Introdução Ao Audiovisual
Introdução Ao Audiovisual
Introdução Ao Audiovisual
INTRODUÇÃO AO
AUDIOVISUAL
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Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Steganha, Roberta
S799i Introdução ao audiovisual / Roberta Steganha, –
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019.
117 p.
ISBN 978-85-522-1488-5
1. Recursos audiovisuais. 2. Equipamento audiovisual.
I. Steganha, Roberta. II. Título.
CDD 300
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: [email protected]
Homepage: http://www.kroton.com.br/
2
INTRODUÇÃO AO AUDIOVISUAL
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 4
3
Apresentação da disciplina
Olá estudante!
Bons estudos!
4
Introdução à história do
Audiovisual
Autora: Roberta Steganha
Objetivos
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1. Introdução
6
e, a partir deste momento, reduziu-se drasticamente o risco de um
conhecimento se perder. Assim, houve uma transposição no repasse de
informação do meio auditivo para o visual.
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Um exemplo disso é que, conforme a sociedade foi ampliando seu
conhecimento, a necessidade de se imprimir cada vez mais e em
diferentes materiais foi se ampliando também. Por isso, a prensa gráfica
foi sendo aperfeiçoada. Segundo os autores (2004),
Fonte: ZU_09/iStock.com.
8
Além disso, outro fator que impulsionou o setor gráfico foi o jornalismo,
que começou a se consolidar enquanto negócio neste período. Com
jornais diários, semanários ou até mesmo revistas para diversos tipos
de públicos, esse tipo de impresso ajudou não só na disseminação de
conhecimento, mas também na incorporação do meio na rotina da
sociedade moderna. “Somente na Grã-Bretanha, estima-se que mais de
15 milhões de jornais foram vendidos durante o ano de 1792” (BRIGGS;
BURKE, 2004, p. 78).
ASSIMILE
9
Cabe ressaltar que o material impresso deste período não é composto
apenas por textos. As imagens já faziam parte das publicações devido a
sua carga simbólica. O poder da imagem era conhecido desde a Idade
Média, mas o que facilitou seu uso foi a automatização dos processos de
reprodução. Antes, cada imagem era única e demandava muito tempo
para ser confeccionada, o que tornava o processo dispendioso. No século
XIV, a xilogravura, que é uma técnica que usa matriz em madeira para
transferir um desenho para um suporte, já possibilitava automação.
10
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Neste período, com os trabalhadores concentrados nas fábricas,
criaram-se grandes centros industriais, e a ideia de comunicação coletiva
começou a ganhar forma. Houve ainda, de forma tímida, um interesse
nascente pelas multidões, que, mais tarde, viria a se transformar na
ideia de sociedade de massa, que atingiria seu auge no século XX.
1.2 Telégrafo
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a instalação de cabos submarinos oceânicos, a partir de 1858. Jornais
da época, como o The Times, classificaram o telégrafo como a maior
descoberta desde Colombo.
Aumentou a velocidade de transmissão de informação, pública e privada,
local e regional, nacional e imperial, e essa característica, a longo prazo,
foi seu efeito mais significativo. A distância ia sendo conquistada à medida
que se transmitiam informações [...] Agências nasceram para levar notícias
através das fronteiras, a primeira delas sendo a agência Havas, fundada
em Paris em 1835. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 142).
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12
1.3 Telefone
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Entretanto, apesar de o número de telefones por habitantes continuar a
aumentar significativamente depois de 1918, essa curva de crescimento
foi impactada pela crise de 1929 e também pela Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), quando praticamente estancou. A retomada do
crescimento de venda do aparelho só veio a partir de 1950, e aí, se
tornou uma tendência social sem volta.
1.4 Rádio
O advento do rádio marcou uma nova era nas comunicações, porque suas
ondas possibilitaram a quebra de uma barreira que subsistiu à tecnologia
da impressão: o analfabetismo. Como conseqüência, cristalizou-se o
processo de massificação, cuja abrangência o viabilizou como principal
instrumento político da época (PERLES, 2007, p. 11).
Por ser sem fio, o rádio rapidamente ganhou diversos usos. Mas, “o
fato de enviar mensagens, todas em Morse, que podiam ser captadas
por pessoas a quem não eram dirigidas foi julgado não uma vantagem,
mas uma desvantagem” (BRIGGS, BURKE, 2004, p. 159). Nem o próprio
Marconi via o rádio como um meio de grande difusão no início.
Especialistas e governos só perceberam o potencial deste novo meio
quando este começou a ganhar as casas nos Estados Unidos e depois
na Grã-Bretanha.
14
14
Em 1904, a radiotransmissão foi usada para relatar a prisão de
um assassino que fugia da Inglaterra para o Canadá, por mar, com
sua amante.
Oito anos depois, foi a estação de Marconi, em Long Island, que captou
as mensagens de socorro do Titanic, e enviou notícias para a Casa
Branca. Isso ocorreu porque, em 1906, na Convenção Internacional de
Radiotelegrafia, em Berlimv (Alemanha), havia ficado decidido que o
SOS deveria ser o sinal padrão para pedir socorro. Na Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), devido à necessidade de comunicação, o rádio foi
usado por militares.
15
PARA SABER MAIS
Os transistores estão em toda parte. Eles vieram para
substituir as antigas válvulas eletrônicas, que eram
grandes e ineficientes. Eles são o componente ativo
mais usado em projetos eletrônicos, porque são capazes
de gerar ou amplificar sinais, ou seja, funcionam
como interruptores e não ocupam muito espaço. Essa
descoberta possibilitou, posteriormente, a criação de
dispositivos como celulares, videogames e computadores,
mudando a vida em sociedade.
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Figura 3 – Transmissão de mensagens durante a
Primeira Guerra Mundial
Fonte: CJP/iStock.com.
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Rapidamente, o rádio foi se tornando um negócio e também um hábito da
sociedade moderna. Tanto que, em 1922, apenas nos Estados Unidos, já
eram mais de 572 licenças concedidas para radiodifusão. Na Inglaterra, a
primeira rádio no formato que conhecemos hoje foi a BBC, já nos Estados
Unidos, a pioneira foi a NBC. No Brasil, a primeira transmissão radiofônica
pública oficial ocorreu em 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro (RJ),
quando o presidente Epitácio da Silva Pessoa discursou na inauguração da
Exposição do Centenário da Independência.
1.5 Fotografia
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Tudo começou quando o pesquisador francês Joseph Nicéphore Niepce
produziu a primeira fotografia por meio da ténica de heliografia, que
consistia em um processo de reprodução fotomecânica que usava
luz para fazer cópia do original. Depois, em 1829, Louis Daguerre
desenvolveu o daguerriótipo, um sistema que fixava as imagens obtidas
na câmara escura numa folha de prata sobre uma placa de cobre. Já em
1839, William Fox Talbot criou um sistema diferente, usando nitrato de
prata e produzindo negativos sobre o papel. Em 1840, Johann Baptiste
Isering idealizou um método para colorir essas imagens. Mas, foi
somente com James Clerk Maxwell que a imagem passou a ser vista a
partir de um projetor.
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morreria com esta nova situação, no entanto, pelo contrário, ela
renasceu devido a liberdade de ver as imagens antes da revelação e a
possibilidade, praticamente infinita, de se fazer quantas fotos quiser.
1.6 Cinema
20
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Figura 4 – Exemplo de sala luxuosa de antigo cinema
Fonte: Joshblake/iStock.com.
1.7 Televisão
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quando instalaram cabos transatlânticos, perceberam algumas reações
de resistores de selênio a luz do sol em 1873. Uma década depois,
um advogado sugeriu que o selênio poderia ser usado para fazer um
sistema de varredura. No entanto, o que ele tinha em mente, era a
transferência de imagens individuais, instantâneas, mas ‘fugidias’, e não
de imagens contínuas em telas” (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 178).
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1.8 Gramofone
Figura 5 – Gramofone
Fonte: Oxford/iStock.com.
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Nos anos seguintes, houve uma melhora na qualidade do som e
também nos aparelhos disponibilizados para a venda, que possuíam
mais recursos, mas, ao mesmo tempo, eram mais baratos. Isso ocorreu
até a crise de 1929, quando teve suas vendas interrompidas pela
Depressão. Diferentemente do cinema, o gramofone não se recuperaria
desse período. Ele foi diretamente impactado, mas não os discos, que
anos mais tarde, voltariam em grande estilo com o desenvolvimento de
novos aparelhos de rádio, no caso toca-discos modernos.
1.9 Internet
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Com a evolução da internet, chegamos à era da Web 2.0, com
smartphones, proporcionando maior interação e mobilidade aos
usuários. Assim, foi aberto um caminho para uma interação cada vez
maior entre os usuários, em que a relação com a tecnologia se tornou
intuitiva e orgânica. A linha entre o virtual e o real ficou muito tênue.
Chegamos, assim, às tecnologias vestíveis (wearables) como smartwatchs,
em 2010, e realidade aumentada, com o game Pokémon Go, em 2016.
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Entretanto, além de uma multiplicidade de informações sendo geradas,
temos, também, uma diversidade de plataformas disponíveis para
escoar essa vasta produção de dados. Segundo Jenkins (2009), esse
fluxo de conteúdo na sociedade em rede perpassa múltiplos suportes
e mercados, já que o público-produtor está sempre à procura de novas
experiências. Temos, assim, um processo chamado de convergência
midiática, que consiste no “fluxo de conteúdos através de múltiplas
plataformas” (JENKINS, 2009, p. 29).
