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Portfólio sobre as aulas da unidade curricular de Património

Cultural e Sociedade: Interpretação e demonstração dos


conhecimentos adquiridos.

Mestrado em Património Cultural

Maria João de Faria Peixoto e Sousa Barbosa nº PG52002

Docente da UC: Prof. Doutora Alexandra Esteves


Introdução

Neste portfólio proponho-me sumariar e identificar cronologicamente o conjunto de


elementos, conceitos e temáticas que foram exploradas e refutadas no decurso do
programa letivo da unidade curricular de Património Cultural e Sociedade, lecionado
pela docente Alexandra Esteves e as suas respetivas aulas. De forma concisa, pretendo
demonstrar a panóplia de conhecimentos que foi adquirida, retratando alguns dos
conceitos-chave sobre a noção património e a sua indissociável ligação à cultura e à
sociedade. A perceção do contributo da História como teoria explicativa dos
acontecimentos que trouxeram à superfície as preocupações sobre a valorização,
preservação e salvaguarda dos usos e discursos sobre o património e o caráter
constante de transmissão dos saberes e técnicas materiais e imateriais como qualidade
intrínseca do seu significado, foi um importante avanço ideológico que permitiu
revolucionar intelectualmente, socialmente e politicamente a forma e os valores que
lhe são associados atualmente. Por conseguinte, a criação de uma memória e
identidade coletivas oriundas de um passado que importa conhecer, preservar e não
deixar cair no esquecimento retrata a importância do papel da educação patrimonial
na sensibilização e consciencialização da comunidade para que se evitem cometer os
mesmos erros do passado no futuro das novas gerações. Com o teor de conhecimento
que foi transmitido durante as aulas pretendo desenvolver, ainda que em síntese, a
minha própria interpretação dos conteúdos programáticos da unidade curricular,
considerando de elevada importância a fixação dos mesmos na formação intelectual e
na prática individual do dia a dia.
29/09/2023 – Aula nº1.

Abordagem inicial ao conceito de património. Contextualização histórica reportada ao


período da antiguidade clássica que nos diz que todo o património que perdia a sua
utilidade e o seu significado era automaticamente destruído. Período histórico do
século XVIII como vetor espácio-temporal de um maior enraizamento da conceção
coletiva do que é património. A noção mais recente de património pressupõe algo que
é subjetivo. Um bem só é caracterizado como património se a sociedade civil lhe
atribuir esse valor. O caminho para a necessidade de preservação do património não
foi fácil. No entanto, houve duas revoluções culturais essenciais que possibilitaram o
interesse e a sua evolução nesse propósito. O Renascimento, no século XV, que tem
como principais valores o estudo, promoção e valorização do período da antiguidade
clássica e onde as elites da época decidem começar a criar os seus próprios espaços
patrimoniais com peças que decidem preservar pelo seu caráter de centralização da
figura do ser humano que por sua vez vigorava nesse mesmo período histórico.
Clarificação da noção de património pelo Iluminismo (idade do progresso) que consiste
na capacidade do homem em preservar e transmitir o progresso, conservando os bens
móveis e imóveis através das linhas do tempo e das transformações da história. O que
chegava do passado era a prova de como preservar o património resultou do progresso
associado. Introdução generalizada ao conceito de património no século XIX a partir do
qual foi citado que o mesmo sofreu influências culturais do movimento do Iluminismo
bem como de outros movimentos, como por exemplo o do Nacionalismo, na segunda
metade do século XIX. Debate sobre as várias interpretações da história acerca do
exacerbado caráter nacionalista de Napoleão Bonaparte durante as três invasões
francesas em Portugal, com maior enfoque na terceira onde por motivos claramente
expansionistas foi decretada uma devastação, rasto de morte e pilhagens sem
precedentes. Não obstante, o seu contributo ao setor cultural e humanístico da época,
nomeadamente na modernização dos museus. Referência ao processo de
independência da Grécia na guerra contra o Império Otomano. Retorno ao tema do
Romantismo como movimento intelectual onde o período da idade média volta a ser
valorizado pela sua necessidade de afirmar o património como algo que deve ser
contado, preservado e guardado. Criação da fotografia como veículo de
desenvolvimento, importância e valorização do património e da modernidade. O
processo de industrialização levou à destruição de algum património, que por sua vez
provocou na população a necessidade de conservar património que começou a
considerar importante para transmitir às gerações futuras. A herança do passado
relativamente ao que diz respeito ao património serve para contar uma história, forjar
uma nova era, em que o homem, a racionalização do homem e o desenvolvimento do
bem-estar e positivismo da humanidade caminham unidos na senda do progresso.
Desenvolvimento do conceito mais teórico de património como um valor de uso e de
caráter informativo. Passagem da discussão para a etapa da temática da segunda
guerra mundial onde o alargamento do conceito de património vai sofrer alterações
com a apropriação da história e do património por parte dos estados como arma
política de propaganda para exaltar a força, identidade e superioridade de um povo. De
acordo com esta mudança de paradigma, e com o passar dos anos, cria-se uma nova
consciência que leva em consideração uma maior preocupação em proteger o
património da ação do ser humano.

