Direito Do Ambiente: 23/02/2023 - Aula T

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DIREITO DO AMBIENTE

23/02/2023 – Aula T

O ambiente é uma matéria transversal às várias áreas da ordem jurídica.

Vigora o principio da integração que tem consagração no art.11 do TFUE e que nos diz que as
preocupações ambientais têm que estar presentes em todas as ações e politicas da União
Europeia.

O grande inimigo do ambiente é o desenvolvimento industrial , cientifico e tecnológico que é


utilizado para se alcançar o desenvolvimento económico. É este desenvolvimento económico
que se permite assegurar a qualidade de vida e bem estar que é feita , cada vez mais , à custa
do ambiente , daí se falar do desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento sustentável tem diversos objetivos , alguns de natureza social etc….

Com este pretende-se o tal desenvolvimento económico em que se assegura a igualdade , não
discriminação , a irradicação da pobreza , mas em respeito pelas questões ambientais.

Quando se fala de questões ambientais fala-se na ausência ou diminuição da poluição ,


situações climáticas etc…

A proteção do ambiente é cara. A nível industrial , por exemplo , a adoção de práticas


industriais amigas do ambiente fazem aumentar os preços , os custos da produção obviamente
em detrimento das questões sociais como a renumeração , número de empregos etc…

Não são as grandes empresas que são os maiores poluidores , mas sim as pequenas e médias
empresas , pois as grandes empresas têm capacidade monetária para garantir estas medidas
de proteção ambiental.

Não são só as pequenas e médias empresas , mas também os estados e países em vias de
desenvolvimento que também têm grande dificuldade em época de crise de manter as tais
práticas de proteção do ambiente e ao mesmo tempo assegurar alguma assistência às
populações.

Temos como exemplo , os EUA que saíram do acordo de Paris (Trump) onde foram
estabelecidas determinadas metas que para serem atingidas aplicam um grande esforço da
indústria que obriga a que seja deslocado capital para a adaptação das técnicas produtivas que
tem como consequência o aumento do desemprego e entre outras.

A verdade é que a situação das empresas melhorou durante esta época pois estes recursos
foram direcionados de forma a aumentar a competitividade e detrimento do ambiente.

Os próprios estados têm que fazer opções em determinado momento , ou optam por politicas
sociais mais robustas ou por politicas ambientais mais robustas.

Em Portugal , quando estamos em épocas de crise financeira e económica , abranda a


fiscalização do cumprimento das regras ambientais.
Princípios mais importantes do direito do ambiente :

 Principio da precaução ;
 Principio da prevenção (todo o direito do ambiente é de natureza preventiva , o que se
pretende é evitar o dano) ;
 Principio do poluidor-pagador ;
 Principio da correção na fonte dos danos causados ao ambiente ;

27/02/2023 – Aula T

Em que que se traduz o direito do ambiente?

A responsabilidade ambiental pretende prevenir o prejuízo.

A dictomia entre desenvolvimento e ambiente assenta no facto de o desenvolvimento


cientifico industrial e cientifico tecnológico ser essencial para criar bem estar para as pessoas ,
mas esse desenvolvimento associado com o crescimento demográfico e a globalização tem
consequências drásticas para o ambiente.

Tudo isto gera desperdício , gera uma produção e acumulação desenfreada de resíduos que o
planeta por si não tem capacidade de absorver. Do ponto de vista social tem as suas
consequências porque vai aumentar as situações de pobreza.

O ambiente tem natureza intergeracional porque quando uma determinada geração está a
consumir mais do que deve já está a comprometer a herança natural da próxima geração.

A geração atual já está a viver por conta do capital natural e não por conta dos rendimentos.

Quanto à génese da questão ambiental , no fundo , a questão do desenvolvimento tecnológico


e industrial traduz-se na vontade que o ser humano tem de controlar a natureza , esta que terá
que lhe fornecer alimento , abrigo etc…

O desenvolvimento tal como o homem a ele recorre e visa combater os perigos naturais. Os
perigos resultam da natureza , dai o carácter natural.

Este desenvolvimento por si só constitui também um risco para o ser humano porque é essa
tecnologia e novas formas de controlo da natureza por si só também têm inconvenientes para
o ser humano e transformam a natureza que de um facto conhecido para o homem passa a ser
um facto desconhecido porque a natureza intervencionada não tem as mesmas características
que a natureza inicial tem e isso só por si representa um risco e são esses riscos que a
responsabilidade e o direito ambiental querem combater.

Não existe em qualquer texto legal uma noção de ambiente nem de natureza convencional
nem de natureza legislativa , ou seja , todos os textos legais que foram produzidos falam do
ambiente como um dado adquirido e alguns fazem uma interpretação própria do ambiente.

Ver DL 147/2008 – este faz uma interpretação restrita de ambiente.

Quanto mais ampla for a noção de ambiente mais ampla será a proteção que lhe é conferida.

O ambiente em si tem uma natureza camaleónica isto porque difere de um ecossistema para
outro , difere de região para região e está em permanente mutação devido às mudanças das
estações , das variações climáticas , da ocorrência de catástrofes naturais e da própria
intervenção humana. Essa noção de ambiente vai ainda depender da abordagem que é
utilizada. Se utilizamos uma abordagem antropocêntrica em que se dá primazia ao homem e o
ambiente limita-se a ser o palco da sua existência , se fazemos uma abordagem ecocênctrica
em que o ambiente será alvo de preocupações , se fazemos uma abordagem , regional , local ,
global económica etc….

Noção de ambiente (mais abrangente e interessante em termos doutrinais) do prof Ludwig


Kramer :

Inclui no conceito de ambiente o próprio ser humano , os recursos naturais (fauna , flora
etc…) , o uso do solo , o planeamento urbano e rural , os resíduos , a água e o clima , a
paisagem e todas as outras derivações como o ruido etc… , ou seja , trata-se de uma noção
ampla , dinâmica e a evolução que abarca elementos económicos , sociais , estéticos , a
herança natural e arqueológica , o ambiente natural e o ambiente construído (ambiente que já
resulta da ação humana).

Em Portugal , também não temos nenhuma noção de ambiente. Quando os tratados foram
assinados em 1952 o ambiente não era preocupação. Existe referência ao ambiente no art.66º
da CRP que tem por epigrafe “Ambiente e qualidade de vida” e também alguma referência no
art.9º da CRP que fala de algumas componentes ambientais em termos de tarefas do estado.

Nas bases da politica do ambiente temos a lei 19/2014 de 14 de abril a enumeração de vários
componentes ambientais , uns de caracter natural e outros de carácter humano , ou seja ,
associados a comportamentos humanos.

No art.10º da lei de bases temos os componentes naturais que faz referência ao ar , à água e
ao mar , à biodiversidade , ao solo e ao subsolo , à paisagem , aos recursos naturais e aos bens
e serviços dos ecossistemas.