2. Considerações finais
TEORIA EM PRÁTICA
Reflita sobre a seguinte situação: a evolução dos meios de
comunicação sempre esteve diretamente ligada à história
da comunicação. Sem eles, com certeza, ainda estaríamos
divulgando as informações oralmente. No entanto, ao
contrário, hoje vivemos na era da informação, em que a
sociedade pós-moderna vive conectada em rede, graças a
invenção da internet. Desde a hora em que acordamos até o
momento em que vamos dormir, ela permeia nossas vidas.
No trabalho não é diferente, ela está lá a todo momento,
já que facilita processos. A partir disso, imagine agora
a rotina de um profissional de edição de um renomado
estúdio de criação, que todos os dias edita diversos vídeos
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26
e precisa repassar para seus clientes e filiais. Como o
meio internet entra na rotina deste profissional? Quais
vantagens ela trouxe que há 20 anos não eram possíveis?
E como ela ajudará no trabalho deste profissional nos
próximos 10 anos?
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
b. Rádio.
c. Internet.
d. Gramofone.
e. Telégrafo.
b. Canon.
c. Kodak.
d. Sony.
e. Leica.
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3. Foi o primeiro meio de comunicação responsável não
apenas por documentar conhecimentos, mas também
por levá-los mais longe. De qual meio estamos falando?
a. Rádio.
b. Prensa gráfica.
c. Televisão.
d. Computador.
e. Telegrafia.
Referências bibliográficas
BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma história social da mídia: de Gutenberg à Internet. Rio
de Janeiro: Zahar, 2004.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. v. 1São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GONTIJO, Silvana. O livro de ouro da comunicação. São Paulo: Ediouro, 2004.
JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
PERLES, J. B. Comunicação: conceitos, fundamentos e história. Disponível em:
<http://www.bocc.ubi.pt/pag/perles-joao-comunicacao-conceitos-fundamentos-
historia.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2019.
Gabarito
Questão 1 - Resposta A
O rádio nasceu de uma tentativa de aperfeiçoamento da telegrafia,
inclusive, esse meio chegou a utilizar o código Morse, que era
usado por ela em algumas transmissões iniciais, na época dos
radioamadores.
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Questão 2 - Resposta C
Em cinco anos, mais de 90 mil Kodaks foram vendidas. Elas vinham
com filme e podiam fazer até 100 imagens. Ao terminar de fazer o
rolo, era só enviá-lo para a Kodak e, depois de alguns dias, receber
o resultado. A empresa revolucionou o universo da fotografia,
porque tornou-a simples e acessível a todos.
Questão 3 - Resposta: B
A prensa gráfica, com seus livros e jornais de baixo custo, foi
a responsável não apenas por documentar conhecimentos,
mas também por levá-los mais longe, ampliando a difusão de
informações.
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Construção da linguagem
audiovisual, gêneros e formatos
Autora: Roberta Steganha
Objetivos
30
30
1. Introdução
2. Linguagem audiovisual
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No entanto, a linguagem também é fruto de seu tempo. Ela não fica
parada, em suspensão, estanque. Pelo contrário, vai se ajustando
as novidades tecnológicas e ampliando, assim, sua capacidade de
transmitir uma informação, ou ainda, de comunicar. Foi desta forma que
surgiu a linguagem audiovisual, como resultado do incorporamento de
novos dispositivos tecnológicos, tais como computador e câmeras, por
exemplo, na rotina desta sociedade.
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32
Quando falamos sobre linguagem audiovisual, tocamos, também, em
outro ponto importante para esta discussão, que é sua associação
ao conceito de estética. Pois, ao contrário da linguagem jornalística,
por exemplo, que, em geral, é marcada por uma comunicação rápida
e direta, a linguagem audiovisual não vem só transmitir, ela quer
compor a produção de sentido da mensagem por meio de uma
narrativa complexa, que é composta pelo casamento perfeito dos
elementos a seguir:
Narrativa
Discurso
Linguagem
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Avançando nesta questão, devemos lembrar que a transmissão de uma
mensagem audiovisual se baseia no modelo tradicional da comunicação,
em que temos um emissor, que deseja transmitir uma mensagem para
um receptor. O emissor pode enviar a mensagem para a massa como
na TV, ou não, como é o caso da internet. Para isso, precisa escolher o
código e o canal corretos para seu conteúdo, evitando assim ruídos.
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Ainda segundo Jenkins (2009), hoje os veículos de comunicação já
reconhecem a importância dessa participação. “Os consumidores
estão usando a net para se envolverem com o que admiram,
entendem esse como um espaço democrático e de ações coletivas. A
convergência alternativa tem impulsionado mudanças na paisagem
midiática” (JENKINS, 2009, p. 235). Observe a reflexão proposta no
infográfico a seguir:
Produtor
Receptor
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E dentro do próprio audiovisual temos linguagens diferentes, pois
elas serão impactadas pelo veículo em que o conteúdo será exibido.
Portanto, sendo assim, precisam de adaptações.
36
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A evolução da linguagem do cinema se deu pelo viés de dois elementos:
a narrativa e a encenação, pois estes sempre constituíram elementos
criativos e compositivos que marcaram a linguagem cinematográfica.
ASSIMILE
Enredo é o conjunto das ações realizadas pelas
personagens da narrativa. A ideia é criar emoção e contexto
para o espectador. Em outras palavras, é tudo que acontece
na história. Os enredos podem ser comerciais, como nos
filmes de Hollywood, com personagens superficiais, ou
artísticos, com personagens mais complexos e envolventes.
Assim, todo enredo está relacionado com o objetivo dos
personagens, e é este objetivo que moldará a história.
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estruturação e liberdade para o autor é que se constroem os diversos
gêneros narrativos do cinema – como veremos mais adiante nesta
leitura –, que nada mais são do que uma tentativa de democratizar a
linguagem cinematográfica.
Para atingir este objetivo, o cinema põe em cena junto com a linguagem,
o conteúdo propriamente dito, elementos como decoração, iluminação,
atores e câmeras para ajudar num melhor resultado, tudo isso, por meio
de enquadramentos e movimentações.
Fonte: nyfa/nyfa.edu/iStock.com
38
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Nesse sentido, o avanço das tecnologias de áudio trouxe mais realidade,
porque permitiu uma sincronização mais orgânica entre ator e voz. Por
outro lado, a chegada da cor, e depois da melhora na gama de tons,
ajudou a deixar os filmes mais vibrantes e intensos. E ainda, a passagem
do analógico para o digital também impactou a linguagem cinematográfica,
porque possibilitou a inserção de outras linguagens como o vídeo e os
jogos, abrindo novos campos para a produção audiovisual. Sendo assim, é
provável que a linguagem cinematográfica nunca vai deixar de ser afetada
porque as tecnologias não param de surgir.
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sair do lugar, é possível descrever melhor uma grande paisagem imensa
como o Grand Canyon, nos Estados Unidos, que é um lugar onde os
olhos se perdem de tão vasto que o espaço é.
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Ainda sobre a montagem, é importante destacar que ela não é apenas
um corte e transferência de trechos de um lugar para o outro. Na
verdade, sua função é a de organização e a articulação da narrativa.
Fonte: <https://www.history.com/news/psycho-shower-scene-hitchcock-tricks-fooled-
censors>. Acesso em: 18 maio 2019.
41
Entre os diversos elementos de som que podemos usar em uma obra
temos os ruídos, que podem ser naturais como raios e tosse, e os ruídos
musicais como uma televisão ligada. Podemos, também, ter música, que
pode ser uma trilha sonora ou apenas uma composição de fundo de
cena para dar dramaticidade.
Mas, essa linguagem não será totalmente nova, na verdade, ela será
adaptada do cinema para atender a necessidade de imediatez que a TV
tem. Assim, o grande diferencial não é exatamente como se produz, mas
sim como se assiste a essa nova mídia.
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Então, os recursos, especialmente, nas superproduções, serão os
mesmos e as bases narrativas também, mas é preciso inserir o máximo
de elementos possíveis para chamar a atenção desse público, já que
a qualquer momento o espectador pode decidir deixar de assistir. Ele
pode mudar o canal quantas vezes quiser – o tão temido zapping, além
da competição com outras telas.
Dubois (2004) destaca, ainda, que o vídeo está entre um plano técnico e
estético, no limite entre os dois campos, porque “se movimenta entre a
ficção e o real, entre o filme e a televisão, entre a arte e a comunicaçaõ”
(DUBOIS, 2004, p. 69).
Ele afirma ainda que o vídeo tem uma linguagem que é própria de
seu processo. Por isso, essa linguagem seria fruto não do visual ou do
conteúdo, mas sim da tecnologia empregada. Desta forma, essa seria a
principal diferença entre a linguagem do vídeo e a do cinema.
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2.4 Outras linguagens
<https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUK
EwjO0Nbmm_PiAhXxlrkGHYMBBAcQjhx6BAgBEAM&url=https%3A%2Fwww.netflix.com%
2Ftitle%2F80988062&psig=AOvVaw1PAXXd1JYS28Z8UwicK1ID&ust=1560953692377206>.
Acesso em: 18 maio 2019.
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44
PARA SABER MAIS
A expansão da indústria de jogos afeta cada vez mais o
cinema e o estimula a se reinventar. Em 2011, pela primeira
vez, um jogo foi considerado o maior lançamento mundial.
Foi Call fo Duty: Modern Warfare 3 que tirou o posto do filme
Avatar, de James Cameron de obra mais esperada. Em
apenas 24 horas, foram mais de US$ 400 milhões de lucro.
