5 Variacao Dialetal No Territorio Portugues Segura

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Variação dialectal no território português

Conexões com o português do Brasil

Luisa Segura
Centro de Linguística da Universidade de Lisboa

Qualquer língua viva está sujeita a variação interna que se manifesta, como é
sabido, sincronicamente na variação geográfica e na variação social as quais,
apesar de intimamente interligadas, têm sido campo de estudo privilegiado da
dialectologia e geografia linguística por um lado e da sociolinguística por outro.
É na variação geográfica que o português apresenta actualmente em Portugal que
me centrarei, estabelecendo, num segundo momento, alguns pontos de contacto
entre a caracterização dos dialectos portugueses e o português do Brasil.
A classificação que apresento é a que consta da “Nova proposta de classificação
dos dialectos galego-portugueses” de Lindley Cintra que, desde o seu
aparecimento em 1971, tem sido geralmente seguida na divisão do espaço
dialectal português. Tal como as classificações que a precederam, toma como base
os aspectos fonéticos1. O autor fundamenta a sua classificação na observação
directa dos dados que ele próprio recolheu, entre 1953 e 1956, para a elaboração
do Atlas Linguístico da Península Ibérica. Também com base nesses materiais,
nomeadamente na observação de alguns mapas, L. Cintra estabelece algumas
“áreas lexicais no território português”2, a partir de regularidades encontradas na
distribuição do léxico.
Antes de passar à apresentação dos dialectos portugueses convém esclarecer dois
aspectos. O primeiro prende-se com a descrição de Cintra: como o nome da sua
“proposta” indica, o autor inclui nela os dialectos galegos que, no entanto, não

1
Como se sabe, são os aspectos fonéticos aqueles que se tomam tradicionalmente como base para
uma classificação dos dialectos, visto permitirem uma sistematização ancorada exclusivamente em
factores linguísticos, o que não acontece se se partir da variação lexical, muito dependente de
factores extralinguísticos, nomeadamente de ordem histórica e cultural.
São as seguintes as classificações de que os dialectos portugueses têm sido objecto: Leite de
Vasconcellos é autor de 3 dessas classificações: (1897), uma reformulação desta proposta inserta
em (1901) e (1929); Paiva Boléo e M. H. Santos Silva (1962); Vásquez Cuesta e M. A. Mendes da
Luz (1971) e L. Cintra (1971).
2
Por falta de espaço, não serão, no entanto, aqui comentadas. V. Cintra (1962).

1
serão tomados aqui em consideração; vamos limitar-nos aos dialectos que se
encontram adentro das fronteiras portuguesas.3
O segundo aspecto prende-se com a minha descrição: sigo Cintra na classificação
dos dialectos continentais, bem como na extensão e localização geográfica dos
traços e na delimitação de fronteiras. A descrição é porém complementada,
nomeadamente no que diz respeito aos dialectos insulares e à caracterização das
“variedades” ou “regiões sub-dialectais” com dados provenientes das recolhas
efectuadas para o Atlas Linguístico-Etnográfico de Portugal e da Galiza, em
elaboração no Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.
Para estabelecer a sua classificação, L. Cintra começou por verificar quais os
traços que os falantes comuns do português europeu sentem como fortemente
diferenciadores, ou seja, aqueles que permitem reconhecer uma pessoa como
sendo oriunda do Norte ou do Sul de Portugal. A determinação desses traços
permitir-lhe-ia depois a selecção de um ou de alguns deles para traçar fronteiras
entre os dialectos. Os traços diferenciadores que L. Cintra começou por
estabelecer são os seguintes:
1. Ausência de distinção fonológica entre /v/ e /b/, em proveito de /b/,
pronunciado quer oclusiva, quer fricativamente ([b] e [ ], respectivamente):

por vento, [ ] por fava, própria do Norte do país e que, sentido

como fortemente dialectal, leva a ultracorrecções fazendo surgir v em palavras


em que não devia existir (como vom por bom, voi por boi). Este fenómeno
ocupa uma área a norte de uma linha que parte da costa, na Beira Litoral, a
norte da Figueira da Foz em direcção a sudeste, passa a sul de Coimbra, para
inflectir depois para norte, pelo centro do território, até ao rio Douro, que
atravessa, continuando, depois, para leste até à fronteira. Este fenómeno
ocorre igualmente numa ilhota a norte de Lisboa, perto do litoral, não
representada no mapa. (V. Mapa 1).
2. Realizações ápico-alveolares, mais ou menos palatalizadas, para os fonemas
/s/ e /z/ e que constituem a pronúncia conhecida por s beirão: ou seja a
pronúncia “assobiada” [ ] (quase xopa) de sopa e [ ] (quase pejo) de

peso. É um traço próprio das Beiras e do norte de Portugal. (V. Mapa 1).