6/10/2023 – Aula nº2

Introdução à explicitação da temática da evolução do Conceito de Património


recorrendo à sua contextualização histórica através da referência aos movimentos
intelectuais do Romantismo, Iluminismo e Nacionalismo, assim como à Revolução
Industrial. Serão sobretudo as duas guerras mundiais, com a sua força destrutiva, a
maior fonte de contribuição para fazer renascer a preocupação com a conservação e
preservação do património. Houve a necessidade de proteger uma história e uma
memória comuns, assim como uma identidade patrimonial. Alusão ao organismo
internacional responsável pelas questões sobre o património, a Unesco e a sua
respetiva responsabilidade sobre os destinos do património cultural (ICOMOS). Diálogo
sobre a natureza das cartas redigidas pela Unesco e a inoperabilidade de alguns
requisitos das mesmas face ao incumprimento por parte de alguns Estados,
nomeadamente no objetivo da criação de espaços subterrâneos para salvaguardar o
património móvel em caso de conflitos armados à escala global. Referência ao período
histórico da segunda metade do século XX como sendo o período inicial de uma maior
atenção e valorização das questões relacionadas com o património imaterial que se
prendem com o início do movimento da globalização e consequente “síndrome da
idade perdida”. Alusão ao período da globalização como um tempo em que os nossos
usos, práticas, língua e tradições conduz a uma vontade conjunta de sermos cada vez
mais iguais na partilha desse conhecimento. Até à primeira metade do século XX a
população só valorizava o património edificado. No entanto, na segunda metade do
século XX e de acordo com o processo de globalização inerente, já se começam a
valorizar as diferenças culturais das diferentes comunidades que se consideram como
parte de um todo diversificado, mas que por sua vez têm a necessidade de explorar e
partilhar o que as distingue das demais culturas e tradições, deixando assim a sua
própria marca. Antigamente, o património imaterial era transmitido pela oralidade, o
que justifica a falta de fontes escritas relativamente a práticas e tradições que se foram
perdendo ao longo do tempo e também a apropriação dessa oralidade para autenticar
e diversificar tradições e práticas já existentes na história. O casamento como um dos
exemplos daquilo que se identifica como património e a explicação da raiz do conceito
de tradições que por sua vez se caracteriza pelos medos e receios das pessoas que
recorrem à invenção das mesmas para contornar e justificar esses mesmos receios
pessoais. Tomada de consciência de que todos devemos preservar a memória das
tradições, mas não levar isso ao extremo sob pena de isso evoluir para a violência e
destruição como forma de glorificação da identidade. Introdução e contextualização
história da temática do carnaval: a sua origem e objetivos. A chamada véspera do
sacrifício como forma de celebração da Natureza para que a mesma se torne fértil no
futuro. Ligação íntima à terra. Continuação da dissertação sobre os temas ligados à
evolução do conceito de património: na antiguidade, a noção de património era
totalmente fechada e apenas estudada e refletida por um núcleo de arquitetos,
cientistas e historiadores. Consciencialização contínua da importância da valorização e
preservação da memória como veículo de reformulação de um futuro mais próspero e
do estabelecimento de tréguas com o passado: todos nós precisamos de saber quem
somos , de onde vimos, e para onde vamos para promover essa mesma preservação da
memória coletiva e consequente afirmação de identidade. Conceito de património
como algo relativo, que é dado a mutações e modismos, tanto no presente como no
passado. O Nascimento do conceito de património surgiu no século XIX e não existe
apenas um conceito particular de património. A Unesco promove o património com o
objetivo de combater os efeitos nefastos da globalização.

