Patrimônio
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Patrimônio
com
Aula V
Aula V
Patrimônio, Preservação
e Memória
Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte
vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra da Bahia, além de significativas para a identidade
tropeiro vem de "tropa" que, no passado, se referia cultural, dessa região, são úteis às investigações
ao conjunto de homens que transportava gado e sobre a Guerra de Canudos e o modo de vida dos
mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era antigos revoltosos.
levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O
t ro p e i r i s m o a c a b o u a s s o c i a d o à a t i v i d a d e Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio
mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em cultural material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio
Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de Histórico e Artístico Nacional) porque reúnem um
pedras preciosas também atraiu grandes conjunto de
contingentes populacionais para as novas áreas e,
por isso, era cada vez mais necessário dispor de a) objetos arqueológicos e paisagísticos.
alimentos e produtos básicos. A alimentação dos
tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, b) acervos museológicos e bibliográficos.
farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um
c) núcleos urbanos e etnográficos
molho de vinagre com fruto cáustico espremido).
Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem
d) práticas e representações de uma sociedade.
molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que
era servido com farofa e couve picada. O feijão e) expressões e técnicas de uma sociedade extinta.
tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e
recebe esse nome porque era preparado pelos
cozinheiros das tropas que conduziam o gado.
Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como Alexandria começou a ser construída em 332 a.C,
destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de por Alexandre, o Grande, e, em poucos anos,
cor inúmeros versos das peças dos seus grandes tornou-se um polo de estudos sobre matemática,
autores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, filosofia e ciência gregas. Meio século mais tarde,
Shakespeare produziu peças nas quais temas como o Ptolomeu II ergueu uma enorme biblioteca e um
amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas museu que funcionou como centro de pesquisa. A
peças, os grandes personagens falavam em verso e biblioteca reuniu entre 200 mil e 500 mil papiros e,
os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios com o museu, transformou a cidade no maior núcleo
aprenderam com os jesuítas a representar peças de intelectual da época, especialmente entre os anos
caráter religioso. 290 e 88 a.C. A partir de então, sofreu sucessivos
ataques de romanos, cristãos e árabes, o que
Esses fatos são exemplos de que, em diferentes resultou na destruição ou perda de quase todo o seu
tempos e situações, o teatro é uma forma acervo.
a) de manipulação do povo pelo poder, que controla RIBEIRO, F. Filósofa e mártir. Aventuras na história. São Paulo: Abril.
ed. 81, abr. 2010 (adaptado).
o teatro.
O que o projeto governamental tem em vista é O Ofício das Baianas de Acarajé constitui um bem
poupar à Nação o prejuízo irreparável do cultural de natureza imaterial, inscrito no Livro dos
perecimento e da evasão do que há de mais Saberes em 2005, que consiste em uma prática
precioso no seu patrimônio. Grande parte das obras tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das
de arte até mais valiosas e dos bens de maior chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de
interesse histórico, de que a coletividade brasileira dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente
era depositária, têm desaparecido ou se arruinado disseminadas na cidade de Salvador, Bahia.
irremediavelmente. As obras de arte típicas e as
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: 29 fev. 2012
relíquias da história de cada país não constituem o
(adaptado).
seu patrimônio privado, e sim um patrimônio comum
de todos os povos. O texto contém a descrição de um bem cultural que
foi reconhecido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio
ANDRADE, R. M. F. Defesa do patrimônio artístico e histórico. O
Jornal, 30 out. 1936. In: ALVES FILHO, I. Brasil, 500 anos em Histórico Artístico Nacional) como patrimônio
documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999 (adaptado). imaterial, pois representa
A criação no Brasil do Serviço do Patrimônio a) uma técnica culinária com valor comercial e
Histórico Artístico Nacional (SPHAN), em 1937, foi atratividade turística.
orientada por ideias como as descritas no texto, que
visavam b) um símbolo da vitalidade dessas mulheres e de
suas comunidades.
a) submeter a memória e o patrimônio nacional ao
controle dos órgãos públicos, de acordo com a c) uma manifestação artística antiga e de
tendência autoritária do Estado Novo. abrangência nacional.
b) transferir para a iniciativa privada a d) um modo de fazer e viver ligado a uma identidade
responsabilidade de preservação do patrimônio étnica e regional.
nacional, por meio de leis de incentivo fiscal.
e) uma fusão de ritos das diferentes heranças e
c) definir os fatos e personagens históricos a serem tradições religiosas do país
cultuados pela sociedade brasileira, de acordo com o
interesse público.
