AULA 08 - Compreensão e Interpretação de Textos de Gêneros Variados
AULA 08 - Compreensão e Interpretação de Textos de Gêneros Variados
AULA 08 - Compreensão e Interpretação de Textos de Gêneros Variados
Aula 08
AULA 08
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE
GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS
E GÊNEROS TEXTUAIS.
Sumário
Considerações Iniciais ................................................................................................. 2
Tipo x Gênero ............................................................................................................ 2
A narração ................................................................................................................. 4
Tipos de narrador .................................................................................................... 5
Tipos de discurso do narrador .................................................................................... 6
Discurso direto ........................................................................................................ 6
Discurso indireto ...................................................................................................... 6
Discurso indireto livre ............................................................................................... 6
Passagem do discurso direto para o indireto: ............................................................... 7
Exemplos de conversão de discurso direto para o indireto. ............................................ 8
Opinião do autor/narrador ......................................................................................... 9
Descrição.................................................................................................................. 16
Dissertação ............................................................................................................... 18
Texto dissertativo expositivo (puro): ......................................................................... 19
Texto dissertativo expositivo-informativo: .................................................................. 19
Texto dissertativo argumentativo/opinativo: ............................................................... 20
Operadores argumentativos: .................................................................................... 21
A estrutura argumentativa ....................................................................................... 21
Introdução ............................................................................................................. 22
Fórmulas de introdução ........................................................................................... 22
Desenvolvimento .................................................................................................... 25
Estratégias para desenvolver um parágrafo argumentativo. .......................................... 27
TEXTO INJUNTIVO/INSTRUCIONAL ............................................................................... 32
Interpretação e compreensão ...................................................................................... 34
Julgamento de Assertivas: principais erros. ................................................................... 41
RESUMO ................................................................................................................... 63
Lista de questões ....................................................................................................... 67
Gabaritos .................................................................................................................. 90
Considerações Iniciais
A tipologia textual se refere fundamentalmente ao tipo de texto e a sua estrutura e
apresentação. Diferencia-se um tipo do outro pela presença de certos traços linguísticos
predominantes, que servem a uma finalidade.
Narrar é contar uma história, descrever é caracterizar estaticamente, dissertar é expor
ideias, seja para defender uma tese, para demonstrar conhecimento, para polemizar
uma questão, entre outras finalidades.
Importante esclarecer, de plano, que é incomum um texto totalmente fiel às
características de um tipo textual. Geralmente os textos trazem elementos narrativos,
descritivos ou dissertativos simultaneamente e sua classificação será baseada na
predominância ou na prevalência de uma delas, em coerência com a finalidade
principal do texto. Uma dissertação pode trazer trechos narrativos e descritivos e
ainda assim será classificada como um texto dissertativo, se ficar indicado que o
objetivo era expor ideias e defender uma tese.
Normalmente, em concursos públicos, as bancas examinadoras têm cobrado com mais
profundidade o tipo dissertação e suas subvariantes argumentativa e expositiva.
A descrição quase não é cobrada, por ser muito fácil de identificar, mas também deve
ser estudada, pois permeia os outros tipos de texto e pode induzir o aluno a marcar
que um texto é uma descrição pura...
Tipo x Gênero
O gênero textual é um conjunto de características comuns de um texto. É um conceito
mais específico que o conceito de “tipo” textual, que se define fundamentalmente pela
“finalidade”.
Por exemplo, o “tipo” narração tem vários “gêneros”, como romance, fábula, boletim
de ocorrência, diário, piada, ata, notícia de jornal, conto, crônica. O “tipo”
injuntivo/instrucional tem gêneros como a receita culinária, o manual de instruções, o
tutorial.
O “tipo” descritivo inclui vários gêneros, como cardápios, anúncios, panfletos.
O “tipo” dissertativo abarca, por sua vez, artigos de opinão, matérias jornalísticas,
monografias, ensaios científicos, editoriais.
Por exempolo, a fábula é um texto narrativo alegórico, de texto curto e linguagem
simples, cujos personagens são animais personificados e refletem as características
humanas, como a preguiça, a previdência, a inveja, a falsidade, a coragem, a bondade.
O desfecho da fábula transmite uma lição de moral ou uma crítica a comportamentos
humanos. Veja um exemplo.
A Cigarra e a Formiga
Num dia soalheiro de Verão, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha
afadigada, carregando penosamente um grão de milho que arrastava para o formigueiro. - Por que não
ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra. -
Preciso de arrecadar comida para o Inverno – respondeu-lhe a Formiga. – Aconselho-te a fazeres o mesmo.
- Por que me hei-de preocupar com o Inverno? Comida não nos falta... – respondeu a Cigarra, olhando em
redor. A Formiga não respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora. Quando o Inverno chegou, a
Cigarra não tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham
guardado no Verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham fome como ela. A Cigarra
compreendeu que tinha feito mal...
Em suma, os tipos textuais principais são poucos, mas os gêneros são inúmeros, e
estão sempre surgindo novos de modo a abranger as novas “situações comunicativas”.
1. (IF-PE / Técnico em Laboratório / 2016)
Analise as proposições do texto em relação à tipologia e gênero textual:
1. A Fábula é uma Tipologia textual e não um gênero de texto;
2. O gênero textual fábula pertence à tipologia narrativa;
3. O Gênero e a tipologia textual se definem igualmente
4. São características que definem a fábula: os animais que falam e uma linguagem
erudita
Assinale a alternativa correta:
a) 1 e 2
b) 1, 2 e 3
c) 2 e 4
d) Apenas 2
e) Todas estão corretas
Comentários:
Tipo textual é o modo de organização: descrição, narração, dissertação. Gênero textual
é um produto do tipo, mas específico, criado para atender necessidades das inúmeras
situações comunicativas: são gêneros o recado, a bula de remédio, o diário, a
mensagem de SMS, a carta. Temos então conceitos diferentes.
A fábula é um gênero textual, pertencente ao tipo narrativo, que se caracteriza
pela presença de personagens personificados em uma história curta, de linguagem
simples, que pretende transmitir uma moral. Gabarito letra D.
A narração
==335c3==
Tipos de narrador
O narrador pode apresentar diversos graus de interferência na história. Pode ser um
narrador personagem, que conta a história em primeira pessoa e faz parte dela.
Sua fala também pode vir registrada como a de um personagem comum, reproduzida
literalmente ou indiretamente, com a pontuação pertinente. A narrativa em primeira
pessoa é impregnada pela opinião e pelas impressões do narrador. Veja o exemplo:
"Não tínhamos dinheiro para passagem de ônibus a próxima cidade, de modo que meu amigo
sugeriu irmos de trem de carga, a condução dos espertos. Quando anoiteceu, corremos a nos
esconder num vagão vazio. Ofegantes, fechamos a pesada porta e nos estendemos sobre o
chão. Estávamos cansados e famintos."
Pode ser um narrador observador, que narra a história em terceira pessoa, como se
a assistisse de fora, traz o relato de uma testemunha.
"...Ele andava calmamente, a rua estava escura dificultando sua caminhada, mas ele parecia
não se importar, andava lentamente como se a escuridão não o assustasse..."
Por fim, pode ser um narrador onisciente, que não só narra a história, mas também
tem pleno conhecimento do pensamento e das emoções dos personagens, bem
como sobre o passado e o futuro dos acontecimentos. Não há segredos para ele,
pode desvelar a tendência e a personalidade dos personagens, mesmo que esses
Discurso direto
É narrado em primeira pessoa, retratando as exatas palavras dos personagens.
Caracteriza-se pelo uso de verbos dicendi ou declarativos, como dizer, falar, afirmar,
ponderar, retrucar, redarguir, replicar, perguntar, responder, pensar, refletir,
indagar e outros que exerçam essa função. A pontuação se caracteriza pela presença
de dois pontos, travessões ou aspas para isolar as falas, que são claramente
alternadas, bem como de sinais gráficos, como interjeições, interrogações e
exclamações, para indicar o sentimento que as permeia. Vejamos exemplos:
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
- Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim,
continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.
- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
(Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV)
Discurso indireto
É narrado em terceira pessoa e o narrador incorpora a fala dos personagens a sua
própria fala, também utilizando os verbos de elocução (discendi ou declarativos) como
dizer, falar, afirmar, ponderar, retrucar, redarguir, replicar, perguntar, responder,
pensar, refletir, indagar. Trata-se de uma paráfrase, uma reescritura das falas,
agindo o narrador como intérprete e informante do que foi dito. Geralmente traz uma
oração subordinada substantiva, com a conjunção que. Observe:
“A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e
perguntou por que não a levei comigo."
“Capitu segredou-me que a escrava desconfiara, e ia talvez contar às outras”
"Quincas Borba calou-se de exausto, e sentou-se ofegante. Rubião acudiu, levando-lhe água e pedindo
que se deitasse para descansar; mas o enfermo após alguns minutos, respondeu que não era nada.
Perdera o costume de fazer discursos é o que era."
"Aperto o copo na mão. Quando Lorena sacode a bola de vidro a neve sobe tão leve. Rodopia flutuante
e depois vai caindo no telhado, na cerca e na menininha de capuz vermelho. Então ela sacode de novo.
'Assim tenho neve o ano inteiro'. Mas por que neve o ano inteiro? Onde é que tem neve aqui? Acha lindo
a neve. Uma enjoada. Trinco a pedra de gelo nos dentes."
Alteração na pontuação:
Frases interrogativas,
exclamativas e imperativas frases declarativas
( "" ! ? -)
Pretérito imperfeito do
Presente do indicativo
indicativo
pretérito imperfeito do
Imperativo subjuntivo
Opinião do autor/narrador
Percebemos então que o discurso direto é mais objetivo, pois narra falas literais,
exatamente como proferidas, de modo que o leitor pode julgar por si mesmo a atitude
dos personagens. Então, o discurso direto ajuda a construir “veracidade” e
“credibilidade” no que foi dito.
Já no discurso indireto e indireto livre, o narrador divide com o leitor seu próprio ponto
de vista, sua própria leitura dos fatos. Inclusive, ao recontar as falas dos outros, já
pode estar inserindo seu viés na própria escolha das palavras.
