Plantae

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Plantae

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Nota: "Planta" e "Vegetal" redirecionam para este artigo. Para outros
significados, veja Planta (desambiguação) ou Vegetal (desambiguação).
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verbete permaneça verificável. (Janeiro de 2022)

Plantae
Metaphyta, Vegetabilia
plantas, vegetais

Ocorrência: Ediacarano–Recente

Had.
Arqueano
Proterozoico
Fan.
A diversidade do mundo vegetal

Classificação científica

Domínio: Eukaryota
Reino: Plantae
Haeckel, 1866[1]
(sem classif.) Archaeplastida

Divisões

 Algas verdes
o Chlorophyta
o Charophyta
 †Nematophyta
 Embryophyta (plantas terrestres)
o Bryophyta sensu
lato (plantas não
vasculares)
 Marchant
iophyta o
u Hepatic
ophyta (h
epáticas)
 Anthocer
otophyta
(antócero
s)
 Bryophyt
a sensu
stricto (
musgos)
o Tracheophyta (plantas
vasculares)
 †Rhynio
phyta
 †Zostero
phylloph
yta
 †Trimero
phytophy
ta
 Lycopodi
ophyta (li
copódios
e selagin
elas)
 Monilop
hyta (sa
mambaia
s/fetos
e cavalin
has)
 Spermato
phyta (pl
antas
com
sementes
)


G


A

Sinónimos

 Metaphyta
 Vegetabilia

Plantae (também conhecido por reino vegetal, Metaphyta ou Vegetabilia)[2] é


o reino da natureza que agrupa as plantas, em um vasto conjunto
de organismos eucariotas multicelulares, sem motilidade e
predominantemente autotróficos fotossintéticos, contendo células que em geral
incluem um ou mais cloroplastos, organelos especializados na produção de
material orgânico a partir de compostos inorgânicos e energia solar. São
conhecidas de 300 a 315 mil espécies de plantas, das quais a maioria — entre
260 e 290 mil espécies — são angiospermas.[3] Sendo um dos maiores e
mais biodiversos grupos de seres vivos na Terra, as plantas verdes fornecem
uma parte substancial do oxigénio molecular[4] e são a base trófica da maioria
dos ecossistemas, especialmente dos terrestres. O ramo da biologia que
estuda as plantas é a botânica.
Evolução histórica do conceito
Ver artigo principal: Reino (biologia)
Sendo um grupo que inclui, para além do elevado número de espécies (300-
315 mil),[3] uma enorme variedade morfológica, que vai desde organismos
microscópicos a ervas, arbustos e grandes árvores, torna-se difícil definir com
precisão o que se entende por «planta». A presença de clorofilas, e por
consequência a coloração verde, parece ser a única característica visível
comum, já que a morfologia e o tamanho variam.
Na realidade, numa análise mais profunda, o termo «planta», ou «vegetal», é
inesperadamente difícil de definir, dificuldade que está presente
na etimologia dos vocábulos usados nos diversos idiomas para designar este
grupo de seres vivos, que em alguns casos recorrem a palavras diferentes para
grupos específicos de plantas e noutros casos incluem no mesmo termo
organismos que à luz dos actuais conhecimentos não são plantas. Depois de
se descobrir que nem todas as plantas eram verdes, passou-se a definir
«planta» como qualquer ser vivo sem movimentos voluntários.
Até se atingir o actual consenso (ou quase consenso) em torno
da circunscrição taxonómica do grupo Plantae, houve uma evolução longa e
nem sempre linear. Historicamente, o termo foi entendido de maneira diferente
e, mesmo hoje, continuam a existir definições nem sempre concordantes em
toda a sua extensão.
Antes da cladística
O presente Reino Plantae deriva directamente de um dos três reinos
naturais da Antiguidade Clássica Europeia, definidos por Aristóteles (384–
322 a.C.) para acomodar os três grandes agrupamentos em que subdividia
o mundo natural: os minerais; as plantas; e os animais. Em consequência,
Aristóteles dividia todos os seres vivos em: plantas (sem capacidade motora ou
órgãos sensitivos); e animais. Esta definição prevaleceu durante séculos,
apesar de se conhecerem excepções, a mais flagrante das quais é talvez
a Mimosa pudica, uma leguminosa, que fecha os seus folíolos ao mínimo
toque.
Apesar das suas incoerências e imperfeições, esta subdivisão foi a mesma
usada pelo fundador da actual taxonomia e das bases do moderno sistema
de classificação biológica, Carl von Linné (1707 — 1778), mais conhecido
por Lineu. Na sua obra Systema Naturae (de 1735) dividiu o conjunto dos
organismos vivos em apenas dois grupos: as plantas; e os animais, atribuindo
a esses dois grupos o nível taxonómico de reino: o reino Vegetabilia (mais
tarde Metaphyta ou Plantae); e o reino Animalia (também chamado Metazoa).
Essa divisão, que tinha por critério definidor fundamental a motilidade,
permaneceu estável durante quase dois séculos, sendo apenas definitivamente
abandonada na transição para o século XX.[5] O critério, embora com cada vez
mais excepções, era: se o organismo se move espontânea e activamente,
consumindo energia no processo, é animal; caso contrário, é planta. No
trabalho pioneiro de Lineu, o reino Plantae foi definido de forma a incluir todos
os tipos de plantas ditas superiores, as algas e os fungos.
Quando se descobriram os primeiros seres vivos unicelulares, foi necessário
repensar o sistema classificativo. Sendo estes pequenos organismos colocados
entre os protozoários quando tinham movimento próprio, as bactérias e as
algas unicelulares, consideradas sem movimento, foram colocadas em divisões
do reino Plantae. Contudo, à medidas que se descobriam mais
microorganismos cada vez mais patente a dificuldade em decidir a
classificação de alguns grupos, como por exemplo das espécies do
género Euglena, que são verdes, fotossintéticas e altamente móveis.
Embora tenham surgido outras propostas de subdivisão, a primeira grande
ruptura com o sistema aristotélico e com a classificação lineana surgiu em 1894
com a aceitação generalizada do agrupamento Protista proposto por Ernst
Haeckel.[6] Passava-se de dois para três reinos no mundo vivo, transitando para
o novo táxon o grupo diverso de organismos microscópicos eucariontes que
não se encaixavam facilmente entre as plantas e os animais. Contudo a maior
redefinição do conceito de «planta» surgiu em 1969 com a separação
dos fungos como um reino autónomo, o reino Fungi, proposto por Robert
Whittaker,[7] conceito que gradualmente prevaleceu entre a comunidade
científica.
A partir da separação dos fungos, e do aparecimento da micologia como ramo
autónomo da biologia, as definições do reino vegetal sofreram uma rápida
mutação, em particular com a introdução das técnicas da filogenia, que
permitiram esclarecer a relação entre os diversos grupos tradicionalmente
considerados como «plantas», em particular com as algas. A inclusão das
algas, e em particular a abrangência dessa inclusão, passou a ser a principal
área de evolução na circunscrição taxonómica do grupo Plantae.
O quadro que se segue sumariza a evolução da divisão do mundo natural em
reinos e domínios e a inserção das plantas nas diversas classificações usadas:
Woese Cavalier-Smith (2004)[8][9][10]
(1990) [11]