No dia 1º de julho de 2012, a cidade do Rio de Quando ninguém duvida da existência de um outro
Janeiro tornou-se a primeira do mundo a receber o mundo, a morte é uma passagem que deve ser
título da Unesco de Patrimônio Mundial como celebrada entre parentes e vizinhos. O homem da
Paisagem Cultural. A candidatura, apresentada pelo Idade Média tem a convicção de não desaparecer
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional completamente, esperando a ressurreição. Pois nada
(Iphan), foi aprovada durante a 36.ª Sessão do se detém e tudo continua na eternidade. A perda
Comitê do Patrimônio Mundial. O presidente do contemporânea do sentimento religioso fez da morte
Iphan explicou que “a paisagem carioca é a imagem uma provação aterrorizante, um trampolim para as
mais explícita do que podemos chamar de civilização trevas e o desconhecido.
brasileira, com sua originalidade, desafios,
DUBY, G. Ano 2000 na pista do nossos medos. São Paulo: Unesp,
contradições e possibilidades”. A partir de agora, os
1998 (adaptado).
locais da cidade valorizados com o título da Unesco
serão alvo de ações integradas visando à Ao comparar as maneiras com que as sociedades
preservação da sua paisagem cultural. têm lidado com a morte, o autor considera que
houve um processo de
Disponível em: www.cultura.gov.br. Acesso em: 7 mar. 2013
(adaptado).
a) mercantilização das crenças religiosas.
O reconhecimento da paisagem em questão como
patrimônio mundial deriva da b) transformação das representações sociais.
Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação DARWIN, C. A origem das espécies [1859]. São Paulo: Escala, 2009.
do Rei do Congo evidencia um processo de
Os textos expressam a visão de dois pensadores —
a) exclusão social. Copérnico e Darwin — sobre a questão religiosa e
suas relações com a ciência, no contexto histórico de
b) imposição religiosa. construção e consolidação da Modernidade. A
c o m p a r a ç ã o e n t re e s s a s v i s õ e s e x p re s s a ,
c) acomodação política. respectivamente:
O antropólogo americano Marius Barbeau escreveu o O Baile Charme, uma das mais conhecidas
seguinte: sempre que se cante a uma criança uma manifestações culturais do povo carioca, fica
cantiga de ninar; sempre que se use uma canção, cadastrado como bem cultural de natureza imaterial
uma adivinha, uma parlenda, uma rima de contar, no da cidade. O decreto considera o Baile Charme uma
quarto das crianças ou na escola; sempre que ditos e genuína invenção carioca, e destaca a riqueza de sua
provérbios, fábulas, histórias bobas e contos origem na musicalidade africana, que abriga ritmos
populares sejam representados; aí veremos o folclore como o soul, o funk e o rhythm'n blues, da fonte
em seu próprio domínio, sempre em ação, vivo e norte-americana, e o choro, o samba e a bossa-nova,
mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar novos criações nascidas no Rio. O Baile Charme é cultuado,
elementos em seu caminho. principalmente na Zona Norte da cidade, seja em
clubes, agremiações recreativas e espaços públicos
UTLEY, F. L. Uma definição de folclore. In: BRANDÃO, C. R. O que é como a área do Viaduto de Madureira.
folclore. São Paulo: Brasiliense, 1984 (adaptado).
b) deve ser apresentado de forma escrita. b) simboliza uma região de relevância social.
O modo artesanal da fabricação do queijo em Minas Gerais foi registrado nesta quinta-feira (15) como
patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan). O veredicto foi dado em reunião do conselho realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo
Horizonte. O presidente do Iphan e do conselho ressaltou que a técnica de fabricação artesanal do queijo está
“inserida na cultura do que é ser mineiro”.