Nesse contexto, a opinião do narrador (ou do locutor de um texto argumentativo) pode
ser verificada em algumas pistas, palavras que indicam em algum nível as verdadeiras
impressões sobre o que se fala. Essas expressões que indicam ponto de vista são
chamadas de “modalizadores”:
Ex: Pedro infelizmente não tinha chegado ainda, devia estar no maldito
trânsito e fatalmente perderia o início do evento que lutara para
organizar.
No exemplo acima, os advérbios “infelizmente” e “fatalmente” indicam que o locutor
considera negativos o acontecimento de perder o início do evento. Então, tais
expressões revelam um viés “afetivo” e “subjetivo”.
O advérbio “ainda” indica que há na fala expectativa ou convicção de que ele já deveria
ter chegado. Se o advérbio utilizado fosse “já” (ele já chegou), o sentido seria outro e
revelaria a visão de que ele chegou mais rápido que o esperado.
O verbo “devia” foi usado como um modalizador, para indicar
“possibilidade/probabilidade”, de modo que sabemos que não há certeza absoluta
naquela declaração. Se fosse usado outro verbo, como “poderia”, ou um uma forma
verbal mais categórica, como “estava”, os sentidos seriam outros e a visão do fato
pareceria outra.
O adjetivo “maldito” expressa verdadeiro rancor contra o “trânsito”.
O verbo “lutar” também indica que o autor considera o ato de “organizar” o evento uma
tarefa difícil, que exigia esforço e encontrava oposição, enfim, uma luta.
Esses são apenas alguns indícios de opinião do narrador/autor, examinados num
pequeno período. No texto, qualquer estrutura ou classe de palavras (verbos, adjetivos,
advérbios, palavras denotativas, interjeições) pode ser vestígio de uma opinião
subjacente.
O que foi dito acima não é exclusivo para “narradores”: vale para a opinião do autor
em dissertações, argumentações, propagandas, artigos, matérias jornalísticas e
qualquer gênero textual. Cuidado, não é qualquer adjetivo ou advérbio que
necessariamente indica um juízo de valor, muitas vezes eles têm caráter mais objetivo,
embasado em uma situação concreta. É preciso analisar o contexto e também as opções
da questão.
Vimos a teoria, mas é nas questões de prova que observaremos melhor todas essas
características. Vamos a elas?
O marido, na cama, foi despertado pelo puxão nervoso e pelas palavras ainda mais
nervosas de dona Irene:
– Imagina: me roubaram e me devolveram meu relógio!
– Que relógio?
– Este aqui – e ela estendeu o pulso, esquecida de que o pusera na bolsa, sem
tempo e sem calma para atar novamente a pulseira, depois do fato. Abriu a bolsa
e exibiu o relógio recuperado.
– Mas você não levou relógio nenhum, filha. Você esqueceu ele na mesinha de
cabeceira. Está ali. Quando eu dei fé, corri à janela para avisar, mas não vi mais
você.
Sujeito assustado, aquele ladrão! Mais medroso do que a medrosa dona Irene.
A última frase do texto – Sujeito assustado, aquele ladrão! Mais medroso do que
a medrosa dona Irene. – corresponde a uma reflexão
a) do marido, em relação ao comportamento da mulher.
b) do narrador, em relação ao comportamento do ladrão.
c) da mulher, em relação ao comportamento do ladrão.
d) da mulher, em relação ao seu próprio comportamento.
e) do marido, em relação ao comportamento do ladrão.
Comentários:
Inseri essa questão para observarmos as características do narrador e do discurso. A
pontuação com travessão, dois pontos, exclamação e interrogação são
indicações do discurso direto, com reprodução das exatas palavras dos
personagens. O narrador é onisciente e conhece o sentimento dos personagens, como
o esquecimento e a ansiedade: e ela estendeu o pulso, esquecida de que o pusera na
bolsa, sem tempo e sem calma para atar novamente a pulseira, depois do fato. Abriu
a bolsa e exibiu o relógio recuperado. Por fim, respondendo à questão, a fala só pode
ser do narrador, pois emite opinião sobre os sentimentos do ladrão, que só ele conhece.
Como a narração usa discurso direto, as falas dos personagens estão marcadas pelo
travessão, se fosse uma fala da mulher, ela não se referiria a si própria como dona
Irene, e, sim, como eu. Gabarito letra b.
8. (MP-RS / ASSESSOR / CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS)
O advogado Jairo Adriano de Mello contesta com raciocínio claríssimo colegas que
defendem o boicote à fiscalização com base na presunção da inocência e no direito
de não produzir prova contra si: – Estão invertendo certas lógicas, e muitos
repetem os argumentos como papagaios. Todos são inocentes até que se prove
________ contrário, mas, no momento ________ eu dificulto a prova, sou contra
ela, a lógica autoriza a inversão da presunção da inocência. O teste do bafômetro
não é prova contra mim. É a possibilidade que me é dada de provar que não estou
alcoolizado.
Descrição
Descrever é caracterizar, relatar em detalhes características de pessoas, objetos,
imagens, cenas, situações, emoções, sentimentos. A descrição é uma pormenorização
estática, uma pausa no tempo, geralmente uma interrupção da narração, para
apresentação de traços dos seres. Para isso, se utiliza de muitos adjetivos, verbos de
ligação que indicam estado e orações e locuções adjetivas para caracterização. O tempo
mais usual é o pretérito imperfeito, por indicar uma ação continuada ou rotineira:
era, fazia, estava, parecia...
Importante lembrar que os adjetivos podem ter valor objetivo ou relacional, quando
são isentos de opinião e simplesmente expressam um fato: carro preto, homem
japonês, doença degenerativa. Esses adjetivos geralmente não aceitam gradação
(homem mais japonês) e vão indicar uma descrição objetiva. Já os adjetivos
qualificativos ou subjetivos expressam opinião, não são fatos, essas qualidades
podem ser graduadas e questionadas: homem bonito, carro extravagante, aluno
teimoso, lugar longe, muito longe... Esses adjetivos, por sua vez, caracterizam uma
descrição subjetiva, impregnada pela opinião de quem descreve.
A descrição quase sempre está presente em outros tipos textuais, assim como
dificilmente é encontrada na sua forma pura, de modo que também é comumente
permeada por trechos narrativos ou dissertativos. Nas provas de concurso, o mais
comum é a descrição aparecer dentro de uma narração.
Difere-se fundamentalmente da narração por trazer acontecimentos simultâneos, que
ocorrem ao mesmo tempo, sem progressão temporal e sem relação de anterioridade e
posterioridade; está para uma foto, assim como a narração está para um filme. As
ações podem descrever uma rotina, ações habituais, sem foco narrativo.
A descrição é o tipo textual que predomina em gêneros como manuais, propagandas,
biografias, relatórios, definições e verbetes, tutoriais.
É rara a cobrança de uma descrição pura. Vamos ver um exemplo, retirado da prova
do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.
“Amanhece na ilha de Heron. Sobre a imensa faixa de areia, que se estende em curva
até desaparecer na bruma da manhã, despeja-se uma lua violácea, que pouco a
pouco se encorpa. Mas é somente quando o sol oblíquo já incide sobre as areias e a
água, sobre a vegetação rasteira e os tufos de algas que brilham nas pedras com a
maré baixa, é só então – nunca antes – que se pode notar o primeiro movimento na
praia.”
O texto começa pela descrição da ilha de Heron. Um texto descritivo é caracterizado
fundamentalmente por:
a) ações que ocorrem em uma sequência cronológica.
b) reflexões sobre aspectos problemáticos da vida.
classificado como
a) narrativo com segmentos descritivos.
b) descritivo com segmentos narrativos.
c) exclusivamente narrativo.
d) narrativo, com segmentos descritivos e argumentativos.
e) descritivo, com segmentos narrativos e argumentativos.
Comentários:
Temos o personagem Dvorak praticando diversas ações sequenciais no tempo-
espaço: primeiro se arrastou, depois se encostou e depois parou para ouvir os barulhos
da floresta. O tempo utilizado é o pretérito perfeito, para marcar ações terminadas
e seguidas de outras, numa relação de antes e depois. Embora haja dois adjetivos,
em “grande tronco” e “pele dura”, esses não são suficientes para formar um “segmento”
descritivo, por isso não podemos nos confundir e pensar que há uma descrição aqui.
Ainda não vimos a argumentação, mas sabemos que ela essencialmente discute um
tema, com ou sem defesa de uma opinião. Não há nada disso nesse pequeno trecho. O
texto então é exclusivamente narrativo, com suas características principais. O gabarito
é a letra C.
12. (Cesgranrio/ BNDES/ 2009)
Em qual sequência é caracterizada uma descrição?
a) "Leves, classudos, num tom esportivamente escuro, cada lente com uma
sombra que subia de baixo para cima,"
b) " 'Pois é, mas eu estava com a vista cada vez mais cansada, até que fui ao
oculista...' "
c) "Mês depois, encontrei uma amiga cujo pai é oftalmologista."
d) "ela me contou que um curioso cliente do pai havia pedido um modelo de
óculos sem grau."
e) "É, era ele mesmo - o editor."
Comentários:
Observe na letra A os adjetivos subjetivos, como “leves”, “classudos”, “esportivamente
escuro”... Esse é nosso gabarito. Nas alternativas seguintes, podemos ver uma
progressão temporal, uma ação ocorrendo depois da outra, com advérbios de tempo,
“até que”, “depois” e verbos no pretérito indicando ações acabadas, como “contou”,
“era”. Gabarito: letra a.
Dissertação
Agora veremos o assunto mais importante desta aula e talvez deste curso. Digo isso
porque a dissertação é o tipo textual mais cobrado, tanto em tipologia quando nas
questões de português que trazem textos. Conhecer estruturação desse tipo vai ser
vital na interpretação em geral, pois aprenderemos as estratégias argumentativas que
são objeto de questões de compreensão, e também nas provas discursivas, e ficaremos
familiares com a estruturação correta de um parágrafo e de um texto.
O texto dissertativo basicamente expõe ideias, razões, teorias, raciocínios,
Operadores argumentativos:
Para comprovar sua opinião e sua tese, o autor deverá estabelecer algumas relações
de sentido para relacionar suas ideias e seus raciocínios. Para isso, poderá usar
conectivos diversos, conjunções, advérbios, palavras denotativas.