No art.11º temos as componentes ambientais associadas a comportamentos humanos e ai


temos as alterações climáticas , resíduos , ruido etc…

Quando foram assinados o tratado CECA e CEE o ambiente ainda não era uma preocupação
dos governantes europeus porque estávamos num conceito de pós segunda guerra mundial ,
devido a isso não havia qualquer referência/preocupação relativamente ao ambiente.

A primeira vez que o ambiente é uma preocupação é na cimeira de paris de 1972. Esta
primeira abordagem comunitária ao ambiente veio na consequência da conferência de
Estocolmo das nações unidas sobre o ambiente humano em que saiu a declaração de
Estocolmo válida ainda hoje que veio estabelecer os princípios em matéria de ambiente (por
exemplo , o poluidor-pagador , o respeito pelo ambiente etc….).

Foi uma primeira abordagem antropocêntrica porque toda a declaração Estocolmo assentou
na ideia do direito de cada pessoa a um ambiente de qualidade.

Na sequência da conferência de Estocolmo , uns meses depois na cimeira de Paris os


governantes introduziram na esfera comunitária a preocupação ambiental.

As bases legislativas que foram usadas antes de 1987 foram o atual art.115º TFUE e o atual
art.352º TFUE (mecanismo de integração de lacunas).

Para esse efeito fez-se também uma interpretação extensiva dos objetivos das comunidades e
as primeiras diretivas tiveram como fundamento a aproximação das legislações nacionais com
vista a evitar e eliminar , sendo o caso , eventuais entraves à liberdade de circulação e às
regras de concorrência motivadas pelas diferentes politicas ambientais nacionais.

Ou seja , queria-se evitar que as imposições ambientais que cada estado praticava fossem
fundamento para causar entraves à liberdade de circulação e dificultassem a capacidade de
concorrência entre as empresas.

1º programa ambiental : Em 1973 já é feita referência à necessidade de ação preventiva em


matéria ambiental e ao principio do poluidor-pagador. Em 1977 há o primeiro grande acidente
industrial com consequências ambientais e dai resulta um conjunto de regulações ambientais
que obrigam as grandes empresas industriais a adotarem medidas preventivas.

2º programa ambiental : Em 1977 veio reforçar a ideia de prevenção. A necessidade de adotar


normas internacionais para aplicar quando à problemas transfronteiriços. A par destas
preocupações de natureza/de fazer uma abordagem internacional.

02/03/2023 – Aula T

O direito do ambiente é relativamente recente. Surgiu oficialmente a partir de 1972 , mas isto
não quer dizer que antes não houvesse uma movimentação em termos de ambiente mas
pouco sistematizada.

A partir da cimeira de Paris de 1972 a comissão foi desenvolvendo este mecanismo.

Cada vez que há renovação da comissão os novos lideres também alteram as politicas , tudo
depende da conjuntura económica que o mundo vive.

A partir da década de 70 há uma série de grandes catástrofes ambientais de natureza humana.

É a partir de Sandoz que se começa a falar da responsabilidade ambiental , dos danos


transfronteiriços e da necessidade de se criar regras de cooperação internacional de forma a
prevenir estes danos.

Os danos transfronteiriços colidem com a soberania dos estados e a única coisa que se
conseguiu estabelecer foi uma obrigação de estabelecer comunicações etc…

Em 1987 temos o Ato Único Europeu que veio consagrar regras em matéria de ambiente , já
constavam desse artigo 2 princípios , o principio da prevenção e o principio do poluidor
pagador (este é um dos princípios mais antigos da EU em termos de politica de ambiente).

A partir da entrada da diretiva é que se começa a impor aos praticantes das atividades
económicas que causam danos ambientais o ressarcimento destes danos.

Em direito do ambiente (anexo que fala das medidas de reparação) está expressamente
excluída a indemnização em dinheiro porque o ambiente não é de ninguém e o que se
pretende não é entregar uma quantia em dinheiro , mas que alguém adote as medidas
necessárias , por exemplo , para limpar o rio que contaminou etc….

É preciso adotar medidas de limpeza , reparação e substituição.

Em 1987 surge o relatório Brundtland que era a comissão mundial sobre o meio ambiente e
desenvolvimento. Isto procurava avaliar os impactos e a conciliação entre os interesses
humanos e os interesses do ambiente.
Em 1992 , Nações Unidas é celebrada a Conferência do Rio de onde saíram os principais textos
do direito internacional ambiental , é aqui que se fala pela primeira vez no principio da
precaução. Aqui , no mesmo ano , já teria sido adotado o Tratado da União Europeia (TUE) este
também já introduz o principio da precaução.

Em 1999 o acidente Erika e as suas consequências e impacto tornaram-se um marco


importante na génese de um regime jurídico de responsabilidade ambiental e na aplicação do
principio poluidor-pagador.

Em 1997 foi celebrado o protocolo de Kyoto que é o antecedente do acordo de Paris. Muitos
estados não subscreveram , mas este veio colocar na lista das prioridades/preocupações
humanas 4 temas distintos :

 Alterações climáticas ;
 Natureza e a biodiversidade ;
 Ambiente , saúde e qualidade de vida das pessoas ;
 Recursos naturais e os resíduos ;

Em 2007 foi assinado o tratado de Lisboa e entrou em vigor em 2009 que veio introduzir o
art.13º que vem falar do bem estar dos animais que até aqui não havia nenhuma disposição
que a eles se referisse e juntamente com a entrada em vigor deste entrou também a carta
europeia dos direitos fundamentais apesar de ter sido subscrita uns anos antes esta só entrou
em vigor com o tratado de Lisboa.

No art.37º está consagrado como direito fundamental o direito a um ambiente são e de


qualidade.

2015 é um ano importante para o ambiente , é celebrada uma cimeira das Nações Unidas que
estabelece os objetivos do desenvolvimento sustentável e estabelece então um plano de ação
em prol das pessoas , do planeta e da prosperidade este que deve ser realizado até 2030.
Daqui resultou a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável que são os tais 17
objetivos.

Em 2015 foi ano em que foi também celebrado o acordo de Paris , este que pretende reduzir a
emissão dos gases de efeito estufa para diminuir o aquecimento global.

O acordo de Paris foi um sucesso porque foi subscrito por cerca de 175 estados e maioria deles
ratificou inclusivamente os EUA e a China que ambos são conjuntamente responsáveis por 40%
das emissões de dióxido de carbono.

Entretanto continuo a haver uma série de programas , nesta fase 2015 estamos no sétimo
programa que Kramer considerou que foi um programa de ação sem ações , pois este esteve
em vigor durante a comissão Juncker que privilegiou nas suas ações os interesses económicos
dos grandes grupos europeus e o livre comércio deixando para segundo plano a proteção do
ambiente.

