
54

maior para os produtores de fora do assentamento por consequência da diferença ao preço por
litro de leite mais elevado obtido pelos grandes produtores de fora do assentamento. Contudo,
no presente trabalho essa não foi a realidade, como já foi mencionado no item 3.1. Tal altercação
poderia ganhar grandes dimensões, mas faz-se necessário citar que a densidade da produção de
leite do estado de Minas Gerais é mais elevada que em Mato Grosso do Sul, fazendo com que
o peso do custo do frete seja maior na composição do preço do leite, achatando o que é pago ao
produtor.

Figura 14. Histograma, e estatística descritiva para eficiência técnica (ET) de unidades de produção de leite por
categoria e por ano. Legenda: CAT, categoria de produtor (tradicional ou assentado); ANO, ano referente à coleta
de dados (1 = 2015 e 3 = 2017); N. Obs, número de observações; DP, desvio padrão; Mínimo, valor mínimo
encontrado; Máximo, valor máximo encontrado; Mdn, mediana; QI, quartil inferior; e QS, quartil superior.

O volume de produção de leite diária (PLD) de propriedades de leite é um índice


extremamente importante, pois é considerada uma atividade de escala, uma vez que na grande
maioria das regiões brasileiras, a indústria adiciona ágil no preço pago ao litro de leite de acordo
com o volume de produção, justificado principalmente pela diluição do frete de transporte do
produto até o laticínio. Além disso, os custos fixos tendem a ser diluídos, aumentando o lucro.
Todavia, na Figura 15 observa-se que a PLD não apresentou correlação com a ET nas UPLs
aqui estudadas (P>0,05). Nessa Figura também é possível visualizar a distribuição das UPLs de
acordo com a ET e a PLD, e fica claro que aqui trabalhou-se com pequenos produtores quase
que em sua totalidade, resultando em média de PLD abaixo de 100L/dia, sendo quartil inferior
menor que 40L. Vale lembrar que os produtores deste estudo são enquadrados como
Agricultores Familiares, ou seja, propriedades de área máxima de módulos fiscais.
55

Figura 15. Estatística descritiva e correlação entre eficiência técnica (ET) e produção de leite diária (PLD).

Foi encontrado efeito positivo da rotina de controle leiteiro (CONTROL) na ineficiência


técnica (Tabela 5). Apesar de ser fundamental para nortear o produtor em relação à divisão de
lotes de manejo nutricional, essa rotina se torna de maior importância em fazendas que
trabalham com maiores rebanhos, em que a percepção individual sobre o rebanho sem registros
é improvável. Em UPLs de pequeno porte, o ordenhador/manejador consegue memorizar as
ocorrências individuais das vacas por ser um número reduzido de cabeças e não haver troca de
ordenhador, uma vez que o proprietário costuma participar da execução da ordenha. Nesses
casos essa rotina não se torna fundamental para as decisões de manejo.
As outras variáveis não tiveram efeito significativo, inclusive as concessões de
equipamentos, que não resultaram em aumento de eficiência isoladamente (P>0,05 para GOVR,
GOVO e GOVI). Esse resultado isoladamente não permite afirmar que esse tipo de política, de
concessão desse tipo de equipamento, não apresenta impacto na eficiência técnica de UPLs.
Entretanto, fica claro que são necessários estudos mais aprofundados para melhorar a eficácia
de utilização dos recursos públicos dispendidos na cadeia de lácteos.
56

4. Conclusão

Tendo em vista os resultados aqui apresentados, algumas considerações importantes são


possíveis de serem tratadas como contribuição para futuras ações das instituições públicas e
privadas envolvidas com a cadeia de lácteos do MS.
Elevar o nível de escolaridade das famílias de agricultores familiares é imprescindível
e inadiável, pois trará crescimento para o setor, elevará a qualidade de vida dos produtores e
consequentemente contribuirá para o desenvolvimento do Estado.
Ficou claro também que políticas públicas com muito peso em distribuição de
equipamentos por meio de concessões de uso pode não ser o melhor caminho para o
crescimento do setor. Estudos mais aprofundados e específicos de impacto dessas políticas
públicas são recomendadas antes de continuar investindo recurso e estrutura pública nessa
estratégia.
Apesar da produção de leite média e a eficiência técnica não terem aumentado durante o
período de avaliação do grupo de produtores aqui estudados, ficou explícito que os produtores
atendidos por políticas públicas, atravessam à crise de forma mais amena em comparação à
média total dos produtores do estado de Mato Grosso do Sul; e que produtores assentados,
apesar de mais sensíveis à crises no setor de lácteos, responderam melhor em aumento da
produção de leite em relação aos produtores tradicionais.
Houve aumento da adoção de melhores técnicas de produção, principalmente aquelas
relacionadas à alimentação do rebanho e por assentados. Essa evolução é atribuída ao serviço
de assistência técnica durante o atendimento das UPLs, fortalecendo a importância desse tipo
de serviço dentro das políticas públicas.

