Captura de Tela
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anos
Programa de Pós-graduação
em Artes Cênicas ECA USP
Fausto Viana e Felisberto Sabino da Costa (orgs.)
ISBN 978-65-88640-51-7
DOI: 10.11606/9786588640517
São Paulo
ECA - USP
2021
Catalogação na Publicação
Serviço de Biblioteca e Documentação
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
ISBN 978-65-88640-51-7
DOI 10.11606/9786588640517
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Apresentação 7
Felisberto Sabino da Costa
Ao longo dos últimos 25 anos, pesquisas do campo da Dança, das Artes Cênicas e da
Comunicação, no Brasil, vêm se debruçando sobre as questões do corpo artista, em suas
perspectivas cognitivo-culturais. No desejo de afirmar práticas e prerrogativas não dualistas
e romper com os binarismos corpo-mente ou natureza-cultura, a absorção de teorias e
conceitos oriundos da Biologia, das Ciências Cognitivas e da Filosofia da Mente, entre outras
searas, vem produzindo pesquisas geridas na simbiose entre arte e ciência.
No domínio da dança, abordagens advindas de estudos do corpo e da comunicação
compõem um importante eixo de investigação de caráter inferencial, decorrente das
investidas teóricas de Helena Katz e Christine Greiner (KATZ; GREINER, 2005) nas duas
últimas décadas. Em sua Teoria Corpomídia, as pesquisadoras defendem que:
[...] o corpo não é um recipiente, mas sim aquilo que se apronta nesse
processo co-evolutivo de trocas com o ambiente. E como o fluxo não
estanca, o corpo vive no estado do sempre-presente (KATZ; GREINER, 2005,
p.130).
200
Essas, entre outras referências de pesquisa produzida na confluência entre arte e
ciência, deflagram o desenvolvimento de um campo singular acerca dos estudos do corpo
nas artes cênicas no Brasil.
De acordo com os musicólogos e pesquisadores da corporeidade Micheline Lesaffre
e Marc Leman (2020), a pesquisa integrativa entre arte e ciência, por meio de um processo
interativo, melhoraria o papel das humanidades na codireção do desenvolvimento cultural
e social. Essa perspectiva se irmana à prerrogativa da cientista política Samantha Frost
acerca da assunção das humanidades e das ciências como campos codependentes. No livro
Biocultural Creators, Frost (2016) nos convida a pensar se uma nova conceptualização do
humano, a partir do estudo das ciências da vida, poderia trazer mudanças na forma como
nos vemos e nos relacionamos com o mundo. Ao defender uma mediação corporificada
entre os campos biológico e cultural, a autora propõe que se compreenda o ser humano
como uma criatura não dicotômica, mas sim demarcada pela complexidade material,
ecológica, cultural, social e política que a compõe:
201
assinam o presente texto. A proposta artístico-conceitual “sonorocoreografia”, conduzida
por Nhur (2019; 2020) trata das interações cognitivo-culturais entre movimento, som e voz
na cena. Já o estudo de Kakazu (2021) abarca o trabalho do coreógrafo e diretor teatral
chileno Elias Cohen na confluência entre dança, teatro e biologia.
A seguir, descreveremos, de forma sintética, os objetivos, discussões e resultados das
referidas pesquisas, pontuando questões que abrangem formulações seminais de um
ambiente teórico-artístico em construção. Acomodando os perigos de uma visão
biologizante e os riscos de produzir traduções simplificadas de termos científicos para o
campo das artes, lançamo-nos a esta trilha em processo.
1
Informações, críticas e imagens dessas obras podem ser obtidas no site www.andreianhur.com.
202
O Pró-Posição Dança, grupo fundado em Sorocaba, interior de São Paulo, na década
de 1970, traz em sua trajetória inúmeros trabalhos edificados sobre a junção de diferentes
linguagens. Suas produções mais recentes, após a retomada do grupo entre 2007 e 2008,
são marcadas pela presença de voz cantada e música ao vivo como parte do pensamento
coreográfico. O Katharsis Teatro, também sediado na cidade de Sorocaba, vem realizando,
há mais de 15 anos, uma investigação a que denomina “processos cênicos coevolutivos”2,
em que corpo, som e luz, em regime de codependência permanente, são entendidos como
catalisadores da cena. Fazendo vasto uso da palavra falada em diversas línguas, em
combinação com elaborações gestuais, o Katharsis desenvolve o que o teatrólogo francês
Patrice Pavis, ao conhecer o trabalho do grupo, definiu como “[...] palavra em coreografia
bem traçada” (PAVIS apud NHUR; CAMARGO, 2015, p.71).
O “sonoro”, nesse contexto, abarca som, ruído e silêncio como materiais de criação
musical, sonora e vocal, ao passo que o movimento e as formas de organização do corpo
no espaço-tempo denotam que há um traço coreográfico interposto.