3
Relativamente à actual situação do galego face ao português V. Barros Ferreira et al. (1996: 491, 492).

2
3. Manutenção da oposição fonológica entre a africada palatal / / (representada

pelo grafema ch) e a palatal / / (representada pelo grafema x): a pronúncia

[ ], [ ]e[ ] para chave, chamar e cacho. Esta pronúncia, que é

sentida como rústica, tem sido progressivamente eliminada, mas conserva-se


ainda, na boca de pessoas idosas das aldeias a norte e leste de uma linha que
liga a parte mais oriental do rio Tejo, junto à fronteira, ao curso inferior do rio
Douro e exclui a faixa litoral das províncias do Minho e do Douro. (V. Mapa 1
onde / / e / / estão representados por / / e /š/ respectivamente).

4. Conservação do ditongo ou em diferentes realizações [ ], [ ], como em

[ ], [ ], [ ], [ ] para ouro e outro. Este traço é sentido

como característico regionalismo nortenho e ocorre a norte de uma linha que,


partindo da costa, na região de Aveiro, desce um pouco para sul, inflectindo a
seguir para norte até alturas de Viseu, para depois se juntar ao curso do rio
Douro até à fronteira com Espanha. (V. Mapa 1).
5. Monotongação do ditongo ei em [e], como em [ ] ceifa, [ ] leite ou

[ ] azeite. Este traço é sentido como típico regionalismo meridional e

ocorre no Algarve, Alentejo, Estremadura e Beira Baixa (V. Mapa 1).

Com base em alguns destes traços, Lindley Cintra distingue no interior da


fronteira política portuguesa (com exclusão de uma pequena região no Nordeste
transmontano onde se fala mirandês, referido mais adiante), dois grandes grupos
de dialectos, os setentrionais e os centro-meridionais.

Grupo dos dialectos setentrionais

O traço fonético seleccionado por Cintra para distinguir estes dois grupos de
dialectos é o que estabelece o limite entre realizações ápico-alveolares [ ] e [ ] e

realizações predorsodentais [s] e [z] para os fonemas /s/ e /z/. Esta isófona divide
o país em duas áreas: a das realizações ápico-alveolares a norte e a das realizações
predorsodentais a sul.
A fronteira entre os dois grandes grupos de dialectos segue uma linha que
atravessa Portugal no sentido noroeste-sudeste, desde a costa ocidental na região

3
de Aveiro até uma região próxima da fronteira política com Espanha, na Beira
Baixa e que abrange portanto o Minho, Trás-os-Montes, o Douro Litoral e a parte
norte da Beira Litoral, a Beira Alta e parte da Beira Baixa. (V. Mapa 2).
A norte desta linha de fronteira, L. Cintra destaca ainda unidades de menor
extensão que se caracterizam por, pelo menos, um traço comum. Assim, no grupo
dos dialectos setentrionais, distinguem-se outros dois grupos, o dos dialectos
transmontanos e alto-minhotos e o dos dialectos baixo-minhotos, durienses e
beirões.

Dialectos transmontanos e alto-minhotos

O que individualiza este grupo de dialectos é a existência de um sistema


complexo de quatro sibilantes que conserva um estado de língua arcaico. Essas
consoantes são / /, / /, /s/ e /z/, ou seja, duas consoantes com articulação ápico-

alveolar – uma surda e outra sonora – e duas consoantes com articulação


predorsodental – também uma surda e outra sonora. Essas quatro consoantes
correspondem a origens etimológicas diferentes que a ortografia do português
representa, também, por grafemas diferentes. No que diz respeito às ápico-
alveolares, as correspondências com os grafemas são as seguintes: o [ ]

corresponde a s– inicial de palavra e a –ss– gráficos; o [ ] corresponde a –s–

intervocálico gráfico. As predorsodentais têm as correspondências seguintes: o [s]


corresponde a c (seguido de e, i) e a ç (seguido de a, o, u); o [z] corresponde a z
gráfico em posição inicial de palavra ou medial inicial de sílaba. Assim, uma
palavra como segar ‘cortar os cereais, a erva’ pronuncia-se com [ ],

diferentemente de cegar ‘perder a vista’ que neste grupo de dialectos se pronuncia


com [s]. Também coser (a roupa) é pronunciado com [ ], diferentemente de cozer

(os alimentos) pronunciado com [z]. Neste grupo de dialectos a pronúncia torna
pois facilitada a tarefa de distinguir a grafia de pares como os acima indicados ou
ainda de passo [ ] e paço [ ], servo [ ] ‘criado’ e cervo [ ]

‘veado’ que no português padrão são homófonos.