A natureza e a biodiversidade deixaram de ser uma preocupação de segunda linha e passamos


para outros interesses. A própria comissão Juncker veio enfraquecer a direção geral do
ambiente em favor da direção geral das alterações climáticas. Passou-se a dar protagonismo às
alterações climáticas em detrimento da leitura que se fazia do ambiente.
02/03/2023 – Aula P

-Trabalhos ;

06/03/2023 – Aula T

-Palestra ;

13/03/2023 – Aula T

A CRP foi das primeiras a debruçar sobre a proteção do ambiente o que acontece no art.9º e
no art.66º.

O art.66º CRP prevê/tem como epigrafe “Ambiente e qualidade de vida”.

Este epigrafe é criticada na medida em que o ambiente e qualidade de vida não andam
propriamente a par , normalmente quando a qualidade de vida aumenta isso acontece a custo
do ambiente.

A par do art.66º temos o art.9º da convenção que trata das tarefas do estado encontrando-se
o ambiente previsto na alínea d) e e) do mesmo.

Este é um enquadramento genérico nos termos da lei 19/2014 – lei de bases do ambiente. O
diploma em si chama-se as bases da politica do ambiente.

As bases da politica do ambiente não têm uma definição de ambiente. No art.10º temos os
componentes ambientais naturais (ar , luz , agua , solo , subsolo etc…) e no art.11º temos as
componentes ambientais ligadas ao ser humano/à intervenção humana (alterações climáticas ,
resíduos etc…)

Esta lei que estabelece as leis das bases do ambiente de 2014 já foi redigida no âmbito do
quadro legal da união europeia e já refere o principio da precaução e os demais princípios.

O principio da precaução é um principio basilar , mas é muito difícil de aplicar , este permite às
autoridades nacionais e da EU impor restrições às liberdades de circulação , económicas etc… ,
em caso de incerteza , ou seja , a generalidade das pessoas aceita as restrições quando
conhece os motivos e sabe quando elas são adotadas , mas quando não conhecemos as
consequências de determinada atividade estar a sofrer restrições é mais difícil de aceitar.

Art.66º CRP - ambiente e qualidade de vida :

 Reconhece a todos o direito a um ambiente de vida humana e ecologicamente


equilibrado ;
 Atribui ao estado a obrigação de assegurar esse direito
 Do n1 resultam a duas perspetivas diferentes , por um lado todos têm direito a este
ambiente equilibrado , por outro , todos têm o dever de defender o ambiente , ou seja
, é uma “moeda” de duas faces ;
 Há alguma polemica no sentido de se saber se se trata de um direito (quando o
interesse do administrado vem em primeiro legar) subjetivo ou de um interesse
legitimo (o interesse do administrado vem em segundo lugar sobrepondo-se o
interesse público) ;
 Os direitos de 1º geração são aqueles que surgem no estado liberal , essencialmente
de natureza civil e politica invocáveis contra o estado e ai surge a liberdade de
expressão , a liberdade religiosa , a propriedade privada etc…. ;
 Os direitos de 2º geração são os direitos sociais que surgem na época do estado social
(direito ao trabalho , à segurança social , à saúde , à educação etc…) , são direitos que
surgem através do estado e não contra o estado ;
 Os direitos de 3º geração são os que surgem no estado pós-social , já designado estado
conformador e ai temos o ambiente e a qualidade de vida , a proteção contra as novas
tecnologias , o acesso à informação , a preservação do património genético , o direito à
participação e entre outros ;

Art.9º/d) CRP – Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre
os portugueses, bem como a efetivação dos direitos económicos, sociais, culturais e
ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais ;

No art.66º/1 CRP temos o direito de proteger e defender o ambiente e no 66º/2 CRP temos a
forma como isso deve ser feito :

 A referência ao desenvolvimento sustentável que já aqui serve de enquadramento


legal à proteção do ambiente e desenvolvimento económico , o legislador tentava
manter o equilíbrio entre o ambiente e o interesse do ser humano ;
 Organização administrativa própria para a proteção do ambiente e à necessidade de
associar os cidadãos às tomadas de decisão nestas matérias ;
 A alínea a) refere-se à prevenção e controlo da poluição , na b) a questão da
ordenação do território ter que ser feita tendo em mente o ambiente , a c) relativa à
proteção da natureza e conservação da biodiversidade , a d) do aproveitamento
razoável e racional dos recursos naturais , a e) trata da questão da qualidade
ambiental das zonas urbanas , a f) faz uma referência expressa ao principio da
integração (remissão para o art.11º do TFUE) , a g) refere-se à educação ambiental e a
h) fala da politica fiscal embora não o diga expressamente , obviamente que é uma
referência direta ao princípio do poluidor-pagador ;
 Quando este artigo se refere ao estado está-se a referir à administração central direta
e indireta , a administração autónoma designadamente as autarquias e as regiões
autónomas ;

Quanto ao art.9º CRP aparece a referência direta ao ambiente em duas alíneas. A alínea d)
numa visão subjetiva ou antropocêntrica no sentido que a proteção do ambiente visa a
promoção do bem estar e da qualidade de vida fazendo também referência à efetivação dos
direitos fundamentais distinguindo-os dos direitos sociais. Isto é visto como uma obrigação de
resultado , a alínea e) onde se fala em proteger e valorizar património cultural , defender a
natureza e o ambiente , recursos naturais , aqui temos a tal visão objetiva/ecocêntrica onde a
proteção ambiental aparece como a finalidade única da atuação do estado

Na CRP temos referências diretas ao ambiente no art.9º e 66º , indiretas temos no art.266º/1
ao incluí-lo no interesse público , no art.267º/1 e 2 que obviamente quando se fala da
estrutura da administração o ambiente faz parte da finalidade que esta visa prosseguir , e o
art.268º/4 que diz respeito da participação dos particulares nas tomadas de decisão.
23/03/2023 – Aula T

Aulas de reposição : pode-se escolher

13 abril – 18h

17 abril – 13h

27/03/2023 – Aula T

Os princípios do direito do ambiente :

Princípios que vêm referido no art.191º do TFUE.

O direito do ambiente é um direito relativamente recente , embora as questões ambientais


tenham começado no inicio da década de 50 e se tenha intensificado nesta fase.

Isto fruto do principio da integração primeiro incluído no próprio art.191º TFUE.

É um direito , apesar de ter a sua autonomia , vai buscar influencias a institutos e a outros
tipos/ramos de direito.

Temos dois tipos de princípios :

 Próprios do direito de ambiente ;


 Princípios gerais contidos no art.1º do TUE e na parte primeira do TFUE ;

O principio da subsidiariedade (art.5º/3 TUE) diz que as decisões da UE devem ser tomadas ao
nível mais próximo possível das populações e que a UE só deve intervir naquelas matérias em
que a sua atuação se afigura ser mais eficaz.

O principio da proporcionalidade/da necessidade/da adequação (art.5º/4 TUE) , as atuações


da UE não devem ser mais restringidas do que o necessário para atingir os objetivos.

O principio ??? (art.18º e 19º TFUE).

O principio da atribuição de competências visa delimitar a atuação da UE.

