Artigo Pesquisa Ensino Colaborativo
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Universidade Estadual do Centro Oeste, Irati, Paraná – Brasil. E-mail: [email protected].
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Universidade Estadual do Centro Oeste, Irati, Paraná – Brasil. E-mail: [email protected].
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Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo – Brasil. E-mail:
[email protected].
Resumo
Este estudo teve o objetivo de verificar quais são as estratégias pedagógicas utilizadas no
ensino comum e no atendimento educacional especializado para uma educanda com
transtorno do espectro autista (TEA). O método da pesquisa foi descritivo, com a aplicação de
dois questionários e análise qualitativa dos dados. Os participantes do estudo foram três
docentes, sendo duas do ensino comum e uma da educação especializada. Os questionários
foram aplicados após a aprovação da pesquisa no Conselho de Ética. Os resultados indicaram
que todas as professoras entendiam a educação inclusiva como forma de propiciar a todos os
alunos a aprendizagem em um ambiente comum, com convívio e interação com os demais
colegas. No que se refere à interação das professoras do ensino regular com a profissional do
atendimento especializado, as docentes destacaram que buscam, juntas, formas de melhor
repassar os conteúdos escolares à aluna com TEA, além de entenderem que, em relação ao
trabalho colaborativo, há muitos desafios, como a antecipação de conteúdos para pensar
estratégias de ensino que favoreçam a todos. Assim, pode-se constatar que o tema inclusão é
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um trabalho árduo e que muitos educadores ainda não conseguem identificar e entender que
os alunos aprendem de forma e em tempos diferentes.
Palavras-chave: Educação Especial. Inclusão Escolar. Ensino Colaborativo.
Abstract
This study aimed to verify which are the pedagogical strategies used in the common teaching
and in the specialized educational attendance for a student with autism spectrum disorder
(ASD). The research method was descriptive, with the application of two questionnaires, with
qualitative data analysis. The study participants were three teachers, two from ordinary
education and one from specialized education. The questionnaires were applied after the
research was approved by the ethics committee. The results indicated that all teachers
understood inclusive education as a way of providing all students with learning in a common
environment, with conviviality and interaction with other colleagues. With regard to the
interaction of regular education teachers with the professional of specialized care, the
teachers stressed that together they seek ways to better pass on school content to students
with ASD, in addition to understanding that, in relation to collaborative work, there are many
challenges as the anticipation of contents to think teaching strategies that favor everyone.
Thus, it can be seen that the inclusion theme is hard work and that many educators are still
unable to identify and understand that students learn differently and at different times.
Keywords: Special Education. School Inclusion. Collaborative Teaching.
Resumen
Este estudio tuvo como objetivo verificar cuáles son las estrategias pedagógicas utilizadas en
la docencia común y en la asistencia educativa especializada para una estudiante con
trastorno del espectro autista (TEA). El método de investigación fue descriptivo, con la
aplicación de dos cuestionarios y con análisis cualitativos de datos. Los participantes del
estudio fueron tres profesores, dos de educación ordinaria y uno de educación especializada.
Los cuestionarios se aplicaron después de que la investigación fuera aprobada por el
Consejo de Ética. Los resultados indicaron que todos los docentes entendieron la educación
inclusiva como una forma de brindar a todos los estudiantes com el aprendizaje en un
entorno común, con la convivencia y la interacción con otros colegas. En cuanto a la
interacción de los docentes de educación regular con el profesional de atención
especializada, los docentes destacaron que, juntos, buscan formas de transmitir mejor los
contenidos escolares a los estudiantes con TEA, además de entender que, en relación al
trabajo colaborativo, existen muchos retos como la anticipación de contenidos para planear
estrategias didácticas que favorezcan a todos. Así, se puede ver que el tema de la inclusión es
un trabajo arduo y que muchos educadores aún son incapaces de identificar y comprender
que los estudiantes aprenden de manera diferente y en momentos diferentes.
Palabras clave: Educación Especial. Inclusión Escolar. Enseñanza Colaborativa.