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Alguns exemplos de produção na categoria entretenimento são:
filmes, programas humorísticos, infantis, séries, novelas, reality shows,
entre outros. Já na categoria informação, podemos ter telejornais e
documentários. Podemos ter, ainda, conteúdos na categoria educativo,
assim como na categoria publicitária – esta última composta por filmes
publicitárias e chamadas. E dentro dessas categorias, temos os gêneros,
como: drama, comédia, ficção científica, faroeste, erótico, pornográfico,
ação, aventura, musicais, romance e terror.
Por fim, vale ressaltar que quando rotulo uma obra, por exemplo, de
terror ou faroeste, o público espera ver padrões comuns neste tipo de
produção, como a ambientação e detalhes do enredo e personalidades
dos personagens principais.
3. Considerações finais
• Nesta segunda leitura, conhecemos um pouco mais sobre a
linguagem do audiovisual; do cinema, passando pela TV até
chegarmos às novas mídias, aprendemos como se constroi a
narrativa dentro do audiovisual e quais são seus elementos
marcantes. Vimos ainda, os gêneros, categorias e formatos mais
comuns do audiovisual.
TEORIA EM PRÁTICA
Reflita sobre a seguinte situação: um estudante quer
montar uma pequena produtora para produzir conteúdo
audiovisual e conseguir uma renda extra. No entanto,
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46
ela não sabe por onde começar, e, por isso, precisa
de ajuda. Então, você precisa ajudá-lo nesta missão.
Comece elencando qual é o primeiro ponto que ele deve
escolher antes de começar a desenvolver um roteiro de
um programa de entretenimento. Faça um planejamento
sucinto de como ele deve agir neste caso específico, e dê
duas dicas importantes para que ele tenha sucesso nesta
empreitada.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
b. Entrevistas e iluminação.
c. Som e workshops.
d. Cores e portfólio.
e. Iluminação e stand-up.
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3. É o conjunto das ações realizadas pelas personagens da
narrativa?
a. Montagem.
b. Storyboard.
c. Sinopse.
d. Enredo.
e. Diálogo.
Referências bibliográficas
Gabarito
Questão 1 - Resposta B
São gêneros da produção audiovisual comédia, ação, faroeste,
ficção científica, fantasia, aventura, entre outros. Entrevistas, mesas-
redondas, novelas e séries, por exemplo, são formatos.
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48
Questão 2 - Resposta A
Os elementos que compõem a linguagem cinematográfica são
aqueles que ajudam a história a ser contada. Entre eles temos
a iluminação, o enquadramento, a montagem e o uso de cores,
por exemplo.
Questão 3 - Resposta: D
O conjunto das ações realizadas pelas personagens da narrativa é
o enredo. A ideia é criar emoção e contexto para o espectador. Em
outras palavras, é tudo que acontece na história.
49
Construção de roteiros e
narrativas no audiovisual: cases
Autora: Roberta Steganha
Objetivos
50
50
1. Introdução
51
Não tem serventia apenas no início do trabalho na concepção da ideia,
pelo contrário, pode e deve acompanhar a obra audiovisual ao longo de
seu desenvolvimento. Então, o roteiro é o elemento criador e ao mesmo
tempo estruturador do conteúdo audiovisual.
52
52
Ele deve ser linear e já deve indicar planos, movimentos de câmera
e uma possível montagem até. Então, o roteiro deve propor um
encadeamento da obra, seja ela para cinema, vídeo ou televisão. Cabe
a ele propor um modo de arranjo cênico e uma composição para que a
narrativa se desenrole no seu potencial máximo.
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Portanto, no roteiro, temos a sugestão e a indicação de como deve
ser a realização futura. Ele deve ter ainda narratividade, termo que diz
respeito a construção de relatos.
Ela fará isso por meio de diálogos, como afirma Rodrigues (2007):
54
54
Todas essas informações têm o intuito de ajudar na criação e na
organização do material audiovisual que será gravado. Portanto, o
roteiro consiste em uma organização de cenas, situadas no espaço
temporal com início, meio e fim, com todos os seus desdobramentos
dramáticos, contados a partir de uma forma cronológica.
ASSIMILE
55
Para facilitar o entendimento, vamos diferenciar estes termos a partir de
um exemplo prático. Vamos pensar em uma novela mexicana. Ela tem
uma história principal, que é chamada de história-base e que servirá de
guia para a obra como um todo.
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56
às estratégias como as pensatas, que são princípios morais que podem
ser debatidos ao longo da trama, já que geram burburinho, mexem com
a opinião pública, ou seja, inserem assuntos em discussão em busca de
audiência. Normalmente, eles são trazidos à tona pelas subtramas.
57
Então, o storyline traz a descrição do personagem e do conflito, e deve
ter no máximo cinco linhas. No entanto, ele não é a mesma coisa que
sinopse. Esta, é uma versão mais completa do storyline, mas não tão
detalhada quanto o argumento. A sinopse, aqui, é diferente daquelas
que apenas visam atrair o público e, por isso, não trazem resolução para
poder vender o filme ou série.
Para clarear essa questão, basta pensar que no storyline há uma solução
para o conflito, enquanto que no argumento, o que deve ficar aparente
são as ações e a maneira do desenrolar da cena para que a trama se
desenvolva e resolva o conflito que estava instaurado. Podemos dizer
que esta é uma etapa quase literária.
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58
Agora, vamos entender cada um destes itens. Vamos começar pelo
cabeçalho de cena. Como o próprio nome diz, ele serve para introduzir
uma nova cena. Observe o infográfico a seguir.
Na maioria das vezes, há uma nova cena quando ocorre uma mudança
no espaço e/ou tempo no roteiro. Portanto, ele antecede a nova
cena e deve ser sempre em caixa alta e possuir três elementos: tipo
de localidade, localidade e tempo. O tipo de localidade consiste em
informações como se é interior ou exterior, já que irá ajudar a equipe
envolvida a pensar na logística das filmagens. Além disso, deve ter a
localidade com informações, como um tipo de casa ou chalé na praia.
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O segundo ponto que um roteiro deve ter é a ação. A ação é
basicamente tudo o que ocorre na cena. Ela deve conter uma descrição
concisa, mas que contenha os elementos importantes, especialmente,
se for a primeira vez que o local aparece. A ideia é apenas dar sugestões
para o diretor sobre ângulos e posicionamentos de câmera. Importante
destacar que, ao invés de escrever um longo bloco de texto, vale a pena
dividir a ação em pequenas partes, dando espaço no roteiro, porque
melhora a leitura e se torna menos incisivo.
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60
Além de destacar personagens, as letras maiúsculas no texto podem
ser usadas como estratégia para descartar uma ação, som ou objeto
utilizado. Podemos usar, ainda, o termo “continua” em caixa alta para
indicar que a história ainda vai se desenrolar pelas próximas páginas.
61
Figura 3 – Trecho do roteiro do filme O ano que meus
pais saíram de férias
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Figura 4 – Voice Over no roteiro de O ano que meus pais saíram de férias
Outro termo de transição muito comum é Cut to, que significa cortar
para outra cena. Mas vale destacar que este termo tem caído em deuso
porque passou a ser considerado responsabilidade do diretor fazer a
passagem de uma cena para outra.
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Figura 5 – Corte para no roteiro de É proibido fumar, de Anna Muylaert
64
64
PARA SABER MAIS
Alguns dos softwares para montagem de roteiro são o
Final Draft, que é o mais caro dentro de todos, em que
a licença custa cerca de US$ 300.00, pois possui mais
recursos. Temos também o Celtx, que tem versão gratuita
e paga, além de ser em português; e o Scrivener. Ainda
encontramos o Cinergy e Blyte, totalmente gratuitos. E mais
recentemente, surgiram versões para celulares que também
podem ajudar a escrita dos roteiristas.
2.3 Narrativas
É por meio deles que a história que será produzida pela equipe da
produção audiovisual ganha vida. Desde a chegada do cinema e
depois com o advento da televisão, a ideia do contar histórias passou
a ter como parceira a imagem. Vale destacar que essa diversificação
65
de realismo trazido pela imagem sempre preocupou o campo do
audiovisual, porque essas imagens por mais que não sejam reais, são
capazes de criar memórias. Isso porque, segundo Tesche (2006), o
público se vê naquela realidade, o que faz com que aquilo que é visto na
tela remeta ao comportamento de um grupo social real efetivo.
66
66
Figura 6 – Roteiro do documentário A matadeira, de Jorge Furtado
67
3. Considerações finais
TEORIA EM PRÁTICA
Reflita sobre a seguinte situação: um diretor passou
rapidamente a ideia de seu novo filme para o roteirista
da equipe de produção audiovisual. Você, na figura de
roteirista, nem teve muito tempo para anotar os detalhes.
O diretor lhe disse apenas que a história é de um casal
apaixonado que cansado, da mesmisce, decide largar tudo
e dar a volta ao mundo para acabar com o tédio. A partir
disso, faça um modelo de sinopse e de storyline para esse
filme, e faça ainda uma sugestão de título para a obra.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
c. Ausência de personagens.
68
68
d. Interação fria entre personagens.
a. Iluminação e montagem.
b. Ações e animação.
c. As personagens na ação.
e. Iluminação e stand-up.
a. Roteirista.
b. Montador.
c. Argumentista.
d. Diretor.
e. Produtor.