O principio da integração (art.11º TUE).

O principio da informação/principio da participação (art.268º/1 CRP e 11º CPA)

Tratam-se de princípios estruturantes com um grande grau de abstração , estes são utilizados
na interpretação de atos jurídicos e evidentemente na integração de lacunas.

Em termos de direito interno temos a Lei 19/2014 :

 Art.3º - princípios orientadores desta matéria (é um artigo meramente


exemplificativo):
 Principio do desenvolvimento sustentável
 Principio da responsabilidade inter e intra geracional (o ambiente deve ser
protegido para chegar a todos) ;
 Principio da prevenção e da precaução ;
 Principio do poluidor-pagador ;
O principio da prevenção : A regra é prevenir para proteger , surge do ditado popular “mais
vale prevenir do que remediar”. A prevenção do dano corresponde à própria essência do
direito do ambiente. O direito do ambiente pretende obrigar os seus destinatários a adotar
comportamentos preventivos e antecipatórios destes danos. Os danos ambientais são muito
dificilmente reversíveis e ainda que fosse possível , os custos económicos são de tal maneira
elevados que se tornam impraticáveis.

Corresponde à adoção por antecipação das medidas necessárias a evitar ocorrência de danos
ambientais , isto no pressuposto de que a existência de um risco real de ocorrência e a
contribuição das medidas necessárias para o evitar tenham sido cientificamente comprovadas ,
ou seja , neste âmbito temos uma certeza , o risco é certo , o dano é que pode ocorrer , ou
não.

Para antecipar a ocorrência de danos é necessário ter conhecimento cientifico aprofundado


sobre as várias componentes ambientais , sobre os riscos das atividades , os efeitos da
ocorrência de um dano nas vertentes ambientais e sobre os remédios/medidas que podem ser
adotadas para minorar os efeitos do dano. Para se revelar eficaz essa informação tem que ser
permanentemente atualizada.

Em termos internacionais , o principio da prevenção aparece-nos pela primeira vez no art.21º


da declaração de Estocolmo (este é um documento meramente orientador) , é referido em
1997 pelo tribunal internacional de justiça e em termos da união europeia aparece referido
pela primeira vez num programa ambiental em 1973 onde se alerta para o facto de que deve
ser evitada todo o tipo de poluição e combatidos os seus efeitos e encontra o seu expoente
máximo num programa nos anos de 1982 e 1986.

Obteve consagração nos tratados pelo ato único europeu no art.130º/R que corresponde hoje
ao 191º/2 TFUE.

O tribunal de justiça da UE também consagrou pela primeira vez em 2008.

É um principio que tem sido utilizado/aplicado nas mais variadas áreas em razão do ambiente ,
mas mais concretamente na área nuclear.

Exemplos de aplicação prática deste principio: estudos e avaliações de impacto ambiental ,


planos de prevenção de riscos naturais e tecnológicos , responsabilidade ambiental , regras de
antipoluição.

O regime da responsabilidade ambiental é onde se tem ido mais longe , obriga-se o operador à
adoção de medidas preventivas em caso de ameaça iminente de ocorrência de dano e caso ele
não o faça , as autoridades administrativas competentes adotarão essas medidas (necessárias
e adequadas) apresentando depois a conta ao operador.

Apesar de tudo , e em consonância com o principio do desenvolvimento sustentável , o


principio da prevenção não é absoluto , está no entanto limitado pelo principio da
proporcionalidade , isto porque não podemos reduzir a poluição a zero sob a pena de pormos
em causa o desenvolvimento económico e bem-estar e saúde das pessoas , e por isso , em vez
de termos medidas que proíbem a poluição temos medidas que estabelecem limites de
poluição.

O principio da prevenção é um principio de reação a um risco ou ameaça , ao contrário do


principio da precaução que é considerado um principio proativo.
O principio da precaução :

Encontra-se consagrado no art.3º/c da lei 19/2014 e no art.66/2/a).

À quem não faça grande distinção entre prevenção e precaução.

A precaução é uma espécie de prevenção qualificada , ou então uma versão mais robusta do
principio da prevenção.

Enquanto que com o principio da prevenção nos queremos evitar o dano/a ocorrência do
mesmo , com o principio da precaução queremos evitar o risco , ou seja , vamos a uma fase
anterior , enquanto que a prevenção propõe a existência do risco , a precaução procura um
momento ainda mais anterior a este.

30/03/2023 – Aula T

Principio da precaução : continuação

O principio da prevenção e precaução são referidos simultaneamente pois uma grande parte
da doutrina trata estes dois princípios como se fossem sinónimos.

Apesar disto , estes são conceitos diferentes , pois os pressupostos e condições de aplicação de
um de outro são distintos.

A precaução parte de uma ciência certa , o conhecimento das atividades , dos danos , das
medidas de reparação e das medidas de prevenção , pressupõe o conhecimento do risco.

A prevenção atua em situações de risco em que se pretende que evite ainda mais este dano
que já foi causado.

Nem sequer se conhece a existência de risco , parte de um pressuposto de incerteza cientifica


e é exatamente por isso que recorrentemente os tribunais têm recusado a aplicação do
principio da precaução.

O principio da precaução concretiza-se em medidas super restritivas que afeta o resíduo


industrial e que no entender dos lobbys industriais e empresariais contribuem para a
estagnação da investigação cientifica.

O nosso legislador refere que em caso de precaução inverte-se o ónus da prova , na precaução
são as autoridades que tem que provar que estamos perante uma ameaça de dano eminente ,
na prevenção é o contrário , é o operador é que tem que provar que do seu produto não
resultam consequências adversas o que nem sempre é possível.

Em termos de responsabilidade ambiental esta é inovatória na perspetiva objetiva.

A generalidade das atividades que vêm referidas no anexo III não lhe são aplicáveis o principio
da precaução. São apenas duas ou três que se encontram na alçada deste principio e estas
correspondem a técnicas inovadoras (novas tecnologias cientificas).

30/03/2023 – Aula OT e P

-Apresentações ;
Notas para a apresentação :

Falar do que provocou o desastre/acidente

Tipos de danos

Artigos CRP

13/04/2023 – Aula T

O principio da precaução representa um novo paradigma do direito ambiental. Este é aquilo


que se chama “in dúbio pro natura” , em caso de incerteza cientifica deve-se adotar decisões
protetoras do ambiente.

Este principio é próprio daquilo que se chama sociedade de risco , este é um conceito em que
o ser humano tem necessidade de intervir na natureza por certas razões , nomeadamente para
dominar a natureza , a partir do momento em que ele intervêm sobre a natureza passamos a
ter uma natureza intervencionada que já não responde ao seu estado natural. As
características deixam de ser idênticas e passam a ser parcialmente desconhecidas. A certo
momento o homem já não está a combater os perigos naturais , mas sim os riscos a que ele
próprio deu origem dai falar-se da tal sociedade de risco.