As conjunções são operadores argumentativos, pois ajudam a construir argumentos e
relações lógicas diversas. Em suma, introduzem ideias e argumentos, estabelecendo
entre eles relações de tempo, concessão, condição, proporcionalidade, comparação,
conformidade, causa, consequência, adição, alternância, conclusão, explicação,
oposição.
Advérbios e palavras denotativas também funcionam como operadores argumentativos,
pois estabelecem entre argumentos relações de inclusão, exclusão, retificação, realce,
prioridade, predominância, relevância, esclarecimento.
Não vou aprofundar muito aqui, pois já vimos essas relações todas no estudo das
classes (conjunções, advérbios, preposições, palavras denotativas), mas é bom saber
que a banca pode chamar de “operadores argumentativos ou discursivos” esses termos
e os sentidos que estabelecem na construção do texto. Dessa forma, podemos dizer
que as conjunções aditivas são operadores que “somam argumentos”, as conjunções
adversativas “opõem argumentos”, as alternativas “excluem ou alternam” argumentos,
assim por diante.
A estrutura argumentativa
Como dito, a dissertação argumentativa traz uma progressão lógica de argumentos.
Em nível estrutural, essa progressão toma a forma de introdução, desenvolvimento e
conclusão. Na introdução, o autor apresenta o tema, a ideia principal, sua tese. No
Introdução
Na introdução deve constar a tese, uma c afirmação que deverá ser sustentada no
decorrer dos parágrafos. Se o autor pudesse sintetizar todo seu texto numa sentença,
essa seria sua tese. A opinião do autor aqui aparece de modo brando e será reiterada
de modo forte na conclusão. Também é na introdução que o autor tenta seduzir o
leitor, captar seu interesse, atraindo-o para continuar lendo.
Ah Felipe, isso tá muito teórico!!! Como se estrutura na prática uma introdução?
Fórmulas de introdução
Os textos dissertativos se estruturam de modo lógico para convencer o leitor. A
introdução já é um momento de sugerir a estrutura que uma dissertação argumentativa
deve tomar, sua divisão, sua progressão... etc. Vejamos fórmulas comuns de se contruir
um parágrafo introdutório.
Divisão: é a enumeração explícita dos aspectos que serão tratados. É fácil e deixa
o texto mais organizado. Além disso, facilita o uso de elementos de coesão: em relação
ao primeiro item, já quanto ao segundo...
Ex: O problema das chuvas tem recebido bastante destaque na mídia, em grandes
debates sobre quem seria o responsável. Há dois fatores principais nesse contexto: a
omissão do governo e a ação dos cidadãos.
Parágrafo 1: A omissão do governo pode ser observada em casos como...
Parágrafo 2: Já a ação dos cidadãos também influencia nesse resultado porque...
Ex: No Brasil, a tradição política no tocante à representação gira em torno de três ideias
fundamentais. A primeira é a do mandato livre e independente, isto é, os
representantes, ao serem eleitos, não têm nenhuma obrigação, necessariamente, para
com as reivindicações e os interesses de seus eleitores. O representante deve exercer
seu papel com base no exercício autônomo de sua atividade, na medida em que é ele
quem tem a capacidade de discernimento para deliberar sobre os verdadeiros
interesses dos seus constituintes. A segunda ideia é a de que os representantes devem
exprimir interesses gerais, e não interesses locais ou regionais. Os interesses nacionais
seriam os únicos e legítimos a serem representados. A terceira ideia refere-se ao
princípio de que o sistema democrático representativo deve basear-se no governo da
Ex: O problema das chuvas tem merecido bastante destaque na mídia, em grandes
debates sobre quem seria o responsável. A maioria culpa o Governo, por sua omissão.
Porém, seriam alguns hábitos do cidadão comum responsáveis por grande parte desses
eventos?
Aqui o autor poderia responder a essa pergunta ou se posicionar de forma diferente,
atribuindo a um terceiro a culpa. A estratégia é seduzir o leitor e fazê-lo se perguntar
quem seria o responsável e procurar a resposta no texto.
Frases nominais: é o uso de uma frase seguida de uma explicação. A frase será
o elemento de curiosidade, a frase seguinte será uma explicação.
Ex: Calamidade pública. Assim se referiu o secretário estadual de saúde ao atual estado
dos hospitais do Rio de Janeiro...
Ex: Ditador, louco e genocida. Após baixar a fumaça das explosões, essas palavras
Desenvolvimento
No desenvolvimento deve constar a fundamentação da opinião “levantada” na
introdução. Cada argumento deve vir separado em um parágrafo, por clareza e por
destacar mais ainda a estrutura dissertativo-argumentativa. Essa regra é tão
importante que as bancas geralmente descontam pontos por parágrafos que trazem
mais de uma ideia.
A ideia central de um parágrafo de desenvolvimento é chamada tópico frasal
ou pequena tese. Ele é a síntese do argumento, a ideia mais importante do parágrafo,
geralmente vem no início, mas não necessariamente.
Importante destacar que o parágrafo segue uma estrutura análoga ao texto
argumentativo como um todo. O parágrafo de desenvolvimento também tem a
sua introdução, que geralmente coincide com o tópico-frasal.
O período seguinte deve trazer uma ampliação desse tópico, sustentando-o por meio
de argumentos e contra-argumentos, raciocínios lógicos, exemplos, comparações,
narrativas, citações de autoridades, dados estatísticos ou outra forma de
desenvolvimento. Por fim, pode haver uma conclusão que retoma a ideia-núcleo ou
anuncia o tópico frasal do próximo argumento.
Ex: Diversas são as naturezas dos instrumentos de que dispõe o povo para participar
efetivamente da sociedade em que vive. Políticos, sociais ou jurisdicionais, todos eles
destinam-se à mesma finalidade: submeter o administrador ao controle e à aprovação
do administrado. O sufrágio universal, por exemplo, é um mecanismo de controle de
índole eminentemente política — no Brasil, está previsto no art. 14 da Constituição
Federal de 1988, que assegura ainda o voto direto e secreto e de igual valor para todos
—, que garante o direito do cidadão de escolher seus representantes e de ser escolhido
pelos seus pares.
Enumera as naturezas dos intrumentos: política, social e jurisdicional. Detalha a
natureza política com um exemplo: o sufrágio.
que parte duas premissas (maior e menor) para chegar a uma conclusão.
Todos os cariocas são brasileiros. (premissa maior)
João é carioca. (premissa menor)
Logo, João é brasileiro. (conclusão)
Quando um silogismo é válido, a relação entre as premissas é verdadeira, irrefutável e
a conclusão é decorrência necessária, inevitável das premissas. Se uma das premissas
for falsa, vai levar a uma conclusão falsa.
Obs: Raciocínio dedutivo é aquele que parte de uma verdade geral para um caso
particular. No exemplo acima, partimos de um conceito geral e abstrato (todos os
cariocas são brasileiros) e chegamos a uma verdade particular, concreta (João é
brasileiro)
Raciocínio indutivo, por outro lado, é o que parte de premissas particulares para uma
gereralização, uma conclusão não necessariamente é verdadeira.
Ex: O leão é mamífero/ O leão é feroz.
O lobo é mamífero/ O lobo é feroz.
O tigre é mamífero/ O tigre é feroz.
O golfinho é mamífero/
Portanto, o golfinho é feroz.
Obs: No estudo rigoroso do raciocínio lógico, que foge ao nosso escopo e tem regras muito
mais específicas, as premissas podem ser absurdas, ser assumidas como verdadeiras e gerar
conclusões absurdas consideradas válidas. Aqui, estamos trabalhando com o raciocínio de
texto.
Ex: Os homens voam, Maria é um homem. Logo, Maria voa. Para o nosso estudo, argumento
consistente é aquele que tem relação de causalidade com as premissas, ou seja, decorre de
premissas verdadeiras e conclui informação verdadeira.
Também quero registrar o método de raciocínio chamado “dialético”, que consiste em
3 premissas. A primeira é a tese, a segunda a antítese e a última, a síntese.
A tese é o ponto de vista do autor, a opinião que ele pretende defender. A antítese é o
contraposto de sua tese, ou seja, é uma opinião contrária. A síntese é a retomada da
tese, após a desconstrução ou invalidação da antítese, ou seja, uma conclusão que
combina elementos das duas.
A juventude é provavelmente a melhor fase para se dedicar ao trabalho (tese).
No entanto, uma juventude sem diversão pode dar a sensação de que trabalhar
não vale a pena (antítese). Portanto, é preciso aproveitar a juventude para
produzir muito, mas sem abandonar totalmente o lazer (síntese).
Essas estruturas aparecem muito frequentemente nos textos argumentativos e usamos
esse tipo de raciocínio o tempo todo, sem perceber, de forma não tão sistemática. As
relações de causa e efeito são muito semelhantes a um silogismo simplificado, pois uma
informação vai levar à conclusão de uma outra. Então, esteja pronto para reconhecer
no texto as premissas, os argumentos e as conclusões do autor.
Por fim, ressalto que, assim como ocorrem nas fórmulas de introdução, os textos
trazem diversos argumentos desenvolvidos conjugando uma ou mais dessas técnicas,
como veremos nesse exemplo de prova:
Entre 1990 e 2010, mais de 96 milhões de pessoas foram afetadas por
TEXTO INJUNTIVO/INSTRUCIONAL
O texto injuntivo traz instruções ao leitor para realizar certa tarefa. Ensina, orienta,
interpela ou obriga o leitor a fazer alguma coisa.
Sua principal característica é apresentar verbos no imperativo, em comandos neutros,
genéricos e impessoais, para prescrever alguma ação do leitor. O uso do infinitivo
impessoal também é usado como estratégia de neutralidade, pois omite o agente:
Ex: Passo 1, remover a embalagem. Passo 2, inserir CD de instalação.
Ex: 149 - Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou autorizar,
mediante alvará...
Observamos esse tipo textual em gêneros como leis, regulamentos, contratos, manuais
de instrução, receitas de bolo, tutoriais.