Haeckel (1894) Whittaker (1969) Woese (1977) Três Dois domínios


Três reinos Cinco reinos Seis reinos domínios e sete reinos
Animalia Animalia Animalia Animalia
Fungi Fungi Fungi
Plantae Plantae Plantae Eukarya Eukaryota Plantae
Chromista
Protista Protista
Protista
Protista Eubacteria Bacteria Bacteria
Monera Prokaryota
Archeabacteria Archaea Archaea
Progressão da classificação dos reinos e domínios (com excepção dos vírus)

A visão cladística
A classificação biológica mais moderna, assente na cladística, procura enfatizar
as relações evolutivas entre os organismos, pelo que idealmente,
cada taxon deve ser um clade, ou seja deve ser monofilético, com todas as
espécies incluídas no grupo a descenderem de um organismo
ancestral comum.
Nas classificações mais recentes, com o objectivo de garantir que o
agrupamento Plantae constitui um verdadeiro clade, ou seja que a sua
delimitação respeita a condição de monofilia, foram excluídas as
algas procariotas e as pertencentes ao grupos Phaeophyceae (as algas
castanhas incluídas em Stramenopiles) por provirem de uma linhagem
biológica completamente diversa. Após essa exclusão, para garantir a monofilia
do agrupamento Plantae são possíveis duas abordagens:

 Plantae sensu strictissimo, uma circunscrição muito estrita, excluindo


todas as algas, ou seja mantendo no grupo apenas
as Embryophyta (as plantas terrestres), as quais passariam a ser os
únicos organismos consideradas como «plantas»;[12]
 Plantae sensu stricto, ou Viridiplantae, uma circunscrição estrita, mas
mais alargada que a anterior, incluindo, para além das Embryophyta,
todas ou parte das algas verdes (Chlorophyta e Charophyta), mas
deixando de fora as algas vermelhas (Rhodophyta) e ainda o
pequeno grupo atípico das algas Glaucophyta.[13]
A primeira das opções, a mais estrita, exclui muitas espécies que partilham
uma origem comum com as embriófitas entre as Archaeplastida, razão pela
qual é difícil evitar a criação de agrupamentos parafiléticos na sua subdivisão.
Em consequência, a moderna sistemática favorece a segunda opção,
adoptando uma circunscrição taxonómica para Plantae coincidente com a do
grupo Viridiplantae (as plantas verdes), nesse caso considerado como um
grupo monofilético de organismos eucarióticos, sem motilidade e em
geral autotróficos, que fotossintetizam usando os tipos de clorofila a e b,
presente em cloroplastos (organelos com uma membrana dupla) e armazenam
os seus produtos fotossintéticos sob a forma de hidratos de carbono, em
especial como amido. As células destes organismos são revestidas por
uma parede celular constituída essencialmente por celulose.
De acordo com esta definição, ficam fora do reino Plantae as algas castanhas,
as algas vermelhas e muitos seres autotróficos unicelulares ou coloniais,
actualmente agrupados no reino Protista, assim como as bactérias e os fungos,
que constituem os seus próprios reinos. Cerca de 300 espécies conhecidas de
plantas não realizam a fotossíntese, sendo parasitas de plantas fotossintéticas
ou de fungos.
O moderno conceito de planta
No moderno contexto taxonómico, em geral apenas é designado por planta um
organismo que apresente, em simultâneo, as seguintes características:[14][15]

 Células do tipo eucariota;


 Multicelularidade;
 Parede celular contendo celulose;
 Capacidade de realizar a fotossíntese com recurso
a cloroplastos primários.
Respeitando as características essenciais atrás apontadas, quando o nome
Plantae (ou «planta») é aplicado para designar um grupo específico de
organismos, ou de taxa, quase sempre refere uma das
seguintes circunscrições taxonómicas (aqui apresentadas da visão menos
inclusiva para a mais inclusiva):

Nome(s) Âmbito Descrição

O agrupamento inclui apenas as plantas que


formam embrião (as embriófitas). São multicelulares,
realizam fotossíntese, possuem clorofila a e clorofila b, a
substância de reserva é o amido, a parede celular é
composta de celulose e hemicelulose, apresentam ciclo de
vida do tipo diplobionte heteromórfico, são oogâmicas e as
Embryophyta Plantae sen células reprodutivas estão protegidas por um tecido formado
(plantas su por células estéreis (gametângios e esporângios). Com esta
terrestres ou Metaphyta) strictissimo circunscrição, o agrupamento inclui apenas
os briófitos sensu lato (musgos, antóceros e hepáticas) e
as plantas
vasculares (pteridófitas, gimnospermas e angiospermas),[5][16]
[17]
bem como as plantas fósseis similares a estes
grupos extantes (e.g., Metaphyta Whittaker, 1969,
[18]
Plantae Margulis, 1971[19]).

O agrupamento inclui os organismos que possuem


clorofila a e b, apresentam plastídeos envolvidos por apenas
Viridiplantae duas membranas, armazenam amido e têm a parede celular
Plantae sen
(plantas composta por celulose e hemicelulose. O grupo inclui
verdes ou Chlorobionta)
su stricto
as algas verdes e as plantas terrestres que emergiram da sua
linhagem, incluindo as Charophyta. Este grupo agrega cerca
de 300 000 espécies.[5][16] (e.g., Plantae Copeland, 1956[20]).

Este grupo inclui além do grupo definido como Viriplantae


(Plantae sensu stricto), as demais algas verdes
(Chlorophyta), as algas vermelhas (Rhodophyta)
Archaeplastida Plantae sen e Glaucophyta (sendo que estas pequenas algas
(Plastidae ou Primoplant
ae)
su lato acumulam amido florideano no citoplasma). Este clade
inclui organismos que adquiriram os cloroplastos
por fagocitose directa de cianobactérias.[5] (e.g.,
Plantae Cavalier-Smith, 1981[21]).