RISCO (NATUREZA HUMANA) =/= PERIGO (RESULTA DA PRÓPRIA NATUREZA)

O risco não é global , é induzido pelo ser humano , oculto nas causas (estas que não são
conhecidas) e é intensamente democrático , isto porque quando há uma catástrofe “é para
todos” , não servindo de nada a diferença de estatuto social etc….

As agressões ao ambiente servem para exacerbar as situações de pobreza , enquanto que


aqueles que têm uma situação económica mais confortável podem viver melhor ou pior mas
não atingem o limiar da pobreza.

O principio da precaução concretiza-se , designado pela expressão “better safe than sorry” , na
adoção de medidas por parte de entidades administrativas em relação a riscos desconhecidos ,
eventuais , meramente prováveis ou pressentidos , riscos estes que podem nunca vir a
concretizar-se , medidas essas de natureza restritiva e adversas ao quadro económico.

O desconhecimento ou ausência de incerteza pode resultar disso mesmo , do


desconhecimento das causas , dos efeitos e das consequências ou pode tão só resultar da falta
de consenso no seio da comunidade cientifica. O campo de eleição do principio da precaução
são as novas tecnologias e o mesmo se aplica em matéria de ambiente em que o campo de
eleição para aplicação do principio da precaução são aquelas áreas inovadoras , pois são
técnicas cujos efeitos se desconhecem e em termos científicos para se ter uma determinada
certeza em relação a um determinado assunto é necessário aguardar um longo período de
tempo à espera dos resultados que advêm da respetiva atividade.

Condições de aplicação do principio da precaução :

1. Existência de incerteza cientifica (o risco tem que ser incerto , potencial ou meramente
hipotético) ;
2. Uma vez que este implica medidas antecipatórias restritivas com fatores adversos na
economia tem que respeitar o principio da proporcionalidade , o principio da não
discriminação ;
3. A sua adoção tem (regra geral) caracter urgente e grave , têm também carácter
provisório (porque estão sempre dependentes dos avanços da ciência) ;
4. Obrigam à comunicação ao público , à comunidade e à sociedade , as medidas têm que
ser publicitadas , a transparência administrativa neste âmbito é fundamentais ;
5. Estas medidas têm caracter excecional , conteúdo negativo e pressupõe a existência
de avaliações e pareceres científicos periódicos , seja para as manter , ou revogar , ou
alterar ;

A aplicação deste principio tem vindo a ser recusada pelos tribunais , nomeadamente os
tribunais portugueses , mas já foi reconhecida e aplicada pelo tribunal de justiça da União
Europeia por força do art.11º TFUE (principio da integração).

17/04/2023 – Aula T

Para o teste :

 O teste vai ser uma frase para comentar , a matéria de hoje não sai.
 Trazer CRP , lei de base e os tratados (TUE , TFUE) ;

Princípios que vêm referidos nos tratados.

Principio da responsabilidade não é tratado como um principio autónomo , mas antes como
um mecanismo de proteção.

Principio da correção na fonte:

Está intimamente ligado ao principio da prevenção e ao do poluidor-pagador , pois está aqui


num limiar entre estes.

O próprio DL diz que antes de falar propriamente em medidas de reparação fala das chamadas
medidas de reparação urgente , que são medidas de contenção.

Este aparece como consequência do principio da prevenção.

O que se pretende aqui é que os operadores atuem preferencialmente sobre a fonte de


poluição , em vez de eliminar e reparar as consequências à posteriori. Por exemplo , é com
base neste principio que em muitas situações é proibida a importação de resíduos.

Este principio está intimamente ligado com a economia circular , e por causa disso , pretende-
se que a poluição seja reduzida em virtude de o processo de fabrico das matérias primas ser
realizado o mais próximo possível da extração , isto porque , se a produção e a transformação
das matérias primas ser feita o mais próximo possível do lugar de onde são extraídas poupasse
com os transportes e etc.

A economia circular , em termos de ambiente são dois os temas predominantes : clima e


economia circular ;
Principio do poluidor-pagador :

A atividade industrial tem consequências e essas podem ser positivas ou negativas.

Os custos da poluição tinham que ser internalizados. Com a internalização das externalidades o
que se pretende é que quem dá origem à poluição pague também os custos que dai advêm.
Com a internalização dos custos o preço final do produto vai aumentar.

Funções :

 Reparadora (no sentido de quem polui paga) ;


 Dissuasora (é um principio que demove o operador de exceder os níveis de poluição
toleráveis , isto na medida em que o operador sabendo que vai ter que pagar irá
acabar por ser mais cauteloso nas suas ações e no seu respetivo nível de poluição) ;
 Internalizadora do custo (o preço do bem irá refletir/integrar os custos decorrentes da
poluição) ;

Pretendemos um desenvolvimento económico com o mínimo possível de poluição. Não existe


um nível 0 de poluição , pois com este nível 0 de poluição não existiria desenvolvimento
económico.

Este principio pretendia , inicialmente , otimizar a utilização de recursos naturais e prevenir


desvios da concorrência do investimento.

O que se pretendia era essencialmente evitar a fuga dos grupos empresariais para outros
estados fruto das exigências ambientais que eram feitas nalguns.

Começou como um principio de natureza económica e só se tornou um principio de natureza


jurídica quando foi associado a uma ideia de responsabilidade.

Este principio do poluidor-pagador só foi diretamente contemplado na declaração do rio de


1992 (resultou da conferência do Rio) no principio 16.

A nível da união europeia foi reconhecida no primeiro programa , foi integrada nos tratados
pelo ato único europeu , atualmente está consagrado no art.191º/2 TFUE. Foi também
diretamente referido no livro branco da comissão sobre a responsabilidade ambiental de 9 de
fevereiro de 2000.

O ato que mais diretamente o refere é a diretiva 35/2004. A diretiva faz-lhe referência
expressa , é o primeiro ato que refere expressamente que assenta no principio do poluidor-
pagador. Para além de fazer referência expressa faz também uma leitura atualizada deste
principio.

A diretiva incide não só sobre a reparação dos danos mas também sobre a prevenção destes
mesmos danos.

Há níveis de poluição que são toleráveis e imprescindíveis para o desenvolvimento económico

Mercados de emissões

Pagador – poluidor : Sensibilizar que poluir sai caro , para que adote práticas menos poluentes
para também ter custos inferiores ;

Em Portugal este principio do poluidor-pagador encontrasse previsto na lei de bases , no art.3º


que prevê nas suas diferentes alíneas os outros princípios ;
Para alem da lei sobre as bases do ambiente , o diploma legal que dá a voz ao principio do
poluidor pagador , a par da diretiva 35/2004.

24/04/2023 – Aula T

O que se pretendeu essencialmente com a diretiva foi estabelecer um regime de


responsabilidade ambiental pela prevenção e reparação de danos ambientais a custos
razoáveis para a sociedade , isto tendo por base o principio do poluidor-pagador e o principio
do desenvolvimento sustentável.

