Noções de Direito

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Direito Constitucional

Dos princípios fundamentais art 1° ao 4°

Conflito e colisão: Conflito de regras resolve-se pelos critérios hierárquico, cronológico ou da


especialidade.

Ex: entre uma regra da constituição e uma regra de lei ordinária, aquela prevalece por questão hierárquica.
Se há uma regra mais recente e uma mais antiga de mesma hierarquia, prevalece a mais recente pois é a
última vontade do legislador. Se há um conflito de uma regra mais genérica e outra mais específica,
prevalece a específica.

A colisão entre princípios resolve-se pela PONDERAÇÃO.

(FGV/MP/RJ/TÉCNICO/2016) Ednaldo, estudante de direito, observou que os direitos fundamentais à


honra e à liberdade de expressão estavam constantemente em conflito, tendo sérias dúvidas de como
proceder para superar esse estado de coisas. Pedro, emérito professor de direito constitucional, observou
que a solução passava pela classificação desses direitos fundamentais como princípios constitucionais. Em
atenção à observação de Pedro, é correto afirmar que, na situação referida por Ednaldo, o conflito:

a. será resolvido a partir da ponderação dos princípios envolvidos, conforme as circunstâncias do caso
concreto. (envolveu problemas com princípios, a palavra será ponderação, por mais que a questão tenha
usado o termo conflito de forma inadequada, porque o mais adequado seria colisão.)
b. não pode ser resolvido, pois tanto o direito à honra como à liberdade de expressão devem ser
protegidos.
c. será resolvido conferindo-se, sempre, maior importância ao princípio democrático, presente na
d. não pode ser resolvido pelo Poder Judiciário, pois somente o Legislativo pode disciplinar o conteúdo dos
princípios.
e. será resolvido conferindo-se, sempre, maior importância ao princípio da privacidade, presente no direito
à honra.
O aluno deve colocar frente a frente: Se o problema envolver: Regras x regras, estaremos diante de
um conflito. Princípios x princípios, estaremos diante de uma colisão, cuja saída é a ideia da ponderação.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;
II – a cidadania
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Há várias formas de cobrar o assunto:

1.conhecimento do art. 1º (SoCiDiVaPlu);

Forma de governo: República

Forma de Estado: Federalismo

Regime político: Democracia (Estado democrático de direito)

Os fundamentos da República têm Função Nomogenética: são princípios que geram outros
princípios e também regras. São normas de eficácia plena.

(2020/CESPE/CEBRASPE/ MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL) Ao tratar dos


princípios fundamentais, a CF estabelece, em seu art. 1º, a.
a forma republicana de Estado, cláusula pétrea expressa, caracterizada pela eletividade, temporariedade e
responsabilidade do governante. (errada pois república é forma de governo e não de Estado. Cláusula
pétrea expressa é o federalismo)

b. a forma republicana de governo, caracterizada pela eletividade, temporariedade e responsabilidade do


governante. Item correto.

c. a forma federativa de Estado, cláusula pétrea implícita, caracterizada pela tripartição dos poderes da
União. (errada. Clausula pétrea é expressa e não implícita)

d. a forma federativa de Estado e o sistema presidencialista de governo. (o sistema presidencialista de


governo não é mencionado de forma expressa no art 1°)

e. a forma republicana de governo e a forma federativa de Estado, cláusulas pétreas expressas (A cláusula
pétrea expressa é somente o federalismo e não a forma republicana.)

Art. 60. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

CLÁUSULAS PÉTREAS EXPRESSAS

I – a forma federativa de Estado (art. 1º, CF);

II – o voto direto, secreto, universal e periódico (não se encontra o voto obrigatório, pois ele não é clausula
pétrea, sendo possível uma emenda para torna-lo facultativo);

III – a separação dos Poderes (art. 2º);

IV – os direitos e garantias individuais (art. 5º). Existe um diálogo entre as cláusulas pétreas (aquelas
merecedoras de uma proteção especial, aquelas que em razão das quais não se admite nenhuma proposta
tendente a abolir ou a reduzir).

OBS: NÃO CONFUNDIR SOBERANIA COM AUTONOMIA. A República Federativa do Brasil é SOBERANA. Cada
um dos entes que pertencem à federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) são dotados de
autonomia. A autonomia está para os entes da federação assim como a soberania está para a República
Federativa do Brasil.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:

I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência; V
– defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional n. 42, de 19.12.2003) VII – redução das desigualdades regionais
e sociais; VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

SOBERANIA POPULAR – ROUSSEAU

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

• A expressão “todo poder emana do povo” tem relação direta com a soberania popular, que vem das
influências de Rousseau.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular.
• Essa trinca são três resquícios da democracia direta. O plebiscito é uma consulta prévia, o referendo é
uma confirmação e a iniciativa popular é uma das formas de iniciar o processo administrativo. Existem três
artigos que preveem a iniciativa popular, a federal, no artigo 61, parágrafo segundo; a estadual, no artigo
27 paragrafo quarto, e a municipal, no artigo 29 inciso treze da CF.

Questão: Acerca de Constituição, poder constituinte e princípios fundamentais, julgue o item seguinte.
Democracia e soberania popular são princípios que preservam o sistema jurídico contra atos autoritários.
Item correto.

DEMOCRACIA DIRETA (PARTICIPATIVA): O povo vota diretamente todas as leis: Atenas.

DEMOCRACIA INDIRETA (REPRESENTATIVA): O povo elege representantes, que votam as leis

DEMOCRACIA SEMIDIRETA (MISTA): O povo elege representantes, mas também participa diretamente em
algumas situações.

• O Brasil adota a democracia semidireta, ou mista. • A democracia semidireta é uma mescla de resquício
da democracia direta e feições da democracia indireta.

FUNÇÕES TÍPICAS ATÍPICAS


EXECUTIVO ADMINISTRAR LEGISLAR
FISCALIZAR
JULGAR
LEGISLATIVO LEGISLAR ADMINISTRAR
FISCALIZAR JULGAR
JUDICIÁRIO JULGAR ADMINISTRAR
LEGISLAR
FISCALIZAR

• O executivo legisla, por exemplo, quando edita uma medida provisória, ele fiscaliza através dos órgãos de
controle e julga através dos processos administrativos disciplinares.
• O legislativo julga, como no processo de impeachment.
• O judiciário também administra e legisla os regimentos internos dos órgãos do poder judiciário e fiscaliza
– CNJ.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II – garantir o desenvolvimento nacional;

III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

MNEMÔNICO: COM GA ER RE PROMO

Os objetivos fundamentais são normas de eficácia limitada de princípio programático e de aplicabilidade


mediata (para o futuro)

Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: ANM Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 – ANM - Técnico em
Segurança de Barragens Considerando os princípios e valores da ética e da moral, julgue o item
subsecutivo. A busca pela redução da desigualdade social é um princípio estabelecido pela sociedade
brasileira e expresso na Constituição Federal de 1988 como valor para o desenvolvimento da atividade
econômica. CORRETO.
COMENTÁRIO: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: III – erradicar
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. Art. 170. A ordem econômica,
fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (..)

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I – independência nacional; II – prevalência dos direitos humanos; III – autodeterminação dos povos; IV –
não intervenção; V – igualdade entre os Estados; VI – defesa da paz; VII – solução pacífica dos conflitos; VIII
– repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X –
concessão de asilo político.

MNEMÔNICO: PANIICO – SOCO – REDE


P – PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS
A – AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS
N – NÃO-INTERVENÇÃO
I – IGUALDADE ENTRE OS ESTADOS
I – INDEPENDÊNCIA NACIONAL
CO – COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS PARA O PROGRESSO DA HUMANIDADE
SO- SOLUÇÃO PACÍFICA DOS CONFLITOS
CO – CONCESSÃO DE ASILO POLÍTICO MAIS COBRADOS EM PROVAS
RE – REPÚDIO AO TERRORISMO E AO RACISMO
DE – DEFESA DA PAZ

Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-DF Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PCDF - Escrivão de
Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal Com relação aos direitos humanos e responsabilidade
do Estado e os direitos humanos na Constituição Federal, julgue o próximo item. Um dos objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil é a prevalência dos direitos humanos. ERRADO:
COMENTÁRIO: A prevalência dos direitos humanos é encontrada no artigo 4º da constituição, e apresenta
como um dos princípios que norteiam as relações internacionais.
Não confundir a prevalência dos direitos humanos com a dignidade da pessoa humana, pois a dignidade da
pessoa humana é o núcleo conceitual dos direitos humanos e está no artigo 1º, a prevalência está no artigo
4º. A dignidade da pessoa humana é fundamento do artigo 1º. Porém, tanto uma quanto a outra estão no
pacote dos princípios fundamentais, que está do artigo 1º ao artigo 4º da Constituição Federal.

Ano: 2021 Banca: FCC Órgão: DPE-RR Prova: FCC - 2021 - DPE-RR - Defensor Público. Dentre os princípios
das relações internacionais há aquele que surgiu como consequência natural do processo de
descolonização, ganhando impulso nos primeiros anos após a Segunda Guerra Mundial e que garante o
livre desenvolvimento econômico, social e cultural de nosso País. Trata-se do princípio

a. da não intervenção estrangeira.


b. da igualdade e independência entre os povos.
c. do fortalecimento da autonomia interna.
d. da prevalência dos direitos humanos.
e. da autodeterminação dos povos.
Falou em processo de descolonização pós segunda guerra mundial, a premissa é a da autodeterminação
dos povos. Isso ocorreu pois, após a guerra e o desgaste da Inglaterra e da França, os países começaram
com seus processos de independência, pautados na não intervenção e na autodeterminação dos povos.

Repúdio ao terrorismo e ao racismo


• O racismo está previsto no artigo 5º, inciso 42 da Constituição, que diz que o racismo é crime inafiançável
e imprescritível. Recentemente, o STF decidiu que a injúria racial também é imprescritível.

Em 2021, o Supremo Tribunal Federal equipara a injúria racial à prática de racismo, ou seja, transforma o
crime de injúria racial em imprescritível.

O que estava previsto na jurisprudência do Supremo desde 2021, que era a possibilidade de equiparação,
foi tipificado, na Lei n. 14.532, como racismo. O racismo tem várias facetas: antissemitismo, antissionismo,
homofobia, trasnfobia e injúria racial. Antissemitismo e antissionismo é escrever livros ofendendo judeus.
Judeu é um povo semita, da terra de Sion, por isso o nome.

Calúnia é imputar crime a alguém, enquanto injuriar é xingar. Quando existe uma situação racial, trata-se
de uma injúria racial. Apenas dois crimes no Brasil são imprescritíveis: o racismo e o golpe de Estado. No
entanto, várias práticas são equiparadas a racismo.

(CESPE MRE DIPLOMATA 2015) A concessão de asilo político a estrangeiro é princípio que rege a República
Federativa do Brasil na suas relações internacionais, mas, como ato de soberania estatal, o Estado brasileiro
não está obrigado a realizá-lo. Correto.

COMENTÁRIO. A concessão de asilo político é um ato discricionário, pois é um desdobramento da


soberania estatal. O Brasil concede asilo político se quiser, é um ato de soberania estatal. Outro exemplo de
ato de soberania é a extradição, que pode ser decidida pelo chefe do poder executivo, como chefe de
Estado.

Os atos discricionários seriam aqueles nos quais a lei confere ao agente público a possibilidade de
escolher a solução que melhor satisfaça o interesse público em questão, ou seja, são aqueles cuja lei deixa
a critério do administrador a escolha, entre diversas opções, da mais adequada à realização da finalidade.
A deportação ocorre quando o indivíduo entra no país em situação irregular; a expulsão ocorre
quando um estrangeiro é expulso do território brasileiro por má conduta dentro do país; a extradição
ocorre quando a má conduta se dá em outro país, então o Brasil rejeita o estrangeiro. Além desses, existe o
banimento, que é a expulsão de brasileiros do território nacional. Essa é uma das penas proibidas. Se um
estrangeiro possui uma família brasileira, não importa quando ele a adquiriu, é possível a extradição. Esse
foi o caso do Cesare Battisti, que tinha mulher e filho brasileiros. No entanto, ele não pode ser expulso.
(2021/FCC/MANAUSPREV/FCC/ANALISTA PREVIDENCIÁRIO/TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Sobre as
normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, considere.
I – A cidadania e a dignidade da pessoa humana são princípios que regem a República em suas relações
internacionais.
II – Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político são fundamentos da República.
III – Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor e idade e quaisquer outras
formas de discriminação, é objetivo fundamental da República.
IV – A defesa da paz e a não intervenção são fundamentos da República.
À luz da Constituição Federal, está correto o que se afirma APENAS em: II e III
COMENTÁRIO: I – São fundamentos da República Federativa do Brasil. II – São fundamentos. III – É um
objetivo fundamental. IV – São princípios que regem o Brasil nas relações internacionais.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural
dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. • PESC
– Política, Econômica, Social e Cultural

TITULARIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Pessoas Físicas:
a) brasileiros natos; b) brasileiros naturalizados; c) estrangeiros residentes no Brasil; d) estrangeiros em
trânsito pelo território nacional; e) qualquer pessoa que seja alcançada pela lei brasileira (pelo
ordenamento jurídico brasileiro)
(2020/VUNESP/Câmara de Boituva-SP/Analista Jurídico) A doutrina, ao tratar dos direitos e garantias
fundamentais, assinala que

a. os direitos fundamentais não podem ser considerados na interpretação e aplicação, pelo administrador
público, de cláusulas gerais e de conceitos jurídicos indeterminados.

A alternativa “A” está errada, uma vez que os direitos fundamentais podem sim ser considerados na
interpretação e aplicação, pelo administrador público, de cláusulas gerais e de conceitos jurídicos
indeterminados, fenômeno este que é conhecido como eficácia irradiante dos direitos fundamentais. Para
além de servir de parâmetro para a interpretação e aplicação das demais normas do ordenamento jurídico,
os direitos fundamentais direcionam as diretrizes de atuação do Executivo, do Legislativo e do Judiciário
segundo uma valoração de ordem objetiva lançada para a atuação e compreensão do ordenamento
jurídico.

b. os direitos fundamentais são normas matrizes de outras normas, e não normas diretamente reguladoras
de relações jurídicas.

A alternativa “B” está errada, uma vez que os direitos fundamentais não são apenas normas matrizes de
outras normas, mas também possuem função reguladora direta de relações jurídicas.

c. as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, no que se refere
exclusivamente aos direitos individuais

A alternativa “C” está errada, pois as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata em seu âmbito geral, não apenas em relações aos direitos individuais.

d. o fato de os direitos fundamentais estarem previstos na Constituição torna-os parâmetros de


organização e de limitação dos poderes constituídos.

e. os atos normativos do Poder Legislativo sujeitam- -se aos direitos fundamentais, mas outros atos desse
Poder, com eficácia externa, escapam a essa sujeição

A alternativa “E” está errada, uma vez que todos os atos normativos do Poder Legislativo sujeitam-se aos
direitos fundamentais.

Direitos Fundamentais: direitos essenciais à dignidade humana, positivados na ordem interna do País,
previstos na Constituição dos Estados.

Direitos Humanos: direitos essenciais à dignidade humana, reconhecidos na ordem jurídica internacional
com previsão nos Tratados ou outros instrumentos normativos do Direito Internacional, são direitos que
transcendem a ordem interna dos Estados

Art. 5º. § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. • Os
direitos fundamentais são em sentido amplo.

• As normas de eficácia plena e contida tem aplicabilidade imediata. Aqui, foi comentado que as normas e
garantias fundamentais têm aplicação imediata, o que não significa, necessariamente, que todos os direitos
e garantia fundamentais terão essa aplicabilidade imediata.

Isso não quer dizer que todos os direitos e garantias fundamentais venham sempre expressos em normas
de eficácia plena ou contida. O artigo 5º, XXXII, CRFB/1988, é exemplo de norma de eficácia limitada: XXXII
– o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
• O “na forma da lei” depende de regulamentação, que é a grande característica das normas de eficácia
limitada.

CLÁUSULA DE ABERTURA § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.

(2021/CESPE-CEBRASPE/MPE-SC/Promotor de Justiça Substituto) Considerando a teoria geral dos direitos


fundamentais, julgue o item seguinte. Os direitos fundamentais estão restritos ao rol taxativo previsto na
CF, sendo inibida a inclusão de novos direitos ao seu catálogo. ERRADO.

COMENTÁRIO: Os direitos e as garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do


regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte. Isso significa que o rol de direitos do art. 5º, apesar de extremamente abrangente,
continua sendo exemplificativo, e pode ser ampliado.

• Ele é exemplificativo tanto em relação ao artigo 5º, pois existem outros direitos e espalhados pela
constituição, e em relação à constituição, pois o artigo 5º parágrafo 2º, traduz a cláusula de abertura.

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

II DUALISMO MODERADO

O direito interno e o direito internacional são fontes distintas, mas também se admite que normas
de um ordenamento sejam internalizadas pelo outro. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

O artigo 49 é o que traz as competências exclusivas do congresso nacional que, no inciso primeiro, diz que é
resolver definitivamente tratados, acordos e atos internacionais que acarretem cargos ou compromissos
gravosos ao patrimônio nacional. O congresso tem a função de aprovar.

• Depois que o tratado for aprovado, ele fará parte do ordenamento jurídico, resta saber apenas em que
patamar. Se for aprovado com rigor e versar sobre direitos humanos, ele será equivalente a uma emenda.
Se não versar sobre direitos humanos, ele será aprovado com tramite de uma lei ordinária e será
equivalente a uma lei ordinária. Se ele versa sobre direitos humanos, mas não foi aprovado, ele será
equivalente a uma norma supralegal. • Todo tratado se torna um decreto legislativo. • As normas
supralegais são exatamente os demais tratados sobre direitos humanos, que não foram aprovados com
esse rigor. • Os tratados podem se tornar equivalentes a uma emenda, a uma norma supralegal, mas em
regra, ele se torna equivalente a leis ordinárias. • O requisito para versar sobre direitos humanos é
requisito material. • O requisito formal é o quórum de emenda, o que traduz a rigidez constitucional. •
Tudo que envolve a constituição, com todos os tratados de direitos humanos, chama- -se de bloco de
constitucionalidade.

4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 45, de 2004)

CARACTERISTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

MNEMÔNICO: HI – RIIIII

Historicidade
Relatividade
Imprescritibilidade
Indisponibilidade / Irrenunciabilidade
Indivisibilidade
Historicidade: os direitos fundamentais não nasceram de uma única vez, sendo fruto de uma evolução e
desenvolvimento histórico e cultural.
Relatividade: afirma-se que nenhum direito fundamental poderá ser considerado absoluto, sendo que tais
direitos deverão ser interpretados e aplicados levando-se em consideração os limites fáticos e jurídicos
existentes, sendo que referidos limites são impostos pelos outros direitos fundamentais.
Nem o direito a vida é absoluto, pois se admite pena de morte em caso de guerra declarada.

Art. 5º. XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis

(2020/CEBRASPE/MPE-CE/Analista Ministerial) Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos


cidadãos em função de sua especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os
instrumentos e mecanismos necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses direitos. Com
relação a esse assunto, julgue o item que se segue. Os direitos fundamentais não podem ser considerados
absolutos, posto que todos os direitos são passíveis de relativização e podem entrar em conflito entre si.
QUESTÃO CORRETA.

Imprescritibilidade: podemos afirmar que os direitos fundamentais não se perdem com o tempo, não
prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis e exercidos, não sendo perdidos pela falta de uso
(prescrição); tal regra não é absoluta, existindo direitos que, eventualmente podem ser atingidos pela
prescrição, como é o caso da propriedade, que não sendo exercida, poderá ser atingida pela usucapião.

Indisponibilidade (Inalienabilidade / Irrenunciabilidade) Em regra, o titular dos direitos fundamentais não


pode livremente dispor deles (vender, permutar, renunciar). Inalienabilidade: em regra, os direitos
fundamentais não podem ser vendidos, nem doados, nem emprestados. Irrenunciabilidade: não se pode
abrir mão dos direitos fundamentais, ainda que se seja titular dele. (Exceção: Reality Show) • Quando a
pessoa aceita participar de um reality, ela abre mão do direito de privacidade, pois está sendo filmada o
tempo todo. Dessa forma, é uma exceção a irrenunciabilidade.

Indivisibilidade: sob este prisma podemos afirmar que tais direitos compõem um único conjunto de
direitos, uma vez que não podem ser analisados de maneira isolada, separada. Afirma-se que o desrespeito
a um deles constitui a violação de todos ao mesmo tempo, ou seja, caso seja descumprido seria com
relação a todos.

Direitos: • Civis • Políticos • Econômicos • Sociais • Culturais

• Os direitos civis e políticos são da primeira dimensão dos direitos fundamentais, os direitos econômicos,
sociais e culturais representam a segunda dimensão

Eficácia Vertical: a princípio, pensava-se que os direitos fundamentais incidiam apenas na relação entre o
indivíduo e o Estado. Eficácia Horizontal: os direitos fundamentais incidem também nas relações privadas.
• A eficácia é vertical se envolver o Estado e horizontal se envolver pessoas.

Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-DF Prova: CESPE /CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Agente de
Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito Federal Acerca dos direitos e das garantias fundamentais,
julgue o item a seguir. A eficácia dos direitos fundamentais não se restringe às relações entre os cidadãos e
o poder público. CORRETO

Os direitos fundamentais produzem os seus efeitos nas relações entre cidadãos e o poder público, o que
chamamos de eficácia vertical dos direitos fundamentais, contudo, eles também se aplicam nas relações
privadas, a chamada eficácia horizontal e diagonal dos direitos fundamentais. Logo, a eficácia dos direitos
fundamentais não se restringe às relações entre cidadãos e poder público.
Em 1979, inspirado nos ideais da Revolução Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), Vasak foi o
primeiro a propor uma divisão dos direitos humanos em gerações. • A teoria das gerações se aplica tanto
para os direitos humanos quanto para os direitos fundamentais. • As mesmas gerações dos direitos
humanos são as dos direitos fundamentais. Lema da Revolução Francesa, que queria limitar a atuação do
Estado: 1º - Liberdade – Estado liberal, direitos negativos. 2º - Igualdade – Estado social, direitos positivos.
3º - Fraternidade

Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-SC Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor
de Justiça Substituto. Considerando a teoria geral dos direitos fundamentais, julgue o item seguinte. A
efetivação dos direitos individuais, que constituem direitos de defesa frente a intervenções do poder
público na esfera particular dos indivíduos, demanda predominantemente atuações estatais de natureza
positiva materializada por prestações públicas. ITEM ERRADO. COMENTÁRIO • Se os direitos são
individuais, fala-se da primeira dimensão.

DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDMENTAIS

1° DIMENSÃO: Civis e Políticos (Negativos)

2° Dimensão: Econômicos, Sociais e Culturais (Positivos)


3° Dimensão: Difusos e Coletivos
4° Dimensão: Democ4racia/informação/Pluralismo
5° Dimensão: Direito à Paz
Os chamados “dimensões dos direitos fundamentais” podem também ser chamados de “geração dos
direitos fundamentais”.

Os direitos de primeira dimensão têm como titular o indivíduo e são oponíveis, sobretudo, ao Estado,
principal destinatário do dever de abstenção (caráter negativo). Os direitos fundamentais de segunda
dimensão (ou geração), ligados à igualdade material, compreendem os direitos sociais, econômicos e
culturais. Dependem de recursos orçamentários para a implementação das prestações materiais e jurídicas
necessárias.

Significado de oponível
Que se consegue opor a; que é contrário a algo ou alguém. Que pode funcionar como
oposição

2ª Dimensão: Econômicos, Sociais e Culturais (Positivos): Com o avanço do liberalismo político e


econômico no inicio do século XX, após a Primeira Guerra Mundial, o mundo assistiu a deterioração do
quadro social. Portanto, a segunda dimensão dos direitos fundamentais reclama do Estado uma ação que
possa proporcionar condições mínimas de vida com dignidade, são os direitos sociais, econômicos e
culturais. Sempre buscando diminuir as desigualdades sociais, notadamente proporcionando proteção aos
mais fracos.

Importante mencionar que os direitos de segunda dimensão não negam, tampouco exclui os direitos de
primeira dimensão, mas a estes se somam. • Se a primeira geração foi centrada na ideia de liberdade, a
segunda está na ideia de igualdade e da montagem de um Estado social.

Ano: 2021 Banca: Quadrix Órgão: CRF-AP Provas: Quadrix - 2021 - CRF-AP – Administrador. A Constituição
Federal de 1988 consagra, em seu Título II, os direitos e as garantias fundamentais e estabelece, no caput
do seu artigo 5º, que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos ali estabelecidos. Quanto aos direitos e às garantias
fundamentais, julgue o item. São considerados como direitos fundamentais de segunda geração aqueles
ligados à igualdade material, compreendendo os direitos sociais, econômicos e culturais. Item correto.
• A igualdade material é a isonomia, o respeito às diferenças. • A igualdade é dividida em igualdade
material e formal. A material está focada na ideia da isonomia, como as ações afirmativas, que são políticas
públicas implementadas pelo estado de modo a reduzir distorções históricas, e o sistema de quotas.

QUESTÃO IBFC (OFICIAL DE JUSTIÇA). Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Acerca dos Direitos e Garantias Fundamentais
previstos na Constituição Federal de 1988 (CF/88), assinale a alternativa correta.

a) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial. CORRETA. ART 5°, INCISO XI.

b) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao Ministério
Público. ALTERNATIVA INCOMPLETA. Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família
do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

c) É violável o sigilo da correspondência, de dados e das comunicações telefônicas, com o objetivo de


reparação civil por sentença transitada em julgado. ERRADO, o correto seria “INVIOLÁVEL”

d) É direito dos necessitados receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo, inclusive, aquelas imprescindíveis ao sigilo da segurança da sociedade e do Estado.
ERRADO. O inciso XXXIII do art. 5.º da Constituição da República dispõe que "todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado".

e) É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurada a soberania
da decisão judicial e a competência para julgamento de todos os crimes com pena superior a 02
(dois) anos. ERRADO. Constituição Federal. Art. 5º. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com
a organização que lhe der a lei, assegurados :
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-CE Prova: CESPE / CEBRASPE - 2020 - MPE-CE - Analista
Ministerial - Direito Os direitos fundamentais são prerrogativas próprias dos cidadãos em função de sua
especial condição de pessoa humana, e as garantias fundamentais são os instrumentos e mecanismos
necessários para a proteção, a salvaguarda ou o exercício desses direitos. Com relação a esse assunto,
julgue o item que se segue. Ações afirmativas, como a reserva de vagas para negros em concursos públicos,
são uma forma de garantia dos direitos fundamentais e visam minimizar ou eliminar uma situação histórica
de desigualdade ou discriminação. Item correto.

3ª Dimensão: Difusos e Coletivos

Os direitos humanos de terceira geração giram em torno da ideia de fraternidade e solidariedade,


expressas nos direitos difusos e coletivos. São direitos que abraçam toda a sociedade, não somente o
indivíduo. Também são chamados de direitos transindividuais. Como exemplos, cabe citar o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, ao progresso sustentado, à autodeterminação dos povos; os direitos
da pessoa idosa, dos deficientes, entre outros. Portanto: Os direitos humanos de terceira geração giram em
torno da ideia de fraternidade e solidariedade, expressa nos direitos difusos e coletivos.
Conforme determina o art. 5º, IV, CF/88, é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato. Nesse sentido, a Constituição prevê que manifestações que causem dano material, moral ou à
imagem de outrem, geram, em contrapartida, o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização (art. 5º, V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem). Daí a necessidade de vedar o anonimato, para (i) permitir a
identificação do autor e tornar possível a resposta proporcional ao agravo, (ii) acionar o Poder Judiciário em
busca de indenização decorrente dos danos materiais e/ou morais, ou demandando a punição em casos de
crimes contra a honra.” Em outras palavras, será objeto de apreciação judicial a manifestação do
pensamento que cause dano a outrem.

O artigo 5º, VI e VIII, da CRFB aduz que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
e a suas liturgias, bem como que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e
recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

É inconstitucional, por ofensa aos princípios da isonomia, da liberdade religiosa e da laicidade do


Estado, norma que obrigue a manutenção de exemplar de determinado livro de cunho religioso em
unidades escolares e bibliotecas públicas estaduais. [ADI 5.258, rel. min. Cármen Lúcia, j. 13-4-2021, P, DJE
de 27-4-2021.]. Sendo assim, é possível que tenha um livro religioso em uma biblioteca pública, por
exemplo, mas é proibido que isso seja obrigatório, visto que o Brasil é um Estado laico.

STF declara constitucionalidade de lei gaúcha que permite sacrifício de animais em rituais religiosos
28 03 2019 Por unanimidade de votos, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que a lei do Rio Grande
do Sul que permite o sacrifício de animais em ritos religiosos é constitucional. O Plenário da Corte finalizou
nessa quinta-feira (28) o julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 494601, no qual se discutia a validade
da Lei estadual 12.131/2004. A tese produzida pelo Supremo é a seguinte: “É constitucional a lei de
proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em
cultos de religiões de matriz africana”. • Para viabilizar a perfeição do item, é necessário que a religião seja
de matriz africana.

VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva; Não é obrigatório, porém, o hospital/penitenciária/locais de internação deve assegurar
esse direito de, se a pessoa desejar, ter a assistência religiosa.

Súmula Vinculante 44

Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.

Antiga é a jurisprudência desta Corte no sentido de que a exigência de avaliação psicológica ou


teste psicotécnico, como requisito ou condição necessária ao acesso a determinados cargos
públicos de carreira, somente é possível, nos termos da CF/1988, se houver lei em sentido
material (ato emanado do Poder Legislativo) que expressamente a autorize, além de previsão no
edital do certame. Ademais, o exame psicotécnico necessita de um grau mínimo de objetividade e
de publicidade dos atos em que se procede. A inexistência desses requisitos torna o ato ilegítimo,
por não possibilitar o acesso à tutela jurisdicional para a verificação de lesão de direito individual
pelo uso desses critérios. [AI 758.533 QO-RG, voto do rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 23-6-
2010, DJE 149 de 13-8-2010, Tema 338.]

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I –
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II – incapacidade civil absoluta; III –
condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV – recusa de cumprir
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V – improbidade
administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

ESCUSA OU OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença
religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei. § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei,
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência,
entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se
eximirem de atividades de caráter essencialmente militar.

É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de


vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações, ou (ii) tenha sua aplicação
obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, Estado, Distrito Federal ou
Município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade
de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. [ARE
1.267.879, rel. min. Roberto Barroso, j. 17-12-2020, P, DJE de 8-4-2021, Tema 1.103]

• No caso da vacina contra o COVID, por exemplo, é obrigatória e compulsória, mas não pode ser
forçada. Porém, quem optar por não se vacinar, enfrentará restrições. O voto funciona da mesma forma.

• No artigo 23, artigo 2: o tema da saúde se apresenta como competência comum. Nos termos do
art. 5º, VIII, da CF, é possível a realização de etapas de concurso público em datas e horários distintos dos
previstos em edital por candidato que invoca a escusa de consciência por motivo de crença religiosa, desde
que presente a razoabilidade da alteração, a preservação da igualdade entre todos os candidatos e que não
acarrete ônus desproporcional à Administração pública, que deverá decidir de maneira fundamentada. [RE
611.874, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 26-11-2020, P, DJE de 12-4-2021, Tema 386.]

Nos termos do art. 5º, VIII, da CRFB, é possível a Administração Pública, inclusive em estágio
probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício dos deveres funcionais inerentes aos
cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de consciência por motivos de crença religiosa,
desde que presente a razoabilidade da alteração, não se caracterize o desvirtuamento no exercício de suas
funções e não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá decidir de maneira
fundamentada. [ARE 1.099.099, rel. min. Edson Fachin, j. 26-11-2020, P, DJE de 12-4-2021, Tema 1.021.]

Ano: 2021 Banca: FGV Órgão: DPE-RJ Prova: DPE-RJ - 2021 - DPE-RJ – Residência Jurídica

Em relação aos direitos fundamentais, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a
alternativa INCORRETA

a. A Constituição Federal não consagra o direito ao esquecimento, vez que a sua previsão ou aplicação
afrontaria a liberdade de expressão.

b. É possível a realização de etapas de concurso público em datas e horários distintos dos previstos em
edital, por candidato que invoca escusa de consciência por motivo de crença religiosa, desde que
presentes a razoabilidade da alteração e a preservação da igualdade entre todos os candidatos, mesmo
que acarrete considerável ônus à Administração Pública.

Item “b” incorreto pois não pode acarretar ônus desproporcional à Administração Pública, que deverá
decidir de maneira fundamentada.
c. A liberdade de expressão pode ser limitada em casos excepcionais, como na hipótese de configurar
ocorrência de prática ilícita, de incitação à violência ou à discriminação, bem como de propagação de
discurso de ódio.

d. É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina, sendo certo que a obrigatoriedade
da vacinação não contempla a imunização forçada, porquanto é levada a efeito por meio de medidas
indiretas.

e. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial.

Como regra, a medida própria para a reparação de eventual abuso da liberdade de expressão é o direito de
resposta ou a responsabilização civil, e não a supressão de texto jornalístico por meio de liminar

A seguinte decisão aborda o exercício da liberdade de expressão não só em espaços privados, mas também
em espaços públicos.

Obs.: Proselitismo é a prática de convencimento de outras pessoas a praticar a sua fé.

A liberdade religiosa não é exercível apenas em privado, mas também no espaço público, e inclui o
direito de tentar convencer os outros, por meio do ensinamento, a mudar de religião. O discurso
proselitista é, pois, inerente à liberdade de expressão religiosa. (...) A liberdade política pressupõe a livre
manifestação do pensamento e a formulação de discurso persuasivo e o uso dos argumentos críticos.
Consenso e debate público informado pressupõem a livre troca de ideias e não apenas a divulgação de
informações. O artigo 220 da Constituição Federal expressamente consagra a liberdade de expressão sob
qualquer forma, processo ou veículo, hipótese que inclui o serviço de radiodifusão comunitária. Viola a
Constituição Federal a proibição de veiculação de discurso proselitista em serviço de radiodifusão
comunitária. [ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 16-5-2018, P, DJE de 23-10-2018.]

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Obs.: Pessoa Jurídica não tem intimidade tampouco vida privada, mas tem honra e imagem.

QUESTÃO: No tocante à temática dos Direitos e Garantias Fundamentais, assinale a alternativa correta.

a. O regime jurídico das liberdades públicas protege as pessoas naturais, brasileiras ou estrangeiras,
residentes no Brasil, mas não as pessoas jurídicas. ERRADO

b. A Constituição Federal, segundo a doutrina, adotou o princípio da igualdade de direitos, prevendo uma
igualdade de possibilidades virtuais.

c. Os direitos e garantias fundamentais enunciados na Constituição não se aplicam aos estrangeiros em


trânsito pelo território nacional. ERRADO

d. A conquista constitucional da liberdade religiosa trouxe a proibição do ensino religioso como disciplina
em escolas públicas. ERRADO. A obrigatoriedade do ensino religioso foi proibida.

e. A Constituição impede a violação das comunicações telefônicas, ainda que haja ordem judicial
autorizando. ERRADO. A regra é o sigilo, mas em casos concretos o afastamento do sigilo é possível.

• Ensino religioso de natureza confessional em escolas públicas; Outra discussão é a de que sempre foi
permitido que escolas particulares tivessem natureza confessional, colégios múltiplos ligados à igreja
católica, por exemplo. Uma discussão que chegou ao STF era se o ensino religioso poderia ter natureza
confessional em escolas públicas. Prevaleceu, no Supremo, a ideia de que, sim, poderia. Isso não seria uma
violação à liberdade de consciência e de crença. Isto, porque esse ensino é de oferecimento obrigatório,
mas a matrícula é facultativa. O ensino religioso de natureza confessional é aquele que professa uma fé
específica.

Danos Moral, Material e Estético

A Constituição dispõe sobre dano moral e dano material à imagem. O chamado dano estético também
encontra amparo legal, por mais que a Constituição não o aborde diretamente. Pode-se, aqui, pensar no
caso de uma cirurgia plástica: houve um gasto material, que foi o que a pessoa investiu para fazer a
cirurgia; o dano estético encontra-se nas cicatrizes ou na forma como a pessoa se relaciona com sua
imagem. As pessoas jurídicas de direito privado (as empresas) podem, sim, sofrer dano moral. Um exemplo
é uma reportagem que manche a reputação de uma empresa. A pessoa natural possui duas modalidades da
honra: a objetiva (a imagem perante a sociedade) e a subjetiva (a imagem da pessoa perante ela mesma).
As pessoas jurídicas, por sua vez, possuem honra objetiva. Pessoa jurídica de direito público, como regra
geral, não pode sofrer dano moral.

LER A Lei 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais)


Questão IBFC – OFICIAL DE JUSTIÇA. No que diz respeito a responsabilidade civil, a Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD), para o fim de assegurar a efetiva indenização ao titular dos dados, é incorreto afirmar que:

a) o operador responde subsidiariamente pelos danos causados pelo tratamento quando descumprir as
obrigações da legislação de proteção de dados ou quando não tiver seguido as instruções lícitas do
controlador, hipótese em que o operador equipara-se ao controlador, salvo nos casos de exclusão
previstos no art. 43 da LGPD. I - o operador responde solidariamente pelos danos causados pelo
tratamento quando descumprir as obrigações da legislação de proteção de dados ou quando não
tiver seguido as instruções lícitas do controlador, hipótese em que o operador equipara-se ao
controlador, salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei;

b) os controladores que estiverem diretamente envolvidos no tratamento do qual decorreram danos ao


titular dos dados respondem solidariamente, salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 da LGPD.

c) o juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus da prova a favor do titular dos dados quando, a seu juízo,
for verossímil a alegação, houver hipossuficiência para fins de produção de prova ou quando a produção de
prova pelo titular resultar-lhe excessivamente onerosa.

d) aquele que reparar o dano ao titular tem direito de regresso contra os demais responsáveis, na medida
de sua participação no evento danoso.

e) os agentes de tratamento só não serão responsabilizados quando provarem que não realizaram o
tratamento de dados pessoais que lhes é atribuído; que, embora tenham realizado o tratamento de dados
pessoais que lhes é atribuído, não houve violação à legislação de proteção de dados ou que o dano é
decorrente de culpa exclusiva do titular dos dados ou de terceiro.

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial; Obs.: O conceito de casa é o mais abrangente possível; tem sentido amplo. O ambiente de trabalho
é considerado casa, inclusive quarto de hotel. Obs.: A determinação judicial é apenas para o dia. Em
condições normais, o dia é das 6h às 18h. A Lei n. 13.869/19 tipificou como crime de “abuso de autoridade”
o cumprimento de mandado de busca e apreensão domiciliar entre as 21h (vinte e uma horas) de um dia e
as 5h (cinco horas) do dia seguinte. Assim, interpretando a norma a contrário senso, chegamos ao
“conceito legal de dia”, pelo menos para os fins previstos na lei: “dia” é o intervalo de tempo entre às 5h
(cinco horas) e às 21h (vinte e uma horas). Obs.: Até o advento da lei supracitada, o dia era das 6h às 18h.
Agora, o dia é das às 5h às 21h.

Inviolabilidade de domicílio – art. 5º, XI, da CF. Busca e apreensão domiciliar sem mandado judicial em caso
de crime permanente. (...) Fixada a interpretação de que a entrada forçada em domicílio sem mandado
judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente
justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados. [RE
603.616, rel. min. Gilmar Mendes, j. 5-11-2015, P, DJE de 10-5-2016, Tema 280.]

HIPÓTESES DIA NOITE


Para prestar socorro Pode Pode
Em caso de desastre Pode Pode
Em flagrante delito Pode Pode
Por determinação da autoridade Pode ****
judicial

A ideia é a de que, para entrar na casa de alguém, alegando flagrante delito, é preciso, primeiro, indicar
fundadas razões para evidenciar por qual motivo se entrou naquela casa. As fundadas razões serão
justificadas por escrito posteriormente.

Questão: A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988
(CF), julgue os itens a seguir. O ingresso desautorizado em domicílio é autorizado pela CF em caso de
flagrante delito, a qualquer hora do dia ou da noite, devendo a autoridade policial justificar previamente e
por escrito a existência de fundadas razões para a medida. Errado. A justificativa deve ser feita
posteriormente

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Obs.: “No último caso” refere-se às
comunicações telefônicas. Obs.: Se for para instrução civil não é possível a violação. Obs.: Quando
determinada medida demandar ordem judicial, trata-se de reserva de jurisdição.

A Emenda n. 115, de 2022, determinou a proteção de dados como direito fundamental, ampliando o artigo
5º da Constituição Federal. Nesse sentido, percebe-se que a cláusula pétrea pode ser modificada para
aperfeiçoar, nunca para retirar ou abolir. O incisivo LXXIX traz proteção de dados, inclusive digitais, como
direito fundamental. • Os sigilos podem ser quebrados, desde que de forma fundamentada. • A quebra é
sempre uma medida excepcional.

Mesmo por ordem judicial, as interceptações só são possíveis para instrução processual penal (fase judicial)
ou investigação criminal (fase da delegacia). As interceptações telefônicas não são usadas para dívida civil,
como o não pagamento de alimentos, ação de improbidade administrativa e outros.

A menção à “ordem judicial” envolve a cláusula de reserva de jurisdição. Ou seja, somente o Poder
Judiciário pode fazê-lo. O inciso menciona “nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer”, o que, hoje, se
relaciona com a Lei n. 9.296/1996.

• CPI pode quebrar todos os sigilos, exceto o das comunicações telefônicas (interceptação, escuta,
grampo). Ou seja, todas, menos quando envolve cláusula de reserva de jurisdição. De acordo com o artigo
58, § 3º, da Constituição Federal, a CPI possui poderes de investigação próprios das autoridades judiciais.
Ainda assim, quando envolver cláusula de reserva de jurisdição, não pode. • CPIs ESTADUAIS/DISTRITAIS
também podem quebrar, pois têm os mesmos poderes das autoridades judiciais. • CPIs MUNICIPAIS não
podem quebrar sigilo, porque não há judiciário no município. Isso ocorre, porque são poderes próprios de
investigação da autoridade judicial e no município não há juiz – não existe Poder Judiciário.