13/10/2023 – 3ª Aula.

Divulgação de um ciclo de conferências da Rede Reporta: “A história das Emoções”.


Introdução e desenvolvimento sobre o tema dos tipos de património existentes e a sua
respetiva legislação: Património Imóvel ou construído e património Móvel. As
instituições vão alterando o foco do conceito de património consoante a sua área de
atuação. Explicitação do conceito de património cultural pela Convenção de Haia em
1954. A inventariação como um dos processos mais importantes e eficazes de
preservação do património e o seu grau de superioridade relativamente ao processo de
classificação do património. Referência a um outro tipo de património, o património
documental. O património documental a nível nacional muitas vezes tem de ser
destruído por não haver espaço nos arquivos. Os arquivos jurídicos são exemplo disso.
Vários documentos são destruídos em Portugal por não serem considerados
património. A noção de património parte, em primeiro lugar, de uma educação
patrimonial. Alusão ao tema do Museu de Arte Antiga em Lisboa como exemplo de
tentativa de revitalização e de criação de um espaço vital para a sociedade face à
crescente falta de recursos humanos e económicos para manter uma educação para o
património mais ativa. Com profissionais muito competentes na área, não é por falta
de criatividade ou vontade que a visibilidade deste museu sofre sucessivas alterações.
Exemplo da torre do tombo em lisboa como outro equipamento cultural em risco face
à pouca documentação digitalizada e a consequente insuficiência da tecnologia e de
recursos humanos ativos que se faz sentir em toda a área da museologia, instituições e
equipamentos culturais nacionais neste momento. Introdução ao desenvolvimento do
tema de proteção sobre o património e a sua respetiva legislação: Desde o século XVIII
que temos legislação sobre o património, com início no reinado de D. João V. Em 1910,
no período da primeira Républica começam a surgir as primeiras classificações
patrimoniais. Dicotomia entre a noção de quanto mais antigo, mais valorizado e quanto
mais recente, menos valorizado. Introdução ao tema da pós-modernidade que se
carateriza por ser um a época onde não existe uma verdade absoluta, mas sim várias.
Existem várias interpretações para diferentes situações. Os elementos que distinguem
o património material de património imaterial. A nossa cultura é influenciada por
fatores externos, não é estanque. É o resultado das nossas práticas, usos, hábitos e
costumes. As nossas técnicas para produzir cultura, expressas em bens materiais, são
consideradas património imaterial. Introdução a algumas considerações acerca do
património imaterial: Em Portugal, o interesse pela cultura tradicional popular
portuguesa está presente desde o século XIX, sobretudo a nível etnográfico. Disso são
exemplo os trabalhos de Teófilo Braga e Oliveira Martins. A nossa forma de interpretar
a natureza e de resolver problemas por ela apresentados é uma das explicações para
identificar o património imaterial. Uma cultura popular de tradição oral que cria a
necessidade de se guardar e preservar para prevenção do seu inevitável
desaparecimento. Existem várias expressões, histórias e lendas que já desapareceram
da consciência e sabedoria popular. A problemática da preservação do património
imaterial é a questão da sua insuficiente divulgação e valorização. Clarificação dos tipos
e características do património construído: Património Arquitetónico; Património
Vernáculo; Património Industrial; Património Arqueológico; Património Paisagístico e
Património Urbano.

20/10/2023 - Aula nº4.

Discussão e questões relacionadas com a elaboração dos trabalhos escritos individuais.


