TCC Roberley - A UTILIZAÇÃO DO TELEFONE CELULAR COMO PROVA NO PROCESSO PENAL
TCC Roberley - A UTILIZAÇÃO DO TELEFONE CELULAR COMO PROVA NO PROCESSO PENAL
TCC Roberley - A UTILIZAÇÃO DO TELEFONE CELULAR COMO PROVA NO PROCESSO PENAL
ROBERLEY ELIAS
PONTA GROSSA
2023
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ROBERLEY ELIAS
PONTA GROSSA
2023
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A Utilização do Telefone Celular como Prova no Processo Penal
Roberley Elias1,
Declaro que sou autor¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais.
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1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
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No território brasileiro, as provas no processo penal são obtidas em relação das partes
e também pelo magistrado, para que sejam desenvolvidos os meios probatórios, para
afim de convencê-los (BADARÓ, 2018).
De modo geral, é possível inferir que a noção de prova vai além do campo
jurídico e que qualquer decisão amparada e efetuada por pessoas, sujeitos
conscientes de suas ações no tempo e espaço, são reiteradas mediante
convencimento destacado por fatos e ocasiões trazidas e que constituem a análise e
reflexão dos diferentes elementos da prova. Assim, em suma, é considerável
averiguar a prova como uma demonstração de comprovação com intento de dar
legitimidade e verdade para uma proposição argumentativa (BADARÓ, 2018).
Em termos jurídicos, é fundamental considerar que a prova está ligada a uma
atividade de comprovação, mas também aos meios e suas possíveis fontes, assim
como ao processo pelos quais essa mesma prova é construída e seus resultados
posteriores, que constituem a convicção jurisdicional decisória proferida pelo juiz.
Diante disso, é fundamental que haja efetiva fixação das provas em momento de juízo,
com relevância ímpar da apresentação de idoneidade dessas provas (PESSÔA;
BRANDT, 2016).
No Código Processual Civil, salienta-se que cada uma das partes envolvidas
no processo possui direito de utilizarem-se dos métodos legais e morais para
comprovação de verdade, seja na relação com o pedido ou com a defesa. Diante
dessas questões, é necessário compreender que qualquer meio de prova pode ser
aceito, desde que haja moralidade legitimada e ainda que não haja especificidade pelo
Código Processual Civil. Esse tipo de prova é considerado como sendo atípica
(PESSÔA; BRANDT, 2016).
Assim, o conceito de prova pode ser verificado em forma de direito adjetivo, com
potencial de disciplinarização de matéria procedimental ampla, complexa e com
detalhamento substancial no campo em questão. A comprovação da verdade dos
fatos precisa amparar-se em processos de materialidade, com forma objetiva e rigor
de análise. Assim, a prova se coloca como uma forma de demonstração de uma
verdade e possui objetivo de persuasão do juiz para posterior emissão de sentença
baseada na apresentação averiguada, com destinatário direto ou indireto (PESSÔA;
BRANDT, 2016).
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3 MATERIAL E MÉTODOS
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posteriormente, os bens são encaminhados para perícia e após análise é enviado um
relatório para auxílio na investigação criminal (HANTHORNE; BERBERE, 2021).
Posto isso, é visto a necessidade de regulamentação própria para a produção de
provas digitais. Na fase de obtenção, deve ser legalmente instituídas normas técnicas
dos meios que serão utilizados. A legalidade na extração de dados em telefone celular
apreendido precisa ser analisada mediante legislação. Isso porque direitos
fundamentais, como os de propriedade e de privacidade, podem ser violados
mediante uma extração de dados sem autorização judicial. Porém, existem aspectos
complicadores, já que a obtenção desses dados em momento antecipado poderia
agilizar os processos e dar maior garantia de cumprimento da justiça (FERREIRA,
2021).
Assim, os tópicos que se seguirão abordam algumas dessas especificidades,
como a responsabilidade do delegado de polícia no direcionamento da investigação
criminal e a obtenção de dados em celulares durante a investigação. Vale lembrar que
se observa a importância do delegado, qual cabe a ele a responsabilidade pela
condução correta de toda a investigação, de modo que tudo ocorra dentro dos
parâmetros legais não afetando a persecução penal (FERREIRA, 2021).
Desde a ocorrência do fato criminoso, que se deve ter uma boa condução da
investigação criminal pelo delegado, já que é na fase pré-processual que são
recolhidas uma boa parte das provas usadas na fase processual, e que são
importantes para o fechamento da ação ou até mesmo de seu arquivamento
(FERREIRA, 2021). A responsabilidade do delegado de Polícia se coloca como
processo de fundamental importância, principalmente quando se analisa o art. 4 da
Constituição Republicana de 1988, no qual o Estado possui funcionalidade essencial
de provimento da segurança pública para os cidadãos, como Direito adquirido líquido
e certo, destacado mediante ações das políticas organizadas em suas
particularidades e também do corpo de bombeiros, no exercício de suas atribuições
(AZEVEDO, 2018).