Nesse sentido, lançamos o termo “sonorocoreografia” como possível nomeação
para um interesse singular que sublinhou os últimos trabalhos desses coletivos artísticos.
2
Inspirado no conceito de coevolução biológica, o Katharsis desenvolve uma pesquisa voltada para a
“dramaturgia a partir da comunhão de várias linguagens”, entendendo que sistemas complexos emergentes
da tríade som-luz-atuação interferem na produção de sentido, espacialidades e temporalidades, instaurando
trocas de informações, energia e matéria (CAMARGO, 2010).
203
Embora sirva para categorizar esse tipo de construção simbiótica – sublinhada pelo
cruzamento entre dança, teatro e música – a ideia de “sonorocoreografia” pode também
disparar discussões complexas acerca das tramitações cognitivas que habilitam tais corpos
em atividades multimodais 3.
A noção de multimodalidade entre dança e música foi desenvolvida no projeto de
pesquisa “Sonorocoreografia: acordos cognitivos entre movimento, som e voz em corpos
que desempenham multitarefas artísticas”, desenvolvido por Andréia Nhur, sob supervisão
do Prof. Marc Leman, junto à Ghent Universtity, na Bélgica, com bolsa CAPES-PRINT-
Professor Visitante Júnior, entre 2020 e 2021.
No referido projeto, foram explorados processos de trabalho integrado entre
movimento, som e voz, além de análises qualitativas com base na tecnologia do espelho
aumentado (CARUSO, 2018), em parceria com o Instituto de Musicologia (IPEM) da Ghent
University.
O método da tecnologia do espelho aumentado (CARUSO, 2018) vem sendo
desenvolvido por Giusy Caruso (entre outros pesquisadores do campo da musicologia) e
consiste numa abordagem metaperspectiva, em que o performer também é o pesquisador,
mas em vez de produzir relatos, descrições ou impressões subjetivas, utiliza-se de dados
objetivos obtidos por meio de gravações (capturas de movimento e áudio, análise
computacional, gravações em vídeo e outros tipos de captura) de sua própria performance.
Com base na metaperspectiva, alguns processos artísticos performados por Andréia
Nhur foram gravados, analisados e discutidos, entre 2020 e 2021, em diálogo com
bibliografias do campo das Ciências Cognitivas, da Neurocognição da Dança e da Cognição
Musical Corporificada.
Entre os processos artísticos realizados, destacamos uma criação multimodal em
dança contemporânea, envolvendo canto e movimento que, posteriormente, deu origem
ao videoexperimento Cordeiro místico 4. Parte desse processo foi gravada repetidas vezes,
por meio de captura de movimento e áudio sincronizados, nos laboratórios do IPEM
(Makerspace Laboratory e ASIL-ArtScienceIntercationLab), em colaboração com
3
A percepção multimodal refere-se ao acionamento de diversos sentidos e habilidades cognitivas durante
uma mesma atividade (LEMAN, 2008).
4
O videoexperimento Cordeiro místico foi apresentado em maio de 2021, na Dança à Deriva-Mostra Latino-
Americana de Dança, Performance e Ativismo.
204
pesquisadores do instituto. Os movimentos foram gravados pela tecnologia de captura de
movimento (sistema Qualysis Track Manager) 5; o áudio foi amplificado num espaço
sonorizado com 80 caixas de som durante os ensaios e gravado em sincronia com o
movimento (por meio de um relógio universal, o SMPTE clock). Já as análises qualitativas de
movimento e som foram facilitadas pelos softwares Elan (para transcrição e anotação de
áudio e vídeo) e Sonic Visualiser (para visualização de ondas sonoras).
A criação em questão consistia numa sequência sonorocoreográfica em que a artista
dançava e cantava ao mesmo tempo, ao longo de cinco séries acumulativas de sons vocais
e movimentos corpóreos realizados em looping, por intermédio de um dispositivo de
loopstation (em que sons podiam ser sobrepostos em ciclos de repetição). Assim, os
movimentos foram captados pela tecnologia de captura de movimento e o áudio (voz da
própria artista) gravado em sincronia com os movimentos.
Figura 2 – Visualização da artista Andréia Nhur: 1- vestindo roupa com sensores; 2 - em espaço
tridimensional e 3 - com exibição dos traços dos gestos pelo sistema de captura de movimento QTM
5
A captura de movimento (motion capture) é uma tecnologia que permite gravação e transposição do
movimento em um modelo digital. Nas pesquisas desenvolvidas junto ao IPEM-Ghent University, utilizamos
o Sistema Qualysis, especializado em captura ótica de movimentos, através de câmeras, sensores e softwares
que possibilitam a captura de movimentos de corpo inteiro de humanos, animais e objetos inanimados.