O património vernáculo é o resultado da adaptação do Homem ao meio ambiente
onde se encontra. No património arquitetónico vernáculo, o modo de construção das
habitações passa de geração em geração. Exemplos de património vernáculo: “A casa
Portuguesa”: citação das diferenças entre a casa minhota e a casa alentejana.
Abordagem ao tema do turismo como importante impulsionador da requalificação e
revitalização do património. Antigamente o património era visto como um bem
“morto”, para ser admirado e apenas de usufruto de uma minoria social. Os limites da
exploração turística do património estão cada vez mais a dissipar-se, pondo em perigo
a total conjuntura das cidades: Processo de massificação do turismo e a pegada
ecológica. O património foi muito beneficiado pelo turismo cultural e foi bastante
importante para o desenvolvimento das cidades. No entanto, a sua progressiva
massificação levou a uma descaracterização do meio envolvente, ameaçando o
quotidiano da vida das populações locais e suas atividades. Relativamente ao
património industrial, foi referido que no processo de industrialização em Inglaterra
surgiram novas cidades. Acentuação da importância que o património industrial
adquiriu como uma nova oportunidade de melhoria contínua no processo de
desenvolvimento económico, social e político das cidades e chamada de atenção para o
evento da progressiva destruição deste património imóvel sem preocupação preventiva
de proteção e preservação desse mesmo equipamento cultural. Relativamente à
abordagem sobre património arqueológico e, a título de curiosidade, foi anunciado que
existem já especialistas que estudam a cultura material móvel acerca da Guerra Civil
Espanhola. Referência ao património paisagístico como importante valor de
representatividade da natureza e da paisagem envolvente, transformada ou não pela
mão humana. Para concluir, procedeu-se à abordagem do sexto e último tipo de
património cultural inscrito que se intitula de património urbano e que engloba três
categorias essenciais: o património monumental de excecional valor cultural; os
elementos patrimoniais presentes de forma coerente e relativamente abundante e
outros elementos urbanos relevantes como por exemplo, a forma de construção, os
espaços abertos e as infraestruturas urbanas.

27/10/2023 – Aula nº 5.

Introdução ao tema da legislação sobre o domínio do património. Consciencialização


acerca do processo de inventariação do património material e imaterial como exercício
fundamental para proteger e valorizar o património. Está inclusivamente em
concordância com a Lei de Bases de 2001 sobre o património. Explicitação das
diferenças existentes entre inventários públicos e privados. Os inventários privados
podem também ser partilhados com o público a fim de produzir conhecimento e
estudos nas áreas de interesse. No entanto, a falta de recursos humanos, materiais e
económicos para modernizar o seu acesso ao público é uma das condicionantes pelas
quais este investimento acaba por cair no esquecimento. Exemplificação da Casa de
Sarmento como património digital documental e da Family Tree Mórmon como parte
integrante dos arquivos distritais dos registos paroquiais. Introdução ao tema da
classificação do património cultural como ato administrativo que visa a salvaguarda e
valorização do património. A classificação nacional de valor concelhio, atribuída às
câmaras municipais, a classificação de património Imóvel de Interesse Público ou de
Monumento nacional pela tutela da Direção Geral do Património Cultural, e por último,
a classificação a património da humanidade pela Unesco (O.N.U). A atribuição do título
de monumento nacional foi implementada no início do século XX para exacerbar a
herança histórica e a valorização do povo português e da nação portuguesa que por
sua vez no período do Estado Novo propiciou o maior número de atribuições ao título.

Referência ao Paço dos Duques em Guimarães como exemplo de classificação a


Monumento Nacional e do castelo de Guimarães como património mundial da
Humanidade. Novamente a clarificação de algumas das finalidades da criação da
Unesco como pólo de educação, cultura e património que visa desacentuar as
desigualdades económicas, favorecendo assim os países em vias de desenvolvimento,
as desigualdades culturais, formativas, sociais e também evitar guerras, promovendo a
paz e a cooperação. Com essa conjuntura pretende garantir políticas de gestão do
património de valor igualitário. Breve debate sobre uma das áreas adjacentes ao
património: a conservação e restauro. Referência ao programa Hércules em Aveiro,
projeto de pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas de conservação e restauro
que conta com vários apoios a nível nacional e também da união europeia.

