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E UM CHATO
Stanislaw Ponte Preta
CARTA AO
P R O F E S S O R
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
Encaremos o desafio: trata-se de uma árvore bem frondosa, que tem doze
galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e quatro sementes: cada verso introduz
uma nova informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho?
Quantas sementes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões
não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem
sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvore frondosa agita seus galhos,
entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas
nas sementes.
O que é, o que é?
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num
percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se
das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que protegem sementes, que
ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Ah, essas árvores e esses frutos, o desejo de conhecer, tão caro ao ser
humano…
Depende de nós.
__________
1
Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
6
s
res
AP
D.
STANISLAW
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EM
ro/
zei
Cru
PONTE PRETA,
as Ferreira da Silva/O
SOBRE A OBRA
O livro reúne 39 crônicas que foram, originalmen-
te, publicadas na imprensa entre 1950 e 1960. Muitas
delas são verdadeiros clássicos da crônica de humor,
QUADRO-SÍNTESE
de tal forma que várias se incorporaram ao repertório
Gênero: Crônica das piadas, como Inferno nacional, A velha contraban-
Áreas envolvidas: Língua dista, À beira-mar etc. Os temas das crônicas são di-
Portuguesa, Sociologia, versos, porém há um fio comum: o descortinar de um
cotidiano rico, contraditório, complexo, disfarçado na
Filosofia, Arte.
aparente simplicidade, retratado pela objetiva de um
Competências Gerais da BNCC:
narrador astuto e sensível às pequenas grandes ma-
2. Pensamento científico, crítico e
zelas do viver em sociedade. Tudo isso encorpado por
criativo; 3. Repertório cultural;
um trabalho singular de linguagem em que “o que é
4. Comunicação; 7. Argumentação; dito” se entrelaça ao “como é dito”, transbordando hu-
9. Empatia e cooperação; mor por todos os lados.
10. Responsabilidade e cidadania. Stanislaw faz desfilar aos olhos do leitor uma sé-
Temas: Projetos de vida; rie de tipos humanos da vida urbana carioca (e brasi-
A vulnerabilidade dos jovens; leira), desvelando, com perspicácia e fino humor, as
Bullying e respeito à diferença; contradições, os anacrônicos costumes sociais, as pe-
Cidadania; Diálogos com a quenas perversidades cotidianas, as tensas relações
sociologia e a antropologia; do indivíduo comum, do governo com seus esquemas
Ficção, mistério e fantasia. burocráticos.
Ler os textos do autor é sempre conhecer um pou-
co mais a alma humana, em geral, e a do brasileiro,
em particular. Em Dois amigos e um chato, Stanislaw
mostra uma espécie de cumplicidade com suas perso-
nagens, pois sua perspectiva é tão comprometida com
o outro, que é possível dizer que há nele uma crítica
que compreende e uma compreensão que critica.
8
PROP O S TA S D E
ATIVIDADES 1
FIOS E LINHAS
MARIA JOSÉ NÓBREGA
Foi Ariadne, uma jovem enamorada, que, temendo pela vida do amado,
arquitetou, com a ajuda de Dédalo, um plano para demarcar o percurso,
possibilitando que Teseu atingisse o centro, enfrentasse o Minotauro e
voltasse seguro pelo mesmo caminho. Ela entregou ao herói um novelo que
continha um fio mágico, um fio que nunca acabava, sob medida para Teseu
desenrolar suas aventuras e retornar vitorioso e em segurança pela rota
assinalada. Um fio que desenrolava a história e permitia ao narrador retornar
para contá-la.
Teseu, não se sabe bem por que, vai abandonar Ariadne e viver outras
histórias. Tristes, mas necessárias rupturas.
Começamos esta conversa com um mito que fala de fios que costuram
amores e aventuras, que se entrelaçam e tecem os diferentes destinos. Mas
fios e linhas também enredam textos que se revelam nas diferentes leituras
de cada leitor.
Como eles, leitores são espíritos livres que, tão logo podem,
soltam os fios e voam. Dependem apenas das mãos amorosas de seus
professores que, como Ariadne, encorajam e possibilitam o ingresso nos
labirintos da escrita.
10
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
Nesta seção, os professores de Língua Portuguesa encontram uma
sequência de atividades cuja finalidade é permitir a formação de um sujeito
leitor, responsável e crítico, capaz de construir sentidos de modo autônomo
e de argumentar a respeito de sua recepção da obra, constituindo-se como
uma personalidade sensível e inteligente aberta aos outros e ao mundo. Ao
partir da recepção do aluno-leitor, de sua leitura subjetiva, procura-se ampliar
suas competências com a aquisição de saberes sobre os textos e sobre si;
ao compartilhar essa experiência, em uma leitura colaborativa, procura-se
submeter o texto do leitor à arbitragem dos pares e à autoridade do texto.