205
movimento na construção da cena complementava o treinamento isolado (somente
coreografia ou somente canção). Foram reunidos estudos sobre dança e memória
(BLÄSING, PUTTKE, SCHACK 2016; STEVENS; 2017), com intuito de compreender as
diferentes dinâmicas de treinamento e aprendizagem em atividades multimodais como
cantar e dançar ao mesmo tempo, a partir da inferência de resultados e problematizações
já elaborados no campo da Neurocognição da Dança. Segundo tais estudos, um processo
performativo envolvendo criação coreográfica em consonância com produção vocal seria
tributário de uma dinâmica complexa de memória que caracterizaria o comportamento
neural em danças contemporâneas.
Além disso, o estudo propiciou uma análise das relações de sincronização,
sintonização e empatia, entre movimento e voz, com base nas investigações de Marc Leman
(2008) sobre imitação corporal de formas sônicas.
Para Leman (2008), há três níveis de imitação corporal relacionados ao som: o
primeiro é a sincronização, designada pelo princípio ideomotor, em que ressonâncias
biomecânicas são ativadas por padrões rítmicos no nível sensório-motor; o segundo é a
sintonização, expressa em termos de ritmo, melodia e harmonia, num endereçamento de
alto nível cognitivo e o terceiro, a empatia, corresponderia à intencionalidade emocional e
significação coletiva da música. Com tal classificação, foi possível analisar as articulações
entre movimento, percussão vocal e canção, aventando possibilidades de relação entre
essas instâncias.
Embora tal pesquisa configure um estudo qualitativo ̶ sem resultados estatísticos
que possam consagrar afirmações definitivas ̶ podemos dizer que a compreensão dinâmica
entre movimento e som assevera a relação fluxional entre corpo e ambiente, em detrimento
de uma visão dualista e estanque do corpo como receptor passivo do som.
Essa, entre outras investigações que temos realizado em torno da palavra inventada
“sonorocoreografia”, alimentam um fazer-pensar gerido pelos contornos do corpo em sua
dimensão biocultural (FROST, 2016). Mais do que gerar asserções científicas, o intento é
abarcar propostas estéticas fincadas na simbiose entre som e movimento, incorporando os
debates estéticos, sociais e políticos às dinâmicas cognitivo-culturais que constituem o fazer
artístico.
206
2. Dançar agora para um futuro corporizado: coemergência, enação e
embodiment no Teatro Danzante de Elias Cohen
6
Teoria desenvolvida pelo biólogo Humberto Maturana, que estuda o fenômeno do “conhecer” e apresenta
uma perspectiva integrada na relação entre os domínios biológico, social e cultural.
7
Para mais informações sobre KIM Teatro Danzante, acessar o site: http://physicaltheater.net/en/
8
Biólogo e neurocientista chileno que desenvolveu a teoria da enação e, junto com Humberto Maturana, criou
a teoria da Autopoiesis.
207
aludindo ao fato de que a cognição é produzida por meio de uma manipulação ativa,
vinculada ao comportamento sensório-motor (BAUM; KROEFF, 2018).
Elias Cohen se refere à dança como “Movimento Primordial Organizado”, que seria a
forma com que o corpo encarna o movimento existente na natureza, gerando assim
interações harmoniosas, coerentes e sensíveis para o desenvolvimento da criação e da
diversidade. Compreendendo ação como princípio fundamental da cognição e movimento
como centro do fazer ético e estético, a pesquisa verificou que Cohen divide seu
“Movimento Primordial Organizado” em quatro perspectivas: 1) Movimento é expressão
artística: uma forma expressiva e criativa de estar na vida experienciando nossa cognição
corporizada; 2) Movimento é medicina/cura: o movimento é cura, na medida em que
colabora na incorporação de uma conduta flexível, evolutiva e alinhada com a natureza; 3)
Movimento é investigação: se a cognição é corporizada, mover é conhecer; 4) Movimento é
política: nossa mobilidade assume escolhas de ordem política.
A segunda frente abordada na dissertação partiu de entrevistas, analisando o
percurso do artista como uma trajetória auto-organizada no tempo a partir das suas
determinações estruturais9 (formações, influências iniciais e conceitos primordiais) e
acoplamentos 10, isto é, os aspectos adquiridos (contaminações teóricas, linguagens,
vivências, técnicas adquiridas e parcerias) que encadearam mudanças na sua trajetória.
Evidenciou-se que o modo de nomear seu trabalho é tributário desse processo auto-
organizacional: inicialmente aparecendo como “Teatro-Físico”, depois como “Teatro
Danzante” e, atualmente, apontando para uma pesquisa denominada “Teatro Enativo”.