Pela primeira vez em matéria de responsabilidade dita ambiental cai o termo de civil , porque
até aqui falávamos sempre de responsabilidade civil por danos causados ao ambiente , agora
esta não decorre das consequências de danos causados ao ambiente.

DL 147/2008 através do qual Portugal transpôs a diretiva ;

Isto porque devido às características do dano ambiental , designadamente às relacionadas com


a sua localização espácio-temporal , que nem sempre é possível a curto prazo , o que não
acontece no dano tradicional. No dano tradicional (que é objeto da responsabilidade civil) é
necessário a ocorrência do dano e a avaliação do mesmo para que possamos obter o respetivo
ressarcimento , isto não acontece na responsabilidade ambiental.

Muitas vezes a reparação começa por medidas de contenção , as chamadas medidas de


reparação urgentes ou imediatas que visa o agravamento dos danos e não propriamente a
reconstituição do estado inicial. Outra das razões que permitiu o afastamento da
responsabilidade civil prende-se com a consequência final da reparação , o que se prende com
a responsabilidade civil é a reconstituição natural.

A indemnização por dinheiro está excluída porque o que pretendemos é a reconstituição do


estado anterior , antes de determinado lugar ser contaminado.

O estado inicial é o estado em que determinado sitio se encontrava antes da contaminação , e


é por isso que a informação/mapeamento é importante no âmbito do direito do ambiente.

No momento em que a diretiva foi proposta já havia um aumento considerável de


legislação/regulamentação ambiental , mas esta , até então estabelecia normas e
procedimentos destinados a preservar o ambiente , normas e procedimentos cuja violação
poderia conduzir a sanções administrativas ou até penais , no entanto não havia
regulamentação adequada à reparação dos danos , por isso , a diretiva veio complementar
outros atos legislativos e da união para os quais remete.

O modelo escolhido foi o da diretiva quadro , pois estes dão grande margem e flexibilidade aos
estados para transposição da mesma , isto porque se pretendia , em última instância , a
harmonização do regime jurídico da prevenção e reparação dos danos ambientais.

A diretiva quadro dada a sua excessiva flexibilidade veio prejudicar este objetivo porque cada
estado transpôs como lhe apeteceu a diretiva interpretando também livremente uma série de
conselhos imprecisos e indeterminados que aquela utilizou.

O ambiente atualmente é de competência partilhada , logo quer a UE quer os Estados têm


competência em matéria de ambiente.
Principio da subsidiariedade e princípio da proporcionalidade. Foi feita a consulta ao comité
económico e social e ao comité das regiões , mas só o comité económico e social
apresentaram parecer.

Só 4 dos EM à época transpuseram dentro do prazo , o resto foi tardiamente e mesmo assim ,
houve pelo menos 8 EM que foram objeto de ações por incumprimento (não foi o caso
português).

Em Portugal a diretiva foi transposta em 2008 , mas em 2015 ainda havia estados cuja
transposição não se considerava perfeita. As razões para este atraso na transposição , o que à
partida parecia ser uma mais valia , o elevado grau de tecnicidade da matéria (houve estados
que tiveram dificuldade no que se refere a avaliação dos danos e reparo dos mesmos) , a
questão das garantias financeiras e o breve conflito entre ambiente e economia..

27/04/2023 – Aula T

Os estados membros andaram mais de 20 anos para adotar um regime de responsabilidade


ambiental.

O livro branco veio dar origem à proposta sobre a responsabilidade ambiental , mas a proposta
final acaba por se afastar deste e da proposta inicial.

O principio da precaução não será o mais aflorado , mas mesmo assim está presente no anexo
III , sobretudo nas atividades que foram acrescentadas posteriormente por este anexo. O que
se pretende também com a diretiva é assegurar a descontaminação do meio ambiente , por
isso afastou-se a indemnização em dinheiro que não teria qualquer efeito neste meio.

Reforçar a implementação da legislação ambiental , permitir uma melhor integração do


ambiente na tomada de decisão , essencialmente os operadores económicos e , obviamente
tudo isto através da harmonização de legislações que vêm assegurar o funcionamento do
mercado interno. O que se prevê no final é essencialmente obter um comportamento mais
responsável e cuidadoso com o ambiente por parte dos operadores económicos. Afastamo-nos
aqui do objetivo civil que está exclusivamente destinado à reparação dos danos pessoais e
materiais decorrentes da lesão de componentes ambientais , e passamos a falar de uma
responsabilidade ambiental de natureza administrativa não porque imputável ao estado ou
entidades públicas , mas sim porque é efetivada em cada estado pelas entidades
administrativas competentes.

Isto devido à urgência da ação ambiental em caso de dano ou ameaça iminente de dano ,
devido à demora no funcionamento dos tribunais essencialmente administrativos e por fim ,
porque na ausência ou na demora da tomada de decisões e ações por parte dos operadores
terão de ser estas a tomar medidas em primeira mão.

Em 2015 havia ordenamentos jurídicos que a UE consideravam que não tinham tranposto na
sua totalidade esta diretiva.

A diretiva não tem efeitos retroativos o que resulta também do art.18º/3 da CRP , e como tal
não será aplicados a danos anteriores a 2007. Também não vai aplicar-se a danos ocorridos
depois desta data mas que são resultantes de atividades que se iniciaram e terminaram antes
de 30 de abril de 2007 , ou seja , a diretiva só se aplica a danos posteriores ou resultantes de
atividades iniciadas antes de 30 de abril de 2007 mas que ainda se encontram em
funcionamento.

Portugal transpôs a diretiva tardiamente dai que o regime jurídico da responsabilidade


ambiental apenas entrou em vigor dia 1 de agosto de 2008 e o legislador português , em
respeito pela CRP não prevê a aplicação retroativa , ao contrário do que aconteceu no caso
espanhol que estabeleceu a data de 30 de abril de 2007 embora esta data tenha sido adotada
apenas mais tarde.

Apesar disto , entre o dia 1 de agosto de 2008 e 30 de abril de 2007 sempre se aplicaria a
diretiva uma vez que devido às suas características de precisão e de incondicionalidade e ao
facto de designadamente o estado português se encontrar numa situação de incumprimento
nesse período poderia ser reconhecido à diretiva efeito direto.

A diretiva já sofreu 4 alterações. A generalidade das alterações foram introduzidas ao anexo III
de forma a identificar as atividades nos termos da responsabilidade objetiva.

A diretiva 2006/21/CE veio acrescentar ao anexo III a gestão dos resíduos de extração
(atividades de mineração) , a segunda , alteração resultou da diretiva ??? que veio acrescentar
ao anexo III as operações de locais de armazenamento geológico de dióxido de carbono. A
diretiva 2013/30 da UE relativa à segurança das operações offshore de petróleo e gás e veio
ampliar o conceito de danos ambientais causados à agua , designadamente o art.2/1/b) da
diretiva 35/2004/CE a alteração significativa do estado das aguas marinhas.