3/11/2023 – Aula nº 6

Continuação do desenvolvimento da temática da legislação e dos diferentes


organismos associados ao património. Clarificação dos tipos de instrumentos legais
relativos à questão do património, nomeadamente as convenções e cartas
internacionais (Unesco; ICOMOS; CE e UE) que, com base na contextualização das
décadas que precederam a segunda guerra mundial e ao longo de todo o século XXI,
nas diferentes conjunturas políticas, económicas e sociais dos países membros da
Unesco, se revelam ser repetitivas e insuficientes na mensagem difundida no que diz
respeito à tomada de medidas concretas de valorização, proteção e gestão do
património, em detrimento do discurso sistemático de apelo à paz e união entre os
países e do embelezamento e sobreposição das problemáticas reais que atravessam a
centralidade das prerrogativas ligadas ao património e à sua importância na instituição
educacional de uma sociedade. O facto de as convenções e documentos devidamente
ratificados e validados pelos Estados não assumirem na prática a sua implementação
nos mesmos é um dos desafios mais preocupantes por parte dos especialistas da área
na atualidade. Falamos também dos meios de intervenção na proteção do património
cultural como sendo o processo de inventariação e de classificação e sobre a
ordenação e planeamento do território. Conversamos uma vez mais sobre o
equipamento mais essencial de difusão e preservação do património que é o museu e
o seu valor simbólico. Relativamente ao tema anterior sobre a legislação, abordamos
os seus limites no âmbito nacional ao nível patrimonial, concluindo que muitas vezes
os mesmos são ultrapassados, havendo a necessidade de contribuição da legislação e
do direito internacional como forma de gerir responsabilidades e eventuais apoios
políticos e económicos.

10/11/2023 – Aula nº 7

Tomada de conhecimento dos objetivos de várias das convenções internacionais


relativas ao património sob a alçada da Unesco: Convenção de Haia para a proteção
dos bens culturais em caso de conflito armado; Convenção de Paris de 1970 relativa às
medidas a adotar para proibir a importação, exportação, e transferência ilícita da
propriedade dos bens culturais e a Convenção de Paris de 1972 onde nasce o título de
Património Mundial da Humanidade, cultural e natural. Análise sobre a elaboração das
medidas legislativas de investigação necessárias relativamente à identificação e
reanimação do património a nível local e regional. Abordagem sobre a valorização do
património da Igreja católica que experiencia uma elevada proteção ao longo dos
séculos com inclusivamente medidas concretas de preservação desde o período da
Idade Média.

17/11/2023 – Aula nº 8

Esclarecimento de dúvidas estruturais relativamente à elaboração dos trabalhos e


início de uma aula aberta sobre coleções de remanescentes humanos em museus. Esta
temática evidencia uma dimensão ética muito importante. O património levanta
questões sobre o ser humano, que por sua vez, mais do que a área científica promove
questões sobre a ética. Esclarecimento do significado de Bio Banco e dos processos de
curadoria, que levanta desafios na gestão das coleções: onde e quando tem início e
quando termina. Esclarecimento da noção de benefício científico que permitiu estudar
como as pessoas viviam através do seu comportamento, contexto de saúde e
epidemias e através dos padrões da população (altura, peso, idade). É importante
caracterizar o espaço em que ocorreu a decomposição do cadáver. Estudar o humano e
o não humano e a relação entre eles é o que permite entender o contexto e o passado.
Introdução às replicas 3D para reconstrução e preservação do remanescente humano.
A questão da ética não é só sobre os remanescentes em si, mas também dos dados que
são criados e usados em proveito próprio e as vantagens que acarretam a sua partilha
pública. Ainda sobre o benefício científico e a importância de conseguir olhar para um
esqueleto e perceber a sua história e o seu contexto social, económico e político e
aproveitar esse conhecimento para comparar com a humanidade atual e no que
podemos mudar. Explicação sobre o conceito de descolonização das heranças.