Pré-leitu
r
a
As atividades de pré-leitura mobilizam a análise
global do texto (a partir do título, da capa, dos elementos
paratextuais, das ilustrações — se presentes), estimulando
predições bem como a mobilização dos conhecimentos prévios
necessários ao entendimento da obra.
1. Nessa fase, você deve aproveitar para autor e se sabem alguma coisa sobre
acostumar os alunos ao manuseio o assunto do livro. O conhecimento
do livro: identificar o autor e a editora, das características da produção
verificar se o título é sugestivo, literária de um autor também ajuda a
consultar o sumário, ler a quarta capa construir expectativas a respeito da
e observar outros aspectos gráficos do temática de um livro. Stanislaw Ponte
livro (fonte, tipologia e tamanho). Preta notabilizou-se pela produção de
crônicas de humor irreverente. Verifique
2. Apresente a obra à classe. Informe aos se os alunos conhecem o autor e se eles
alunos que eles vão ler Dois amigos e se apoiam nesse conhecimento para
um chato, de Stanislaw Ponte Preta. construir expectativas a respeito da
Pergunte se já leram algum livro desse temática do livro.
11
1. Solicite aos alunos que anotem as 3. Sugira aos alunos que leiam primeiro
palavras e as expressões que eles a crônica que dá título ao livro, Dois
não conhecem, pesquisando-as no amigos e um chato. Comente que é
dicionário ou deduzindo o significado comum em livros que reúnem crônicas,
do próprio contexto em que aparecem. contos ou poemas adotar-se o título de
Você pode sugerir que eles façam um dos textos que integram o volume
um glossário com as gírias de época como título geral da obra. Depois,
presentes nas crônicas de Stanislaw esclareça que podem ler as crônicas
Ponte Preta. Para isso, podem eleger um na ordem que quiserem.
ou dois colegas para ficar responsáveis
pela organização dos verbetes e outros 4. Peça aos alunos que atentem na
três ou quatro que serão incumbidos crítica, muitas vezes dura, e sempre
da redação final do glossário. Comente contendo ironia, que Stanislaw Ponte
que farão, assim, o papel de editores Preta dirige a determinadas categorias
do material – que contará com a sua de pessoas, como nestes trechos:
supervisão.
“O motorista, com aquela
delicadeza peculiar à classe […]” (p. 24)
2. Estimule os estudantes a verificar se as
“Um médico do SAMDU, muito a
hipóteses levantadas por eles ao tomar
contragosto, compareceu ao local e
contato com o título da obra e com a
deu o atestado de óbito.” (p. 28)
capa do livro estão sendo confirmadas
na leitura. Comente que comparar as “– CALE-SE!!! – tornou a berrar o
hipóteses com as escolhas do autor não é distinto policial, com aquele tom educado
determinar o “certo” ou o “errado”, mas das autoridades policiais.” (p. 38)
é trabalhar com possibilidades. O leitor “[…] dessas repartições estaduais,
lê tendo em vista seus conhecimentos onde mosca treina aviação e onde
de mundo e sua experiência leitora, mas se junta um monte de funcionários,
sua leitura apoia-se também nas pistas esperando a hora de ir para casa […]”
presentes no texto. Acompanhe a leitura (p. 55)
deles fazendo sondagens esporádicas “[…] Se o Banco do Brasil não tem
sobre o que estão achando das crônicas, equilíbrio orçamentário, eu é que vou
se a leitura é prazerosa ou difícil. Faça ter, é ou não é?” (p. 137)
comentários estratégicos levando-os a Chame a atenção dos alunos para
perceber como o cronista parte, muitas as críticas que estão embutidas nessas
vezes, de um assunto aparentemente ironias. Você pode pedir aos alunos
corriqueiro para chegar a um desfecho que tentem formar um consenso entre
surpreendente ou divertido que nos leva eles sobre qual é a visão de mundo de
a refletir sobre o assunto. Stanislaw Ponte Preta. Comente que, a
13
julgar pelos trechos destacados, o autor por Satanislaw Ponte Preta e por quê,
não aprecia muito funcionários públicos, em dois dos exemplos, ele chama a
órgãos de Estado, certos tipos de interlocutora imaginária de “madame” ou
profissionais. O que essas falas revelam “madama”. O que isso revela da época
do cronista? Elas são suficientes para em que vivia o cronista?
formar um perfil?