As definições de Plantae em sentido amplo estiveram em


uso até o desenvolvimento das técnicas da biologia
Antigas definições molecular ter permitido demonstrar que o grupo era
Plantae sen
de planta polifilético. Estas definições, agora obsoletas, colocavam no
su amplo
(obsoletas) grupo diversas algas, fungos e bactérias. (e.g., Plantae ou
Vegetabilia Linnaeus,[22] Plantae Haeckel 1866,
[23]
Metaphyta Haeckel, 1894,[24] Plantae Whittaker, 1969[18]).
Outra forma de apresentar as relações entre os diferentes grupos que foram
chamados de "plantas" é através de um cladograma, que mostra suas relações
evolutivas. Embora alguns aspectos da história evolutiva das plantas ainda não
estejam completamente resolvidos e consensualizados, o cladograma que se
segue mostra a relação entre os grupos descritos na tabela acima (com os
grupos que foram considerados «plantas» a negrito):[25][26][27][28][29][30]
Grupos tradicionalmente
No cladogram specified! incluídos em "algas".
A barra verde assinala os grupos geralmente designados como algas.

A maneira como os grupos de algas verdes são combinados e designados


varia consideravelmente entre autores.[16][31] Para muitos botânicos são
consideradas «plantas» apenas o grupo das embriófitas,[5][16] sendo os
restantes taxa incluídos no reino Protoctista.[5] A estrutura constante do
cladograma acima pode ser resumida da seguinte forma:

 Plantae sensu lato (Haeckel 1866, emend. Caval.-


Sm. 1998) ou Archaeplastida (tendo como início da linhagem a origem
da primeira célula vegetal por endossimbiose entre
uma cianobactéria e um protozoário biflagelado);
o Glaucophyta (glaucófitas)
o Rhodophyta (dividida em dois
clados: Cyanidiophyceae (cianidiofíceas) e algas
vermelhas, com início da linhagem na endossimbiose
secundária que originou as algas cromófitas);
o Viridiplantae (Copeland 1956) (plantas verdes ou
Plantae sensu stricto);
 Algas verdes (clorófitas e carófitas);
 Embryophyta (Margulis 1971) (plantas terrestres ou
Plantae sensu strictissimo);
 Bryophyta sensu
lato (briófitas: hepáticas, musgos e an
toceros);
 Tracheophyta (plantas vasculares);
 Pteridophyta sensu
lato (pteridófitas em senso
lato: licopódios,
selaginelas, cavalinhas e s
amambaias);
 Spermatophyta (espermat
ófitas ou plantas com
sementes);
 Gimnospermas (
cicas, ginkgo, co
níferas e gnetófit
as);
 Angiospermae (p
lantas com
flor: monocotiled
óneas e dicotiled
óneas; ou grupo
ANA, magnólidas
e eudicotas).
Evolução e filogenia

Filogenia das plantas mostrando os


clados principais e os grupos tradicionais; o grupos monofiléticos estão em
letras pretas e grupos parafiléticos em azul
Ver artigo principal: História evolutiva das plantas
Evolução
A evolução das plantas resultou no aumento dos níveis de
complexidade (ou grados) dos organismos, desde os primeiros tapetes de
algas, aos briófitos, licopódios e pteridófitas, e destes até grupos bem mais
complexos como as gimnospérmicas e as actuais angiospérmicas. Os
organismos incluídas em todos esses grupos, mesmo os menos complexos,
continuam a prosperar, especialmente nos ambientes em que evoluíram.
A partir do registo fóssil é possível inferir que há cerca de 1 200 milhões de
anos (Ma) atrás já se formavam sobre a terra firme camadas de algas,
formando tapetes de escuma. Contudo, apenas no período Ordoviciano, há
cerca de 450 Ma atrás, apareceram «plantas terrestres» na moderna acepção
da designação, sendo que os fósseis mais antigos que se conhecem revelam a
evolução de plantas não vasculares (plantas avasculares) entre os meados e o
fim do período Ordoviciano (≈450–440 milhões de anos atrás).[32]
Apesar disso, novas evidências, obtidas através do estudo da razão
isotópica em amostras de carbono de rochas pré-cambrianas, sugerem que
organismos fotossintéticos complexos estavam presentes na Terra há mais de
1 000 milhões de anos.[33] Desde há mais de um século se presume que os
ancestrais das modernas plantas terrestres evoluíram em ambientes aquáticos
e depois se adaptaram a uma vida terrestre, ideia geralmente creditada ao
botânico Frederick Orpen Bower, que a defendeu na sua obra, publicada em
1908, intitulada The Origin of a Land Flora. Uma visão alternativa recente,
apoiada por evidências genéticas, defende que aquelas plantas evoluíram a
partir de algas unicelulares terrestres.[34]
Durante o Paleozoico, começaram a aparecer em terra firme plantas
complexas, multicelulares, os embriófitos (Embryophyta), nas quais
o gametófito e o esporófito se apresentavam de forma radicalmente diferente
das algas, o que está relacionado com a adaptação a ambientes secos (já que
os gâmetas masculinos estavam dependentes de meios húmidos para se
moverem). Nas primeiras formas destas plantas, o esporófito mantinha-se
reduzido e dependente da forma parental durante a sua curta vida. Os
embriófitos actuais, que têm este tipo de organização, incluem a maior parte
das plantas que geralmente evocamos. São as chamadas plantas vasculares,
com sistemas completos de raiz, caule e folhas, ainda que incluam algumas
espécies de briófitos (das quais os musgos serão talvez o tipo mais conhecido).
Outros autores, contudo, definem os embriófitos como sendo todas as plantas
terrestres, incluindo, de acordo com esta definição, a
divisão Hepaticophyta (ou Marchantiomorpha, nas classificações mais antigas),
as hepáticas; a divisão Anthocerophyta (os antóceros) e a
divisão Bryophyta sensu stricto (os musgos).
As evidências contidas no registo fóssil permitem concluir que as plantas
terrestres primitivas começaram a se diversificar no final do período Silúrico, há
cerca de 420 milhões de anos. Naquele período apareceram novos embriófitos,
as plantas vasculares, com adaptações que lhes permitiam estar menos
dependentes da água. Estas plantas tiveram uma radiação adaptativa maciça
durante o Devónico e começaram a colonizar a terra firme. Entre essas
adaptações podemos referir uma cutícula resistente
à dessecação e tecidos vasculares por onde circula a água, razão pela qual
são designadas por plantas vasculares ou traqueófitas (Tracheophyta). Os
resultados dessa diversificação são exibidos em detalhe notável nos depósitos
fossilíferos do Devoniano contidos no Cherte de Rhynie (Rhynie chert)
da Escócia. Este cherte preservou, petrificadas em fontes vulcânicas, plantas
pertencentes aos primeiros grupos que surgiram em terra firme, com uma
perfeição tal que permite mesmo a observação de detalhes celulares. No meio
do período Devoniano estavam já presentes a maioria das características
reconhecidas nas plantas modernas, incluindo raízes, folhas e madeira
secundária. Nos tempos mais tardios do Devoniano, as sementes já estavam
presentes.[35]
No entretanto, as os briófitos confinaram-se a ambientes húmidos, pois é a
água que permite a dispersão dos esporos, e mantiveram-se pequenas durante
todo o seu ciclo de vida, caracterizado pela alternância de duas gerações: um
estádio haplóide (o gametófito) e um estádio diplóide (o esporófito). Este último
é de curta duração e está dependente do gametófito.
As plantas de finais do Devoniano alcançaram um grau de sofisticação que
lhes permitiu formar florestas de árvores altas. A inovação evolutiva continuou
no período Carbonífero e nos períodos geológicos posteriores e prossegue no
presente. A maioria dos grupos de plantas sobreviveram relativamente ilesos
ao evento de extinção Permo-Triássico, embora a estrutura ecológica das
comunidades onde se inseriam tenha mudado. Essas mudanças podem ter
definido o cenário para a evolução das plantas com flor no Triássico (há cerca
de 200 milhões de anos), que cresceu rapidamente
em biodiversidade no Cretáceo e no Terciário. O último grande grupo de
plantas a evoluir foram as gramíneas, que se tornaram importantes em meados
do Terciário, há cerca de 40 milhões de anos. As gramíneas, assim como
muitos outros grupos, desenvolveram novos mecanismos de metabolismo para
sobreviver ao baixo teor de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera terrestre e
condições quentes e secas dos trópicos nos últimos 10 milhões de anos.
As angiospérmicas são o último grande grupo de plantas a aparecer, durante
o Jurássico, mas tiveram o seu maior período de propagação no Cretácico,
sendo, atualmente, plantas predominantes em muitos ecossistemas.
Filogenia das plantas
Uma proposta de árvore filogenética do grupo Plantae, inicialmente proposta
em 1997,[36] com modificações na linhagem dasPteridophyta introduzidas em
2006,[37] veio lançar nova luz sobre as relações filogenéticas entre os diversos
grupos de organismos fotossintéticos que usam as clorofilas a e b.
No cladograma que se segue, o grupo das Prasinophyceae, na realidade um
largo e diverso agrupamento parafilético de linhagens de algas verdes que
divergiram mais cedo das linhagens que desembocaram nas
modernas Embryophyta, são tratadas como um grupo fora das Chlorophyta,
[38]
solução que não colheu aceitação entre os autores mais recentes.
Uma possível árvore filogenética do grupo Plantae será a seguinte:[36]
Prasinophyceae (micromónadas)
Streptobiont Embryophyt Stomatophyt Polysporangiophy Tracheophyt Eutracheophyt Euphyllophytin
a a a ta a a