Vejamos uma questãozinha recente sobre o texto injuntivo:
17. (UFG / DP-GO / 2014)
Leia o Texto para responder à questão
Título I
Das Disposições Preliminares
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Em sua acepção técnica, lei equivale a uma regra escrita, dotada de poder
normativo. No Texto, a normatividade do conteúdo da lei é marcada por:
Interpretação e compreensão
Embora muitos alunos os tratem por sinônimos, interpretar e compreender são ações
diferentes. Sem filosofar muito, para efeito de prova, interpretar é ser capaz de
depreender informações do texto, deduzir baseado em pistas, inferir um subtexto, que
não está explícito, mas está pressuposto.
Compreender, por sua vez, seria localizar uma informação explícita no texto e não
depende de nenhuma inferência, porque está clara.
Essa diferença aparece nos enunciados, quando a banca nos informa se uma questão
deve ser resolvida por recorrência (compreensão) ou por inferência (interpretação).
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Aula 08 – Felipe Luccas Rosas
Veremos aqui uma breve distinção teórica e depois partiremos para as questões, porque
só aprendemos a interpretar lendo e interpretando.
Novamente, a “oferta” de café, subentendida, não foi observada pelo ouvinte, que se
ateve ao sentido literal registrado nas palavras.
Enfim, pessoal, infelizmente não há uma dica milagrosa para interpretação. Teremos
sempre que fazer esse exercício de buscar informações explícitas e implícitas no texto,
baseado em vestígios e pistas, nas entrelinhas, ou muitas vezes encontrando a
reescritura equivalente de uma ideia apresentada.
Extrapolar:
Esse é o erro mais comum. O texto vai até um limite e o examinador oferece uma
assertiva que “vai além” desse limite. O examinador inventa aspectos que não estão
contidos no texto e o candidato, por não ter entendido bem o texto, preenche essas
lacunas com a imaginação, fazendo outras associações, à margem do texto, estimulado
pela assertiva errada. O exemplo mais perigoso é a extrapolação com informação
verdadeira, mas que não está no texto.
Limitar e Restringir:
É o contrário da extrapolação. Geralmente se manifesta na supressão de informação
essencial para o texto. A assertiva reducionista omite parte do que foi dito ou restringe
o fato discutido a um universo menor de possibilidades.
Acrescentar opinião:
Nesse tipo de assertiva errada, o examinador parafraseia parte do texto, mas
acrescenta um pouco da sua própria opinião, opinião esta que não foi externada pelo
autor. A armadilha dessas afirmativas está em embutir uma opinião que não está no
texto, mas que está na consciência coletiva, pelo fato de ser um clichê ou senso comum
que o candidato possa compartilhar.
Contradizer o texto.
O texto original diz “A” e o texto parafraseado da assertiva errada diz “Não A” ou “B”.
Para disfarçar essa contradição, a banca usará muitas palavras do texto, fará uma
paráfrase muito semelhante, mas com um vocábulo crucial que fará o sentido ficar
inverso ao do texto.
Tangenciar o tema.
O examinador cria uma assertiva que aparentemente se relaciona ao tema, mas fala
de outro assunto, remotamente correlato. No mundo dos fatos, aqueles dois temas
podem até ser afins, mas no texto não se falou do segundo, só do primeiro; então
houve fuga ao tema.
Vamos fazer um exercício e localizar esses erros num texto.
Para evitar os erros acima, o leitor deve ser capaz de fazer o “recorte temático”, isto é,
uma delimitação do tema, um estabelecimento de fronteiras do que está no texto e o
que o extrapola.
26. (Questão Inédita / 2017)
As causas do desemprego no mundo
Atualmente o mundo atingiu um nível muito alto de desemprego, fato que só havia
acontecido, em proporções similares, após a crise de 29.
Segundo os órgãos internacionais, existem hoje, aproximadamente, 850 milhões
de pessoas desempregadas, algumas profissões foram superadas outras extintas,
o crescimento constante de tecnologias provoca alterações no mercado de trabalho
em todo o mundo.
Até mesmo em países de terceiro mundo, as fábricas e indústrias estão sofisticadas
e modernas. As empresas são obrigadas a investir maciçamente em tecnologia
para garantir rapidez e melhorar a qualidade, itens necessários em um mercado
tão competitivo.
De acordo com os fragmentos abaixo, julgue os itens:
I- Consoante algumas instituições internacionais, um número próximo de 850
milhões de pessoas estão desempregadas, pois o desenvolvimento das
tecnologias de automação modificou profundamente as relações de trabalho,
aumentando a rotatividade nos postos de trabalho.
II- Segundo o autor, o desemprego no Brasil atingiu um nível muito alto, algo
que só ocorrera após a depressão de 1929.
III- Fábricas em países de terceiro mundo, ao contrário do que possa parecer,
ostentam plantas modernas, em que há grandes investimentos em
tecnologia, pois esse é um fator necessário para sobreviver num mercado
competitivo, assim como a qualidade da mão de obra.
IV- De acordo com organismos internacionais, há aproximadamente 850 milhões
de desempregados, tendo em vista que algumas profissões foram superadas
e extintas, além do fato de que o crescimento constante de tecnologias
provoca manutenção das relações de trabalho no mercado em todo o
mundo. Tal nível de desemprego é sem precedentes na história.
V- Os investimentos em tecnologia são um grande fator para a deterioração dos
benefícios trabalhistas, constitucionalmente garantidos, acentuando a
condição de hipossuficiente dos operários das modernas e sofisiticadas
fábricas em todo o mundo.
Comentários:
I- No primeiro item, há extrapolação. O texto não menciona nada sobre
automação nem sobre rotatividade de trabalho; embora seja possível fazer
essas associações à luz do tema “desemprego” isso foi além do que estava
escrito no texto. Essas informações não estão contidas.
II- Houve redução drástica da abrangência do tema. O autor fala do desemprego
em todo o mundo; a assertiva somente menciona o Brasil, tornando o
universo da discussão muito restrito.
III- Esse “ao contrário do que possa parecer” é opinião do examinador levemente
embutida no item. O texto não diz claramente que as fábricas parecem menos
modernas. Pelo contrário, diz que até as fábricas em países de terceiro mundo
estão sofisticadas; então poderíamos até entender um sentido concessivo de
que não é esperado que essas fábricas sejam modernas, mas isso é diferente
de dizer que “não parecem” modernas. também foi acrescentada uma outra
opinião: que “a qualidade da mão de obra é tão importante quanto a
tecnologia”. Essas opiniões são compartilhadas por muitas pessoas, então o
candidato pode se identificar e marcar o item como certo. Contudo, não
constam no texto escrito.
IV- O item é quase todo igual ao texto original, mas no finalzinho traz uma
informação oposta: “o crescimento constante de tecnologias provoca
manutenção das relações de trabalho”. Não há manutenção, há mudanças
No século XX, o texto constitucional de 1934, no capítulo II, “Dos direitos e das
garantias individuais”, em seu art. 113, fez menção a essa proteção, ao prever que
“A União e os estados concederão aos necessitados assistência judiciária, criando
para esse efeito órgãos especiais e assegurando a isenção de emolumentos,
custas, taxas e selos”. Por sua vez, a Constituição de 1946 previu, no mesmo
capítulo que a de 1934, em seu art. 141, § 35, que “O poder público, na forma que
a lei estabelecer, concederá assistência judiciária aos necessitados”. A lei
extravagante veio em 1950, materializada na Lei n.º 1.060, que especifica normas
para a concessão de assistência judiciária aos necessitados. No art. 4.º dessa lei,
havia menção ao “rendimento ou vencimento que percebe e os encargos próprios
e os da família” e constava a exigência de atestado de pobreza, expedido pela
autoridade policial ou pelo prefeito municipal. Foi o art. 1.º, § 2.º, da Lei n.º
5.478/1968 que criou a simples afirmação (da pobreza), ratificado pela Lei n.º
7.510/1986, que deu nova redação a dispositivos da Lei n.º 1.060/1950. Em 1988,
a Carta Cidadã ampliou o escopo da assistência judiciária ao empregar o termo
assistência jurídica integral e gratuita, que é mais abrangente e que abarca o termo
usado anteriormente, restrito apenas à assistência de demanda judicial já proposta
ou a ser interposta. O termo atual também engloba atos jurídicos extrajudiciais,
aconselhamento jurídico, patrocínio da causa, além de ações coletivas e mediação.
Hoje, portanto, alguém que se vê incapaz de arcar com os custos que uma lide
judicial impõe, mas necessita da imediata prestação jurisdicional, pode, mediante
simples afirmativa, postular as benesses dessa prerrogativa, garantida pela
Constituição Federal vigente.
X
a própria colonização do Brasil, ainda no século XVI, pode ser considerada marco da
história da assistência jurídica, ou justiça gratuita, no país.
É uma paráfrase (reescritura perfeita), apenas mudando a posição do sujeito. Questão
correta.
31. (CESPE / DPU / 2016)
Utilizar o texto da questão 28.
Depreende-se do texto que, de acordo com a Constituição Federal de 1988, é
proibido à pessoa possuidora de bens requerer o direito à assistência jurídica
integral e gratuita.
Comentários:
O enunciado “Depreende-se” é pista para o aluno saber que é uma questão de
inferência, ou seja, a resposta não estará explícita numa mera reescritura. Vamos
buscar o trecho que se refere à constituição de 1988:
“Em 1988, a Carta Cidadã ampliou o escopo da assistência judiciária ao empregar o
termo assistência jurídica integral e gratuita, que é mais abrangente e que abarca o
termo usado anteriormente...”
Me digam agora onde está alguma referência implícita ou explícita a bens. Em lugar
nenhum. Essa seria uma extrapolação, tentativa de induzir a pensar que quem tem
bens é rico e não necessita da assistência judiciária. Isso seria um raciocínio pessoal,
fora do texto. Até porque ter bens não significa não ser necessitado. Alguém pode ter
um carro e não poder pagar um advogado ou custas. O próprio texto desmente essa
possível premissa: “— já dava início a situações em que constantemente as partes se
viam impossibilitadas de arcar com os possíveis custos judiciais das demandas.”
Reforça-se, não há no texto qualquer pista que sustente essa correspondência: parte
impossibilitada de arcar com os possíveis custos judiciais=pessoa não possuidora de
bens. Item errado.