7. Comente com os estudantes que as
5. Chame a atenção dos alunos para o crônicas de Stanislaw Ponte Preta são
fato de que um episódio corriqueiro, populares, porém são mais informais
por exemplo, o assunto da crônica e coloquiais do que populares, quase
Dois amigos e um chato (p. 23), se uma linguagem oral, do dia a dia,
transforma em uma crônica por meio cheia de gírias da época, mas que
do olhar atento do cronista. Questione mantêm a qualidade literária dos
os alunos: Com base nos cronistas melhores cronistas. Peça aos alunos
que vocês já leram e na leitura deste que observem como muitas de suas
livro de Stanislaw Ponte Preta, que crônicas contêm registros eruditos de
características próprias vocês acham linguagem misturados com elementos
que um cronista deve ter? O que eles da linguagem popular, como em:
têm que as pessoas que não escrevem “[…] Devia estar fazendo isto há muito
crônicas não possuem? tempo, o que explicava a falta de óbolos”
(p. 34)
6. Peça aos alunos que notem como, “A velhinha sorriu com os poucos
em alguns textos, o autor introduz um dentes que lhe restavam e mais os
recurso interessante de inserir alguém outros, que ela adquirira no odontólogo
imaginário na crônica para fazer uma […]” (p. 66)
pergunta conveniente à narrativa, à qual “[…] Um catre (porque em histórias
ele mesmo responde: assim a cama da personagem chama-se
“Se havia expectativa em torno do catre), uma cadeira, um armário tosco,
passamento do seu Irineu? Havia, sim. alguns livros. […]” (p. 73)
[…]” (p. 27) “[…] Além dos cleptomaníacos, que
“[…] Mas – eu pergunto – o cacique roubam pela aventura de roubar […]”
melhorou? E eu mesmo respondo: aqui (p. 84)
ó…” (p. 92) “[…] Era um cubículo escuro, como
“[…] Como, minha senhora, por que sói acontecer nos prédios como aquele
foi que ele não morreu? Era greve do […]” (p. 135)
gás, madama.” (p. 95) Indague aos alunos: De que forma
“Como, minha senhora? Qual é o fim esse recurso linguístico contribui para
da história? Pois a história termina aí, o humor dos textos de Stanislaw Ponte
madame. […]” (p. 133) Preta? Em outras palavras: em que
Pergunte aos alunos o que acham consiste a graça dessa mistura de níveis
desse expediente narrativo usado de linguagem?
14
Pós-leitu
r
a
As atividades de pós-leitura promovem a reflexão sobre
o conteúdo temático ou expressivo da obra a partir de outras
referências que permitem identificar diferentes perspectivas
possíveis para o tema, estimulando uma resposta crítica que pode
envolver vários níveis de complexidade ou gerar novas perguntas,
que enriquecem e transformam a experiência leitora.
1. Forme uma “roda da leitura” com a turma o que revela uma curiosidade inata do
para conversar sobre a experiência escritor pelo comportamento do ser
de leitura que tiveram. Sabemos que humano. Indague aos alunos: Pelo que
ampliamos nosso repertório textual depreenderam da leitura de Dois amigos
também com a contribuição de outros e um chato e do que conhecem da
leitores. Provavelmente, em outro leitura de outros cronistas, que atributos
momento, os alunos vão querer ler consideram importantes para quem
algumas crônicas do livro escolhidas escreve crônicas? Peça que justifiquem
pelos colegas. Estimule-os a falar, suas respostas.
fazendo as seguintes perguntas: O
que acharam do estilo de Stanislaw 3. Chame a atenção dos alunos para a
Ponte Preta? Quais são as principais descrição minuciosa que o autor faz
características da escrita desse cronista? do choro do homem no ônibus, no
Qual personagem das crônicas mais primeiro parágrafo da crônica O homem
lhes chamou a atenção ou causou sua ao lado. Leve-os a perceber que, nessa
admiração e por qual vocês sentiram descrição, Stanislaw Ponte Preta revela
aversão ou antipatia? Instigue-os sua vocação de cronista, pois, quem iria
a comentar e a justificar por que prestar atenção ao choro de um homem
se identificaram com determinado em um transporte coletivo e, depois,
personagem e repeliram outros, descrevê-lo com tanta precisão?
levando-os a analisar aspectos humanos Peça aos alunos que observem
como os éticos, os sociais, os humanos, como o cronista apenas tangencia o
os psicológicos, os físicos, entre outros, real motivo do choro do homem, sem
não esquecendo da época em que os nomeá-lo ou explicitá-lo, dando rápidas
textos desse autor foram produzidos. pinceladas sobre a situação, como em
Conclua, indagando: Se você tivesse um jogo de mostrar e esconder. Indague
de eleger um tema que resumisse as aos alunos: A crônica teria o mesmo
crônicas de Stanislaw Ponte Preta, qual efeito se o autor tivesse exposto,
seria ele? Explique a sua escolha. logo no início, o motivo da tristeza do
homem? Nessa crônica, o que conduz a
2. Nas crônicas de Stanislaw Ponte Preta, narrativa? Alguém saberia dizer qual é o
em vários momentos, nota-se que tema da crônica?