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Anexo 1. Normas para artigos científicos: Land use Policy, disponível no Guia para
autores da revista (https://www.journals.elsevier.com/land-use-policy).

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Estrutura do artigo
Subdivisão - seções numeradas
Divida seu artigo em seções claramente definidas e numeradas. As subseções devem ser
numeradas 1.1 (então 1.1.1, 1.1.2, ...), 1.2, etc. (o resumo não está incluído na numeração da
seção). Usa isto numeração também para referência cruzada interna: não se refira apenas ao
'texto'. Qualquer subseção pode ser dado um breve cabeçalho. Cada cabeçalho deve aparecer
em sua própria linha separada.
Introdução
Declare os objetivos do trabalho e forneça um histórico adequado, evitando uma
literatura detalhada pesquisa ou um resumo dos resultados.
Material e métodos
Forneça detalhes suficientes para permitir que o trabalho seja reproduzido por um
pesquisador independente. Métodos já publicadas devem ser resumidas e indicadas por uma
referência. Se citando diretamente de um método publicado anteriormente, use aspas e cite a
fonte. Qualquer modificação métodos existentes também devem ser descritos.
Teoria / cálculo
Uma seção de Teoria deve estender, sem repetir, os antecedentes do artigo já tratado no
Introdução e estabelecer as bases para mais trabalhos. Por outro lado, uma seção de Cálculo
representa um desenvolvimento prático a partir de uma base teórica.
Resultados
Os resultados devem ser claros e concisos.
Discussão
Isso deve explorar a importância dos resultados do trabalho, não repeti-los. Resultados
combinados e seção de discussão geralmente é apropriada. Evite citações extensas e discussões
de publicações literatura.
Conclusões
As principais conclusões do estudo podem ser apresentadas em uma curta seção de
conclusões, que pode sozinho ou formar uma subseção de uma seção Discussão ou Resultados
e Discussão.
Apêndices
Se houver mais de um apêndice, eles devem ser identificados como A, B etc. Fórmulas
e equações em os apêndices devem receber numeração separada: Eq. (A.1), Eq. (A.2), etc .; em
61