Lycophytina

Rhyniophyta

Aglaophyton †

Horneophytopsida †
Uma nova proposta de classificação, publicada em 2011,[39] mas modificada em
2016 para os clados de algas verdes[40][29] e em 2015 para o clado das plantas
terrestres,[41] é a constante do cladograma seguinte. O diagrama concorda com
a origem endossimbiótico das células vegetais,[42] e a filogenia das algas,
[43]
briófitas,[44] plantas vasculares[45] e plantas com flores.[46] Note-se que
as Prasinophyceae foram aqui incluídas entre as Chlorophyta.
No cladogram specified! Algas verdes
A inclusão das algas

Algas verdes (ilustração de Ernst Haeckel na

obra Kunstformen der Natur, 1904)


Laurencia (uma Rhodophyta).
Ver artigo principal: Alga
Apesar da maioria das algas não ser classificada pelos modernos sistemas
taxonómicos como pertencente ao reino Plantae,[47][48] entre elas estão vários
grupos diferentes de organismos que produzem alimentos por fotossíntese,
razão pela qual têm sido tradicionalmente incluídos no reino vegetal.
As algas compreendem diferentes grupos de organismos que produzem
energia através da fotossíntese, cada um dos quais evoluindo
independentemente de ancestrais não-fotossintéticos diferentes. As mais
conhecidas são as macroalgas, algas multicelulares que em alguns casos se
assemelham a plantas terrestres. Essas algas encontram-se repartidas por três
grandes grupos: verdes (Chlorophyta); algas vermelhas (Rhodophyta); e algas
castanhas (Phaeophyta). Cada um desses grupos inclui também organismos
microscópicos e unicelulares.
Há boas evidências de que as algas castanhas evoluíram independentemente
das outras, de ancestrais não fotossintéticos que formaram relações
endossimbióticas com algas vermelhas em vez de cianobactérias, razão pela
qual não são classificadas como plantas pois pertencem a outro clado.[49][48]
Assim, apenas dois grupos de algas são considerados parentes próximos
das plantas terrestres (as Embryophyta). O primeiro destes grupos,
as carófitas (Charophyta), pertence à mesma linhagem que deu origem àquelas
plantas,[50][51][52] enquanto o segundo grupo, as algas verdes (Chlorophyta), é
o grupo irmão do conjunto das carófitas e embriófitas. Este último conjunto,
mais extenso e diverso, é colectivamente designado por «plantas verdes»
(ou Viridiplantae) constituindo um clado.
O cloroplasto das algas verdes está rodeado por duas membranas, sugerindo
que teve a sua origem por endossimbiose direta de cianobactérias. O mesmo é
verdadeiro para dois grupos adicionais de algas: Rhodophyta (algas vermelhas)
e Glaucophyta.
Pensa-se que estes três grupos têm uma origem comum, por isso são
classificados juntos no taxon Archaeplastida. Por outro lado, a maioria das
outras algas (Stramenopiles, Haptophyta, Euglenophyta e dinoflagelados),
possuem cloroplastos com três ou quatro membranas envolventes. Não são
parentes próximos das plantas verdes e provavelmente adquiriram os
cloroplastos indiretamente através da ingestão ou simbiose com algas verdes
ou vermelhas.
Muitas algas mostram alternância de gerações, entre uma forma que se
reproduz de forma assexuada (o esporófito) e uma forma sexuada
(o gametófito).
O reino Plantae é, para a generalidade dos autores, considerado como
sinónimo deste grupo monofilético, já que a restrição ao grupo
às Embryophyta tornaria o reino num agrupamento parafilético. Com algumas
excepções entre as algas verdes, todas as formas apresentam as seguintes
características:

 paredes celulares contendo celulose e hemicelulose;