ele é um ótimo observador. Leve os
alunos a perceber que algumas de suas 4. Discuta com a turma as crônicas O
crônicas nascem dessa observação suicídio de Rosamundo e “Vai descer?!”,
atenta, sobretudo em lugares públicos, que têm como protagonista Rosamundo,
15
PROP O S TA S D E
ATIVIDADES 2
Somente depois que foi para Paris – onde se fixou e concluiu seu
doutorado – é que pôde, enfim, ter uma relação mais livre e direta com a
literatura. “De meados dos anos 1970 em diante, perdi o interesse pelos
métodos de análise literária e passei a me dedicar à análise em si, isto é,
aos encontros com os autores”, afirma o ensaísta.
17
__________
3
BERMÚDEZ, Ana Carla. Enem 2019: 53 candidatos tiraram nota mil na redação; 143 mil tiraram zero. UOL.
Disponível em: <http://mod.lk/enem>.
18
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
Nesta seção, os professores de Língua Portuguesa em diálogo com docentes
de outros componentes curriculares encontram sugestões para uma abordagem
interdisciplinar, estabelecendo conexões entre a invenção literária e outras formas
de discurso ou práticas do mundo social, considerando a obra literária como uma
estrutura móvel, capaz de dar respostas diversas em diferentes contextos. As
atividades propostas transitam entre o contexto de produção e de recepção da
obra literária, procurando refletir a respeito das expectativas de cada período, de
cada grupo social com o propósito de desenvolver a capacidade argumentativa e
inferencial dos estudantes.
Assim como na seção Propostas de atividades 1, aqui a organização também
se dá em atividades para os momentos de pré-leitura, leitura e pós-leitura.
Pré-leitu
r
a
As atividades de pré-leitura mobilizam a análise
global do texto (a partir do título, da capa, dos elementos
paratextuais, das ilustrações — se presentes), estimulando
predições bem como a mobilização dos conhecimentos prévios
necessários ao entendimento da obra.
a
As atividades de pós-leitura promovem a reflexão sobre
o conteúdo temático ou expressivo da obra a partir de outras
referências que permitem identificar diferentes perspectivas
possíveis para o tema, estimulando uma resposta crítica que pode
envolver vários níveis de complexidade ou gerar novas perguntas,
que enriquecem e transformam a experiência leitora.
Diz a máxima desse imperativo: “Age de pode começar pedindo que consultem
tal maneira que o seu agir seja modelo no dicionário o significado da palavra
de conduta universal”. Já o utilitarismo seráfico. Depois, pergunte: Por que ele
relativiza a verdade, nos aconselhando usa a expressão “inferno das notícias”?
a agir de acordo com a situação e E por que ele enfrenta esse “inferno”
antevendo as consequências de nosso com “expressão seráfica”? O que isso diz
ato. Diz a máxima do utilitarismo: “A sobre a disposição com que um cronista
maior felicidade para o maior número encara diariamente o ofício de escrever
de pessoas”. Ou seja, nem sempre crônicas? Questione também: Por que
dizer a verdade é o mais recomendado, o autor não se sente otimista? Será que
segundo o utilitarismo. todos os cronistas se sentem assim?
Traga essa discussão ética para o Peça que levantem hipóteses. O contato
dia a dia dos alunos colocando para eles com as palavras estaria na origem
a seguinte hipótese. Se eles estivessem desse pensamento cético, pessimista,
em uma festa e alguém ligasse em seu crítico? Um pensamento crítico é,
celular perguntando se determinada necessariamente, pessimista? Por quê?
pessoa se encontrava no local, pois a
estava procurando para assassiná-la, 7. Sociologia Comente com os
o que eles fariam? Diriam a verdade estudantes que a crônica Brasil, 2063 faz
ou mentiriam, afirmando que a pessoa um exercício de futurismo, algo muito
não se encontrava? Explique que, se comum nos anos 1940, 1950 e 1960,
dissessem a verdade, agiriam de acordo em razão dos avanços proporcionados
com o imperativo de Kant, colocando pela Segunda Revolução Industrial
a pessoa em risco; se mentissem, então em curso, também conhecida
estariam de acordo com o utilitarismo e como Revolução Técnico-Científica.