um apêndice subsequente, Eq. (B.1) e assim por diante. Da mesma forma para tabelas e figuras:
Tabela A.1; Fig. A.1, etc.
Informações essenciais da página de rosto
• Título. Conciso e informativo. Os títulos são frequentemente usados em sistemas de
recuperação de informações. Evitar abreviações e fórmulas sempre que possível.
• Nomes e afiliações de autores. Indique claramente os nomes e sobrenomes de cada autor e
verifique se todos os nomes estão escritos com precisão. Você pode adicionar seu nome entre
parênteses em seu próprio script por trás da transliteração em inglês. Apresentar a afiliação dos
autores endereços (onde o trabalho real foi realizado) abaixo dos nomes. Indique todas as
afiliações com letras minúsculas carta sobrescrita imediatamente após o nome do autor e na
frente do endereço apropriado. Forneça o endereço postal completo de cada afiliação, incluindo
o nome do país e, se disponível, o endereço de e-mail de cada autor.
Destaques (Highlights)
Os destaques são obrigatórios para esta revista, pois ajudam a aumentar a descoberta do
seu artigo via motores de busca. Eles consistem em uma pequena coleção de marcadores que
capturam os novos resultados de sua pesquisa, bem como novos métodos usados durante o
estudo (se houver).
Os destaques devem ser enviados em um arquivo editável separado no sistema de envio
on-line. Por favor use 'Destaques' no nome do arquivo e inclua 3 a 5 pontos de marcador
(máximo de 85 caracteres, incluindo espaços, por ponto).
Abstract (Resumo)
É necessário um resumo conciso e factual. O resumo deve indicar brevemente o objetivo
da pesquisa, os principais resultados e principais conclusões. Um resumo é frequentemente
apresentado separadamente do artigo, por isso deve ser capaz de ficar sozinho. Por esse motivo,
as referências devem ser evitadas, mas se essencial, cite o (s) autor (es) e ano (s). Além disso,
abreviações não padronizadas ou incomuns devem ser evitados, mas, se essenciais, devem ser
definidos na sua primeira menção no próprio resumo.
Resumo gráfico
Embora um resumo gráfico seja opcional, seu uso é incentivado, pois chama mais a
atenção para o conteúdo on-line do artigo. O resumo gráfico deve resumir o conteúdo do artigo
de forma concisa e pictórica projetado para capturar a atenção de um amplo público. Os resumos
gráficos devem ser enviados como um arquivo separado no sistema de envio on-line. Tamanho
da imagem: forneça uma imagem com um mínimo de 531 × 1328 pixels (h × w) ou
proporcionalmente mais. A imagem deve ser legível no tamanho 5 × 13 cm usando uma
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resolução de tela regular de 96 dpi. Tipos de arquivos preferidos: TIFF, EPS, PDF ou MS Office
arquivos.
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Palavras-chave
Imediatamente após o resumo, forneça no máximo 6 palavras-chave, usando a ortografia
britânica e evitando termos gerais e plurais e conceitos múltiplos (evite, por exemplo, 'e', 'de').
Seja poupador com abreviaturas: somente as abreviaturas firmemente estabelecidas em campo
podem ser elegíveis. Essas palavras-chave serão ser usado para fins de indexação.
Reconhecimentos
Agrupe os agradecimentos em uma seção separada no final do artigo antes das
referências e faça, portanto, não os inclua na página de rosto, como nota de rodapé do título ou
de outra forma. Listar aqui aqueles indivíduos que prestaram ajuda durante a pesquisa (por
exemplo, fornecendo ajuda ao idioma, assistência para escrever ou prova de leitura do artigo,
etc.).
Formatação de fontes de financiamento
Liste as fontes de financiamento dessa maneira padrão para facilitar a conformidade
com os requisitos do financiador:
Financiamento: Este trabalho foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde [números de
concessão xxxx, aaaa]; a Fundação Bill & Melinda Gates, Seattle, WA [número de concessão
zzzz]; e os institutos dos Estados Unidos da paz [número da concessão aaaa].
Não é necessário incluir descrições detalhadas sobre o programa ou tipo de subsídios e
prêmios. Quando o financiamento é proveniente de uma doação em bloco ou de outros recursos
disponíveis para uma universidade, faculdade ou outra instituição, envie o nome do instituto ou
organização que forneceu o financiamento.
Se nenhum financiamento foi fornecido para a pesquisa, inclua a seguinte frase:
Esta pesquisa não recebeu nenhum subsídio específico de agências de fomento público,
comercial ou setores sem fins lucrativos.
Fórmulas matemáticas
Envie as equações matemáticas como texto editável e não como imagens. Apresentar
fórmulas simples em sempre que possível, alinhe com o texto normal e use o solidus (/) em vez
de uma linha horizontal para termos fracionários, por exemplo, X / Y. Em princípio, as variáveis
devem ser apresentadas em itálico. Os poderes de e são frequentemente mais convenientemente
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indicado por exp. Numere consecutivamente quaisquer equações que precisam ser exibidas
separadamente do texto (se referido explicitamente no texto).
Notas de rodapé
As notas de rodapé devem ser usadas com moderação. Numere-os consecutivamente ao
longo do artigo. Muitas palavras processadores constroem notas de rodapé no texto, e esse
recurso pode ser usado. Caso contrário, indicar a posição das notas de rodapé no texto e
apresentar as próprias notas de rodapé separadamente no final do artigo.
Arte eletrônica (Electronic artwork)
Pontos gerais
• Certifique-se de usar letras e tamanhos uniformes do trabalho artístico original.
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• Numere as ilustrações de acordo com a sequência no texto.
• Use uma convenção de nomenclatura lógica para seus arquivos de ilustrações.
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um arquivo único na fase de revisão.
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