Referências bibliográficas
69
CAMARA, H.; GOMES, M. Narrativa e Ficcional Seriado: Os ajustes realizados na
adaptação do texto literário para a telenovela. Intercom – Sociedade Brasileira
de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, XXXIV Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação. Recife, 2 a 6 de setembro de 2011.
CASA CINE PÓA. Disponível em: <http://casacinepoa.com.br/os-filmes/roteiros/
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DUBOIS. P. Cinema, Video, Godard. São Paulo: Editora Cosac& Naify, 2004.
JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
PINHO. J.B. Comunicação nas organizações. UFV, 2006.
RODRIGUES, E. Roteiro: o projeto narrativo audiovisual. Revista Mediação, v. 7, n. 6,
jan./jun. 2008.
ROTEIRO DE CINEMA. Disponível em: <http://roteirodecinema.com.br>. Acesso em:
3 mar. 2019.
SANTAELLA, L. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense,1985.
. Matrizes da linguagem e pensamento – sonora, visual, verbal. São Paulo,
Editora Iluminuras, 2001.
TESCHE, Adair. Gênero e Regime Escópico na Ficção Seriada Televisual. In: CASTRO,
Maria Lília Dias e DUARTE, Elizabeth Bastos (orgs). Televisão: Entre o Mercado e a
Academia. Porto Alegre: Sulina, 2006.
Gabarito
Questão 1 - Resposta B
Segundo Camara e Gomes (2011), a estrutura da narrativa é iniciada
a partir do estabelecimento de algum tipo de conflito e pode ser
vista como um processo. [...] A narrativa só acontece por meio
da ação e transformação de uma personagem, agente direto dos
desdobramentos da história.
Questão 2 - Resposta C
Devemos sempre introduzir as personagens na ação. Mas, quando
tivermos que inserir um novo personagem, ele deverá aparecer em
caixa alta.
Questão 3 - Resposta: C
O profissional que escreve os argumentos de um roteiro é
conhecido como argumentista.
70
70
Elementos visuais da linguagem
Autora: Roberta Steganha
Objetivos
71
1. Introdução
2. Enquadramento
72
72
clássico é deixar, primeiramente, a câmera numa posição elevada e
registrar o ator, e depois, posicioná-la de forma mais baixa e filmar
o ator. Apenas com essa mudança de ângulo, é possível mostrar, no
primeiro caso, inferioridade e, já no segundo, superioridade.
No entanto, vale ressaltar que este plano que se destaca neste momento
não é algo que está entre cortes. Essa observação é importante, porque
a palavra plano é usada em mais de um sentido dentro do universo do
audiovisual.
73
romântico possui um efeito muito mais impactante para o espectador
do que se retratado à distância. Não é que não possamos fazer isso, mas
estamos assumindo que o efeito será diferente devido a essa escolha.
Neste caso, o distanciamento tende a gerar menos envolvimento
com a cena.
2.1 Planos
Vale ressaltar que este tipo de padronização é o mais usado ainda, mas
não é o único. O fato é que o uso correto dos planos foi um fator que
impulsionou para que este tipo de meio de comunicação, o cinema,
se tornasse interessante para as massas, já que a escolha correta de
planos facilitava para que as produções fossem exibidas sem nenhum
tipo de adaptação.
74
74
O primeiro plano que vamos abordar é o grande plano geral. Ele é
o mais aberto de todos os planos. Normalmente, é usado para dar
uma noção geográfica ao espectador. Nele é impossível reconhecer
uma pessoa porque temos um grande distanciamento. No máximo,
conseguimos ver uma multidão de forma muito longínqua. Por exemplo,
esse tipo de plano pode ser usado para mostrar uma cidade histórica
perdida no meio da floresta. Assim, teremos imagens que foram
registradas pelo olho da câmera de uma longa distância. Em alguns
casos, podem ser imagens aéreas, em que foi necessário fazer uso de
um helicóptero para conseguir um resultado interessante.
75
Figura 1 – Plano aberto do documentário Cinema Novo
Por essas razões citadas, não é um plano fácil de ser usado, porque, se
não for enquadrado corretamente, vira outro plano. É preciso, desse
modo, sempre planejar o que é o destaque da cena.
76
76
Em seguida, temos o plano americano, muito usado no telejornalismo
que enquadra o ator/assunto abordado na cena sempre da altura
do joelho para cima. Por isso, só é possível fazer esse plano quando
enquadramos pessoas. Afinal, não dá para enquadrar um milho ou
cachorro seguindo essa lógica, por exemplo.
77
Aqui neste plano, também a figura humana deve ser enquadrada
da cintura para cima. O plano médio também pode ser considerado
um plano de posicionamento e de movimentação. Apesar de ainda
estar distante do espectador, já existe um início de uma relação de
proximidade com o público da produção, seja ela jornalística ou de
entretenimento. Observe a imagem a seguir do plano médio do filme
Matrix, de 1999.
Fonte: <https://centredailytimes.org/philosophy/plato-infused-philosophy-matrix-feels-
timely-20-years-08062426>. Acesso em: 24 jun. 2019.
78
78
No jornalismo, esse plano também é muito explorado quando o
apresentador do telejornal precisa dar uma notícia mais impactante e
que irá exigir maior dramatização.
79
Figura 4 – Plano detalhe no filme Annabelle
2.2 Ângulos
80
80
situação de desvantagem por essa escolha. Ele parece estar em perigo,
e é essa ideia que o ângulo realmente trasnmite e que acaba conferindo
maior dramaticidade a cena.
Fonte: <http://www.cinemundo.net.br/conheca-os-planos-e-angulos-que-compoem-
um-enquadramento/>. Acesso em: 24 jun. 2019.
Mas, temos ainda que falar dos quatro ângulos de lado da câmera
antes de passarmos para o próximo tópico. São eles: frontal, ¾, perfil e
de nuca. Vamos começar pelo frontal, que como o próprio nome diz, é
usado para filmar a pessoa de frente, com a câmera em linha reta com o
nariz que está sendo filmada. Já no modo ¾, a câmera faz um ângulo de
45º com o nariz da personagem.
81
Já no perfil, temos a câmera a 90º do nariz da pessoa e podemos ter
uma variação mais à direita ou esquerda. Por fim, temos o de nuca, que
consiste em uma linha reta com a nuca da personagem.
ASSIMILE
Lado do
ângulo
Altura
do ângulo
Plano
82
82
2.3 Movimentos de câmera
Levou tempo até que essa necessidade fosse percebida, tendo surgido
da necessidade de se retratar objetos em movimento. A partir disso,
surgiram os primeiros movimentos de aproximação e de afastamento
para retratar as cenas. Desta forma, a câmera adquiriu o poder de
interagir ainda mais na história que estava sendo contada. Desde
então, salvo exceções, nunca mais o audiovisual ficou sem os famosos
movimentos de câmera.
83
Figura 7 – Travelling
84
84
Além da panorâmica horizontal e vertical, temos o Dolly, que consiste
em um deslocamento vertical da câmera, tanto in quanto out, só que ele
é diferente da panorâmica vertical, que é executada por equipamentos
especiais como tripés ou gruas. Vale destacar que esses movimentos são
utilizados para revelar detalhes de um elemento vertical.
Mas, temos ainda outros movimentos como o zoom in, que aproxima
do objeto que está retratado, e zoom out, que se afasta do mesmo. No
entanto, não podemos realmente categorizá-los como movimentos,
porque eles não são feitos pela câmera, mas sim pela lente do
equipamento.
2.4 Iluminação
Então, para começarmos, o ponto inicial aqui é saber que existem dois
tipos de iluminação: a natural e a artificial. A luz natural é a proveniente
do sol, da lua e das estrelas. Já a artificial, é obtida por meio de refletores
como os fresnéis, que usam lâmpadas, ou por meio de rebatedores, que
não precisam de lâmpadas.
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Podemos ainda classificar a iluminação em relação ao seu
direcionamento. Dizemos que é direta quando “a fonte é apontada para
o assunto sem nenhuma intervenção que modifique suas características
originais” (SALLES, 2009, [s.p.]). E, chamamos de transmitida quando ela
passa por filtros e difusores ou, ainda, refletida quando relacionada com
rebatedores de luz que acabam alterando sua difusão.
86
86
Em relação à montagem da iluminação, é preciso destacar que cada luz
tem a sua função, e que cada uma delas é capaz de fazer um trabalho
diferente. Mas, para isso ocorrer é preciso, antes, saber compor o
ambiente de acordo com a função de cada uma.
Depois, temos a luz secundária, que é uma ajuda para a luz principal.
Geralmente é usada rebatida para evitar contrastes. Já a luz de
preenchimento, ou Fill Light, é uma luz que serve para gerar estabilidade
nos contrastes, “ou seja, preenche espaços escuros e ameniza sombras”
(SALLES, 2009, [s.p.]).
Mas, temos ainda o brut, que é um tipo de calha de luz com vários
farois amontados que trazem uma luz dura ao ambiente. Mas, pode ser
rebatida para servir em estúdio de luz geral ou de preenchimento.
Além disso, temos os spots, que são luzes abertas e duras, que usam
lâmpada de quartzo, e ainda os softs, que são spots difusos, entre outros
novos equipamentos que surgem, constantemente, para melhorar a
iluminação dentro de um set de gravação.