dariam tempo à pessoa de se proteger Acrescente que, passadas mais de
da ameaça. cinco décadas da escrita desse texto,
Ao final da discussão, indague aos e mais de uma década após 2012 (o
alunos: O personagem da crônica que ano em que se passa a história que a
falsificou o xixi do cachorro agiu de crônica conta), vemos que muitas das
acordo com Kant ou com Bentham? previsões de Stanislaw Ponte Preta não
se confirmaram. Outras, como o advento
6. Filosofia Na crônica Cartãozinho de da internet ou da inteligência artificial,
Natal, Stanislaw Ponte Preta faz uma ele nem imaginava. Questione os alunos:
espécie de profissão de fé do cronista. Por que é mais fácil errar do que acertar
Depois de explicar aos alunos o que é previsões do tipo que o cronista fez? Em
profissão de fé – uma declaração de que modelo o autor se baseou para fazer
seus valores, princípios, opiniões –, suas previsões? Que previsão absurda
peça a eles que problematizem os você apontaria no texto e qual foi a mais
versinhos criados pelo autor. Você próxima do acerto? Peça aos alunos que
23
De frente pro crime, de João Bosco e grupos, na casa de algum deles, para
Aldir Blanc, com João Bosco. [crônicas a realização da sessão. Estimule-os a
Testemunha ocular e Repórter policial]. buscar informações sobre o diretor e os
Disponível em: <http://mod.lk/defrente>. atores,sobre a história e seu contexto,
Estado violência, de Charles Gavin, traçando paralelos com situações
com a banda Titãs. [crônica Do teatro narradas em Dois amigos e um chato.
de Mirinho (a burocracia do buraco)]. Santo Forte. (Brasil, 1999).
Disponível em: <http://mod.lk/estadovi>. Documentário. Direção de Eduardo
Flores em você, com a banda Ira! Coutinho. Duração: 1h20min.
[crônica Pedro – o homem da flor]. Documentário sobre a religiosidade de
Disponível em: <http://mod.lk/floresem>. moradores de uma favela da zona sul do
Homenagem ao malandro, de Chico Rio de Janeiro, em forma de entrevistas
Buarque. [crônica Ladrões estilistas]. que mostram que as classes populares
Disponível em: <http://mod.lk/homenage>. possuem padrões de comportamento
Não vem que não tem, de Wilson religioso semelhante. O filme retrata
Simonal. [crônica O milagre]. católicos, umbandistas, evangélicos,
Disponível em: <http://mod.lk/naovem>. entre outros.
Pais e filhos, de Renato Russo com a Disponível em: <http://mod.lk/santofor>.
banda Legião Urbana. [crônica Ano-Bom]. Sábado. (Brasil, 1994) Comédia. Direção
Disponível em: <http://mod.lk/paisefil>. de Ugo Giorgetti. Duração: 1h25min.
Panis et circenses, de Caetano Veloso e Crônica da cidade grande em linguagem
Gilberto Gil, com Os mutantes. [crônica cinematográfica. A ação acontece em
A garota-propaganda, coitadinha!]. apenas um sábado, num velho edifício
Disponível em: <http://mod.lk/panis>. de São Paulo, durante a gravação de um
Procissão, de Gilberto Gil. [crônica comercial, em que se pode observar o
O milagre]. conflito entre classes sociais.
Disponível em: <http://mod.lk/procissa>. (Vídeo) Termos racistas pra abolir do
Vovó Ondina é gente fina, com a banda seu vocabulário. Lilia Moritz Schwarcz.
Paralamas do Sucesso. [crônica A velha Canal da Lili. mar. 2020. Duração:
contrabandista]. 4min53s. Nesse vídeo, a historiadora e
Disponível em: <http://mod.lk/ondina>. antropóloga Lilia Schwarcz, professora
da USP, apresenta um vocabulário de 16
10. Arte Promova, se for possível, uma termos racistas que são usados no dia
sessão de cinema em sala de aula com a dia pelas pessoas sem que, muitas
um dos filmes sugeridos a seguir, ou vezes, elas se deem conta do teor
solicite aos alunos que se organizem preconceituoso que há neles.
individualmente, em duplas ou em Disponível em: <http://mod.lk/abolir>.
25
N D A M E N TO
APROFU
LITERATURA É APRENDIZADO
DE HUMANIDADE
DOUGLAS TUFANO
Porém, por circular na sala de aula junto com os textos escolares, muitas
vezes o texto literário acaba por sofrer um tratamento didático, que desconsidera a
própria natureza da literatura. O texto literário não é um texto didático. Ele não tem
uma resposta, não tem um significado que possa ser considerado correto. Ele é uma
pergunta que admite várias respostas; depende da maturidade do aluno e de suas
experiências como leitor. O texto literário é um campo de possibilidades que desafia
cada leitor individualmente.