Este sistema conservador de quatro sibilantes sobrevive numa área que abrange
parte do Alto Minho, a maior parte de Trás-os-Montes, uma pequena parte a norte

4
do distrito da Guarda, junto da fronteira com a Espanha e ainda noutros pontos
dispersos da Beira Alta não representados no mapa (V. Mapa 2).

Dialectos baixo-minhotos, durienses e beirões

O sistema de quatro sibilantes que caracteriza os dialectos do Alto Minho e de


Trás-os-Montes, continuador de um estádio de língua antigo, simplifica-se em
apenas duas sibilantes, as ápico-alveolares, uma surda e outra sonora [ ] e [ ], que

caracterizam os dialectos baixo-minhotos, durienses e beirões. A zona litoral


constitui excepção.
Nesta vasta área, passo e paço pronunciam-se da mesma maneira, [ ], coser e

cozer também coincidem na pronúncia em [ ].

Variedade do Baixo Minho e Douro Litoral

Ainda dentro dos dialectos setentrionais, mais propriamente do grupo baixo-


minhoto-duriense-beirão, destaca-se a região do Baixo Minho e Douro Litoral.
Esta variedade tem como traço característico mais marcante a ditongação das
vogais médias acentuadas / / e / / nos ditongos crescentes respectivamente [ ] e

[ ] como em peso [ ], limpeza [ ] e Porto [ ], nervoso

[ ]. Assinale-se que [ ] pode apresentar-se dissimilado em [ ] como

em Porto [ ].

Grupo dos dialectos centro-meridionais

Este grupo de dialectos distingue-se do grupo dos dialectos setentrionais por ter
operado a simplificação do sistema de quatro sibilantes em duas, uma surda e
outra sonora, em benefício das realizações predorsodentais que constituem a
norma linguística portuguesa. Nesta área, passo e paço pronunciam-se de uma
mesma maneira, [ ], assim como coser e cozer são, igualmente, homófonas,

[ ], coincidindo a respectiva pronúncia com a da norma.

5
Embora a área ocupada pelo português centro-meridional apresente, do ponto de
vista dialectal, uma maior homogeneidade do que a área correspondente ao
português setentrional, é todavia possível distinguir dentro dessa área dois grupos
de dialectos:

dialectos do Centro-Litoral (estremenho-beirões)


dialectos do Centro-Interior e Sul (ribatejano-baixo-beirão-alentejano-algarvios)

Estes dois grupos de dialectos são delimitados pela isófona que corresponde à
monotongação do ditongo [ ] em [ ] que lhe serve pois de fronteira, ou seja,

ceifa, eira, manteiga terão as pronúncias [ ], [ ], [ ] nos dialectos

do Centro-Litoral e a pronúncia [ ], [ ], [ ] nos dialectos do Centro-

Interior e Sul.
Esta fronteira parte da costa ocidental, por alturas de Óbidos, desce quase até
Lisboa e, inflectindo depois para nordeste, acompanha o curso do Zêzere (afluente
do Tejo), atingindo a raia a norte de Castelo Branco (V. Mapa 2). É de referir,
relativamente a este traço, que Lisboa constitui uma ilhota de conservação do
ditongo no interior de uma área de monotongação. De referir também que, em
Lisboa, o ditongo tem a realização fonética [ ], contrariamente a grande parte da

restante área que conserva o ditongo com a realização [ ].

Dentro da área ocupada pelos dialectos do Centro-Interior e Sul − e que vai desde
o Ribatejo e Beira-Baixa até ao Algarve − destacam-se duas variedades
localizadas em extremidades opostas, nordeste e sudoeste, que apresentam não só
profunda alteração de timbre do sistema vocálico acentuado, como também sons
desconhecidos do português padrão.