1 Introdução
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nas décadas seguintes, por uma sociedade mais democrática, fortalecendo as críticas ao
modelo homogeneizador de educação escolar e às práticas de segregação e categorização de
estudantes. Ainda para esses autores, duas conferências históricas reforçam a ideia de uma
escola para todos – a Declaração Mundial de Educação para Todos, de Jomtien/1990, e a
Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, realizada
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em
1994, em Salamanca – e propõem aprofundar a discussão de uma educação democrática, o
que deve levar em consideração a diversidade, contemplando as diferenças individuais, e
oferecer experiências de aprendizagem conforme as habilidades, interesses e potencialidades
dos alunos.
Foi nos últimos anos, entretanto, que se intensificou, na prática, a política em prol da
educação inclusiva com vistas à efetivação do exercício da docência no acolhimento da
diversidade (MANTOAN, 1997). Além disso, em janeiro de 2016, entrou em vigor a Lei
Brasileira de Inclusão nº 13.146/2015, que também ficou conhecida como Estatuto da Pessoa
com Deficiência, que garante direitos ao público alvo da educação especial (PAEE) e prevê
punições para casos de discriminação (MONTEIRO, RIBEIRO, 2018).
Ser incluído não significa apenas estar matriculado, sentado na cadeira dentro de uma
sala de aula ou participar do recreio com os demais colegas; é preciso ter as mesmas
oportunidades que os outros, ser tratado com igualdade, ter entendimento de que a sala de aula
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não é homogênea, sendo por isso necessárias adaptação curricular e modificações físicas e
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Para Mantoan et al. (2003), é preciso acreditar que todos são capazes de aprender,
tornando-se essencial oferecer-lhes uma escola acessível, o que significa fazer adaptações
físicas e pedagógicas, pois todos, sem exceção, devem frequentar as salas de aula do ensino
comum. Ainda segundo a autora, com isso pode-se dizer que todos são iguais perante os
direitos, e nossos estudantes PAEE podem frequentar a classe comum juntamente com os
demais escolares.
Destaca-se também que esse público tem respaldo legal para o seu atendimento
educacional, assegurando-lhe, entre outros, os direitos à matrícula em ensino regular e a
acompanhante especializado, conforme consta na Lei nº 12.764/2012, que instituiu a Política
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (BRASIL,
2012).
manifestados atualmente ou por história prévia, os quais estão presentes desde o início da
infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário, cujo prejuízo funcional pode variar
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Para Monteiro e Ribeiro (2018), as crianças com TEA foram vítimas de preconceitos e
ideias estereotipadas quanto à sua capacidade. Mais que outras, essas crianças necessitam do
convívio e de trocas com pares de sua idade. As atividades motoras, de socialização e
linguagem são de grande contribuição para seu desenvolvimento, principalmente linguístico e
postural. A inclusão deve ocorrer o mais cedo possível na Educação Infantil por ter seu
trabalho pedagógico voltado aos aspectos do desenvolvimento evolutivo.
A inclusão da pessoa com TEA, para essas autoras, legitima-se de acordo com a Lei nº
12.764/2012, que reafirma o processo de inclusão, já presente em outros documentos,
confirmando que essas pessoas têm garantido o direito de estudar em escolas regulares e de
ter acompanhamento especializado. Na mesma direção, ainda para as autoras, o Ministério da
Educação (MEC) destaca o direito à educação inclusiva e ao AEE, reafirmando todos os
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Em 2007, para Kassar (2014), surgiu a sala de recursos multifuncionais (SRM), com o
objetivo de propiciar ao aluno do PAEE a garantia da matrícula nas salas de aula comuns das
escolas públicas e sua escolaridade complementada (ou suplementada, no caso de alunos com
altas habilidades). Para a autora, essa estrutura passou a ser entendida como AEE.
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De forma complementar, Glat (2013) afirma que, para o aluno PAEE aproveitar
plenamente a escolaridade no contexto do ensino regular, a escola precisará dispor de um
sistema de suportes (material, pessoal e de conhecimentos, incluindo os serviços de AEE) que
lhe permita adaptar métodos e práticas de ensino e avaliação, incorporando recursos e
adaptações que se façam necessárias para promover o seu desenvolvimento e aprendizagem,
ou seja, a educação especial não deve ser mais concebida como um sistema educacional
especializado à parte, mas, sim, como um conjunto de metodologias, recursos e
conhecimentos (materiais, pedagógicos e humanos) que a escola comum deverá dispor para
atender à diversidade de seu alunado (GLAT, FERNANDES, 2005).