Comentários:
Vejamos a parte que indica que a substituição do atestado por uma afirmativa da pessoa
simplificou o acesso à assistência gratuita: No art. 4.º dessa lei, havia menção ao
“rendimento ou vencimento que percebe e os encargos próprios e os da
família” e constava a exigência de atestado de pobreza, expedido pela
autoridade policial ou pelo prefeito municipal. Foi o art. 1.º, § 2.º, da Lei n.º
5.478/1968 que criou a simples afirmação (da pobreza), ratificado pela Lei n.º
7.510/1986, que deu nova redação a dispositivos da Lei n.º 1.060/1950.
Vejam que era um documento que deveria incluir encargos de várias pessoas e ser
expedido pela polícia ou pelo prefeito. Imaginem o trabalho que dava rs... De fato, a
lei buscou deixar mais acessível o benefício. Questão correta.
33. (FCC / TRT 24ª REGIÃO / Técnico Judiciário / 2017)
Instituições financeiras reconhecem que é cada vez mais difícil detectar se uma
transação é fraudulenta ou verdadeira
Os bancos e as empresas que efetuam pagamentos têm dificuldades de controlar
as fraudes financeiras on-line no atual cenário tecnológico conectado e complexo.
Mais de um terço (38%) das organizações reconhece que é cada vez mais difícil
detectar se uma transação é fraudulenta ou verdadeira, revela pesquisa realizada
por instituições renomadas.
O estudo revela que o índice de fraudes on-line acompanha o aumento do número
de transações on-line, e 50% das organizações de serviços financeiros pesquisadas
acreditam que há um crescimento das fraudes financeiras eletrônicas. Esse avanço,
juntamente com o crescimento massivo dos pagamentos eletrônicos combinado
aos novos avanços tecnológicos e às mudanças nas demandas corporativas, tem
forçado, nos últimos anos, muitas delas a melhorar a eficiência de seus processos
de negócios.
De acordo com os resultados, cerca de metade das organizações que atuam no
campo de pagamentos eletrônicos usa soluções não especializadas que, segundo
as estatísticas, não são confiáveis contra fraude e apresentam uma grande
porcentagem de falsos positivos. O uso incorreto dos sistemas de segurança
também pode acarretar o bloqueio de transações. Também vale notar que o desvio
de pagamentos pode causar perda de clientes e, em última instância, uma redução
nos lucros.
Conclui-se que a fraude não é o único obstáculo a ser superado: as instituições
financeiras precisam também reduzir o número de alarmes falsos em seus sistemas
a fim de fornecer o melhor atendimento possível ao cliente.
Infere-se corretamente do texto que
a) está cada vez mais fácil, no atual cenário tecnológico, verificar se uma
transação on-line é falsa ou verdadeira.
Comentários:
“Depreende-se” é a pista de que se trata de um enunciado de inferência. Embora não
esteja claramente usando essa palavra, localizemos no texto a parte que sugere o
sentido de benefícios: ”aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação
ou reprodução de suas obras” e “a lei assegurará aos autores de inventos industriais
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos...”. Pronto; por
benefícios morais podemos interpretar a proteção às criações, aos nomes. Por
benefícios econômicos podemos inferir o direito exclusivo de utilização, publicação e
reprodução. O enunciado tenta enganar o candidato com a expressão “tem de gozar”,
que sugeriria uma obrigatoriedade e deixaria o item falso. Por outro lado, reescrito em
ordem direta, ficaria assim: “os direitos que a pessoa criadora de obra intelectual tem
de gozar (tem direito de gozar) dos benefícios morais e econômicos resultantes da
produção de suas criações são autorais (são direitos autorais). Item correto.
35. (CESPE / INPI / 2013)
Utilizar texto da questão 34.
No texto se afirma que o direito outorgado aos autores é personalíssimo, vitalício
e perpétuo, mas se ressalta a exceção legal de ser concedido por prazo certo e
determinado.
Comentários:
O enunciado diz: “No texto”... pista de questão de recorrência. Vamos buscar uma
paráfrase para esses adjetivos: personalíssimo: “exclusivo”. Ok. Vitalício:
“transmissível aos herdeiros”. Ok. Perpétuo: ops! aí não! O direito não é perpétuo, pois
é transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; não é outorgado para sempre,
pois pode ter prazo e ainda é passado para os herdeiros após a morte. Item incorreto.
36. (CESPE/UNB- INPI 2013)
Utilizar texto da questão 34.
Infere-se do texto que o inciso XXIX da Constituição Federal trata da propriedade
industrial, que abrange o direito sobre as criações industriais, cuja proteção é
conferida em nome do interesse social e do desenvolvimento tecnológico e
econômico do Brasil.
Comentários:
Observe as palavras grifadas: “No inciso XXIX, define que a lei assegurará aos autores
de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e
econômico do país.” Apesar de ser uma questão de inferência, é bem visível no texto,
de modo que poderia até ser considerada uma mera paráfrase. Item correto.
37. (CESPE / INPI / 2013)
Utilizar texto da questão 34.
De acordo com o texto, o Estado oferece dois tipos diferentes de proteção da
propriedade intelectual.
Comentários:
“De acordo com o texto”... Esse é um enunciado de recorrência, com informação
explícita, reescrita com outras palavras. O primeiro tipo de proteção está no inciso
XXVII: é o direito exclusivo e vitalício de utilização, publicação ou reprodução das obras.
O segundo tipo está no inciso XXIX, em que a lei assegurará privilégio temporário para
a utilização de inventos industriais, bem como proteção às criações, à propriedade das
marcas e aos nomes. Item correto.
38. (CESPE / INPI / 2013)
Utilizar texto da questão 34.
Deduz-se do texto haver, para se assegurar o direito expresso nos citados incisos
da Constituição Federal, necessidade da criação de leis específicas para regular a
proteção às criações intelectuais.
Comentários:
Questão de inferência. Podemos deduzir que há necessidade de criação de leis
específicas para regular a proteção às criações intelectuais em dois momentos: “a lei
assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais”. OU SEJA, depende-se de uma
lei. O segundo momento está na seguinte passagem: “...transmissível aos herdeiros
pelo tempo que a lei fixar”. Então, de fato, existe necessidade de uma lei para regular
o tempo de duração da proteção quando o direito é transferido aos herdeiros. Questão
correta.
39. (CESPE/UNB – TRE PE/2017)
Competência é uma palavra polissêmica. Uma das razões da variabilidade de seu
significado é a diversidade dos contextos e dos campos de conhecimento em que
ela é usada.
Em 1986, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa apresentou o seguinte
verbete para os usos correntes à época:
Competência (do latim competentia) s. f. 1. Faculdade concedida por lei para um
funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e julgar certos pleitos ou questões. 2. Qualidade
de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa;
capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade. 3. Oposição, conflito, luta.
Os dois primeiros sentidos, transpostos para o mundo do trabalho, indicam que a
palavra competência refere-se ou às atribuições do cargo ou à capacidade do
trabalhador de apreciar, resolver ou fazer alguma coisa. Posteriormente, o
Dicionário Houaiss atribuiu dez significados ao termo. Os sete primeiros são
especificações ou derivações dos três sentidos já registrados no Novo Dicionário
Aurélio da Língua Portuguesa. Os outros três sentidos são relacionados à
gramática, à hidrografia, à linguística, à medicina e à psicologia.
Acompanhando essa tendência, a área educacional, em especial a da educação
profissional, tem multiplicado os sentidos e usos da palavra competência. Por
exemplo, ao se discutir uma proposta educacional baseada em competências, é
importante especificar o conceito de competência adotado e a forma como ele é
utilizado para se discutir o modelo pedagógico decorrente.
J. A. Külller e N. de F. Rodrigo. Metodologia de desenvolvimento de competências. Rio de
Janeiro: SENAC Nacional, 2014, p. 39 (com adaptações)..
b) apenas quatro registros dos usos e das variações da palavra competência não
constam do Dicionário Houaiss.
c) novos sentidos foram-se incorporando à palavra competência em função de
seu uso em diversas áreas do conhecimento.
d) as acepções da palavra competência na esfera trabalhista resumem-se ao
potencial de um operário realizar certa atividade para a qual seja designado.
e) a polissemia da palavra competência decorre da sua etimologia latina.
Comentários:
a) Incorreta. O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa e o Dicionário Houaiss
não exaurem os sentidos da palavra. Isso não é dito. Apenas é informado que o
dicionário Aurélio listava 3 sentidos e o Dicionário Houaiss atribuiu dez significados ao
termo.
b) Incorreta. O Dicionário Houaiss atribuiu dez significados ao termo.
c) Correta. Novos sentidos foram-se incorporando à palavra competência em função
de seu uso em diversas áreas do conhecimento, como no mundo do trabalho, na
medicina, na gramática, na linguística, na hidrografia, etc.
d) Incorreta. Na esfera trabalhista, os sentidos podem ser de atribuições do cargo ou
capacidade de realizar a tarefa.
e) Incorreta. A polissemia da palavra competência decorre de seu uso em diversos
campos do conhecimento. .
40. (CESPE/UNB – Técnico Nível Superior Pref. São Luis/2017)
Vez por outra, Damião deixava-se ficar, madrugada adentro, na Casa-Grande das
Minas, vendo as danças, ouvindo as cantigas, atraído pelo bater dos tambores. A
sensação íntima de derrota pessoal, que sentia aprofundar-se na sua consciência,
levava-o a isolar-se num canto do terreiro, metido consigo. Com a morte recente
do Dr. Sotero dos Reis, tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para ocupar-
lhe o lugar no Liceu. Esperara em vão: já outro professor fora nomeado. Agora,
nem sequer com o apoio do velho mestre, que ainda lhe tinha um pouco de
amizade, podia mais contar. Por outro lado, continuava a ver os negros
maltratados, sem que nada pudesse fazer em seu favor. Não fazia duas semanas
tinha ouvido na rua um tilintar de correntes, à altura do Largo do Quartel, e vira
uma fila de pretos, uns amarrados aos outros, submissos, descendo a Rua do Sol.