87
3. Considerações finais
TEORIA EM PRÁTICA
Reflita sobre o seguinte caso: estamos fazendo um vídeo
com dicas de viagens para uma empresa de turismo, a CVI
Travel. Essa empresa irá disponibilizar esse conteúdo em
seus canais de TV e de internet para seu público-alvo. No
entanto, a equipe de produção está tendo dificuldades para
escolher qual o melhor plano para o seguinte caso: dar uma
amplitude do tamanho das pirâmides do Egito. Além disso,
precisamos mostrar os hábitos culturais da população que
vive nessa região. Desta forma, quais são os planos mais
indicados para estes casos? Justifique sua resposta.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
88
88
b. Do joelho para baixo.
a. Editar vídeo.
Referências bibliográficas
89
CAMARA, H, GOMES, M. Narrativa e Ficcional Seriado: Os ajustes realizados na
adaptação do texto literário para a telenovela. Intercom – Sociedade Brasileira
de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, XXXIV Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação. Recife, 2 a 6 de setembro de 2011.
DUBOIS. P. Cinema, Video, Godard. São Paulo: Editora Cosac& Naify, 2004.
JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
PLANO ABERTO. Disponível em: <http://planoaberto.com> Acesso em: 21 mar. 2019.
PREMIUM BEAT. Disponível em: <http://premiumbeat/premiumbeat.com/blog>.
Acesso em: 15 mar. 2019.
SALLES, F. Mnemocine: Iluminação para cinema e vídeo. Mnemo Cine, 12 de
maio 2009. Disponível em: <http://www.mnemocine.com.br/index.php/cinema-
categoria/28-tecnica/143-luzcine>. Acesso em: 20 fev. 2019.
Gabarito
Questão 1 - Resposta C
O plano médio consiste em mostrar a personagem sempre da
cintura para cima, para criar mais carga dramática e uma relação de
proximidade com o público.
Questão 2 - Resposta A
No plano conjunto, ao contrário do plano aberto, não devemos nos
preocupar com o cenário, mas sim com a melhor forma de dispor
todos os elementos na cena.
Questão 3 - Resposta: B
O Dolly consiste num deslocamento vertical da câmera, tanto in
quanto out, só que ele é diferente da panorâmica vertical.
90
90
Fotografia: uso da imagem na
narrativa
Autora: Roberta Steganha
Objetivos
91
1. Introdução
Uma única imagem tem mais valor frente a qualquer fala ou texto.
Como diz o famoso jargão, “uma imagem vale mais que mil palavras”.
Portanto, somos visuais por essência, mas o advento das mídias,
primeiro a eletrônica e depois as digitais, trouxe novas formas de lidar
com a imagem.
92
92
Essa nova realidade tem se traduzido claramente na importância da
imagem dentro da produção audiovisual. E esse é um ponto que merece
muita atenção, já que ela, juntamente com o som, constitui um dos
elementos-chave para que a obra possa existir.
93
ASSIMILE
O diretor de arte é o profissional que tem como
responsabilidade criar o conceito visual do filme e, a partir
disso, orientar a equipe que participará da produção.
Portanto, podemos afirmar que cabe a ele dar vida às
palavras que foram inseridas no roteiro. Ele é que faz com
que elas sejam vistas na tela. Para isso, ele irá pensar em
todos os detalhes, se preocupar com todos os itens que
compõem a obra, do figurino ao cenário.
Afinal, não basta tudo isso estar no roteiro, precisa aparecer na tela,
seja do cinema, da TV ou ainda do tablet. De outro modo, se o roteiro
diz que os personagens devem estar patinando no gelo, precisamos ter
um lago congelado em cena, com os personagens citados deslizando,
elegantemente, além de todos os elementos que ambientam a cena,
como as roupas, as cores, etc.
Desta forma, não adianta mostrar outra coisa que não seja o que foi
pedido no roteiro, como os personagens em um estádio de futebol.
Se o vídeo ou filme não apresentar o que pede a narrativa, seu efeito
será nulo. A imagem nada acrescentará a narrativa e ainda perderá sua
função, que é a de dar vida às palavras que estavam no roteiro.
94
94
Portanto, chegamos ao primeiro ponto de extrema importância quando
falamos de imagens e produção audiovisual. É preciso entender que
deve haver uma união perfeito entre imagens e palavras. Dessa forma,
também é preciso de um encadeamento lógico entre o roteiro e o que
está sendo retratado em cena, senão todo o trabalho empregado até
então será comprometido.
Vale lembrar que o diretor de arte não trabalha sozinho para chegar a
este nível de detalhe. Ele tem uma equipe que o ajuda na montagem
e execução das necessidades do roteiro. Normalmente, sua equipe é
95
composta por produtores executivos, que colaboram na criação dos
conceitos, cenógrafos, e que dão vida aos objetos; e produtores de artes
e de objetos, que auxiliam na confecção da imagem visual, além de
assistentes de cena e vários outros.
Nesse sentido, ele pode focar em filmar apenas um lado, e depois passar
o efeito de muitas pessoas no espaço, neste caso barulho e ruídos com
96
96
efeitos na hora da pós-produção. Isso fica bem mais barato do que
alocar esforços na cena, tentando controlar todos esses fatores que
demandariam um tempo muito maior da equipe de produção.
97
PARA SABER MAIS
O vencedor do Oscar de 2019 na categoria fotografia foi
o filme Roma, de Alfonso Cuarón, que teve 10 indicações
em categorias diferentes, incluindo Melhor Filme, e que
acabou levando três estatuetas. O filme, segundo sua
sinopse, traz em um universo preto e branco a rotina de
uma família de classe média encabeçada por uma mulher,
que é babá e empregada. Durante um ano, diversos
acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de
todos os moradores da casa, dando origem a uma série de
mudanças, coletivas e pessoais.
Fonte: <https://www.ismorbo.com/oscars-2019-roma-lidera-con-10-nominaciones-yalitza-
aparicio-rami-malek-y-kendrick-lamar-nominados/>. Acesso em: 26 jun. 2019.
98
98
No entanto, não foi apenas o longa Roma que se destacou pela sua
fotografia intensa e marcante. Ao longo da história do cinema, outros
filmes também optaram por dar uma atenção maior a esta parte
essencial de uma boa obra de arte. Um exemplo interessante é o filme
Avatar, de James Cameron, que ao criar o universo mítico onde a trama
se desenrola, utilizou amplamente os tons azuis. É possível notar, ao
assistir ao longa, que o diretor teve uma preocupação muito grande em
combinar o azul com as criaturas que vivem no universo de Pandora,
fazendo, assim, aos olhos do espectador existir um novo mundo, com
cores que não fazem parte corriqueiramente de nosso cotidiano.
Observe, então, a imagem a seguir.
Fonte: <https://www.tvmovie.de/news/mit-james-camerons-fantasy-epos-avatar-aufbruch-
nach-pandora-gab-zoe-der-navi-prinzessin>. Acesso em: 26 jun.2019.
99
Para marcar o universo mítico e ao mesmo tempo retrô de Amélie, o
filme usou, em diversas situações, tons esverdeados e avermelhados.
Essa ideia foi aplicada desde a escolha dos movéis para compor o
cenário até às roupas e alimentos consumidos pela personagem.
Fonte: <https://www.revistaprosaversoearte.com/gentileza-alegria-e-encantamento-em-o-
fabuloso-destino-de-amelie-poulain/>. Acesso em: 26 jun. 2019.
100
100
Em longas como Volver, Kika ou Fale com ela do mesmo diretor, pudemos
ver mulheres fortes, decididas e guerreiras, que não tinham medo de
novos desafios. E, sendo assim, todas elas, apesar de diferentes roteiros,
eram retratadas da mesma forma em seus filmes.
Outro diretor que também leva a fotografia de seus filmes como sua
poética é Tim Burton, com seu realismo fantástico em filmes como A
noiva cadáver e Coraline. O diretor trabalha sempre com cores frias como
roxo, cinza e preto. Esses tons aparecem tanto em seus cenários, quanto
em figurinos de personagens, que têm um estilo gótico. A ideia é, por
meio dessas cores, criar um universo fantasmagórico.
101
Figura 5 – Filme Coraline (2009)
Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-109125/fotos/
detalhe/?cmediafile=19967239>. Acesso em: 26 jun. 2019.
102
102
Mas, quais são, realmente, de forma objetiva, os elementos que
garantem uma boa fotografia? É isso que vamos entender agora. A
primeira etapa é a pré-produção. Para termos uma estrutura de imagens
relevantes dentro de um filme ou vídeo, o primeiro passo é escolher
uma equipe capacitada e fazer uma boa captação de imagens. Isso
inclui escolher as pessoas certas e os equipamentos mais adequados
para fazer a captura do tipo de imagem que precisamos para compor as
cenas pedidas no roteiro e seus enquadramentos – tudo dentro de um
cronograma de trabalho. Então, após escolher a câmera, filtros, tripés
e os gravadores corretos para cada tipo de imagem que necessitamos
fazer, é a hora de selecionarmos a melhor iluminação para valorizar
cada cena que será filmada.
O set não é o lugar para pensar sobre, é para fazer o que já foi pensado.
Se há necessidade de parar o set para pensar o que se deve fazer,
algo está fora de lugar, e será preciso repensar o cronograma. No caso
específico do diretor de fotografia, a luz já deve estar previamente
concebida (através das plantas baixas e mapas de luz), se possível já
montada por completo, e o DF (diretor de fotografia) apenas ‘afina’ a luz
(SALLES, 2008).
103
Na sequência, é a vez de o diretor de arte entrar em cena. Caberá a ele
planejar e direcionar os mínimos detalhes de cada imagem. Seja seu
cenário ou mesmo o ator que nela aparecerá, e seu figurino. Em alguns
casos, pode-se até pedir uma maquete, antecipadamente, para o setor
de cenografia para melhor compreender os detalhes da cena antes da
filmagem começar, além de sempre ter em mãos o storyboard, que nada
mais é que um tipo de história que aponta os elementos principais de
cada plano e onde deverão ser retratados os quadros.