A parceria entre esses professores, para Silva (2007), torna-se uma estratégia
extremamente importante para o planejamento, a avaliação e a organização de recursos de
ensino para os alunos PAEE. Para o autor, essa troca de saberes é possível porque os
professores do ensino comum são especialistas em conteúdo específico de uma determinada
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Nesse contexto, de acordo com Mendes, Almeida e Toyoda (2011), entende-se por
ensino colaborativo a atuação em parceria do professor do ensino comum e o professor
especialista, dividindo a responsabilidade no planejamento, desenvolvimento e avaliação dos
alunos. Essa forma de parceria surge como um auxílio para o processo de inclusão, um
amparo aos profissionais envolvidos e, principalmente, aos alunos PAEE. Para as autoras:
Ele emergiu como uma alternativa aos modelos de sala de recursos, classes especiais
ou escolas especiais, como um modo de apoiar a escolarização de estudantes com
necessidades educacionais especiais em classes comuns. Assim, a invés dos alunos
com necessidades educacionais especiais irem para classes especiais ou de recursos,
é o professor especializado que vai até a classe comum na qual o aluno está inserido,
colaborar com o professor do ensino regular. (MENDES; ALMEIDA; TOYODA,
2011, p. 85.)
Com essa prática, para Rabelo (2012), o ganho fica evidente ao aluno, aos colegas, aos
docentes e a toda a comunidade escolar, fazendo que o ensino colaborativo favoreça a
inclusão escolar. Para a autora, são necessários ao desenvolvimento de práticas pedagógicas e
a quebra efetiva de paradigmas, em que o professor do ensino comum trabalha de portas
fechadas e o professor da educação especial atua sozinho, atendendo individualmente o aluno
com necessidades educacionais.
Diante do exposto, questiona-se: como tem sido a inclusão de uma educanda com TEA
na visão dos professores do ensino comum e da professora especializada?
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2 Método
A pesquisa é qualitativa e de caráter descritivo (SELLTIZ, WRIGHTSMAN, COOK,
1987; SAMPIERI, COLLADO, LUCIO, 1997).
Foram utilizados folha de sulfite A4, lápis, caneta, borracha e notebook conectado à
internet.
O contato com os participantes foi realizado após a aprovação pelo Comitê de Ética
em Seres Humanos sob nº 4.350.435, com anuência do Núcleo Regional de Educação, Área
Metropolitana Sul.
A pesquisa teve como participantes três professoras que pertenciam ao quadro próprio
do magistério do Estado do Paraná. Duas professoras atuavam no 1º ano do Ensino Médio,
que possuía uma aluna de 15 anos de idade com diagnóstico de TEA, e uma professora que
atuava na sala de recursos multifuncionais, realizando o atendimento educacional
especializado.
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abertas sobre a inclusão de alunos no ensino comum, foi preenchido pelas professoras do
Ensino Médio.
2) Qual o desafio maior de trabalhar dentro da classe regular com uma aluna inclusa?
O segundo instrumento foi composto de sete questões que versam sobre os aspectos da
educação inclusiva e da educação especial, o qual foi destinado à professora que atuava no
atendimento educacional especializado na sala de recursos multifuncionais. Nesse segundo
questionário, solicitaram-se a identificação do participante e as mesmas informações
solicitadas no primeiro questionário. Em seguida, passou-se às questões:
7) Qual o maior desafio de trabalhar tanto com um aluno incluído quanto com a profissional
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do AEE?
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3 Resultados e discussão
Em relação aos aspectos da inclusão, observa-se que as docentes a descrevem como
forma de propiciar a todos os alunos a aprendizagem em um ambiente comum, com convívio
e interação com os demais colegas. A profissional do AEE afirma que precisa é necessário
aceitar a própria limitação, olhando para si.