Nas conversas do Largo do Carmo, perto da coluna do Pelourinho, contavam-se
novos casos de mortes violentas de escravos, ali mesmo em São Luís. A Lei do
Ventre Livre, que a imprensa da Corte havia recebido com muita festa, não
merecera o mais breve registro da imprensa de São Luís. No fundo, pensando bem,
que era essa lei senão uma burla? Os negros nasceriam e cresceriam nas senzalas,
debaixo do chicote dos senhores, e só aos vinte e um anos seriam livres. Ao fim
de tanto tempo de sujeição, que iriam fazer cá fora, sem saber em que se ocupar?
E Damião sentia renascer no seu espírito o impulso da revolta, querendo denunciar
a burla e protestar contra o novo engodo à liberdade dos negros. Mas vinha-lhe o
desânimo. De que adiantava o seu protesto, se não dispunha de um jornal, se não
tinha uma tribuna? Ao mesmo tempo arriava os ombros, curvando a espinha,
esmagado pela convicção de sua inutilidade e de sua derrota. Se protestasse, como
ia fazer depois para educar os filhos e sustentar a família? Além do mais, embora
desempregado havia muito tempo, não perdera a esperança de colocar-se a
qualquer momento, quer de novo no Liceu, quer no Seminário de Santo Antônio.
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Josué Montello. Os tambores de São Luís. 5.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1985, p. 374-5 (com adaptações)
Depreende-se do texto CB1A1AAA que a “sensação íntima de derrota pessoal” ( .
3 e 4) que levava Damião a “isolar-se num canto do terreiro, metido consigo” ( .5)
se devia ao fato de
a) ele não ser dono de jornal ou político.
b) ele ter perdido a esperança de ser professor do Liceu ou do Seminário de Santo
Antônio.
c) ele estar desempregado e não ter meios para lutar contra a escravidão
d) a Lei do Ventre Livre ter sido promulgada.
e) o Dr. Sotero dos Reis, seu mestre e amigo, ter morrido.
Comentários:
No trecho inicial, observamos que Damião está triste pois
A sensação íntima de derrota pessoal, que sentia aprofundar-se na sua consciência, levava-o
a isolar-se num canto do terreiro, metido consigo. Com a morte recente do Dr. Sotero dos Reis,
tinha tido a esperança de que viriam chamá-lo para ocupar-lhe o lugar no Liceu. Esperara em
vão: já outro professor fora nomeado. Agora, nem sequer com o apoio do velho mestre, que
ainda lhe tinha um pouco de amizade, podia mais contar. Por outro lado, continuava a ver os
negros maltratados, sem que nada pudesse fazer em seu favor.
Então, a sensação se deve a vários fatores: não ter esperança de trabalhar no liceu, no lugar
de seu amigo falecido, Dr. Sotero dos Reis, ter perdido amizade e o suporte desse amigo.
Contudo, esse fatores o entristecem porque o limitam em sua intenção principal, que é fazer
algo em favor dos negros maltratados.
Em suma, estando desempregado, como faria para ajudar os negros? Não havia meios, então
se sentia derrotado, incapaz de agir em prol de sua causa.
Cuidado, pois as alternativas trazem opções que de fato o incomodam, mas não são o fator
preponderante para seu sentimento de “derrota pessoal”, que está diretamente ligado à sua
impotência diante da situação dos escravos. Gabarito letra C.
Vejamos o problema das outras opções:
a) ele não ser dono de jornal ou político.
Não era sua aspiração. Ele apenas desejava trabalhar no liceu ou no seminário.
b) ele ter perdido a esperança de ser professor do Liceu ou do Seminário de Santo Antônio.
Essa afirmação contraria o texto:
Além do mais, embora desempregado havia muito tempo, não perdera a esperança de
colocar-se a qualquer momento, quer de novo no Liceu, quer no Seminário de Santo Antônio.
d) a Lei do Ventre Livre ter sido promulgada.
Não foi esse motivo de sua sensação de derrota pessoal, o texto apenas diz que ele deseja ter
meios de protestar contra a burla que essa lei representava.
e) o Dr. Sotero dos Reis, seu mestre e amigo, ter morrido.
Isso o incomodou, mas, conforme inferimos do texto, esse incômodo decorre principalmente
porque não podia contar com o apoio do velho mestre, o que consequentemente prejudicou
suas aspirações de colocar-se no Liceu. Sua finalidade última era um emprego que lhe
possibilitasse fazer algo pelos escravos.
Confirmado então. Gabarito letra C.
Amor e ódio são dessas forças que, sendo opostas, ao mesmo tempo andam
juntas, compondo um jogo. Às vezes se aproximam demais. São como duas linhas
que tendem a se enroscar enquanto flutuam no vento histórico. Pensamos em
“cronologia”, em progresso e decadência, mas atentamos pouco aos afetos que
costuram e descosturam o continuum da história. Ora, poderíamos escrever a
história do amor e a do ódio considerando que não há período histórico que não
seja regido por eles. Seria a história das influências afetivas nas ações e realizações
humanas. Assim, por exemplo, poderíamos contar a história da relação entre a
humanidade e a natureza pensando em como a primeira odiou a última. Ou como
o próprio afeto odioso ou amoroso nos permite criar uma biografia.
Não seria sem propósito perguntar quando amamos mais, quando odiamos mais.
As ondas de amor e ódio que sustentam e abalam as sociedades não podem ser
controladas simplesmente, mas podem ser manipuladas. Essa manipulação é
possível pela linguagem porque ela é a grande produtora de afetos. Por meio de
mecanismos que só parecem sutis a quem se mantém ingênuo, fomenta-se o ódio
em escala social pelo bombardeio de imagens terríveis, como as que vemos na
televisão. A distorção de fatos para convencer o povo também se liga a essa
estratégia de manipulação dos afetos por meio de discursos. Na origem de todo
ódio estão a básica fofoca, o assédio moral, a maledicência em geral.
Marcia Tiburi. Odiar, verbo intransitivo. In: Revista Cult. n.º 205, ano 18, set./2015
(com adaptações)
Segundo a autora do texto CB1A1CCC,
a) é válido refletir sobre quando a humanidade amou mais ou odiou mais.
b) é perigosa a aproximação entre os sentimentos de amor e ódio.
c) promover a naturalização do ódio é papel da televisão.
d) é impossível discutir sentimentos subjetivos como amor e ódio.
e) entender o ódio é suficiente para detê-lo..
Comentários:
Segundo há autora, é possível sim discutir quando a humanidade amou mais ou odiou
mais.
O conteúdo da letra A é uma paráfrase da sentença abaixo:
Não seria sem propósito perguntar quando amamos mais, quando odiamos mais.
Então, temos que “não seria sem propósito”=”seria válido”.
Quando (nós) amamos mais = a humanidade amou.
b) A autora apenas diz que amor e ódio andam muito próximos, mas não diz que a
proximidade é perigosa. Isso é o senso comum, que examinador insere na alternativa
para enganar o candidato.
c) Ela também não diz que “o papel da TV é naturalizar” o ódio, apenas disse: fomenta-
se o ódio em escala social pelo bombardeio de imagens terríveis, como as que vemos na
televisão. A distorção de fatos para convencer o povo também se liga a essa estratégia de
manipulação dos afetos por meio de discursos.
Então, cuidado: a televisão é um exemplo do “bombardeio” de imagens, mas não foi
dito que é seu papel naturalizar o ódio.
d) É possível e válido, segundo a autora.
e) Não foi dito que basta entender para deter o ódio. Na verdade, foi dito que não o
entendemos. Veja:
O problema inevitável ao se teorizar sobre o amor e o ódio é a impossibilidade de avaliar aquilo
que é subjetivo e que, no entanto, nos domina. Experimentamos o ódio sem entender dele e,
por não entendê-lo, muitas vezes não temos recursos para estancá-lo.
Gabarito letra A.
46. (CESPE/UNB – Técnico Nível Superior Pref. São Luis/2017)
De acordo com o texto CB1A1CCC, o amor e o ódio
a) são forças indistintas.
b) devem ser compreendidos para ser controlados.
c) regem todos os períodos históricos
d) são totalmente compreendidos pelo ser humano.
e) são forças desproporcionais, com prevalência do ódio...
Comentários:
a) Incorreta. São forças distintas, embora próximas.
b) Incorreta. Segundo a autora, não podem ser controladas. Veja:
As ondas de amor e ódio que sustentam e abalam as sociedades não podem ser
controladas simplesmente
c) Correta. Amor e ódio regem todos os períodos históricos:
Ora, poderíamos escrever a história do amor e a do ódio considerando que não há
período histórico que não seja regido por eles.
d) Incorreta. Não são compreendidos pelo ser humano.
. Experimentamos o ódio sem entender dele e, por não entendê-lo, muitas vezes não
temos recursos para estancá-lo.
e) Incorreta. Não foi dito que há prevalência do ódio.
Gabarito letra C.
47. (CESPE/UNB – Técnico Nível Superior Pref. São Luis/2017)
Mencionadas no início do último parágrafo do texto CB1A1CCC, as “ondas de amor
e ódio que sustentam e abalam as sociedades”
a) devem ser controladas, mas não manipuladas.
b) podem ser totalmente controladas e manipuladas.
c) podem ser manipuladas, mas não simplesmente controladas.
d) podem ser manipuladas, desde que controladas.
e) devem ser manipuladas para ser controladas..
Comentários:
Questão direta, veja o trecho:
As ondas de amor e ódio que sustentam e abalam as sociedades não podem ser
controladas simplesmente, mas podem ser manipuladas.
Gabarito letra C.
48. (CESPE/UNB – Técnico Nível Superior Pref. São Luis/2017)
De acordo com a autora do texto CB1A1CCC, todo ódio origina-se da
a) distorção de fatos.
b) manipulação do povo.
c) manipulação dos afetos por meio de discursos.
d) tríade fofoca, assédio moral e maledicência.
e) própria natureza humana e dos fatos históricos.
Comentários:
A reposta é bem direta e está na última linha do texto:
Na origem de todo ódio estão a básica fofoca, o assédio moral, a
maledicência em geral.
Esse exato teor é encontrado na letra D, nosso gabarito.
49. (CESPE/UNB- PRF/2013)
Leio que a ciência deu agora mais um passo definitivo. É claro que o definitivo da
ciência é transitório, e não por deficiência da ciência (é ciência demais), que se
supera a si mesma a cada dia... Não indaguemos para que, já que a própria ciência
não o faz — o que, aliás, é a mais moderna forma de objetividade de que dispomos.