O GÊNERO DA OBRA
CRÔNICA
Foi somente no início do século XX, com o advento da República e uma sociedade
mais dinâmica, que convivia com velhos problemas – como a abolição mal resolvida
dos escravizados e revoltas que evidenciavam uma parcela crítica da população com
os rumos do país –, que a crônica começou a tomar forma. A imprensa já possuía
certa envergadura econômica e podia manter um grupo seleto de escritores – como fez
o jornal O Estado de S.Paulo – para exercer a crítica descontraída da sociedade, dos
costumes e dos grandes temas da época por meio de textos que se diferenciavam das
notícias e reportagens sobre os assuntos importantes do dia, com textos com forte teor
jornalístico, objetivos e diretos.
30
Anos depois, Fernando Sabino, outro grande expoente do gênero, também sem
paciência para tentar conceituar o que era crônica, saiu-se com essa:
O QUE É LITERATURA?
Por isso, mesmo um livro escrito há vários séculos, como D. Quixote, permanece
atual. Porque proporciona essa aventura intelectual, esse voo da imaginação.
Não para alienar o leitor, mas para fazer com que ele, no fim da leitura, volte à sua
realidade e a veja com outros olhos. O diálogo da obra com o mundo em que vive o
aluno é fundamental para que a literatura exerça seu papel educativo.
Por isso, o mestre Antonio Candido dizia que o acesso à literatura deveria ser
um direito básico do ser humano.
34
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
DE APROFUNDAMENTO
Em Atividades de aprofundamento, são apresentadas propostas que
permitem compreender o funcionamento contemporâneo das convenções
literárias relacionadas à obra, apoiar a leitura crítica, criativa e propositiva para
explorar as potencialidades da escrita literária com os estudantes. Nessa seção,
indicam-se também produções contemporâneas de outros gêneros (literários
ou não) que permitem um diálogo intertextual com diferentes aspectos
da organização da expressão literária e sua articulação com a experiência
individual e social.
PARA O ALUNO
LIVROS
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas.
Rio de Janeiro: BestBolso, 2011. (Coleção
Livro Vira-Vira)
Obra fundamental para quem quer conhecer a
crônica brasileira, traz 200 crônicas daquele
que é considerado o fundador da crônica
moderna no Brasil e um de seus principais
expoentes.
Canções
Alegria, alegria, com Caetano Veloso.
[crônica A garota-propaganda, coitadinha!]
Chororô, de Gilberto Gil. [crônica Pedro – Estado violência, de Charles Gavin, com a
o homem da flor] banda Titãs. [crônica Do teatro de Mirinho
(a burocracia do buraco)]
Nesta canção, Gilberto Gil faz uma
espécie de descrição compreensiva do Canção que crítica o poder absoluto e
choro, buscando explicar as motivações impessoal do Estado moderno sobre
por trás de cada tipo de choro. as pessoas, com sua forma coercitiva
de existir, na forma de leis que nem
Disponível em: <http://mod.lk/gilberto>.
sempre são justas e da burocracia
fria dos departamentos públicos, tão
criticados por Stanislaw Ponte Preta
em suas crônicas.
crônicas
ÂNGELO, Ivan. Sobre a crônica. Veja São Paulo, 18 set. 2009.
PARA O PROFESSOR
LIVROS
AMÂNCIO, Moacir (org.) Cronistas do Estadão. COSSON, Rildo. Letramento literário – Teoria e
São Paulo: O Estado de S.Paulo, 1991. prática. São Paulo: Contexto, 2009.
Valioso registro dos autores que escreveram Obra voltada para professores que buscam
crônicas para o centenário jornal paulista O fazer do letramento literário uma atividade
Estado de S.Paulo, trazendo textos desde o significativa para si e para os estudantes. No
tempo da Velha República, no final do século livro, o autor e professor Rildo Cosson, do
XIX, até o início dos anos 1990, quando a obra Departamento de Literatura da Universidade
foi publicada. Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra como
reformular, fortalecer e ampliar o estímulo à
BARBOSA, Mariana (org.) Pós-verdade e fake
news – Reflexões sobre a Guerra de narrativas. leitura no ensino básico para além das práticas
Rio de Janeiro: Cobogó, 2019. usuais. Ele também analisa a relação entre
literatura e educação, propondo a construção
Obra fundamental para se entender o
de uma comunidade de leitores nas salas de
fenômeno das fake news e das pós-verdades,
aula e sugerindo oficinas para o professor
com textos escritos por grandes profissionais
adaptar seu trabalho ao letramento literário,
das áreas envolvidas com o assunto, como
orientando, assim, a produção de sequências
jornalistas, cientistas sociais, professores,
de atividades com foco na leitura literária.
cientistas, entre outros.
BRAGA, Rubem. O poeta e outras crônicas DUNKER, Christian; TEZZA, Cristõvão et al.
de literatura e vida. Organização de Gustavo Ética e pós-verdade. Porto Alegre:
Henrique Tuna. São Paulo: Global, 2017. Dublinense, 2017.