 cloroplastos contendo clorofila a e clorofila b;
 cloroplasnto rodeado por duas membranas;
 armazenam alimento na forma de amido em plastídeos;
 a mitose ocorre de forma fechada, sem centríolos;
 mitocôndrias com cristas tipicamente achatadas.
Apresentando todas as características atrás listadas, as Viridiplantae, as
plantas verdes (coloração que lhes é dada pela presença das clorofilas a e b),
ou seja o conjunto das algas verdes e das plantas terrestres, formam um clade,
um grupo que composto por todos os descendentes de um ancestral comum.
O cloroplasto das plantas verdes é cercado por duas membranas, sugerindo
que elas se originaram diretamente de endossimbiose com cianobactérias.
Dois grupos adicionais, as Rhodophyta (algas vermelhas) e
as Glaucophyta (algas glaucófitas), também possuem cloroplastos primários
que parecem derivar directamente de cianobactérias endossimbióticas, embora
difiram de Viridiplantae na pigmentos que são usados na fotossíntese e assim
são diferentes na coloração. Esses grupos também diferem das plantas verdes
no armazenamento de energia, pois utilizam como polissacarídeo de
armazenamento o amido florideano que é armazenado no citoplasma e não
nos plastídeos. Estes grupos, apesar destas importantes diferenças, parecem
ter tido uma origem comum com Viridiplantae e os três grupos formam o
clado Archaeplastida, cujo nome implica que seus cloroplastos foram derivados
de um único evento endossimbiótico antigo. Esta é a mais ampla definição
moderna do termo «planta».
Em contraste, a maioria das outras algas (por exemplo, algas
castanhas, diatomáceas, haptófitas, dinoflagelados e euglenídeos) não
possuem somente pigmentos diferentes, mas também possuem cloroplastos
com três ou quatro membranas circundantes. Não são parentes próximos do
agrupamento Archaeplastida, presumivelmente tendo adquirido cloroplastos
separadamente a partir de algas verdes e vermelhas ingeridas ou simbióticas.
Em consequência, estes grupos não são incluídos nem mesmo na mais ampla
definição moderna do reino vegetal, embora o tenham sido no passado.
As Viridiplantae, as plantas verdes, foram tradicionalmente divididas em algas
verdes (incluindo as Charales) e as plantas terrestres (Embryophyta). No
entanto, sabe-se agora que as plantas terrestres evoluíram a partir de um
grupo de algas verdes, de modo que as algas verdes por si só são um
grupo parafilético, ou seja, um grupo que exclui alguns dos descendentes de
um ancestral comum. Os grupos parafiléticos são geralmente evitados nas
classificações modernas, de modo que, em tratamentos recentes, os
Viridiplantae foram divididos em dois clados, o clado Chlorophyta e o
clado Streptophyta (incluindo neste as plantas terrestres e as Charophyta).[53][54]
Na acepção atrás, o agrupamento Chlorophyta (um nome que também tem
sido usado para designar todas algas verdes) é o grupo irmão das Charophyta,
do qual as plantas terrestres evoluíram. Existem cerca de 4 300 espécies de
Chlorophyta,[55] principalmente organismos marinhos unicelulares ou
multicelulares, tais como as algas marinhas do género Ulva.
O outro grupo dentro da Viridiplantae é Streptophyta, constituído principalmente
por organismos de água doce ou terrestres, que agrupa as plantas terrestres
com as Charophyta, agrupamento consistindo por vários grupos de algas
verdes, tais como Desmidiales e Charales. As algas estreptófitas são
unicelulares ou formam filamentos multicelulares, ramificados ou não
ramificados. O género Spirogyra é uma alga filamentosa estreptófita de
ocorrência comum, frequentemente usada como organismo de demonstração
no ensino da biologia e da bioquímica e um dos organismos responsáveis pela
"escuma" de algas que aparece em massas de água eutróficas. As carófitas de
água doce lembram fortemente as plantas terrestres e acredita-se que sejam
os seus parentes filogeneticamente mais próximos. Crescendo imersos em
água doce, consistem de um caule central com verticilos de pequenos ramos.
Exclusão dos fungos
Ver artigo principal: Fungi
A classificação original de Lineu colocava os fungos dentro do reino Plantae,
uma vez que eles inquestionavelmente não eram animais nem minerais e estas
eram as únicas outras alternativas disponíveis. Com os desenvolvimentos
verificados no século XIX no campo da microbiologia, Ernst Haeckel introduziu
o novo reino Protista, além de Plantae e Animalia, mas a questão da
classificação dos fungos permaneceu controversa, com incerteza se deveriam
permanecer no reino Plantae ou se deveriam ser reclassificados para o reino
Protista. A questão apenas foi resolvida em 1969, quando Robert
Whittaker propôs a criação do reino Fungi. Evidências moleculares mostraram
desde então que o ancestral comum mais recente (concestor) dos fungos era
provavelmente mais parecido com o ancestral do reino Animalia do que com o
ancestral do reino Plantae (ou de qualquer outro reino).[56]
A reclassificação original de Robert Whittaker baseou-se na diferença
fundamental na posição trófica (nutrição) entre os fungos e as plantas. Ao
contrário das plantas, que geralmente adquirem o carbono através da
fotossíntese, e são por conseguinte autotróficas, os fungos não possuem
cloroplastos e geralmente obtêm o carbono digerindo e absorvendo os
materiais circundantes, sendo assim heterotróficos saprotróficos.
Para além da questão trófica, a estrutura dos tecidos dos fungos multicelulares
é diferente da encontrada nas plantas, tomando a forma de múltiplas cadeias
quitinosas microscópicas, as hifas, que podem ser subdivididas em células ou
podem formar um sincício contendo muitos núcleos eucariotas. Os corpos
frutíferos, entre os quais os cogumelos são o exemplo mais conhecido, são as
estruturas reprodutivas dos fungos, muito diferentes de qualquer estrutura
produzida pelas plantas.
Em consequência dessas diferenças, todos os modernos sistemas de
classificação excluem, por razões cladísticas, os fungos do reino Plantae,
optando por os colocar no reino Fungi.
Diversidade e classificação
Chlorophyta: Spirotaenia condensata

Charophyta: Chara globularis, um carófita

Marchantiophyta: uma hepática talosa

Anthocerotophyta: Phaeoceros laevis, um


antócero Bryophyta: um musgo

Lycopodiophyta: Lycopodium clavatum, um

licopódio Pteridophyta: Dicksonia antarctica, uma


espécie de feto arbóreo Cycadophyta: Cycas

revoluta, uma cicadófita Pinophyta: um exemplar

de Juniperus phoenicea
Spermatophyta: inflorescência de uma Asteraceae, uma
das espermatófitas mais complexas
Diversidade
Existem cerca de 300-315 mil espécies de plantas,[3] definidas como plantas
com semente, briófitas, fetos e seus semelhantes. Por volta de 2004, cerca de
287 655 espécies tinham sido identificadas e validamente descritas, das quais
258 650 são plantas com flor, 16 000 briófitas, 11 000 fetos e 8 000 algas
verdes (em sentido lato).
O quadro seguinte resume a distribuição de espécies pelos vários
agrupamentos que integram o reino Plantae (na circunscrição
taxonómica correspondente a Viridiplantae):