24/11/2023 – Aula nº 9
Aula aberta sobre a reconstituição e animação 3D das cidades medievais portuguesas:
O caso de Castelo de Vide. Introdução à apresentação do estudo sobre o tema pelo Dr.
Gonçalo Miguel Silva que se caracteriza pelo levantamento exaustivo de toda a
documentação relativa às plantas da cidade em questão e a sua evolução ao longo do
tempo, assim como a elaboração de maquetes e programas informáticos que
conseguissem corresponder a uma aproximação da realidade da cidade de Castelo de
Vide no século XII. A produção de vídeos 3D online foi o resultado dessa pesquisa.
Colocação de algumas questões por parte dos alunos e da docente relativamente ao
projeto. Algumas das questões colocadas foram as seguintes: “Quais os programas
utilizados para a projeção 3D e a apresentação digital?”; “Quem financiou o projeto?”
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia foi a responsável pelo financiamento deste
projeto exploratório de 3 anos; “Como foi organizada a equipa e distribuída para as
diferentes áreas?” A equipa era constituída por moduladores matemáticos, humanistas
digitais, arqueólogos e historiadores. Divulgação de um curso massivo aberto online
(MOOC) com vídeos dos especialistas para perceber o impacto a nível social e através
de um teste aos utilizadores. O Dr. Gonçalo partilhou também que elaborou um curso
massivo sobre o estudo marítimo e pecuário e de Turismo de Cetáceos. Outra das
questões colocadas foi se esta plataforma estaria disponível para ser usada a nível
pedagógico nas escolas ao que o docente respondeu que efetivamente existe a
possibilidade de haver uma articulação com as escolas sobre o conhecimento
produzido com o estudo. Alguns dos objetivos desta investigação são garantir o futuro
do funcionamento desta plataforma no decorrer da produção do projeto, assegurar a
conservação dos dados para esta ser alojada digitalmente e a criação de uma base de
dados para a sua futura divulgação, promovendo a acessibilidade e gratuitidade dos
mesmos através de ficheiros de software aberto, a nível local. Alguns dos locais entre
os quais o Dr. Gonçalo Silva se debruçou dentro da mesma dinâmica de estudo foram
Braga, Montemor-o-Novo, estudo sobre o período romano e sobre a época que
antecedeu o terramoto de 1755 em Lisboa e o projeto de Segóvia.

15/12/2023 – Aula nº 10
Agendamento por parte da docente Alexandra Esteves de uma aula de compensação
pelos dois feriados ocorridos no início do mês de Dezembro, coincidentes com os dias
da aula, para dia 4 de Janeiro. Divulgação por parte da docente da abertura do período
de candidaturas ao novo organismo de gestão do património e cultura. Introdução a
uma aula aberta sobre a constituição do património religioso e as irmandades mineiras
do século XVIII pela docente Juliana de Mello Moraes onde foi divulgado e
percecionado todo o processo de constituição da cidade de Ouro Preto, cidade de
memória histórica luso-brasileira e a primeira cidade brasileira a receber o título de
Património da Humanidade em 1980, pela Unesco. Visualização e contextualização
histórica de alguns monumentos e espaços patrimoniais que se revelaram muito
importantes para o desenvolvimento político, económico e social da sociedade da
época, como por exemplo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e a Igreja
de S. Francisco de Assis. Abordagem sobre o início da urbanização de Minas Gerais
onde ficou marcada essencialmente por uma exploração acelerada dos recursos
naturais e materiais devido à emigração em massa da população vinda de outras partes
da América e de Portugal na procura do ouro, pela escassez de alimentos e pela
violência e disputas pelo controlo do território por parte das elites políticas.

Considerações Finais

Mediante o contributo prestado pelos diferentes docentes através das aulas abertas ou
em contexto particular, tal permitiu-me concluir que a dimensão da amplitude da
noção de património e a sua inter-relação com factos históricos e científicos se revelou
decisiva para o estudo, divulgação, conservação e proteção dos bens materiais e
imateriais que o legado do passado e as preocupações do presente nos condicionam
benéfica e proactivamente , para o bem comum da sociedade a nível cultural e político,
a reivindicar uma tomada de posição mais objetiva e uma maior consciencialização dos
núcleos documentais, arquitetónicos e arqueológicos a preservar. Como tal, esta
unidade curricular possibilitou uma maior educação e participação cívica nas questões
do património e da sua salvaguarda, bem como o acesso a um vasto acervo de
metodologias e fontes bibliográficas de interesse para a instrução e indagação
inerentes ao processo de reunião de conhecimentos desta unidade curricular.
Considero que a diversidade de problemáticas levantadas pela questão do património
foi coerentemente discutida e explicitada, de forma mais ou menos abrangente, de
acordo com os princípios e conteúdos essenciais do programa letivo da unidade
curricular. Foi uma aprendizagem complexa, devido ao carater de antiguidade que a
noção de património comporta, mas essencialmente esclarecedora de uma realidade
que faz parte do ser humano enquanto sujeito e agente transformador integrado numa
sociedade.

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