Mas vamos ao definitivo transitório. Os cientistas afirmam que podem realmente
construir agora a bomba limpa. Sabemos todos que as bombas atômicas fabricadas
até hoje são sujas (aliás, imundas) porque, depois que explodem, deixam vagando
pela atmosfera o já famoso e temido estrôncio 90. Ora, isso é desagradável: pode
mesmo acontecer que o próprio país que lançou a bomba venha a sofrer, a longo
prazo, as consequências mortíferas da proeza. O que é, sem dúvida, uma sujeira.
Pois bem, essas bombas indisciplinadas, mal-educadas, serão em breve
substituídas pelas bombas n, que cumprirão sua missão com lisura: destruirão o
inimigo, sem riscos para o atacante. Trata-se, portanto, de uma fabulosa
conquista, não?
Comentários:
Não podemos dizer que o texto tem objetivo de informar. Das 20 linhas, há apenas
uma informação propriamente dita: “a bomba deixa vagando na atmosfera o Estrôncio
90”.
O texto é literário, escrito pelo poeta Ferreira Gullar, tem tom crítico e irônico. Faz parte
de uma crônica, gênero narrativo que traz histórias curtas, sobre o cotidiano, e pegando
temas aparentemente sem relevância como pretexto para reflexões. É comum as
crônicas trazerem linguagem informal e um certo viés cômico. Não foi o caso da crônica
em tela.
A intenção maior não é informar, é fazer refletir sobre o quanto o “definitivo” proposto
pela ciência é, na verdade, transitório. Também discute a noção de ser ou não um
verdadeiro “avanço” a criação de uma bomba ainda mais mortífera. Por isso, o autor
questiona o nome dado a bomba.
Logo, embora o texto de fato seja predominantemente dissertativo, pela exposição de
motivos e opiniões, não podemos dizer que o texto é informativo e tem como foco
informar que foi criada a determinada bomba. Item incorreto.
50. (CESPE/UNB- PRF/2013)
A visão do autor do texto a respeito das “bombas n” (l.12) é positiva, o que é
confirmado pelo uso da palavra “lisura” (l.12) para se referir a esse tipo de bomba,
em oposição ao emprego de palavras como “indisciplinadas” (l.11) e “mal-
educadas” (l.11) em referência às bombas que liberam “estrôncio 90” (l.8), estas
sim consideradas desastrosas por atingirem indistintamente países considerados
amigos e inimigos.
Comentários:
A visão do autor é negativa sobre bombas em geral, tanto as “sujas” quanto as
supostamente “limpas”. Na verdade, pela sua ironia, ele não considera nenhuma bomba
“limpa”, pois todas têm efeitos mortíferos.
Observe: “sabemos todos que as bombas atômicas fabricadas até hoje são sujas”
Ele está sendo sarcástico, conforme percebemos ao longo do texto e, especialmente,
ao final: “trata-se (a bomba n), portanto, de uma fabulosa conquista, não?”. Conclui-
se então que ele não acha o fato conquista nenhuma, pois tem “consequências”
mortíferas. Item incorreto.
51. (CESPE/UNB- PRF/2013)
Todos nós, homens e mulheres, adultos e jovens, passamos boa parte da vida
tendo de optar entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. Na realidade, entre
o que consideramos bem e o que consideramos mal. Apesar da longa permanência
da questão, o que se considera certo e o que se considera errado muda ao longo
da história e ao redor do globo terrestre.
Ainda hoje, em certos lugares, a previsão da pena de morte autoriza o Estado a
matar em nome da justiça. Em outras sociedades, o direito à vida é inviolável e
nem o Estado nem ninguém tem o direito de tirar a vida alheia. Tempos atrás era
tido como legítimo espancarem-se mulheres e crianças, escravizarem-se povos.
Hoje em dia, embora ainda se saiba de casos de espancamento de mulheres e
crianças, de trabalho escravo, esses comportamentos são publicamente
condenados na maior parte do mundo.
Mas a opção entre o certo e o errado não se coloca apenas na esfera de temas
polêmicos que atraem os holofotes da mídia. Muitas e muitas vezes é na solidão
da consciência de cada um de nós, homens e mulheres, pequenos e grandes, que
certo e errado se enfrentam.
E a ética é o domínio desse enfrentamento.
A partir das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens que
se seguem.
Comentários:
Exato, o autor usa “pequenos” e “grandes” como sinônimo de “jovem” e “adulto”.
Usamos muito esse recurso na nossa linguagem cotidiana: “quando eu era pequeno,
eu jogava futebol todo dia”. A referência é a idade, não é de fato o tamanho. Item
correto.
52. (CESPE/UNB- PRF/2013)
(ainda sobre o texto acima)
A partir das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens que
se seguem.
Infere-se do texto que algumas práticas sociais são absolutamente erradas, ainda
que o conceito de certo e errado seja variável do ponto de vista social e histórico.
Comentários:
O autor insinua que algumas ações são erradas independente de uma cultura aceitá-la
ou não como tal. Deu o exemplo de “espancar crianças e mulheres” e “escravizar
povos”. Seu “tom” também nos permite inferir que é contra a “pena de morte”, mesmo
admitindo que vários países a adotam.
Item correto.
53. (CESPE/UNB- PRF/2013)
A partir das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens que
se seguem.
Sem prejuízo para o sentido original do texto, o trecho “esses comportamentos
são publicamente condenados na maior parte do mundo” (l.11-12) poderia ser
corretamente reescrito da seguinte forma: publicamente, esses comportamentos
consideram-se condenados em quase todo o mundo.
Comentários:
Na assertiva original, “publicamente” se refere a “condenados”, num sentido de “são
condenados de forma pública”. Na reescritura, por estar isolado no início do período, o
termo “publicamente” se refere a toda a oração seguinte, dando a impressão de que é
o fato de aqueles comportamentos serem condenados em todo mundo que é público.
Observe também que há uma mudança de sentido com inclusão do verbo “consideram-
se”:
Esses comportamentos são publicamente condenados
Publicamente, esses comportamentos consideram-se condenados
A primeira forma é muito mais taxativa. Veja com um exemplo menor: Fulano é rico X
Fulano é considerado rico.
Enfim, houve várias mudanças, o sentido original foi prejudicado. Mudou o referente,
mudou o sentido. Item incorreto.
Comentários:
Embora seja uma questão de inferência, de forma sutilmente indireta, a banca está
cobrando o sentido de uma oração adjetiva restritiva, aquela que especifica, restringe
um substantivo dentro de um grupo maior:
Mas a opção entre o certo e o errado não se coloca apenas na esfera de temas
polêmicos que atraem os holofotes da mídia.
Ao dizer “temas polêmicos que atraem”, temos uma restrição, ou seja, nem todos
os temas polêmicos atraem atenção da mídia. Portanto, somente alguns atraem
atenção dos meios de comunicação (mídia), exatamente como a banca afirma. Item
correto.
RESUMO
ações,
personagens, Verbos no
charges, piadas,
tempo, espaço, pretérito,
Narração enredo, relação de narrador,
contos, novelas,
crônicas
antes e depois, verbos de ação
climax
apresentar
Dissertação Discutir um tema, sem linguagem
informação
defesa de tese: traz impessoal,
Expositiva nova ao leitor universal
postulados, abstrações
(informativo)
Verbos no imperativo,
Instruções, regras; Manuais, lei,
infinitivos impessoais,
Injunção Ensina
modais de dever,
regulamento, tutoriai,
procedimento; receita, bula
obrigação
OBS: Não existe tipo puro. Normalmente há “predominância” de um tipo sobre outros
que também são utilizados no texto. O critério principal é a “finalidade”.
Estrutura do parágrafo argumentativo:
Alteração na pontuação:
Frases interrogativas,
exclamativas e imperativas frases declarativas
( "" ! ? -)
Conversão dos pronomes:
Eu, me, mim, comigo
ele, ela, se, si, consigo, o, a, lhe
nós, nos, conosco
eles, elas, os, as, lhes
meu, meus, minha, minhas, nosso,
seu, seus, sua e suas
nossos, nossa, nossas
Pretérito imperfeito do
Presente do indicativo
indicativo
pretérito imperfeito do
Imperativo subjuntivo
Compreensão de texto
Recorrência: o leitor deve buscar no texto aquela informação, sabendo que a resposta
estará escrita com outras palavras, em forma de paráfrase, ou seja, de uma reescritura.
Inferência: o leitor deve fazer deduções a partir do texto. O fundamento da dedução
será um pressuposto, ou seja, uma pista, vestígios que o texto traz. Deduzir além das
pistas do texto é extrapolar. Geralmente questões de inferência trazem o seguinte
enunciado: “depreende-se das ideias do texto”.
Exemplos de pressupostos e o sentidos implícitos que podem ser inferidos:
Ex: Douglas parou de fumar. (podemos inferir, deduzir, depreender dessa frase que
Douglas fumava antes.)
Ex: Ainda não lançaram o novo filme do Tarantino. ( expectativa de que o filme já
deveria ter saído.)
Ex: Minha primeira esposa desistiu de comprar aquele carro. (já casou antes; sua
esposa queria comprar antes)
Ex: Finalmente ela concluiu aquele curso. (havia um curso em andamento e demorou
para terminar)
Ex: Alunos que revisam têm notas mais altas . (há alunos que não revisam; suas
notas são inferiores)
Limitar e Restringir:
É o contrário da extrapolação. Supressão de informação essencial para o texto. A
assertiva reducionista omite parte do que foi dito ou restringe o fato discutido a um
universo menor de possibilidades.
Acrescentar opinião:
O examinador parafraseia parte do texto, mas acrescenta um pouco da sua própria
opinião, opinião esta que não foi externada pelo autor. A armadilha dessas afirmativas
está em embutir uma opinião que não está no texto, mas está na consciência coletiva,
por ser um clichê ou senso comum que o candidato possa compartilhar.
Contradizer o texto.
O texto original diz “A” e o texto parafraseado da assertiva errada diz “Não A” ou “B”.
Para disfarçar essa contradição, a banca usará muitas palavras do texto, fará uma
paráfrase muito semelhante, mas com um vocábulo crucial que fará o sentido ficar
inverso ao do texto.