Diversidade das divisões extantes do reino Plantae

Grupo Divisão Nome comum Espécies vivas


Algas verdes Chlorophyta algas verdes (clorófitas) 3 800[57]

Charophyta algas verdes (desmídeas & carófitas) 4 000 - 6 000[58]

Briófitas Marchantiophyta hepáticas 6 000 - 8 000[59]

Anthocerotophyta antocerotas 100 - 200[60]

Bryophyta sensu
musgos 12 000[61]
stricto

Pteridófitas Lycopodiophyta licófitas (licopódios e selaginelas) 1 200[48]

Pteridophyta fetos e cavalinhas 11 000[48]

Espermatófitas Cycadophyta cicas 160[62]

Ginkgophyta ginkgo 1[63]

Pinophyta coníferas 630[48]

Gnetophyta gnetófitas 70[48]

Magnoliophyta plantas com flor 258 650[64]

Classificação
A diversidade e a importância do táxon Plantae inevitavelmente levou ao
surgimento de múltiplos sistemas de classificação, os quais foram naturalmente
evoluindo e sendo substituídos à medida que os conhecimentos
sobre taxonomia e, em particular, sobre filogenia, foram progredindo. Contudo,
muitas das classificações foram entrando na linguagem comum e, apesar de
obsoletas e arredadas do uso técnico-científico, continuam a surgir em obras
de divulgação e na linguagem diária. A classificação das plantas apresenta
assim diversos nomes e grupos em sistemas classificativos que apesar de
incongruentes entre si, e nalguns casos mesmo contraditórios, continuam em
uso na linguagem corrente e na literatura não técnica.
A moderna sistemática baseia-se nas relações filogenéticas para estabelecer a
taxonomia dos diversos grupos de organismos. Por isso, ao estudar os
diversos grupos de plantas, estabelece-se uma ideia da evolução das
respectivas linhagens, observando-se o aumento de complexidade ou,
vulgarmente, o "aumento da evolução" destes seres vivos. Contudo, convém
relembrar que a biologia moderna não considera nenhum ser vivo mais
evoluído que outro, ou seja, bactérias, protistas, fungos, animais e vegetais
estão no mesmo nível de evolução, já que não existem critérios para medir a
evolução dos organismos. Por exemplo, é comum considerar
a inteligência como um critério de evolutividade, porém não é possível
demonstrar que esse seja um bom critério ou se a inteligência de um grupo é
mesmo maior que a de outros seres vivos. Este assunto é profundo e filosófico,
e não tem, ainda, bases científicas. O próprio naturalista Charles
Darwin escreveu nas notas de pé-de-página do manuscrito da Origem das
Espécies: "Nunca escrever que um organismo é inferior ou superior".
As classificações a seguir listadas, obsoletas do ponto de vista científico,
continuam em uso:
Tipo de gametófito
Em muitas destas plantas, o esporófito funciona como um indivíduo
independente, enquanto que o gametófito se tornou muito reduzido. No que
respeita a esta matéria, entre as plantas vasculares são reconhecidos dois
grupos distintos:

 Pteridófitas — plantas em que o gametófito é um organismo


independente, como os fetos e as cavalinhas;
 Espermatófitas — plantas que se reproduzem por semente, ainda
ligadas ao esporófito, ou seja, em que o gametófito é parasita do
esporófito.
Por sua vez, o grupo das pteridófitas pode ser subdivido da seguinte forma:

 Divisão Lycopodiophyta (ou Lycopsida) — licopodíneas;


 Divisão Equisetophyta (ou Equisetopsida) — cavalinhas;
 Divisão Pteridophyta (ou Filicopsida) — fetos (ou samambaias):
o Psilotophyta (Psilotales) — apenas o género Psilotum;
o Ophioglossophyta (Ophioglossales) —
géneros Ophioglossum (língua-de-cobra), Botrypus, Botry
chium e similares;
o Marattiopsida —
géneros Angiopteris, Christensenia, Danaea e Marattia;
o Leptosporangiatae — fetos "verdadeiros".

As espermatófitas ou «plantas com semente» são um grupo de plantas


vasculares que se diversificou no final do Paleozoico. Nestas formas, o
gametófito está reduzido aos órgãos sexuais e o esporófito começa a sua vida
como uma semente, que se desenvolve ainda dependente da planta-mãe. Os
grupos actuais de espermatófitos incluem as seguintes divisões:
 Divisão Cycadophyta — cicadáceas, como o sagu-de-jardim;
 Divisão Ginkgophyta — árvores do género Ginkgo;
 Divisão Pinophyta (ou Coniferophyta) — as coníferas;
 Divisão Gnetophyta — género Welwitschia e as efedras;
 Divisão Magnoliophyta (ou Anthophyta) — as plantas com flor.
Tipo de frutificação
Uma classificação ainda usada para estes grupos de plantas utiliza os
seguintes termos:

 Gimnospérmicas — plantas com sementes nuas, que incluem as


quatro primeiras divisões do grupo acima, e
 Angiospérmicas — plantas com flor.
Complexidade (evolução)
Durante muito tempo as plantas foram divididas em inferiores, intermediárias e
superiores.