• Prevalece a orientação de que o Ministério Público não pode quebrar sigilos, devendo requerer a
providência ao Poder Judiciário.

O MP poderia ter acesso às contas da Prefeitura, independentemente de autorização judicial, já que, nesse
caso, o poder público seria o titular da conta. O órgão público é regido pelo princípio da publicidade e da
transparência. As questões pessoais do prefeito, por exemplo, somente com autorização judicial. Mas o
extrato da conta do município, não.

• Embora existam os chamados poderes implícitos, os TCs não podem quebrar sigilos, devendo requerer a
providência ao Poder Judiciário.

• Transferência de sigilos e a LC n. 105/01. A Receita Federal não pode fazer quebra, mas pode efetuar
transferência de sigilo. Pode haver, segundo o STF, o compartilhamento de dados: a instituição financeira
compartilha com o COAF (ou Unidade de Inteligência Fiscal), que compartilha com a receita, que
compartilha com o MP. Isso ocorre em caso de movimentação atípica, quando o COAF é alertado. . Nesse
caso, o dado continua sendo sigiloso, não houve quebra.

QUESTÃO: O tribunal de contas possui os chamados poderes implícitos, dentre os quais a decretação de
quebra do sigilo bancário e fiscal dentro de sua atuação quando envolver a destinação de recursos públicos.
ERRADO. Não pode fazer essa quebra de sigilo.

(TJ-SP/2021/VUNESP) Considerando o disposto na Constituição Federal, assinale a alternativa que aponta


uma situação que, em tese, viola um dos direitos ou garantias individuais do cidadão brasileiro.

a. Ordem emanada de juiz que determina à polícia que seja efetuada a escuta telefônica de réu em
processo civil de reparação de danos. .O problema desse item está em afirmar que pode ser feita a escuta
em processo civil.

b. Ordem de prisão civil por dívida do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia. Só é possível prisão civil por dívida de quem deve pensão alimentícia.

c. Policial, sem mandado judicial, adentra em domicílio, durante à noite, sem consentimento do morador,
para efetuar prisão em flagrante. Prisão em flagrante pode ser de noite.

d. Mandado judicial de prisão cumprido por policiais civis às 9h00 dentro da residência do réu. 9h da manhã
está enquadrada no horário do dia.

e. Suspensão das atividades de associação civil, de fins lícitos, por decisão judicial, em caráter liminar. Por
decisão judicial é possível suspender as atividades da associação

Obs.: O STF admitiu, desde o final de 2020, que a Receita Federal compartilhe dados com os órgãos de
persecução penal para fins criminais.

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
que a lei estabelecer; Obs.: Essa norma é de eficácia contida (ou restringível), que é aquela que tem
aplicabilidade imediata, mas pode vir a ter restrições legais posteriores. Todos têm liberdade de exercer
qualquer atividade profissional, sem restrições, até que venha alguma restrição legal.

(CESPE / CEBRASPE - 2021 - SEFAZ-CE - Auditor Fiscal Jurídico da Receita Estadual) Julgue o item a seguir, a
respeito das normas constitucionais de eficácia plena, contida e limitada. Sabendo-se que o art. 5º, inciso
XIII, da CF dispõe que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer, é correto afirmar que o trecho “atendidas as qualificações profissionais
que a lei estabelecer” indica tratar-se de norma constitucional de eficácia contida. CORRETO
COMENTÁRIO: As normas de eficácia contida são aquelas que admitem restrições legais posteriores, que é
o caso da liberdade profissional. Elas receberam normatividade suficiente, produzem a plenitude dos seus
efeitos, são autoaplicáveis, mas podem ter o seu alcance restringido ou reduzido;

Jurisprudência que pode ser cobrada em prova: É legítima restrição legislativa ao exercício profissional
quando indispensável à viabilização da proteção de bens jurídicos de interesse público igualmente
resguardados pela própria Constituição, de que são exemplos a segurança, a saúde, a ordem pública, a
incolumidade individual e patrimonial. Para tanto, requer-se que a disciplina legislativa tendente a
condicionar o exercício profissional atenda aos critérios de adequação e de razoabilidade e seja justificada
por razão de interesse público e sustentada em parâmetros técnicos idôneos à mitigação de riscos sociais
próprios do exercício da profissão. [ADPF 419, rel. min. Edson Fachin, j. 15-12-2020, P, DJE de 8-2-2021.]

Obs.: ADPF é uma arguição de descumprimento de preceito legal.

XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional; Jornalista pode assumir responsabilidade por informações que tenha divulgado,
embora não seja obrigado a informar a fonte da informação. O sigilo da fonte tem relação com o direito ao
esquecimento. Atualmente, não deve prevalecer esse direito, foi o que decidiu o STF: É incompatível com a
Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão da
passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios
de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de
expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais –
especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral - e
das expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.
[RE 1.010.606, rel. min. Dias Toffoli, j. 11-2-2021, P, DJE de 20-5-2021, Tema 786.]
Obs.: Vale ressaltar que o direito ao esquecimento é apenas em casos excepcionais.

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; Ao se falar em locomoção deve-se pensar
automaticamente em habeas corpus, que é o instrumento que protege a locomoção.
Obs.: O direito de locomoção não se aplica em cenário de guerra.

Vejamos agora a influência de tratados internacionais na elaboração do texto da nossa constituição.


DUDH. 1948. Art. 13.
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada
Estado.
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar. Obs.:
DUDH significa Declaração Internacional dos Direitos Humanos.

Vejamos agora a liberdade de reunião, que é de primeira geração dos direitos fundamentais. Lembrando
que a liberdade atende a premissa da primeira dimensão dos direitos fundamentais.
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente
de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local,
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Obs.: Os locais abertos ao público são aqueles
de uso comum do povo (ruas, praças, praias etc.).

Em 2021, o STF decidiu que não é mais necessário o aviso prévio se for dada ampla publicidade à reunião.

DUDH/1948.
Art. 20
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Realização de reunião em local público
independe de aviso prévio às Autoridades. Esse artigo 20 tanto se conecta com o inciso XVI da CF, quanto
abre espaço para o inciso XVII, que trata da liberdade de associação. Realização de reunião em local público
independe de aviso prévio às Autoridades. 13/01/2021 O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por
maioria de votos, que são permitidas reuniões ou manifestações em locais públicos, independentemente
de comunicação oficial prévia às autoridades competentes. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso
Extraordinário (RE) 806339, com repercussão geral reconhecida (Tema 855).

Tese

A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte: “A exigência constitucional de aviso prévio relativamente
ao direito de reunião é satisfeita com a veiculação de informação que permita ao poder público zelar para
que seu exercício se dê de forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local”. Obs.: Se
o enunciado tiver “Segundo a CF”, deve exigir o aviso prévio.

Negativa do direito de reunião e remédio cabível (Segundo o STF, é necessário entrar com um mandado de
segurança, em caso de dissipação de manifestação, e não com um habeas corpus.

ATENÇÃO: As negativas do direito de reunião, de petição e de certidão são combatidas via mandado de
segurança.

(CESPE-CEBRASPE/2021/PGE-PB-Procurador do Estado). Em relação ao direito fundamental de reunião,


julgue os próximos itens.

I – A Constituição Federal prevê o direito de reunião pacífica, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que haja autorização prévia às autoridades competentes.

II – Ao tratar do direito fundamental de reunião, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a ausência de
comunicação oficial prévia às autoridades competentes não torna a reunião ilegal.

III – Ao poder público cabe zelar para que o exercício do direito de reunião se dê de forma pacífica e não
frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local.

Assinale a opção correta: a. Apenas o item I está certo. b. Apenas o item II está certo. c. Apenas os itens I e
III estão certos. d. Apenas os itens II e III estão certos. e. Todos os itens estão certos.

COMENTÁRIO:

I – ERRADO: Tem uma contradição na afirmativa deixando-a errada: “independente de autorização e


autorização prévia”.

II – Acabamos de ver o julgado do STF nesse sentido.

III – Correto.

Art. 5º (...) XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

• associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas → decisão judicial + trânsito em julgado.

• associações só poderão ter atividades suspensas → decisão judicial.

XX - ninguém poderá ser compelido (obrigado) a associar-se ou a permanecer associado;


XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar
seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

(2021/QUADRIX/CRT-01/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) Quanto aos direitos e deveres


individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa correta.

a. O anonimato garante a liberdade na manifestação do pensamento.


b. A liberdade intelectual, artística e científica depende de licença obtida junto ao órgão
competente. c. O exercício profissional e laboral não pode ser limitado ou restringido pela lei.
d. Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.
e. Os autores de inventos industriais e marcas têm privilégio permanente para sua utilização.
COMENTÁRIO

a) É vedado o anonimato.
b) A liberdade intelectual, artística e científica NÃO depende de licença ou de censura obtida junto ao órgão
competente.
c) O exercício profissional e laboral pode ser limitado ou restringido pela lei de acordo com o art. 5º, Inciso
XIII, desde que atendidas as qualificações estabelecidas em lei. Trata-se de norma de eficácia contida que
pode sofrer restrições legais posteriores. Tem aplicabilidade imediata, mas admite restrições legais
posteriores.

d) Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.

e) Os autores de inventos industriais e marcas têm privilégio temporário para sua utilização.

XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente;

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL: Quando expressamente autorizadas.

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido
político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus
integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 ano, em defesa de direitos líquidos e certos
da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que
pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

O art. 21 acima referido é da Lei n. 12.016/2009, a Lei do Mandado de Segurança (MS).

(2021/QUADRIX/CRT-SP/TÉCNICO ADMINISTRATIVO) Quanto aos direitos e às garantias fundamentais,


julgue o item. As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.correto. COMENTÁRIO As entidades associativas,
quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente. Isso é a representação processual. Não é substituição porque a substituição se aplica ao
Mandado de Segurança Coletivo e ao Mandado de Injunção Coletivo.

XXII – é garantido o direito de propriedade;

XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;

Tudo o que está disposto entre os incisos XXII e XXXI envolve direito de propriedade, não apenas de uma
propriedade física, mas de uma ideia, uma patente, direitos autorais. O exercício do direito de propriedade
não pode ser exercido de forma completamente livre, o inciso XXII já refere que a propriedade atenderá a
sua função social: é uma forma de restrição, uma forma de contenção, com eficácia contida, embora não
pareça. É a 2ª dimensão dos direitos fundamentais.

DUDH/1948 – Declaração Universal dos Direitos Humanos

Art. 17

1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Pessoas jurídicas possuem propriedades,
podem ser titulares de direitos fundamentais e o direito de propriedade é um deles.

XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

O Estado pode intervir na propriedade privada de diferentes maneiras:

supressiva: (desapropriação)
restritivas: (requisição administrativa, limitação, tombamento, ocupação temporária).

O princípio que fundamenta todas estas formas de intervenção é um único princípio, o princípio da
supremacia do interesse público sobre o interesse privado. É o princípio que reflete, inclusive, o regime
jurídico administrativo.

• A propriedade é garantida a cada um de nós, é uma garantia individual (1ª dimensão ou geração).
• A propriedade deve cumprir a sua função social (2ª dimensão ou geração).
• A propriedade deve respeitar o meio ambiente ecologicamente equilibrado (3ª dimensão ou geração).
Portanto, o direito de propriedade pode ser de 1ª, 2ª ou 3ª dimensão ou geração, a depender do contexto
em que ele apareça

XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular,
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Este inciso se refere, clara e objetivamente, à requisição administrativa.


A requisição administrativa é outra forma de intervenção do Estado na propriedade privada, é restritiva
dentro da supremacia do interesse público sobre o particular.

Expropriação: Na expropriação, o governo toma a propriedade e não dá indenização. Acontece em caso de


erros mais graves: - terras nas quais se cultive substâncias psicotrópicas (exemplo: drogas, maconha, skunk
etc.) ;

(Art. 243) Obs.: nesses casos, se o propretário estiver de boa-fé, não perderá o bem. - terras nas quais se
utilize de mão de obra escrava; Obs.: há casos de marcas famosas envolvidas com a utilização de mão de
obra escrava.

Obs.: o poder público pode requisitar a propriedade particular se houver iminente perigo público. Exemplo:
no caso de uma enchente, as pessoas ficam desabrigadas e é necessário que sejam instaladas em algum
lugar. O poder público pode fazer uso de uma escola particular, por exemplo. Nesse caso, possivelmente, a
escola particular terá prejuízos, portanto, cabe ao Estado indenizar se houver a comprovação do dano.

(2020/QUADRIX/CREFONO 1ª REGIÃO/PROFISSIONAL ADMINISTRATIVO) A Constituição Federal de 1988


traz, em seu Título II, denominado “Dos Direitos e das Garantias Fundamentais”, disposições relacionadas
aos direitos e aos deveres individuais e coletivos, aos direitos sociais, à nacionalidade, à cidadania, aos
direitos políticos, entre outras. Com base no ordenamento constitucional, julgue o item. É garantido o
direito de propriedade, porém a autoridade competente poderá usar de propriedade particular em caso de
iminente perigo público, estando assegurada indenização ulterior em caso de dano.

COMENTÁRIO: A questão retrata a requisição administrativa prevista no art. 5º, XXV.

XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será
objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

Jurisprudência: É impenhorável a pequena propriedade rural familiar constituída de mais de 01 (um)


terreno, desde que contínuos e com área total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do município de
localização. [ARE 1.038.507, rel. min. Edson Fachin, j. 21-12-2020, P, DJE de 15-3-2021, Tema 961.]

XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

Jurisprudência: O direito autoral é um conjunto de prerrogativas que são conferidas por lei à pessoa física
ou jurídica que cria alguma obra intelectual, dentre as quais se destaca o direito exclusivo do autor à
utilização, à publicação ou à reprodução de suas obras, como corolário do direito de propriedade
intelectual (art. 5º, XXII e XXVII, da Constituição Federal).

O direito à propriedade vai além da propriedade física e material. Os direitos autorais também estão
incluídos nessa dinâmica.

XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a. a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,


inclusive nas atividades desportivas;

b. o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem
como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; Muita
atenção com o tema das PATENTES, que são direito de propriedade.

Jurisprudência: A proteção à propriedade industrial, prevista como direito fundamental no art. 5º, inciso
XXIX, da Constituição de 1988, se dá de forma temporária e com fundamento no interesse social e no
desenvolvimento tecnológico e econômico. Trata-se, portanto, de instituto com finalidade determinada
pela Constituição e que não se circunscreve a um direito individual, pois diz respeito à coletividade e ao
desenvolvimento do País. Segundo o caput do art. 40 da Lei n. 9.279/1996, a vigência da patente observará
os prazos fixos de 20 (vinte) anos para invenções e de 15 (quinze) anos para modelos de utilidade, contados
da data de depósito. A Lei de Propriedade Intelectual (LPI) prevê, ainda, uma regra adicional no parágrafo
único do dispositivo: a contar da data de concessão da patente, o prazo de vigência não será inferior a 10
(dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade. Portanto,
extrai-se do art. 40 a relevância de dois marcos temporais para a determinação do prazo de vigência da
patente: a data do depósito e a data da concessão do pedido. O parágrafo único do art. 40 estabelece um
prazo variável de proteção, pois esse depende do tempo de tramitação do respectivo processo
administrativo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Assim, caso a autarquia leve mais de
10 (dez) anos, no caso da invenção, ou mais de 8 (oito) anos, no caso do modelo de utilidade, para proferir
uma decisão final, o período total do privilégio ultrapassará o tempo de vigência previsto no caput do art.
40. O parágrafo único do art. 40 da LPI teria sido instituído com o objetivo de compensar o acúmulo de
pedidos de patentes (backlog) no INPI. [ADI 5.529, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-5-2021, P, DJE de 1º-9-2021.]

XXX – é garantido o direito de herança;

XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”; O de
cujus é o falecido.

XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

(2021/CESPE/CEBRASPE/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) A respeito dos direitos do


consumidor e do Código de Defesa do Consumidor (CDC), julgue o item a seguir. A defesa do consumidor é
um dos princípios traçados pela Constituição Federal de 1988 para a ordem econômica. CORRETO. Art. 170.
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar
a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...); V –
defesa do consumidor.

Art. 5º (...) XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações
de interesse pessoal;

LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito; LXXVII – são gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da


lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

Segundo entendimento do STF, é gratuita a emissão de primeira via da certidão de nascimento para todos,
pois é um ato necessário ao exercício da cidadania. Obs.: o direito de reunião corresponde a um direito
individual, possibilitando que cada um dos indivíduos decida se deve ou não participar do movimento.
Como consequência, é correto afirmar que o direito de reunião assegura, também, a possibilidade de não
participação no evento. Em caso de violação ao direito de reunião, o remédio constitucional que deve ser
utilizado é o mandado de segurança, e não o habeas corpus.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. A dissolução compulsória de uma associação não prescinde de decisão judicial
transitada em julgado. correto

COMENTÁRIO “Não prescinde”(não dispensa) significa que este precisa de decisão judicial transitada em
julgado.

TRIBUNAL DO JÚRI

XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
O júri não julga somente os crimes dolosos contra a vida. Um exemplo disso é a ocultação de cadáver –
nesse caso, há crime doloso contra a vida e o de ocultação. O crime de ocultação, assim como o de
destruição e de vilipêndio a cadáver, é um crime contra o respeito aos mortos. Nesse caso, irá a júri, porque
o homicídio o atrai; o júri, portanto, julga o crime conexo.

Os crimes dolosos contra a vida são: homicídio, aborto, infanticídio e instigação, auxílio e induzimento ao
suicídio, crimes conexos. Feminicídio é enquadrado como homicídio. Não deve ser confundido com
femicídio, que é o assassinato de uma mulher. Nem todo femicídio é um feminicídio. Este é qualificado por
razões de gênero. Tem relação com a Lei Maria da Penha. A implicância é que o homicídio simples tem sua
pena começando de 6 e indo até 20 anos. No qualificado, começa em 12 e vai até 30.

Súmula Vinculante 14

Uma das características do inquérito policial é que ele é inquisitorial, ou seja, sem contraditório e
ampla defesa, de acordo com a doutrina clássica. A defesa pode ter acesso, sim, ao inquérito que está
tramitando em relação a uma pessoa, mas ele não se estende a tudo. A Súmula Vinculante 14 dispõe que a
defesa tem acesso às provas já documentadas. Um exemplo: interceptação. Caso tenha acesso a essa
informação, a defesa pode atrapalhar o andamento do inquérito policial. Isso é temporário, pois o acesso
será dado no futuro, quando não houver mais a possibilidade de intervenção. Na situação em que a defesa
tenha direito de acesso a informações, mas elas tenham sido negadas, há três caminhos: um habeas
corpus; mandado de segurança; e reclamação. Entra-se com o habeas corpus pelo direito de defesa, à
liberdade do cliente; mandado de segurança é para defender o direito líquido e certo do advogado – o
estatuto da OAB dispõe que ele tem direito líquido e certo aos autos; reclamação dá-se por
descumprimento da Súmula Vinculante 14. O Supremo Tribunal Federal entende que, mesmo havendo
violação a alguma súmula vinculante, nesse caso a 14, o acesso à reclamação depende do exaurimento das
instâncias ordinárias. Deve-se primeiro passar pela justiça de primeiro grau, depois na justiça de segundo
grau; somente se ainda houver a negativa é que se abre a janela de oportunidade para ir ao Supremo. Não
precisa passar pelo STJ. Esse caminho é explicado na realidade de composição do STF.

Condução coercitiva para interrogatório

Pode haver condução coercitiva a depender de quem seja – de vítima e de testemunha ainda é permitida.
Não é permitida a do suspeito/acusado, pois ninguém é obrigado a produzir provas contra si, ou seja, a
pessoa não é obrigada a falar em interrogatório ou mesmo a comparecer até o local.

Interrogatório: momento nos diferentes ritos

Embora o interrogatório na Lei de Drogas esteja indicado para o começo, o Supremo decidiu que deve ser
feito ao final. Nos crimes normais e nos crimes militares, o interrogatório também deve ser feito ao final.
Nos crimes envolvendo autoridades com foro especial, o STF valida a regra que prevê o interrogatório no
começo. Nos outros, o interrogatório é o último ato do processo antes das alegações finais. Isso ocorre para
preservar o direito de defesa.

Penas Permitidas XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; XLVI – a lei regulará a individualização da
pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade; Essa é a pena de reclusão e detenção. A reclusão é mais grave,
porque pode haver regime fechado, aberto e semiaberto.
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa; Conhecida popularmente como cesta básica.
e) suspensão ou interdição de direitos; Um exemplo, nesse caso, é a suspensão do direito de dirigir.
Um caso que chegou ao Supremo Tribunal Federal dizia respeito a motoristas profissionais, pois, ao se
aplicar a pena, retira-se o seu direito de trabalhar. Segundo o Supremo, a pena poderia, sim, ser aplicada a
esses motoristas. .