O delegado de polícia se coloca como figura central na chefia e coordenação
de operações relacionadas à investigação em si, com gradativo protagonismo na
organização desses processos investigativos. A atuação do delegado é considerada
de maneira distinta perante o corpo teórico. Ao colocar-se como centro da operação,
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sua responsabilidade passa a ser maior e elementos de pessoalidade podem assumir
funções importantes na trajetória da investigação (AZEVEDO, 2018).
Da mesma maneira, é positivo que o delegado esteja com envolvimento no
processo investigativo para que as decisões colocadas sejam pensadas em forma
individualizada, mediante a situação posta em questão. O papel do delegado na
persecução penal ganha destaque maior na ótica criminal a partir do momento em que
seu valor passa a ser melhor legitimado (AZEVEDO, 2018).
Estudos na área jurídica têm apontado para esse protagonismo no sentido de
enfatizar um sujeito com capacidade intelectual de mediação jurídica dos processos,
provas e do seu distanciamento em relação ao objeto estudado. A Lei n. 12830/2013,
também nomeada como Lei da Investigação Criminal, ressalta que o processo de
investigação traz atribuições distintas para o profissional de persecução penal, como
a necessidade de efetuar requisições no decorrer da investigação e de apresentar
como jurídica a natureza de seu papel, conforme o texto da lei enfatiza (GONÇALVES
et al., 2017).
No art. 2, salienta-se que cabe à polícia judiciária a apuração dos processos
infracionais realizados por delegados de polícia, em forma jurídica e com
exclusividade de atenção para o Estado. Também reitera que a requisição de
realização pericial assim como dados que interessem para o esclarecimento do
processo, sejam de responsabilidade do delegado de polícia (GONÇALVES et al.,
2017).
O art. 3 ainda enfatiza que o cargo de delegado de polícia possui potencial
privativo para formados em Bacharelado em Direito, mas com dispensação de
tratamento da magistratura relativo a outros profissionais do mesmo ramo, em modo
protocolar. Assim, cabe apontar a relevância da lei referida na construção de
autonomia do delegado de polícia, principalmente no que diz respeito aos fatores
investigativos que norteiam suas ações, efetuando maior relação de autoridade
destacada em seu papel (GONÇALVES et al., 2017).
Diante disso, tal autonomia precisa ser levada em consideração porque o
delegado não é exclusivo na realização da investigação, visto que o Ministério Público
também possui atribuições relacionadas a esse ponto, mediadas pela jurisprudência
retratada no informativo n. 785, do Supremo Tribunal Federal, mas com limitações
diferenciadas em relação ao delegado (BRANDÃO, 2018).
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O processo de obtenção de dados em celular durante o processo de
investigação pode ser analisado mediante a ocorrência de flagrante, no qual existe
recolhimento de diferentes informações e objetos que estão em posse desses sujeitos.
Dentre a mais diversa variedade de itens que podem ser encontrados, existe grande
probabilidade de os sujeitos estarem com posse de seus aparelhos celulares
(BRANDÃO, 2018).
A probabilidade de tal ocorrência é elevada pelo fato de já haver hábito cultural
enraizado de utilização do aparelho para as necessidades comunicacionais e de
entretenimento na vida diária. Da mesma maneira como ocorre nas rotinas policiais
mais gerais a respeito das investigações, os objetos são recolhidos e periciados. Os
exames efetuados geram relatórios de instituições auxiliares que fazem esse processo
e elaboram o documento para acesso do delegado de polícia na investigação em
questão (BRANDÃO, 2018).
Assim, a perícia no aparelho celular caracterizaria invasão de privacidade,
ainda que haja flagrante delito? A resposta para essa questão perpassa o processo
de retirada de informações como parte de uma intercepção comunicativa. De acordo
com a Lei n. 9296/1996, o processo de interceptação de dados precisa passar por
uma autorização judicial antes de ser efetuado (VEDOVATO; ZEDES, 2019).
Mas em ação flagrante, tal autorização específica não se encontra expressa e,
ainda que estivesse, incide diretamente na cadeia de custódia da prova e na
responsabilização do delegado em sua autonomia, exclusividade e responsabilidade
dentro da investigação em questão. Um dos pontos que enfatizam essa especificidade
pode ser trazido em discussão edificada pelo Supremo Tribunal de Justiça, mediante
o informativo 583 (VEDOVATO; ZEDES, 2019).
Por ele, frisa-se que a inexistência de autorização judicial coloca nulidade sob
as provas obtidas pela polícia no recolhimento de informações e conversas em
aplicativo de comunicação, como o WhatsApp, mesmo que haja coleta do
equipamento em momento de flagrante delito. A ideia trazida pela sexta turma é de
que a Constituição Federal enfatiza garantias de inviolabilidade da intimidade, algo
que também é reforçado pela Lei n. 9472/1997 (VEDOVATO; ZEDES, 2019).