 Vegetais inferiores — os chamados «vegetais inferiores» são


as algas, na sua maioria actualmente classificadas no
reino Protista (nalguns casos ainda se consideram as algas
verdes (Chlorophyta) como uma divisão[65] do reino Plantae). De
referir que as cianofíceas, apesar de terem sido consagradas
como algas azuis e de serem fotossintetizantes, são procariontes,
pertencendo ao reino Monera.
 Vegetais intermediários e superiores — os embriófitas
(Embryophyta), as plantas terrestres, repartidas por:
o Intermediários, as criptógamas, vegetais sem sementes,
repartidos por:
 Criptógamas
avasculares: briófitas (divisão Bryophyta);
 Criptógamas vasculares: pteridófitas (parte
das Tracheophyta ou traqueófitas), com vasos
condutores, incluindo as
divisões Pterophyta, Lycophyta, Equisetophyta e
Psilophyta.
o Superiores, as espermatófitas (Spermatophyta, com
sementes) e as fanerógamas (com flores), parte
das Tracheophyta, ou seja, das plantas vasculares. São
normalmente subdivididas em:
 Gimnospermas (com sementes e sem frutos),
com as
divisões Pinophyta (coníferas), Cycadophyta (cic
adáceas), Ginkgophyta (ginkgo)
e Gnetophyta (gnetófitas);
 Angiospermas (com frutos), ou
ainda, Magnoliófitas: divisão Anthophyta
(atualmente Magnoliophyta), com as
classes Dicotyledoneae (Magnoliopsida)
e Monocotyledoneae (Liliopsida).
O grupo das Embryophyta
Ver artigo principal: Embryophyta
O maior grupo de plantas, e o mais familiar, são as plantas
terrestres multicelulares que constituem o grupo conhecido
por embriófitas (Embryophyta). As embriófitas incluem as plantas vasculares,
tais como os fetos, coníferas e plantas com flor, mas também os briófitos, dos
quais os musgos e as hepáticas são os tipos mais comuns.
Todas estas plantas apresentam células eucarióticas, com parede
celular contendo celulose, e a maioria obtém sua energia através
da fotossíntese, usando radiação solar, água e dióxido de carbono para
sintetizar alimentos. Cerca de 300 espécies de plantas não fotossintetizam,
sendo parasitas de outras espécies de plantas fotossintéticas ou de fungos
(plantas micotróficas), mas descendem de plantas fotossintéticas que perderam
essa capacidade como carácter secundário de adaptação ao parasitismo. Os
embriófitos distinguem-se das algas verdes, que representam um modo de vida
fotossintética semelhante ao tipo de planta moderna que se acredita ter
evoluído a partir de linhagens dessa algas, por ter órgãos reprodutivos
especializados protegidos por tecidos não reprodutivos.
As briófitas apareceram pela primeira vez no início do Paleozóico. Vivem
principalmente em habitats onde a humidade está disponível por períodos
significativos, embora algumas espécies, como o género Targionia, sejam
tolerantes à dessecação. A maioria das espécies de briófitas permanece
pequena durante todo o seu ciclo de vida. Isso envolve uma alternância entre
duas gerações: um estágio haplóide, chamado estágio gametófito e um
estágio diploide, designado por esporófito. Nas briófitas, o esporófito é sempre
não ramificado e permanece nutricionalmente dependente do seu gametófito
parental. Os embriófitos têm a capacidade de secretar uma cutícula na sua
superfície externa, uma camada cerosa que confere resistência à dessecação.
Nos musgos e antóceros a cutícula é geralmente produzida apenas no
esporófito. Os estomas estão ausentes das hepáticas, mas ocorrem no
esporângio dos musgos e antóceros, permitindo a troca gasosa.
As plantas vasculares apareceram pela primeira vez durante o
período Siluriano, e diversificaram-se e espalharam-se por muitos ambientes
terrestres diferentes durante o Devoniano. Estas plantas desenvolveram um
conjunto de adaptações que permitiram que se espalhassem por lugares cada
vez mais áridos, especialmente através da evolução de feixes de tecido
condutor que levaram ao aparecimento dos tecidos vasculares especializados
que deram origem aos hodiernos xilema e floema, que transportam água e
alimentos por todo o organismo. Sistemas radiculares capazes de obter água e
nutrientes do solo também evoluíram durante o Devoniano. Nas plantas
vasculares modernas, o esporófito é tipicamente grande, ramificado,
nutricionalmente independente e de longa duração, mas há cada vez mais
evidências de que os gametófitos paleozóicos eram tão complexos quanto os
esporófitos. Os gametófitos de todos os grupos de plantas vasculares
evoluíram para se reduzirem em tamanho e proeminência no ciclo de vida.
Nas plantas com semente, o microgametófito é reduzido de um organismo
multicelular de vida livre para algumas células num grão de pólen e o
miniaturizado megagametófito permanece dentro do megasporângio, ligado e
dependente da planta-mãe. Um megasporângio fechado por uma camada
protetora chamada tegumento é conhecido como um óvulo. Após a fertilização
por meio dos espermatozóides produzidos pelos grãos de pólen, um esporófito
embrionário desenvolve-se dentro do óvulo. O tegumento torna-se no
revestimento das sementes e o óvulo desenvolve-se e dá origem à semente
propriamente dita. As plantas com semente podem sobreviver e reproduzir-se
em condições extremamente áridas, porque não dependem da água livre para
o movimento dos espermatozóides nem do desenvolvimento de gametófitos de
vida livre.
As primeiras plantas produtoras de sementes,
as Pteridospermatophyta ou pteridospérmicas, entretanto extintas, apareceram
no decurso do Devoniano e diversificaram-se durante o Carbonífero. Foram os
ancestrais das modernas gimnospérmicas, das quais quatro grupos
sobreviventes estão presentes na actualidade em múltiplos ecossistemas,
particularmente as coníferas, que são dominantes em muitos biomas. O nome
gimnosperma deriva da palavra
composta grega γυμνόσπερμος (γυμνός gymnos, "nu" e σπέρμα sperma,
"semente"), resultante de os óvulos e sementes por eles produzidos não são
encerrados numa estrutura protectora (carpelo ou fruto), mas são inseridos
nus, normalmente em escamas de pinhas.
Reprodução das plantas
Ver artigo principal: Polinização
Na maioria das espécies de plantas verdes, os indivíduos podem reproduzir-se
tanto assexuada (agâmica) como sexuadamente (reprodução gâmica, ou por
meio de gâmetas).[66]
Assexuadamente, as plantas se reproduzem através da separação de partes
do indivíduo que podem dar origem a novos indivíduos. Neste processo, não
há recombinação genética, e portanto os descendentes
são geneticamente iguais aos "pais", podendo ser considerados clones de um
indivíduo. A reprodução assexuada nas plantas ocorre de várias maneiras:
por brotamento (ou gemulação), por fragmentação, pela formação de estolhos,
e por esporulação. Na esporulação podem se formar células especiais,
os esporos que podem ser aplanósporos (normalmente transportados
pelo vento ou por animais) ou zoósporos (móveis) com dois ou mais flagelos.
O homem tirou partido desta capacidade de reprodução assexuada nas
plantas, desenvolvendo métodos especializados de multiplicação, como
a estaquia, alporquia e enxertia.[67]
A reprodução sexuada nas plantas verdes ocorre normalmente com alternância
de gerações, em que ocorre um esporófito (o indivíduo "adulto" nas plantas
vasculares) e um gametófito – o indivíduo que produz os gâmetas – que pode
ser "parasita" do esporófito, como nas espermatófitas ou ter vida independente.
Nas plantas verdes aquáticas (por exemplo, as Chlorophyta e Charophyta,
ou algas verdes) existe a produção de gâmetas móveis, podendo o processo
ser por isogamia (gâmetas iguais) ou oogamia (gâmetas "femininos" grandes e
imóveis e masculinos, móveis).
Nutrição das plantas
Ver artigo principal: Nutrição nas plantas
Com exceção das plantas carnívoras, a maioria das plantas verdes necessita
apenas de sais minerais dissolvidos em água, de dióxido de carbono e luz solar
como sua nutrição. Com esses ingredientes e sua capacidade de fotossíntese,
estes seres vivos autotróficos conseguem a energia e matéria necessárias
para viver.[carece de fontes]
Entre os elementos químicos essenciais para as plantas,
chamados macronutrientes, encontram-se o nitrogénio, o fósforo,
o magnésio (constituinte da clorofila), o cálcio, o potássio e o enxofre. Além
destes elementos principais, há outros que, apesar de serem absorvidos em
pequenas quantidades, são igualmente indispensáveis à saúde das plantas,
como o boro e o cobalto; estes minerais são chamados micronutrientes[68]
Mecanismos de defesa
A primeira linha de defesa nas plantas é uma barreira intacta e impenetrável
composta por casca e uma cutícula cerosa. Ambos protegem as plantas
contra herbívoros. Outras adaptações contra herbívoros incluem conchas
duras, abrolhos (galhos modificados) e espinhos (folhas modificadas). Eles
desencorajam os animais, causando danos físicos ou induzindo erupções
cutâneas e reações alérgicas. Algumas espécies de árvores
de acácia desenvolveram relações mutualísticas com colônias de formigas:
elas oferecem abrigo às formigas em seus espinhos ocos em troca da defesa
das folhas das árvores pelas formigas.[69]
Defesas químicas
A proteção externa de uma planta pode ser comprometida por danos
mecânicos, que podem fornecer um ponto de entrada para patógenos. Se a
primeira linha de defesa for violada, a planta deverá recorrer a um conjunto
diferente de mecanismos de defesa, como toxinas e enzimas.[70]
Metabolitos secundários são compostos que não são diretamente derivados da
fotossíntese e não são necessários para a respiração ou crescimento e
desenvolvimento das plantas. Os isoprenoides associados ao metabolismo
secundário não participam diretamente do crescimento e desenvolvimento das
plantas, mas parecem desempenhar um papel nos mecanismos de defesa e no
fornecimento de adaptações ecológicas para as plantas interagirem com seu
ambiente, como atrair polinizadores de insetos e insetos predadores para
alimentar herbívoros, e interações planta-planta como aquelas entre plantas
normais e parasitárias. O hormônio chamado ácido jasmônico é
particularmente essencial para a resposta de defesa de uma planta contra
fungos e insetos. O ácido jasmônico, ou jasmonato, ajuda as plantas a soarem
o alarme sobre o perigo.[71][72]
As plantas se defendem contra patógenos com barreiras, metabólitos
secundários e compostos antimicrobianos. A capacidade de reconhecer e
responder à presença de micróbios é também uma estratégia essencial para
que as algas marinhas sobrevivam no ambiente marinho.[73]
Biologia celular vegetal
Ver artigo principal: Célula vegetal
Ecologia vegetal
As plantas são o elo produtor de matéria orgânica da cadeia alimentar nos
meios marinho, aquático e terrestre. São, portanto, o primeiro elo da cadeia,
que sustenta todos os elos subsequentes. Além de fornecer alimento
a animais, fungos, bactérias e protistas, as plantas também fornecem abrigo a
estes seres e a seus ovos e filhotes.
No entanto, a predação não é a única relação ecológica a que as plantas estão
submetidas, existindo também relações benéficas, como as observadas entre
plantas e polinizadores. Em algumas espécies, existem associações com
certos insetos, como formigas, que recebem abrigo ou alimento da planta,
protegendo-a, em troca, contra predadores.
Há mesmo plantas que dependem de outras plantas. Algumas famílias
botânicas, constituídas por plantas parasitas, dependem da seiva de outras
espécies para obter nutrientes. Existem também milhares de
espécies epífitas que dependem de plantas maiores para se alojar,
normalmente não causando qualquer dano ao hospedeiro.
Relações ecológicas