Art. 5º (...) LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
Obs.: esse dispositivo é chamado de princípio da presunção de inocência, princípio da presunção de não
culpabilidade. Ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado. Por esse motivo, não pode
ocorrer a prisão em segunda instância. O último julgamento geral a esse respeito (há exceção) é referente
ao ano de 2019 e gerou muita confusão, porque foi a partir dessa interpretação que houve a soltura do ex-
presidente Lula. Sobre o assunto, é preciso entender que existem julgamentos subjetivos, ou seja,
envolvendo a pessoa; nesse caso, foi um julgamento objetivo com ações declaratórias de
constitucionalidade (controle objetivo de constitucionalidade).

TEXTO DO ARTIGO 283 DO CPP

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal
transitada em julgado. Obs.: o Supremo considera esse dispositivo válido. Depois de 2019, deixou de existir
a prisão automática após julgamento em segunda instância. Atualmente, não importa em que fase está o
processo, se houver fundamentação para prender, a prisão ocorrerá.

-FLAGRANTE PREVENTIVA

-PRISÃO CAUTELAR

-CONDENAÇÃO TEMPORÁRIA
DEFINITIVA

Obs.: os antecedentes criminais não podem ser usados para aumentar a pena. Só podem ser usados para
justificar a prisão.

Prisão após o julgamento em 2ª instância x trânsito em julgado da condenação.

Obs.: o juiz condenou, sai a sentença e há o desejo de recorrer. Entra-se com a apelação, que, em regra,
possui efeito suspensivo. Logo, se houver uma condenação de oito anos, por exemplo, em regime fechado,
e for feito o pedido de apelação, a prisão é suspensa, porque o réu recorreu. Considerando o STJ e o STF,
tem-se recurso especial e recurso extraordinário RESPECTIVAMENTE. Nesse caso, não há efeito
suspensivo. Ou seja, o fato de entrar no STJ e STF não impedia a execução do julgamento.

TEXTO DO ARTIGO 492 DO CPP Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: I – no caso de
condenação: e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se
presentes os requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15
(quinze) anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com expedição do mandado de
prisão, se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos; Obs.: o
artigo é do tribunal do júri. “Mandará o acusado recolher-se” – Se a pessoa estava solta, sairá presa.
“Recomendá-lo-á à prisão em que se encontra” – A pessoa já estava presa e continua presa se a pena é
igual ou superior a quinze anos. O júri é soberano. Então, não importa se a pena é igual ou superior a
quinze anos e não precisa esperar trânsito em julgado. Se sair a condenação no júri, a pessoa vai presa.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido
em decorrência de tráfico de drogas, desde que haja a comprovação da habitualidade criminosa. ERRADO.

COMENTÁRIO: Havendo ou não a comprovação de habitualidade criminosa é possível o confisco.

XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Então, retroage se for para beneficiar. Mas
sempre retroage? Quase sempre. Veja: pode retroagir depois da sentença e depois do trânsito em julgado.
Porém, mesmo beneficiando, não vai retroagir se for uma lei temporária ou excepcional.

LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
em lei;
“Civilmente identificado” → RG. Então, aquele que apresenta o RG, não precisa ser identificado
criminalmente. “Salvo nas hipóteses previstas em lei” → dispositivo de eficácia contida. Sendo assim, pode
vir uma lei que exige a identificação criminal. Exemplo: se a autoridade achar que o documento do cidadão
é falso, a autoridade pode exigir a identificação criminal.

LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

Ação Penal Pública e Ação Penal Privada. Via de regra, a ação penal é pública → ajuizada pelo Ministério
Público (ver art. 129 da CF). Alguns crimes são de ação penal privada → só interessa à vítima ou à família da
vítima. Agora, em caso de ação penal pública no qual o MP não fizer nada → a ação penal pública pode ser
substituída para a ação penal privada – trata-se da ação penal privada subsidiária da pública.

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;
Regra: publicidade dos atos processuais.
Exceção: direito de família (pois a situação da família não pode ser exposta), ação de crime sexual (a
depender da ação) e quando envolver a segurança do próprio Estado.

LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei;
Crime militar/transgressão militar → pode haver a prisão administrativa.
“Ordem escrita e fundamentada” → mandado de prisão preventiva, temporária ou definitiva.

LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado; “Permanecer calado” → relação com o direito de não
autoincriminação (que é mais amplo que o direito de permanecer calado).

“Nemo tenetur se detegere” → ninguém é obrigado a produzir prova contra si.

LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

Cuidado: • Prisão ilegal → relaxamento.


• Prisão que não é ilegal → pode revogar. Então, se a questão indicar que a prisão ilegal será revogada →
item errado.
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
sem fiança;

LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

“No processo” → cível, penal e administrativo.

Exemplo: - Prova A → interceptação telefônica sem autorização judicial – prova ilícita. - A partir dessa
interceptação, foi pedido, ao juiz, uma nova quebra de sigilo das comunicações telefônicas. Sendo que,
agora, existe a autorização judicial. - Esta segunda prova é válida ou não? Não, porque a segunda prova
veio da prova ilícita.

– Cuidado: o fato de existir uma prova ilícita no processo, por si só, não contamina o processo todo. –
Exemplo: - Prova A – ilícita. - Prova B – veio da A, logo não é válida. - Prova C – testemunho de várias
pessoas, com contraditório e ampla defesa, no devido processo legal. Ou seja, a prova C é válida. - Mais do
que isso, a prova C é independente → teoria da fonte ou da prova independente (“independent source”).

• Acesso a conversas no WhatsApp. – Mutação constitucional → mudança na interpretação da norma, sem


alterar o texto. – Exemplo: mandado de injunção → mudança da jurisprudência do STF, em relação ao
mandado de injunção, em 2007. – 2012 → STF julgando sobre acessar o celular de um indivíduo. - A
discussão era se precisava de autorização judicial para acessar o celular. - Na época, o Ministro Gilmar
Mendes indicou que não. - Porém, de 2012 para cá, os celulares mudaram muito. Atualmente, um celular é,
basicamente, um computador e possui todas as informações de um indivíduo → os dados telemáticos. -
Sendo assim, o STF e o próprio Gilmar Mendes mudaram de entendimento → é preciso autorização judicial
para ter acesso a conversas do WhatsApp. Sem autorização judicial, a prova será ilícita.

• Encontro fortuito de provas ou crime achado (fenômeno da serendipidade). Obs.: observe o exemplo: se
tem autorização judicial para ouvir o traficante A e o traficante C. Porém, de repente, entra nas
comunicações o indivíduo B. Para o traficante A e C → existe autorização judicial para condená-los. Mas e o
indivíduo B? Não tem autorização judicial, mas também é possível condená-lo. Perceba que, neste caso,
ocorreu uma ampliação no número de investigados/suspeitos. Sendo assim, aconteceu um encontro
fortuito subjetivo.

• Encontro fortuito de provas ou crime achado:


– Ampliação de investigados → encontro fortuito subjetivo.
– Ampliação de crimes → encontro fortuito objetivo.

• Gravação clandestina: conceito e (in)admissibilidade da prova. – Regra: a gravação clandestina é válida,


lícita, regular. – Perceba que uma pessoa pode gravar as conversas sem a outra pessoa saber. – Agora, é
possível usar uma gravação clandestina para acusar alguém? Em regra, sim. - Exemplo: Operação Caixa de
Pandora em Brasília. Nesta operação, o Durval Barbosa – o relator – gravou diversas figuras envolvidas no
escândalo. – Então, definição de gravação clandestina → quando um dos interlocutores grava sem o
conhecimento e sem o consentimento do outro. – Exceção: não pode usar gravação clandestina quando for
conversa informal do policial com o suspeito. - Lembre-se de que o acusado tem o direito de ficar calado. -
E tem a hora de falar, se quiser falar – o interrogatório. - Sendo assim, não se pode gravar conversa
informal para prejudicar o réu.

Obs.: Espelhamento de WhatsApp → não pode. Chip no celular do bandido → não pode. Veja que se a
prova derivar do computador da polícia, que está espelhando a conversa, não vale, porque não se sabe de
onde a conversa saiu, quem apagou, quem escreveu etc.
PROVAS ILÍCITAS Hipóteses de admissão: • Meio de defesa. – Ou seja, se for usada na defesa, pode usar a
prova ilícita. – Cuidado: não pode usar a prova ilícita se ela for a única para acusar.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

RESOLUÇÃO 217-A (III), DE 10 DE DEZEMBRO DE 1948

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família


humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz
no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos


bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que
mulheres e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo
do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do ser humano comum,

Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para
que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a
opressão,

Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos
fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de
direitos do homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e melhores
condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Países-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as


Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a
observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta
importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos
Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o
objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em mente esta
Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educação, por promover o respeito a esses
direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional,
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os
povos dos próprios Países-Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo 1
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição.
2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território
independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de
soberania.

Artigo 3
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão
proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo 6
Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a
lei.

Artigo 7
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos
têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para
os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
lei.

Artigo 9
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de
um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de
qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que
a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam
delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de
que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua
correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção
da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de
cada Estado.
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar.

Artigo 14
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros
países.
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes
de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de
nacionalidade.

Artigo 16
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou
religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em
relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade
e do Estado.

Artigo 17
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui
a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.

Artigo 19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de,
sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por
quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo 20
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por
intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em
eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente
que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo
esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de
cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre
desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo 23
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e
favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe
assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que
se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus
interesses.

Artigo 24
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de
trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25
1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família
saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços
sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez,
velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu
controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças,
nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos
raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus
filhos.

Artigo 27
1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir
as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de
qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28
Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades
estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 29
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem
pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos
objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser interpretada como o reconhecimento a
qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

QUESTÃO, IBFC, OFICIAL DE JUSTIÇA. Sobre a Resolução nº 217 da 3ª Assembleia Geral da ONU, de 10 de
dezembro de 1948 (Declaração Universal dos Direitos Humanos), é incorreto afirmar que:
a) toda pessoa tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que
violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei
b) todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares
e fundamentais. A instrução técnico-profissional será obrigatória e acessível a todos, bem como a
instrução superior, está baseada no mérito. Alternativa incorreta. Artigo 26 1. Todo ser humano tem
direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução
elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução
superior, esta baseada no mérito.
c) todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm
direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação
d) todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer
acusação criminal contra ele
e) não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país
ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem
governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Ponto importante: servidor público que praticou um crime → um dos efeitos da condenação pode ser a
perda do cargo público. • Regra: a perda do cargo não é automática. É necessário justificativa, por escrito,
do juiz. • Exceção: crime de tortura – neste caso, a perda do cargo é automática. – E detalhe: o crime de
tortura também pode ser por omissão

RIMES HEDIONDOS + TTT


Características dos crimes hediondos e equiparados: • Inafiançáveis. • Insuscetíveis de graça e anistia.

XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei; Diferença entre reclusão e detenção: • A reclusão é mais grave. • Reclusão – regime
fechado, aberto ou semiaberto. • Detenção – regime aberto ou semiaberto.

XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático

Convenção da ONU em 1948 → não pode criar um tribunal depois do fato para julgar o fato – é um tribunal
parcial/caça às bruxas. Reflexo no Brasil → “não haverá juízo ou tribunal de exceção” – citado como
Princípio do Juiz Natural.
LIII – “Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.”
• Processado – Princípio do promotor natural. • Sentenciado – Princípio do juiz natural.

LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

Súmula Vinculante n. 25 → é ilícita a prisão civil de qualquer modalidade de depósito. – O que também é
válido para o depositário infiel. – Então, atualmente, não pode haver a prisão civil por dívida do depositário
infiel. – Pacto de São José da Costa Rica (é um TIDH) → indica que não pode ter prisão por dívida. –
Entendimento do STF → o Tratado Internacional revogou a lei que regulamentava a prisão do depositário
infiel.
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei;
Então, não existe extradição de brasileiro nato.
Brasileiro naturalizado – duas possibilidades de extradição:
• Crime praticado antes da naturalização.
• Tráfico de drogas. – Veja que o tráfico é o único crime que possibilita a extradição após a naturalização

Questão: Brasileiro nato não pode ser extraditado pelo Brasil em nenhuma hipótese. Item correto. Lembre-
se de que o Brasil não envia brasileiros natos, mas recebe. Mas e o TPI – Tribunal Penal Internacional → o
Brasil pode enviar um brasileiro nato para o TPI? Sim. Neste caso, trata-se de uma entrega e não de uma
extradição.

LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
“Crime político ou de opinião” → nestes casos, o Brasil pode conceder asilo político (ato discricionário) ou
refúgio político (ato vinculado)

Expulsão x Extradição de estrangeiros com família brasileira.


– Extradição – pode.
– Expulsão – não pode.
– E atenção: não importa quando o sujeito constituiu família.
• Extradição ativa x passiva.
– Extradição ativa – quando o Brasil pede a pessoa.
– Extradição passiva – quando o Brasil envia para outro país.

Quando outro país pede extradição para o Brasil, via de regra, a pessoa é presa e fica à disposição do STF. –
O STF analisa para verificar se é ou não caso de enviar a pessoa.
– Só o STF julga extradição no Brasil.
– Questão: durante esse processo, o sujeito sempre fica preso? O entendimento do STF é que sim. – Mas
exemplo: Freddy Rincón – ele conseguiu, junto ao STF, responder ao processo de extradição em liberdade.
– Então, o entendimento do STF é de que a prisão não é automática quando o sujeito está respondendo um
processo de extradição.
Presidente da República decide se vai extraditar ou não – é um ato soberano.
– O que o STF faz é analisar se o caso é de extradição mesmo ou não. – Se o STF indicar que não é caso de
extradição → o Presidente não pode extraditar. – Se o STF indicar que é caso de extradição → o Presidente
decide se extradita ou não.

Questão: uma cláusula pétrea pode ser modificada? Veja: o art. 5º da CF é cláusula pétrea? Sim, uma
cláusula pétrea pode ser modificada. Mas atenção: art. 60, § 4º, da CF → o que não pode é proposta de
emenda tendente a abolir, ou seja, uma proposta que retira/piora. Mas lembre-se de que, por outro lado,
aumentar direitos é permitido. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:


I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Princípio da razoável duração do processo → incluído por emenda, é constitucional e é válido no âmbito
judicial e administrativo.

LXXIX – é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
digitais. “Nos termos da lei” → norma de eficácia limitada. “Inclusive nos meios digitais” → levando em
consideração o contexto da Internet e tecnologia. Relação com a LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados.
Relação com os arts. 21 e 22 da CF – competências exclusivas e privativas da União. • O tratamento sobre a
proteção de dados, inclusive dados digitais, deve ser padronizado nacionalmente. Por isso, é uma norma
federal.

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão.
Atenção: no TPI, é possível a entrega de brasileiro nato, mas não é possível a extradição. E ponto
interessante: pena de caráter perpétuo é proibido no Brasil, mas no TPI existe. Então, se em algum dia um
brasileiro for encaminhado ao TPI com pena de caráter perpétuo, o STF terá que se debruçar sobre a
situação.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.
Antes da EC n. 45
• Tratado internacional = lei ordinária. Mas cuidado: isto não vale mais. Depois da EC n. 45
• Tratado internacional: – Se não é sobre direitos humanos → status equivalente à lei ordinária.
– Se versa sobre direitos humanos → duas possibilidades:
– Se foi aprovado em 2 turnos, com 3/5 de votos, em cada casa do Congresso Nacional → será equivalente
à Emenda Constitucional.
– Se não passou pelo rito especial de emendas → terá status supralegal (acima das leis e abaixo da
Constituição).
• Cuidado: nunca terá status supraconstitucional.

PIRÂMIDE DE KELSEN Lembre-se de que a norma sempre busca validade na norma superior.
1. CF + EC + TIDH com rito especial.
2. Supralegais → TIDH sem rito especial. • Esta parte não existia. • Nasceu por decisão do STF.
3. Atos normativos primários – tiram a força normativa direto da CF (LC, LO, LD, MP, RES, DL, DA, TI, RI, RES
– do CNJ e CNMP).
• Submetem-se ao controle de constitucionalidade.
• E atenção: as leis se submetem a regime de dupla compatibilização vertical. Ou seja, devem ser
compatíveis com as normas supralegais e com a CF.
• Controle de convencionalidade → quando a lei está submetida ao controle da norma supralegal.
4. Atos normativos secundários (portarias, instruções normativas, decretos regulamentares).
• Se sujeitam ao controle das leis – controle de legalidade.

QUESTÃO: Todos os tratados internacionais sobre direitos humanos têm status constitucional. Item errado.
Terão status constitucional aqueles que forem incorporados com o rito de 2 turnos, 3/5, em cada casa do
Congresso Nacional. Os tratados internacionais de direitos humanos, com status supralegal, estão
hierarquicamente acima das leis, mas abaixo da Constituição da República Federativa do Brasil.
Remédios constitucionais judiciais:
• HABEAS CORPUS
– direito de locomoção (ir, vir e permanecer).
– Primeiro remédio constitucional do mundo. E o primeiro inserido no Brasil.
– É gratuito.
– É o único remédio que não precisa de advogado.

• HABEAS DATA
– direito de informação de caráter pessoal.
– É gratuito, mas é preciso de assistência de um advogado.

• MANDADO DE SEGURANÇA
– direito líquido e certo (residual).
– Precisa de recolhimento de custas.
– Natureza residual → porque protege direito líquido e certo não amparado por HC ou HD.

• MANDADO DE INJUNÇÃO
– omissão legislativa.
– Precisa de recolhimento de custas.
– Injunção → intromissão.
– No sentido de que o Judiciário se “intromete” quando tem omissão legislativa.

• AÇÃO POPULAR
– ato lesivo.
– Legitimado → o cidadão.
– Tratada na 1ª instância.
– É gratuita, salvo má-fé.

• AÇÃO CIVIL PÚBLICA


– defesa do patrimônio público.
– Não está prevista no art. 5º da CF.
– Está no art. 129 da CF.
– Rol de legitimados para entrar com ACP é um rol concorrente.
– Ministério Público, Defensoria Pública, órgãos públicos, associações.
– Veja que não é de titularidade do cidadão, mas de órgãos e entidades (principalmente, MP e a
Defensoria).
– LACP – Lei da Ação Civil Pública → é anterior à CF, mas foi recepcionada.
– Tratada na 1ª instância.

LXVIII – conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
“Se achar ameaçado de sofrer” → ou seja, veja que o habeas corpus pode ser preventivo – antes da
violação do direito.
Habeas corpus → tutela (protege) o direito de ir, vir e permanecer.
• Impetrante (qualquer pessoa, natural ou jurídica). – Linguagem técnica: “fulano vai impetrar um HC”.
– Não se admite HC apócrifo → sem assinatura/anônimo.
– É sempre necessário assinar a petição de HC.
Juiz (magistrado) – não impetra HC, ele concede de ofício.
Delegado – não impetra e não concede de ofício
HABEAS CORPUS – MOMENTOS
• Preventivo ou salvo conduto. – Em caso de iminência de uma prisão.
• Repressivo ou liberatório. – Neste caso, já ocorreu a violação ao direito de locomoção.

O habeas data nasce na Constituição de 1988. É um remédio condicional destinado a obter dados.
LXXII – conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
Tanto para ter acesso quanto para corrigir, o habeas data pressupõe a prévia negativa.
Súmula n. 2 do STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5, LXXII, “a”) se não houve recusa de informações por
parte da autoridade administrativa.
A Súmula n. 2 do STJ dispõe que se exige a prévia negativa na via administrativa. Quando negado o acesso à
informação nasce a possibilidade de entrar com habeas data. O habeas data é regulamentado pela Lei n.
9.507/1997.
Momentos da impetração: O habeas data é sempre posterior, repressivo.

Cabimento para ter acesso a processo administrativo (Lei n. 9.784/1999); Não cabe habeas data para ter
acesso a processo administrativo. Na lei há um caminho para ter acesso, e caso esse caminho seja negado
cabe mandado de segurança.
Obtenção de dados relativos a terceiros; Não cabe habeas data.
Sustação à publicação de matéria em sítio eletrônico; Não cabe habeas data.
Acesso a registros ou bancos de dados de instituições financeiras não compartilhados com terceiros; Não
cabe habeas data.
Descoberta de erros nos registros e cabimento do HD. Tanto para ter acesso quanto para retificar, o
habeas data pressupõe a prévia negativa. O fato de haver erro não justifica o habeas data.

O habeas corpus protege o direito de locomoção. Com a Constituição de 1988, o habeas data fica
responsável pelo direito de informação de caráter pessoal. O mandado de segurança tem natureza
residual.
Texto Constitucional LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Exemplo: uma faculdade particular que não quer expedir a documentação que a pessoa pediu. É possível
entrar com mandado de segurança contra uma faculdade privada. No controle de constitucionalidade, há
cinco ações entre as ações de controle concentrado: ADI, ADO, ADC, ADPF e ADI interventiva. A ação que
tem natureza residual é o ADPF. O IMS é de natureza residual nos remédios. O habeas corpus e o habeas
data protegem direito líquido e certo. O habeas corpus protege o direito de locomoção. O habeas data é
responsável pelo direito de informação de caráter pessoal. O direito líquido e certo é a prova meramente
documental pré-constituída. Exemplo: uma pessoa, que tem nível superior na área de T.I, passa no
concurso da FUB, mas o concurso era de nível médio. A posse foi negada, e a pessoa entrou com uma ação
na Justiça Federal, e a liminar foi negada. O juiz, ao indeferir a liminar, dispõe que o impetrante não
comprovou seu direito líquido e certo por prova meramente documental. É necessário comprovar o
histórico com a grade curricular, e compará-lo com o histórico de nível técnico. A pessoa entrou com
apelação e ganhou no TRF.
Cabimento
Natureza residual, não cabendo habeas corpus e habeas data.
Conceito de direito líquido e certo: prova meramente documental pré-constituída.
Momentos da impetração: pode ser antes ou depois da violação ao direito líquido e certo, podendo ser
preventivo ou repressivo.
O habeas corpus pode ser impetrado antes ou depois da violação ao direito de locomoção. O habeas data
pressupõe a prévia negativa na via administrativa, logo só cabe na modalidade posterior, repressiva.