• Materiais e pessoas
Pré-Produção
• Locações e set
• Captação de imagens
Produção • Composição da cena
104
104
É importante dizer que, na etapa da pós-produção, diretor de arte e
de fotografia, além de editores responsáveis pela montagem, se unem
para finalizar o trabalho. Esta parte é muito mais técnica do que poética,
já que é a hora de garantir que todas as imagens previstas no roteiro
tenham sido executadas dentro do planejado. Então, apesar de técnica,
é uma etapa muito necessária para o resultado final do filme.
Por fim, vale lembrar que depois da finalização da obra vem a etapa de
divulgação do material audiovisual produzido. No entanto, esta parte
não cabe nem ao setor de fotografia nem ao de arte.
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Para viver uma experiência plena num universo ficcional, os consumidores
devem assumir o papel de caçadores e coletores, perseguindo pedaços da
história pelos diferentes canais, comparando suas observações com as de
outros fãs, em grupos de discussão on-line, e colaborando para assegurar
que todos os que investiram tempo e energia tenham uma experiência de
entretenimento mais rica. (JENKINS, 2009, p. 49).
Mas, como deve ser essa fotografia para novas mídias? Essa é uma
questão chave para a atual produção audiovisual, só que ela não é
fácil de ser respondida já que cada meio tem a sua particularidade e a
imagem precisará, primeiro, atender os requisitos da mídia onde está
inserida, para depois, sim, responder ao que pede o roteiro.
Neste processo, com isso, não podemos esquecer que cada nova mídia
em que se desenrola a narrativa também faz parte do todo, ou seja, de
um único roteiro com adaptações para as diferentes plataformas. Por
isso, todas as partes devem ser integradas e consistentes.
106
106
Mas, se a tecnologia impacta tanto assim na estética da fotografia para
novas mídias, é preciso, ainda, citar quais são as mais recorrentes neste
momento no mercado, para entendermos os desafios que aguardam os
profissionais nos próximos anos.
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Figura 7 – Exemplo de drone usado para filmagem profissional
Fonte: TecMundo/Tecmundo.com.br
3. Considerações finais
• Nesta Leitura Fundamental, conhecemos um pouco mais sobre
o uso da imagem na narrativa e também sobre a importância da
fotografia para que o roteiro saia do papel. Além disso, muitos
108
108
exemplos dos motivos que conferem à fotografia uma posição de
destaque dentro da linguagem audiovisual foram apresentados.
Por fim, elencamos as estruturas atuais que vêm sendo utilizadas
na produção audiovisual, além dos diferenciais das novas mídias.
TEORIA EM PRÁTICA
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
109
2. A fotografia pode ser além da marca de um
filme a de um:
a. Ator.
b. Animador.
c. Diretor.
d. Roteirista.
e. Contra-regra.
Referências bibliográficas
110
110
CAMARA, H, GOMES, M. Narrativa e Ficcional Seriado: Os ajustes realizados na
adaptação do texto literário para a telenovela. Intercom – Sociedade Brasileira
de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, XXXIV Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação. Recife, 2 a 6 de setembro de 2011.
DUBOIS. P. Cinema, Video, Godard. São Paulo: Editora Cosac& Naify, 2004.
DÉBORD, G. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do
espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
HESSEL (2017). In: PACETE, L. G. O que evoluiu em tecnologia de captação e
produção audiovisual. Meio & Mensagem, [s.l.], 27 de abril de 2017. Disponível em:
<https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2017/04/27/o-que-evoluiu-em-
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JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.
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PINHO, J. B. Comunicação nas organizações. Viçosa: UFV, 2006.
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RODRIGUES, E. Roteiro: o projeto narrativo audiovisual. Revista Mediação, v. 7, n. 6,
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fantasy-epos-avatar-aufbruch-nach-pandora-gab-zoe-der-navi-prinzessin>. Acesso
em: 10 fev. 2019.
SALLES, F. Mnemocine. 2017. Disponível em: <http://www.mnemocine.com.br/
index.php/cinema-categoria/20-critica>. Acesso em: 10 fev. 2019.
SANTAELLA, L. Matrizes da linguagem e pensamento – sonora, visual, verbal.
São Paulo: Editora Iluminuras, 2001.
Gabarito
Questão 1 - Resposta B
Envolve a organização das imagens, ou seja, a captação de imagens
e edição para conseguir que o roteiro, que é composto de palavras,
seja visualizado.
111
Questão 2 - Resposta C
A fotografia também pode ser a marca de um diretor, como o
cineasta americano Tim Burton, que sempre usa tons de cinza,
preto e roxo para deixar suas obras sombrias.
Questão 3 - Resposta: C
O objetivo é organizar o processo de captação e registro de
imagens para que as palavras dispostas no roteiro ganhem vida
nas telas.
112
112
Situações dramáticas e
personagens nas narrativas
audiovisuais
Autora: Roberta Steganha
Objetivos
113
1. Introdução
Vale destacar que todo enredo geralmente conta com início, meio e fim.
Essa é uma estrutura básica linear, mas também podem ter modelos
de roteiros que não são lineares, e que alteram essa ordem. Tudo
depende de qual é o objetivo do autor. No entanto, a mais utilizada é
a linear propriamente dita, porque ela ajuda a organizar facilmente os
114
114
elementos na narrativa cada um no seu devido lugar, além de contribuir
no relacionamento entre todas as partes que compõem a obra. Assim
todo roteiro é composto por uma história que tem várias partes.
Para Field (2001), esta estrutura também pode ser definida como
apresentação, confrontação e resolução, com dois pontos de virada na
mudança de um tópico para outro. Observe o infográfico a seguir:
Ponto de Ponto de
virada I virada II
Fonte: adaptada de Field (2001).
Em termos de roteiro, podemos dizer que este ato deve ter cerca de 30
páginas. Então, ele precisa especificar dentro deste contexto qual é a
história, quem são as personagens e a premissa de dramaticidade, ou
seja, as circunstâncias que envolvem a ação. E ainda os relacionamentos
entre todos os personagens, enfatizando o principal e as relações com
os secundários que estão previstas no roteiro.
115
Desse modo, os primeiros minutos, seja de um filme ou vídeo on-line,
são determinantes para que o espectador decida se vai ou não assistir.
Assim, o ato um deve ocorrer logo e ser bem resolvido, mostrando todos
os elementos que fazem daquela obra única. Só assim será possível
convencer o espectador a assistir até o final. Para Field (2001),
116
116
Sendo assim, é preciso ter necessidade dramática para que a trama
possa se desenrolar como no mundo real, com altos e baixos, afinal,
essa dinâmica retrata situações do cotidiano. Somente desta forma
conseguiremos envolver ainda mais o público.
Essa mesma lógica vale até para vídeos publicitários. Até para vender
mais é preciso envolver o consumidor. Um bom vendedor sabe que,
muitas vezes, uma boa história facilita a venda de qualquer tipo
de produto.
Fonte: <https://br.ign.com/jack-nicholson/61176/feature/os-10-melhores-filmes-de-
jack-nicholson>. Acesso em: 26 jun. 2019.
117
Na sequência, temos o ato três. Ele deverá seguir a linha dramática que está
sendo desenvolvida, mas deverá trazer agora uma solução para a narrativa.
É preciso apresentar o que acontece com a personagem. Ela fica rica, fica
pobre, morre, encontra seu grande amor, muda de cidade, entre várias
outras possibilidades que podemos ter, seguindo a lógica da narrativa.
Entretanto, na passagem do ato I para o ato II precisamos ter uma ação que
gere movimento e justifique essa mudança. A mesma lógica vale para a
passagem do ato II para o III, que é o do desfecho. Essa passagem se chama
ponto de virada. Mas, em que consiste um ponto de virada? Para que ele
serve no roteiro? Segundo Field (2001), um ponto de virada é qualquer
incidente ou evento que impulsione a ação e gere uma mudança. Cabe a ele
gerar uma novidade no universo do personagem principal.
118
118
De maneira geral, poderíamos definir o paradigma como uma espécie
de forma, ou seja, aquilo que molda, que dá forma e ele é o responsável
por manter a trama coesa. Portanto, segundo Field (2001), ele é uma
espécie de espinha dorsal que mantém a estrutura da história. É uma
maneira de organizar os acontecimentos do enredo. É uma iniciativa
que visa evitar que ele se perca pelo caminho e não apresente uma
resolução dramática.
Ação Personagem
• Física • Necessidade
• Emocional • Ação
119
mesma moeda. Escolha, estruture e dramatize seu final cuidadosamente.
Quando você sabe o seu final, pode escolher efetivamente o início”
(FIELD, 2001, [s.p.]). No entanto, vale dizer que é o tipo de história que
deverá determinar como se começa e como se termina a narrativa. Mas,
é importante decidir muito bem como começar porque é aqui que se
capta o público. O público, geralmente, decide se gosta ou não nos dez
primeiros minutos de filme. Como exemplifica Field (2001),
Citizen Kane (Cidadão Kane) ilustra isso perfeitamente. O filme abre com
Charles Foster Kane (Orson Welles) morrendo sozinho num grande palácio
chamado Xanadu. Ele segura um peso de papel de brinquedo. O peso de
papel solta-se de sua mão e rola sobre o assoalho, a câmara demora-se
sobre ele mostrando um garoto com seu trenó e sobre isso ouvimos as
últimas palavras de Kane: “Rosebud... Rosebud”. Quem é Rosebud? O que
é Rosebud? A resposta a essa pergunta é o assunto do filme. Ele poderia
ser chamado de uma “história policial emocional”. A vida de Charles Foster
Kane é revelada pelo repórter que tenta achar o sentido e o significado de
“Rosebud”. A última cena do filme mostra um trenó sendo queimado num
incinerador gigante; enquanto as chamas o devoram, vemos a palavra
“Rosebud” aparecer, simbolizando a infância perdida por Charles Foster
Kane para que ele se tornasse o que foi (FIELD, 2001, [s.p.]).
