Vírus
Vírus
8.+10.0Írusconsiste em um áci-
'3: circundado por A Figura 19.1 Os vírus (em vermelho) que estãobro.
proteica tando das células estão vivos?
-"ós,virus somente se repro-
nas células hospe-
2%rVdeíras Uma vida emprestada
viroides e príons são fotografia da Figura 19.1 mostra um evento marcante: à esquerdaestá
patógenos formidáveis de uma célula humana sendo atacada, liberando mais invasores que irãoinfee
animais e plantas tar outras células. Os inimigos (em vermelho) são os vírus da imunodeficiência
humana (Hl V). (Um cenário semelhante é apresentado na fotomicrografia abai-
xo, à esquerda.) Ao injetar sua informação genética em uma célulaeum_único
vírus sequestra a célula, recrutando sua maquinaria celular para produzir novos
vírus e promover mais infecção. Se não tratado, o HI V causa a Síndromeda
Imunodeficiência Adquirida (Aids), destruindo células vitais do sistema imune
Comparados com os eucariotos, e mesmo com as células procarióticas
os vírus são ainda menores e mais simples. Eles não possuem as estruturasea
maquinaria metabólica encontrada nas células; a grande maioria dos vírussão
genes empacotados com capas proteicas.
Os vírus são estruturas vivas ou não? Os vírus são capazes de causarum
grande número de doenças e de se espalhar entre os organismos; por isso,os
pesquisadores no final dos anos 1800 traçaram um paralelo com as bactériase
propuseram que os vírus seriam as formas de vida mais simples. Entretanto,os
vírus não podem se reproduzir ou desempenhar suas atividades metabólicas
fora das células hospedeiras. Atualmente, a maioria dos biólogos que estudam
os vírus provavelmente irá concordar que eles não são seres vivos, mas existem
em uma área nebulosa entre formas vitais e químicas. Uma expressãosimples
usada recentemente por dois pesquisadores os descrevem de maneira adequa-
da: os vírus levam uma "vida emprestada".
Praticamente, a biologia molecular iniciou nos laboratórios dos biólogos
que estudavam os vírus que infectam bactérias. Experimentos com essesõ
forneceram evidências importantes de que os genes são formados por ácidos
BIOLOGIA DE CAMPBELL 393
CONCEITO 19.1
em um nucleico
0 vírusconsiste
por uma cav
circundado
foramcapazes dc
Oscientistas tectar os vírus indireta-
O Plantas saudáveis
muitoantes de terem sido capazes de ver esses orga-
mente tornaram-seInfectadas
Ahistóriado descobrimento dos vírus tem início
nismos.
ao final do século XIX.
próximo Resultados Quando a seiva filtrada foi esfregada em plantas
saudáveis, elas tornaram-se Infectadas. Sua seva foi, entáo. ex-
dos vírus: pesquisa científica traída e filtrada e podia atuar como fonte de infecçào para outro
Adescoberta
grupo de plantas. Cada grupo sucessivo de plantas desenvolveu
do mosaicodo tabaco retarda o desenvolvimento
Adoença a doença da mesma manejra que os grupos anteriores.
dasplantas
de fumo e confere às folhas uma coloração sal-
picada,
ouem mosaico.Em 1883, Adolf Mayer, um cientista Conclusão Os agentes infecciosos aparentemente nào eram
alemão,
descobriuque poderia transmitir a doença de planta bactérias, porque podiam passar pelo filtro que retém bacténas.
para
plantaesfregandoa seiva extraída de uma folha doente O patógeno deve ter se reproduzido nas plantas porque sua ca-
emumaplantasadia.Após uma procura sem êxito por um pacidade de causar doença não reduzia após vártas transferên-
micróbio cias de planta para planta.
infecciosona seiva, Mayer sugeriu que a doença era
causada
porumapequena bactéria pouco comum, invisível Fonte: MJ. Beijerinck,Concerning a contagium vivum fluidum as cause of
aomicroscópio.
Essahipótese foi testada uma década depois the spot disease of tobacco leaves, Verhandelingen der Komnkyke
porDimitri Wettenschappente Amsterdam 65:3-21 (1898). Traduçáo para o tngbêspubá-
Ivanowsky,um biólogo russo que filtrou a seiva cada em Phytopatholoycal Classtcs Number 7 (1942). Amencan Phytopatho-
defolhas
defumoinfectadas para remover bactérias. Após a logical Socjety Press, St. Paul, MN.
filtragem,
a seiva ainda produzia a doença do mosaico.