Variedade da Beira Baixa e Alto Alentejo

Os traços mais salientes desta variedade são: palatalização do / / em [!], como em

lume [ ! ], tudo [ !"], cru [ !]; palatalização condicionada de / / em [#],

quando na sílaba átona anterior existe (ou existiu) [ ], [!] ou [ ] ou a semivogal

[ ], ou ainda quando a vogal é precedida de uma consoante palatal, como em

6
alguidar [ $ % # ], pisado [ #% ], bordado [ " #%], fumar [ # ], espalhar

[ & # ] ou machado [ #"]; palatalização de / / proveniente da

monotongação do antigo ditongo [ ] em ['], como em roupa [ ' ], vou [ '];

labialização de / / em [(], como em cesto [ ( ], bater [ ( ];

desaparecimento da vogal final átona [ ], grafada –o, ou, por vezes, a sua

substituição por [ ], como alguns dos exemplos apresentados acima evidenciam.

O limite territorial desta variedade é traçado pela isófona da palatalização de [ ],

que L. Cintra usou igualmente para demarcar o limite da variedade do Barlavento


do Algarve.

Variedade do Barlavento do Algarve.

Na variedade do Barlavento do Algarve, menos extensa do que a anterior,


constata-se uma deslocação em cadeia das vogais acentuadas com abertura e
abaixamento das vogais anteriores – / / em certos contextos (nasais e vibrantes) é

pronunciado com timbre muito próximo de [e], como em galinha [ )* ], /e/ é

realizado como [# +, seda [ #% ], fazendo surgir uma vogal

extremamente baixa, [-], a corresponder a /#/, como em erva [ - ]; velarização

de /a/ que é pronunciado com timbre muito próximo de [.], como em mar [ / ],

cabra [ / ] (que quase se confunde com cobra); elevação de /./ que se

aproxima de [ ]; palatalização de /u/ em [!], como na variedade de Castelo

Branco e Portalegre como em tudo [ !"], chuva [ ! ] ou fumo [ ! ];

desaparecimento de [ ] e de [ ] final átonos, grafados respectivamente -o e -e.

Dialectos insulares

Os dialectos falados nos arquipélagos dos Açores e da Madeira apresentam um


conjunto de fenómenos próprios que não se encontram nos dialectos continentais,
o que justifica serem considerados autonomamente. Relativamente aos traços com
que L. Cintra diferencia os dialectos continentais, os dialectos insulares coincidem
com os dialectos centro-meridionais, em que também se inscreve o português

7
padrão, no que diz respeito aos traços consonânticos, ou seja, não têm sibilantes
ápico-alveolares, nem a africada palatal e mantêm a oposição entre /b/ e /v/;
quanto aos ditongos, ei mantém-se, excepto na ilha de São Miguel, em que
monotonga e ou é, em geral, substituído por oi.
Os dialectos que, pela especificidade e regularidade de alguns dos seus traços,
mais se destacam são os da Madeira (Porto Santo incluído), de São Miguel e da
Terceira.

Dialectos madeirenses

Entre os traços vocálicos mais marcantes destes dialectos destacam-se a


ditongação das vogais altas acentuadas /i/ em [ ] ou [ ] e /u/ em [ ]: navio

[ ] ou [ ], farinha [ * ], aqui [ ], lua [ ], rua [0 ]ea

criação condicionada de ditongos crescentes, tal como será explicado e


exemplificado como o traço distintivo por excelência dos dialectos da ilha
Terceira, nos Açores.
Entre os traços consonânticos, são de referir a palatalização de /l/, quando
precedido de [i] ou [j], ou seja, a realização como [&], como em aquilo [ & ],

vila [ & ] ou [ & ], vai lá [ & ]4 e a vocalização ou semivocalização de –s

final em [ ] ou [ ], quando seguido de consoante sonora ou de fricativa surda,

como em as vacas [ ], [ . ] por às nove, [ & ] por vamos lá,

[ " ] por atrás do forno. Este traço nunca foi atestado em dialectos

continentais.5

Dialectos açorianos

Dialectos micaelenses

4
Este fenómeno ocorre, se bem que de modo não tão sistemático, também em algumas ilhas
açorianas. Para informação mais completa sobre traços comuns aos dois arquipélagos V. SEGURA
DA CRUZ e SARAMAGO (1999).
5
Este traço ocorre nos Açores com uma certa frequência numa das ilhas do grupo ocidental, as
Flores, e foi também registado numa freguesia da ilha de São Miguel, os Mosteiros.