Entre os bens que compõem o patrimônio nacional, o que pertence à mesma categoria citada no texto está
representado em:
a) b)
c) d)
e)
A Praça da Concórdia, antiga Praça Luís XV, é a maior Desde 2002, o Instituto do Patrimônio Histórico e
praça pública de Paris. Inaugurada em 1763, tinha Artístico Nacional (lphan) tem registrado certos bens
em seu centro uma estátua do rei. Situada ao longo imateriais como patrimônio cultural do país. Entre as
do Sena, ela é a intersecção de dois eixos manifestações que já ganharam esse status está o
monumentais. Bem nesse cruzamento está o ofício das baianas do acarajé. Enfatize-se: o ofício
Obelisco de Luxor, decorado com hieróglifos que das baianas, não a receita do acarajé. Quando uma
contam os reinados dos faraós Ramsés II e Ramsés baiana prepara o acarajé, há uma série de códigos
111. Em 1829, foi oferecido pelo vice-rei do Egito ao imperceptíveis para quem olha de fora. A cor da
povo francês e, em 1836, instalado na praça diante roupa, a amarra dos panos e os adereços mudam de
de mais de 200 mil espectadores e da família real. acordo com o santo e com a hierarquia dela no
candomblé. O lphan conta que, registrando o ofício,
NOBLAT, R. Disponível em: www.oglobo.com. Acesso em: 12 dez. "esse e outros mundos ligados ao preparo do acarajé
2012.
podem ser descortinados".
A constituição do espaço público da Praça da
KAZ, R. A diferença entre o acarajé e o sanduíche de Bauru. Revista
Concórdia ao longo dos anos manifesta o(a) de História da Biblioteca Nacional, n . 13, out. 2006 (adaptado).
a) homogeneidade cultural.
b) patrimônio histórico.
a) Artefatos sagrados.
b) Heranças materiais.
c) Objetos arqueológicos.
d) Peças comercializáveis.
e) Conhecimentos tradicionais.
Ações de educação patrimonial são realizadas em Simples, saborosa e, acima de tudo, exótica. Se a
diferentes contextos e localidades e têm mostrado culinária brasileira tem o tempero do estranhamento,
resultados surpreendentes ao trazer à tona a esta verdade decorre de dois elementos: a dimensão
autoestima das comunidades. Em alguns casos, do território e a infinidade de ingredientes. Percebe-
promovem o desenvolvimento local e indicam se que o segredo da cozinha brasileira é a mistura
soluções inovadoras de reconhecimento e com ingredientes e técnicas indígenas. É esse o
salvaguarda do patrimônio cultural para muitas elemento que a torna autêntica.
populações.
POMBO, N. Cardápio Brasil. Nossa História, n.29, mar. 2006
PELEGRINI, S. C.A.; PINHEIRO, A.P.(Orgs.). Tempo, memória e (adaptado).
patrimônio cultural. Piauí: Edupi, 2010.
O processo de formação identitária descrito no texto
A valorização dos bens mencionados encontra-se está associado à
correlacionada a ações educativas que promovem
a(s) a) imposição de rituais sagrados.
O rapaz que pretende se casar não nasceu com esse Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta-
imperativo. Ele foi insuflado pela sociedade, cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de
reforçado pelas incontáveis pressões de histórias de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e
família, educação, moral, religião, dos meios de cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade
comunicação e da publicidade. Em outras palavras, o sensual, nisso que o mundo burguês chama de
casamento não é um instinto, e sim uma instituição. libertinagem. Dando livre passagem ao corpo, o
Carnaval destitui posicionamentos sociais fixos e
B E R G E R , P. P e r s p e c t i v a s s o c i o l ó g i c a s : u m a v i s ã o rígidos, permitindo a "fantasia", que inventa novas
humanística.Petrópolis: Vozes, 1986 (adaptado).
identidades e dá uma enorme elasticidade a todos
O casamento, conforme é tratado no texto, possui os papéis sociais reguladores.
como característica o(a)
DAMATTA, R.O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://
revistaepoca.globo.com.Acesso em: 29 fev. 2012.
a) consolidação da igualdade sexual.
Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a
b) ordenamento das relações sociais. abordagem apresentada associa o Carnaval ao(à)
e) questionamento dos valores cristãos. c) submissão das classes populares ao poder das
elites.
O garfo muito grande, com dois dentes, que era e) consagração dos aspectos autoritários da
usado para servir as carnes aos convidados, é antigo, sociedade brasileira.
mas não o garfo individual. Este data mais ou menos
do século XVI e difundiu-se a partir de Veneza e da
Itália em geral, mas com lentidão. O uso só se
generalizaria por volta de 1750.
Gabarito
1- C 14- A
2- A 15- B
3- B 16- D
4- C 17- B
5- D 18- B
6- D 19- E
7- E 20- B
8- B 21- B
9- E 22- A
10- A 23- C
11- A 24- B
12- E 25- A
13- C 26- A