Noentanto,Ivanowsky Se Beijerincktivesse observado que a infecçào de cada
queabactéria permaneceu fiel à hipótese de
causavaa doença do mosaico do tabaco. Ele grupo ia enfraquecendo de um grupo para outro e que finalmente a
Pensou
quetalveza bactéria fosse pequena o suficiente seiva não causava mais a doença, o que ele teria conduido?
Para
Passarpelofiltro
Porele.Asegunda ou produzia uma toxina que passava
botânico possibilidade foi descartada quando o
holandêsMartinus Beijerinck em placas de petri ou em tubos de ensaio. Beijerinck imagi-
experimentos realizou uma série
clássicos
iosoencontrado que mostrou que o agente in- nou uma partícula reprodutora muito menor e mais simples
(Figura
19,2).
na seiva filtrada podia se reproduzir que uma bactéria. Desde então, ele é considerado como o
Defato,o primeiro cientista a enunciar o conceito de vírus. Suas sus-
patógeno se reproduzia somente no hospe- peitas foram confirmadas em 1935,quando o cientista ame-
queinfectava.
mostrou Nos experimentos seguintes, Beijerinck
quediferentemente ricano Wendell Stanley cristalizou a partícula infecciosa,
naquela das bactérias usadas em labora- agora conhecida como o vírus do mosaico do tabaco (TMV,
saicodo época, 0 misterioso tobacco mosaic virus). Posteriormente, o TMV e vários vírus
tabaco não agente da doença do mo-
pod ia ser cultivado
em meio nutriente, foram observados com o auxílio de microscopia eletrónica.
394 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON
Capsômero
do capsideo Revestimento
da cauda
noau
Fibra
da cauda
Glicoproteína
Glicoproteína
18 x 250 nm 70—90nm (diâmetro) 80—200 nm (diâmetro) 80 x 225 nm
20 nm 50 nm
(a) Vírus do mosaico do tabaco (b) Adenovírus possuium 50 nm 50
(c) Vírus influenza possui um to&5
tem um capsídeo helicoidal e capsídeo Icosaédrico com (d) Bacteriófago T4. como
envelope externo cravejado posta um
forma de bastáo. espículas de glicoproteinas os fagos T pares,
com espículas de glicoprote[nas.
em cada vértice. capsídeo complexo formaú
O genoma é formado por oito
por uma cabeça tcosaédnca
moléculas de RNA diferentes
cada uma circundada por um uma cauda.
capsídeo helicoidal,
A Figura 19.3 Estrutura viral. Os vírus são constituídos de áci- denominadas capsómeros. Embora variados em tamanhoe
do nucleico (DNA ou RNA), envolvidos em uma capa proteica (cap- os vírus têm características matona
sídeo) e algumas vezes recobertos por um envelope membranoso. estruturais em comum, a (Tod'b$
quais aparecem nos quatro
As subunidades proteicas individuais que formam o capsídeo são exemplos aqui apresentados.
micrografias são MET coloridas.)
BIOLOGIADt CAMPBELL 395
Escherichia coli.
Esses sete fagos foram cha- Características gerais dos ciclos replicativos virais
ordem
infectam
tipo 2 (T2) e assim por diante, na Uma infecção viral inicia quando o vírus se liga à célula
tipo( (TI), três fagos pares (T2, T4 e T6) apre-
os hospedeira e o genoma viral entra na célula(Figura
19.4).
descoberta. seus capsídeos possuem
muitosimilares.
estruturas circundando seu DNA. Ligada a
icosaédricas
cabeças o O vírus entra na
célula e sofre desnudação, ViRUS Enquanto isso, as
(Figura 19.3d).
cabeça,
essa fago se liga bactéria liberando o DNA viral e enzimas do hospedeiro
dasquais0 como essas poucas estruturas vi- as proteínas do capsideo. transcrevem o genoma viral
seção,veremos componentes celulares para em RNAm viral. o qual é
com Capsídeo utilizado pelos ribossomos
emconjunto virais. do hospedeiropara produzir
número CIEpartículas As enzimas do
mais proteínas do capsídeo.
um grande
roduzir hospedeiro replicam
o genoma viral.