Tangenciar o tema.
O examinador cria uma assertiva que aparentemente se relaciona ao tema, mas fala
de outro assunto, remotamente correlato. No mundo dos fatos, aqueles dois temas
podem até ser afins, mas no texto não se falou do segundo, só do primeiro; então
houve fuga ou tangenciamento ao tema.
Considerações Finais
Meus queridos alunos, vejam que, no fim das contas, a interpretação é uma técnica,
um exercício bem prático. Cada texto é um texto, não há fórmulas universais.
Porém, com o domínio das técnicas mostradas aqui e com o cuidado de interpretar
os enunciados, para saber se pedem informações explícitas ou implícitas, é
possível, sim, acertar as temidas questões de “interpretação”.
Sugiro que sempre leiam seu texto marcando palavras-chave, verbos carregados
de sentido opinativo, afirmações categóricas. Faça resumos mentais enquanto lê,
ou, se não for comprometer o tempo da sua prova, escreva do lado de cada
parágrafo sua ideia principal. Essas são pistas que levarão você a desvendar o
mistério de um texto.
Releiam as técnicas de desenvolvimento de parágrafos introdutórios e de
desenvolvimento, pois aquelas estruturas são muito frequentes e sinalizam
fortemente que um texto é dissertativo. Leiam sempre os títulos e as fontes dos
textos das provas, são grandes pistas sobre a finalidade deles.
Abraço. Sucesso nos estudos.
Professor Felipe Luccas Rosas
Lista de questões
frequentam os sonhos. Eis meu filho Christian, diz Anne em francês, e este
cavalheiro aqui, ele é o monsieur Hollander, namorado da Carminha. Christian
cumprimenta-nos com a cabeça, porque está sobrecarregado de livros, e se
escafede escada acima. Anne abre a porta da rua: au revoir. A Minhoca me
puxa pela manga, e já do lado de fora pergunto de supetão: e o outro,
madame? O outro? O seu outro filho, madame. Ouço um som de descarga, e
mesmo na contraluz percebo como Anne enrubesce: não temos outro filho,
monsieur Hollander. Fecha a porta, e estou no portão quando ela torna a abri-
la: psiu. É para a Piaf, que vinha atrás da Minhoca e volta correndo para
dentro.
O marido, na cama, foi despertado pelo puxão nervoso e pelas palavras ainda
mais nervosas de dona Irene:
– Imagina: me roubaram e me devolveram meu relógio!
– Que relógio?
– Este aqui – e ela estendeu o pulso, esquecida de que o pusera na bolsa, sem
tempo e sem calma para atar novamente a pulseira, depois do fato. Abriu a
bolsa e exibiu o relógio recuperado.
– Mas você não levou relógio nenhum, filha. Você esqueceu ele na mesinha de
cabeceira. Está ali. Quando eu dei fé, corri à janela para avisar, mas não vi
mais você.
Sujeito assustado, aquele ladrão! Mais medroso do que a medrosa dona Irene.
Título I
Das Disposições Preliminares
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de
idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este
Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
Em sua acepção técnica, lei equivale a uma regra escrita, dotada de poder
normativo. No Texto, a normatividade do conteúdo da lei é marcada por:
tem de agir, mas, como há inúmeras sociedades (com verbas) para o bem dos
homens, e uma só, sem recurso, para o bem dos animais, é nesta última que
gosta de militar. Os problemas aparecem-lhe em cardume, e parece que a
escolhem de preferência a outras criaturas de menor sensibilidade e iniciativa
(...).
simples afirmativa da pessoa de que ela não pode arcar com os custos judiciais
da demanda, a lei teria buscado uma forma de tornar mais acessível ao
necessitado o exercício de seu direito.
33. (FCC / TRT 24ª REGIÃO / Técnico Judiciário / 2017)
Instituições financeiras reconhecem que é cada vez mais difícil detectar se
uma transação é fraudulenta ou verdadeira
Os bancos e as empresas que efetuam pagamentos têm dificuldades de
controlar as fraudes financeiras on-line no atual cenário tecnológico conectado
e complexo. Mais de um terço (38%) das organizações reconhece que é cada
vez mais difícil detectar se uma transação é fraudulenta ou verdadeira, revela
pesquisa realizada por instituições renomadas.
O estudo revela que o índice de fraudes on-line acompanha o aumento do
número de transações on-line, e 50% das organizações de serviços financeiros
pesquisadas acreditam que há um crescimento das fraudes financeiras
eletrônicas. Esse avanço, juntamente com o crescimento massivo dos
pagamentos eletrônicos combinado aos novos avanços tecnológicos e às
mudanças nas demandas corporativas, tem forçado, nos últimos anos, muitas
delas a melhorar a eficiência de seus processos de negócios.
De acordo com os resultados, cerca de metade das organizações que atuam
no campo de pagamentos eletrônicos usa soluções não especializadas que,
segundo as estatísticas, não são confiáveis contra fraude e apresentam uma
grande porcentagem de falsos positivos. O uso incorreto dos sistemas de
segurança também pode acarretar o bloqueio de transações. Também vale
notar que o desvio de pagamentos pode causar perda de clientes e, em última
instância, uma redução nos lucros.
Conclui-se que a fraude não é o único obstáculo a ser superado: as instituições
financeiras precisam também reduzir o número de alarmes falsos em seus
sistemas a fim de fornecer o melhor atendimento possível ao cliente.
Infere-se corretamente do texto que
a) está cada vez mais fácil, no atual cenário tecnológico, verificar se uma
transação on-line é falsa ou verdadeira.
b) bem mais da metade das organizações atuantes no campo de pagamentos
eletrônicos usa soluções não especializadas.
c) as instituições financeiras precisam acabar não só com as fraudes no
sistema on-line, mas também com os alarmes falsos.
d) o único obstáculo a ser superado ainda pelas instituições financeiras, no
atual cenário tecnológico, são os alarmes falsos
e) o uso de sistemas de segurança especializados pode provocar o bloqueio
de transações, mas sem perda da clientela.
34. (CESPE / INPI / 2013)
A Constituição Federal, em seu artigo 5.º, que trata dos direitos e deveres
individuais e coletivos, estabelece o direito à proteção das criações
intelectuais. No inciso XXVII, afirma: aos autores pertence o direito exclusivo
de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar. No inciso XXIX, define que a lei assegurará
a) distorção de fatos.
b) manipulação do povo.
c) manipulação dos afetos por meio de discursos.
d) tríade fofoca, assédio moral e maledicência.
e) própria natureza humana e dos fatos históricos.
49. (CESPE/UNB- PRF/2013)
Leio que a ciência deu agora mais um passo definitivo. É claro que o definitivo
da ciência é transitório, e não por deficiência da ciência (é ciência demais),
que se supera a si mesma a cada dia... Não indaguemos para que, já que a
própria ciência não o faz — o que, aliás, é a mais moderna forma de
objetividade de que dispomos.
Mas vamos ao definitivo transitório. Os cientistas afirmam que podem
realmente construir agora a bomba limpa. Sabemos todos que as bombas
atômicas fabricadas até hoje são sujas (aliás, imundas) porque, depois que
explodem, deixam vagando pela atmosfera o já famoso e temido estrôncio 90.
Ora, isso é desagradável: pode mesmo acontecer que o próprio país que lançou
a bomba venha a sofrer, a longo prazo, as consequências mortíferas da proeza.
O que é, sem dúvida, uma sujeira.
Pois bem, essas bombas indisciplinadas, mal-educadas, serão em breve
substituídas pelas bombas n, que cumprirão sua missão com lisura: destruirão
o inimigo, sem riscos para o atacante. Trata-se, portanto, de uma fabulosa
conquista, não?
Mas a opção entre o certo e o errado não se coloca apenas na esfera de temas
polêmicos que atraem os holofotes da mídia. Muitas e muitas vezes é na
solidão da consciência de cada um de nós, homens e mulheres, pequenos e
grandes, que certo e errado se enfrentam.
E a ética é o domínio desse enfrentamento.
A partir das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens
que se seguem.
No texto, a expressão “pequenos e grandes” (l. 15,16) não se refere a
tamanho, podendo ser interpretada como equivalente à expressão “adultos e
jovens” (l.1), ou seja, em referência a faixas etárias.
52. (CESPE/UNB- PRF/2013)
(ainda sobre o texto acima)
A partir das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens
que se seguem.
Infere-se do texto que algumas práticas sociais são absolutamente erradas,
ainda que o conceito de certo e errado seja variável do ponto de vista social e
histórico.
53. (CESPE/UNB- PRF/2013)
A partir das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens
que se seguem.
Sem prejuízo para o sentido original do texto, o trecho “esses comportamentos
são publicamente condenados na maior parte do mundo” (l.11-12) poderia ser
corretamente reescrito da seguinte forma: publicamente, esses
comportamentos consideram-se condenados em quase todo o mundo.
54. (CESPE/UNB- PRF/2013)
A partir das ideias e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens
que se seguem.
Infere-se do período “Mas a opção (…) da mídia” (L. 13-14) que nem todos “os
temas polêmicos” recebem a atenção dos meios de comunicação.
Gabaritos
1. LETRA D
2. LETRA D
3. CORRETA
4. LETRA C
5. CORRETA
6. CORRETA
7. LETRA B
8. LETRA A
9. LETRA C
10. INCORRETA
11. LETRA C
12. LETRA A
13. CORRETA
14. LETRA D
15. CORRETA
16. LETRA E
17. LETRA B
18. LETRA D
19. CORRETA
20. LETRA C
21. LETRA C
22. LETRA D
23. LETRA C
24. LETRA A
25. LETRA C
26. FFFFF
27. LETRA B
28. CORRETA
29. INCORRETA
30. CORRETA
31. INCORRETA
32. CORRETA
33. LETRA C
34. CORRETA
35. INCORRETA
36. CORRETA
37. CORRETA
38. CORRETA
39. LETRA C
40. LETRA C
41. LETRA C
42. LETRA B
43. LETRA C
44. LETRA A
45. LETRA A
46. LETRA C
47. LETRA C
48. LETRA D
49. INCORRETA
50. INCORRETA
51. CORRETA
52. CORRETA
53. INCORRETA
54. CORRETA