Na Constituição não há prazo para impetração do mandado de segurança, mas na Lei do Mandado de
Segurança tem. O prazo só se aplica para o mandado de segurança repressivo. No mandado de segurança
repressivo, a partir do momento da ciência do ato que violou o direito líquido e certo, há 180 dias. A OAB
foi ao Supremo Tribunal Federal questionar a constitucionalidade do prazo. Prazo para impetração e sua
constitucionalidade: o prazo é de 120 dias, tem natureza decadencial e prescrição. Exemplo: no mês de
janeiro sai o edital de um concurso. O edital dispõe sobre doenças incapacitantes, e se a pessoa tiver uma
dessas doenças não pode disputar o cargo. A prova é em abril, e a discursiva em junho, o TAF e o exame
médico são em novembro. O médico dispõe que a pessoa possui uma doença incapacitante e não pode
ocupar o cargo. O Supremo Tribunal Federal entende que a fluência do prazo se inicia a partir da ciência do
ato que elimina o candidato.
Desistência
Exemplo: a pessoa entra com uma ação de danos morais, e um oficial de justiça faz a citação. A pessoa
pode pedir a desistência, mas só se a outra pessoa concordar é que a desistência terá efeito. No mandado
de segurança, a desistência é possível a qualquer tempo, independentemente do consentimento do
impetrado. É possível desistência mesmo após sentença favorável ao impetrante a qualquer tempo.
O mandado de segurança possui natureza residual, e é utilizado quando ocorre negativa
injustificada do direito de reunião, petição ou certidão. Exemplo: uma pessoa chega no RH e pede uma
certidão que comprove seu tempo de contribuição, para poder se aposentar. Na certidão há informação de
caráter pessoal. Se houver indeferimento injustificado na expedição de uma certidão, ainda que nessa
certidão haja informação de caráter pessoal, o remédio será o mandado de segurança.
Não cabe MS:
• Contra decisão judicial transitada em julgado; – Se a decisão transitou em julgado não cabe mais recurso.
• Contra decisão interlocutória de juizado especial; – Quando se entra com uma ação, há alguns despachos
para impulsionar o processo, a sentença, e algumas decisões no meio do caminho. No Juizado Especial, o
processo é feito para ser rápido, simples, portanto, não cabe recurso contra as decisões interlocutórias
proferidas dentro do Juizado Especial.
• Contra decisão passível de recurso com efeito suspensivo; – Se a decisão já possui efeito suspensivo,
significa que caso se entre com recurso a decisão não estará valendo.
• Para dar efeito suspensivo a recurso do MP que não o possui; Exemplo: Suzane Von Richthofen foi
sentenciada à cadeia em regime fechado, e queria ir para o regime semiaberto. Quando ela pede para ir ao
semiaberto, o juiz da Vara de Execuções Penais aceita. O Ministério Público não fica satisfeito com a
decisão do juiz, e entra com recurso, que se chama agravo em execução, e não tem efeito suspensivo.
Quando o recurso possui efeito suspensivo significa que se o MP recorrer a decisão fica congelada. Se o
recurso que o MP entrou tivesse efeito suspensivo, até julgar o recurso a Suzane ficaria em regime fechado.
Se o recurso não possui efeito suspensivo, até julgar o recurso Suzane ficaria em regime semiaberto. O MP
entra com mandado de segurança para dar efeito suspensivo. Entra-se com mandado de segurança para
impedir que Suzane vá para o regime semiaberto. Não cabe mandado de segurança para dar efeito
suspensivo a recurso do MP que não o possui.
• A decisão proferida no MS não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito;

MANDADO DE INJUNÇÃO
A palavra injunção pode ser entendida como intromissão. Nesse sentido, uma decisão judicial irá se
“intrometer” no caso para que seja aberto um prazo ou para impor que alguém faça algo, normalmente
impondo que uma pessoa omissa realize seu trabalho.
Art. 5º, LXXI, CF – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania;
Obs.: a falta de norma regulamentadora pode ser traduzida como omissão legislativa.
Compreende-se, então, que o texto constitucional estabelece uma ferramenta para acabar com a omissão
legislativa. Até 1988 o controle das omissões constitucionais era deixado de lado pelo constituinte, mas a
partir de 1988 isso mudou: as omissões são visualizadas através de duas ferramentas, o mandado de
injunção (MI), que é do controle difuso de constitucionalidade, e Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão (ADO), do controle concentrado. Entretanto, em 2021, o Supremo foi além, estabelecendo que o
controle de omissões pode ser realizado por mandado de injunção, Ação Direta de Inconstitucionalidade
por Omissão e também por Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), outra
ferramenta de controle concentrado. A atuação por meio de ADPF não está prevista na Constituição
Federal, e sim em jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lei n. 13.300/2016 Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: I –
determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora; II –
estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas
reclamadas ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a
exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado. Parágrafo único. Será
dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado que o impetrado deixou
de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

Diferenças entre o MI e a ADO


O mandado de injunção implica em uma norma de eficácia limitada, pois é justamente nas normas
limitadas que falta regulamentação, ou seja, só existe omissão legislativa na norma limitada.
Obs.: existe a expressão “síndrome da inefetividade das normas constitucionais” para indicar normas que
só existem no papel. Justamente para combater tal síndrome existe o “remédio constitucional” do
mandado de injunção.
A competência para julgamento do mandado de injunção depende da autoridade omissa, por exemplo: se a
autoridade omissa é o Presidente da República, a autoridade competente para o julgamento é o STF.

MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) Ação Direta de


Inconstitucionalidade por
Omissão (ADO)
CONTROLE DE Difuso Concentrado
CONSTITUCIONALIDADE
QUEM PODE ENTRAR COM A Qualquer interessado Legitimados (Art. 13, CF)
AÇÃO
AO QUE A OMISSÃO ESTÁ Nacionalidade, soberania e Qualquer omissão
RELACIONADA cidadania
COMPETÊNCIA PARA JULGAR Juiz, STF e Supremo Tribunal de Sempre no STF em caso de
Justiça (STJ) omissão relacionada à CF
O mandado de injunção é sempre repressivo, pois pressupõe-se que o direito já esteja violado.

Nova lei do MI (Lei n. 13.300/2016) e as sentenças normativas A Lei n. 13.300/2016 permite que o
Judiciário resolva a situação. Ele expedirá um comando normativo como se estivesse legislando, apesar de
que é estabelecido que ao Judiciário não é permitido legislar.
Art. 8º, Lei n. 13.300/2016: II – estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas reclamadas ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado
promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.
Obs.: observe novamente o inciso II do art. 8º da Lei n. 13.300/2016 – nele está disposta permissão para
que o Judiciário resolva a situação.
Art. 11, Lei n. 13.300/2016. A norma regulamentadora superveniente produzirá efeitos ex nunc em relação
aos beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes for mais
favorável. Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a norma regulamentadora for editada antes
da decisão, caso em que o processo será extinto sem resolução de mérito.
Ou seja, não havendo lei, ganha-se o direito por mandado de injunção. Tendo a decisão entrado em
transitado em julgado e a lei sido estabelecida, desse momento em diante, mesmo se a norma for menos
favorável para a pessoa que realizou o pedido ela ainda será regida pela nova lei, válida para todos, visto
que a decisão judicial visa apenas suprir uma omissão. Entretanto, caso a lei seja mais favorável para a
pessoa que realizou o pedido, ela retroagirá para beneficiar tal pessoa.

Art. 5º, LXX, CF – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Obs.: o requisito de um ano não é exigido para organização sindical e entidade de classe
.

A Lei do Mandado de Segurança repete os legitimados, porém a Lei do Mandado de Injunção Coletivo não
os repete, ela vai além:

Art. 12, Lei n. 13.300/2016. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

I – pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;

II – por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;

III – por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da
totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que
pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;

IV – pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos
direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV
do art. 5º da Constituição Federal.

O habeas corpus coletivo também é admitido apesar de não estar na lei, ele é uma criação da
jurisprudência. Sendo assim, observe o quadro a seguir sobre os legitimados de cada ferramenta:

Mandado de segurança coletivo Mandado de injunção coletivo Habeas Corpus Coletivo


1. Partido político com 1. Partido político com 1. Partido político com
representação no congresso; representação no congresso; representação no congresso
2. Sindicato, entidade de classe 2. Sindicato, entidade de classe 2. Sindicato, entidade de classe
ou associação constituída há ou associação constituída há ou associação constituída há
mais de um ano. mais de um ano; mais de um ano;
3. Ministério Público; 3. Ministério Público;
4. Defensoria Pública. 4. Defensoria Pública.
O mandado de injunção individual beneficia apenas aquele que entrou com o mandado, trata-se de uma
ação que ocorre entre as partes: Art. 9º, Lei n. 13.300/2016: A decisão terá eficácia subjetiva limitada às
partes e produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. O habeas corpus coletivo pode ser impetrado pelos mesmos legitimados aptos
a ajuizar ação civil pública.
Errado. A ação civil pública é regida pela Lei da Ação Civil Pública, a Lei n. 7.347/1985, que trata de
legitimação concorrente, existindo vários legitimados. Os legitimados do habeas corpus coletivo são os
mesmos do mandado de injunção coletivo e não os da ação civil pública.

AÇÃO POPULAR
Art. 5⁰, LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
O âmbito da ação popular está disposto no art. 5⁰, LXXIII: patrimônio público, moralidade, meio ambiente,
patrimônio histórico e cultural. A ação popular é gratuita, salvo comprovada má-fé. Pode entrar com a ação
popular qualquer cidadão, aquele que tem capacidade eleitoral ativa. Essa capacidade eleitoral ativa
contrapõe-se à capacidade eleitoral passiva – a ativa trata da capacidade de voto e alistamento enquanto
que a passiva trata da capacidade de ser votado. O Ministério Público, por lei, não pode ajuizar ação
popular. Existem alguns julgados antigos do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) no sentido de que o
Ministério Público poderia entrar com a ação popular, visto que ele pode entrar com a ação civil pública e
dar prosseguimento à ação popular. Entretanto, essa é uma exceção que só deve ser considerada na prova
caso o examinador remete a ela, pois a regra é que Ministério Público não pode ajuizar ação popular.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. (INÉDITA/2022) A ação popular e a ação civil pública podem ser ajuizadas por
qualquer cidadão. Errado.
A ação popular pode ser ajuizada por qualquer cidadão, enquanto que a ação civil pública pode ser ajuizada
pelo rol de legitimados da Lei da Ação Civil Pública, que não inclui o cidadão.

DIREITOS SOCIAIS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição.
Parágrafo único: Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica
familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas normas e
requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social: I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; Obs.: quando
fala-se em lei, é Lei Ordinária, então essa proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa é
prevista em Lei Complementar. II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; Obs.: a
reforma trabalhista prevê a espécie do acordo. No acordo, há uma mútua vontade que estabelece que a
multa que era de 40% vá para 20%.
III – fundo de garantia do tempo de serviço; Obs.: é preciso ter atenção devido ao prazo prescricional, que
no caso do FGTS era trintenária e foi para o quinquenal.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social: XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento
à do normal; XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal;
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
Obs.: por lei, em alguns cenários pode-se estender até 180 dias.
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;
IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada
em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente
da contribuição prevista em lei;
Obs.: isso é cobrado de quem é filiado ao sindicato.
V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato,
salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à
organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º A lei definirá os serviços ou
atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
DIREITOS DA NACIONALIDADE
Art. 12. São brasileiros: I – natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai
brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; A
serviço do Brasil pode ser administração direta ou indireta, federal, estadual, distrital, municipal. c) os
nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo,
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; Isso foi modificado pela emenda 54 de 2007,
que solucionou a situação de pessoas apátridas (aquelas que não possuem nacionalidade).

Art. 12. São brasileiros: II – naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e
idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira.
Naturalização ORDINÁRIA: Originários de países de língua portuguesa: - 1 ano de residência; - idoneidade
moral. Originários de outros países: “os que, na forma da lei, adquiram” Lei n. 13.445/17 (Nova Lei de
Migração).
Naturalização EXTRAORDINÁRIA: Preenchidos os requisitos, a pessoa tem direito subjetivo à
naturalização..

Art. 12. São brasileiros: § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade
em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição. Ou seja, ele é quase igual ao naturalizado (quase nacionalidade).
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição.
Hipótese: Extradição.
Dispositivo: art.5º, LI.
Tratamento:
• Nato: nunca.
• Naturalizado: por crime comprovado antes da naturalização, ou por tráfico de drogas antes ou depois da
naturalização.
• Estrangeiros: pode, salvo casos de crime político ou crime de opinião.

Hipótese: Cargos Públicos.


Dispositivo: art.12, § 3º.
Tratamento: • Ordem de vocação sucessória; • Segurança; • Negociações internacionais.

CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS


I – Ordem de vocação sucessória
• Presidente e Vice-Presidente da República;
• Presidente da Câmara dos Deputados;
• Presidente do Senado Federal;
• Ministros do STF.
II – Segurança
• Ministro de Estado da Defesa;
• Oficiais das Forças Armadas.
III – Relações Internacionais
• Membros da carreira diplomática.

O brasileiro nato não pode ser extraditado do Brasil, mas tanto ele quanto o naturalizado podem perder a
nacionalidade, isto é, deixar de ser brasileiros.
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.


§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

DIREITOS POLÍTICOS
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II – facultativos
para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito
anos.
No mundo, o sufrágio pode ser universal ou restrito. O Brasil adota, desde 1988, o sufrágio universal.

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:


I – a nacionalidade brasileira;
II – o pleno exercício dos direitos políticos;
III – o alistamento eleitoral;
IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
V – a filiação partidária;
VI – a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
paz;
d) dezoito anos para Vereador.

É importante ressaltar que alguns cargos só podem ser ocupados por brasileiros natos, como presidente,
vice-presidente da República, presidente da Câmara, presidente do Senado, entre outros. Há direitos
políticos positivos e negativos. Direitos políticos positivos se desdobram na Capacidade Eleitoral Ativa
(votar) e na Capacidade Eleitoral Passiva (ser votado), que trata de exigências como alistamento eleitoral,
naturalidade brasileira e idade mínima para disputar cargo eletivo.

§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos. § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§1º Brasília é a Capital Federal.
§2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao
Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
Obs.: os Territórios Federais não são entes dotados de autonomia. Até o momento não existem Territórios
Federais, mas nada impede que sejam criados por lei complementar federal. Caso sejam criados, não terão
autonomia. O Brasil, em 1988, tinha três Territórios Federais:
• Amapá – demonstrou viabilidade, foi transformado em estado;
• Roraima – demonstrou viabilidade, foi transformado em estado;
• Fernando de Noronha – não demonstrou viabilidade, foi devolvido a Pernambuco.

República Federativa do Brasil


• Ente de direito público externo;
• É dotada de soberania;
• Entes que compõem a República, são dotados de autonomia;
• A União exerce dupla função: autonomia no plano interno, mas no plano externo atua e age com
soberania. Não se pode afirmar que a União possua ou detenha soberania. Quem detém e possui soberania
é a República Federativa do Brasil.
Intervenção do Estado na Propriedade Privada
O Estado, para atender situações normais, tem de adquirir o domínio e o uso de bens de outrem (Decreto-
Lei n. 3.365/1941 do art. 5º). Essa desapropriação é de interesse do Poder Público. A União é quem detém a
competência para intervir na propriedade (artigo 22, incisos II e III e artigo 173). O poder federal regula
materialmente o direito de propriedade e os poderes estadual e municipal exercem apenas o policiamento
administrativo e a regulamentação do uso da propriedade, conforme as normas editadas pela União.
Art.19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – Estabelecer cultos religiosos
ou igrejas, subvencioná-los, embarcar-lhes funcionamento ou manter com eles ou suas representantes
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II –
Recusar fé aos documentos públicos; III – Criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Art. 18. § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente
interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei estadual,
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei.
Um Estado pode dar origem a outro Estado ou território federal, bem como um território federal pode dar
origem a um Estado. Quando há ideia de formar um novo Estado, mas existem dúvidas se ele terá
viabilidade de desenvolvimento, é possível primeiro criar um território federal, por meio de lei
complementar federal. Sendo viável, transforma-se o território em Estado. Isso ocorreu com Amapá e
Roraima. Além disso, é possível transformar um Estado em um território federal.
Formação de novos Estados
1ª Plebiscito com a população envolvida. Envolve toda a população afetada com a fusão, desmembramento
ou anexação.
É comum que provas informem que a 1ª etapa envolve um referendo. Essa informação é falsa, pois a
consulta à população é prévia. Se a população diz NÃO, é possível revisitar o tema posteriormente, mas o
Congresso não pode seguir a formação do novo Estado se a população rejeitou tal proposição.
2ª Audiência com as Assembleias Legislativas envolvidas. Tal requisito está presente na Lei n. 9.709/1998,
que trata sobre o funcionamento do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular de lei. As Assembleias
Legislativas envolvidas serão ouvidas e emitirão um parecer, o qual não tem força vinculante. Portanto,
ainda que seja contrário, não impedirá o seguimento para a 3ª etapa, que é a formação de um novo Estado
mediante lei complementar federal. De 1988 até o presente, não houve nenhuma criação de novos
Estados, pois não houve reorganização territorial. A discussão sobre o Estado do Pará foi a que chegou mais
perto da concretização.
3ª LC Federal cria

Formação de novos Municípios


1ª LC Federal abre período autorizando as criações (EC 15/96)
2ª Estudo de viabilidade municipal. Tal estudo verifica se o município pode se sustentar.
3ª Plebiscito com a população envolvida.
4ª LO Estadual cria.

Art. 20. São bens da União:


I – os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II – as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das
vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
“Devoluta” vem de “devolvida”.
III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham,
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; Obs.: rio é riqueza. Se há dois estados brigando por um
rio, a União decide em casos de rio que banha mais um estado, que vem de outro país ou que vai para
outro país.
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
V – os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI – o mar territorial;
VII – os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII – os potenciais de energia hidráulica;
IX – os recursos minerais, inclusive os do subsolo; Obs.: os índios podem usar e usufruir as riquezas do solo,
entretanto não é permitido desfrutar das riquezas do subsolo pertencentes à União.
X – as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI – as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

O Presidente da República acumula dupla função: Chefe de Estado, agindo em nome da República
Federativa do Brasil (plano internacional); e Chefe de Governo, usando a chefia do Poder Executivo da
União (plano interno). Há prerrogativas exclusivas do Chefe de Estado, nas quais incluem a impossibilidade
de prisão em flagrante e não responder por atos sem relação ao cargo durante o mandato e, mesmo
relacionado, somente responderá se a Casa Legislativa autorizar.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
Aos Estados são atribuídas as competências remanescentes ou residuais.
– Art. 21 e 22 (Competência da União).

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;
II - desapropriação;
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
V - serviço postal;
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
VIII - comércio exterior e interestadual;
IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XI - trânsito e transporte;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da
Defensoria Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção de efeito)
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;
XXIII - seguridade social;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art.
173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial.
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de
2022)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas
das matérias relacionadas neste artigo.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: Obs.: todo o conteúdo desse artigo é
passível de delegação aos Estados e ao DF, por meio de Lei Complementar. I – direito civil,
comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
MNEMÔNICO: CAPACETEPM

Civil, Aeronáutico, Penal, Agrário, Comercial, Eleitoral, Trabalho, Espacial, Processual, Marítimo

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
MNEMÔNICO (TUPEFO)
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
IX - educação, cultura, ensino e desporto;
(Revogado)
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF 672)
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;
XV - proteção à infância e à juventude;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe
for contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
A competência concorrente tem sido muito explorada pelas bancas em decorrência do crescente
número de julgamentos no STF que questionam normas estaduais que, em teoria, teriam invadido
competência privativa da União. No caso de norma privativa da União, considera-se a norma estadual como
inconstitucional. Contudo, se a competência for concorrente, o Estado pode legislar de forma suplementar.
Na competência do art. 24, a União faz as normas gerais, enquanto que os Estados cuidam das normas
suplementares. A instalação de bloqueadores de celulares em presídios, por exemplo, pode ser considerada
como tema de Direito Penitenciário, sob a ótica dos Estados, e como tema de Direito Processual, do ponto
de vista da União. Para o STF prevalece a natureza de Direito Processual e, consequentemente, considera- -
se a competência privativa da União. Não obstante, nos casos em que a União não atuou na criação de
norma geral, os Estados podem criar tanto a norma geral quanto a norma suplementar. Nestes casos, tem-
se a competência plena. Caso a União venha a criar a própria norma, prevalece o entendimento de que a
norma geral do Estado deverá ficar suspensa nos pontos que contrariar a norma da União. Perceba que não
se trata de revogação. O estudo da lei seca neste momento é muito importante, pois os arts. 22 e 24 da CF
são muito recorrentes em prova. Art. 24 da CF. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre: I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
Em relação aos arts. 22 e 24, inciso I, da CF é possível pensar no seguinte acrônimo: CAPACETEPM
(competência privativa da União) e TUPEFO (competência concorrente). Em vez de tentar memorizar cada
uma das letras, lembre-se de que os Direitos Urbanístico e Penitenciário fazem parte da competência
concorrente e que os demais termos do acrônimo TUPEFO (T, E, F e O) têm relação com valores ($) e que o
Direito Econômico merece atenção especial, pois compreende lei estadual de meia-entrada para
estudantes e professores da rede pública.
Ademais, em matéria tributária a União, os Estados e o DF legislam, mas a competência para deflagrar
projeto de lei sobre o tema é de competência concorrente entre o Chefe de Executivo e os parlamentares,
exceto em casos de tributos de territórios federais, pois apenas o Presidente pode atuar nessas situações.
II – orçamento;
III – juntas comerciais;
IV – custas dos serviços forenses;
V – produção e consumo;
Obs.: trata-se do inciso principal do art. 24 da CF em certames de concurso público. A partir da menção de
produção e consumo que surge a ideia de proteção ao consumidor.