DO CONCEITC
mosaico do tabaco (TMV) CÉLULA
& HOSPEDEIRA
as estruturas
l. Compare influenza (w, 19.3).
eovirusda
É!ófagos foram usados para DNA viral
2. de ONA possuía a informação
fornecerevidénctas o experimento rea-
16.4). Descreve RNAm
(verfigura —ciuindo em sua descrição por
Cha.
lizadoporHershey e
escov -i am fagos.
queos pesquisadores proteínas •
Apêndice A. DNA viral
Ver respostassugeridas no do capsideo
19.2
CONCEITO
somentese reproduzem nas
Osvírus
hospedeiras
células
equipa-
nãopossuemenzimas metabólicas nem
Osvirus Eles
comoos ribossomos, para produzir_proteínas.
mento, O Os genomas virais e
pala-
intracelulares obrigatórios; em outras
sioparasitos as proteinas do capsideo
iras,sópodemse reproduzir dentro das células_hospedei- se juntam, em novas
um particulasviras. que
dizerque os vírus isolados são apenas
tas.Éhazoável deixam a célula.
degenesem trânsito de uma célula para outra.
pacote
viral simplificado. Um virus
Figura 19.4 Ciclo replicativo
limitadade hospedeiros, denominada especificidade_
se replicar. Este é
do vírus. Essa especificidade de hospedeiro sua célula hospedeira para
dehospedeiro pequenas moléculas de é um vírus de ONA c@m
simples, no qual o parasito
da evoluçãodos sistemas de reconhecimento
éresultante o ciclo Viral mais proteína.
de um único tipo de
Osvírusidentificam as células hospedeiras por
vírus. um capsídeo composto
Umencaixe "chave-fechadura"entre as proteínas da super- com uma palavra que repre-
Marque cada seta preta
virale asmoléculasreceptoras específicas do exterior que esta ocorrendo,
Ascélulas. sente o nome do processo
(Deacordocom um modelo, essas moléculas
JACKSON
396 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY &
V Figura 19.5 Ciclo lítico do fago T4— um O Adesão. O fago T4 usa suas fibras
fago virulento. O fago T4 tem quase 300 genes, da cauda para ligar-se a sítios de
os quais sáo traduzidos e transcritos usando a ma- receptoresespecíficos na superfície
quinaria da célula hospedeira. Um dos primeiros externa da célula de E. coli.
@ Entrada do DNAdofap
genes do fago traduzido após a entrada do DNA Liberação. O fago coordena e degradação do DNA
viral no hospedeirocodifica uma enzima que de- a produção de uma enzima do hospedeiro.
grada o DNA da célula hospedeira(passoO); o que danifica a parede celular O revestimento da carda
DNA do fago é protegido da degradaçáo porque bacteriana permitindo a contrai-se injetando o
entrada de líquido. A célula do fago na célulae
contém uma forma modificada da citosina não re- incha e finalmente explode, deixando o capsideovao
conhecida pela enzima. Todo o ciclo lítico, desde o liberandode 100 a 200 do lado de fora.O DNA±
primeiro contato com a superfície celular até a lise, partículasde fago. célula é hidrolisado.
leva cerca de 20 a 30 minutos a 37 0C.
Montagem do fago
t t t
proteioS
Montagem. Três séries distintas de Síntese do genoma e proó.*,»
proteínas reúnem-se para formar a cabeça virais. O DNA coordenaa
Fibras do fago, a cauda e as fibras da cauda. das proteínas e do genoma
Cabeça Cauda
da cauda O genoma do fago é empacotado dentro pelas enzimas do da
do capsldeo durante a formaçáo da cabeça. os componentes do inter•
BIOLOGIA DE CAMPBELL 397
Célula-filha
O fago adere à célula com prófago
dc hospedeirae injeta seu DNA Muitas divisóes
celulares produzem
uma grande
Fibrada cauda DNA do fago populaçáo de
Fago
circularizado bactérias infectadas
com o prófago
Cromossomo Ocasionalmente, o prófago sai
bacteriano do cromossomo bacteriano
iniciando o ciclo lítico
RNAm
O Novas cópias do genoma
de RNA viral sào produzidas
de RNA
AS fitastambém proteínas do usando as fitas de RNA
complementar o qual é Glicopro-
o capsídeo Cópia do
complementar como molde.
como
RNAm,
do teínas 00 000 genoma (RNA)
atuam nas proteínasnas 00
traduzido(no citosol) e
capsídeo
vesículas transportam
AS do envelope a O Cada novo vírus brota
asglicoproteínas plasmática. da célula e seu envelope
membrana
paraa é cravejado com as
A montagem do glicoproteínas virais
capsideoocorre ao redor embebidas na membrana
de cada genoma viral. derivada da célula hospedeira.
de RNA envelo- os vírus de RNA envelopados, a formação do novo envelope para
19.7 Ciclo replicativo de um vírus
Figura representadoum vírus com genoma de RNA de fita a progénie viral ocorre pelo mecanismo representado nesta figura.