Em 2019 foi adotado o regulamento 1010 com vista à harmonização das comunicações e
informação no âmbito da politica ambiental.

Nos termos do art.33º da diretiva a responsabilidade ambiental apenas é exigível no prazo de


30 anos (prescrição após o decurso desse prazo).

A diretiva exclui expressamente a responsabilidade por danos tradicionais e isto por se


entender que se trata de matéria que é da competência exclusiva dos estados e que à data da
diretiva já se encontrava devidamente acautelada pelos estados membros.

04/05/2023 – Aula T

A diretiva : (continuação)

Primárias , compensatórias e complementares

A diretiva exclui expressamente os danos tradicionais , porque se entendia que em matéria de


responsabilidade civil seria da competência dos estados e estes deviam estar acautelados a
nível interno.

O DL147/2008 veio transpor a diretiva sobre a prevenção e reparação de danos ambientais


que se encontra em vigor desde 1 de setembro.

Para fazermos a distinção entre responsabilidade civil e ambiental temos que fazer também a
distinção entre danos tradicionais e danos ambientais.

Os danos tradicionais são os danos sofridos pelas pessoas (de natureza pessoal ou material ,
podemos incluir aqui também os danos patrimoniais/não patrimoniais) , os danos tradicionais
dão lugar a indemnização em dinheiro não sendo o que se pretende com a responsabilidade
ambiental.

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL =/= RESPONSABILIDADE CONTRAORDENACIONAL

São coisas diferentes e aplicam-se cumulativamente.

15/05/2023 – Aula T

Para o 2º teste :

 Frase para comentar (provavelmente não sai principio da prevenção nem principio da
precaução) ;
 Levar para o teste : DIRETIVA - DECRETO LEI – CRP – TRATADOS DA UNIÃO EUROPEIA –
LEI DAS BASES DA POLITICA DO AMBIENTE ;

22/05/2023 – Aula T

Há regimes de exceção à diretiva.

A primeira é no art.2º que nos diz expressamente que são excluídos do âmbito de aplicação da
responsabilidade ambiental os atos de conflito armado , guerra civil ou de insurreição.

Se houver um acidente que resulta deste conflito armado que opõe a Rússia à Ucrânia não se
aplicaria a diretiva , primeiro porque é energia nuclear e segundo porque não é em território
da UE.

Não se aplica a qualquer fenómeno natural , mas apenas aos que são imprevisíveis e
irresistíveis. Se não adotar estas medidas e ainda assim ocorrerem danos ambientais há lugar a
responsabilidade ambiental.

Danos ambientais resultantes de atividades profissionais

Causas de exclusão de responsabilidade

Art.20º - causas de exclusão da obrigação de pagamento :

Existe a responsabilidade , mas o operador em causa não tem que pagar os custos com a
prevenção e reparação dos danos ;

Isto acontece quando o dano tenha sido causado por terceiros , desde que , o operador tenha
adotado as medidas de segurança necessárias , assume-se que a atuação do operador está em
conformidade com a lei. Quando o dano resulta do cumprimento de uma ordem/instrução
emanada de uma autoridade pública (pode exercer o direito de regresso)
25/05/2023 – Aula T

Frequência vai ser semelhante aos anos anteriores.

Art.11º do DL introduz várias definições que são utilizadas depois no diploma ;

Só são considerados recursos naturais as espécies e habitats naturais , a água e o solo , alínea
ii) e iii).

Já a noção de “operador” resulta do art.2º , é o elemento subjetivo da responsabilidade , e


assim é operador todo aquele que exerce uma atividade económica independentemente do
seu caracter público e privado , lucrativo ou não , designando-se esta atividade por atividade
ocupacional.

Ainda na parte geral temos 3 artigos , primeiro a responsabilidade das pessoas coletivas -
art.3º , no n2 está estabelecido nos casos das sociedades de grupos a extensão da
responsabilidade à sociedade mãe ou dominante quando exista utilização abusiva da
identidade ou fraude à lei (desconsideração da personalidade da pessoa coletiva).

Não deixa de ser verdade que muitos grupos de sociedade transferem certas atividades
possivelmente poluentes para as filiais , isto porque , em termos de encargos financeiros com a
prevenção de acordo com a dimensão da sociedade são inferiores , e depois , se houver uma
situação que tenha consequências graves é mais fácil abrir insolvência da sociedade do que ter
que ser a sociedade mãe a arcar com os custos. Há danos ambientais que têm valores que não
é uma sociedade qualquer que consegue ultrapassar um “embate” destes.

O art.4º tem um titulo “infeliz” , denomina-se de comparticipação , para que haja esta é
necessário que todos envolvidos têm que atuar com dolo , o que não acontece nestes casos. O
n2 deste artigo presume a responsabilidade em partes iguais , podendo nas relações internas
ser apurada a respetiva responsabilização de cada um deles.

O art.5º refere o nexo de causalidade. A possibilidade de o facto danoso ser apto a produzir o
dano verificado , a normalidade da ação lesiva , a possibilidade da prova cientifica , o
cumprimento (ou não) dos deveres de segurança etc…

A poluição de caracter difuso está excluída do decreto de lei nos termos do art.6º. Temos
disposições próprias da responsabilidade civil que no fundo vêm completar o regime jurídico
do código civil.

No art.8º estabelece a responsabilidade subjetiva , a responsabilidade objetiva está no art.7º.

O art.9º faz igualmente referência ao instituto da culpa do lesado , e havendo culpa do lesado ,
o lesado não tem interesse em recorrer à responsabilidade objetiva.

O art.10º vem inviabilizar a dupla reparação. O mesmo dano não pode ser ressarcido duas
vezes , mas podem existir danos diferentes que vão permitir , eventualmente , diferentes tipos
de indemnização.

Quando dizemos que é inviabilizada a dupla reparação , não quer dizer que possa haver
reparação a títulos diferentes , isto só impede que o mesmo dano seja reparado mais do que
uma vez.

A responsabilidade objetiva encontra-se prevista no art.12º e a subjetiva no art.13º. As


atividades que são ilegíveis para efeito são as que constam do anexo III.
Em termos de responsabilidade objetiva são as atividades do anexo III que são relevantes. A
primeira alínea do anexo III fala de atividades sujeitas a licença , hoje em dia dificilmente se
encontra um dano ambiental que seja decorrente de uma atividade não sujeita a
licenciamento , logo , se não cair em nenhuma das alienas acaba por recair na primeira , esta
que é a mais abrangente.

A partir do art.11º temos a responsabilidade ambiental , esta não exclui aplicação simultânea
da responsabilidade civil , da responsabilidade penal (no caso das condutas/facto danoso
constituir também crime) e da responsabilidade contraordenacional (o facto de não ter
cumprido as suas obrigações decorrentes deste DL pode-lhe ser aplicada uma contra
ordenação).

