.2 - Comercial - Atos de Comercio
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DIREITO COMERCIAL
II. Dos atos de comércio
1. ATO DE COMÉRCIO
Do artigo 2.º do Código Comercial resulta que certos atos jurídicos – certos
acontecimentos juridicamente relevantes – são qualificados como comerciais, sendo
que, a estes, aplica-se o Direito Comercial enquanto ramo de direito privado especial.
NOTA: O Direito Comercial não se encontra legislado numa única codificação (Código
Comercial), existindo inúmera legislação avulsa comercial e mesmo normas
materialmente comerciais inseridas em diplomas de direito privado comum (p.e.: artigo
317.º alínea b) do Código Civil que regula a prescrição de certos créditos de
comerciantes).
- Naturais ou involuntários;
- Voluntários, lícitos ou ilícitos (atos jurídicos);
- Negócios jurídicos.
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II. Dos atos de comércio
Por outro lado, do mesmo artigo 2.º do Código Comercial, devemos entender que o
conceito de ATOS DE COMÉRCIO abrange:
- Quer os factos isolados ou ocasionais, que podem ser praticados por comerciantes
ou não comerciantes, por exemplo:
• o saque, aceite ou endosso de uma letra;
• a compra de um bem para revenda.
- Quer os atos jurídicos integrados numa atividade comercial visando fins comuns, por
exemplo:
• fim imediato – a exploração de um negócio;
• fim mediato – a obtenção de lucro.
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Os atos praticados nestas atividades serão sempre comerciais, por conjugação com
a segunda parte do artigo 2.º do Código Comercial, desde que não sejam de natureza
exclusivamente civil e ainda que isoladamente considerados não o fossem.
A enumeração do artigo 230.º do Código Comercial não é taxativa. Existem outras
atividades qualificadas como comerciais, quer no próprio Código Comercial, quer em
legislação avulsa:
§ O comércio em sentido económico (artigo 463.º do C. Com.);
§ Os seguros (DL 72/2008, de 16/04);
§ A locação financeira (DL 149/95, de 24/06);
§ A agência ou representação comercial (DL 178/86, de 3/7);
§ …
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e, além deles,
2.º todos os contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza
exclusivamente civil, se o contrário do próprio ato não resultar.
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Exemplos:
§ Conta-corrente – artigo 344.º do CCom
§ Transporte – artigo 366.º do CCom
Não há dúvidas que são atos de comércio objetivos e, nessa medida, regulados pelo
Direito Comercial, «sejam ou não comerciantes as pessoas que neles intervêm»
conforme estipula o artigo 1.º do Código Comercial.
A previsão do artigo 2.º (1.ª parte) do Código Comercial deve aqui ser interpretada de
forma EXTENSIVA, pois:
Exemplos:
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Exemplo:
- NÃO
- SIM
→ tem-se recorrido à analogia para integrar a norma do artigo 230.º do C.Com quanto
às atividades comerciais;
→ tem-se recorrido, na doutrina e jurisprudência, à aplicação analógica de certos
regimes jurídicos comerciais a atos inominados (nomeadamente no âmbito dos
contratos comerciais);
→ seria uma necessidade imposta pela evolução do comércio e introdução de novas
práticas comerciais.
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Presunção:
Os atos dos comerciantes são comerciais porque presumem-se ligados à sua
atividade mercantil.
Exceção:
O próprio artigo 2.º, na sua parte final, estabelece as situações que permitem ilidir a
presunção da comercialidade dos atos dos comerciantes:
Nota: também há quem entenda ser uma presunção juris et de jure, e logo inilidível,
sendo que para estes a presunção teria um requisito positivo e dois requisitos
negativos (COUTINHO DE ABREU)
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• Casamento
• Adoção
• Perfilhação
• Nomeação de tutor a menor
• ...
2º - “resultar” “o contrário”
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• Quando os atos assumem uma forma típica comercial (como é o caso dos atos
relativos às Letras de Câmbio – o saque, o aceite, o endosso, o aval)
Ou
ou
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A distinção aplica-se aos atos que sejam negócios jurídicos bilaterais (contratos) e
quanto à qualificação é simples:
«Embora o acto seja mercantil só com relação a uma das partes será regulado pelas disposições
da lei comercial quanto a todos os contratantes»
+
«ficando (…) todos sujeitos à jurisdição comercial»
Exceção:
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«salvas as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o acto é
mercantil»
Estão em causa as disposições legais que, pela sua natureza, apenas são aplicáveis
a quem exerce o comércio, por exemplo, o artigo 100º § único CCom.
Nuns casos o Código estabelece o regime jurídico dos atos, noutros limita-se a
afirmar a sua comercialidade remetendo o respetivo regime para legislação
extravagante.
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- Quando ela própria se qualifica como comercial ou qualifica determinados atos como
comerciais
- Quando não estando expressamente qualificada como tal, estão em causa atos
análogos aos atos comerciais objetivos
a) Liberdade de “língua”;
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a) Solidariedade passiva
≠
Artigo 513º do Código Civil
«A solidariedade de devedores ou credores só existe quando resulte da lei ou da
vontade das partes.»
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NOTA: Trata-se de uma prescrição presuntiva – artigo 312º do Código Civil: «As
prescrições de que trata a presente subsecção fundam-se na presunção de
cumprimento.»
Mas devem respeitar os princípios dos artigos 559º-A e 1146º do Código Civil (ex vi
102º § 2º do Código Comercial), nos termos dos quais:
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§ É havida também como usurária a cláusula penal que fixar como indemnização
devida pela falta de restituição de empréstimo, relativamente ao tempo de
mora, mais do que o correspondente a 7% ou a 9% acima dos juros legais,
conforme exista ou não garantia real.
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