8
Entre os dialectos açorianos é o da ilha de São Miguel aquele que apresenta maior
especificidade. O sistema vocálico acentuado sofre uma evolução em cadeia:
/i/ é realizado com maior abertura e abaixamento, [ )], ou seja, quase como [ ]

como em rodinha [0 % )* ]; /e/ labializa em [(], como em verga [ ( ], dedos

[" (% ], fazer [ (]; /#/ é realizado como [-], como em terra [ -0 ]; /a/

velariza em [/], como em clara [ / ], balde [ / "], carro [ /0 ]; /./ é

realizado com maior elevação, [o], como em maçaroca [ ]; /o/ é

pronunciado como [u], como em senhor [ * ], novo [ ]; /u/ palataliza,

sendo realizado como [y], como em fuso [ ! ], tudo [ !% ], cintura [ ! ].

Quanto aos ditongos, ei monotonga em [e], como em cordeira [ " ], cheguei

[ 1 ] e a vogal resultante da monotongação de ou palataliza em ['] como em

lavoura [ ' ] ou morou [ ']; o ditongo ou alterna frequentemente com oi.

Algumas destas modificações também se verificam, como facilmente se conclui,


nas variedades do Barlavento do Algarve e da Beira Baixa e Alto Alentejo.

Dialectos terceirenses

O traço individualizador destes dialectos é a modificação da estrutura da sílaba


acentuada sempre que, na sílaba anterior ou na sílaba final do vocábulo
precedente, existe (ou existiu) [i] ou [j], [u] ou [w]. Essa modificação traduz-se no
aparecimento das semivogais [j] ou [w], respectivamente, antes da vogal
acentuada com a qual forma um ditongo crescente: cidade [ % % ], ficou [ ],

fumar [ ], morreu [ 0 ], o bicho [ ] ou [ ].


Trata-se de um fenómeno de harmonização vocálica devido à qualidade da vogal
ou da semivogal pretónicas que tem como consequência a instabilidade da sílaba
acentuada; assim, esta, dependendo do contexto anterior, pode apresentar
realizações diferentes, como se evidencia nos exemplos seguintes com as palavras
casa e pernas:
a casa [ ], em casa [ ], por casa [ ]

as pernas [ # ], tem pernas [ # ], com pernas [ # ].

9
Este traço tem grande vitalidade também na ilha Graciosa e ocorre, em menor
grau, noutras ilhas dos grupos Central e Ocidental6.

Relativamente ao conjunto dos dialectos insulares, ocorre um outro fenómeno de


harmonização vocálica, desta vez motivado pelo timbre da vogal átona final [ ],

grafada -o, sobre a vogal acentuada, sobretudo /a/. Esta sofre uma modificação no
seu timbre, que a faz aproximar de [.]: pato é quase p[.]to, gado quase g[.]do.

Trata-se de um fenómeno comum aos dialectos insulares que ocorre em todas as


ilhas, apresentando contudo maior regularidade nas ilhas de São Miguel,
Graciosa, Corvo (Açores) e Porto Santo (Madeira).

Dialectos portugueses em território espanhol

Para terminar o panorama linguístico de Portugal, é indispensável referir ainda os


dialectos portugueses em território espanhol e o mirandês.
Nas proximidades e ao longo da fronteira portuguesa há uma série de aldeias
espanholas que conservam falares portugueses, em alguns casos de características
arcaizantes, e que são, de Norte para Sul, as aldeias de Ermisende, Alamedilla,
San Martín de Trevejo, Eljas, Valverde del Fresno, Herrera de Alcántara, Cedillo
e várias na região de Olivença, entre as quais Vila Real, San Jorge e San Benito.

O mirandês

O mirandês constitui histórica e linguisticamente um dialecto de um antigo


romance leonês que se falava no Reino de Leão no séc. XII e que continuou, até
aos nossos dias, a ser falado numa pequena zona do nordeste de Trás-os Montes
confinante com Espanha7. Obteve recentemente o estatuto, enquanto língua

6
Como já se referiu, este traço ocorre também com frequência no arquipélago da Madeira, se bem que de
forma não tão sistemática como na ilha Terceira.
7
O repovoamento desta zona foi feito, na Idade Média, com colonos leoneses. Para mais informações
sobre a razão histórica deste facto e da consequente existência de dialectos leoneses em território
português ver H. de Carvalho (1964).

