Anestésicos Locais em Odontologia

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Anestésicos locais em

Odontologia
Prof. Clayton Sacramento
Dor

Experiência sensorial e emocional desagradável, associada com danos


reais ou potenciais em tecidos, e assim percepcionada como dano.
Três tipos de dor

➢ Nociceptiva: originada nos nociceptores

➢ Neuropática: provocada por uma lesão ou doença no sistema nervoso

➢ Psicológica: dor de origem emocional, é rara, podendo no entanto ser incapacitante


e de difícil tratamento.
Dor
nociceptiva

• Estimulo nocivo

• Nociceptores captam o estimulo


nocivo

• Despolarizaçao da membrana do
neurônio

• Potencial de ação

• Recepção da informação pelo SNC


Definição Anestesia Local
Bloqueio reversível da condução
nervosa, determinando perda das
sensações, sem perda do nível de
consciência.

Farmacologia, é a ciência que estuda a


origem, as ações e as propriedades das
substâncias químicas sobre os
organismos vivos.
Histórico

➢ O primeiro anestésico local descoberto foi a cocaína.

➢ Por mais de 50 anos, foi o anestésico regional mais utilizado, a partir dos
estudos de 2 jovens médicos, Sigmund Freud e Karl Köller.

➢ Em 1905, Ein Horn sintetiza a procaína, derivado sintético da cocaína.


Então, surgem os anestésicos tipo éster.

➢ Em 1943, Löfgren sintetiza a lidocaína, dando início à era das amidas


Ação do AL

Bloqueio dos canais de sódio ao


longo da fibra nervosa
(diminuição da permeabilidade),
impedindo a propagação do
potencial de ação (despolarização
da membrana)
Componentes dos AL
➢ Sal do agente anestésico local
➢ Vasoconstritor
➢ Agente redutor ou conservante do vasoconstritor
➢ Agente conservante da solução anestésica
➢ Fungicida
➢ Solução carreadora (transporta de forma uniforme)
Propriedades dos AL
➢ Potência

O que determina a potência é a lipossolubilidade.


(Capacidade de uma molécula de se dissolver em gorduras)

Quanto maior a lipossolubilidade maior a potência anestésica


A bupivacaína e a tetracaína devido à alta lipossolubilidade possuem maior
potência.
Por este motivo, grande afinidade protéica, tendem a ser mais cardiotóxicos
Propriedades dos AL
➢ Duração de ação

A ação dos AL é determinada pela ligação com proteínas plasmáticas.


Quanto a ligação das proteínas, maior a duração de ação.
Toxicidade dos AL
➢ São drogas relativamente seguras se administradas na região
anatômica apropriada e em doses adequadas

➢ Reações tóxicas podem ocorrer principalmente após, injeção


intravascular, ou doses excessivas

➢ Toxicidade está relacionada diretamente com o nível plasmático


elevado dos anestésicos locais
Principais AL no Brasil
➢ Articaina
➢ Benzocaina
➢ Bupivacaina
➢ Prilocaina
➢ Lidocaina
➢ Mepivacaina
➢ Cloroprocaina
➢ Procaina
➢ Tetracaina
Classificação
Quanto a estrutura

➢ Éster : benzocaina, cloroprocaina, tetracaína, procaina

➢ Amidas: lidocaína, prilocaina, mepivacaina, bupivacaina, articaina


➢ Atualmente as aminas tem sido os AL mais utilizados.

➢ As aminas possuem propriedades hidrofílicas e lipofílicas.

➢ As aminas são menos tóxicas, mais efetivas e com menor


potencial alergênico que os ésteres.
Quanto a duração

➢ Curta duração: geralmente as aminas sem vasoconstritor (lidocaína e


mepivacaina), e os ésteres

➢ Média duração: lidocaína, mepivacaina, articaina, prilocaina

➢ Longa duração: bupivacaina e ropivacaina


Vasoconstritores
➢ São substancias que promovem vasoconstrição, que é o processo de
contração dos vasos sanguíneos, em consequência da contração dos
músculo liso das paredes das artérias,

➢ São responsáveis por prolongar a duração do anestésico local,


enquanto reduz simultaneamente sua toxicidade e aumenta sua
eficácia e segurança

➢ Todo sal anestésico é vasodilatador


Vasoconstritores
➢ Adrenalina ou epinefrina

➢ Noradrenalina ou norepinefrina

➢ Levonordefrina

➢ Felipressina

➢ Fenilefrina
Vasoconstritores
➢ No passado, atribuíam-se várias desvantagens a eles, porém muitas delas se
decorriam do uso inadequado, como:
injeções intravasculares
concentração de vasoconstritor elevadas
grande volume de anestésico administrado
Seleção dos vasoconstritores

➢ Duração desejada do efeito

➢ Condição sistêmica do paciente

➢ Necessidade de produzir hemostasia


Vasoconstritores
Contra-indicação

➢ Pacientes com doença cardiovascular grave


➢ Pacientes com disfunção grave da tireoide, diabetes grave (adrenalina atua no
metabolismo da glicose), alergia a sulfitos (aumenta duração e estabilidade ao AL)
➢ Hipertensão controlada
➢ Sensibilidade a um dos componentes
➢ Pacientes em uso de imipramina (antidepressivo)
➢ Pacientes beta bloqueadores
➢ Gestantes (respeitar máximo de 2 tubetes)
Lidocaína