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
Obs.: com isso, entende-se que as competências de âmbito estadual não podem ser objeto de legislação da
União ou do município e vice-versa.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
Obs.: considera-se que os governadores podem editar medida provisória em outros pontos, só não pode
editar medida provisória para regulamentação de serviços de gás canalizado. Nos Municípios, se houver
previsão na lei orgânica do Município e na Constituição do Estado, o prefeito também pode editar medida
provisória.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Obs.: dispensa-se lei complementar federal para a criação de regiões metropolitanas porque a lei
complementar estadual atende a essa finalidade.
Art. 25 - Competência dos Estados • Natureza Residual
Exceções: • Serviços de gás canalizado • Criação de microrregiões e regiões metropolitanas

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; II –
as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da
União, Municípios ou terceiros;
III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;
IV – as terras devolutas não compreendidas entre as da União.
Obs.: As terras devolutas, em regra, pertencem aos Estados, salvo as pertencentes à União como, por
exemplo, as de defesa da fronteira e de fortificação militar.

– Art. 29 (Competência dos Municípios).


§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
Esse dispositivo é extremamente cobrado em provas. O tratamento de gás canalizado é competência
explícita dos Estados e, nesse ponto, não pode ter medida provisória. Quem edita medida provisória, para
outros casos, é o Governador.

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações


urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Se são os Estados que fazem a Lei Complementar, trata-se de Lei Complementar Estadual. Dispensa LC
Federal a criação de regiões metropolitanas e microregiões, a exemplo da Grande BH (Belo Horizonte e
municípios à sua volta) e da Grande São Paulo (São Paulo e municípios à sua volta). O art. 20 trata dos bens
da União. Porém, se comparado com o art. 26, fica mais claro confrontar os bens da União com os bens dos
Estados.

Panorama geral de todos os artigos relacionados à repartição de competência na CF

Artigo Competência Natureza Particularidade


21 Exclusiva da União Material/administrativa - É indelegável. -
Relação entre Brasil e
outros países. -
Assuntos que
demandam tratamento
uniforme.
22 Privativa da União Legislativa - Delegável aos E/DF por
meio de lei
complementar federal.
23 Comum Material/administrativa - Todos os entes da
Federação possuem. -
Repartição horizontal
de competência.
24 Concorrente Legislativa - União edita normas
gerais. - E/DF editam
normas suplementares.
- Repartição vertical de
competência.
25 Estadual Residual - Gás canalizado. -
Criação de
microrregiões e de
regiões metropolitanas.
30 Municípios Legislativa e Material - Assuntos de interesse
local, como horário de
funcionamento do
comércio.

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (Vide ADPF 672)
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos
de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação
pré-escolar e de ensino fundamental;
(Revogado)
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação
infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento
à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação
fiscalizadora federal e estadual.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (artigos 37 a 43) PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


• Legalidade – Ampla x Estrita: a legalidade citada no art. 5º é chamada de legalidade em sentido amplo, ao
passo que a descrita no art. 37 é chamada de legalidade no sentido estrito ou legalidade administrativa. O
art. 5º dispõe que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei. Dentro
da Administração Pública é costume dizer que o administrador só pode agir onde houver lei permitindo.
Mas trata-se de lei ou norma? A emenda n. 19/1998 promoveu uma grande reforma administrativa e
promoveu o movimento chamado de agencificação (ANEEL, ANATEL, ANVISA, ANAC, ANA etc). As agências
normativas editam atos normativos, mas não integram o poder legislativo. Surge, então, o movimento de
deslegalização, fazendo com que o que era tratado por meio de lei possa, atualmente, ser regulado por
atos normativos editados pelas agências. – Superação por juridicidade: espécie de legalidade 2.0. O
administrador público deve atuar quando houver norma, não apenas com base na lei em sentido estrito. O
Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público também emitem atos normativos
de caráter vinculante.
Segundo a súmula n. 37, não cabe invocar o princípio da isonomia para pedir equiparação salarial. O
reajuste para servidor público é concedido mediante lei.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
O art. 37 é uma norma de repetição obrigatória (NRO) que regula todos os entes da federação. A súmula
vinculante n. 13 trata do nepotismo, referente à proibição da contratação de parentes até o terceiro grau
para exercer cargo em comissão. Não confundir com a inelegibilidade reflexa, que impede que o cônjuge,
companheiro ou parente até o segundo grau do chefe do executivo dispute mandato eletivo no território
de atribuição do titular, salvo se o detentor de mandato eletivo estiver concorrendo à reeleição. O STF
entende que a proibição do nepotismo não precisa da edição de lei em sentido formal.

• Impessoalidade: é proibido colocar em campanhas, obras ou publicidades signos ou nomes que indiquem
promoção pessoal de autoridades, conforme o previsto no art. 37. Obs.: é possível nomear uma rua com o
nome de um agente público se este já for falecido.

• Moralidade – Súmula Vinculante n. 13 e o nepotismo. Não há lei em sentido expresso que proíba o
nepotismo, mas o Supremo determinou que não há necessidade de uma lei, pois trata-se de uma
imoralidade. Contagem de grau em linha reta: pai e mãe são parentes de 1º grau, avós são parentes de 2º
grau e bisavós são de 3º grau. Além disso, filhos são parentes de 1º grau, netos são parentes de 2º grau e
bisnetos são de 3º grau. Em linha colateral é preciso achar o ascendente em comum. Irmãos são parentes
de 2º grau, tios e sobrinhos são parentes de 3º grau, primos, tios-avós e sobrinhos-netos são parentes de 4º
grau. A proibição da contratação de parentes vai até os sobrinhos, pois o termo nepotismo vem da palavra
nepote, que significa sobrinho. Quanto ao parentesco por afinidade, sogro, sogra e enteados são parentes
de 1º grau, e cunhados são de 2º grau. O parentesco em linha colateral se dissolve, mas o parentesco em
linha reta não. O Supremo entende que a proibição do nepotismo não abrange cargos políticos, apenas
cargos de natureza técnica. Nepotismo póstumo: o nepotismo é vedado, inclusive, na forma póstuma.
Exemplo: se houver a morte do titular de um cartório. Nesse caso, é proibido que o filho desse titular ocupe
o lugar do seu pai até que um novo concurso seja feito.

O STF declarou inconstitucionais normas estaduais que davam pensão vitalícia para ex-governadores ou
cônjuges de ex-governadores, pois não era compatível com o princípio da república.

PUBLICIDADE: A publicidade é a regra, mas comporta exceções quando, por exemplo, estiver envolvida a
segurança do Estado ou do próprio Presidente da República, por isso muitas vezes há dados sigilosos.
Dentro do Poder Judiciário, há situações em que as audiências não são públicas, a exemplo do Direito de
Família. Em síntese: quando a segurança do Estado ou a intimidade das partes recomendar, é possível
afastar a publicidade. Crimes sexuais também correm em sigilo, justificado no caso concreto.

CARGOS PÚBLICOS
I– os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
No inciso I, há uma norma de eficácia contida e uma de eficácia limitada. Cargos, empregos e funções
podem ser acessados por estrangeiros, desde que haja lei autorizando-os. Ex.: professor, técnico e cientista
nas universidades e centros de pesquisa. O Programa Mais Médicos foi contestado no STF, o qual entendeu
que o convênio feito entre o Brasil e organismos internacionais não feria a regra do concurso público,
porque se dava preferência para os brasileiros e somente na ausência de médicos brasileiros interessados
as vagas eram disponíveis para profissionais estrangeiros. A regra é que brasileiros podem acessar o cargo
público, mas exigências podem ser criadas em lei, a exemplo de exame psicotécnico, nível de escolaridade
e limitação de idade, desde que justificadas pela natureza do cargo.

II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de


provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;
A contratação para empregos públicos em empresas públicas e sociedades de economia mista é feita via
CLT, mas precisa de aprovação em concurso público.

Exceções à Regra do Concurso Público 1. Cargo em comissão, ocupada por pessoa de cargo efetivo ou sem
vínculo. Cargos em comissão são válidos para funções de direção, chefia ou assessoramento. Cargos de
natureza técnica não podem ser de comissão.
III – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para
assumir cargo ou emprego, na carreira;
V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;

Houve uma emenda à lei do DF, de iniciativa parlamentar, para estabelecer que, no mínimo, 50% dos
cargos em comissão devem ser ocupados por servidores efetivos. No entanto, o Supremo declarou tal
proposta como inconstitucional, por defeito no procedimento, pois, sob regra geral aplicada aos servidores
da administração pública, a proposta deveria ter nascido do chefe do poder executivo, conforme o disposto
no art. 61 da Constituição Federal, o qual estabelece que cabe ao Presidente da República dar o pontapé
inicial aos projetos de lei que interessem aos servidores da administração geral. Em simetria, é cabível
também ao governador. A CF não determina os percentuais mínimos. O Ministério Público fez um projeto
de lei estabelecendo que 15% dos cargos em comissão do órgão deveriam ser reservados por cargos
efetivos. No entanto, o Supremo entendeu que tal proposta feria princípios constitucionais.
Exceções à Regra do Concurso Público: Funções de confiança admitem apenas servidores efetivos,
conforme a emenda 19/1998, conhecida como Reforma Administrativa. 2. Agentes comunitários de saúde e
agentes de combate a endemias têm a possibilidade de ingresso por processo seletivo público (PSP). 3. A
contratação temporária trata de casos excepcionais. Tem prazo de contratação pré- -determinado. A
necessidade do cargo também é temporária (ex.: censo do IBGE). O interesse público é excepcional. A
contratação temporária não pode ser usada para exercício de atividades típicas de Estado. Ex.: saúde,
educação e assistência jurídica.
Prazo de validade e possibilidade de prorrogação: o prazo de validade do concurso público será de até dois
anos, prorrogável uma vez por igual período. Abertura de novo concurso durante prazo de validade do
anterior: prorrogar ou não prorrogar é ato discricionário. Durante o prazo improrrogável, é possível abrir
um novo concurso, mas o anterior será prioridade.

Dentro do prazo de validade do concurso, quem decide quando o candidato será chamado é a
administração. Se finalizado o prazo, é possível ao candidato entrar na justiça, tendo em vista seu direito
líquido e certo. O candidato que está fora do número de vagas tem mera expectativa de direito. É possível
não convocar candidato que está dentro das vagas? Sim, conforme entendimento do STF, desde que haja: •
Superveniência posterior ao edital; • Situação imprevisível; • Situação de extrema gravidade; • Situação
com extrema necessidade de a medida ser tomada.
Para o candidato que está fora das vagas, a mera expectativa pode ser convertida em direito líquido e certo
se houver: • Surgimento de novas vagas; • Vigência do prazo de validade; • Existência de dotação
orçamentária.
Cláusula de Barreira ou Cláusula de Desempenho: É válida. O fato de ser aprovado não significa que o
candidato avançará no concurso, podendo ser eliminado. Ex.: se o edital informa que serão corrigidas 100
redações discursivas, a nota em outra etapa do concurso (ex.: raciocínio lógico) será verificada para saber
se o candidato estará entre os 100 primeiros colocados que passarão para a próxima fase.
TAF: Vale o edital. Se ele prever uma 2ª chamada para todos, então está tudo nos conformes. Se não houve
previsão no edital, a justiça não pode determiná-la. Obs.: para gestantes, não importa o edital, pois ela
sempre terá direito à segunda chamada. A candidata que estiver amamentando também terá o mesmo
direito. Limitação de Altura Pode haver limitação de altura se isso for justificado pela natureza do cargo e
previsão na lei.
PCD: Deve haver adaptação para que o candidato consiga concorrer. Não é cabível eliminar
automaticamente todas as pessoas com deficiência em cargos de segurança pública, pois isso viola a
Constituição. Suponha que um candidato fez o concurso no ano 2000 e tomou posse somente em 2020,
pois, para isso, precisou entrar na justiça. Nessa situação, não é cabível que o candidato possa receber o
dinheiro referente ao tempo em que ele estava disputando na justiça, a não ser que haja comprovação de
grave perseguição. A posse por liminar é uma disputa de posse em caráter temporário e precário. Se, 10
anos depois da posse, o candidato perder seu processo na justiça, ele não poderá invocar a teoria do fato
consumado, a não ser que a pessoa tenha ficado aposentada ao longo do tempo em que passou
empossado.
Antecedentes Criminais: O candidato não pode ser eliminado na fase de investigação social ou sindicância
de vida pré-egressa se: • Estiver respondendo a inquérito; • Tiver inquérito arquivado; • Tiver sentença
absolutória; • Tiver ação penal em curso. O candidato pode ser eliminado se: • Houver condenação penal
definitiva. • Função de Confiança x Cargos em Comissão. • Hipóteses de desnecessidade de realização de
concursos públicos. – Sistema “S”.

VI – é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;


VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;
VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
definirá os critérios de sua admissão;
Obs.: quem é da segurança pública não tem o direito de greve.

Servidores podem fazer greve, usando a lei dos trabalhadores em serviços essenciais – CLT. Se o servidor
fez greve e não foi considerada abusiva, o ponto pode ser cortado mesmo assim. Obs.: O ponto não pode
ser cortado se for demonstrado que houve uma conduta ilícita da administração, como a falta de
pagamento, por exemplo. A administração pode entrar em um acordo com os servidores para não cortar o
ponto
Reajuste de Servidor é por meio de lei: não pode vir por meio de acordo, convenção coletiva etc.
VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
definirá os critérios de sua admissão;
XI – a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie,
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; XII –
os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
pelo Poder Executivo; Obs.: Subsídio – parcela única sem acréscimos. Remuneração – servidores, em regra,
são pagos mediante remuneração. Obs.: O teto de remuneração não se aplica a todos – as entidades
(empresa pública, sociedade de economia mista) que não dependem do governo para poder se sustentar
não precisam parar no teto.

ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS

XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso
XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de
dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público;
Obs. 1: se for serviço público + particular, em regra, é permitido – exceto cargos de dedicação exclusiva.
Obs. 2: juízes e promotores só podem acumular com um cargo de magistério.

Exemplo: Técnico do TJ/DFT – hoje, o cargo é chamado de polícia judicial. Esse técnico quer acumular com a
função de professor da UNB – não pode. Quando a Constituição trata de cargo técnico ou científico, refere-
se a um cargo que exige habilitação específica.
Cargo superior que não exige habilitação específica: Analista do Judiciário – AJ AJ (Direito), AJ TI (TI), AJ
Méd (Medicina), AJ AA (qualquer nível superior).
Exemplo: Médica – trabalha 20/h no hospital A (público – TJDF), mais 20h no hospital B (público – Anvisa) e
quer trabalhar mais 20/h no hospital C (público – Secretária de Saúde). No hospital C, a médica pegou
licença sem remuneração – não pode ter três cargos públicos e a médica está “empatando” um cargo. Na
acumulação lícita de cargos públicos, o teto de remuneração é verificado em cada cargo isoladamente – o
somatório pode extrapolar.
Hipóteses • 2 cargos de professor;
• 1 de professor + 1 técnico ou científico;
• 2 de profissionais na área da saúde, com profissões regulamentadas;
• Jornada máxima (não existe – existe a necessidade de comprovar apenas compatibilidade de horários).

• Situação dos Militares da União x Militares.


Obs.: militares da União
– vale a Emenda n. 77/14
– Militares dos Estados e do DF – vale a Emenda n. 101/19.
• Emenda n. 77/14 – para os militares da União (EMA), pode acumular dois cargos na área da saúde – civil e
militar .
• Emenda n. 101/19 – PM/CBM (Estados e DF) – pode acumular em todas as hipóteses do servidor civil.

Exemplo: servidor aposenta e quer acumular um cargo público – recebe proventos de aposentadoria
(aposentado) + remuneração de um cargo efetivo (ativa) – o que vale na ativa vale na inatividade – se os
cargos são acumuláveis na ativa, também, são acumuláveis na inatividade.
Exemplo: se os cargos não são acumuláveis na ativa, é preciso abrir mão da remuneração como aposentado
para receber a remuneração do outro cargo. Se um Agente de Polícia Civil que está aposentado fizer o
concurso para Juiz, não poderá receber a aposentadoria e o salário de juiz, já que policial e juiz não podem
acumular.
Obs.: cargo em Comissão não tem aposentadoria compulsória – pode ser cargo efetivo e cargo em
comissão – pode estar aposentado e receber em cargo em comissão.
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
áreas de sua atuação;
XX – depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas
no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
Obs.: fundação pública de direito público é equivalente a uma autarquia.

Descentralização – cria entidade – competência do legislativo, executivo e judiciário.


Desconcentração – cria órgão – competência do legislativo, executivo e judiciário.

CRIAÇÃO DE ENTIDADES
• Criação de autarquias e demais entidades.
• Alienação de estatais e de subsidiárias.
A criação de subsidiárias depende de autorização legislativa – O STF entende que é dispensável autorização
legislativa para a criação de subsidiárias, desde que haja previsão na própria lei que instituiu.
• Petrobrás e o programa de desinvestimentos
Controle Acionário – Alienação do Controle Acionário exige: autorização legislativa e licitação.
Subsidiárias e controladas – Alienação – Sem Licitação – Observar os Procedimentos do Limpe.
Exemplo: CEB. Programa de Desinvestimento – refinarias que o Brasil comprou lá fora e quer vender – pode
vender sem autorização legislativa – O Programa de Desinvestimento, segundo o Congresso Nacional,
poderia ser uma burla e gerar a privatização. O STF entendeu que não havia, nesse caso, desvio de
finalidade.

Art. 37. § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
LIA – Lei de Improbidade Administrativa n. 8.429/92. Atos de Improbidade Administrativa – natureza cível.
STF – os agentes políticos já estariam sujeitos ao crime de responsabilidade, assim, para eles, não haveria
sujeição à Lei de Improbidade – superado, atualmente. Hoje, o agente político pode responder por crime
comum, de responsabilidade e improbidade administrativa – tripla responsabilização. Obs.: nem todos os
agentes políticos respondem por crime de responsabilidade. Exemplo: parlamentar – responde por crime
comum, quebra de decoro e improbidade administrativa.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA • Punições previstas na Constituição Federal. • Quem é alcançado?


Servidores de modo geral, agentes políticos (menos o Presidente da República) e estagiários.
• Competência para julgamento em caso de réus com foro por prerrogativa de função. Art. 85, inc. V – são
atos que geram crime de responsabilidade do presidente (impeachment): atos contra a probidade
administrativa – responde no Senado Federal (art. 52, inciso I). Governador – crime comum, crime de
responsabilidade e improbidade administrativa – quem julga o crime comum é o STJ (art. 105, inciso I), o
crime de responsabilidade é o Tribunal Especial – composto por 11 pessoas – o presidente do tribunal, 5
desembargadores e 5 deputados.
(Lei Federal n. 1079/50), e o crime de improbidade administrativa – responde perante a LIA – Juiz de 1º
grau. Obs.: não há foro especial, em regra, para ação popular, ação de improbidade, ação civil pública.

Perda da Função Pública Exemplo: prefeito comete um crime e, depois de um tempo, vira deputado
federal – processo de improbidade está andando – depois vira senador – a perda é do cargo ocupado no
momento da sentença transitada em julgado. Hoje, por conta da Lei n. 14.230/21, fala-se que a sanção da
perda da função pública atinge apenas o vínculo que o indivíduo tinha quando praticou a conduta. LIA antes
da mudança: Atos de Improbidade Administrativa – art. 9º, art. 10 (atos culposos), art. 10-A, art. 11. Hoje, a
LIA não prevê mais atos culposos – só por prática de ato doloso que a pessoa pode ser responsabilizada
pela LIA.