Aqui,está
moldepara a síntese de RNAm. Alguns vírus en-
quesoe de célula hospedeira por fusão do envelope com Diga o nome de um virus que o tenha infectado e que tenha um
entramna
flopad05 endocitose. Em todos ciclo reprodutivo semelhante a esse. (Dica: ver Tabela 19.1.)
plasmática,outros entram por
membrana
alicoproteínas Capsídeo
AS permitem
envelope RNA (duas fitas idênticas)
especifico s
tores de
presentado)
3
Transcriptase
reversa
00 DNA de
DNA dupla-fita é
-lula incorporado como
entram
um provírus no
NÚCLEO DNA da célula
hospedeira.
DNA Provírus
cromossomal OS genes do
provirus são
transcritos em
Genoma de moléculas de RNA
RNA para a que atuam como
próxima genoma para a
geraçáo viral RNAm próxima geração
e como RNAm
para tradução em
proteínas virais.
O As proteínasvirais incluem
as proteínas do capsideo,
a transcriptase reversa
(produzida no citoplasma)
e as glicoproteinas do
envelope (produzidas no RE).
sente nas células cerebrais. Quando um Há muitas questões notáveis acerca desses pequenos
príon atinge uma
célula contendo a forma normal da proteína, ele de algu- tes infecciosos. agen.
ma maneira converte as moléculas de proteína
normais na
versão maldobrada do príon. Vários príons
então se agre- REVISÃO DO CONCEITO 19.3
gam em um complexo capaz de converter
outras proteínas
normais em príons que se ligam à cadeia (Figura 19.10).
1. Descreva as duas maneiras que os vírus
A agregação dos príons interfere
com a função celular nor- tornar-se vírus emergentes.
mal e causa os sintomas da doença. Esse
modelo foi rece- 2. Compare a transmissão horizontal e vertical dos vírus
bido com ceticismo quando proposto por Stanley és
Prusiner plantas.
no início da década de 1980,mas atualmente é
amplamen- 3. O TMV tem sido isolado em quasetodos
te aceito. Prusiner recebeu o Prémio Nobel em
1997por dutos comerciais do tabaco. Por que então a infecção
com os príons. Recentemente ele propôs que TMV não é um perigo adicional aos fumantes?
também estão envolvidosem doenças neuro-
--viativas como a doença de Alzheimer e Parkinson. Ver respostas sugeridas no Apênúe
A
Revisão do capítulo
CONCEITO
19. I prófago
Cromossomo
bactenano
O vírus consiste em um ácido nucleico circundado por
uma capa proteica (p. 393-395)
Ciclo lítico Ciclo lisogénico
Os pesquisadores descobriram os vírus no final do século XVIII • Fago virulento ou temperado • Somentefago temperado
estudando uma doença de plantas: a doença do mosaico do tabaco. • Destruaçàodo DNA do hospedeiro • O genoma se Integra no cru•rmm
• Produçao de novos fagos
• Os vírus sáo um pequeno genoma de ácido nucleico circundado bacteriano como prófago o qu
• A Ilse da célula hospedeira causa
(1 ) é replicado e passadoàs
por um capsídeo proteico e algumas vezes com um envelope viral a liberaçôoda progêruedo tago (2) pode ser Induzido a deu o
cromossomo e intoaro ocb ata
membranoso. O genoma pode ser de DNA ou RNA de fita simples
ou dupla.
ma de RNA em DNA, o qual pode se integrar no genoma dohospe
Os vírus considerados organismos VIVOSou não? Explique deiro como provírus
• Como os vírus podem se replicar somente dentro das células,p
vavelmente eles evoluíram após o aparecimento da primeira
CONCEITO 19.2 talvez como fragmentos de acido nucleico celular empacotado,
Os vírus somente se reproduzem nas células Descreva as enzimas que não são encontradas na maioria
Ias, mas que são necessárias à replicação de determinadosopos
hospedeiras (p. 395-400)
• Os vírus usam enzimas, ribossomos e pequenas moléculas da cé-
lula hospedeira para sintetizar sua progénie viral durante a repli- CONCEITO
19.3
cação. Cada tipo de vírus possui vários hospedeiros específicos. de
Vírus, viroides e príons são patógenos formidáveis
• Os fagos (vírus que infectam bactérias) podem se replicar por dois
mecanismos alternativos: o ciclo lítico e o ciclo lisogénico. animais e plantas (402-406)
• Muitos vírus de animais possuem envelope. Os retrovírus (como o • Os sintomas das doenças virais podem ser causadospelo
HIV) usam a enzima transcriptase reversa para copiar seu geno- ral direto às células ou pela resposta imune do próprio