➢ AL mais usado no mundo


➢ Inicio de ação rápida e duração média (1 a 2h), potência moderada
➢ Rápida difusão entre as membranas e rápido bloqueio
➢ Efeitos tóxicos raros; manifestam no SNC e coração
➢ Concentração mais comum é 2%
➢ Dose máxima é de 7 tubetes
➢ Comercialmente é associada à adrenalina, noradrenalina e levoarterenol
Mepivacaína

➢ Amplamente utilizada na Odontologia


➢ Duração média, potência e toxicidade duas vezes maior que dá lidocaína, moderada
➢ Concentração mais comum é 2%
➢ Sem vasoconstritor a 3% (eficácia duvidosa)
➢ Dose máxima é de 7 tubetes
➢ Comercialmente é associada a adrenalina, noradrenalina e levonordefrina
Bupivacaína

➢ Potência quatro vezes maior que da lidocaína


➢ Toxicidade quatro vezes menor
➢ Concentração é 0,5% (com ou sem vasocontritor)
➢ Dose máxima é de 8 tubetes
➢ A anestesia pode persistir de 5 a 9 horas
Prilocaína

➢ Potência e duração semelhante a da lidocaína


➢ Toxicidade duas vezes maior que a da lidocaína
➢ Concentração é 3% com felipressina como vasocontritor
➢ Dose máxima é de 6 tubetes
➢ Não exige administração de adrenalina
Articaína

➢ Rápido início de ação


➢ Toxicidade menor de todas as aminas
➢ Concentração é 4% com adrenalina como vasocontritor
➢ Dose máxima é de 6 tubetes

Contra indicado para pacientes infantil menor de 4 anos.


Metabolismo

Éster Amidas
➢ Hidrolizados no plasma ➢ Biotransformação no fígado
Excreção
➢ Excreção dos AL e seus metabólicos pelos rins

➢ Parte da dose dos AL é excretada na urina

➢ Os ésteres aparecem na urina na sua forma inativa mais do que as amidas


Comorbidades
Não se opera paciente
descompensado!
É considerado
compensado, paciente
com PA menor que
130/90 mmHg
Diabéticos

➢ Adrenalina possui ação farmacológica oposta à insulina, portanto, considerado


hormônio hiperglicêmico
➢ Cuidado com hipertensão
➢ Relação com glaucoma
➢ Preferência procedimentos curtos, utilizando mepi 3% sem vaso ou com
levonordefrina
➢ Procedimentos longos, preferência para prilocaína com felipressina
Hipertireoidismo

➢ Não usar vasoadrenérgicos

➢ Preferência para prilocaína com felipressina


Hemopatias e anemias

➢ Não usar prilocaína, pois pode diminuir oxigenação e causar metemoglobinemia

➢ Não utilizar articaína em pacientes com tendência a metemoglobinemia

➢ Usar AL com vasoconstritores

➢ Preferência mepi 3% sem vaso ou 2% com levonordefrina


Insuficiência renal crônica

➢ Recomenda-se uso de articaína 4% com adrenalina 1:100.000

➢ Evitar altas doses pela eliminação renal e toxicidade


Cardiopatias

➢ Recomenda-se para procedimentos curtos, mepi sem vaso ou 2 tubetes com vaso

➢ Para procedimentos longos, recomenda-se prilocaína com felipressina

➢ Não usar vasoconstritor em pacientes em uso de beta bloqueadores

➢ Pessoas com Angina Pectoris, evitar felipressina


Gestantes

➢ Recomenda-se não usar vasoconstritor nos dois primeiros trimestres (6 meses de


gestação)

➢ Não usa prilocaína

➢ Evitar mepivacaína

➢ Avaliar risco beneficio

➢ Recomenda-se lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000


Intoxicação por anestésicos locais

➢ Prevenção é o mais importante quando falamos em intoxicação com anestésicos


locais

➢ Condutas principais:
aspirar antes de injetar
injeções lentas
manter contato verbal com o paciente, em busca de qualquer sinal ou sintoma
precoce de intoxicação ou injeção intravascular inadvertida
Intoxicação por anestésicos locais

➢ Sinais de intoxicação

Gosto metálico na boca


Alterações auditivas
Diplopia (visão dupla)
Palidez
Tontura
Intoxicação por anestésicos locais

➢ Medidas a serem tomadas

Interromper a administração do anestésico


Administrar O² em máscara
Posicionar o paciente em Trendelemburg
Monitorização de oxigenação, ritmo e frequência cardíaca, pressão arterial
Intoxicação por anestésicos locais

➢ Em quadros mais graves pode ocorrer PCR, arritmias cardíacas, assistolia, fibrilação
ventricular

Verificada a emergência, acionar resgate ou SAMU (192 ou 193)


Proceder com os procedimentos de suporte básico de vida
Repetir o procedimento até a chegada do socorro
PREPAREM-SE PARA APLICAR ANESTESIA
UM NO OUTRO
Cálculo de dose máxima
Dose máxima

➢ Articaina: 7 mg/kg (ate 500 mg);5 mg/kg em crianças


➢ Bupivacaina: 1,3 mg/kg, (ate 90 mg)
➢ Lidocaina: 4,4 mg (ate 300 mg)
➢ Mepivacaina: 4,4 (ate 300 mg)
➢ Prilocaina: 6 mg (ate 500 mg)

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