(IM)PRESCRITIBILIDADE DE AÇÕES CONTRA O ESTADO


• Situação das ações em geral: princípio da segurança jurídica.
• Exclusão das ações de improbidade administrativa.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
2016 – STF – a condenação de ressarcimento decorrente de ilícitos civis prescreve. Decorre de ilícito civil –
indivíduo recebe uma bolsa do governo para cursar mestrado/ doutorado fora do país com o compromisso
de, após o término do curso, retornar ao Brasil e aplicar os conhecimentos no país por um determinado
período de tempo – se o indivíduo não volta, ele pratica um ilícito civil.
2018 – STF – sobre a improbidade administrativa, tem-se as situações: ato doloso – ação imprescritível –
ato culposo – ação prescritível.
2021 – Lei – extingue a improbidade na forma culposa.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. PJ Direito Privado – prestadoras de serviço
público e as que exploram atividade econômica.

REGRAS PARA SERVIDOR NO EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO


Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
I – tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou
função;
II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração;
III – investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço
será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V – na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse
regime, no ente federativo de origem.

APOSENTADORIAS E PENSÕES
Regime Jurídico – Artigo 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito
de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas.
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:
I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;
II – os requisitos para a investidura;
III – as peculiaridades dos cargos.
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para
a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
• Não é permitido pedir ao Poder Judiciário a concessão de reajuste por meio de decisão judicial com base
no princípio da isonomia porque o reajuste de servidores públicos é dado por meio de lei; • A Súmula
679/STF diz que a fixação de vencimentos dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção
coletiva, apenas por meio de lei.

PODER LEGISLATIVO
Dentro da teoria dos pesos e contrapesos de Montesquieu, que é, inclusive, citada dentro da Constituição,
todos os poderes da República têm funções típicas (ou principais) e funções atípicas (ou secundárias), de
modo que todos os poderes atuarão na função principal, além de fazer o papel do outro, de maneira
secundária. A teoria dos pesos e contrapesos, portanto, vem para evitar que um poder possa se sobrepor
ao outro, se tratando de controles recíprocos. Isso se materializa, por exemplo, na escolha de ministro do
Supremo Tribunal Federal, que é o ápice do Poder Judiciário, com escolha do Poder Executivo e
participação do Senado Federal, que integra o Poder Legislativo, como fiscalização.
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal.
Obs.: No âmbito estadual, distrital e municipal, tem-se o Poder Legislativo de forma unicameral, pois só
tem a Assembleia Legislativa (no Estado), câmara Legislativa no caso do DF e a câmara municipal no caso
dos municípios. No âmbito federal, tem-se duas casas: a Câmara e o Senado. Nota-se que o Brasil adota o
bicameralismo igual.

CÂMARA SENADO
Representa o povo Representa os Estados e o DF
É a Câmara Baixa É a Câmara Alta
Entre 8 e 70 membros, proporcional à população Número fixo, de 3 por Unidade da Federação
Mandato de 4 anos (uma legislatura) Mandato de 8 anos (duas legislaturas)
Idade mínima: 21 anos Idade mínima: 35 anos
Renovação Total a cada 4 anos Renovação parcial a cada 4 anos (1/3 e 2/3)

Uma legislatura é o período de quatro anos; uma sessão legislativa é o período de 1 ano; o período
legislativo é o montante de 6 meses. A sessão legislativa ordinária, que é o ano legislativo, vai de 02/02 até
17/07, depois de 01/08 até 22/12. Nos intervalos, portanto, tem-se a sessão legislativa extraordinária. O
Senado também é chamado de Casa dos Anciãos, dada a idade mínima de 35 anos.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.


Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes
necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos
de oito ou mais de setenta Deputados.
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo
o princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro anos,
alternadamente, por um e dois terços.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Câmara Senado
Em regra, Casa INICIADORA Em regra, Casa REVISORA
Se Território for criado, possuirá 4 Deputados Território não possuirá Senadores
Submete-se às regras da fidelidade partidária Não submete às regras da fidelidade partidária
Deputado não tem Suplentes Senador possui 2 Suplentes
Eleição pelo Sistema ou Princípio Proporcional Eleição pelo Sistema ou Princípio Majoritário

A casa iniciadora possui papel de proeminência ao aprovar ou rejeitar os projetos de lei. Se aprovado, o
projeto de lei vai à casa revisora, que pode aprovar, rejeitar ou modificar o projeto de lei. Havendo
modificação substancial, o projeto de lei retorna à casa iniciadora para aprovação. No âmbito da Câmara, a
eleição se dá pelo princípio proporcional, no qual o mandato pertence ao partido, sendo proporcional a
deputado e a vereador. No âmbito do Senado Federal, por ser eleição majoritária, não se sujeita às regras
de filiação partidária.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões
serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Obs.: Maioria simples: primeiro número inteiro superior à metade dos presentes.
É caracterizada maioria simples ou maioria relativa quando o primeiro número inteiro é superior à metade
dos presentes. Já a maioria absoluta se dá quando o primeiro número inteiro é superior à metade dos
componentes. Qualquer maioria acima da absoluta é uma maioria qualificada.

Competência das Casas


Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
Obs.: os tratados internacionais que não versam sobre direitos humanos se incorporam ao direito brasileiro
com status de lei. Por outro lado, quando se trata de direitos humanos, abrem-se duas possibilidades: se
for aprovado sob a sistemática das emendas à Constituição, ele se incorpora ao direito brasileiro com status
constitucional (cotas raciais em concursos públicos, por exemplo); por outro lado, se for aprovado sem essa
sistemática, ele terá força supralegal (acima das leis, mas abaixo da Constituição).
II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os
casos previstos em lei complementar;
III – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência
exceder a quinze dias;
Obs.: o Supremo entende que isso deve ser aplicado em simetria a governadores e prefeitos para se
ausentarem do país por mais de quinze dias.
IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer
uma dessas medidas;
V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;
Obs.: trata-se de um controle de constitucionalidade, que é político (modelo de controle), uma vez que é
feito pelo Poder Legislativo, e repressivo (momento de controle).
VI – mudar temporariamente sua sede;
VII – fixar idêntica remuneração para os Deputados Federais e os Senadores, em cada legislatura, para a
subsequente, observado o que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. VII – fixar idêntico subsídio
para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
III, e 153, § 2º, I;
VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado,
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
IX – — julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a
execução dos planos de governo;
Obs.: o papel do TCU é criar um parecer, que não tem força vinculante.
X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos
os da administração indireta;
XI – zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros
Poderes;
XII – apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;
XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União; Obs.: a Constituição somente
regulamenta o 1/3 restante, sendo que o 2/3 fica a cargo do próprio Congresso Nacional. Esse 1/3 passa
por sabatina de maioria absoluta do Senado (art. 52).
XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV – autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e
lavra de riquezas minerais;
XVII – aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares.
XVIII – decretar o estado de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D,
167- E, 167-F e 167-G desta Constituição.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


I – autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-
Presidente da República e os Ministros de Estado;
II – proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
III – elaborar seu regimento interno;
IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
V – eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


I – processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem
como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles;
Obs.: Para Ministros de Estado, no crime comum, quem julga é o STF. No crime de responsabilidade,
depende: se for sem conexão com o Presidente ou Vice-Presidente, quem irá julgar também é o STF; se for
com conexão, ele é atraído para o Senado. Além dos Ministros de Estado, isso também é valido para os
Comandantes das Forças Armadas.
II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral
da União nos crimes de responsabilidade;
Obs.: Como o Senado é responsável por processar e julgar, entende-se que a abertura de processo não é
automática.
Membro do CNJ e membro do CNMP, no crime de responsabilidade, vai ao Senado. No crime comum,
entende-se que não há foro, pelo fato de ser do CNJ ou do CNMP, advogados sem foro especial que, no
entanto, podem possuir foro em relação ao seu cargo de origem. No caso do AGU, no crime comum, é
julgado no STF; no crime de responsabilidade, com ou sem conexão com o Presidente ou Vice-Presidente,
irá sempre ao Senado Federal.

X – suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal;
XI – aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
República antes do término de seu mandato;
Obs.: O PGR é escolhido pelo Presidente da República, tendo mandato de 2 anos, passando antes pelo
Senado Federal para que se faça a sabatina. Além disso, o Senado também participa na sua saída antes do
término do mandato.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado
Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo
das demais sanções judiciais cabíveis. Obs.: A condenação do impeachment é política e não penal. Logo,
por conta do princípio da separação dos poderes, o mérito da decisão não pode ser revisto pelo Supremo
Tribunal Federal.

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos.
Cabe destacar ao examinando que o art. 53. dispõe que os Deputados e Senadores são invioláveis civil e
penalmente apenas, o que significa que a imunidade parlamentar não afasta a responsabilidade
administrativa. Isso permite que um Deputado ou Senador responda por quebra de decoro parlamentar em
decorrência de sua opinião, palavra ou voto e tenha o mandato cassado. Assim, esteja atento a este ponto
sobre a não aplicabilidade da imunidade parlamentar à responsabilidade administrativa.
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.

Por vezes, as bancas de concurso costumam igualar em suas questões a imunidade parlamentar dos
parlamentares municipais (vereadores) e a imunidade parlamentar dos parlamentares federais, estaduais e
distritais, afirmando que todos estes parlamentares possuem imunidade em todo o país e, assim, induzem
muitos examinandos ao erro. Lembre: apenas os parlamentares federais, estaduais e distritais possuem
imunidade parlamentar em todo o país, tendo os parlamentares municipais imunidade apenas em seu
município.

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar
Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República
para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime
de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a
qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respectiva, para
expor assunto de relevância de seu Ministério.
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de
informações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando
em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a
prestação de informações falsas.
Quem pode convocar, requisitar informações, são as Mesas, e não o parlamentar individualmente
considerado. O parlamentar pode pedir informações, mas na condição de cidadão. O direito de petição é
assegurado a todos pelo artigo 5º da Constituição. Há comissões permanentes e temporárias. A CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) é uma comissão permanente. Todos os projetos passam pela CCJ para
saber se é compatível ou não com a Constituição. O papel da CCJ é o controle de constitucionalidade,
preventivo e político, pois é feito por uma Casa Legislativa. Outros exemplos de comissões são: Comissão
Permanente de Orçamento, Comissão Parlamentar de Inquérito e Comissão Representativa. A CPI é um
exemplo de comissão temporária.
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na
forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a representação
proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa.
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe: I – discutir e votar projeto de lei que
dispensar, na forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos
membros da Casa; II – realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; III – convocar Ministros
de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
As comissões não podem convocar o Chefe do Poder, visto que isso feriria a separação dos poderes. Existe
CPI na esfera federal, na esfera estadual, na esfera distrital e na esfera municipal. A CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) é função típica do Poder Legislativo. A CPI investiga e apura informações, mas
não julga.
Uma das funções principais do Legislativo é típica, legislar e fiscalizar (CPI). CPI é direito subjetivo das
minorias. Em regra, quem está no poder comanda o Parlamento. Para abrir CPI, não se exige maioria,
exigindo apenas ⅓ dos membros. Pode existir CPI na Câmara, no Senado ou pode existir a CPMI (Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito). A CPMI tem representantes da Câmara e do Senado. Para investigar os
mesmo fatos, pode ter concomitante uma CPMI e uma CPI.

IV – receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões
das autoridades ou entidades públicas;
V – solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;
VI – apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles
emitir parecer.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o
caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos
infratores.
A CCJ, Comissão Representativa, não terá os mesmos poderes que a CPI possui. Só a CPI tem poderes de
investigação das autoridades judiciais. A cláusula de reserva de jurisdição ou cláusula de reserva
jurisdicional significa que apenas o Judiciário pode decretar a prisão preventiva, prisão temporária, fazer
medidas como arresto, sequestro, penhora, indisponibilidade de bens, ressarcimento ao erário. O que a CPI
não puder fazer está dentro da cláusula de reserva de jurisdição.

Pode Não pode


Decretar quebra de dados bancários, fiscais e Decretar quebra do sigilo das comunicações
telefônicos telefônicas (interceptações). Só quem pode é o
Poder Judiciário, por conta da cláusula de reserva
de jurisdição.
Busca e apreensão em repartições públicas. Busca e apreensão domiciliar.
Prisão em flagrante. Prisões preventiva e temporária.
Requisitar informações aos órgãos públicos. Impedir a presença do advogado.
Ouvir testemunhas e investigados (respeito ao Impor que investigado assine compromisso de
direito ao silêncio). dizer a verdade.
Convocar ou convidar Ministros de Estado e outras Convocar Presidente da República ou Magistrados.
autoridades.
Requerer ao TCU a realização de inspeções e CPI não possui poder geral de cautela.
auditorias.
A CPI não pode determinar medidas como arresto, sequestro, penhora, indisponibilidade de bens, retenção
de passaporte e ressarcimento ao erário. Tudo isso está dentro do poder geral de cautela. A CPI pode
convocar índio? Se o índio está dentro de uma situação ocorrida dentro da comunidade e é aculturado, a
CPI não pode trazê-lo.

PROCESSO LEGISLATIVO
Nos artigos 59 a 69, a Constituição estabelece as regras do processo legislativo constitucional. O processo
legislativo começa no artigo 59 citando alguns atos normativos primários. O ato normativo primário é
aquele que retira a sua força normativa direto da Constituição. A consequência natural é que se sujeita a
controle de constitucionalidade. Todos os atos precisam seguir um ritual, e se esse procedimento for
desrespeitado se está diante de inconstitucionalidade.
A inconstitucionalidade pode ser formal, quando o defeito está no procedimento, ou inconstitucionalidade
material, quando o defeito está no conteúdo. O defeito, em regra, não está no conteúdo, e sim no
procedimento.
Quando o defeito está no procedimento, aparece em dois momentos distintos: defeito na repartição de
competências (art. 21 a 25 e art. 30 da Constituição), ou defeito no processo legislativo.
Exemplo: se a norma deveria ser federal, mas foi editada pelo Estado de Alagoas, ocorre
inconstitucionalidade com o vício na repartição de competências, chamado de vício formal orgânico, visto
que a Casa Legislativa que fez a norma está errada.
Exemplo: quem concede reajuste para os servidores do Poder Executivo, o projeto de lei deve iniciar com o
chefe do Poder Executivo. Se não inicia com o Poder Executivo ou não sai de um governador e sim de um
parlamentar, ocorre vício de iniciativa, ou seja, há um problema no procedimento. O vício de iniciativa
nunca se convalida, nem mesmo com a sanção.
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I –emendas à Constituição; II –leis
complementares; III –leis ordinárias; IV –leis delegadas; V –medidas provisórias; VI – decretos legislativos;
VII – resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

Entre os atos normativos primários, a exceção das emendas à Constituição, não há hierarquia. A emenda à
Constituição se insere diretamente no texto constitucional. Há emendas que não se inserem diretamente
no texto Constitucional.
Exemplo: em 2020, houve o advento do corona vírus e mudaram o calendário eleitoral. Essa mudança foi
por meio de emenda, mas a emenda não se inseriu no texto da Constituição. Em regra, as emendas à
Constituição alteram o texto constitucional. Não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar. O que
há são âmbitos de atuação diferente entre elas. A lei complementar é uma lei de como fazer leis.

• Artigo 59 – Atos Normativos Primários: Os atos normativos primários são aqueles que tiram sua força
normativa diretamente da Constituição, se sujeitando a controle de constitucionalidade. Todos os atos
normativos abaixo podem ser inconstitucionais, caso desrespeitem os limites traçados na Constituição.
Pode haver inconstitucionalidade no procedimento ou no conteúdo.
EC – Emendas à Constituição
LC – Leis Complementares
LO – Leis Ordinárias
LD – Leis Delegadas
MP – Medidas Provisórias
RES – Resoluções Legislativas
DL – Decretos Legislativos

Há outros atos normativos primários? O Decreto-Lei não existe mais no ordenamento desde a Constituição
de 1988. No lugar do Decreto-Lei entrou a Medida Provisória. No caso de medida provisória é necessário
urgência e relevância.

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo
Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e
nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I – fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II – disponham sobre: a. criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e
autárquica ou aumento de sua remuneração; b. organização administrativa e judiciária, matéria tributária e
orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c. servidores públicos da União
e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; d. organização do
Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do
Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e. criação e
extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; f. militares
das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração,
reforma e transferência para a reserva.

Obs.: Proposta de Emenda a Constituição pode ser apresentada pelo Presidente da República, um terço da
câmara, um terço do Senado ou mais da metade das assembleias legislativas.

Deliberação Parlamentar A deliberação parlamentar sempre existirá nas leis ordinárias, leis
complementares, nas emendas à constituição, medida provisória, resoluções e decretos. Os decretos
legislativos são realizados apenas pelo Congresso Nacional, logo sempre será bicameral. As resoluções
podem ser bicameral (Câmara ou Senado) ou pode ser unicameral, sendo que na resolução unicameral, a
resolução passará ou pela Câmara ou pelo Senado.
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
No sistema bicameral, existe casa iniciadora e casa revisora, sendo que, em regra, se o projeto for criado
pelo Presidente da República, pelo STF, Tribunais Superiores, Tribunal de Contas, deputado, MP ou
Defensoria Pública a casa iniciadora será a Câmara. A casa iniciadora não será a Câmara se o projeto for
criado por um Senador ou por um grupo de Senadores. Dentro do Processo Legislativo Ordinário, a casa
iniciadora possui um papel de preferência. A casa iniciadora possui duas possibilidades:
• Aprovar o projeto; ou • Rejeitar o projeto. A casa revisora possui três possibilidades: • Aprova • Rejeita •
Modifica.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República,
que, aquiescendo, o sancionará.
§ 1º Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário
ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos
do veto.
Obs.: se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional, o veto será
jurídico.
Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, contrário ao interesse público, o
veto será político.
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.
Obs.: a sanção pode ser tácita ou expressa, sendo que a regra geral é a sanção tácita.
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da
sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final.

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República,
que, aquiescendo, o sancionará. (...) § 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo
Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o
fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

Em resumo, tanto nos casos de derrubada do veto quanto de sanção tácita, se o Presidente da República
não promulgar, em até 48 horas, caberá ao Presidente do Senado fazê- -lo; mas, se ele também não realizar
a promulgação, ela passa para o Vice-Presidente do Senado, que obrigatoriamente deverá promulgá-la.
Reforçando: a promulgação é o atestado de existência válido da lei e recai sobre a lei – a lei nasce com a
sanção (expressa ou tácita) ou com a derrubada do veto. Assim, o que se promulga é a lei, não o projeto de
lei.
Emendas à Constituição: Os responsáveis pela promulgação de emendas à Constituição são as Mesas da
Câmara e do Senado, que devem promulgá-las com seu respectivo número de ordem (a contagem não zera
a cada ano, assim continuando indefinidamente). A fase de promulgação vai existir em todas as normas,
mas não a deliberação executiva,. Por exemplo: o presidente não sanciona, não veta, não promulga e não
publica emendas à Constituição. Essa promulgação é feita em conjunto pelas Mesas da Câmara e do
Senado. A Mesa do Congresso não é a mesma coisa que o conjunto das Mesas da Câmara e do Senado,
apesar de a Câmara e o Senado formarem o Congresso. Cada uma dessas mesas possui sete membros.
Assim, na prática, são necessárias as 14 assinaturas (referentes às Mesas da Câmara e do Senado) para
promulgar uma emenda à Constituição. O STF entende que não há prazo para promulgação de emendas à
Constituição.
Lei Complementar, Lei Ordinária e Medida Provisória: A promulgação é feita pelo Presidente da República.
Caso a Presidência não faça a promulgação em até 48 horas, ela passa a ser responsabilidade do Presidente
do Senado; se ele também não fizer nada em até 48 horas, ela passa para o Vice-Presidente do Senado, que
então deverá promulgá-la.
Decreto Legislativo: Só quem faz Decreto Legislativo é o Congresso Nacional, e esses decretos só podem
ser promulgados pelo Presidente do Senado Federal (que também preside o Congresso Nacional).
Resolução: As resoluções podem ser: da Câmara, do Senado, e do Congresso. As resoluções da Câmara são
promulgadas pelo Presidente da Câmara, enquanto as do Senado e do Congresso são promulgadas pelo
Presidente do Senado Federal (frisa-se que o Presidente do Senado também é Presidente do Congresso
Nacional).
PUBLICAÇÃO Vacatio Legis A tradução literal de vacatio legis é “período vago da lei”. Em outras palavras,
vacatio legis é o período que leva para se acostumar com uma nova lei. A LINDB dispõe que, salvo em
disposição ao contrário, no Brasil, uma norma entra em vigor 45 dias após sua promulgação; no exterior,
esse prazo é de três meses.

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.


Uma Lei Complementar pode revogar outra Lei Complementar, tal como uma Lei Ordinária pode revogar
outra Lei Ordinária. Uma Lei Complementar ainda pode revogar uma Lei Ordinária, e excepcionalmente,
uma Lei Ordinária pode revogar uma Lei Complementar.