Também foram observadas as práticas, a partir das quais esse fazer se organiza
enquanto caminho que retroalimenta essas teorias incorporadas. Noções como
embodiment, mente sem-self, determinismo e acoplamento estrutural, trazidas por Humberto
Maturana, Francisco Varela e Christine Greiner, foram abordadas para revelar leituras sobre
esses procedimentos e o diálogo entre arte e biologia, desde um ponto de vista integrado.
No treinamento desenvolvido por este artista, percebeu-se uma intencionalidade da
9
O conceito de determinismo estrutural, criado por Maturana e Varela (2010), parte do pressuposto de que os
seres vivos são determinados por sua estrutura, isto é, percebem e agem no mundo determinados por sua
estrutura. Na dissertação, tomamos esse termo da biologia para observar aspectos da formação e influências
iniciais do artista.
10
Acoplamento Estrutural, na biologia, refere-se à interação que ocasiona mudanças produzidas pelo meio na
estrutura de um sistema vivo, mas que também modifica este meio, na circularidade própria de um sistema
autopoiético, ou seja, um sistema que gera e gerencia a si próprio.
208
exposição dos praticantes a diferentes perturbações ou a espaços situados na natureza,
exigindo deles uma conduta flexível em relação ao que se apresenta, colocando a todos
em movimento físico, interno e ontogenético 11.
A pesquisa analisou as criações artísticas Lilá ou o Jogo de Deus, Simple Ficción e
Oceánika, de Cohen, a partir da possibilidade de uma leitura que denominamos
Dramaturgia de Imagens Coemergentes. A proximidade com a teoria enativa, adotada por
Cohen, revelou que para discutir os sentidos gerados pela materialidade física do corpo na
cena foi necessário reconfigurar o entendimento sobre representação, assumindo
representação numa perspectiva coemergente, de forma que esta passasse a ser definida
pela interação entre a estrutura do organismo e o ambiente, através da ação.
Partindo da ideia de que a realidade é uma construção oriunda da codependência
entre o sujeito e o meio, foram levantados parâmetros que evidenciam uma perspectiva
coevolutiva na prática deste encenador, em que sujeito e mundo estão coimplicados.
Dentre eles, foram destacados: o enfoque no processo em detrimento do produto, a
adaptabilidade, a investigação por meio do retiro e a escuta ao que cada ator/atriz traz para
a criação.
A pesquisa também analisou a perspectiva kinopolítica 12 de Cohen em aproximação
ao campo da ética, sob a perspectiva de Varela. Verificou-se que as práticas vivenciadas
junto ao KIM Teatro Danzante acerca da mobilidade incorporam princípios éticos descritos
por Varela, tais como: conduta espontânea e vacuidade; a não separação “mente-corpo-
ambiente”; desestabilização da certeza de um “Eu” unificado e separado do meio; ação não
dual e desestabilização de certezas. Essas práticas contribuem para alargar as inclinações
para uma atitude ética espontânea, ou seja, de resposta imediata ao ambiente (VARELA,
1991), contribuindo para a construção de um “know how” ético junto aos artistas e
estudantes que vêm participando nos últimos anos das práticas organizadas pelo KIM
Teatro Danzante.
11
“A ontogenia é a história de mudanças estruturais de uma unidade, sem que esta perca a sua organização.
Essa contínua modificação estrutural ocorre na unidade a cada momento, ou como uma alteração
desencadeada por interações provenientes do meio onde ela se encontra ou como resultado de sua dinâmica
interna (MATURANA; VARELA, 2010, p. 86).
12
Essa abordagem é uma aproximação da teoria Kinopolítica de Thomas Nail, docente da Universidade de
Denver, que aborda a Kinopolítica nos livros The Figure of the Migrant (2015) and Theory of the Border (2016).
209
Figura 3 - Elenco de Lilá ou o Jogo de Deus.
Figura 4 - Atriz Tamara Ferreira (centro) em meio a chuva de jornal provocada pelos
atores Jose Chahin e Damián Ketterer (laterais).
210
Figura 5 - Atriz Catalina Tello em cena do espetáculo Oceánika.
3. Conclusões em construção
211
percepção, ação e movimento, como princípios relacionais no jogo entre corpo e cena é
sublinhar também uma dimensão sistêmica, coevolutiva e simbiótica com a natureza.
É nessa chave que apresentamos a presente discussão, almejando a uma dinâmica
colaborativa entre arte e ciência. Uma ecologia de saberes, como diria o sociólogo
português Boaventura de Souza Santos (2006) acerca de uma construção múltipla e diversa
entre áreas distintas de conhecimento. Um espaço em construção, em que arte e ciência
configuram-se como possíveis práticas complementares de pesquisa.
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movement and motor skills. New York, NY: Psychology Press, 2016.
FROST, Samantha. Biocultural Creatures: Toward a New Theory of the Human. North
Carolina: Duke University Press, 2016.
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