Pequena seleção de crônicas de Rubem Neste livro, cinco escritores – entre eles dois
Braga que traz os textos mais celebrados do filósofos – analisam a predominância ou
autor e ainda algumas pouco conhecidas do não da ética na sociedade atual, apontando
leitor, que poderíamos chamar de “crônicas caminhos para eliminar das relações sociais
de circunstâncias”, em que ele escreve sobre aquilo que se convencionou chamar de pós-
seus amigos mais próximos. -verdade, um conceito que se mostra nocivo às
práticas democráticas.
CONY, Carlos Heitor. Quase antologia – As
melhores crônicas de Carlos Heitor Cony na HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século
Folha de S.Paulo. Organização e apresentação 21. Trad. Paulo Geiger. São Paulo: Companhia
de Bernardo Ajzenberg. São Paulo: Três das Letras, 2018.
Estrelas, 2018. Obra fundamental para se compreender as
Seleção das crônicas de jornal (Folha de implicações do mundo neste início de século.
S.Paulo) de um dos mestres da crônica no Brasil, Neste livro, o professor da Universidade
que era também renomado romancista. Uma das Hebraica de Jerusalém analisa com refinada
principais características de suas crônicas são a argúcia os aspectos históricos, geopolíticos,
agudeza da crítica política e social. tecnológicos, humanos, éticos, metafísicos,
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culturais de um mundo que se encontra RIO, João do. A alma encantada das ruas.
na antessala da disrupção trazida pelo Organização de Raul Antelo. São Paulo:
advento dos mecanismos biotecnológicos da Companhia das Letras, 2008.
inteligência artificial. Livro que se constitui um registro histórico
e sociológico do Rio de Janeiro do início do
MACHADO, Ana Maria. Uma rede de casas
século XX por um dos primeiros cronistas
encantadas. São Paulo: Moderna, 2012.
brasileiros, João do Rio. Publicadas na
Cinco ensaios em que a escritora Ana Maria imprensa entre 1904 e 1907, as crônicas de A
Machado discorre sobre literatura, literatura alma encantada das ruas revelam “a cosmópolis
infantojuvenil, poesia e o seu processo de num caleidoscópio”, segundo o texto de quarta
criação literária com base em sua trajetória capa do livro. Um importante documento dos
de mais de cinco décadas como escritora, primeiros anos da República no Brasil.
educadora, intelectual e jornalista.
TEZZA, Cristóvão. O espírito da prosa – Uma
PINTO, Manuel da Costa (org.). Antologia de autobiografia literária. Rio de Janeiro: Record,
crônicas – Crônica brasileira contemporânea. 2012.
São Paulo: Moderna, 2005. (Coleção Lendo & Cristóvão Tezza, romancista e ensaísta
Relendo) brasileiro contemporâneo, faz nessa obra
Seleção de crônicas de alguns dos melhores uma autobiografia com foco em sua formação
autores em atividade no final do século XX e como escritor e nas subjetividades que cercam
início do XXI. o ofício de escrever.
Peças de
teatro Vídeos
SUASSUNA, Ariano. As
conchambranças de Quaderna A mudança do lugar da mulher na sociedade. Belinda
. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2018. Mandelbaum. Casa do Saber, jun. 2019. Duração: 8min2s.
Peça teatral de 1987 na qual o Nesse vídeo, Belinda Mandelbaum, professora do Instituto
protagonista Dom Pedro Dinis de Psicologia da USP e coordenadora do Laboratório de
Quaderna narra três imbróglios Estudos da Família do Departamento de Psicologia Social e
de
que tomou parte e nos quais do Trabalho, discorre sobre as recentes mudanças do status
teve
de fazer uma série de concha da mulher nas sociedades ocidentais e sua situação atual,
vos
para resolver as situações. nos primeiros anos do século XXI, que ainda requer muitas
transformações para que se chegue à igualdade social.
CO M E N TA D A
ARISTÓTELES, HORÁCIO, LONGINO. A poética clássica. JOUVE, Vincent. Por que estudar literatura? Trad. Marcos
Tradução do grego e do latim de Jaime Bruna. São Paulo: Bagno e Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2012.
Cultrix, 2014. (Coleção Teoria Literária)
Coletânia de obras clássicas que estão na origem dos Obra dirigida aos pesquisadores em teoria literária e
estudos literários sobre a ficção e seus elementos de da arte, aos professores e estudantes de literatura e a
composição. todos os amantes da literatura. Discorre sobre a arte
literária e seus elementos de formação.
COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário.