Fonte: <https://shepaintedher.weebly.com/artefact-and-schematic/citizen-kane>.
Acesso em: 26 jun. 2019.
120
120
No entanto, não podemos nos esquecer da sequência. Ela é a espinha
dorsal que mantém tudo no seu devido lugar dentro do roteiro. Afinal, é
ela que segura todas as cenas da narrativa dramática, como uma espécie
de bloco de construção gigante que vai cedendo lugar para os pequenos
blocos se encaixarem.
Você pode ter tantas seqüências quantas queira. Não há regra sobre o
número necessário. Tudo o que você deve saber é a ideia por trás da
seqüência, o contexto; e, para criar uma série de cenas, o conteúdo”
(FIELD, 2001, [s.p.]).
ASSIMILE
Vale lembrar que um roteiro é sobre uma ou mais pessoas,
em diferentes lugares vivendo suas vidas. Assim, todos os
roteiros têm um assunto, e este assunto ajuda a definir o
que acontece com as personagens. Além disso, vimos que
essas personagens têm um lado interior e outro exterior,
que se desenrola na narrativa, porque, só assim, teremos
dramaticidade para desenvolver uma obra audiovisual.
121
Além disso, ele precisa ter características fortes e marcantes, pois são
eles que movem a estória. Para fazer isso, devemos começar dividindo
os seus atributos em interior e exterior. O interior é o que ajuda a
moldar o personagem. Já o exterior é aquela parte que se desenrola aos
olhos do público na tela até o fim da narrativa. É um processo em que o
personagem vai aos poucos sendo revelado na história, e deve envolver
o social, o profissional e o privado.
Além disso, para dar ainda mais realismo aos personagens, além do
interior e exterior, é preciso criar um contexto para eles. Mas, o que
seria o contexto? Seria tudo que ajuda a criar realismo no mundo da
personagem. Depois, é preciso explorar as necessidades que ele vai
enfrentar ao longo da narrativa.
122
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Compor um personagem também é pensar em comportamento e
personalidade. Precisamos definir essas características para que a
jornada dele na história faça sentido, já que essas questões implicarão
diretamente em suas ações.
Observe a imagem a seguir que traz a atriz Audrey Hepburn em seu mais
famoso papel, na pele de Holly Golightly, no filme Bonequinha de luxo,
que traz uma personagem que se vê com um grande dilema: ficar rica ou
se envolver com um jovem escritor. Essa personagem tem características
marcantes como a elegância e ambição que são lembradas até hoje.
123
Desta forma, o objetivo da construção de qualquer personagem é a
empatia com o público. Há várias maneiras de fazermos com que o
público se identifique com a personagem. Podemos ir do medo ou
do sofrimento, ao carisma e alegria – tudo dependerá do objetivo da
produção audiovisual.
A partir disso, pode-se dizer que nenhuma personagem pode ser raso,
superficial. Ela deve ser transformada pelo impacto de suas ações ao
longo da narrativa, sair transformada deste processo, para que haja uma
forte identificação da audiência.
Mas, vale dizer que não existe mais fácil ou mais difícil. Depende de cada
um escolher o que se adapta melhor ao seu jeito de escrever. O importante
é não perder o foco e desenvolver todos os atos da narrativa. Assim, no
fundo, é uma espécie de tentativa e erro até conseguir o que se deseja.
Não podemos nos esquecer que o mais importante nesse processo todo
é que as personagens devem ter seus objetivos bem traçados. Isso vale
até para os coadjuvantes. É um erro fazer a personagem atravessar toda
a narrativa sem ter um objetivo claro e bem definido.
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Para construirmos uma personagem realista, é preciso compreender
o princípio das dimensões. Isso tem relação direta com a questão
da personalidade. Levando em consideração esta questão, sabe-se
que uma personagem não tem apenas uma única característica de
personalidade, mas uma combinação de várias outras. Observe a
imagem a seguir que traz a personagem Tony Montana, extremamente
complexo, do longa Scarface, de 1983, vivido pelo ícone do cinema
Al Pacino. A estória é de um criminoso cubano que vai para Miami
(EUA) fazer carreira como traficante, e a todo momento precisa tomar
decisões impactantes, por exemplo, matar ou não crianças para chegar
aos seus objetivos.
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personagens mais complexos podem ter, ainda, características
contraditórias. Um vilão pode ser ruim com os outros e amoroso demais
com sua própria família, por exemplo. Neste caso temos um personagem
bi-dimensional, ou seja, que tem duas dimensões bem definidas.
Por isso, ele também deve ter uma motivação que o movimente ao
longo da narrativa. Caso contrário, a estória não terá dramaticidade
suficiente. Não esqueça que o conflito é o que move a narrativa da obra.
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1.3 Jornada do herói
A partir deste conceito, o cinema usa uma base que tem se mostrado
muito envolvente, e que pode ser utilizada em qualquer tipo de produção
audiovisual. É uma técnica baseada nas pesquisas de Joseph Campbell
(2002), a partir de lendas e histórias. Em 1949, Campbell escreveu o livro
o Herói de Mil Faces, em que chegou a conclusão da existência da jornada
127
do herói ou monomito, ou seja, de um mito primário. Ele revelou que
a jornada do herói é composta por elementos da nossa psiquê e que
podem ser enquadrados em qualquer tipo de narrativa.
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Dessa maneira, primeiro é apresentada sua rotina, seus hábitos e
gostos. Depois, ele é chamado a viver uma aventura. Se comparamos
com a teoria de Field (2001), temos aqui a apresentação e o ato um. A
partir deste momento, um acontecimento deve quebrar a sua rotina
para termos o primeiro ponto de virada na história.
Para dar mais dramaticidade, ele pode recusar ou negar esse chamado,
porque não acredita ser capaz de atingir seu objetivo. Ele pode ainda
se encontrar com um mentor que o ajudará na decisão sobre o melhor
caminho a seguir. Após essa conversa, ele aceita seu destino e parte em
busca do desconhecido.
Fonte: <https://veja.abril.com.br/entretenimento/dumbledore-de-harry-potter-fara-
serie-de-j-k-rowling>. Acesso em: 26 jun. 2019.
129
Em seguida, entramos na fase da provocação, que se tentarmos parear
com Field (2001), é o segundo ponto de virada. É quando o herói trava
a batalha final com o vilão, e o herói consegue vencer o vilão e, assim,
atinge a recompensa que tanto queria desde o início.
Por fim, é importante ressaltar que nesta narrativa o herói deve retornar
transformado e ensinar a “lição” que aprendeu, e encarar essa nova fase.
2. Considerações finais
TEORIA EM PRÁTICA
Reflita sobre a seguinte situação: um roteirista quer contar a
história de uma personagem chamada Carlos Valadreo, que
é um jovem da periferia brasileira, sem oportunidades, até
que um dia vê seu destino mudar ao ser confundido com o
assassino de um milionário americano e ir parar na cadeia.
Ao longo da estória, ele tem como objetivo maior provar sua
inocência. Agora, responda: A jornada do herói é a melhor
fórmula para contar essa história? Justifique sua resposta.
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VERIFICAÇÃO DE LEITURA
b. Roteiro e direção.
c. Personalidade e flexibilidade.
d. Iluminação e direção.
e. Comportamento e reciprocidade.
b. Assunto.
c. Diretor.
d. Personagem.
e. Jornada do herói.
131
Referências bibliográficas
BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma história social da mídia: de Gutenberg à Internet. Rio
de Janeiro: Zahar, 2004.
CAMARA, H.; GOMES, M. Narrativa e Ficcional Seriado: Os ajustes realizados na
adaptação do texto literário para a telenovela. Intercom – Sociedade Brasileira
de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, XXXIV Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação. Recife, 2 a 6 de setembro de 2011.
CAMPBELL, J. O herói de mil faces. São Paulo: Cultrix/Pensamento, 2002.
DUBOIS. P. Cinema, Video, Godard. São Paulo: Editora Cosac& Naify, 2004.
DÉBORD, G. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do
espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
FIELD, Syd. Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001, s/p.
GQ. Disponível em: <https:// Globo/gq.globo.com/Cultura/>. Acesso em: 10
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NEUMANN, E. (1990). História da origem da consciência. São Paulo: Cultrix.
OLIVEIRA, L. A jornada do herói na trajetória de Batman. Bol. psicol., São Paulo, v.
57 n.127, dez./2007.
RODRIGUES, E. Roteiro: o projeto narrativo audiovisual. Revista Mediação, v. 7, n.
6, p. 24-33, jan./jun. 2008.
SHEPAINTEDHER. Disponível em: <https://shepaintedher.weebly.com/artefact-and-
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TELECINEPLAY. Disponível em: <https://telecineplay.com.br>.
Acesso em: 10 mar. 2019.