Sobre a interação das professoras do ensino regular com a docente do AEE, elas
destacaram que buscam, juntas, formas de melhor repassar os conteúdos escolares à aluna
PAEE, como prevê Kassar (2014). As professoras afirmam a importância de se disponibilizar
o Plano de Trabalho Docente (PTD) para a professora do AEE e que elas o fazem. A
professora do atendimento especializado relata, contudo, que um dos desafios que
comprometem seu trabalho é conseguir antecipadamente o acesso ao conteúdo que será
trabalhado na turma em determinada disciplina. Esse limite indica a necessidade de
conscientização dos demais docentes sobre a importância da adequação dos recursos e
procedimentos de ensino para que o aluno PAEE possa se beneficiar dos conteúdos
trabalhados pelo professor do ensino comum, indo ao encontro de Kassar (2014).
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desenvolvimento e avaliação dos alunos, possibilita que os conteúdos escolares sejam mais
facilmente assimilados pelo aluno incluso.
As duas docentes do ensino comum afirmaram que o maior desafio ao trabalhar com a
aluna com TEA é fazer que ela aprenda e assimile os conteúdos. É preciso inovar nas
tecnologias, englobar todos, compreender que todos são diferentes e têm dificuldades e
potencialidades. Mantoan (1997) reitera que é preciso um redimensionamento da escola no
que consiste não somente na aceitação, mas também na valorização das diferenças, o que se
concretiza pelo resgate dos valores culturais, fortalecendo o trabalho coletivo e individual,
bem como o respeito pelos atos de aprender e construir.
A professora de AEE avalia sua relação com os docentes da turma em dois vieses.
Primeiramente, desenvolve o trabalho colaborativamente, colocando-se sempre disponível e
buscando formas para contribuir para o processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, há
professores que mantêm um bom nível de colaboração e, diante de dificuldades, em conjunto,
buscam alternativas, conforme diz Damiani (2008).
aprender como os demais colegas, indo contra o proposto por Paraná (2006).
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Assim, pode-se constatar que o tema inclusão é um trabalho árduo e, com a exposição
da professora, nota-se que muitos educadores ainda não conseguem identificar e entender que
os alunos aprendem de forma e em tempos diferentes. Isso é afirmado por Rodrigues (2006),
quando aborda a necessidade de diferenciação curricular, em que os professores da inclusão
escolar a fazem e os professores tradicionais mantêm-se em modelos não diferenciados.
MISQUIATTI, 2013).
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Ross (1998) corrobora essa postura da docente mencionando que é preciso uma
formação que considere, respeite e valorize a diversidade, a tolerância, a aprendizagem
cooperativa, em que o professor possa atuar, fazendo a mediação entre os conhecimentos e os
alunos, propondo desafios em um ambiente integrador.
A professora de AEE considera a família o elo mais forte do processo, uma vez que
pais comprometidos colaboram com a escola e melhoram o comprometimento do aluno com a
sua vida escolar. A docente relatou que “a ausência do suporte familiar torna difícil os
avanços em relação às dificuldades que o aluno especial apresenta”.
Cunha (2012), em sua obra, afirma que, para a escola realizar uma educação adequada,
deverá, ao incluir o educando no meio escolar, incluir também a sua família nos espaços de
atenção e atuação psicopedagógica. Assim, aluno, educadores e família em trabalho
colaborativo proporcionam o desenvolvimento adequado do estudante.
4 Considerações finais
A educação inclusiva está se alargando nas instituições de ensino, fazendo que os
docentes passem a buscar novas formas de ensinar, a fim de garantir que todos os alunos
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ensino colaborativo de uma estudante com TEA, tanto no ensino comum quanto no AEE, na
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especializado na visão dos docentes
visão dos docentes. Nota-se que os professores estão mais abertos a trabalhar
colaborativamente para que esse processo ocorra e que realmente haja aprendizagem
significativa.
Referências
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RODRIGUES, D. Inclusão e Educação: doze olhares sobre a Educação Inclusiva. São Paulo.
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Suporte educacional à inclusão de estudante com transtorno do espectro autista: atendimento educacional
especializado na visão dos docentes
SANTOS, V.; ELIAS, N. C. Caracterização das matrículas dos alunos com transtorno do
espectro do autismo por regiões brasileiras. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 24,
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