São Paulo: Contexto, 2014. LAJOLO, Marisa. O que é literatura. 8. ed. São Paulo:
O que é um círculo de leitura? É um grupo de pessoas Brasiliense, 1982.
que se reúne com o objetivo de discutir a leitura Pequena obra introdutória pelos caminhos da literatura
de uma obra em um lugar qualquer – na escola, que analisa a ficção e seus elementos constituintes.
na biblioteca, em cafés ou livrarias, na casa de
amigos e até mesmo em discussões on-line. Nesta LONTRA, Hilda Orquídea H. (org.). Histórias de leitores.
obra, Rildo Cosson, professor na área de Literatura Brasília: Editora Universidade de Brasília/Oficina Editorial
do Instituto de Letras UnB, 2006.
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
apresenta uma proposta de organização e de Obra que reúne textos que tratam do processo de
funcionamento de um círculo de leitura. Ele orienta e constituição da identidade pela leitura, recuperando
fornece embasamento para a criação de atividades vivências permeadas de afetividade que têm em
que possam auxiliar educadores e leitores, ampliando comum o resgate do prazer do convívio com os textos
a grande diversidade de interesses que existe na literários.
atividade de leitura, e convida o leitor a formar o seu
PETIT, Michèle. Os jovens e a leitura. Trad. Celina Olga de
próprio círculo de leitura.
Souza. São Paulo: Editora 34, 2008.
FAZENDA, Ivani C. Arantes. Interdisciplinaridade: História, Ler é quase sempre uma atividade solitária, que
teoria e pesquisa. 18. ed. Campinas, SP: Papirus, 2012. implica, paradoxalmente, uma abertura para o outro.
(Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)
Nesta obra, a antropóloga Michèle Petit discorre sobre
Estudiosa das questões que envolvem a as múltiplas dimensões envolvidas na experiência da
interdisciplinaridade desde os anos 1970, formada leitura.
pela USP, mestre em filosofia da educação pela
PUC-SP e doutora em antropologia cultural pela USP, ROSENFELD, Anatol. Texto/Contexto I. São Paulo,
a professora Ivani Fazenda acredita que, “ao buscar Perspectiva, 1996. (Série Debates: Crítica)
um saber mais integrado e livre, a interdisciplinaridade Com base no tema da ambiguidade humana, Anatol
conduz a uma metamorfose que pode alterar Rosenfeld, um dos maiores críticos brasileiros, revela
completamente o curso dos fatos em Educação; as conexões entre a literatura, o teatro, a poesia, o
pode transformar o sombrio em brilhante e alegre, cinema e a pintura, estabelecendo painéis críticos
o tímido em audaz e arrogante e a esperança em que ainda hoje impressionam por sua originalidade e
possibilidade”. inovação.
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SÁ, Jorge de. A crônica. São Paulo: Ática, 1985. sobre a escrita – segundo ela, é preciso considerar a
Obra introdutória ao assunto, mas nem por isso menos sua origem familiar e social e modular o aprendizado e
aprofundada, que discorre sobre o gênero crônica a construção da leitura.
tomando como base os principais cronistas do Brasil. TODOROV, Tzvetan. A literatura em perigo. 3. ed. Trad.
No final, traz um proveitoso vocabulário crítico com os Caio Meira. Rio de Janeiro: Difel, 2010.
principais conceitos que cercam o ofício do cronista.
Todorov faz a crítica do ensino de literatura na
SOARES, Angélica. Gêneros literários. 4. ed. São Paulo: atualidade, baseado no formalismo-estruturalismo, ao
Ática, 1997. (Série Princípios) mesmo tempo que defende a leitura e a literatura como
Nesta obra introdutória ao tema, a professora da campos de aprendizado e de formação humana.
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) WOOD, James. A coisa mais próxima da vida. Trad. Célia
Angélica Soares retoma a discussão iniciada por Euvaldo. São Paulo: Sesi-SP Editora, 2017.
Platão e Aristóteles na Antiguidade grega sobre os
Os textos desta obra de James Wood, professor da
gêneros literários e a natureza da obra literária, seja
Universidade de Harvard e ensaísta na revista The
ela a epopeia, o conto, a crônica, o ensaio, a novela,
New Yorker, buscam identificar e comentar as relações
perpassando as formas dramáticas (tragédia, comédia
entre literatura e realidade, discorrendo sobre temas
e drama) e contemplando as recentes rupturas de
como religião, morte, exílio, detalhe, mostrando de
paradigma trazidas pelo advento do pensamento
que modo a literatura percorre todos esses âmbitos da
pós-moderno nas letras e nas artes.
experiência humana.
TERZI, Sylvia Bueno. A construção da leitura – Uma (Todos os links de páginas da internet presentes neste material
experiência com crianças de meios iletrados. Campinas, foram acessados em 23 out. 2020).
SP: Pontes; Editora da Unicamp, 1995.
A autora relativiza a ideia de que toda criança, ao
chegar à escola, já traz consigo um conhecimento