10
minoritária, de segunda língua oficial de Portugal. Actualmente é falado em cerca
de 30 aldeias do concelho de Miranda do Douro8.
Os traços fundamentais do mirandês que o distinguem como pertencendo a um
domínio linguístico diferente do domínio galego-português são:
a manutenção do -L- e do -N- intervocálicos latinos (que desapareceram em todo
o domínio galego-português), como em pala [ ] a corresponder a pá, malo

[ ] a mau, luna [ ] a lua, grano [ ] a grão;

a ditongação (que também não se verifica no domínio linguístico galego-


português) das vogais médias latinas e, em menor medida,  em [ ] e [ ],

como em piedra [ " ] a corresponder a pedra, nieto [ ] a neto, puorta

[ ] a porta , fuorte [ ] a forte, nuobe [ ] a nove;

palatalização de L- inicial latino em [&] como em lhume [& ] a corresponder a

lume, lhabrador [& % ] a lavrador, lhavar [& ] a lavar;

palatalização das consoantes duplas intervocálicas latinas -LL-, -NN-, em [&] e

[*], como em cabalho [ & ] a corresponder a cavalo, galho [ & ] a galo,

anho [ * ] a ano e canha [ * ] a cana.

Passado em revista o panorama dialectal português, podemos verificar que o


português do Brasil coincide sempre com a “solução” do português meridional, no
que diz respeito aos traços fonéticos diferenciadores; quer isto dizer que o
português do Brasil não conservou nenhum dos traços fonéticos dos dialectos
setentrionais portugueses, quer eles já fossem, à data da colonização, circunscritos
ao Norte de Portugal (caso da “troca do v pelo b”), quer mesmo aqueles que,
tendo feito parte do português normativo, na mesma data, se configuram
actualmente como traços dialectais do português setentrional (sibilantes ápico-
alveolares, africada, ditongo ou mantido).
O testemunho dos gramáticos e ortografistas portugueses, contemporâneos da
época da colonização do Brasil, não deixa margem para dúvidas quanto à maior
extensão geográfica que esses traços ocupavam, como podemos verificar nos
excertos que apresento.

8
Um pouco mais ao norte, no concelho de Bragança, subsistem outros dialectos do asturo-leonês, o
rionorês e o guadramilês, falados respectivamente em Rio de Onor e Guadramil.

11
Relativamente ao traço que L. Cintra escolheu como diferenciador dos dois
grupos de dialectos, a pronúncia das sibilantes, podemos verificar que a
coexistência dos 4 fonemas (2 ápico-alveolares e 2 predorsodentais) era
generalizada a todo o território ainda no início do séc. XVI; no fim desse século a
confusão, ou seja, a neutralização que havia de se tornar normativa começava
porém a manifestar-se, como nos dá conta Duarte Nunes de Leão na sua
Orthographia da Lingoa Portuguesa, publicada em 1576:
"Que tenhamos grande t to nos vocabulos, em que entra c, s e z. Porque a mais da
gente, e não soo a vulgar, se engana na scriptura, confundindo estas letras, e
poendo h as por outras, sem distinção, sendo ellas differentes, e distantes na


pronunciação, e natureza, assi como o são na figura." (citado por Castro 1991).
Século e meio depois, o ortografista João de Morais Madureira Feijó, na sua
Orthographia, ou Arte de Escrever e Pronunciar com acerto a Lingua Portuguesa
(1739) ainda pugna pela distinção das duas pronúncias, dando para cada uma
delas a descrição articulatória apropriada:
"Ja dissemos que o C como C se pronuncîa com a extremidade anterior da lingua,
tocando nos dentes quasi fechados, em quanto sahe o seu som, que he suavemente
brando. O S pronunciase com a ponta da lingua moderadamente applicada ao
paladar junto aos dentes de cima com os beiços abertos, em quanto sahe hum som
quasi assobiando do meyo da bocca, como se percebe nestas palavras Sancto, Sá,
Sé, etc. Pois se esta he a rigorosa, e propria pronunciaçaõ do S, como se equivoca
com a do C, que he taõ diversa? Se os sons saõ diversos, como póde ser a
consonancia a mesma? Demos a cada huma destas letras a diversidade da sua
pronunciaçaõ, e logo se perceberá a diversidade de Sá, ou Çá, Sé, ou Ce, Si, ou Ci,
So, ou Ço, Su ou Çu. Pronunciese Çapato, e Sapato, Maça e Massa; e diga quem
naõ he surdo a differença, que percebe entre hum, e outro som".
Quanto à africada [ ], grafada ch, é sabida a sua antiguidade como representante

dos grupos PL-, FL- CL- iniciais de sílaba e também que a sua fusão com a palatal
[ ] é uma inovação vinda do sul (com Lisboa a ter um papel, se não responsável
pela própria inovação, pelo menos preponderante na sua aceitação); da confusão
que começava a existir entre a pronúncia e a grafia de ch e de x dá-nos conta, pela
primeira vez, no último quartel do séc. XVII, João Franco Barreto na sua
Ortografia da Lingua Portuguesa, de 1671:

12
"... muytos por a lingua os nã ajudar, ou por mao costume, pronunciam
barbaramente, dizendo (e ainda escrevendo) páchã, cacha, enchada, cochim,
enchurrada. (...) sendo que outros, que se devem pronunciar e escrever per ch,
como chave, chapeo, chafariz, fechadura, etc. escrevem e pronunciam xave,
xapeo, xafariz, fexadura" (citado por A. Pinto, 1981). No séc. XVIII, Madureira
Feijó, na já citada Ortographia, continua a distinguir as duas pronúncias,
circunscrevendo a confusão aos oriundos de Lisboa:
"...[CH] na [pronúncia] dos Portuguezes nunca sôa nem como C, nem como Q,
mas faz hum terceiro som, em que se não percebe como sôa, ferindo as vogaes
seguintes deste modo Cha, Che, Chi, Cho, Chu: v.g. Chave, Chaminé, China,
Chove, Chuva, cuja pronunciaçaõ não tem similhança com outras letras, e só os
oriundos de Lisbôa a equivócaõ tanto com o X, que a cada palavra trocaõ huma
por outra; porque não só pronunciaõ, mas tambem escrevem Xave, Xemine, Xina,
Xove, Xuva. E a alguns ouvi, que lhe era tão difficultosa a pronunciaçaõ do Ch,
que achando-o escripto, o pronunciaõ como X; e pelo contrario, aonde achaõ X, o
pronunciaõ como Ch.".
Quanto à inexistência de distinção entre /b/ e /v/, ela era já notada no séc. XVI por
Duarte Nunes de Leão que, na citada Orthographia, já a circunscreve
geograficamente à Galiza e ao Norte de Portugal. É de notar que o ortografista
nota também o fenómeno inverso, que poderemos considerar como de
ultracorrecção:
"O que muito mais se vee nos Gallegos, e em alg s Portugueses d’entre Douro e


Minho, que por vós e vósso, dizem bos, e bosso, e por vida, diz bida. E quasi
todos os nomes, em que há v cõsoante mudão em b. E como se o fizess aas
vessas, os que nos pronunciamos per b pronuncião elles per v." (citado por Castro,
1991).
Relativamente à monotongação do ditongo ou, inovação mais uma vez iniciada no
Sul de Portugal, ela só começou a manifestar-se no séc. XVII, segundo Teyssier
(1982: 52, 53).

Parece, pois, certo que os traços a que nos vimos referindo ocupavam, na época
em que se deu a colonização, uma área muito maior em Portugal e existiriam
certamente na pronúncia dos colonizadores que se instalaram no Brasil. Como se
explica então que não tenha perdurado nenhum desses traços no português do

13
Brasil, pelo menos no português que se tornou normativo brasileiro, tendo este
coincidido, em todos os casos considerados, com a pronúncia meridional
portuguesa? Para dar resposta a esta pergunta, já várias vezes feita, têm sido
formuladas várias hipóteses. A este respeito vale a pena relembrar as
considerações feitas, há mais de cinquenta anos, por dois mestres da língua
portuguesa: Serafim da Silva Neto e Luis F. Lindley Cintra.
A primeira e mais imediata das hipóteses, mas que foi necessário abandonar por
não corresponder à verdade histórica, foi, como se sabe, a do eventual predomínio
de colonizadores oriundos do Centro e Sul de Portugal, onde algumas das
evoluções referidas já se teriam dado. Esta interpretação teve paralelo ou terá sido
inspirada na teoria do andaluzismo na colonização da América pelos espanhóis;
de facto, nos países americanos de língua espanhola verifica-se uma situação
idêntica, ou seja, predominaram no espanhol da América as características
linguísticas meridionais, especialmente as andaluzas9. Esta situação é
particularmente evidente no que diz respeito ao tratamento das sibilantes, com
resultados diferentes, nos dois países ibéricos, ao nível da assunção pela norma.
Assim, enquanto as ápico-alveolares se consubstanciaram como um traço dialectal
em Portugal, tendo vingado na norma as sibilantes predorsodentais, em Espanha
aconteceu exactamente o contrário, ou seja, as sibilantes ápico-alveolares
constituem a pronúncia normativa, sendo as sibilantes predorsodentais o traço
dialectal, neste caso não do Norte, mas do Sul de Espanha, mais concretamente da
Andaluzia. Ora, a teoria da suposta proveniência meridional da maioria dos
colonizadores que conviria à situação do português e do espanhol na transposição
para a América foi, porém, desmentida, tanto na América de língua espanhola,
como no Brasil, pelos dados históricos; estes revelam efectivamente a existência
de colonizadores de todas as regiões da Península Ibérica e, no caso do Brasil, se
chegou a haver predomínio de alguma região, ele seria até de sinal contrário, ou
seja, seria do Norte e Centro e não do Sul do país.
Serafim da Silva Neto que, como se sabe, foi um dos opositores desta teoria,
considerava ter-se verificado no Brasil o que, no passado, já se teria verificado no