VEJA. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/entretenimento/dumbledore-de-
harry-potter-fara-serie-de-j-k-rowling/>. Acesso em: 10 mar. 2019.
Gabarito
Questão 1 - Resposta A
Para compor uma personagem, é preciso, entre outros elementos,
pensar em seu comportamento e personalidade.
132
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Questão 2 - Resposta B
O assunto é a base de qualquer roteiro, e sem ele, não tem como
escrever, porque ele é que determinará as decisões e caminhos a
serem tomados.
Questão 3 - Resposta: C
A jornada do herói, segundo Campbell (2002) é composta
por partida, quando ele aceita a missão; pela iniciação, que é
quando ele vai lutar e por fim, pelo retorno, quando volta a sua
vida comum.
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Prática: redação de roteiro para
curta-metragem de ficção e
linguagem para TV, internet
ou cinema
Autora: Roberta Steganha
Objetivos
134
134
1. Introdução
Neste último tema, chegamos à parte mais prática da disciplina. Sendo
assim, conversaremos sobre quais estratégias você pode adotar ao
redigir um roteiro para um curta-metragem de ficção e explicar cada
uma delas.
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Em outras palavras, não sendo o curta-metragem desde sua essência um
filme realizado para o mercado tradicional de distribuição, abrindo-se,
nesse modo de expressão, um espaço potencial para a entrada do novo,
do próprio, da experimentação, do ousado em relação às formas mais
tradicionais de narração e de linguagem já estabelecidas e testadas nos
longas-metragens e no cinema comercial (NATIVIDADE, 2014, [s.p.]).
136
136
No entanto, a falta de recursos e o tempo limitado, que podem parecer
adversidades num primeiro olhar, na verdade têm se mostrado como
um ponto muito positivo. Afinal, com a necessidade nasce a invenção.
Assim, os roteiristas de curtas-metragens têm ajudado a criar novos
estilos narrativos e novas linguagens audiovisuais.
Ainda sobre o curta de George Lucas, como este teve uma repercussão
interessante, o diretor decidiu expandir sua história e fez um longa
sobre esse assunto, o THX 1138, em 1971. O longa abordava um
universo futurista, onde pessoas eram controladas por computadores e
não possuíam sentimentos. Observe a imagem a seguir:
Fonte: <https://s2.glbimg.com/A0-br1FAW8qZ58nGE1fpGoijdEA=/0x0:1920x1080/1000x0/i.
s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/
n/m/mxFowkRlKAB98pO5PExw/frame-00-02-50.737.jpg>. Acesso em: 28 jun. 2019.
137
Enquanto alguns diretores e roteiristas preferem trabalhar com curtas,
outros escolherão começar produzindo longas ou séries para TV
ou internet.
138
138
Desta forma, cabe salientar que a estrutura mais adequada para um
curta será aquela em que for possível contar a melhor estória em um
prazo de 15 minutos. Então, essa narrativa deverá se desenvolver com
começo, meio e fim dentro deste espaço de tempo e, também, ser
entendível para o espectador.
Mas, qual o melhor caminho para atingir esse objetivo? Essa questão é
muito relevante, mas devemos adiantar desde já que não existe uma
resposta única para ela. Há várias possibilidades e o melhor caminho
vai depender do objetivo do próprio curta. Além disso, é importante
salientar que a estrutura narrativa não precisa ser totalmente diferente
da lógica de uma longa-metragem. Um dos caminhos é seguir a mesma
lógica dos três atos, conforme o modelo de Field (2001). Observe o
esquema observando o infográfico a seguir:
Ponto de Ponto de
virada I virada II
139
Por outro lado, como comentado anteriormente, este não é o único
caminho possível a ser seguido. Um modelo muito difundido nos últimos
anos e que tem se tornado um dos preferidos dos roteiristas de curtas
é o chamado Dois Atos. Mas, qual é a grande diferença em relação ao
modelo de três? De modo geral podemos dizer que a grande diferença
consiste em, neste modelo, contar com apenas duas grandes reviravoltas
na história, uma no começo e outra no fim, para simplificar a narrativa.
140
140
ASSIMILE
Vale lembrar que na jornada do herói, o objetivo da
narrativa é alcançar um público muito amplo e vasto. Esses
personagens são construções de arquétipos que ajudam na
obtenção da empatia do espectador devido as características
que estes possuem e assuntos universais que abordam, e
também porque falam diretamente ao inconsciente coletivo.
É uma técnica baseada nas pesquisas de Joseph Campbell
(2002), a partir do livro o Herói de Mil Faces.
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Figura 4 – Piper na sua aventura para caçar mariscos
Fonte: <https://www.fxguide.com/fxfeatured/the-tech-of-pixar-part-1-piper-
daring-to-be-different/>. Acesso em: 28 jun. 2019.
Desta forma, a ave vai para seu momento de provação, mais preparada
para enfrentar os desafios graças a ajuda desse amigo e, assim,
consegue resolver logo sua problemática caçando os mariscos. Tais dicas
pouparam bastante tempo à narrativa da presente obra audiovisual.
Portanto, está resolvida sua questão e a ave retorna para o seu bando,
com mariscos e conchas que conseguiu, que são suas recompensas,
a fim de retornar para sua vida normal. Então, temos aqui, neste
momento, o fim da jornada do herói.
Para fazer este tipo de roteiro, basta apenas escolher uma única
sequência e trabalhar nela. No entanto, é importante salientar que nada
impede que o roteirista faça ainda uma combinação com os demais
modelos já apresentados até aqui.
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Por exemplo, você pode escolher usar a jornada do herói, mas decidir
focar em apenas uma parte específica do que seria sua longa aventura,
focar mais diretamente em apenas um trecho de sua saga, e assim
por diante.
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Além disso, é importante dizer que cada estória, por si só, já traz
também suas próprias necessidades, por isso, não é uma boa estratégia
ficar preso às amarras de formatos prontos. É preciso dar espaço para a
criatividade, fazer a obra ganhar vida.
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Figura 5 – Cena do filme Paperman
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Neste caso, as palavras servem apenas de apoio às imagens. Assim,
temos aqui uma equação que funciona perfeitamente quando o assunto
é TV. Observe o infográfico a seguir.
Informação
Imagem Palavra
na TV
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diferença não está na linguagem em que se constrói a narrativa no cinema
ou na televisão e sim na maneira como uma e outra são apreendidas.
A diferença não é como se faz mas sim como se vê. Uma sala iluminada
apenas pelas imagens que por algum tempo numa grande tela se
movimentam, sem que sobre elas tenhamos qualquer controle, é cinema.
Uma pequena tela se esforçando para chamar atenção o tempo que
for possível, sempre e enquanto nós deixarmos, é televisão. (FURTADO,
2017, [s.p.])
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No entanto, outras mídias como o Facebook e o Instagram disputam
a preferência deste público consumidor de vídeos, além dos serviços
de streaming como o Netflix. Só que ainda temos, neste momento,
um novo modelo de produção de vídeos em voga. Há um novo
processo ocorrendo, porque o acesso à tecnologia foi facilitado, o que
proporcionou aos receptores da mensagem a possibilidade de também
produzir conteúdo.
Desta forma, para ter sucesso neste novo meio, não adianta apenas
pegar um roteiro de TV ou cinema e adaptá-lo para a plataforma. Isso
não vai funcionar. Então, para que a produção de vídeos para web,
portanto, funcione, devemos considerar alguns pontos como: duração,
roteiro, equipamentos e edição.
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Por fim, podemos dizer que a internet é um mercado interessante que
se descortina para o Audiovisual, mas ainda carece da formatação de
uma linguagem própria do meio. Isso ocorre porque é realmente muito
difícil dar conta de elementos tão diferentes como redes sociais, portais
de notícias, e mais recentemente, de dispositivos móveis. É muito
complicado criar uma única linguagem capaz de dar conta de tudo isso.
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Mas, o Netflix não é o único neste mercado. A Disney, por exemplo,
planeja entrar neste nicho o mais breve possível para concorrer com
o Netflix. Após a compra da Fox, a empresa admitiu que estava se
preparando para lançar seu próprio streaming em 2019.
2. Considerações finais
TEORIA EM PRÁTICA
Reflita sobre a seguinte situação: um roteirista precisa
colocar seu curta-metragem no papel, mas não sabe por
onde começar. Ele tem apenas a ideia, quer fazer uma
animação onde pretende mostrar a trajetória de um gato
de rua e suas aventuras em busca do almoço de cada dia.
Ele tem um baixo orçamento para o trabalho e deve ter 15
minutos. Qual seria a melhor solução, em termos de roteiro,
para este tipo de história? Justifique sua resposta.
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VERIFICAÇÃO DE LEITURA
b. Até 50 minutos.
c. Até 15 minutos.
d. Até 35 minutos.
e. Até 40 minutos.
b. Um resumo de um longa-metragem.
b. Ampliada
c. Normal.
e. Complexa.
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Referências bibliográficas
Gabarito
Questão 1 - Resposta C
Normalmente, o curta-metragem costuma ter cerca de 15 minutos
de duração. Mas, para ainda ser considerado nesta categoria pode
ter até 30 minutos.
Questão 2 - Resposta B
O curta-metragem é uma obra completa, com começo, meio e fim,
só que de curta duração.
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Questão 3 - Resposta: A
Curtas devem usar jornada do herói reduzida, a melhor saída nesse
caso é ir direto para o chamado, e logo vivenciar a aventura, sem
gastar muito tempo no período em que ele reluta. Além disso, a
luta não deve ser tão longa porque não podemos deixar de ter
o retorno.
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