A dioneia (Dionaea), uma espécie de planta


carnívora
Inúmeros animais evoluíram junto com as plantas. Muitos
animais polinizam flores em troca de alimentos sob a forma de pólen ou néctar.
Muitos animais dispersam sementes, muitas vezes por comer frutos e passar
as sementes em suas fezes. Mirmecófitas são plantas que evoluíram
com formigas. A planta fornece uma casa e às vezes comida para as formigas.
Em troca, as formigas defendem as plantas dos herbívoros e em algumas
vezes das plantas concorrentes. Os resíduos das formigas
fornecem fertilizantes orgânicos.
A maioria das espécies de plantas têm vários tipos de fungos associados aos
sistemas de sua raiz em uma espécie de simbiose mutualística conhecida
como micorriza. Os fungos ajudam as plantas a obterem água e nutrientes
minerais do solo, enquanto a planta fornece aos fungos carboidratos
produzidos na fotossíntese. Algumas plantas servem como residências para
fungos endófitos que protegem a planta de herbívoros através da produção de
toxinas. O fungo endófito Neotyphodium coenophialum, em uma espécie
de festuca (Festuca arundinacea) causa danos econômicos enormes para a
indústria de gado nos Estados Unidos.
Várias formas de parasitismo também são bastante comuns entre as plantas,
desde o semiparasitário visco, que se limita a alguns nutrientes de seu
hospedeiro, mas ainda tem as folhas fotossintetizantes, até as inteiramente
parasitárias orobanche e Lathraea, que adquirem todos os seus nutrientes por
meio de conexões com as raízes de outras plantas, e assim não tem clorofila.
Algumas plantas, conhecidas como mico-heterótrofos, parasitam fungos
micorrízicos e, portanto, atuam como epiparasitas em outras plantas.
Muitas plantas são epífitas, o que significa que crescem sobre outras plantas,
geralmente árvores, sem parasitá-las. Epífitas podem indiretamente prejudicar
a sua planta hospedeira, interceptando nutrientes minerais e luz que a anfitriã
em outra situação receberia. O peso de um grande número de epífitas pode
quebrar galhos de árvores. Hemiepífitas como o estrangulador
de figueira começam como epífitas, mas acabam estabelecendo suas próprias
raízes e dominando e matando seu hospedeiro.
Muitas orquídeas, broméliass, samambaias e musgos geralmente crescem
como epífitas. Bromélias epífitas acumulam água nas axilas das folhas para
formar um fitotelmo, complexa cadeia alimentar aquática.[74]
Ver também
 Lista de plantas do Brasil
 Flora de Portugal
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Ligações externas
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