A responsabilidade subjetiva prevista no art.13º pressupõe a existência de dolo ou de


negligência , e obviamente a consequência desta responsabilidade seja objetiva seja subjetiva
é a adoção de medidas.

A adoção de medidas preventivas do art.14º e de medidas de reparação previstas no art.15º.

25/05/2023 – Aula P

Ver frequências que estão no moodle.

Teste 1:

2. Principio do poluidor-pagador

3.

4. Por responsabilidade ambiental não pode , pois esta responsabilidade é aplicada pela APA ,
logo , António apenas poderia demandar judicialmente a entidade quanto à responsabilidade
civil. Caso não houvesse culpa existia a responsabilidade objetiva esta que ocorre
independentemente da culpa.

5. Art.5º DL (nexo de causalidade)

6. Não , pois para efeitos dos danos que ele sofreu estes apenas podem ser reparados uma vez
e o art.10º DL impede a existência desta dupla reparação.

29/05/2023 – Aula T

O decreto lei prevê 2 tipos de medidas.

As do art.14º estas que são de prevenção , e as medidas de reparação (quando o dano já


ocorreu) no art.15º.

Num caso e noutro é considerado fundamental a comunicação à APA e eventualmente a


outras autoridades que sejam chamadas à colação.

Art.15º em relação às medidas de reparação distingue 2 tipos de medidas :


As de reparação de emergência ou as de contenção (são as adotadas imediatamente) , e temos
as medidas de reparação propriamente ditas que têm de ser aprovadas pela APA , que pode
concordar , discordar e propor outras , ou fazer proposta de alteração.

Estes projetos de reparação são multidisciplinares e são caracterizam a transversalidade do


direito do ambiente.

Em termos de medidas de reparação anexo V refere-se a alguns tipos :

 Medidas de reparação primária (Reconstituição do estado inicial , o estado inicial está


definido no art.11º/1/j e corresponde não a um estado ideal em que era desejável que
o ambiente se encontra-se , mas sim a situação concreta em que se encontram os
recursos naturais afetados antes da ocorrência do dano)
 Medidas de reparação complementar (Ocorrem quando não é possível obter a
reparação total do sitio danificado o que significa que , por exemplo , há uma mata
que é destruída e não é possível reestabelecer a situação anterior , neste caso o
operador pode ser obrigado a compensar a impossibilidade da reparação total) ;
 Reparações compensatórias (Tem haver com , enquanto se aguarda a reparação , é o
período das perdas transitórias , pode o operador ser obrigado a adotar medidas
compensatórias , ou seja , num sitio geograficamente próximo e com as características
mais parecidas com a do sitio contaminado , fazer , por exemplo , infraestruturas ou
criar condições que permitam ao público beneficiar de condições o mais parecidas
possível com as que retirava do sitio contaminado. Estas medidas compensatórias não
são entendidas como compensação financeira para o público) ;

Os critérios são os mesmo para os danos causados à biodiversidade , à agua etc… Só é


considerado dano causado ao solo , e só é considerado reparação do solo quando se consegue
eliminar qualquer risco de efeito adverso para a saúde humana , ou seja , quando falamos de
uma reparação ao solo , este pode estar contaminado mas se não houver riscos para a vida
humana este não causará responsabilidade ambiental.

A APA só intervém em ultimo recurso , e isto acontece quando não é possível identificar o
operador , quando o operador não adota de todo as medidas a que está obrigado e naquelas
situações do art.20º em que pode haver exclusão da obrigação de pagamento (naquelas
situações que os danos são causados por terceiros , quando o operador causou um dano mas
estava apenas a seguir ordens externas etc….).

A APA pode ser chamada a intervir por qualquer interessado nos termos do art.18º , no n2
deste mesmo artigo temos as características necessárias para ser considerado interessado.

O art.19º estabelece a aplicação prática do principio do poluidor-pagador.

Há situações em que a APA pode não recuperar o custo , sendo estes casos quando se trata de
valores baixos.

O art.23º fala do fundo de intervenção ambiental , e o fundo é chamado a atuar pela APA
quando é esta que adota as medidas , é este fundo que as paga , logo , a APA não tem fundos
próprios. Este fundo é alimentado por uma percentagem do que se paga dos licenciamentos ,
uma percentagem das contra ordenações sem matéria ambiental e entre outras.
O art.22º corresponde a um dos calcanhares de Aquiles da responsabilidade ambiental. Em
Portugal foi estabelecida a garantia financeira obrigatória que pode ser prestada de várias
formas , só que o estado português ficou de regulamentar o molde e os limites mínimos para
esse efeito , e até hoje nada foi feito. O único estado que tem um sistema exemplar de
garantia financeira é o estado Espanhol cujo regime é utilizado como referência pela União
Europeia.

Há duas entidades que trabalham com a APA , sendo estas a Inspeção geral do ambiente e do
ordenamento do território (pode levantar processos contraordenacionais) e Serviço de
proteção da natureza e do ambiente da GNR (pode levantar autos de noticia).

A aplicação de uma coima constitui um ato administrativo que resulta do procedimento


administrativo , entre ele , um dos pontos principais é a colaboração e participação do
administrado , logo , até porque é um direito assegurado constitucionalmente , há audição
prévia do administrado sobre pena do ato referido ser anulável.

No art.26º temos o que é que constitui contraordenação ambiental leve , grave ou muito
grave.

As sanções acessórias visam acrescentar uma repreensão mais assertiva ao simples


pagamento de uma quantia. Em termos ambientais a aplicação das sanções acessórias é muito
importante , muitas vezes mais importante do que a própria aplicação da coima.

A violação das obrigações em matéria de ambiente dão lugar a contraordenações , só há lugar


a responsabilidade penal em casos muito remotos. Se há dificuldades em aplicar o regime da
responsabilidade ambiental , essas mesmas dificuldades refletem-se no preenchimento do tipo
de ilícito penal.

Prescrição – 30 anos

01/06/2023 – Aula T

Os operadores têm determinadas obrigações que se encontram previstas no decreto lei


constituem contraordenações. As contraordenações , mais do que punitivas têm um carácter
preventivo. Pretende-se que as pessoas saibam que se não cumprirem pagam e mais do que
coimas podem ter sanções acessórias.

Temos as contraordenações ambientais graves e as muito graves. As coimas vêm definidas na


lei quadro , no art.21º e são determinadas em função da gravidade da contraordenação etc..

Há sanções acessórias.

Tutela penal :

São vários os crimes previstos no código penal que protegem a natureza , alguns anteriores a
2008. Só existem 2 crimes autónomos , são eles o crime de danos contra a natureza que se
encontra previsto no art.278º , é um crime ambiental autónomo (prescinde da prova de
criação de perigo ou de risco para o ser humano) , o outo é o crime de poluição.

O bem jurídico tutelado por estes crimes é a preservação da natureza nas suas vertentes
biofísicas e biológicas , os demais crimes , já têm o fator humano.
A lei penal só se aplica em última instância.

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