9
É de notar, no entanto, que a adopção dos traços meridionais teve, num caso e noutro, consequências
diferentes: enquanto na América de língua espanhola há uma identificação com traços dialectais, no
Brasil há uma identificação nesses aspectos com traços do português europeu padrão.

14
Sul de Portugal, tratando-se numa e noutra região de áreas de colonização10. Então
aí, como em todas as áreas de colonização, ter-se-á formado uma espécie de koinê,
de falar geral que constituiria um “denominador comum” na sua expressão, dos
falares de todas as regiões presentes e que seria adoptada por todos os
participantes.
A esta interpretação, e sem discordar dela, L. Cintra acrescenta aquilo que
considera a “força expansiva” dos falares meridionais portugueses – “uma espécie
de prestígio linguístico maior” – que teria levado, na koinê que se constituíu, à
progressiva adopção pelos colonizadores nortenhos das características
meridionais. Embora consciente de que a origem dessa “força expansiva” é difícil
de explicar, apoia-se, no entanto, para a afirmar em duas ordens de razões: por um
lado, a situação que se verifica no português do Brasil ser exactamente a mesma
que se verifica no português que se fala nos Açores e na Madeira que, lembro,
eram desertos à data dos Descobrimentos dos portugueses. Lá, como no Brasil, e
independentemente das especificidades próprias, não existem sibilantes ápico-
alveolares, não existe a confusão entre b e v e não existe a africada, os traços
verdadeiramente mais marcantes dos dialectos setentrionais portugueses. Apoia-
se. por outro lado, naquilo que lhe foi dado observar nas recolhas que ele próprio
efectuou em Portugal, nos anos 50, isto é, o progressivo recuo dos traços fonéticos
do Norte perante os do Sul; e se é certo que as pronúncias normativas de Lisboa e
de Coimbra, tendo absorvido a quase totalidade das inovações do Sul,
propiciaram, sem dúvida, a sua adopção, é um facto que essa situação ainda não se
verificava no tempo em que os colonizadores se instalaram nos arquipélagos
atlânticos e no Brasil. Embora consciente disso, repito, L. Cintra dá como
exemplo da persistência dessa “força expansiva” dos falares meridionais a
expansão que, parece, continua a processar-se para o Norte de Portugal da única
das inovações características do Sul que não foi adoptada pela norma: a
monotogação do ditongo [ei] em [e]11.
Concluindo com as palavras de L. Cintra: “O facto várias vezes apontado de o
português do Brasil apresentar uma série de características fonéticas que o

10
De facto, o sul de Portugal foi, no tempo da Reconquista aos mouros, uma região onde afluíram
homens do Norte.
11
Relembro que Lisboa não monotongou o ditongo, mas também não o mantém sob a forma [ ];
pronuncia-o como [ ], isto é, introduziu uma maior distância entre os seus elementos, através de uma
diferenciação.

15
aproximam dos falares meridionais do português da Europa deve-se
possivelmente à generalização, na língua dos colonizadores, das características de
uma pronúncia que, como ainda hoje acontece no continente português, era a que
apresentava maior força expansiva, não precisando de ser a pronúncia da maioria
para ser a mais geralmente aceite”.
Veremos se as pesquisas actualmente em curso no domínio da geografia
linguística, em Portugal e no Brasil, o Atlas Linguístico-Etnográfico de Portugal e
da Galiza (ALEPG) e o Atlas Linguístico do Brasil (ALIB) virão revelar novos
factos para apoiar ou desmentir estas posições.

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