Leis Delegadas, Resoluções e Decretos Legislativos: Decretos Legislativos, no âmbito federal, só podem ser
editados pelo Congresso Nacional. Resoluções, por outro lado, podem partir da Câmara, do Senado, ou do
Congresso, sendo bicameral. Em relação à remuneração dos servidores da Câmara e do Senado, é
necessária a deliberação executiva, precisando passar por sanção ou veto do presidente da República. Um
Decreto Legislativo é diferente de um Decreto-Lei, que não pode mais ocorrer. Resoluções e Decretos
Legislativos são atos normativos primários, logo se sujeitam a controle do poder judiciário.

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação
ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de
competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei
complementar, nem a legislação sobre:
I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que
especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação
única, vedada qualquer emenda.
Segundo o art. 49, inciso V, cabe ao Congresso Nacional sustar os atos normativos que exorbitem os
limites da delegação legislativa.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias,
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I –relativa a: a. nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; b. direito
penal, processual penal e processual civil; c. organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
carreira e a garantia de seus membros; d. planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e
créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II –que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
III –reservada a lei complementar;
IV –já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do
Presidente da República.
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts.
153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em
lei até o último dia daquele em que foi editada.
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não
forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual
período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas
decorrentes.
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória, suspendendo- -se
durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias
dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação,
entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional,
ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que
estiver tramitando.
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de
sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso
Nacional.
Assim, o Congresso pode exercer o controle de constitucionalidade por meio da Comissão Mista,
caracterizando controle político repressivo. O Judiciário pode exercer controle, excepcionalmente, se a
ausência de urgência ou relevância for manifesta.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos Deputados;
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas
emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do
Congresso Nacional; § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que
tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo;

Imagine que uma MP foi editada no dia 10/02 e rejeitada em 10/04, independentemente se tenha sido de
forma tácita ou expressa. A dúvida que pode ser tida é: se a MP passou a valer a partir do dia 10/02, sua
rejeição é ex tunc (retroativa) ou ex nunc (prospectiva)? A resposta é que ela retroage à data da edição,
matando a MP desde o nascimento. Nesse sentido, existem 3 parágrafos que trabalham essas situações no
texto constitucional e que geram dúvidas à maioria dos estudantes. São eles:
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não
forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual
período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas
decorrentes;
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou perda de
eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante
sua vigência conservar-se-ão por ela regidas; Levando em consideração, ainda, o exemplo acima utilizado,
se em até 60 dias depois o Congresso não editar um decreto legislativo definindo como se dará a situação
dali em diante, a MP continua valendo para aquele período entre sua edição e rejeição, ou seja, seu
período em vigor - que, no caso do exemplo, correspondem a 10/02 e 10/04. Por fim, o terceiro parágrafo
sobre a questão da rejeição:
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-se-
á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.
Assim, mesmo que modificada pelo Congresso, a MP continua vigorando da forma original até sanção ou
veto, ainda que contra a vontade do parlamento.

Poder Legislativo - Função Fiscalizatória


Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo,
e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Sobre este artigo, é interessante ressaltar que todas entidades e órgãos realizam controle interno. Além
dele, existe o controle externo, que é o momento em que entra em ação o poder do setor Legislativo com o
auxílio dos Tribunais de Conta.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
ATENÇÃO O parágrafo único é cobrado em provas, geralmente, sob o enunciado de: “qual o critério
utilizado para fiscalização?”. Nesse sentido, o controle é objetivo, pois só “olha” para o dinheiro. Assim, se
o valor tem natureza pública, ele deve sofrer controle, independentemente de quem o manuseia.
Porém, sabendo que sempre que há dinheiro público envolvido, há fiscalização, cabe entender quem deve
fiscalizá-lo. O controle interno, como dito, é feito por todos os órgãos e entidades, enquanto o controle
externo cabe ao Poder Legislativo com auxílio do respectivo Tribunal de Contas. Nesse sentido, existem
algumas outras entidades que podem levantar dúvidas acerca do controle: o CNJ e CGU/CGE/CGDF/CGM
têm controle interno, já o CNMP, realiza, também, controle externo.
Veja: se tratando de deputado federal/senador e TCU, quem julga é o Supremo, mas se tratando de
deputado estadual/ distrital e TCE/TCDF, quem julga são o TJ e o STJ, respectivamente. Ainda, na mesma
linha, se tratando de vereador, quem julga é o juiz, mas se tratando de TCM, quem julga é o STJ. Agora que,
na função fiscalizatória, já foram tratados os papéis dos controles interno e externo, sigamos ao artigo 71,
muito cobrado em provas:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas da União, ao qual compete:
I –apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio que
deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
Lembre-se de que o Tribunal de Contas não julga as contas do chefe do Poder Executivo, quem o faz é o
Poder Legislativo na esfera federal, no caso o Congresso Nacional com auxílio do TCU. Para haver uma
compreensão mais fácil, veja a tabela abaixo:

ESFERA QUEM JULGA? QUEM AUXILIA?


Federal CN TCU (parecer não tem força
vinculante)
Estadual AL TCE (parecer não tem força
vinculante)
Distrital CLDF TCDF (parecer não tem força
vinculante)
Municipal CM TCE/TCM onde houver (o parecer
só pode ser rejeitado por ⅔ dos
membros da Câmara Municipal.)
Logo, é possível perceber que o único caso em que o parecer, em regra, tem força vinculante é nos casos de
contas municipais. Contudo, o parecer do Tribunal de Contas sobre as contas do prefeito não gera
inelegibilidade com base na Lei da Ficha Limpa.
II –julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;
Fique atento, pois o Tribunal de Contas não julga as contas do prefeito, porém julga, sim, as dos demais
membros. O dispositivo acima, então, deve ser seguido em simetria, de modo que TJ, MP estadual e
Defensoria Pública estadual têm suas contas julgadas pelo TCE.
III –apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório;
IV –realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou
de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais
entidades referidas no inciso II;
V –fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de
forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VI.fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou
outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
VII.prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
VIII.aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao
erário;
Este inciso é importante por conta de um fato objetivo. De acordo com o artigo 37, §5º da Constituição
Federal é muito cobrado em provas porque trata da imprescritibilidade de ações de ressarcimento ao
erário e que, ao longo dos anos sofreu várias modificações. Em 2016, o Supremo determinou que prescreve
a condenação decorrente de ilícitos civis; em 2020, por sua vez, ele determinou que prescreve a
condenação oriunda do Tribunal de Contas. Porém, em 2018, com a improbidade, o Supremo separou que
improbidade na forma dolosa é imprescritível, enquanto na modalidade culposa, prescreve - porém, não
existe mais essa última modalidade por conta de uma alteração na Lei de Improbidade Administrativa.
IX. assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da
lei, se verificada ilegalidade;
X. sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados
e ao Senado Federal;
XI. representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
No sentido deste último artigo, é importante ressaltar que a Súmula 347/STF, da década de 60, não tem
mais validade nos dias atuais. O Tribunal de Contas não faz mais controle de constitucionalidade, nem
difuso, nem concentrado.

Art 71
III –apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório;
É neste inciso que entra a Súmula Vinculante III que teve seus entornos modificados. Sobre os atos de
concessão inicial de aposentadoria há uma divergência doutrinária se eles tratam de atos de natureza
composta, complexa ou dois atos iniciais. Para o Supremo, são atos administrativos de natureza complexa,
ou seja, aquele que só se aperfeiçoa com duas vontades. Nesses casos, ainda que o servidor peça e receba
a aposentadoria no órgão em que trabalha, o Tribunal de Contas também vai conferir para chancelar o
tempo de contribuição ou glosar. Imagine, então, que um juiz pediu sua aposentadoria ao Tribunal, já a
ganhou e está, agora, aposentado. Por se tratar de um ato de natureza complexa, o Tribunal de Contas
ainda vai conferir a situação e pode voltar atrás na aposentadoria, sendo, nesse sentido, que se enquadra a
SV III, que determina que nos processos perante o TCU, se da decisão puder resultar anulação ou revogação
de ato que beneficie o interessado, deve haver contraditório e ampla defesa, exceto quando se está diante
de casos de concessão de aposentadoria, pensão e reforma - por ser um ato de natureza complexa. Assim,
o STF, em um primeiro momento, determina um prazo de 5 anos para a atuação do TCU sem necessidade
de contraditório e ampla defesa. Caso seja após os 5 anos, o TCU ainda poderia analisar, desde que
assegurasse contraditório e ampla defesa. No entanto, sendo esse o tal entorno modificado, o Supremo
determinou que se o TCU não analisar a situação em até 5 anos, não terá mais a chance de fazê-lo. Os 5
anos, então, passam a contar a partir da chegada do processo ao Tribunal de Contas.

Vale lembrar que, uma vez que o Tribunal de Contas não faz parte do Poder Judiciário, as decisões são de
natureza extrajudicial. Tribunais de Contas também possuem poderes implícitos? Sim, pois, uma vez que
tem o papel essencial de fiscalizar e julgar as contas, precisa de ferramentas para realizá-lo e nem todas
elas estão presentes na Constituição. No entanto, entre os poderes implícitos não está a quebra de sigilo - o
TCU, então, só pode acessar ou requisitar informações constantes em contrato no qual haja dinheiro
público envolvido, mas não quebrar sigilo.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as atribuições
previstas no art. 96.
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os
seguintes requisitos:
I –mais de trinta e cinco e menos de setenta anos de idade;
II –idoneidade moral e reputação ilibada;
III –notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública;
IV –mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos
mencionados no inciso anterior.
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:
I –um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente
dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo
Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento;
II –dois terços pelo Congresso Nacional.
§ 3º Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se- -lhes, quanto à
aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40.
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e,
quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.

É importante ter em mente o fato de que a rejeição de contas do prefeito pelo TC não gera inelegibilidade.
O prefeito só se torna inelegível se as contas forem rejeitadas pela casa legislativa, ou seja, pelo juízo
político.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
interno com a finalidade de:
I –avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e
dos orçamentos da União;
II –comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de
recursos públicos por entidades de direito privado;
III –exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
União;
IV –apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Sobre esse artigo, para fins de prova, sua grande questão está no parágrafo 1º. O constituinte sabe que o
que pode acontecer, muitas vezes, é de o responsável pelo controle interno perceber alguma falcatrua feita
por algum colega de trabalho e, pensando de forma humana, é natural que ele tente, de alguma forma,
aliviar a situação para seu colega. Nesse sentido, a Constituição determina, então, que ou a pessoa deve
entregar seu colega ou responde solidariamente à situação. A responsabilidade solidária é, então, mais
grave do que a subsidiária, ou seja, ainda que o colega escape, aquele que não o entregou perde o
emprego.

PODER EXECUTIVO – ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA


Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
I – nomear e exonerar os Ministros de Estado;
II – exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
III – iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;
V – vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
O Presidente da República pode sancionar e vetar leis. O Presidente da República não sanciona, veta,
promulga ou publica emendas à Constituição. Elas são promulgadas pelas mesas da Câmara e do Senado,
em conjunto com o respectivo número de órgãos. O Presidente da República é, contudo, um dos
legitimados para propor a PEC.
As leis se sujeitam ao controle da Constituição (controle de constitucionalidade). Abaixo das leis, existem os
decretos, que servem para regulamentar as leis. Por isso, são chamados de decretos regulamentares e se
sujeitam a controle de legalidade.
A lei é considerada um ato normativo primário, pois tira sua força normativa direto da Constituição. O
decreto regulamentar é um ato normativo secundário, pois tira sua força da lei. A eventual ofensa de um
decreto à Constituição é uma ofensa reflexa, indireta. Logo, não cabe controle de constitucionalidade, em
regra, em relação ao decreto. O decreto autônomo, porém, é um ato normativo primário, pois tira sua
força normativa da Constituição. Consequentemente, o decreto autônomo se submete a controle de
constitucionalidade. Não se trata de norma originária, mas o STF entendeu que é compatível com a CF.
VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando
não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou
cargos públicos, quando vagos;
As bancas tentam confundir os candidatos, afirmando que é possível a edição de decreto autônomo para
extinguir órgão vago. Essa afirmativa está incorreta, pois o decreto autônomo pode extinguir funções ou
cargos públicos vagos.
É possível criar ou extinguir órgãos públicos por meio de MP? O ICMBio foi criado por meio de MP durante
o governo Lula. A SEMPE (Secretaria Especial de Micro e Pequenas Empresas), com status de ministério, foi
criada no governo Dilma por meio de MP. A APO (Autoridade Pública Olímpica), o Ministério de Segurança
Pública, a Agência Nacional de Mineração – uma autarquia – e o Ministério do Trabalho também foram
criados por meio de MP. Portanto, é possível utilizar MP para criar órgãos e entidades. A criação e a
extinção de cargos públicos se dá por meio de lei, devido ao princípio da simetria (ou paralelismo das
formas). Entretanto, é possível extinguir cargos públicos vagos por meio de decreto. Portanto, essa é uma
quebra/exceção ao princípio do paralelismo das formas.
VII – manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
IX – decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
No estado de defesa, o Presidente decreta, ou seja, o Congresso Nacional participa depois. No estado de
sítio, o Presidente solicita, ou seja, o Congresso Nacional atua de forma prévia, autorizando.
X – decretar e executar a intervenção federal;
XI – remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
XII – conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
O indulto, a comutação e a graça são dados pelo Presidente da República. A anistia é dada pelo Poder
Legislativo. O indulto consiste no perdão coletivo da pena. Ele se materializa por meio de decreto. A
comutação é o indulto parcial. A graça é o perdão individual. O art. 5º da CF dispõe que os crimes
hediondos, o tráfico, a tortura e o terrorismo são insuscetíveis de graça e anistia. Nesse caso, utiliza-se
graça em sentido amplo, que é o gênero, o qual comporta o indulto, a comutação e a graça em sentido
estrito. Portanto, o art. 5º, ao proibir a graça e a anistia, proíbe a graça, a anistia, o indulto e a comutação.
Recentemente, o Supremo condenou o deputado federal Daniel Silveira, e o Presidente da República
concedeu graça ao deputado, isto é, retirou os efeitos penais. Desse modo, os efeitos extrapenais não
foram retirados e os direitos políticos do parlamentar em questão foram atingidos.
A anistia, por sua vez, é dada pelo Poder Legislativo. A anistia relativa ao aspecto penal só pode ser
concedida pelo Congresso Nacional. A anistia relativa a punições administrativas pode ser concedida tanto
pelo Congresso quanto pelas Assembleias. Em relação a punições que envolvem PM, CBM, PC e/ou PP, o
projeto de lei tem que ser de iniciativa do Governador, pois essas forças se subordinam a ele.
XIII – exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
XIV – nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os
diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;
Obs.: Os Territórios não têm autonomia política.
XV – nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
XVI – nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII – nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII – convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX – declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
parcialmente, a mobilização nacional;
XX – celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI – conferir condecorações e distinções honoríficas;
XXII – permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV – prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXV – prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
XXVI – editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
XXVII – exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
XXVIII – propor ao Congresso Nacional a decretação do estado de calamidade pública de âmbito nacional
previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição.
O Presidente da República propõe a decretação do estado de calamidade, mas o Congresso Nacional é
quem decreta. Cabe ao Presidente da República prestar contas, anualmente, ao Congresso. Caso ele não
preste contas, a Câmara tomará as contas.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e
XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra:
I – a existência da União;
II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
constitucionais das unidades da Federação;
III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV – a segurança interna do País;
V – a probidade na administração;
VI – a lei orçamentária;
VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e
julgamento.
Além dos crimes elencados na Constituição, também há crimes de responsabilidade definidos na lei n.
1.079/1950, a qual foi recepcionada pela CF em larga medida. Quando se trata de improbidade, pensa-se
na LIA (Lei de Improbidade Administrativa). Estão sujeitos à LIA: servidores públicos, estagiários, agentes
políticos, salvo o Presidente da República, o qual responde apenas por crime de responsabilidade perante o
Senado Federal. Portanto, a jurisprudência entende que os agentes políticos estão sujeitos à tripla
responsabilidade. A ação de improbidade não tem foro especial, isto é, tramita na instância comum.
Responsabilidade do Presidente da República – Artigos 85 e 86 Competência para julgamento: a) Crimes
comuns: STF. b) Crimes de responsabilidade (impeachment): Senado Federal. c) Contravenções penais: STF.
d) Crimes eleitorais: STF. e) Ações populares, ações civis públicas e demais ações: juiz de 1º grau. f) Ação de
improbidade: Senado Federal. g) Crimes militares: STF.
Obs.: A expressão “infrações penais comuns” abrange crimes militares, crimes eleitorais e contravenções
penais.

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no
exercício dos direitos políticos. Apenas o Ministro da Defesa deve ser brasileiro nato. Os demais Ministros
podem ser tanto brasileiros natos quanto naturalizados. Os Ministros não têm mandato nem são
submetidos à sabatina.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta
Constituição e na lei: I – exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da
administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo
Presidente da República; II – expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

RELEMBRANDO O art. 84, parágrafo único, traz atribuições do Presidente da República que são delegáveis
aos Ministros de Estado, ao PGR e o AGU.
III – apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;
IV – praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da
República.
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. A criação
e a extinção de ministérios não podem ser feitas por meio da edição de decreto, seja regulamentar ou
autônomo. A criação de uma entidade ou de um órgão se dá por meio de lei, sendo admitida a edição de
MP. Competência para julgamento de Ministros de Estado:
• Crimes comuns: STF.
• Crimes de responsabilidade: STF.
• Crimes de responsabilidade em conexão com Presidente ou Vice-Presidente: Senado Federal, conforme
art. 52, I, CF/1988.
• HC > Ministro de Estado como paciente: STF.
• HC > Ministro de Estado como coator: STJ.
• MS e HD > Ministro de Estado como coator: STJ.
• MS contra ato de órgão colegiado presidido por Ministro de Estado, como o COAF e o COPOM (Súmula
177/STJ): juiz de 1º grau.

Art. 95 Os juízes gozam das seguintes garantias:


I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda
do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de
sentença judicial transitada em julgado;
II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
2º, I.
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III – dedicar-se à atividade político-partidária.
IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas
ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei;
V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
Proibições impostas aos magistrados
• Exercício de outro cargo ou função – Não pode atuar em coaching e mentoria;
– Não pode atuar na Justiça Desportiva.
• Quarentena de saída – Não se estende a todo o escritório, apenas ao indivíduo.
• Exercício de mandato eletivo e cargos fora do Judiciário (exceto quando permitido pela Constituição)

Art. 96. Compete privativamente:


II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem
vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais
inferiores, onde houver;

A iniciativa do projeto de lei para reajustar a remuneração dos servidores do Executivo e do Legislativo nas
três esferas de governo (federal, estadual e municipal) é prerrogativa:
• do Chefe do Executivo (Poder Executivo);
• da Câmara dos Deputados e do Senado Federal na esfera federal (Legislativo);
• das Assembleias Legislativas, na esfera estadual (Legislativo);
• da Câmara Municipal, na esfera municipal (Legislativo).
Desde 1998, o reajuste da remuneração de todos os servidores de todos os poderes em todas as esferas
deve ser feito por meio de projeto de lei. O Poder Judiciário só existe na esfera federal e estadual. No caso
da União, a prerrogativa é do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de
Justiça. TRFs, TREs e TSTs não têm iniciativa para projeto de lei.
Fixação de horário de funcionamento do Tribunal: Portaria do Presidente x Resolução do Pleno
Por conta da autonomia entre os poderes, o horário de funcionamento do Tribunal só pode ser fixado pelo
Judiciário. No entanto, de acordo com o entendimento do STF, a fixação de horário deve ser feita apenas
por meio de resolução do Pleno.
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.
Obs.: além do Poder Judiciário, as Defensorias Públicas e Tribunais de Contas também têm a sua autonomia
assegurada. Em relação ao Ministério Público, o MPU e o MPE de cada estado possuem autonomia, mas o
MP de Contas, não.
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I – no âmbito da
União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos
respectivos tribunais; II – no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos
Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não encaminharem as respectivas propostas orçamentárias dentro do
prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados
de acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este artigo forem encaminhadas em desacordo com os
limites estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de
consolidação da proposta orçamentária anual.
Obs.: ao votar a LOA, o Poder Legislativo pode promover cortes no orçamento dos outros órgãos, ainda que
a proposta esteja dentro dos limites da LDO.

A cláusula de reserva de plenário está no art. 97 da Constituição. Observe:


Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
No Brasil, o controle de constitucionalidade pode ser feito por todos os poderes. No Poder Judiciário, esse
controle é chamado de controle de constitucionalidade jurisdicional. Esse controle jurisdicional se divide
em dois:
• Controle difuso: pode ser feito por qualquer juiz ou tribunal do país
• Controle concentrado: só pode ser feito pelo STF (guardião da Constituição Federal), e pelo TJ (guardião
da constituição estadual, ou da Lei Orgânica, no caso do DF) – Ferramentas: ADI, ADO, ADC, ADPF e ADI
interventiva.
Um juiz de 1º grau sozinho pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei. Nos tribunais de 2º grau ou
superiores, a declaração de inconstitucionalidade não pode ser feita nem por um desembargador ou
ministro, e nem por uma turma, câmara ou seção (os chamados órgãos fracionários). Essa prerrogativa
cabe ao plenário ou ao órgão especial. Trata-se da cláusula de reserva de plenário.

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