A referida lei efetua organização dos serviços de comunicação nacionais e
destaca que é direito do usuário a inviolabilidade de seu processo comunicacional,
salvo em situações que haja autorização judicial ou medidas legais anteriormente
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previstas. Da mesma maneira, o texto da discussão aponta que o acesso à internet é
fundamental e que o sigilo à vida privada precisa ser mantido e respeitado.
Da mesma forma, conversas obtidas por intermédio de e-mail também
precisam de ordem judicial para serem utilizadas enquanto prova. O texto da
discussão em questão justifica sua decisão de tornar nulas as provas obtidas por
celular mediante explicação de que o aparelho não se coloca mais como mero
acessório de comunicação, mas que seu conceito se expandiu e passou a ser parte
de uma sociedade que está em modificação, assim como ressalta uma relação de
interdependência entre pessoas e sistemas mediante utilização do celular
(GERMANO, 2020).
Assim, defende que não há um contexto para aceitação de retirada de
informações do celular sem que haja efetiva autorização judicial, ainda que a sua
verificação pudesse trazer provas que tornariam o processo mais ágil e capaz de ter
um fechamento mais assertivo em relação aos resultados da investigação colocada
em questão (GERMANO, 2020).
No que diz respeito ao Direito comparado, destaca-se que outros países, como
a Alemanha, enrijeceram processos de proteção e interceptação privada
comunicacional com monitoria em serviços de mensagem. No território francês,
principalmente por conta de atentados recentes, o endurecimento nos processos de
interceptação tem sido observado como forma de monitorar conversas suspeitas na
troca de mensagens (GERMANO, 2020).
No que diz respeito aos processos de ordem penal e às garantias fundamentais
edificadas em texto constitucional, enfatiza-se que a violação dos Direitos no processo
de investigação constitui erro grave, visto que a interceptação sem medida judicial fere
direito constitucional ao silêncio e ao processo de não se incriminar (NIGRE;
BATISTA, 2019).
A cadeia de custódia da prova precisa estar em mente para que não haja
incorrência de obtenção ilegítima dos dados, inviabilizando a prova em questão. Vale
lembrar que o requerimento por autorização judicial pode ser efetuado em qualquer
momento do processo investigatório, o que amplia expressivamente seu uso (NIGRE;
BATISTA, 2019).
Da mesma maneira, observa-se uma linha próxima entre a legalidade e a
ilegalidade da interceptação comunicacional através do celular, de maneira que a
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observância das limitações não incorra diretamente em nulidades possíveis por erros
na cadeia de custódia da prova. Em todos esses aspectos retratados, fica claro que é
preciso atentar-se para a proteção da intimidade, com reforço da inviolabilidade de
sigilo comunicacional salvo por ordem judicial declarada e documentada (NIGRE;
BATISTA, 2019).
Tal intimidade ressalta, diretamente, sobre a vida privada, cuja proteção precisa
ser enfatizada pelas autoridades estatais e pelas referidas instituições, com violação
apenas em última instância, de modo que essa intimidade venha a prejudicar o
princípio da dignidade. Caso a prova possa ser adquirida mediante outros meios
possíveis, é preciso destacar tal ação, visto que a interceptação por intermédio de uso
de comunicação em uso celular, com autorização judicial, seja meio de obtenção
complementar de prova (JOSINO, 2021).
5 CONCLUSÃO
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telefone celular como prova, suas tramitações internas no processo de cadeia de
prova e de medidas constitucionais para fazer com que haja maior rapidez e eficácia
na solução de casos penais.
6 REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei nº 12.830, 20 de junho de 2013. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 de jun.
2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2013/lei/l12830.htm. Acesso em 29 de nov. de 2021.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 2002.
BRASIL. Decreto Lei nº 3.689, 03 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 04 de out. 1941. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm. Acesso em 29 de
nov. de 2021
GERMANO, José Wenis Fabio Pinto. A utilização como prova criminal de dados obtidos em
celulares apreendidos durante a investigação e possíveis violações a direitos constitucionais do
investigado. Revista de Trabalhos Acadêmicos da FAM, v. 5, n. 1, 2020.
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aspects in the use of the digital evidence in the Brazilian Legal System. International Journal
of Digital Law, v. 2, n. 2, p. 137-165, 2021.
NIGRE, Carlos Roberto Sanches Roberto Sanches; BATISTA, João Pedro. Investigação
Criminal, Smartphone e Whatsaap. ETIC-Encontro De Iniciação Científica-ISSN 21-76-
8498, v. 15, n. 15, 2019.
PESSÔA, Tatiane de Fátima da Silva; BRANDT, Fernanda. A TEORIA DAS PROVAS DO
PROCESSO DO TRABALHO APLICADA AS PROVAS OBTIDAS POR MEIO DA
INTERNET. Seminário Nacional Demandas Sociais e Políticas Públicas na Sociedade
Contemporânea, 2016.
VEDOVATO, Luís Renato; ZEDES, Leandro. O celular de um homem é o seu castelo:
privacidade e smartphones na investigação criminal. Revista De Direitos E Garantias
Fundamentais, v. 20, n. 2, p. 65-92, 2019.
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